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Penal - sequestro ou cárcere privado

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SEQUESTRO OU 
CÁRCERE PRIVADO 
 
ART. 148 - PRIVAR ALGUÉM DE SUA LIBERDADE, 
MEDIANTE SEQUESTRO OU CÁRCERE PRIVADO: 
PENA - RECLUSÃO, DE UM A TRÊS ANOS 
 
CONCEITO 
Os dois crimes constituem formas de privação total ou parcial da 
LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO. 
Ensina Fragoso que se trata de uma espécie de constrangimento 
ilegal em que se impede que o sujeito passivo tenha liberdade de 
locomoção. 
OBJETIVIDADE JURÍDICA 
Tutela a lei a liberdade física do sujeito passivo. O bem jurídico 
protegido é o DIREITO DE IR E VIR, a liberdade de movimento 
no espaço. 
Só o Estado, por forma competente, pode livrar o indivíduo do 
gozo deste bem. 
SUJEITOS DO DELITO 
SUJEITO ATIVO: 
Não se trata de crime próprio, assim pode ser praticado por 
qualquer pessoa. 
Sendo funcionário público no exercício de suas funções poderá 
ocorrer outro crime – abuso de autoridade, lei 13.869 
SUJEITO PASSIVO: 
É nos termos da lei “alguém”. É o homem como titular da 
liberdade de locomoção. 
• Alguns autores excluem as pessoas que não se podem 
movimentar (deficientes físicos, paraplégicos, doentes 
graves). 
• Outros, excluem também as pessoas que não têm 
capacidade de entender ou conhecer a privação desta 
liberdade (crianças, doentes mentais etc.). 
• A maioria entende que qualquer um pode ser sujeito 
passivo do crime. A liberdade de movimento não deixa 
de existir quando se exerce à custa de aparelhos ou 
auxílio de outrem. Da mesma maneira não é menos certo 
que o incapaz goza de liberdade corpórea, portanto essas 
pessoas merecem maior proteção legal. 
A capacidade de entendimento só tem relevo quando se trata do 
consentimento do ofendido. Consentindo na privação da 
liberdade não se configura o delito desde que a vítima tenha 
capacidade para consentir. 
Deve-se, entretanto, analisar que mesmo com o consentimento, 
em algumas situações este perde o valor, aparecendo o delito 
quando pelo tempo da privação (perpétua, ou por muito tempo) 
ou pelo modo de sua supressão (preso a correntes, encarcerado 
numa cela ou obrigado a trabalho escravo) fere os princípios de 
direito público ou de moral social, ferindo, portanto, a liberdade 
individual. 
ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO 
O crime pode ser cometido mediante sequestro ou cárcere 
privado. São, portanto, modos pelos quais se efetiva a restrição ou 
supressão da liberdade do ofendido. 
Alguns os consideram sinônimos, mas a maioria distingue um 
comportamento do outro. 
❖ SEQUESTRO: 
existe privação da liberdade de ir e vir tendo em vista que a 
retenção ou detenção impossibilite a vítima de se afastar do local 
em que o agente a colocou ou deixou. Existe alguma liberdade de 
ir e vir. 
Ex.: reter a vítima em um sítio, em uma ilha, de sem que possa 
afastar-se. 
❖ CÁRCERE PRIVADO: 
existe a privação de liberdade por confinamento, isto é, vítima 
presa a um recinto fechado. Ex.: num quarto, no porta-malas. 
A conduta típica é privar alguém da liberdade, pouco importando 
o meio para obter esse resultado. 
Pode ser cometido mediante violência física e moral 
(ameaça) ou fraude (mentira, induzir a erro). 
O agente pode atuar detendo a vítima, levando a lugar e a 
prendendo ou retendo até em sua própria casa – não é necessário 
que se tire a vítima do local onde se encontra. Até por omissão o 
crime pode ser cometido. Ex.: Deixar de pôr em liberdade um 
doente mental que está curado. 
OBS: 
- Mesmo que o sujeito já tenha cerceado sua liberdade, 
legalmente poderá ocorrer o crime se o agente a reduz ainda 
mais. Ex.: acorrentar um doente mental na cama 
desnecessariamente. 
- É incito no conceito de sequestro ou cárcere que esta privação 
deve ter certa duração. 
- Uma privação RÁPIDA OU MOMENTÂNEA configuraria apenas 
a tentativa ou constrangimento ilegal. Entretanto não se exige 
para consumação que se prolongue durante horas e horas ou dias. 
- Como o sequestro é crime permanente, é coautor ou partícipe 
aquele que passa a colaborar na privação, mesmo após o seu 
encarceramento. 
 
ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPO 
É o DOLO, ou seja, vontade dirigida à ilegítima privação da 
liberdade alheia, desnecessário qualquer finalidade (não há dolo 
específico). 
Classifica-se como CRIME SUBSIDIÁRIO: se o sujeito agir com 
outro intento será constrangimento ilegal ou extorsão mediante 
sequestro ou roubo com privação da liberdade. 
OBS: 
No sequestro ou cárcere privado existe uma peculiaridade 
semelhante à da apropriação indébita. Nesta o dolo é posterior à 
posse. Naquele pode ser subsequente a situação do sujeito 
passivo, como no caso do médico que não pões em liberdade um 
insano curado. 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
Consuma-se o crime com a restrição da liberdade da pessoa, 
iniciada que seja. Exigem alguns autores que ela perdure por 
tempo mais ou menos longo. 
Não desfigura o crime o fato de o agente restituir a vítima 
voluntariamente, mesmo sendo curta a retenção. 
É CRIME PERMANENTE: sua consumação se protrai no tempo, 
permitindo a autuação em flagrante enquanto durar a privação. 
Sendo um CRIME MATERIAL admite facilmente a tentativa 
sempre que o agente tenha praticado atos de execução, sem 
chegar a restrição de sua liberdade. Ex.: se o agente está prestes a 
introduzir a vítima no carro, é surpreendido. 
Quando o comportamento hábil para a execução é a OMISSÃO, 
NÃO EXISTE A FORMA TENTADA. Ex.: retenção da vítima no 
hospital. A retenção já consuma o crime. 
§ 1º - A PENA É DE RECLUSÃO, DE DOIS A CINCO 
ANOS: 
I – SE A VÍTIMA É ASCENDENTE, 
DESCENDENTE, CÔNJUGE OU 
COMPANHEIRO DO AGENTE OU MAIOR DE 60 
(SESSENTA) ANOS; 
II - SE O CRIME É PRATICADO MEDIANTE 
INTERNAÇÃO DA VÍTIMA EM CASA DE SAÚDE 
OU HOSPITAL; 
III - SE A PRIVAÇÃO DA LIBERDADE DURA 
MAIS DE QUINZE DIAS. 
IV – SE O CRIME É PRATICADO CONTRA 
MENOR DE 18 (DEZOITO) ANOS; 
V – SE O CRIME É PRATICADO COM FINS 
LIBIDINOSOS. 
§ 2º - SE RESULTA À VÍTIMA, EM RAZÃO DE MAUS-
TRATOS OU DA NATUREZA DA DETENÇÃO, GRAVE 
SOFRIMENTO FÍSICO OU MORAL: 
PENA - RECLUSÃO, DE DOIS A OITO ANOS 
Se resulta à vítima em razão dos maus tratos ou da natureza da 
detenção grave sofrimento físico ou moral. Visou o legislador 
punir mais severamente quando ocorre sofrimento físico ou moral 
decorrente dos maus tratos ou da natureza da detenção. 
Por MAUS TRATOS deve se entender a ação suscetível de causar 
dano à moral, corpo ou à saúde de outrem, sem constituir, 
entretanto, lesão corporal, que se ocorrer dará lugar ao concurso 
de crimes (material). Ex.: Privar de alimentos, de cobertas, de 
roupas, cama etc. 
Por natureza da DETENÇÃO deve-se entender quando a mesma 
ocorre em local insalubre, por exemplo. Diz respeito ao aspecto 
material da privação. Ex.: amarrar a vítima em uma árvore, local 
úmido; em um cemitério etc. 
QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA 
 
 
 
PENA E AÇÃO PENAL 
PENA: 
CAPUT 1 a 3 anos - reclusão 
§1° 2 a 5 anos - reclusão 
§2° 2 a 8 anos - reclusão 
 
AÇÃO PENAL PÚBLICA 
INCONDICIONADA. 
 
MATERIAL PERMANENTE SUBSIDIÁRIO
SIMPLES COMUM
COMISSIVO OU 
OMISSIVO
UNISSUBJETIVO

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