Prévia do material em texto
4 ESTUPRO CONJUGAL: POSSIBILIDADE DE CONFIGURAÇÃO E FORMAS DE REPRESSÃO OFERECIDAS PELO CÓDIGO PENAL Thaís Vasco Cavalcante1 Henrique Geaquinto Herkenhoff2 RESUMO Tendo como base a pesquisa exploratória, focada no levantamento bibliográfico, e citando autores como Guilherme de Souza Nucci e Damásio Evangelista de Jesus, o artigo traz, primeiramente, um breve apanhado sobre o histórico do estupro, bem como conceitos de estupro conjugal e do débito no casamento, discorrendo, em seguida, sobre os agentes ativo e passivo, objeto jurídico tutelado e consumação e tentativa. Há, também, uma análise das divergências doutrinárias sobre a possibilidade do marido figurar como agente ativo no crime, citando a produção de provas necessária para comprovação do delito e as penalidades aplicadas ao agressor, conforme Código Penal. Ao fim, há a conclusão de que o cônjuge pode figurar como sujeito ativo quando empreender força ou grave ameaça para obter relação sexual com a esposa, não sendo suficiente provar apenas a realização da conjunção carnal, devendo haver comprovação da violência ou grave ameaça sofrida mediante prova pericial ou testemunhal para que haja caracterização do crime de estupro e o agressor seja penalizado com reclusão, incorrendo no aumento de pena por ser marido da vítima, estando sujeito, também, a aplicação de qualificadoras conforme resultado causado. Palavras-chave: estupro conjugal; produção de provas; penalidades. ABSTRACT Based on the exploratory research, focused on the bibliographical survey, and citing authors such as Guilherme de Souza Nucci and Damásio Evangelista de Jesus, the article first brings a brief account of the history of rape as well as concepts of conjugal rape and debt Without marriage, then discussing the active and passive agents, legal object guarded and consummation and attempt. There is also an analysis of the doctrinal divergences on the possibility of the husband to appear as an active agent in the crime, citing the production of evidence necessary for proving the offense and as penalties applied to the aggressor, according to the Penal Code. At the end, there is a conclusion that the spouse may appear as an active subject 1 Acadêmico do Curso de Direito da Universidade Vila Velha-UVV/ES. 2 Professor do Curso de Direito da Universidade Vila Velha-UVV/ES. Doutor em Direito Civil pela Universidade de São Paulo. Advogado. 5 when he undertakes force or serious threat to the sexual relation with a wife, and it is not enough to prove only a fulfillment of the carnal conjunction, and there must be proof of violence or serious threat based on expert evidence or testimony to characterize the crime of rape and the offender is penalized with imprisonment, incurring without increased penalty for being the husband of the victim, and is subject, also, an application of qualifiers according to the result caused. Keywords: conjugal rape; production of evidence; penalties. SUMÁRIO: 1 INTRODUÇÃO; 3 CONCEITOS: ESTUPRO, ESTUPRO CONJUGAL E DÉBITO CONJUGAL; 4 SUJEITO ATIVO, SUJEITO PASSIVO, OBJETO TUTELADO PELO ORDENAMENTO JURÍDICO, CONSUMAÇÃO E TENTATIVA; 5 POSSIBILIDADE DE CONFIGURAÇÃO DO ESTUPRO CONJUGAL; 6 PRODUÇÃO DE PROVAS; 7 PENALIDADES PREVISTAS NO CÓDIGO PENAL, CAUSAS DE AUMENTO DE PENA E AÇÃO PENAL; 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS; 9 REFERÊNCIAS. 6 1 INTRODUÇÃO Há algum tempo, as famílias eram patriarcais, ou seja, tinha-se o homem como detentor das decisões, como o chefe da família. Todos eram submetidos aos seus desejos e deviam respeitar suas ordens. Com as esposas não era diferente, pois as mulheres eram vistas como posse do marido, sendo submissas e obedientes às suas vontades. Com a ideia de posse, o marido fazia com a mulher o que bem entendia, pois a mesma era “sua” e nada poderia ser feito. Com o passar do tempo as mulheres foram conquistando seus direitos e buscando igualdade perante os homens. Tal fato foi consolidado na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu artigo 5º, inciso I, que versa sobre os direitos igualitários entre homens e mulheres. Apesar da conquista de direitos e a teórica igualdade legal, a sociedade ainda permanece extremamente machista e fecha os olhos para muitos problemas enfrentados pelas mulheres. Muitas delas ainda são alvos de homens nas ruas, nos meios de transporte, nas escolas e, inclusive, em casa. Muitas esposas acabam, conscientemente ou não, sendo vítimas de seus próprios maridos e sofrendo diferentes tipos de agressões, tanto fisicamente como moralmente. Homens ainda se sentem no direito de exigir que suas parceiras satisfaçam suas vontades quando bem entenderem. O débito conjugal, trazido no seio da sociedade, faz com que muitos acreditem que é obrigação da mulher satisfazer os desejos masculinos a qualquer hora, ocasionando brigas e até mesmo violência física. A coação ainda está presente dentro de muitas residências, muitas vezes sem ser notada. Desta forma, indaga-se: quais são as formas de repressão oferecidas pelo Código Penal Brasileiro a partir da configuração do estupro conjugal? Seguindo tal indagação, o presente trabalho visa apresentar um breve histórico do estupro, bem como seu conceito, expandindo o tema e conceituando, também, o estupro marital e o débito conjugal, fazendo análises sobre o sujeito ativo, sujeito passivo, objeto jurídico tutelado pelo ordenamento jurídico e averiguando as formas tentadas e consumadas do crime. Investiga-se, também, a configuração do estupro no casamento, considerando as divergências doutrinárias existentes, adentrando-se, além de tudo, no quesito da produção de provas para, por fim, discorrer sobre as sanções aplicadas ao agressor e sobre as causas de aumento de pena. 7 O artigo foi desenvolvido por meio de método dedutivo, com base em pesquisa de natureza exploratória, voltada para o estudo bibliográfico. Foram usados materiais já produzidos, tais como livros, sendo citados autores como Guilherme de Souza Nucci (2014) e Rogério Greco (2013), pois trazem conceitos e debates necessários para discussão e análise do tema em questão, tal como a possibilidade do marido figurar como sujeito ativo no delito de estupro marital. 8 3 CONCEITOS: ESTUPRO, ESTUPRO CONJUGAL E DÉBITO CONJUGAL O estupro, crime tipificado no Código Penal, versa sobre o emprego de violência ou grave ameaça para a obtenção da conjunção carnal. Ainda que se preconceba de outro modo, tanto o agressor como a vítima podem ser homem ou mulher, bastando que o primeiro faça uso da força física ou violência moral para obter seu objetivo sexual. Conforme consta no artigo 213 do Código Penal: “Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena – reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.” (BRASIL, 1940). Desta forma, Dámasio de Jesus entende que o ordenamento jurídico protege a livre opção e a necessidade de consentimento nas relações sexuais. A pessoa tem o direito de escolher se quer dispor ou não do próprio corpo, praticar com liberdade os atos sexuais e escolher seus parceiros. Esse livre-arbítrio pode ser violado mediante o uso de força física ou constrangimento moral, havendo, então, o comprometimento da disposição de vontade do agente passivo. Sobre o constrangimento, ainda de acordo com Damásio: Constranger significa obrigar, forçar. Para que exista o constrangimento é necessário que haja o dissenso da vítima. É preciso que a falta de consentimento da ofendida seja sincera e positiva, que a resistência seja inequívoca, demonstrando a vontade de evitar o ato desejado pelo agente.(2011, p. 127) Capez (2015) esclarece que a conjunção carnal consiste na cópula vagínica, ou seja, a introdução o pênis na vagina. Explica também sobre o significado de constranger, afirmando que tal ato versa sobre o uso da força, coação. Acerca do emprego da violência, aborda que o estupro é, na verdade, um tipo de crime em que ocorre a imposição ilegal da vontade do agressor, visto que a vítima é constrangida, mediante grave ameaça ou violência, a praticar ato sexual com o mesmo. A agressão física é capaz de obrigar a vítima a praticar algo diverso da sua vontade, e, ainda mais facilmente, a suportar que com ela seja praticado, pois não consegue agir, fica impedida de resistir à conjunção. Já a agressão moral é a que atua no psicológico da vítima, sendo a potência eficaz para acabar com sua faculdade de querer. O estupro conjugal é considerado uma modalidade específica do estupro tipificado no já mencionado Código Penal. Consiste na violência sexual empregada pelo 9 marido com o intuito de obter a união conjugal contra a vontade da esposa, podendo ocorrer tanto através da agressão física, como da agressão moral. Segundo Capez (2008), o emprego de violência ou grave ameaça pelo marido para realizar a conjunção carnal, constrangendo a mulher ao exercício de tal prática, também implica o crime de estupro. A violência ocorre da mesma forma que no crime de estupro comum, porém a diferença está nos sujeitos ativo e passivo do crime, pois enquanto no crime comum o feito pode ser realizado por qualquer pessoa, no estupro marital o delito tem os cônjuges como agente e vítima. Dessa forma, entende-se que o estupro conjugal é uma modalidade do estupro comum, sendo diferido apenas quanto ao sujeito ativo e passivo, pois no crime de estupro os sujeitos ativo e passivo podem ser qualquer pessoa, enquanto no delito que ocorre dentro do casamento figuram como sujeitos do crime o marido e a mulher. O inciso II do artigo 1566 do Código Civil versa sobre “vida em comum, no domicílio conjugal”, utilizando de um eufemismo para designar a convivência “íntima”. Assim, embora de maneira transversa, o ordenamento jurídico ainda admite o “débito conjugal”, ou seja, o dever recíproco de manter relações sexuais. Segue o artigo 1566, que diz: Art.1566. São deveres de ambos os cônjuges: I – fidelidade recíproca; II – vida em comum, no domicílio conjugal; III – mútua assistência IV – sustento, guarda e educação dos filhos; V – respeito e consideração mútuos. (BRASIL, 2002) De fato, conforme Venosa (2007), a união de corpos e espíritos é consequência da vida em comum prevista no ordenamento jurídico, não podendo ser levianamente não exercida. Explica que tal consequência é o débito conjugal, expressão vinda do Direito Canônico, e que significa a mútua entrega dos cônjuges para satisfazer as necessidades sexuais do outro e propiciar a reprodução. Desta forma, o débito conjugal é a satisfação recíproca dos desejos sexuais do cônjuge, visando manter a fidelidade e a união de espíritos entre o casal, bem como permitir a perenização da espécie. Nesse contexto, nota-se que o débito conjugal, enraizado na sociedade, torna mais difícil a identificação do crime de estupro no casamento, pois entende que a vida 10 íntima do casal inclui relações sexuais. Desta forma, o crime depende de vasta produção de provas para ser caracterizado. 11 4 SUJEITO ATIVO, SUJEITO PASSIVO, OBJETO TUTELADO PELO ORDENAMENTO JURÍDICO, CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Muitos autores discutiram acerca da possibilidade de o marido ser sujeito ativo do crime de estupro. Atualmente, porém, é praticamente pacífico o entendimento doutrinário de que é possível ao cônjuge praticar o estupro, por ser a liberdade (e a dignidade) sexual um direito inviolável e preponderante sobre o débito conjugal. Sobre a divergência acerca da possibilidade do marido figurar no polo passivo da ação, Delmanto (2000) explica que os doutrinadores conservadores partiam da consideração de que o estupro é uma espécie de constrangimento ilegal, e sustentavam que, sendo direito do marido manter relações sexuais com a própria esposa - estando ela, portanto, obrigada ao ato sexual - não havia nisto constrangimento contrário ao direito; o marido responderia tão-somente pela violência de que se servisse, não pelo crime de estupro. Para Fuhrer (2009), é cada vez mais sólido o entendimento jurisprudencial considerando não ser mais possível a exigência violenta do débito conjugal, podendo o marido ser sujeito ativo no crime de estupro contra a esposa. Sobre o tema, versa Damásio de Jesus: Entendemos que o marido pode ser sujeito ativo do crime de estupro contra a própria esposa. Embora com o casamento surja o direito de manter relacionamento sexual, tal direito não autoriza o marido a forçar a mulher ao ato sexual, empregando contra ela violência física ou moral que caracteriza o estupro. Não fica a mulher, com o casamento, sujeito aos caprichos do marido em matéria sexual. (1999, p.213) Atualmente, não há mais o que se discutir a respeito da possibilidade do marido ser o executor do estupro, visto que é inegável e reconhecido legalmente o direito da mulher à integridade de seu corpo, sendo proibido que o mesmo seja violado por formas ilícitas, tais como a violência física ou moral. (CAPEZ, 2015; BITENCOURT, 2010). Sobre a possibilidade de a esposa ser sujeito passivo no estupro marital, discorre Bitencourt (2010) que a ilegalidade da coação realizada pelo cônjuge para efetivar a união sexual forçada não é considerada exercício regular do direito, pois a autonomia sexual é direito da mulher, não se levando em conta qualquer característica da mesma, podendo ela ser casada, solteira, virgem etc. 12 Quando o crime de estupro ocorrer contra a mulher, o fato de ela ser virgem importa somente enquanto circunstância agravante, visto que a violação tende a ser mais intensa e traumática ao passo que o fato de ser solteira ou casada já não tem muita relevância. O objetivo da norma é resguardar o direito à individualidade, de poder dispor voluntariamente do próprio corpo; (MIRABETE, 2000) nos dias que correm, a não há necessidade, na dosimetria da pena, de levar em consideração a dificuldade maior ou menor em contrair matrimônio. Com a criminalização do estupro, o legislador moderno teve como objetivo proteger a liberdade sexual e garantir o direito de livre escolha na prática das relações sexuais. A respeito da objetividade jurídica, Mirabete (2004) afirma que com a criminalização do estupro não se busca defender apenas a integridade física feminina, mas o direito de dispor de seu corpo conforme sua vontade, não devendo ser submetida a qualquer ato que não seja de sua pretensão. Ainda sobre a tutela jurídica, versa Romeu de Almeida Salles Jr.: A expressão ‘liberdade sexual’ deve ser interpretada no sentido amplo, abrangendo todas as manifestações normais e anormais do instinto sexual. Equivale à liberdade carnal, direito da pessoa de dispor do próprio corpo nas relações sexuais. A coletividade se interessa pela proteção desse bem jurídico, embora seja ele essencialmente individual. É necessário para a moralidade pública. (1996, p. 213) A proteção da integridade sexual surge a partir do valor da vida humana, ocorrendo irradiação no ordenamento jurídico. A dignidade humana norteia o aplicador da lei. Portanto, a tutela da integridade sexual está ligada à livre escolha da vítima, preservando seu estado corporal, mental e psicológico. Capez (2015) ressalta, ainda, que o ordenamento jurídico sempre buscou proteger a liberdade sexual para que as relações de cunho sexual com alguém não ocorramsenão de forma voluntária. O objeto jurídico defendido, a partir da criminalização do uso de violência para realização de atos sexuais, é a liberdade que a pessoa possui de escolher seus parceiros, não podendo ser submetida a nenhum tipo de coação. Ela pode se recusar à conjunção carnal quando bem entender, inclusive ao próprio cônjuge (BITENCOURT, 2010), ainda que, neste último caso, se a recusa for injustificada, possa surgir uma justa causa para o divórcio, nos sistemas legais nos quais isso seja relevante. 13 O estupro conjugal, assim como o comum, pode ocorrer na forma tentada ou consumada. A consumação consiste da plena realização do ato, enquanto a tentativa compreende a interrupção do feito por motivos diversos à vontade do sujeito ativo, circunstâncias alheias ao que pretendia o causador do delito. Na copulação vaginal, a consumação se dá com a completa ou parcial introdução do membro viril na vagina, enquanto o mero contato entre os órgãos genitais configura a tentativa. Quando não houver o contato, mas as circunstâncias deixarem clara a intenção do agente ativo de realizar a conjunção carnal, também será considerado crime tentado. Caso não tenha havido contato, mas houver o emprego de grave ameaça ou violência física, e o agressor desistir voluntariamente da prática dos atos, este responderá pelo constrangimento ilegal causado, visto que, conforme entendimento, quando há desistência voluntária o sujeito ativo responde apenas pelos atos já praticados. (CAPEZ, 2015). É considerada possível a tentativa do estupro em casos que houver o constrangimento para a prática de relação sexual, porém o ato pode não se consumar devido a circunstâncias alheias à vontade do sujeito ativo. (MIRABETE, 2000). Acerca da tentativa, esclarece Romeu de Almeida Salles Jr: A tentativa é admissível. Pela estrutura do tipo tem-se que o processo executivo pode ser fracionado. O agente pode constranger a vítima, através de violência ou grave ameaça, e não conseguir a introdução do pênis em sua vagina, por circunstâncias alheias à sua vontade. (1996, p.213) Desta forma, tem-se que o marido pode figurar como sujeito ativo do crime contra sua esposa, independentemente de ser o delito consumado ou tentado. Basta que haja violência física ou coação moral para que o crime seja punível, pois o ordenamento jurídico visa tutelar a liberdade sexual e garantir o direito de liberdade quanto aos atos sexuais. 14 5 POSSIBILIDADE DE CONFIGURAÇÃO DO ESTUPRO CONJUGAL Há, ou melhor, houve até pouco tempo atrás divergências doutrinárias e jurisprudenciais acerca possibilidade da configuração do estupro na relação marital. Alguns autores avaliavam o uso da violência pelo marido como exercício regular do direito, enquanto a maioria entendia ser ilícita tal atitude, todavia sem constituir estupro, respondendo o agressor apenas pela violência efetivamente praticada. Hoje, todavia, a doutrina é uníssona em considerar a conduta ilícita e, mais importante, penalmente tipificada como estupro, e não apenas como lesões corporais - se as houvesse. As duas primeiras correntes, hoje já superadas, entendiam que o constrangimento empregado pelo marido configurava exercício regular do direito, e seria justificado em casos em que houver a recusa da mulher, em praticar os atos sexuais, por mero capricho ou por motivos fúteis, podendo, então, o homem exigir o cumprimento da conjunção carnal amparado pelo dever do débito conjugal (NUCCI, 2014). Apenas se dividiam esses autores quanto à prática de violência de que resultassem lesões corporais. Ainda seguindo tal pensamento, Noronha (2002) afirmava que, ao se matrimoniar a esposa aceita a vida em comum. Portanto, não poderia, por mera pirraça ou por motivos fúteis, negar ter relações sexuais com seu marido, cuja finalidade é a perpetuação da espécie. Caso o homem utilizasse de força física ou constrangimento moral para consumar a conjunção carnal, não seria considerado estupro, mas o agente poderia responder por algum excesso. Tal ideia também era aceita por Fragoso (1977), que versa em sua obra sobre a impossibilidade de o marido figurar como estuprador em casos de constrangimento por recusa sem justo motivo da mulher. Para, ele a mulher não pode se privar de ter relações de cunho sexual com cônjuge, pois, ao se casar, aceita os deveres do débito conjugal, que, a seu ver, inclui o a obrigatoriedade de conjunção carnal. Veja-se que essa discussão tomava lugar em um sistema legal que não admitia o divórcio, no contexto de uma sociedade preocupada com a possibilidade de extinção da espécie humana, não com a superpopulação mundial. Admitir que qualquer dos cônjuges se recusasse ao débito conjugal implicava condenar o outro, de maneira permanente, à insatisfação de uma necessidade natural de atividade sexual e à 15 irrealização da reprodução individual, ao mesmo tempo em que ameaçava a sociedade com a queda das taxas de natalidade. Atualmente, não há sentido discutir tal assunto, pois nem a Humanidade está à beira da extinção, nem o casamento é irresolúvel. Não há incoerência entre o débito conjugal e a possibilidade de o marido ser sujeito ativo do crime de estupro: o dever de “coabitação” existe; ele só não pode ser exigido à força ou mediante ameaça; a relação sexual só pode acontecer com o consentimento da esposa. (GRECO, 2013). Sobre o tema, Mirabete afirma: Embora se tenha negado essa possibilidade, quando não há justa causa para a recusa da mulher, entendemos que há crime na conjunção carnal forçada do marido contra a esposa por ser ato incompatível com a dignidade da mulher. A recusa imotivada da mulher pode, entretanto, dar causa à separação judicial. (2000, p.1245) Eluf (1999) se posiciona totalmente contrária aos entendimentos doutrinários e jurisprudenciais que justifiquem o constrangimento nas relações sexuais dentro do casamento, afirmando que deve haver a concordância da mulher para a prática da conjunção carnal e que ignorar isso é o mesmo que ignorar a dignidade da esposa. Assim sendo, apesar da existência de uma corrente doutrinária antiga que defendia a impossibilidade do estupro conjugal, atualmente é majoritária, para não dizer única, a corrente que considera possível configuração do estupro na constância do casamento. 16 6 PRODUÇÃO DE PROVAS Acredita-se que um dos possíveis motivos para a dificuldade de encontrar casos de estupro marital seja a produção de provas. Em casos comuns de estupro, há a possibilidade de identificação do crime através do sêmen encontrado na mulher. Ocorre que, no caso do estupro marital, tal prova não é suficiente, visto que há a presunção de que o sêmen encontrado na esposa tenha ocorrido de uma relação sexual consensual devido ao casamento. No que diz respeito a prova testemunhal, as pessoas não costumam acompanham o que ocorre no seio familiar, tendo só a visão externa do casal, não percebendo, muitas vezes, que a mulher tem sido submetida a práticas carnais contra sua vontade e a violências físicas e psicológicas. A prova do estupro conjugal, de fato, é ainda mais complexa que no crime comum. Para começo, nem de longe é suficiente a comprovação de que houve a conjunção carnal, pois as circunstâncias não permitem admitir uma prova frágil de resistência por parte da vítima. É necessária a verificação cabal de que a conjunção efetivamente ocorreu mediante agressão física ou moral. (CAPEZ, 2015) Deve-se considerar, também, a dificuldade em determinar a fidedignidade das acusações da vítima, especialmente em um contexto que pode envolver desavenças e vinganças, disputas patrimoniais ou pela guarda de filhos e outros conflitos relacionais. Além disso, há fatos bastante complexos a comprovar:a recusa certamente não se presume e ademais é necessário que tenha sido percebida, pois, ao contrário de um desconhecido, é razoável que o parceiro habitual e, com mais forte razão, o marido não aguarde assentimento incontroverso; outrossim, muitos casais praticam “brincadeiras” sexuais um tanto violentas por pura fantasia etc. Assim, em circunstâncias relativamente frequentes, restará dúvida acerca do dolo por parte do marido, conduzindo a uma absolvição por insuficiência de provas. Assim, na produção de provas do estupro conjugal, é necessária a comprovação da real e inequívoca negação da vítima, seguida pela obtenção dolosa e violenta da conjunção carnal. A recusa da vítima deve ser clara, deixando o marido consciente de que a esposa realmente não quer praticar atos sexuais, fazendo com que o seja necessário utilizar a força ou a coação moral. A respeito da verdadeira negatória do sujeito passivo, explica Capez: 17 É ínsito ao crime de estupro que haja o dissenso da vítima, sendo necessário que ela não queira realizar a conjunção carnal ou ato libidinoso diverso, cedendo em face da violência empregada ou do mal anunciado. A resistência física do sujeito passivo, no entanto, não é imprescindível, pois, muitas vezes, o temor causado pode ocasionar a paralisação dos movimentos da vítima ou a perda dos sentidos. (2015, p. 29) Como não bastasse, pelo fato de a agressão geralmente ocorrer dentro do lar, frequentemente não haverá exposição do crime nem testemunhas (NUCCI, 2014). Por outro lado, a violência empregada no estupro dentro do casamento muitas vezes não deixa marcas, vez que o delito pode ser realizado através do constrangimento moral ou violência sem trauma corporal duradouro. Nessa modalidade, não há violência física, pois a coação consiste em ameaças proferidas pelo sujeito ativo, ou a violência não deixa vestígios. O elemento subjetivo do crime de estupro é o dolo. Ele deve consistir na pretensão de constranger a vítima à conjunção carnal. Não há necessidade de caracterização do dolo específico, pois o homem que constrange a mulher para obter a prática de atos sexuais não age com nenhuma finalidade específica para além do resultado típico, apenas atua com consciência e desejo de consumar a ação. (CAPEZ, 2015) Quando a execução do crime, pelo modo como houver ocorrido, houver de deixar marcas na vítima, é indispensável realizar o exame de corpo delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado, conforme dispõe o artigo 158 do Código de Processo Penal. Aqui importa constatar tanto a conjunção carnal quanto eventuais lesões corporais, decorrentes do coito ou da violência empregada para obtê-lo. Acerca da materialidade e autoria do crime de estupro, Capez (2015) esclarece que a agressão pode não deixar vestígios, como em casos que não chega a haver a conjunção carnal, ficando o delito apenas como tentado. Nessas situações, raramente existem itens a serem periciados junto à vítima e, mesmo em casos consumados, as provas materiais podem desaparecer com o tempo. Em casos de que restarem vestígios, é necessária a realização do exame de corpo delito, pois não pode o julgador buscar provas através de nenhum outro meio, seja pela declaração do acusado, seja pelos depoimentos da vítima e de testemunhas, pois a segurança jurídica exige a prova pericial para se reconhecer a materialidade do delito. Dessa forma, nos casos em que for possível a realização da perícia, ela se torna obrigatória, e sua falta implicará a nulidade das provas que forem produzidas 18 para substitui-la. Sobre a inadmissibilidade das provas que visam substituir o exame de corpo de delito, explica Capez: O artigo 167 somente se aplica aos casos em que o exame direto já não era possível ao tempo do descobrimento do delito, em face do desaparecimento dos vestígios. Se havia a possibilidade de realizar o exame de corpo de delito direto, a omissão da autoridade em determina-lo não pode ser suprida por nenhuma outra prova, sob pena de afronta à determinação expressa da lei. (2015, p.37) Já nos casos em que não houver mais nenhum vestígio do delito, é imprescindível a presença de prova testemunhal, conforme artigo 167 do Código de Processo Penal. Por tais razões, é quase impossível determinar com que frequência ocorrem estupros conjugais. De um lado, além das naturais dificuldades em denunciar o próprio cônjuge, as barreiras na produção de provas do crime de estupro podem explicar o baixo índice de queixas criminais acerca do delito. A mulher vítima de estupro marital por diversas vezes queda silente, seja por não perceber perfeitamente a ilicitude de que foi vítima, seja por temer a condenação da sociedade ou a exposição de sua privacidade, especialmente quando depende economicamente do marido e/ou por ter constituído família. (BARBOSA, 2014). De outro lado, pode ocorrer que muitas mulheres, por várias razões, denunciem seus maridos, motivadas pelo sentimento de vingança, como instrumento de pressão em disputas patrimoniais ou como razão para pleitear a guarda exclusiva dos filhos. Ante o exposto, nota-se a relação entre os obstáculos na elaboração das provas e o silêncio das vítimas que, além de se sentirem desprotegidas devido à formalidade legal (posto que realmente necessária) e às outras dificuldades probatórias, também temem o julgamento da sociedade, a perda do esteio econômico, a condenação do pai de sua prole etc. 19 7 PENALIDADES PREVISTAS NO CÓDIGO PENAL, CAUSAS DE AUMENTO DE PENA E AÇÃO PENAL A violência física ou moral empregada pelo marido para obter relações sexuais com a esposa, contra a vontade da mesma, caracteriza o estupro marital. Sabe-se que a mulher tem plena liberdade sobre seu corpo, não podendo ser submetida a qualquer prática sexual contrária aos seus desejos. O ordenamento jurídico brasileiro assegura a dignidade sexual em seu Código Penal, repreendendo práticas forçadas para satisfazer o desejo carnal. Assim sendo, o referido Código traz em seu artigo 213 a penalidade aplicada ao delito: “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.” (BRASIL, 1940) O crime de estupro está sujeito a causas especiais de aumento de pena, previstas no Código Penal. Sobre os agentes passivos, a pena é aumentada da quarta parte quando o delito for cometido por dois ou mais sujeitos. Já em casos em que o agente ativo é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima, a pena é aumentada em 50%. (FAYET, 2011) O artigo 213 do Código Penal cita sobre qualificadoras conforme o resultado da ação: Art. 213. § 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. § 2o Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. (BRASIL, 1940) Nucci (2014) explica que as formas qualificadas do estupro exigem o dolo na prática antecedente - violência física ou coação moral gerando o constrangimento - e dolo ou culpa no que diz respeito ao resultado que tornará o crime qualificado - lesão corporal ou morte. Assim, o legislador previu um crime único, não podendo o juiz julgar o crime com base em concurso material - estupro e homicídio. Não existe concurso de crimes, mas sim um delito qualificado. Apesar de antiga dúvida e debate a respeito do tema, o estupro é, atualmente, considerado crime hediondo, não havendo mais dúvida sobre a questão devido ao artigo 1º, V, daLei 8.072/90, que o colocou no rol dos crimes hediondos, tanto em 20 sua forma consumada quanto tentada. Assim sendo, há consequências de todas as privações impostas a tais crimes, como: aumento de tempo para livramento condicional, impossibilidade de indulto, graça ou anistia, elevação do prazo para progressão de regime, dentro outros. (NUCCI, 2014) O estupro era, em regra, denunciado por ação penal privada. Com o advento da Lei 12.015, a ação penal passou a ser pública condicionada à representação. Em caso excepcional, quando a vítima for menor de 18 anos, a ação penal será pública incondicionada. (MASSON, 2014) A exceção da ação penal sendo pública incondicionada também é aplicada nos casos em que a vítima for pessoa vulnerável. Para os crimes sexuais que possuírem resultado de lesão corporal de natureza grave ou morte, há a aplicação da Súmula 608 do Supremo Tribunal Federal, tendo, assim, também a ação como pública incondicionada. (JESUS, 2011) A Súmula 608 versa sobre a aplicação da ação penal pública incondicionada em casos de estupro praticado mediante violência real. Por violência real entende-se o emprego de força física, impossibilitando a liberdade de agir da vítima, não podendo a mesma dispor de sua vontade. Ante o exposto, além de ter a pena aumentada por ser cônjuge da vítima, o marido agressor também responde pelos resultados causados. O ordenamento brasileiro claramente visa proteger as possíveis vítimas através da aplicação de altas penas repressoras, tentando, desta forma, amedrontar e evitar possíveis delitos. 21 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Muito se discutia a respeito da possibilidade de caracterização do estupro dentro do casamento, pois se acreditava que a relação sexual era uma obrigação, um dever, e deveria ser feita a qualquer tempo, independentemente de vontade. Com isso, surgiram divergências doutrinárias, em que alguns autores, como Fragoso (1977), acreditavam que o uso de força para consumação da relação sexual seria considerado apenas exercício regular do direito, enquanto para outros caracterizava o estupro. Apesar de tal conflito entre doutrinadores, hoje é pacífico o entendimento de ser possível a configuração do estupro dentro das relações conjugais em situações de emprego de violência, independentemente da existência ou não do débito no casamento. Desta forma, o cônjuge pode aparecer como sujeito ativo do crime de estupro dentro do casamento em casos de emprego de violência física ou moral. com o objetivo de obter relação sexuais contrária a vontade da esposa. O crime pode ocorrer na forma consumada ou tentada, sendo punível em ambos os casos, pois o objeto tutelado pela legislação é a liberdade sexual, não podendo a mesma ser infringida por ninguém, nem mesmo pelo marido. No ordenamento jurídico brasileiro, mais precisamente no Código Penal, há tipificado o crime de estupro, sendo a pena prevista é a de reclusão de 6 a 10 anos, porém a mesma é dobrada quando o agente for, dentre outras possibilidades, cônjuge da vítima. Desta forma, o cônjuge agressor seria penalizado com o dobro da pena restritiva de liberdade. Há, também, o aumento de pena quando a ação delituosa obtiver resultado de lesão corporal de natureza grave, morte ou quando a vítima for menor de 18 anos ou maior de 14. Uma das dificuldades da condenação do agente ativo consiste na árdua coleta de provas. A simples comprovação da conjunção carnal não é prova cabal para tipificar o crime de estupro, pois a relação sexual é considerada “parte” do casamento, devido ao débito conjugal. A complexidade na produção de provas também abrange a prova testemunhal, visto que pelo crime ocorrer no ambiente familiar, raros são os casos em que alguém presencie o ato. Desta forma, o crime só será punido quando houver prova inequívoca da violência - física ou moral - empregada, evitando condenações injustas. 22 Considerando tais análises, nota-se que a dificuldade na produção de provas do crime de estupro no casamento pode ser um grande empecilho para que a esposa agredida procure uma Delegacia para reportar o delito sofrido. Esse pode ser um dos motivos do baixo conhecimento e divulgação de casos de estupro marital, bem como o enraizamento do débito conjugal na sociedade, gerando falta de conhecimento e informação para algumas mulheres. Ante o exposto, conclui-se que, apesar de pouco comentado, o tema abordado no presente artigo é de extrema importância nos dias atuais. Os casos de violência doméstica são frequentes, porém no que diz respeito às violências sexuais ocorridas no seio familiar, pouco se ouve falar. Torna-se, então, necessária a continuação de busca por soluções e repressões, bem como campanhas de conscientização e informações sobre o tema, visando alcançar a igualdade de gêneros e diminuir a violência contra a mulher. 23 9 REFERÊNCIAS BARBOSA, Celísia. Violência sexual nas relações conjugais e a possibilidade de configurar-se crime de estupro marital. Disponível em: <http://ienomat.com.br/revista/index.php/judicare/article/view/65/191> Acesso em: 15 de maio 2017. BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Especial V.4. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2010. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> Acesso em: 27 de maio de 2017.a ______. Lei nº 2.848, de 7 de Dezembro de 1940: institui o Código Penal Brasileiro. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/Del2848compilado.htm> Acesso em: 27 de maio de 2017.b ______. Lei nº 3.689, de 3 de Outubro de 1941: institui o Código de Processo Penal Brasileiro. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/Del3689.htm> Acesso em: 27 de maio de 2017.c ______. Lei no 10.406, de 10 de Janeiro de 2002: institui o Código Civil Brasileiro. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm> Acesso em: 27 de maio de 2017.d CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal Brasileiro. Brasília: Inesc, 2008. ______. Curso de Direito Penal: parte especial V.3. 13.ed. São Paulo: Saraiva, 2015. DELMANTO, Celso. Código Penal Comentado. 5.ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2000. ELUF, Luiza Nagib. Crimes contra os costumes e assédio sexual: doutrina e jurisprudência. São Paulo: Editora Jurídica Brasileira, 1999. FAYET. Fabio Agne. O delito de estupro. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2011. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2010.406-2002?OpenDocument http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm 24 FRAGOSO, Heleno Claudio. Lições de Direito Penal. 3.ed. São Paulo: José Bushatsky,1977. FUHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Novos crimes sexuais. São Paulo: Malheiros,2009. GRECO, Rogério. Código Penal Comentado. 7.ed. Niterói: Impetus, 2013. HERKENHOFF, Henrique Geaquinto. Do patriarcalismo à democracia: evolução dos princípios constitucionais do direito de família. In: FERNANDES, Maria Fernandes; HIRONAKA, Novaes (coord). Direito Civil. São Paulo: EPD – Escola Paulista de Direito, 2005. 232-255 JESUS, Damásio Evangelista de. Código Penal Anotado. 9.ed. São Paulo: Saraiva,1999. ______. Direito Penal: parte especial. V.3. 20.ed. São Paulo: Saraiva, 2011. MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado: parte especial. V.3. 4.ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014. MIRABETE, Julio Fabbrini. Código Penal Interpretado. São Paulo: Atlas, 2000. ______. Manual de DireitoPenal. 22.ed. São Paulo: Atlas, 2004. NORONHA, Edgard Magalhães. Direito Penal. V.3. 26.ed. São Paulo: Saraiva, 2002. NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 14.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014. ______. Manual de Direito Penal. 10.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014. PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro: parte especial. V.3. 4.ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006. SALLES JR., Romeu de Almeida. Código Penal Interpretado. São Paulo: Saraiva, 1996. 25 VENOSA, Sílvio Salvo. Direito Civil: Direito de Família. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2007.