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AN02FREV001/REV 4.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE PSICOLOGIA CLÍNICA. Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 2 CURSO DE PSICOLOGIA CLÍNICA. Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 3 1. AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA http://www.crpsp.org.br/a_acerv/jornal_crp/146/frames/orientacao.gif Muitas pessoas confundem a aplicação de testes com avaliação psicológica. A avaliação psicológica pode envolver técnicas de dinâmica de grupo, entrevistas, questionários, levantamento do histórico de vida e tudo o mais que tenha como objetivo avaliar - no sentido de analisar, compreender, esclarecer - a dinâmica dos processos psicológicos representativos de um indivíduo. Sendo, portanto, muito mais complexa que a simples aplicação de testes psicológicos. A depender dos objetivos da avaliação, que pode ser diagnóstica, de emprego, demissional, ela pode durar várias sessões. Um grande engano cometido por quem necessita de uma avaliação é que imagina que ela pode ser realizada em quinze minutos, por exemplo. Puro engano. Para se chegar a um diagnóstico mais preciso, o psicólogo necessita realizar um levantamento minucioso. AN02FREV001/REV 4.0 4 A avaliação psicológica deve ser utilizada em todo e qualquer setor da sociedade em que se necessite conhecer melhor o funcionamento da psique humana, visando orientar ou tomar certas decisões relativas à pessoa em questão. (Pellini, 2000). Encontram-se referências precisas de que desde o século XIX já se realizava avaliação psicológica em vários países e no Brasil, obviamente de forma diferente dos modelos conhecidos atualmente. No Brasil, a Avaliação Psicológica começou a ser praticada mais sistematicamente nas décadas de 50 e 60, porém, já na década de 20 foram realizados trabalhos acadêmicos e criados institutos para a realização de processos de seleção de pessoal nos setores públicos e privados, destacando-se as empresas do segmento de transporte coletivo. Com a regulamentação da Psicologia na década de 60, houve um aumento significativo de profissionais e de empresas interessadas em investir na área de recrutamento e seleção, passando a compor setores e a contratar psicólogos que realizassem avaliação psicológica em candidatos, tendo o intuito de aumentar as probabilidades de “acerto”, isto é, de selecionarem “a pessoa certa para o lugar certo”. As décadas de 80 e 90 foram promissoras para a área. Entretanto, se por um lado havia a utilização maciça de testes psicológicos nas avaliações para seleção de pessoal, por outro, não se encontravam instrumentos adaptados ou criados especificamente para esse fim. Visualiza-se, atualmente, um panorama no qual houve uma redução significativa da utilização dos testes psicológicos devido às rigorosas exigências de qualidade dos instrumentos, trazendo maior segurança ao profissional que se embasa em seus resultados para tomar decisões estratégicas e, não raramente, de maneira decisiva no direcionamento da vida das pessoas. Tanto no setor da Psicologia Clínica quanto no da Psicologia Organizacional, onde se pode fazer uso da Avaliação Psicológica, contar com os resultados obtidos AN02FREV001/REV 4.0 5 a partir de testes é de grande importância, pois traz ao avaliador dados não facilmente perceptíveis de outro modo a respeito do candidato, além de poder confirmar aspectos percebidos durante a entrevista e dinâmica de grupo, se for o caso. Praticada de modos diferentes de acordo com cada objetivo, a ferramenta contribui de forma decisiva para o diagnóstico do candidato ou paciente. A avaliação psicológica não se reduz à aplicação de testes. Além de testes, a avaliação compreende técnicas de dinâmica de grupo, entrevistas, observação de comportamento e uma anamnese bem-feita, ou seja, investigação da vida social, familiar, física e emocional do paciente, com análise criteriosa do histórico de vida. http://www.unipar.br:8080/unipar/vestibular2007/curso/fotos/psicologia_01.jpg De maneira geral, uma avaliação psicológica se constitui por uma entrevista individual, às vezes substituída ou acrescida de uma dinâmica de grupo, e um teste para avaliação da personalidade. Outros testes, de habilidades ou aptidões específicas, são acrescentados ao conjunto de técnicas de avaliação, conforme o objetivo e a área de atuação do profissional. Na prática AN02FREV001/REV 4.0 6 O objetivo maior é o de diagnosticar cada pessoa, conhecer suas competências individuais e, para isso, o teste psicológico ainda é o melhor instrumento de que se dispõe, embora jamais único no processo, pois além de resultar em dados confiáveis, já que suas características psicométricas são comprovadas cientificamente. Ele permite que o psicólogo tenha uma visão total da pessoa, que consiga definir quais são as suas competências ou características mais vantajosas e quais aquelas em que precisaria investir um pouco mais. Num processo de seleção, por exemplo, tais informações permitem ao psicólogo indicar com maior segurança pessoas para cargos específicos e orientar as lideranças sobre como lidar com seus colaboradores e no que efetivamente investir para obter maior desenvolvimento e melhores resultados. Da mesma forma, em treinamento e desenvolvimento, uma Avaliação Psicológica traz subsídios suficientes para que um programa seja encaminhado considerando as especificidades individuais e grupais, podendo até com isso gerar um redirecionamento das estratégias adotadas. Até pouco tempo, algumas empresas procuravam premiar colaboradores tecnicamente bons com uma promoção para cargos de chefia, sem outro critério senão a satisfação com o desempenho desse funcionário, ou seja, sem uma avaliação que pudesse assegurar que essa pessoa tivesse características condizentes com posições de liderança, além de sua competência técnica. O resultado final geralmente era desastroso para o colaborador e para a empresa. Por não ser um líder e necessitar desenvolver as competências de liderança, não se saía bem na nova função. Como nem sempre é possível a pessoa retornar ao cargo anterior, a empresa contava com duas opções: mantê-lo no cargo e arcar com conseqüências indesejáveis ou então demiti-lo. Prejuízo para ambos. Para um planejamento de carreira, a realização de uma Avaliação Psicológica também se torna decisiva, visto que norteará todo o programa a ser desenvolvido com o profissional, especificando as características psicológicas a serem desenvolvidas para que ele possa futuramente ascender numa hierarquia com sucesso. AN02FREV001/REV 4.0 7 No momento atual, o foco das empresas, seja qual for o seu negócio, é cada vez mais seus recursos humanos e sabe-se que o sucesso da empresa deve-se ao conhecimento e ao investimento em pessoas. A Avaliação Psicológica, científica e ética, apoiada em instrumentos e testes fidedignos, contribui essencialmente para essa finalidade. Em se tratando da Psicologia Clínica, a avaliação psicológica é usada para fins diagnósticos, ou seja, para avaliar a saúde emocional do paciente e verificar se ele é portador de algum transtorno. Vale ressaltar que nem sempre a queixa inicial é a responsável pelo sofrimento psíquico de uma pessoa, mas a constatação disso só se verifica depois de uma avaliação psicológica.Entrevista Psicológica AN02FREV001/REV 4.0 8 http://kaizenrh.com.br/fotos/kaizen05.jpg Existem vários tipos de entrevistas e são vários os profissionais que dela se utilizam. Com os psicólogos não é diferente. Ele se utiliza deste instrumento para elaborar diagnósticos, durante avaliações e em prognóstico, ou seja, quando, durante uma entrevista devolutiva, por exemplo, mostra as probabilidades futuras de um quadro psicológico atual. É bem verdade que a entrevista psicológica sofreu algumas modificações no início do século XIX, quando predominava o modelo médico. Naquela época, Kraepelin usava a entrevista com o objetivo de detalhar o comportamento do paciente, e, assim, poder identificar as síndromes e as doenças específicas que as classificavam segundo a nosografia vigente. (SILVA, 2007). Enquanto isso, Meyer, psiquiatra americano, se interessava pelo enfoque psicobiológico (aspectos biológicos, históricos, psicológicos e sociais) do entrevistado. A partir de Hartman e Anna Freud o interesse da entrevista se deslocou para as defesas do paciente. Isto é, a psicanálise teve sua influência na investigação dos processos psicológicos, sem enfatizar o aspecto diagnóstico, antes valorizado. Nos anos cinqüenta, Deutsch e Murphy apresentaram sua técnica denominada Análise Associativa que considerava importante registrar não somente http://kaizenrh.com.br/fotos/kaizen05.jpg� AN02FREV001/REV 4.0 9 o que o paciente dizia, mas, também, em fornecer informações sobre o mesmo. Desse modo, desviou-se o foco sobre o comportamento psicopatológico para o comportamento dinâmico. Ainda nesta década, Sullivan concebeu a entrevista como um fenômeno sociológico, uma díade de interferência mútua. Após este período, a entrevista e o Aconselhamento Psicológicos se deixaram influenciar, entre outros, por Carl Rogers, cuja abordagem consiste em centrar no paciente. Ou seja, em procurar compreender, de acordo com o seu referencial, significados e componentes emocionais, tendo como base a sua aceitação incondicional por parte do entrevistador. DEFINIÇÃO DE ENTREVISTA PSICOLÓGICA http://www.institutouniao.com.br/imagens A entrevista psicológica é um processo bidirecional de interação, entre duas ou mais pessoas com o propósito previamente fixado no qual uma delas, o entrevistador, procura saber o que acontece com a outra, o entrevistado, procurando agir conforme esse conhecimento (WIENS apud Enquanto técnica, a entrevista tem seus próprios procedimentos empíricos NUNES, In: CUNHA, 1993). AN02FREV001/REV 4.0 10 através dos quais não somente se amplia e se verifica, mas, também, simultaneamente, absorve os conhecimentos científicos disponíveis. Nesse sentido, Bleger (1960) define a entrevista psicológica como sendo “um campo de trabalho no qual se investiga a conduta e a personalidade de seres humanos”. Outra definição caracteriza a entrevista psicológica como sendo “uma forma especial de conversão, um método sistemático para entrar na vida do outro, na sua intimidade” (RIBEIRO, 1988, p.154). Enfim, Gil (1999) compreende a entrevista como uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes, busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação (p.117). A entrevista psicológica pode ser também um processo grupal, isto é, com um ou mais entrevistadores e/ou entrevistados. No entanto, esse instrumento é sempre em função da sua dinâmica, um fenômeno de grupo, mesmo que seja com a participação de um entrevistado e de um entrevistador. (SILVA, 2007). OS OBJETIVOS DA ENTREVISTA AN02FREV001/REV 4.0 11 http://www.ufmg.br/diversa/7/imagens/Psicologia2saladeaula-FLisboa.jpg Com base nos critérios que objetivaram a entrevista em saúde mental, pode- se classificar a entrevista quanto aos seguintes objetivos: a) Diagnóstica – Visa estabelecer o diagnóstico e o prognóstico do paciente, bem como as indicações terapêuticas adequadas. Assim, faz-se necessário uma coleta de dados sobre a história do paciente e sua motivação para o tratamento. Quase sempre, a entrevista diagnóstica é parte de um processo mais amplo de avaliação clínica que inclui testagem psicológica; b) Psicoterápica – Procura colocar em prática estratégia de intervenção psicológica nas diversas abordagens - rogeriana (C. Rogers), jungiana (C. Jung), gestalt (F. Perls), bioenergética (A. Lowen), logoterapia (V. Frankl) e outras -, para acompanhar o paciente, esclarecer suas dificuldades, tentando ajudá-lo a solucionar seus problemas; c) De Encaminhamento d) – Logo no início da entrevista, deve ficar claro para o entrevistado, que a mesma tem como objetivo indicar seu tratamento, e que este não será conduzido pelo entrevistador. Devem-se obter informações suficientes para se fazer uma indicação e, ao mesmo tempo evitar que o entrevistado desenvolva um vínculo forte, uma vez que pode dificultar o processo de encaminhar; De Seleção – O entrevistador deve ter um conhecimento prévio do AN02FREV001/REV 4.0 12 currículo do entrevistado, do perfil do cargo, deve fazer uma sondagem sobre as informações que o candidato tem a respeito da empresa, e destacar os aspectos mais significativos do examinando em relação à vaga pleiteada, etc.; e) De Desligamento – Identifica os benefícios do tratamento por ocasião da alta do paciente, examina junto com ele os planos da pós-alta ou a necessidade de trabalhar algum problema ainda pendente. Essa entrevista também é utilizada com o funcionário que está deixando a empresa, e tem como o objetivo obter um feedback sobre o ambiente de trabalho, para providências, intervenções do psicólogo em caso, por exemplo, de alta rotatividade de demissão num determinado setor; f) De Pesquisa A SEQUÊNCIA TEMPORAL DAS ENTREVISTAS DIAGNÓSTICAS – Investiga temas em áreas das mais diversas ciências, somente se realiza a partir da assinatura do entrevistado ou paciente, do documento: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Resolução CNS no 196/96), no qual estará explícita a garantia ao sigilo das suas informações e identificação, e liberdade de continuar ou não no processo. AN02FREV001/REV 4.0 13 http://www.corporal.com.br/segura/imagens_arquivos/quadrodefiguras.jpg Essa seqüência pode ser subdividida em: entrevista inicial; entrevistas subseqüentes e entrevista de devolução, caracterizadas de forma diferente, e mostrando objetivos distintos conforme o momento em que elas ocorram (GOLDER, 2000). a) Entrevista Inicial É a primeira entrevista de um processo de psicodiagnóstico. Semidirigida, durante a qual o sujeito fica livre para expor seus problemas. Segundo Fiorini (1987), o empenho do terapeuta nessa primeira entrevista pode ter uma influência decisiva na continuidade ou no abandono do tratamento (p.63). Pinheiro (2004) salienta que a mesma ocorre num certo contexto de relação constantemente negociada. O termo negociação se refere ao posicionamento definido como “um processo discursivo, através do qual [...] são situados numa conversação como participantes observáveis, subjetivamente coerentes em linhas de histórias conjuntamente produzidas”(DAVIES & HARRÉ apud PINHEIRO, 2004, p.186). AN02FREV001/REV 4.0 14 Essa entrevista, geralmente, inicia-se com a chamada telefônica de outro técnico, encaminhando o entrevistado para a avaliação psicodiagnóstica, ou com a chamada do próprio entrevistado. Tem como objetivos discutir expectativas, clarear as metas do trabalho, e colher informações sobre o entrevistado, que não poderiam ser obtidas de outras fontes. (SILVA, 2007). As primeiras impressões sobre o entrevistado, sua aparência, comportamento durante a espera, são dados que serão analisados pelo entrevistador, e que podem facilitar o processo de análise docaso. Para Gilliéron (1996), a primeira entrevista deve permitir conhecer: - O modo de chegada do paciente à consulta (por si mesmo, enviado por alguém ou a conselho de alguém, etc.); - O tipo de relação que o paciente procura estabelecer com o seu terapeuta; - As queixas iniciais verbalizadas pelo paciente, em particular a maneira pela qual ele formula seu pedido de ajuda (ou sua ausência de pedido). A partir dessas impressões e expectativas, entrevistador e entrevistado constroem mutuamente suas transferências, contratransferências, e resistências que foram ativadas bem antes de ocorrer o encontro propriamente dito. Um clima de confiança proporcionado pelo entrevistador facilita que o entrevistando revele seus pensamentos e sentimentos sem tanta defesa, portanto, com menos distorções. No final dessa entrevista devem ficar esclarecidos os seguintes pontos: horários, duração das sessões, honorários, formas de pagamento (quando particular), condições para administrar instrumentos de testagem e para as condições de consulta a terceiros. b) Entrevistas Subseqüentes Após a entrevista inicial, em que é obtida uma primeira impressão sobre a pessoa do paciente, esclarecimentos sobre os motivos da procura, e realização do contrato de trabalho de psicodiagnóstico, normalmente são necessários mais alguns encontros. O objetivo das entrevistas subseqüentes é a obtenção de mais dados AN02FREV001/REV 4.0 15 com riqueza de detalhes sobre a história do entrevistado, tais como: fases do seu desenvolvimento, escolaridade, relações familiares, profissionais, sociais e outros. c) Entrevista de Devolução ou Devolutiva No término do psicodiagnóstico, o técnico tem algo a dizer ao entrevistado em relação ao que fundamenta a indicação. Em 1991, Cunha, Freitas e Raymundo (apud NUNES, In: CUNHA, 1993), elaboraram algumas recomendações sobre a entrevista de devolução: - Após a interpretação dos dados, o entrevistador vai comunicar-lhe em que consiste o psicodiagnóstico, e indicar a terapêutica que julga mais adequada; - O entrevistador retoma os motivos da consulta, e a maneira como o processo de avaliação foi conduzido; - A devolução inicia com os aspectos menos comprometidos do paciente, ou seja, menos mobilizadores de ansiedade; - Deve-se evitar o uso de jargão técnico (expressões própria da ciência circulante entre os profissionais da área, em outras palavras “gíria profissional”), e iniciar por sintoma ligado diretamente à queixa principal; - A entrevista de devolução deve encerrar com a indicação terapêutica. DIFERENÇA ENTRE ENTREVISTA, CONSULTA E ANAMNESE AN02FREV001/REV 4.0 16 http://www.petpsicologiaufes.com/images/outubro/entrevista.jpg A técnica da entrevista procede do campo da medicina, e inclui procedimentos semelhantes que não devem ser confundidos e nem superpostos à entrevista psicológica. Consulta não é sinônimo de entrevista. A consulta consiste numa assistência técnica ou profissional que pode ser realizada ou satisfeita, entre as mais diversas modalidades, através da entrevista. A entrevista não é uma anamnese. Esta implica numa compilação de dados preestabelecidos, que permitem fazer uma síntese, seja da situação presente, ou da história de doença e de saúde do indivíduo. Embora, se faça a anamnese com base na utilização correta dos princípios que regem a entrevista, porém, são bem diferenciadas nas suas funções. Na anamnese, o paciente é o mediador entre sua vida, sua enfermidade, e o médico. Quando por razões estatísticas ou para cumprir obrigações regulamentares de uma instituição, muitas vezes, ela é feita pelo pessoal de apoio ou auxiliar. A anamnese trabalha com a suposição de que o paciente conhece sua vida e está, portanto, capacitado para fornecer dados sobre a mesma. Enquanto que, a hipótese da entrevista é de que cada ser humano tem organizado a história de sua vida, em um esquema de seu presente. E, destes temos que deduzir o que ele não AN02FREV001/REV 4.0 17 sabe. Ou seja, “o que nos guia numa entrevista, do mesmo modo que em um tratamento, não é a fenomenologia reconhecível, mas o ignorado, a surpresa” (GOLDER, 2000, p.45). Nessa perspectiva, Bleger (1980) compreende que, diferentemente da consulta e da anamnese, a entrevista psicológica tenta o estudo e a utilização do comportamento total do indivíduo em todo o curso da relação estabelecida com o técnico, durante o tempo que essa relação durar (p.12). A entrevista psicológica funciona como uma situação onde se observa parte da vida do paciente. Mas, nesse contexto não consegue emergir a totalidade do repertório de sua personalidade. Uma vez que não pode substituir, e nem excluir outros procedimentos de investigação mais extensos e profundos, a exemplo de um tratamento psicoterápico ou psicanalítico, o qual demanda tempo, e favorece para que possa emergir determinados núcleos da personalidade. Este tipo de assistência, também não pode prescindir da entrevista. Esta que apresenta lacunas, dissociações e contradições que levam alguns pesquisadores a considerá-la um instrumento pouco confiável. Mas, com diz Bleger (1980), essas dissociações e contradições, são inerentes à condição humana, e a entrevista oferece condições para que as mesmas sejam refletidas e trabalhadas. TIPOS DE ENTREVISTA AN02FREV001/REV 4.0 18 c) Entrevista por Pautas (semi-estruturada ou semidirigida) – Apresenta certo grau de estruturação, já que se guia por uma relação de pontos de interesses que o entrevistador vai explorando ao longo do seu curso. As pautas devem ser ordenadas e guardar certa relação entre si. O entrevistador faz poucas perguntas diretas e deixa o entrevistado falar livremente à medida que se refere às pautas assimiladas. Quando este, por ventura, se afasta, o entrevistador intervém de maneira sutil, para preservar a espontaneidade da entrevista; http://images.google.com/imgres?imgurl=http://bp0.blogger.com Segundo Gil (1999), as entrevistas podem ser classificadas em: informal, focalizada, por pautas e estruturada. a) Entrevista Informal (livre ou não-estruturada) – É o tipo menos estruturado, e só se distingue da simples conversação porque tem como objetivo básico a coleta de dados. O que se pretende é a obtenção de uma visão geral do problema pesquisado, bem como a identificação de alguns aspectos da personalidade do entrevistado; b) Entrevista Focalizada (semi-estruturada ou semidirigida) – É tão livre quanto a informal, todavia, enfoca um tema bem específico. Permite ao entrevistado falar livremente sobre o assunto, mas quando este se desvia do tema original o entrevistador deve se esforçar para sua retomada; AN02FREV001/REV 4.0 19 d) Entrevista Estruturada (fechada) – Desenvolve-se a partir de uma relação fixa de perguntas, cuja ordem e redação permanecem invariáveis para todos os entrevistados, que geralmente são em grande número. Por possibilitar o tratamento quantitativo dos dados, este tipo de entrevista torna-se o mais adequado para o desenvolvimento de levantamentos sociais. A ENTREVISTA QUANTO AO SEU REFERENCIAL TEÓRICO http://www.filmesraros.com/loja/images/mind.jpeg O processo de entrevista é orientado por seu referencial teórico. Aqui serão vistas, em síntese, algumas das perspectivas: a) Perspectiva Psicanalítica – Tem como base os pressupostos dos conteúdos inconscientes. O entrevistador busca avaliar a motivação inconsciente, o funcionamento psíquico e a organização da personalidade do entrevistado. A entrevista é orientada para a psicodinâmica da estrutura intrapsíquica ou das http://www.filmesraros.com/loja/images/mind.jpeg� AN02FREV001/REV 4.0 20 relações objetais1 e funcionamento interpessoal; b) Perspectiva Existencial-humanista – Não procura formular um diagnóstico, e sim, verificarse o interesse do indivíduo está auto-realizado ou não. Aqui não existe uma técnica específica de entrevista, estas são consideradas pelos existencialistas como manipulação. O entrevistador reflete o que ouve, pergunta com cuidado, e tenta reconhecer os sentimentos do entrevistado; c) Perspectiva Fenomenológica – Estuda a influência dos pressupostos e dos preconceitos sobre a mente, e que os acionam ao estruturar a experiência e atribuir-lhe um significado. Além de uma atitude aberta e receptiva, é necessário que o entrevistador atue como observador participante, e que, assim, seja capaz de avaliar criticamente, através de sua experiência clínica e conhecimento teórico, o que está ocorrendo na entrevista. A ENTREVISTA QUANTO AO SEU MÉTODO http://www.usp.br/agen/bols/2000/Image217.gif Segundo Ribeiro (1988), a realização da entrevista psicológica segue diferentes enfoques: a) Psicométrico – O entrevistador faz uso constante de uma série de instrumentos: testes, pesquisas, controle estatístico, etc., predeterminados, enquanto dispositivos para a aquisição de conhecimentos sobre o entrevistado. Nessa situação, dificilmente o entrevistador conseguirá aprofundar a relação, o encontro permanece mais em nível formal e informativo do que espontâneo criativo AN02FREV001/REV 4.0 21 e transformador. Isto não quer dizer que seja menos válida ou mais superficial; b) Psicodinâmico – A relação poderá ser mais aprofundada devido ao fato do entrevistador contar com maior disponibilidade de tempo para questionar o entrevistado, e conduzir a situação de maneira “menos estruturada”. Sua atenção não está no aqui e no agora, ela atende a uma dinâmica de causa-efeito na qual submensagens poderão dificultar a comunicação; c) Antropológico – Abrange a relação ambiente-organismo na compreensão da comunicação. Qualquer dado será considerado, mas, nem sempre, é possível dizer em que momento ele está e onde será utilizado. Esse tipo de entrevista parece mais complexo, assim sendo, exige mais prática do entrevistador para analisar as informações. bp0.blogger.com/.../-nj-4V07GVM/s400/Fleurs8.jpg Um dos aspectos essenciais da entrevista está na investigação que se realiza durante o seu transcurso. As observações são registradas em função das hipóteses que o entrevistado emite. O entrevistador ordena na seguinte disposição: TÉCNICAS DE ENTREVISTA observação, hipótese e verificação No entender de Bleger (1980), o trabalho do psicólogo somente adquire real envergadura e transcendência quando coincidem a investigação e a tarefa . Uma boa observação consiste de algum modo, em formular hipóteses que vão sendo reformuladas durante a entrevista em função das observações subseqüentes. AN02FREV001/REV 4.0 22 profissional, porque estas são as unidades de uma práxis que resguarda a tarefa mais humana: compreender e ajudar os outros. Assim, indagação e atuação, teoria e prática, devem ser manejadas como momentos e aspectos inseparáveis do mesmo processo. Segundo Bleger (1980), a entrevista se diferencia de acordo com o beneficiário do resultado: - A entrevista que se realiza em benefício do entrevistado, a exemplo da consulta psicológica ou psiquiátrica; - A entrevista cujo objetivo é a pesquisa, valorizando, apenas, o resultado científico da mesma; - A entrevista que se realiza para terceiro, neste caso, a serviço de uma instituição. Com exceção do primeiro tipo de entrevista, os demais exigem do entrevistador que desperte interesse ou motive a participação do entrevistado. Segundo Gil (1999), as entrevistas podem acontecer em duas modalidades: Face a face e por Telefone. A entrevista tradicional tem sido realizada face a face. No entanto, nas últimas décadas vem sendo desenvolvida a entrevista por telefone. - Principais vantagens da entrevista por telefone, em relação à entrevista pessoal: custos mais baixos; facilidade na seleção da amostra; rapidez; maior aceitação dos moradores das grandes cidades, que temem abrir suas portas para estranhos; facilidade de agendar o momento mais apropriado para a realização da entrevista; - Limitações da entrevista por telefone: interrupção da entrevista pelo entrevistado; menor quantidade de informações; impossibilidade de descrever as características do entrevistado ou as circunstâncias em que se realizou a entrevista; parcela significativa da população que não dispõe de telefone ou não tem seu nome na lista. AN02FREV001/REV 4.0 23 Segundo Erickson (apud - O término da entrevista não deve transformar-se numa conversa social, sem nenhuma relação com os problemas discutidos. Isto pode prejudicar o resultado da entrevista. SCHEEFFER, 1977), algumas recomendações devem ser aplicáveis ao processo de entrevista psicológica: - O entrevistador deve ter o cuidado para não transformar a entrevista numa conversa social. “Como posso ajudá-lo?”, é uma boa maneira de se iniciar uma entrevista; - O entrevistador não deve completar as frases do entrevistado. Devem-se evitar perguntas que induzam respostas do tipo “sim” ou “não”. Não interromper o fluxo do pensamento do entrevistado, a não ser que ele se perca em idéias que fogem dos tópicos da entrevista; - A atitude do entrevistador deve ser de aceitação completa das vivências do entrevistado. Não deve haver discussão de pontos de vista; - As pausas e silêncios são, quase sempre, embaraçosos para o entrevistador. Nesses momentos, possivelmente, o entrevistado está revivendo experiências que não consegue expressar verbalmente. Quando as pausas forem longas, o entrevistador poderá retomar um tópico anterior que estava sendo discutido; - O tempo de entrevista deve ser marcado, e o entrevistado será comunicado de quanto tempo dispõe. Se necessário, marca-se outra (s) entrevista (s). Deve-se limitar o número de assuntos em cada sessão para não confundir o entrevistado; - É necessário trocar o pronome pessoal “eu”, pelo uso de expressões mais vagas, tais como: “parece que ...”; “parece melhor ...”; etc.; - Recomenda-se fazer o resumo do que fora discutido em cada final de entrevista. E que o entrevistador faça uma síntese para o entrevistado do que foi abordado na sessão; AN02FREV001/REV 4.0 24 Segundo Foddy (2002), é aconselhável o investigador ou entrevistador: - Adotar uma atitude comum e casual. Ex. “Por acaso você...”; - Empregar a técnica “Kinsey” de olhar os inquiridos bem nos olhos, e colocar a pergunta sem rodeios de modo a que eles tenham dificuldade em mentir; - Adotar uma aproximação indireta de modo a que os inquiridos forneçam a informação desejada sem terem consciência disso, a exemplo das técnicas projetivas; - Colocar as perguntas perturbadoras na parte final do questionário ou da entrevista de modo a que as respostas não sofram qualquer conseqüência desse efeito. Segundo Gilliéron (1996), podem-se estudar os comportamentos do paciente praticamente em relação a dois eixos: - A anamnese do sujeito que permite a observação dos comportamentos repetitivos que dão uma idéia exata da sua personalidade: trata-se do ponto de vista histórico; - A observação do comportamento do paciente quando da primeira entrevista também fornece indicações muito precisas sobre a organização da sua personalidade. DINÂMICA DA ENTREVISTA AN02FREV001/REV 4.0 25 http://www.kaneoya.com.br/wordpress/wp-content/uploads/2007/11/entrevista.jpg O entrevistador, no seu papel de técnico, não deve expor suas reações e nem sua história de vida. Não deve permitir em ser considerado como um amigo pelo entrevistado e, nem entrar em relação comercial, de amizade ou de qualquer outro benefício que não seja o pagamento dos seus honorários. Para Gilliéron (1996), a investigação repousará: - Na análise do comportamento do paciente com relação ao enquadre; - Nummodelo preciso suscetível de evidenciar a dinâmica relacional que se estabelece entre o paciente e o terapeuta; modelo de apoio objetal. O entrevistado deve ser recebido com cordialidade, e não de forma efusiva. Diante de informações prévias fornecidas por outra pessoa, se deixa claro que essas não serão mantidas em reserva. Em função de não abalar a confiança do entrevistado, estas lhe serão comunicadas. AN02FREV001/REV 4.0 26 A reação contratransferencial deve ser encarada com um dado de análise da entrevista, não se deve atuar diante da rejeição, inveja ou qualquer outro sentimento do entrevistado. As atitudes deste não devem ser “domadas” ou subjugadas, não se trata de querer triunfar e nem se impor perante o mesmo. Compete ao entrevistador averiguar como essas atitudes funcionam e como o afetam. O grau de repressão do entrevistado, de certo modo, tem uma relação direta com o nível de repressão do entrevistador. Necessariamente, o entrevistado que fala muito não traz à tona aspectos relevantes das suas dificuldades. A linguagem que é um meio de transmitir informação, mas poderá ser também uma maneira poderosa de se evitar uma verdadeira comunicação (BLEGER, 1980). Nem sempre, uma carga emocional intensa significa uma evolução no processo. O silêncio é uma expressão não-verbal que muitas vezes comunica bem mais que as palavras. O silêncio é, geralmente, o fantasma do entrevistador iniciante. Ele pode ser também uma tentativa de encobrir a faceta de um momento o qual o sujeito não consegue enfrentar. Castilho (1995) cita uma série de tipos de silêncio que são comuns nas dinâmicas de grupo, mas que também ocorrem, com bastante freqüência, no processo de entrevista, etc. Para ilustrar foram destacados alguns tipos de silêncio: - Silêncio de Tensão – É a expressão da ansiedade. Facilmente observado através da postura corporal tensa ou inquieta do entrevistado, da sua respiração ofegante, do tamborilar dos dedos, etc.; - Silêncio de Medo - – Deixa o entrevistado petrificado, na sua tentativa de fugir de uma situação psicologicamente ameaçadora. Esse silêncio suscita muita tensão e, como conseqüência, forte descarga psicossomática; Silêncio de Reflexão – Surge normalmente após a intervenção do entrevistador, ou logo após um feedback, ou mesmo depois do entrevistador ter AN02FREV001/REV 4.0 27 passado por algum tipo de vivência. Nele, observa-se a ausência de tensão, há um recolhimento introspectivo de elaboração mental; - Silêncio de Desinteresse – O indivíduo perde o foco da atenção, camufla resistência, se desinteressa pela situação externa porque interiormente ela o atinge. A Ansiedade na Entrevista http://www.redepsi.com.br/portal/uploads/smartsection/images/item/c37r20060m2870.jpg A ansiedade é parte da existência humana, todas as pessoas a sentem em grau variado, por vezes consiste em uma resposta adaptativa do organismo (SIERRA, 2003). Para Bion ( apud ALMEIDA & WETZEL, 2001), se duas pessoas estão numa sala de análise sem angústia, não está havendo análise (p.272). Calligaris (apud Durante a situação de entrevista, tanto à ansiedade quando os mecanismos de defesa do entrevistado podem aumentar, não somente devido a esse novo GOLDER, 2000), percebe que em todo encontro, o outro está imediatamente implicado enquanto “semelhante imaginário”, o que se busca primeiro é uma tela, uma espécie de cumplicidade, na qual supõe um sentido comum ao que estamos dizendo(p.151). Desse modo, a ansiedade é um indicativo do desenvolvimento de uma entrevista, e deve ser controlada pelo entrevistador, a sua própria, e a que aparece no entrevistado. AN02FREV001/REV 4.0 28 contexto externo que ele enfrenta, mas também devido ao perigo, em potencial, daquilo que desconhece em sua personalidade. O contato direto com seres humanos, coloca o técnico diante da sua própria vida, saúde ou doença, conflitos e frustrações. Considerando que o entrevistador é um agente ativo na investigação, sua ansiedade torna-se um dos fatores mais difíceis de lidar. Em sua tarefa, o psicólogo pode oscilar facilmente entre a ansiedade e o bloqueio, sem que isto o perturbe, desde que possa resolver na medida em que surja. Toda investigação implica a presença de ansiedade frente ao desconhecido, e o investigador deve ter a capacidade para tolerá-la, assim, poderá manter o controle da situação. Há casos em que o investigador, devido aos seus bloqueios e limitações, se vê oprimido pela ansiedade, e recorre a mecanismos de defesa para se sentir seguro, e assim, elimina a possibilidade de uma investigação eficaz, uma vez que conduz a entrevista de maneira estereotipada. Outro problema freqüente diz respeito à certa compulsão do entrevistador focalizar seu interesse ou encontrar perturbações exatamente na esfera que ele nega os seus próprios conflitos. A manipulação técnica, de toda ansiedade, deve ser realizada com referência a personalidade do entrevistado, e o nível de timing (sincronização e ajustamento) que se tenha estabelecido na relação. Toda interpretação fora desse contexto implica em agressão ao paciente ou entrevistado. Cabe ao psicólogo saber calar, na proporção inversa da sua vontade compulsiva de interferir. Nessa ótica, Almeida & Wetzel (2001, p.271) dizem que a interpretação algumas vezes vem de um desejo de intervenção com a finalidade de eliminar angústias (perda de continência), instados pela situação e autorizados pelo setting. Segundo Piaget (apud Douglas ( GIL, 1999), o bom entrevistador deve reunir duas qualidades: saber observar (não desviar nada, não esgotar nada); saber buscar (algo de preciso, ter a cada instante uma hipótese de trabalho, uma teoria, verdadeira ou falsa, para controlar). apud FODDY, 2002) corrobora com essa idéia quando afirma que entrevistar criativamente é ter determinação atendendo ao contexto, em vez de AN02FREV001/REV 4.0 29 negar, ou não conseguir compreender. O que se passa numa situação de entrevista é determinado pelo processo de perguntas e respostas, a entrevista criativa agarra o imediato, a situação concreta, tenta perceber de que modo esta afetação vai sendo comunicada e, ao compreender esses efeitos, modifica a recepção do entrevistador, aumentando, assim, a descoberta das verdades. Transferência e Contratransferência www.rodrigues.psc.br A transferência e a contratransferência são fenômenos que estão presentes em toda relação interpessoal, inclusive na entrevista. Na transferência o entrevistado atribui papéis ao entrevistador, e se comporta em função dos mesmos, transfere situações e modelos para a realidade presente e desconhecida, e tende a configurar Transferência Freud (1914-1969) entende que a transferência é (...) apenas um fragmento da repetição e que a repetição é uma transferência do passado esquecido (...) para todos os aspectos da situação atual (p.166). A transferência é designada pela psicanálise como um processo através do qual os desejos inconscientes se atualizam sobre determinados objetos, num certo tipo de relação estabelecida, eminentemente, no quadro da relação analítica. A repetição de protótipos infantis vividos com um sentimento de atualidade acentuada. Classicamente a transferência é reconhecida como o terreno em que se dá a problemática de um tratamento psicanalítico, pois são a sua instalação, as suas modalidades, a sua interpretação e a sua resolução que as caracteriza (LAPLANCHE & PONTALIS, 2004). AN02FREV001/REV 4.0 30 esta última como situação já conhecida, repetitiva. No entender de Gori (2002), repetindo transferencialmente, evoca-se a lembrança e é somente por meio da lembrança que temos acesso à história [...] Por meio da transferência é forjado num lugar intermediário entre a vida real e um ensaio de vida, para que o drama humano possa ter umdesfecho (p.78). A articulação do conceito de “momento sensível”(grifo da autora) passa pelo posicionamento do terapeuta. Esse instante preciso determina os mecanismos que instalam a transferência. Com efeito, é o momento em que uma relação de trabalho se torna possível. A abertura ao outro, a espera de ajuda vinda do exterior é forte e expõe o paciente tanto ao melhor quanto ao pior dessa interação (GOLDER, 2000). Nessa perspectiva, Gilliéron (1996) diz que todos os pacientes procuram obter alguma coisa do terapeuta. Eles não buscam apenas a cura de um sintoma, mas também certa qualidade de relação (p.14). Os entrevistados revelam aspectos irracionais ou imaturos de sua personalidade, seu grau de dependência, sua onipotência e seu pensamento mágico. As transferências negativas e positivas podem coexistir num mesmo processo, embora, quase sempre com predomínio relativo, estável ou alterado, de uma delas. Segundo Sang (2001), é a situação analítica e não a sua pessoa o que levou a paciente a se apaixonar por ele, isto é, que o amor de transferência é essencialmente impessoal. [...] o analista não deve nem reprimir nem satisfazer as pretensões amorosas da paciente. Deve sim, tratá-las como algo irreal (pp.319-20). No que é confirmado por Yalom (2006), quando diz que os sentimentos que surgem na situação terapêutica. Geralmente pertencem mais ao papel que à pessoa, é um equívoco tomar a adoração transferencial como um sinal de sua atratividade ou charme pessoal irresistível (p.175). Contratransferência Na contratransferência emerge do entrevistador reações que se originam do campo psicológico em que se estrutura a entrevista. Porém, se constitui, quando AN02FREV001/REV 4.0 31 bem conduzida, num indício de grande significação e valor para orientar o entrevistador no estudo que realiza. Seu manejo requer preparação, experiência e um alto grau de equilíbrio mental, para que possa ser utilizada com validade e eficiência. Na contratransferência, salienta Gilliéron (1996), as emoções vividas pelo analista são consideradas reativas às do paciente, vinculando-se, portanto, ao passado deste último, e não dizendo respeito diretamente à pessoa do analista. Manfredi (apud ZASLAVSKY & SANTOS, 2005, p.296), distingue cinco tendências de abordagens desta questão: 1 - A contratransferência não é mais considerada como uma criação unicamente do paciente, por ignorar a transferência do analista; 2 - É problemático diferenciar a contratransferência normal da patológica (os dados à disposição do analista não permitem, quase sempre, uma diferenciação); 3 - A tolerância à contratransferência já seria suficiente, dada aqui, a dificuldade da diferenciação dos sentimentos envolvidos na dupla; 4 - Devia-se, mais sábia e humildemente, fazer também a rota inversa: procurar no paciente, e não só procurar no analista; 5 - A questão do confessar ou não, ou confessar/revelar até quando/quanto, os sentimentos contratransferências despertados. Para que o instrumento Entrevista Psicológica, de fato, se efetive como auxiliar no trabalho do psicólogo, não é o bastante a sua compreensão ou domínio teórico e técnico que fundamenta e norteia sua prática, mas também de experiências que são adquiridas em rollyplays É preciso desenvolver a sensibilidade para entrevistar, aprender ser empático, saber lidar com a própria subjetividade e com a subjetividade do outro (entrevistando), facilitando assim que seu universo, um tanto livre das “ameaças”, se descortine. O entrevistador precisa adquirir à habilidade da “dissociação instrumental”, e ser capaz de adentrar esse universo, sem juízo de valor, sem através de estágio, supervisão; laboratório ou oficinas de sensibilidade. AN02FREV001/REV 4.0 32 preconceito, para que assim possa estar com o Outro, conhecer, não temer, se perder e se achar e, finalmente, voltar à realidade do contexto. E agora, de posse de sua bagagem técnica tecer suas observações, ponderações e considerações, de modo axiomático, considerado que a utópica da neutralidade sempre deverá ser perseguida. Os princípios éticos serão avivados em cada encontro, e nenhum instrumento poderá adquirir uma aura de prevalência sobre a pessoa do entrevistado, que é mais importante e assim deve ser respeitado. O que não significa ser “meloso”, por demais e muito menos autoritário. O entrevistador deve habilitar-se em se inscrever na virtualidade da distância e proximidades ótimas que o trabalho possa fluir. Ser a pessoa na figura do profissional imbuído da intenção singular de realizar uma atividade sem perder sua essência humana. Nesse investida, é fundamental que o profissional se “conheça”, e que faça de rotineiras as reflexões sobre suas atitudes, postura e comportamento, bem como de que tenha também flexibilidade em reformulá-los, quando a necessidade aponte. Muito do trabalho do psicólogo certamente vem em conseqüência do auto “mergulho” que lhe dará a base na qual se apóiam à sua atuação e intervenção com toda transparência. 2. INTERVENÇÃO http://www.cuorecursos.org.br/img/cursos_psico.jpg AN02FREV001/REV 4.0 33 Abordagem Sistêmica Parte da teoria geral dos sistemas e da teoria da comunicação de Watzlawick. É um paradigma que emerge das ciências exatas e fornece uma base teórica e prática de compreensão dos sistemas humanos. Nos anos 40, Ludwig Von Bertalanffy publicava uma série de princípios válidos para vários sistemas (biológicos, físico-químicos, sociais). O sistema é um complexo organizado em múltiplos elementos que estão em interação recíproca no seu interior e com o meio. Um sistema pode ser aberto (auto- organizado) ou fechado (entropia). A perspectiva sistêmica constitui um bom suporte teórico para a intervenção, especialmente em terapia familiar. Põe em causa uma epistemologia linear, unidirecional e contextualiza os problemas humanos, não num único sentido, mas em função dos contextos em que emergem os problemas. Alarga a perspectiva de intervenção, centrada apenas num sistema pessoal, para uma perspectiva que se centra nos contextos de vida e nas redes de apoio dos sujeitos. Estes pressupostos são aplicados, sobretudo na terapia familiar. Modelo Cognitivo-comportamental " O que perturba o ser humano não são os fatos, mas a interpretação que ele faz dos fatos" Epitectus - Século I AN02FREV001/REV 4.0 34 Esta perspectiva teve origem nos trabalhos de Aaron Beck e Albert Ellis. Sugere que as nossas crenças e atribuições desempenham um importante papel no comportamento. Esta abordagem é historicamente baseada nos princípios da aprendizagem e da psicologia experimental. Centra-se no comportamento observável e não observável. Pensamentos adquiridos através da aprendizagem e do condicionamento no ambiente social. As terapias cognitivo-comportamentais compartilham alguns pressupostos básicos, ainda que existam diferentes abordagens conceituais e estratégicas para os diversos transtornos. Há algumas características essenciais no núcleo das terapias cognitivo-comportamentais (Dobson, 2001): 1- A atividade cognitiva influencia o comportamento; 2- A atividade cognitiva pode ser monitorada e alterada; 3- O comportamento desejado pode ser influenciado mediante a mudança cognitiva. Esta terapia baseia-se na premissa que uma inter-relação entre cognição, emoção e comportamento é parte integrante do funcionamento psicológico normal. Um acontecimento de vida pode acarretar inúmeras formas de agir, sentir e pensar, mas não é o evento em si que gera as emoções e comportamentos, é o que nós pensamos e interpretamos sobre esse evento. Outra premissa é que as distorções cognitivas são muito freqüentes em diferentes transtornos. Ao contrário do que acontece com o modelo psicanalista, o material trazido à consulta não é interpretadopelo terapeuta, mas elaborado conjuntamente com o cliente, com o objetivo de identificar, examinar e corrigir as distorções do pensamento que causam sofrimento emocional ao indivíduo. AN02FREV001/REV 4.0 35 Albert Ellis centrou-se nas crenças irracionais para lidar com pensamentos e comportamentos problemáticos. Pensamentos como "toda a gente deve me apreciar", "ninguém vai amar alguém tão feio como eu" vão inevitavelmente conduzir à decepção. Aaron Beck desenvolveu a terapia cognitiva para tratar a depressão e outros problemas. Beck considera que durante o desenvolvimento, as pessoas formulam regras sobre o funcionamento do mundo, tendendo serem simplistas, inflexíveis e freqüentemente baseadas concepções errôneas. As abordagens cognitivistas podem-se distinguir em duas tradições: - Cognitivismo Substantivo Racionalista: centra-se no conteúdo, pensamento interno, mecanicista. (Ellis, Beck, Meichenbaum, D´Zurilla, etc.) - Cognitivismo Construtivista Desenvolvimental: O Construtivismo prega que o conhecimento e a experiência humana implicam em uma proação ativa do sujeito, a importância das emoções e os problemas psicológicos refletem diferenças entre as exigências do ambiente e a capacidade adaptativa do cliente. Abordagem Humanista Esta abordagem tem as suas origens na filosofia Européia e no trabalho psicoterapêutico de Victor Frankl, Carl Rogers, Abraham Maslow, Rollo May, Fritz Perls e outros. Rejeitando as premissas básicas das teorias psicodinâmicas e comportamentalista, os humanistas assumem uma abordagem fenomenológica que enfatiza a percepção individual e a experiência. Tende a ver as pessoas como ativas, pensadoras, criativas e orientadas para o crescimento. Consideram que as pessoas são basicamente bem intencionadas e que naturalmente lutam pelo crescimento, amor, criatividade e auto-atualização. Em vez de se centrar na influência do passado, os humanistas focam-se no "aqui e agora" ou presente. AN02FREV001/REV 4.0 36 Exemplos de Conceitos e Técnicas Humanistas Empatia - capacidade de ver o mundo a partir da perspectiva da outra pessoa. Transmite a sensação de ser ouvido e compreendido. Aceitação incondicional- aceitar totalmente os sentimentos e pensamentos do cliente. Auto-atualização - As pessoas tendem a procurar o crescimento e a atingir o seu máximo potencial. Congruência- O terapeuta manifesta sentimentos autênticos durante a consulta. É uma harmonia entre os sentimentos e as ações. A terapia centrada no cliente é a perspectiva de Carl Rogers e é um dos exemplos mais clássicos da abordagem humanista. Usa técnicas não diretivas (indutoras) como a escuta ativa, empatia, congruência e aceitação incondicional. A empatia sincera é necessária para as pessoas se sentirem aceitas e compreendidas e para permitir o crescimento. Abordagem Comportamentalista O expoente moderno mais importante do behaviorismo foi Skinner (1904- 1990), que considerava que o único objeto da psicologia era o comportamento manifesto (observável). Nesta abordagem, pretende-se manipular e controlar o comportamento através do reforço (quando as pessoas têm o comportamento desejado, aumentando a hipótese da sua ocorrência) e através de castigos (quando as pessoas se comportam de maneira indesejável). A aprendizagem pode fazer-se por condicionamento clássico, em um estímulo, até aí neutro, é associado com dado motivacionalmente significativo e surge uma resposta. AN02FREV001/REV 4.0 37 Ex: Condicionamento Clássico de Pavlov: Pavlov reparou que os cães salivavam muitas vezes sem razão fisiológica aparente, para que tal acontecesse. O cão aprende uma associação entre o alimento e um sinal casual que precedia o alimento. Pavlov verificou que ao tocar a campainha antes de dar comida ao cão, este começava a salivar quando ouvia a campainha, após alguns ensaios de associação entre campainha e comida- o que originava o reflexo condicionado. Uma campainha começava a tocar e passado algum tempo, com a campainha ainda a tocar, era fornecido ao animal comida. A seqüência campainha - comida foi repetida uma série de vezes. Aos poucos, a quantidade de saliva produzida começou a aumentar logo após a campainha tocar. O cão salivava ao ouvir a campainha, o que não sucedia no início da experiência. A associação repetida entre o som da campainha (estímulo neutro) e a carne transformaram o estímulo inicialmente neutro (campainha) num estímulo condicionado que agora provocava a salivação sob a forma de um reflexo condicionado. No condicionamento operante, há um aumento da probabilidade de resposta num determinado meio ambiente devido ao reforço da resposta. Ex: rato que carrega numa alavanca para obter uma recompensa de comida. Vários autores duvidaram da capacidade deste "behaviorismo radical" para explicar a complexidade do comportamento humano. As grandes diferenças de personalidade indicam que não é só importante o que as pessoas fazem, mas também o que pensam e esperam (expectativas). Isto levou a uma evolução do comportamentalismo, aceitando conceitos como expectativa e crença. Estes são os teóricos da aprendizagem social, como Albert Bandura e Walter Mischel. Defendem que muitas das diferenças individuais entre os indivíduos são basicamente cognitivas: são os modos diferentes de interpretar o mundo, de AN02FREV001/REV 4.0 38 pensar e agir sobre ele. Assim, os comportamentos podem ser aprendidos e desenvolvidos pela observação do comportamento dos outros, em vez de ter de realizar esse comportamento ou ser reforçado para um determinado comportamento. Esta abordagem também valoriza o papel das expectativas no desenvolvimento do comportamento. Por exemplo, alguém pode dedicar muito tempo e dinheiro para obter uma licenciatura, porque espera que essa qualificação vá originar uma carreira e vida satisfatória. Abordagem Psicodinâmica Foi fundada com o trabalho de Sigmund Freud. Muitos neofreudianos e outros revisionistas fizeram uma grande adaptação, desenvolvimento e mudança na abordagem básica de Freud. Esta abordagem ainda mantém certas concepções sobre o comportamento humano e problemas psicológicos. Defende que o comportamento humano é influenciado por desejos intrapsíquicos, motivações, conflitos e impulsos. Os mecanismos de defesa do ego (adaptativos ou não) são utilizados para lidar com conflitos, desejos, necessidades e fantasias não resolvidas, que contribuem para o comportamento normal ou anormal. As experiências precoces na infância desempenham um papel fundamental no desenvolvimento psicológico e no comportamento adulto. A compreensão destas influências inconscientes e a sua discussão e integração nas experiências quotidianas ajudam a melhorar o funcionamento psicológico. A relação de transferência que se desenvolve entre o cliente e o terapeuta também ajuda a melhorar o funcionamento psicológico. Freud desenvolveu uma compreensão do comportamento humano baseado em três estruturas mentais, que normalmente estão em conflito: AN02FREV001/REV 4.0 39 - o Id, inato, funciona segundo o princípio do prazer e representa todos os desejos e necessidades mais primitivas. O Id não conhece juízos de valor, moral, ou o bem ou o mal. O Id procura a satisfação imediata sem considerar as circunstâncias da vida real. A nossa energia psíquica básica (libido) está contida no Id e exprime-se através da redução da tensão. Contudo, para a satisfação das necessidades é preciso interagir com o mundo real. O ego, que é mediador entre o id e o mundo exterior, ajuda nesta interação. - O ego, que funciona segundo o princípio da realidade, mantém em suspenso as exigências para o prazer que provêm do id, até que se encontre um objeto apropriado para satisfazer a necessidade e reduzir a tensão. Desenvolve-se cerca do primeiro ano de idade e representaos aspectos racionais e razoáveis da nossa personalidade, ajudando-nos a adaptar a um mundo desafiante. - O superego, que se desenvolve cerca dos cinco anos de idade, quando são assimiladas as regras de comportamento ensinadas pelos pais, através de um sistema de recompensas e castigos. Representa a internalização de normas e regras sociais, culturais e familiares. O superego inclui o ego ideal (a imagem perfeita do que somos e do que podemos ser) e a nossa consciência (as regras de bons e maus pensamentos e comportamento). Irá haver um conflito inevitável entre id, ego e superego para lidar com a ansiedade e desconforto e a necessidade de utilizar mecanismos de defesa do ego. O ego está numa posição difícil, pois têm de lidar com forças opostas. Os mecanismos de defesa são estratégias desenvolvidas pelo ego para proteger o indivíduo destes conflitos internos e em geral, inconscientes. Eles ajudam a lidar adaptativamente ou não, com a inevitável ansiedade de ser humano. Há uma variedade de mecanismos de defesa, como a repressão (manter pensamentos, desejos, sentimentos e conflitos desagradáveis fora da consciência). Negação (negar que existem pensamentos ou sentimentos problemáticos), sublimação (substituição de uma meta que não pode ser satisfeita por outra socialmente aceitável), projeção ( a origem da ansiedade é atribuída à outra pessoa). AN02FREV001/REV 4.0 40 Freud também definiu vários estádios psicossexuais do desenvolvimento da personalidade. No decorrer destes estádios, as crianças são auto-eróticas ao obter prazer erótico quando estimulam as zonas erógenas do corpo. Cada estádio tende a estar localizado numa determinada zona erógena. Estes incluem as fases: oral, anal, fálica, latente e genital. - O Estádio oral vai desde o nascimento até ao segundo ano de vida. A estimulação da boca (sugar, morder, etc.) é a fonte de satisfação erótica. - No estádio anal, a satisfação vai da boca para o ânus e as crianças têm prazer na zona anal. Nesta fase treinam a higiene pessoal e as crianças podem reter ou expelir fezes. - No estádio fálico, por volta do quarto ano de idade, a satisfação erótica passa para zona genital, havendo manipulação e exibição dos órgãos genitais. Neste estádio há o desenvolvimento do Complexo de Édipo, em que o rapaz desenvolve um desejo incestuoso e de morte, desejando unir-se à mãe e eliminar o pai. Os medos de retaliação e de castração resultam na repressão destes impulsos e na identificação com o pai. O objetivo desta abordagem é o insight-compreensão de fatores inconscientes que levam a comportamentos e sentimentos problemáticos, através de uma análise aprofundada e cuidadosa do papel de desejos, impulsos e conflitos inconscientes na vida diária. Técnicas como a associação livre (dizer tudo o que nos passa pela cabeça), a análise dos sonhos e a interpretação são usadas para compreender e tratar vários problemas. 3. EQUIPE MULTIPROFISSIONAL AN02FREV001/REV 4.0 41 http://www.qualitare.com.br/imagens/equipe.jpg O trabalho em equipe multidisciplinar consiste numa forma especial de organização, que visa, principalmente, a ajuda mútua entre profissionais de uma mesma área, no caso da Psicologia, a área de saúde. O trabalho em Equipe deve ser descrito como um conjunto ou grupo de pessoas que se dedicam a realizar uma tarefa ou um determinado trabalho, visando um objetivo comum, neste caso é a pessoa atendida. A grande maioria dos transtornos psicológicos requer o auxílio de um médico psiquiatra, um neurologista, um nutricionista, assistente social, fonoaudiólogo ou profissional de Educação Física. Percebe-se, neste caso, que um bom profissional jamais deve ficar restrito à sua área de atuação, mas estudar sobre tudo aquilo que poderá beneficiar o paciente. Muitas vezes, por exemplo, a ajuda de um profissional do Direito é imprescindível. São muitas as crianças abusadas sexualmente que chegam ao consultório de Psicologia; também são bastante comuns casos de mulheres violentadas e espancadas por seus companheiros. AN02FREV001/REV 4.0 42 Valorizando cada indivíduo e permitindo que todos façam parte de uma mesma ação, seja no campo escolar, profissional ou, até mesmo, em atividades cotidianas. O Trabalho em Equipe, além de possibilitar a troca de conhecimento é determinante nas relações humanas, pois motiva o grupo a buscar de forma coesa os objetivos traçados. Os estudos de caso devem fazer parte da rotina de consultórios e policlínicas de Saúde. Também uma boa supervisão e psicoterapia pessoal são suportes valiosos na rotina de um bom profissional de Psicologia. É preciso ficar claro que não há profissão melhor ou pior que a outra. O que deve existir é a consciência de que, em se tratando de seres humanos, nenhum tipo de conhecimento é demais. Todo conhecimento é válido e jamais se conhece sobre tudo. O trabalho em equipe é necessário e fundamental. Na visão do psicólogo Abraham Maslow (1908-1970), considerado por muitos como o profissional que deu início à Psicologia Transpessoal (área da psicologia que estuda a consciência nos seus diferentes níveis e a sua relação com os aspectos evolutivos do ser). O trabalho em equipe possibilita dar e receber, por parte de cada um de seus membros, afeição, aceitação e sentimento de importância. Para Maslow, "isto faz com que o indivíduo cresça, tornando o trabalho determinante, pois o objetivo a ser alcançado depende, exclusivamente, da satisfação psicológica do indivíduo bem como das relações humanas". A necessidade de desenvolvimento do trabalho em equipe passa por diversos fatores de importância para a evolução profissional, como a definição de prioridades, o ajuste de metas, otimismo e o “estar aberto” a mudanças. Todas estas qualidades, quando são acrescidas ao ser individual (si próprio), pode significar o sucesso nas relações pessoais, o que forma um círculo virtuoso, propiciando assim as tarefas conjuntas. É importante perceber que, quando se fala em trabalhar em equipe, fala-se em maior volume de atividades, mais e maior responsabilidade, comprometimento, flexibilidade, colaboração e esforço pessoal, detalhes que acabam sendo descobertos a cada novo dia de trabalho. Entretanto, como benefício, um grupo AN02FREV001/REV 4.0 43 coeso aflora muitas características até então passadas desapercebidas no individual, como a criatividade, a participação, visão de futuro, questionamento de posições e colocações e senso crítico. Segundo a Psicóloga Solange B. R. Cremasco, a motivação é um fator substancial que deve estar ligado ao trabalho em equipe. De acordo com ela, esse atributo individual do ser humano representa o comprometimento e a "chave para o sucesso que está ao alcance de todos". "Quanto maior for o grau de responsabilidade, quanto maior for o universo de aprendizado e as perspectivas de evolução, muito mais eles (os profissionais) se envolvem com as atividades que lhes são atribuídas e, conseqüentemente, a motivação sempre se encontrará no topo", conclui. Trabalhar em equipe significa compartilhar uma direção comum. Além disso, atividades desenvolvidas em conjunto encorajam o grupo, o que aumenta o desempenho na hora de realizar atividades, transmitindo autoconfiança, habilidade e união, características primordiais para o sucesso. Isso também vale para os profissionais de saúde, incluindo aí os profissionais de Psicologia. 4. PRESENTE E FUTURO DA PSICOLOGIA CLÍNICA AN02FREV001/REV 4.0 44 http://www.psiquiatriageral.com.br/terapia/imagens/indice_terapiaOcupacional.jpg A psicoterapia é um valioso recurso para lidar com as dificuldades da existência em todas as formas que o sofrimento humano pode assumir como transtornos psicopatológicos, crises pessoais, crises de relacionamentos, conflitos conjugais e familiares, distúrbiospsicossomáticos, dificuldades nas transições da vida, crises profissionais, etc. A psicoterapia é também um espaço favorável ao crescimento pessoal, um lugar, tempo, modo privilegiado de criar intimidade consigo mesmo, de estabelecer diálogos construtivos, abrir novos canais de comunicação, de transformar padrões estereotipados de funcionamento, restabelecendo o processo formativo e criativo de cada um. A Psicoterapia oferece uma oportunidade de compreender e mudar os padrões de vínculo e relação interpessoal. Os problemas vinculares são fonte de incontáveis sofrimentos e doenças. A psicoterapia ocupa hoje um lugar fundamental na área da saúde, por trazer uma visão integrada do homem, considerando as dimensões orgânicas, psíquicas e sociais conjuntamente participantes na produção da existência humana e de seus problemas. Em alguns casos, a Psicoterapia cumpre também uma função de educação para a vida. Esta é uma área pouco considerada em nossa cultura, porém evidente quando as pessoas se vêem inaptas para lidar com situações como crises conjugais, desemprego ou envelhecimento, por exemplo. A psicoterapia é um espaço especial de atenção às dificuldades da vida e aos caminhos internos para solucioná-los. Seus resultados demonstram uma grande potência de transformação de vidas. Todos os últimos avanços na área da Psicologia e Psicoterapia têm permitido alcançar resultados cada vez maiores e mais significativos. AN02FREV001/REV 4.0 45 OS PRAZOS VARIAM COM OS OBJETIVOS http://wagbarart.files.wordpress.com/2007/02/59.jpg No geral, os prazos de tratamento são relativos aos objetivos almejados. Há vários desenvolvimentos recentes em psicoterapias breves, que são focadas em objetivos mais específicos. Atualmente é possível atingir resultados significativos em períodos de 3 meses a 12 meses e há muitos processos terapêuticos profundos que se encerram satisfatoriamente em prazos inferiores há 3 anos. Muitas pessoas obtêm resultados significativos no início do tratamento, compensando os investimentos realizados. Há casos que demandam um trabalho terapêutico mais demorado, geralmente com problemática psicopatológica mais severa, envolvendo traumas precoces, desorganização psicológica, problemas vinculares sérios, etc. Estes trabalhos podem demandar anos de trabalho árduo, compensados por ajudas significativas que o trabalho psicológico pode trazer. Algumas pessoas encontram na terapia um lugar fundamental de acompanhamento de seu processo de vida, onde são trabalhadas transformações mais profundas ao longo de vários anos. São situações em que o processo terapêutico não tem um prazo definido e segue em comum acordo entre o psicoterapeuta e o cliente. AN02FREV001/REV 4.0 46 Apesar de poder parecer, à primeira vista, um tratamento oneroso em termos de tempo e dinheiro, a psicoterapia tem se mostrado, na realidade, um modo econômico de tratamento. Pesquisas indicam, por exemplo, que a psicoterapia diminui os índices de consumo de medicamentos e de internações hospitalares. A psicoterapia tem se mostrado também um tratamento economicamente compensador por prevenir e tratar problemas psicológicos que, quando não tratados adequadamente, trazem enormes prejuízos econômicos para as pessoas e para o país. AS VÁRIAS APLICAÇÕES DA PSICOTERAPIA http://casadooriente.blogs.sapo.pt/arquivo/Terapia.jpg Vários estados de sofrimento, crises, transtornos e doenças têm encontrado uma solução e melhora apenas com o auxílio da psicoterapia. AN02FREV001/REV 4.0 47 Não é possível hoje se falar em doenças sem uma consideração pela dimensão psicológica e emocional. Cada vez está mais evidente a natureza psicossomática de todas as experiências humanas. A saúde psicológica é pré- condição e parte integrante da saúde global. Cada ser psicossomático vive uma história de interações, encontros e acontecimentos em que as doenças (orgânicas ou mentais) resultam também dos desequilíbrios existenciais e de soluções inadequadas de vida. A psicoterapia é um processo que permite transformações profundas da personalidade, com resultados evidentes em diversas situações como: • Tratamento de vários transtornos como pânico, fobias, depressão, anorexia, bulimia, frigidez, impotência, etc. • Resolução de conflitos pessoais, interpessoais, conjugais, familiares, profissionais etc. • Crises existenciais, transições difíceis (luto, crises profissionais, etc.) e mudanças de fases de vida (puberdade, adolescência, vida adulta, menopausa, envelhecimento, etc.) • Aprendizado do autogerenciamento da capacidade de lidar com o estresse, dialogando com os estados afetivos internos e os efeitos dos desafios e problemas da vida. • Descoberta de novos modos de conduzir a própria vida. • Aquisição de autoconhecimento, autonomia e amadurecimento pessoal. OS TIPOS DE PSICOTERAPIA AN02FREV001/REV 4.0 48 http://www.itapetininga.sp.gov.br/img/noticias/terapia.jpg Há alguns tipos de psicoterapia, conforme as necessidades e a configuração dos problemas. Os principais tipos são: • Psicoterapia Individual para crianças, adolescentes, adultos e idosos. • Psicoterapia de Grupo • Psicoterapia de Casal • Psicoterapia de Família • Atendimento Emergencial O PROCESSO TERAPÊUTICO MAIS PROFUNDO AN02FREV001/REV 4.0 49 http://www.orizamartins.com/sld_hdr.gif O processo terapêutico é como atravessar um túnel. Neste túnel você vai rever muitas cenas da história da sua vida de um ângulo completamente novo, fazendo conexões inusitadas entre os eventos e percebendo a potência do passado para moldar quem você é hoje. Na travessia deste túnel você vai aprender a reconhecer os seus padrões de comportamento, que levam você a se comportar de modo parecido em situações diferentes, inclusive repetindo os mesmos erros. Você vai aprender a reconhecer o "como," do seu comportamento, como você age, como se relaciona, como pensa, sente e vai aprender caminhos para poder influenciar e transformar estes padrões. Esta é uma travessia acompanhada de alguém que pode ajudar você a se compreender. Alguém que pode te ajudar a transformar o seu jeito de ser, a mudar e a se conhecer profundamente. Esta travessia pode mudar completamente a sua vida. O VÍNCULO NA PSICOTERAPIA AN02FREV001/REV 4.0 50 http://www.centrinho.usp.br A base de uma boa terapia está na relação terapêutica. A boa terapia se desenrola num enquadre clínico (ambiente pré-definido) com um clima terapêutico favorável. Aí está um dos segredos desta arte: criar um ambiente que permita a revelação dos mundos internos e favoreça o desenvolvimento do processo singular de cada um. Neste clima é possível que o ser mais oculto e amedrontado se mostre, seja ouvido, transforme-se, que o processo formativo possa prosseguir formando vida. O ser humano nasce, cresce e vive em ambientes vinculares. Destes ambientes emocionais depende seu bem-estar e suas realizações na vida. Os problemas vinculares - da primeira infância à terceira idade - afetam profundamente a capacidade que as pessoas têm de amar, trabalhar e viver. A psicoterapia é um espaço para se esclarecer e transformar estas dificuldades vinculares. E este processo ocorre através de uma relação saudável com um profissional eticamente comprometido e tecnicamente qualificado. POR QUE A PSICOTERAPIA FUNCIONA? http://www.centrinho.usp.br/� AN02FREV001/REV 4.0 51 bp0.blogger.com/.../mSnJf2Dk2Xg/s320/afeto.jpg É comum a desconfiança nos processos terapêuticos. Pela própria história da Ciência, exigindo uma quantificação, para que se legitime, fica mais difícil acreditar em um saber profissional que lide com a subjetividade. No entanto, as pesquisas, de caráter científico ou não, têm demonstradouma grande eficácia da psicoterapia. Mesmo as recentes tecnologias de mapeamento cerebral têm permitido demonstrar como o tratamento psicológico age, transformando o funcionamento cerebral. A eficácia que vinha se demonstrando há muitos anos têm sido corroborados recentemente pelos novos conhecimentos das neurociências. Pela complexidade do tema existem centenas de livros e pesquisas explorando e explicando porque a psicoterapia funciona. Mesmo assim, como simples exercício de compreensão, vamos listar alguns motivos para explicar a efetividade da psicoterapia, dos mais simples aos mais complexos. No início da lista, como num continuum, temos aqueles motivos que são comuns a outras relações de ajuda, mesmo não profissionais, como uma conversa íntima com um amigo, uma conversa sobre um problema pessoal com um professor, um médico, etc. Avançando na lista vamos chegando aos motivos que são mais comuns na psicoterapia até aqueles que são exclusivos da psicoterapia - possíveis pelo cuidadoso treinamento teórico e técnico adquirido pelo psicólogo em sua trajetória de formação profissional. Eis o continuum com alguns motivos pelos quais a psicoterapia funciona: AN02FREV001/REV 4.0 52 1 É fundamental ter alguém em quem confiar e com quem se possa dividir o peso do problema que se vivencia. Compartilhar auxilia sobremaneira a aliviar a carga emocional e conseqüentemente se sofre menos. Além disso, terá ao lado um profissional capaz de escutar e de guardar sigilo, além de não alimentar preconceitos e cobranças muitas vezes moralistas; 2 Provavelmente formarão um vínculo afetivo e o próprio vínculo tem um poder de cura. É mais fácil superar muitas dores através de uma relação autêntica de respeito mútuo do que sozinho. A relação terapêutica é uma relação de ajuda, de compreensão e apoio. 3 A psicoterapia é um ponto obrigatório para se parar e pensar na própria vida. Ao parar para um momento de reflexão, são revistos valores e projetos futuros. Parar, observar e refletir permite muitas mudanças de orientação, sentido, rumo e aprofundamento da experiência de vida. A vida não consiste apenas em produzir, mas em ser feliz. Este deve ser o verdadeiro sentido da vida. 4 O psicólogo clínico (psicoterapeuta) é outro, com o olhar e a perspectiva de um outro, o que lhe ajudará ver a sua vida de um modo diferente, lhe fazer perguntas diferentes, ajudá-lo a perceber as coisas de um ângulo que você não tinha visto antes e nem suspeitava ser possível. 5 O psicoterapeuta conhece teorias psicológicas que ajudam na compreensão do que ocorre com o ser humano, auxiliam na identificação do que pode estar errado em sua vida, a direção na qual você está seguindo e as mudanças de rumo necessárias. A partir de seu conhecimento o psicólogo pode apontar - O que olhar? Como olhar? O que fazer com o que se descobre? Para que estas descobertas possam ser construtivas em sua vida. 6 O psicoterapeuta conhece métodos de investigação que tornam possível descobrir aspectos da sua personalidade que seriam inacessíveis a uma observação não treinada. Há um amplo repertório de técnicas de investigação da personalidade que permitem esclarecer problemas de modo extremamente eficaz. AN02FREV001/REV 4.0 53 7 O psicoterapeuta domina técnicas terapêuticas que permitem realizar mudanças profundas na existência. 8 O psicoterapeuta está preparado para compreender você a partir do vínculo que você estabelece com ele, das respostas emocionais que você suscita nele. Em seu treinamento ele afinou a si mesmo como instrumento de trabalho para reconhecer pequenas nuances do que você mostra na relação com ele (e conseqüentemente com os outros) e assim poder compreender seus modos de vinculação e suas dificuldades em relacionamentos. 9 O psicoterapeuta é capaz de oferecer uma presença autêntica no vínculo com você. Esta relação funciona como catalisador de processos de mudança necessários em sua vida, incluindo a superação dos efeitos de traumas de relacionamentos anteriores. 10 O psicoterapeuta passou por todos estes passos anteriores, tendo estado em todos os papéis, como cliente, como profissional e como observador. O que o habilita a "sentir-se em casa" em situações difíceis e poder caminhar por terrenos inóspitos, cheios de sofrimento e problemas emocionais e saber o melhor caminho a seguir. Certamente esta lista poderia ser estendida, mas o que se pretende é apenas oferecer uma idéia do trabalho da Psicologia Clínica numa linguagem diferente daquela do universo teórico, técnico e científico habitual na Psicologia. AN02FREV001/REV 4.0 54 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS http://stelladauer.files.wordpress.com/2006/11/virgem.jpg Quero parabenizá-lo por ter chegado até aqui, ao final do curso. Você conheceu as linhas básicas da Psicologia científica e de como ela funciona, de forma mais específica sobre a Psicologia Clínica. Em muitos momentos, o trabalho deste profissional em muito se assemelha ao trabalho do psiquiatra e atualmente do filósofo clínico e não raro o psicólogo é http://stelladauer.files.wordpress.com/2006/11/virgem.jpg� AN02FREV001/REV 4.0 55 convidado a integrar uma equipe. Com competência, atualização constante, uma paixão incomensurável pelo ser humano, capacidade mais para calar, do que para falar. Para observar, analisar, interpretar e muita humildade são pré-requisitos para quem quer atuar nesta área. Necessita-se de muita disposição para trabalhar, sem horários fixos e disposição para dedicar-se, horas a fio, a analisar casos, avaliar testes, redefinir linhas de ação... Por fim, para quem se apaixonou pelo que leu. Aconselho que procure uma boa faculdade de Psicologia, que disponibilize do Curso de Formação (Única modalidade que dá direito a clinicar) e faça a graduação, ponto de partida da carreira profissional. Lembre-se: O psicólogo está em constante formação e deve se comportar como estudante sempre, jamais como dono de um saber acabado, pronto. De certeza, apenas uma: A Psicologia é a profissão mais complexa, mais difícil e mais fascinante que existe! Ame-a ou deixe-a! Sucesso a todos! AN02FREV001/REV 4.0 56 GLOSSÁRIO ANAMNESE: do Gr. anámnesis, lembranças. f., Ret., Recordação do que se finge esquecido; reminiscência; recordação. Na área de saúde, trata-se de um levantamento do histórico do paciente, direcionado e de acordo com os objetivos traçados pelo profissional. Faz parte do levantamento diagnóstico. CONTRATRANSFERÊNCIA: Reações inconscientes e não racionais do psicoterapeuta, em relação às atuações transferenciais do paciente. NOSOGRAFIA: do Gr. nósos, moléstia + graph, r. de gráphein, descrever. s. f., descrição ou classificação metódica das doenças, segundo as suas características. OBJETAL: Referente a “objeto”, alvo de vínculo afetivo. PSICODIAGNÓSTICO: Fase anterior à psicoterapia, propriamente dita, na qual são investigadas as queixas do paciente, analisando-as a fundo, ao tempo em que se verifica se há algum tipo de transtorno mental ou psicológico. Corresponde às dez primeiras sessões, em média, a depender dos objetivos do caso. ROLLYPLAYS: Refere-se ao momento sensível ou tempo sensível. SETTING: Diz-se do momento da sessão e dos papéis ali representados. Refere-se ao momento atemporal e não ao tempo cronometrado. Para tempo de relógio (De 45min à 1h), local, forma, pagamento, contrato de acompanhamento psicológico, denomina-se “enquadre”. São os acordos feitos normalmente na primeira consulta. TESTAGEM: Termo utilizado em qualquer tipo de pesquisa de saúde que envolva experimentos com grupos-teste e grupo-controle. TRANSFERÊNCIA: Atuações inconscientes durante a sessão psicológica. É quando ele “representa um papel”. -----------FIM--------- AN02FREV001/REV
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