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TCC alfabetização e letramento

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FAVENI – FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE 
 
 
 
 
 
 
 
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 
 
 
 
 
 
 
SILVANA DE MELO FONTES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A LEITURA E A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 
E SUA RELAÇÃO NA FORMAÇÃO DE LEITORES” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PERUÍBE 
2021 
 
 
“A LEITURA E A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA 
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 
E SUA RELAÇÃO NA FORMAÇÃO DE LEITORES” 
 
 
 
 
 FONTES, Silvana 
 
 
Declaro que sou autora1 deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por 
mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de 
forma ilícita de nenhuma fonte, além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do 
trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de 
produção deste trabalho. 
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos 
e assumindo total responsabilidade, caso se configure o crime de plágio ou violação aos direitos autorais. 
(Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços). 
 
 
RESUMO 
O presente trabalho tem por objetivo analisar e evidenciar a relação entre a literatura infantil e 
a contação de histórias na formação do leitor na alfabetização, bem como sua contribuição para que a 
criança conheça o campo letrado, ative o pensamento crítico e adquira o gosto pela leitura. Para tal 
finalidade, buscaram-se referências, abordando a importância da literatura e contação de histórias 
neste segmento a partir dos seguintes tópicos: Como se dá a leitura e a contação de histórias; A 
qualidade da literatura; O envolvimento do professor no processo de leitura e contação de histórias e 
A formação do leitor. A metodologia empregada foi a pesquisa bibliográfica. 
 
Palavras Chaves: Literatura Infantil, Contação de Histórias, Leitura, Alfabetização. 
 
 
ABSTRACT 
The present work aims to analyze and highlight the relationship between children's literature and 
storytelling in the formation of readers in Literacy, as well as their contribution so that the child knows 
the literate field, activates critical thinking and get a taste for reading. For this purpose, references were 
sought addressing the importance of literature and storytelling in this segment, based on the following 
topics: How to read and tell stories; The quality of literature; The teacher's involvement in the process 
of reading and telling stories and the formation of the reader. The methodology used was bibliographic 
research. 
 
Keywords: Children's Literature, Storytelling, Reading, Literacy. 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 silvanafontes88@gmail.com 
3 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho trata da importância da literatura e da contação de histórias 
na alfabetização e do papel da escola como espaço mediador de leitura para despertar 
e nutrir na criança o interesse e o hábito de ler. Para tanto, traz como tema a leitura e 
a contação de histórias na alfabetização e letramento e sua relação na formação de 
leitores. 
A literatura infantil se tornou elemento inseparável da questão da educação. 
Ela está vinculada à prática escolar, ainda que o livro infantil se classifique como 
literário, na medida em que superar o interesse dessa e de outras instituições. 
Dessa forma, entende-se que a escola é um espaço mediador de leitura e 
formação de leitores, onde, desde o primeiro momento, na alfabetização, a criança 
tem contato com a literatura, informações diversas e lhe são apresentados 
instrumentos fundamentais para a comunicação e o convívio social, tais como a 
leitura, a escrita e o pensamento lógico. Como afirma Miguez (2000) apud Mateus et 
al (2014), quando diz que a escola acaba sendo a única fonte de acesso da criança 
com o livro e, sendo assim, é necessário estabelecer um compromisso maior com a 
qualidade e o aproveitamento da leitura como fonte de prazer. 
Acredita-se que a prática da leitura está essencialmente ligada ao modo que é 
ofertado à criança, desde os anos iniciais, oportunizando-se do interesse delas pelas 
histórias, pelo faz-de-conta e por todo imaginário gerado a partir da prática da leitura. 
Para Freire (1998), a leitura não tem fronteiras, o que compreende todo 
processo de aprendizagem, que se inicia no instante do nosso nascimento. Neste 
sentido, compreende-se que, na escola, a literatura infantil e a contação de história na 
alfabetização sejam o primeiro passo para a formação de leitores. 
A política educacional de nosso país tem programas de leitura ofertados em 
parceria com o MEC (Ministério da Educação e Cultura), em especial, o Programa 
Nacional de Biblioteca da Escola – PNBE, fundado em 1997, que tem por finalidade 
oportunizar o acesso dos alunos às obras de literatura infanto-juvenil, tanto brasileiras 
quanto estrangeiras. Tal programa é executado pelo Fundo Nacional de 
Desenvolvimento da Educação – FNDE junto ao MEC. Outros modelos também fazem 
parte da nossa história, tais como o Programa Nacional Sala de Leitura – PNSL (1984 
a 1987); o Proler (1992); o Pró Leitura na Formação do Professor – (1992 a 1996) e o 
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Programa Nacional Biblioteca do Professor (1994 a 1997). 
A justificativa do tema advém da relevância de tornar a criança alfabetizada 
em um leitor em potencial e, mais que decodificar sinais gráficos, ser capaz de 
compreender o texto lido, interpretando seu conteúdo, identificando seu uso social e 
reconhecendo seus elementos, contribuindo para o pensamento crítico. 
Para que aconteça a familiaridade e o interesse pela leitura, o contato com 
textos deve acontecer desde a entrada no ambiente escolar, quando as crianças estão 
realizando descobertas e estão curiosas em relação às novas situações vivenciadas 
neste ambiente. Este universo em que a criança imerge, auxiliará o seu 
desenvolvimento cognitivo. 
O primeiro contato com a literatura infantil deve acontecer de maneira lúdica 
na Educação Infantil, o que permitirá o envolvimento da criança com os contos de 
fadas e a auxiliará a trazer para a realidade a transposição dos acontecimentos das 
histórias, ajudando-a a melhor compreender a realidade. 
A motivação da escolha do tema nasceu da necessidade de se conhecer mais 
profundamente a importância da contação de histórias na alfabetização e do auxílio à 
criança a exercitar a organização das ideias através das diferentes linguagens. 
Objetivo Geral 
● Analisar e evidenciar a relação entre a literatura infantil e a contação 
de histórias na formação do leitor na alfabetização bem como imergir 
no campo letrado. 
A partir deste objetivo geral, são propostos os seguintes Objetivos Específicos: 
● Analisar a contação de histórias na alfabetização, a partir de bases 
teóricas; 
● Compreender a relação entre a contação de histórias na alfabetização 
e no letramento; 
Este Trabalho de Conclusão de Curso constitui-se em três partes, sendo estas: 
Capítulo um: composto pela Introdução, que traz uma explanação sobre a 
leitura e contação de histórias na Alfabetização, explicita a justificativa e motivação, 
bem como a questão norteadora do trabalho. 
Capítulo dois: onde constará a Fundamentação Teórica, revisão literária que 
embasa teoricamente a pesquisa, com subtítulos que descrevem o objeto da 
pesquisa, bem como sua aplicação e importância no desenvolvimento cognitivo da 
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criança na Educação Infantil. 
Capitulo três: apresenta a conclusão. 
 
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
2.1 A importância da literatura e contação de histórias na alfabetização 
 
Por meio da literatura, a criança entra em contato com uma diversidade social 
e cultural diferente da sua realidade, o que contribui para aguçar sua visão de mundo. 
Abramovich (1995, apud Ferreira e Pretto, 2012) reforça essa contribuição, afirmandoque é através de uma história que se podem descobrir outros lugares, outros tempos, 
outros jeitos de agir e ser, outra ética, outra ótica. É ficar sabendo história, geografia, 
filosofia, sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que 
tem cara de aula, confirmando-se que, desde a educação infantil, deve ser ofertada à 
criança a oportunidade de interagir com as histórias contadas de diversas maneiras, 
pois estas contribuirão para o seu desenvolvimento. 
Coelho (1997) afirma que a história é importante alimento da imaginação, pois 
permite a autoidentificação, favorecendo a aceitação de situações desagradáveis, 
ajudando a resolver conflitos, acenando com a esperança e estimulando a 
imaginação, traz valores morais, informa, socializa e desenvolve o interesse pela 
leitura. 
A escola é um importante local formador de leitores e, segundo o RCNEI – 
Referencial Curricular Nacional para Alfabetização –, mesmo a criança que ainda não 
sabe ler convencionalmente pode fazê-lo por meio da escuta da leitura do professor, 
ainda que não possa decifrar todas e cada uma das palavras. Ouvir um texto já é uma 
forma de leitura e, durante esse processo de escuta, a criança estimula o pensamento 
independente, desenvolve o raciocínio lógico e a criatividade. 
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases, é função da escola auxiliar a criança 
em seu desenvolvimento global, permitindo a construção de seu imaginário e a 
interpretação de seu entorno. A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, 
tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em 
seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da 
família e da comunidade. 
6 
 
A importância da contação de histórias na educação infantil se dá pelo fato de 
auxiliar a criança a exercitar a organização das ideias através das diferentes 
linguagens. De acordo com os Referenciais para Estudo e Planejamento na Educação 
Infantil, elaborados pela Secretaria Municipal de Curitiba (2010), contar histórias na 
infância fundamenta o aprimoramento dos sentidos e a troca afetiva entre as 
descobertas infantis e as coisas do mundo. Sugere um acalento para o processo de 
desenvolvimento emocional, cognitivo e físico. A criança que aprende a ouvir histórias 
alarga seu vocabulário e constrói seu repertório com imagens mentais diversas. 
Assim, passa a compreender e a lidar com as sensações e percepções do mundo que 
a cerca. A criança da educação infantil, nos seus diferentes níveis, desenvolve ou 
amplia seu vocabulário e exercita a organização das ideias através das diferentes 
linguagens. Muitas vezes, os personagens das histórias aconchegam e cobrem a 
criança com seus discursos, diálogos, gestos e ela se identifica com o desfecho das 
histórias. 
O momento da leitura e contação de histórias tem grande importância no 
desenvolvimento cognitivo e afetivo. A leitura para a criança é um modo de 
representação do real e, a partir do contato com as histórias, acontecem condições 
de aprendizado, uma vez que as histórias são repletas de expressão, fantasias e 
anseios, ajudando a criança a lidar com determinadas questões mentais inquietantes 
a seu ponto de vista e, no contexto escolar, são fonte de aprendizagem e 
desenvolvimento. A literatura infantil influencia a formação da criança que passa a 
melhor compreender o mundo em que vive. 
 
A leitura para a criança não é, como às vezes se ouve, meio de evasão ou 
apenas compensação. É um modo de representação do real. Através de um 
“fingimento”, o leitor re-age, re-avalia, experimenta as próprias emoções e 
reações. (GÓES, 1990 apud Ferreira e Pretto, 2012) 
 
Ter a leitura como apoio pedagógico é auxiliar as crianças a desenvolver uma 
conexão com a realidade e com sua aprendizagem, permitindo a abordagem de 
diversos temas, tais como o preconceito, valores, sentimentos, individualidade e 
outros, possibilitando trabalhar a interpretação, a criatividade e a escrita, entre outros 
aspectos fundamentais que contemplam o processo de alfabetização. 
As crianças descobrem o prazer da leitura, além das imagens e letras que 
compõem o universo literário, compreendendo o mundo que as cerca e aprendendo a 
7 
 
lidar com suas perdas, mágoas, medos e outros sentimentos difíceis de expressar. 
Segundo Ferreira e Pretto (2012), a leitura de contos de fada oportuniza para 
as crianças condições para que vejam suas vidas dentro da história e possam lidar 
com seus problemas, reforçando a importância da literatura infantil durante o 
desenvolvimento psicológico, na socialização e humanização da criança. Sobre o 
domínio dos problemas psicológicos do crescimento, Bettelheim (1978 apud Ferreira 
e Pretto, 2012) diz que, para separar decepções narcisistas, dilemas edípicos, 
rivalidades fraternas, ser capaz de abandonar dependências infantis; obter um 
sentimento de individualidade e de autovalorização e um sentido de obrigação moral, 
a criança necessita entender o que está se passando dentro de seu eu inconsciente. 
Ela pode atingir essa compreensão e, com isso, a habilidade de lidar com as coisas, 
não através da compreensão racional da natureza e conteúdo de seu inconsciente, 
mas se familiarizando com ele através de devaneios prolongados – ruminando, 
reorganizando e fantasiando sobre elementos adequados da história em resposta a 
pressões inconscientes. Com isto, a criança adequa o conteúdo inconsciente às 
fantasias conscientes, o que a capacita a lidar com este conteúdo. 
Sendo assim, por meio da literatura infantil, a criança tem contato com a 
diversidade social e cultural. 
Durante a infância, no momento da formação de conceitos, a partir do recorte 
das obras literárias, a criança começa a dar o significado para o que a cerca e o 
processo de aprendizagem e resolução de conflitos internos e externos se dão de 
maneira natural. Os diversos sentimentos trazidos por ela, tais como raiva, perda, 
ansiedade, conflitos familiares, o relacionamento com o amigo, o lidar com o 
compartilhar, são trabalhados pela criança com o auxílio das histórias, um universo 
onde ela se identifica com a personagem, reconhecendo-se no outro. 
 
2.2 Como se dá a leitura e a contação de histórias na alfabetização 
 
A escola é o espaço onde muitas crianças têm o seu primeiro contato com a 
literatura. Neste espaço de mediação da leitura e formação de leitores, para 
desenvolver o gostar de ler, é importante que a criança tenha contato frequente com 
as histórias. Esse contato com a literatura infantil se dá por meio da leitura e da 
contação de histórias, pela disponibilização de livros para a leitura e o manuseio das 
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crianças em sala de aula ou, ainda, pela visita à biblioteca da escola. 
 
2.3 A qualidade da literatura na Educação Infantil 
 
De acordo com Cavalcanti et al (2007), os livros podem ser um brinquedo de 
diversas formas. Eles, às vezes, são concebidos explicitamente com essa finalidade, 
como os livros com dobraduras. Às vezes, por exemplo, ensinam jogos, propõem 
brincadeiras e o que os torna divertidos é o fato de serem lidos por um “leitor-ator”. 
Os livros de literatura infantil são elaborados para despertar o prazer da leitura 
e são “recheados” de histórias que abrem espaço para que o leitor pense, sinta, 
interaja e descubra novos sentidos. As imagens que compõem o livro são importantes 
tanto quanto o texto que as acompanha, pois permitem que o leitor crie, invente e 
interaja com a história, criando a sua própria história. Um livro com uma ilustração rica 
em cores e formas prende a atenção do leitor e o faz trabalhar seu universo imaginário. 
O formato do livro infantil, muitas vezes, por sua ludicidade, é inusitado e 
surpreendente, tomando “ares de jogo”. É nesse universo que a criança imerge e 
interage em um mundo que foge ao cotidiano e apresenta situações que a convidam 
a brincar durante a leitura, imitandoo som de um animal, a expressão de um dos 
personagens, responder perguntas que surgem no decorrer do texto, fazer gestos e 
outras interações com a história lida ou contada. 
É importante salientar que a seleção do livro a ser trabalhado não é tarefa fácil, 
uma vez que devemos iniciar pela apreciação do projeto gráfico, ou seja, deve-se levar 
em conta o tamanho e o tipo da fonte da letra, bem como os espaçamentos, 
propiciando melhores condições de legibilidade ao leitor, tornando-o atrativo à criança, 
apresentando também imagens, que, por sua vez, são as primeiras formas de leitura 
na educação infantil. É importante que sejam apresentados à criança o autor e o 
ilustrador, pois ambos são imprescindíveis na elaboração do livro. 
Deve-se levar em conta a idade e o público-alvo ao qual ele é direcionado para 
que os elementos nele abordados sejam capazes de atrair o leitor de maneira 
adequada, seja pelos seus personagens, enredo, trama, tempo, espaço ou foco 
narrativo. A leitura deve sempre ter uma adequação temática, possibilitando uma 
ampliação das referências já obtidas pelas crianças, ou seja, a leitura deve criar um 
leque de possibilidades, propiciando um novo aprendizado, uma vez que a criança 
9 
 
tem seu interesse voltado ao que lhe é novo. 
 
2.4 O envolvimento do professor no processo de leitura e contação de 
histórias 
 
Por meio da literatura infantil, o professor traz para a sala de aula a expressão 
e a fantasia que, no contexto escolar, são fonte de aprendizagem e desenvolvimento 
e auxiliam a criança a lidar com questões mentais inquietantes. 
Na alfabetização, ao se iniciar o processo de leitura, para que a criança 
descubra o prazer da leitura e desperte a vontade de conhecer o que há nos livros, 
além das imagens e letras que compõem o universo literário, o livro deve ser 
apresentado às crianças de maneira leve e lúdica, não apenas como um suporte para 
a realização de atividades e conhecimento científico. Na escola, a atuação do 
professor, no processo de formação de leitores, é essencial. Nos momentos de leitura 
e contação de história, é preciso que ele conheça o livro que será lido para as crianças, 
prepare-se para esse momento e o ambiente deve ser acolhedor. É importante ainda 
a conversa com a criança para que ela tenha a oportunidade de exteriorizar suas 
inquietações, de maneira natural, sentindo-se à vontade para fazê-lo antes e depois 
do momento de leitura e contação de história. 
As crianças prestam atenção às histórias e, não raramente, pedem que a 
mesma história seja recontada diversas vezes. Cavalcanti et al (2007) diz que não há 
história que só possa ser contada de uma única maneira. Mas, então, se, de algum 
modo, ela é alterada, continua a ser a mesma história? 
Reinventar histórias conhecidas aguça a percepção de que o mundo é feito de 
múltiplos pontos de vista e os temas das histórias, os conflitos vividos pelos 
personagens, as decisões que eles tomam, às vezes, espelham situações que os 
próprios leitores enfrentam. Assim, discutir um texto é discutir a vida e trilhar um 
caminho de enriquecimento pessoal. 
Nos dias atuais, encontramos histórias clássicas que são adaptadas à realidade 
de hoje e enredos que foram alterados para mostrarem a história sob o ponto de vista 
de um personagem secundário. É possível, ainda, a utilização da mesma história 
durante o trabalho semanal de leitura, criando novas versões com o apoio das 
crianças, para que elas participem desse momento, construindo juntas o enredo e os 
personagens. 
10 
 
Nas rodas de conversa, a criança pode ser convidada a contar uma história e 
as demais participarem, detalhando as situações narradas. Dessa forma, todas 
participam e constroem juntas o novo enredo da história. Pode-se, ainda, a partir de 
um livro que contenha apenas imagens, desenvolver uma história coletiva, onde todos 
colaboram, contando um pouquinho sobre a ilustração do livro. Conforme Cavalcanti 
et al (2007), os livros para crianças e jovens permitem uma exploração fértil da 
linguagem visual. Às vezes, as imagens formam uma parceria escrita com o texto; às 
vezes, são um comentário sobre ele. De todo modo, ensinam que é possível dizer 
coisas sem usar palavras. 
Para que aconteça o envolvimento da criança na contação de histórias, é 
necessário que o professor esteja envolvido no processo, goste de ler, prepare a 
leitura com antecedência para que tenha domínio durante a contação da história e 
transmita a importância da literatura infantil para os pequenos alunos. 
Oliveira (2009) enfatiza a importância do papel do professor durante o processo 
da leitura de histórias, dizendo que o melhor instrumento e a técnica mais eficiente 
são o amor e a criatividade, unidos à preocupação com os objetivos do trabalho, com 
o nosso público e com a mensagem a ser transmitida. É preciso que o professor goste 
de literatura infantil, que ele se encante com o que lê, pois, somente assim, poderá 
transmitir a história com entusiasmo e vibração. Se o professor for um apaixonado 
pela literatura infantil, provavelmente, os alunos se apaixonarão também. Para ler um 
texto deste tipo de literatura, é preciso ter o coração de criança. Muitas vezes, lemos 
uma história e não gostamos; uma criança lê a mesma história e fica encantada. Isso 
pode acontecer porque lemos com a cabeça de adulto. 
Não existe história velha ou antiga, pois todas se transformam, à medida em 
que os textos são moldados e trabalhados. O professor, como mediador entre a 
criança e a atividade de leitura, também é observador desse momento, percebendo 
se suas práticas de leitura e contação de história estão contribuindo com as crianças 
para um contato mais estreito com os livros de literatura infantil e o interesse pelas 
histórias. 
 
2.5 Leitura e contação de histórias na alfabetização – a formação do leitor 
 
O aprendizado da leitura se dá partir de experiências pessoais, sendo a 
11 
 
curiosidade a força motriz que desencadeia esse processo. À medida que o indivíduo 
lê sua própria realidade, assim como a de outros, entra em contato com outras culturas 
e novas realidades que, somadas ao seu conhecimento prévio e suas experiências 
adquiridas, o tornarão apto a realizar uma leitura crítica de mundo. 
A literatura infantil é uma ferramenta essencial para a constituição do leitor. Não 
é possível saber a relação entre quantidade de livros e qualidade de leitura para se 
tornar um leitor independente e crítico. A leitura é um diálogo ativo entre o leitor e o 
texto, que tem mais valor se for “saboreado” em suas rimas e imagens. Na educação 
infantil, a criança, ao participar dos momentos de leitura e contação de histórias, 
realiza uma atividade de leitura com suas estruturas cognitivas, relacionando os 
elementos da história com suas experiências pessoais e imerge no mundo imaginário 
do universo literário. 
Costa (2007) afirma que a formação do leitor passa pela qualidade do texto lido. 
A quantidade é decorrência. Se lemos esporadicamente, menor intimidade temos com 
letras, palavras e parágrafos. Em decorrência, investe-se mais tempo no livro, mas o 
volume de páginas lido é pequeno. É normal que seja assim: a leitura tem um aspecto 
mecânico a ser dominado para que a produção resulte acelerada após um período de 
exercícios, como outras atividades mecânicas: bordar, dirigir automóvel, digitar. O 
mérito não reside na velocidade com que fazemos, mas na eficiência, prazer e 
competência com que o fazemos. 
À medida que as leituras acontecem na educação infantil, a criança se habitua 
ao ato de ler. Primeiramente, a partir das imagens, da escuta da história contada pelo 
professor e do manuseio dos livros. Segundo Mattar (2016), a criança vive no meio de 
um mundo de signos escritos a partir dos quais se guia: sobre as embalagens, as 
garrafas, o alimento, as caixas de jogos, os jornais, a televisão, a publicidade, as 
placas de rua,etc. A criança cedo associa uma significação a uma forma escrita. 
Desde o maternal, a escola deve priorizar o contato com o texto escrito e jamais excluí-
lo da sala dos pequenos porque ainda não dominam o código. No maternal, o 
professor deve permitir às crianças viver a aprendizagem da leitura como valor de 
comunicação. 
Em sala de aula, os cantinhos da biblioteca e da leitura devem ser acessíveis, 
contendo jornais, revistas, livros ilustrados e escritos em letras grandes, sendo 
permitido que a criança, sozinha ou em grupo, manuseie esses materiais de leitura, 
12 
 
familiarizando-se com as histórias e o ato de leitura. De acordo com Coord. Cavalcanti 
(2007), no processo de formação de leitores, é preciso “dessacralizar” a noção 
tradicional de biblioteca: qualquer espaço, público ou privado, mais ou menos informal, 
em que a leitura esteja em primeiro plano, a serviço do encantamento e da informação, 
pode ser adequado para atividades pedagógicas voltadas para o desenvolvimento do 
hábito de ler, que, bem conduzido, vira paixão. 
A aprendizagem da leitura não começa aos cinco anos nem termina aos oito. 
Por volta dessa idade, a leitura aumenta seu valor social, mas, desde muito cedo, já 
nos primeiros anos da educação infantil, inicia-se o processo de familiarização com 
os livros, de maneira leve e lúdica, voltada para a construção de uma criança que se 
torne leitora pelo prazer de descobrir os livros. O papel do professor é muito importante 
na formação de leitores. Mattar (2016) diz que o professor leitor terá muito mais 
desenvoltura ao trabalhar com seus alunos esse objetivo sendo, em primeiro lugar, 
ele um bom leitor. 
Risso (2007) destaca a literatura também como um instrumento para a 
formação da personalidade, refletindo o retrato da sociedade e servindo ainda como 
modelo para a construção da mentalidade de uma nova sociedade. 
 
A partir desse sentido da Literatura, relevemos a sua significância e influência 
na infância do indivíduo. A infância se caracteriza por ser o momento 
fundamental e primordial da aquisição da formação de conceitos e a literatura 
infantil um instrumento importante, sendo, desse modo, um meio de 
emancipação da manipulação da sociedade. À medida que são oferecidos ao 
homem, padrões de interpretação, ele constrói seu meio ambiente e também 
sua formação conceitual. As diferentes manifestações culturais constituem-
se em padrões de interpretações, destacando-se entre elas a literatura. A 
obra literária recorta o real, sintetiza-o e interpreta-o através do ponto de vista 
do narrador ou do poeta. Assim como leitor também pode dar outro sentido a 
partir do conhecimento já acumulado ou de seu imaginário” (RISSO, 2007) 
 
O indivíduo inicia o processo de leitura desde os primeiros contatos com as 
pessoas, ainda criança, quando começa a interagir com o seu entorno e as pessoas 
que nele habitam, significando o universo que o cerca. Esse processo acontece de 
forma natural, a partir dessa interação que se dá em sociedade, na relação com outros 
indivíduos. Por meio da leitura, será possível o conhecimento de novas realidades e 
culturas, que somado aos conhecimentos já adquiridos, o capacitará a se libertar de 
ignorâncias infundidas por aparelhos ideológicos que levam, muitas vezes, o indivíduo 
a duvidar de sua capacidade de pensar. Costa (2007) defende que ler se aprende 
13 
 
lendo e que não se aprende por osmose, por resumo do enredo das narrativas ou pelo 
ativismo. Ao livro se atribui uma grande responsabilidade para a formação da 
consciência de crianças e jovens, mas é importante que esta responsabilidade seja 
compartilhada com a família, os professores e a escola. A literatura infantil tem cada 
vez mais preenchido os espaços que lhe cabem nessa sociedade em transformação. 
Sendo assim, é essencial que o processo de leitura aconteça desde a infância 
e torne-se um hábito contínuo. Que se inicie na educação infantil e se desenvolva em 
todos os sentidos, seja social, político, intelectual, por meio da palavra escrita e da 
leitura da realidade de mundo. Conforme Cavalcanti et al (2007), a literatura nos 
permite conhecer as diferentes culturas do mundo, as diferentes formas de vida 
coletiva, os diferentes modos de ser das pessoas, a história e as histórias de cada 
povo e assim por diante. Explorar essa via de conhecimento em sala de aula ajuda a 
preparar melhor os alunos para o convívio com a diferença. 
A diversidade faz parte da vida social e está presente nas muitas manifestações 
culturais. É importante apresentar à criança, ainda na alfabetização, a variedade de 
povos existentes, bem como as culturas e etnias que formam o povo brasileiro, de 
modo a que a criança desde pequena conviva com as diferenças, desenvolvendo o 
respeito pelos diferentes valores, costumes e modos de vida, bem como criando em 
si o sentimento de identidade e reconhecimento de si, sua própria história e a dos 
demais com quem convive na escola. 
 
3. CONCLUSÃO 
 
Por meio da literatura, a criança entra em contato com uma diversidade social 
e cultural diferente da sua realidade, o que contribui para aguçar sua visão de mundo. 
É ficar sabendo história, geografia, filosofia, sociologia, sem precisar saber o nome 
disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula. Isto confirma que, desde a 
educação infantil, deve ser ofertada à criança a oportunidade de interagir com as 
histórias contadas de diversas maneiras, pois contribuirão para seu desenvolvimento. 
Neste sentido, a importância da contação de histórias na educação infantil se 
dá pelo fato de auxiliar a criança a exercitar a organização das ideias através das 
diferentes linguagens. O momento da leitura e contação de histórias tem grande 
importância no desenvolvimento cognitivo e afetivo. A leitura para a criança é um 
14 
 
modo de representação do real, ajudando a criança a lidar com determinadas 
questões mentais inquietantes a seu ponto de vista e ter a leitura como apoio 
pedagógico é auxiliar as crianças a desenvolver uma conexão com a realidade e com 
sua aprendizagem. 
Já a escola é o espaço onde muitas crianças têm o seu primeiro contato com a 
literatura. Neste espaço de mediação da leitura e formação de leitores, para 
desenvolver o gostar de ler, é importante que a criança tenha contato frequente com 
as histórias, que pode acontecer por meio da leitura e da contação de histórias, pela 
disponibilização de livros para a leitura e o manuseio das crianças em sala de aula ou, 
ainda, pela visita à biblioteca da escola. 
Os livros de literatura infantil são elaborados para despertar o prazer da leitura 
e são “recheados” de histórias que abrem espaço para que o leitor pense, sinta, 
interaja e descubra novos sentidos. É importante salientar que a seleção do livro a ser 
trabalhado não é tarefa fácil. Deve-se levar em conta a idade e o público-alvo ao qual 
ele é direcionado para que os elementos nele abordados sejam capazes de atrair o 
leitor de maneira adequada, seja pelos seus personagens, enredo, trama, tempo, 
espaço ou foco narrativo. 
Para que aconteça o envolvimento da criança na contação de histórias, é 
necessário que o professor esteja envolvido no processo, goste de ler, prepare a 
leitura com antecedência para que tenha domínio durante a contação da história e 
transmita a importância da literatura infantil para os pequenos alunos. É preciso que 
o professor goste de literatura infantil, que ele se encante com o que lê, pois, somente 
assim, poderá transmitir a história com entusiasmo e vibração. 
Por fim, a literatura infantil é uma ferramenta essencial para a constituição do 
leitor. Na educação infantil, a criança, ao participar dos momentos de leitura e 
contação de histórias, realiza uma atividade de leitura com suas estruturas cognitivas, 
relacionando os elementos da história com suas experiências pessoais e imerge no 
mundo imaginário do universo literário. À medidaque as leituras acontecem na 
educação infantil, a criança se habitua ao ato de ler. 
Ao livro se atribui uma grande responsabilidade para a formação da consciência 
de crianças e jovens, mas é importante que esta responsabilidade seja compartilhada 
com a família, os professores e a escola. A literatura infantil tem cada vez mais 
preenchido os espaços que lhe cabem nessa sociedade em transformação. 
15 
 
REFERÊNCIAS 
 
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http://periodicos.pucminas.br/index.php/pedagogiacao/article/viewFile/8477/7227

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