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Revisão Direito Civil III - 2001-1-49

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Faculdade Estácio do Amapá 
Revisão Direito Civil III 
Prof.: Bruno Marcelo de Jesus Martins 
Turma: 3001 
 
Conceito 
Contrato é o negócio jurídico bilateral, ou plurilateral (acordo das partes e sua manifestação externa), pois depende 
de mais de uma declaração de vontade, que sujeita as partes à observância de conduta idônea à satisfação dos interesses de 
que regularam, visando criar, modificar, resguardar, transmitir ou extinguir relações jurídicas. 
Em 2002, com advento do Novo Código Civil, vigente desde então, tivemos uma mudança significativa, acerca das 
relações civis, destarte a nova orientação oriunda da CF/1988, a sistemática interpretativa deve conduzir a tutela da dignidade 
da pessoa, ou seja, garantir de que ela seja um fim considerada em si mesma. Assim, o Código Civil sofre um fenômeno que 
chamaremos aqui de “despatrimonialização” das relações, tornando-as cada vez mais subjetivas e menos objetivas. 
De forma simplificada, contrato pode ser conceituado como o acordo de vontades que tem por objetivo a criação, a 
modificação ou a extinção de direitos. As partes contratantes buscam uma troca de prestações, isto é, um receber e um prestar 
reciprocamente. 
Função Social dos Contratos 
Desse modo, a função social é como uma espécie que limita a autonomia da vontade, fazendo com o que impeça que 
tal autonomia esteja em confronto com o interesse social. Essa é uma forma de intervenção estatal na confecção e 
interpretação dos instrumentos contratuais, para que esses tenham além da função de estipular os interesses dos contratantes. 
Autonomia Privada x Autonomia de Vontade 
A autonomia privada é um dos princípios do Código Civil, que tem por objetivo a materialização por meio de 
negócios jurídicos já a autonomia da vontade se estabelece na ampla liberdade para o negocio contratual, com o poder de 
mediar suas vontades em um contrato. 
De maneira resumida, a autonomia privada é a ordenação das próprias relações jurídicas, indicando a respectiva 
disciplina jurídica. Já autonomia da vontade é o controle na prática de determinados atos. 
Responsabilidade pré-contratual e contrato preliminar 
A responsabilidade pré-contratual é basicamente o princípio da boa-fé objetiva com regras iniciais para o negócio 
proposto, já o contrato preliminar é uma maneira de pactuar uma vontade que ainda será firmando em contrato, de 
maneira resumida, é um contrato pré-estabelecido antes do contrato definitivo. 
Formação dos Contratos 
 Manifestação da vontade 
Para a existência do negócio jurídico, é necessário o requisito da declaração da vontade que pode ser expressa na lei ou 
tácita. 
 Negociações preliminares 
O contrato resulta em duas manifestações: a primeira é a proposta que dá início à formação do contrato e a segunda a 
aceitação do contrato estabelecido. 
 Proposta 
A proposta é toda inciativa de um contrato que deve conter todos critérios para a realização do negócio proposto 
 Aceitação 
É a concordância das partes envolvidas com os termos propostos. 
 Momento da conclusão do contrato 
É o momento em que é considerado formado o contrato entre duas ou mais pessoas que está ligado pela ocasião da 
aceitação. 
Classificação e Espécie dos Contratos 
Quanto ao efeito: 
a) Unilateral: consiste no contrato em que só uma da parte tem a obrigação, enquanto a outra apenas concorda com os 
termos, como no caso do contrato de doação pura. 
b) Bilateral: é o contrato no qual há prestação e contraprestação estipulada entre as partes, como no contrato de compra 
e venda. 
c) Plurilateral: trata-se da possibilidade da existência de vários polos no contrato, cada um com seus deveres e direitos 
distintos, sendo vontades próprias. 
Quanto à onerosidade: 
a) Gratuito ou desinteressado: dá-se quando apenas uma das partes tem vantagem em razão da manifestação de vontade 
da outra parte, como o contrato de mútuo simples (empréstimo de bem fungível). 
b) Oneroso comutativo: configura-se pela prestação mútua e já estabelecidas consequências do cumprimento ou não do 
contrato, tendo cada parte uma obrigação para com a outra já determinada. 
c) Oneroso aleatório por natureza: nesta espécie, o cumprimento do contrato é, naturalmente, incerto, dependendo para 
que aconteça de um evento futuro, como no contrato de jogo e no contrato de seguro. 
d) Oneroso aleatório pela vontade das partes: ocorre pela convenção das partes em que se cria um contrato que embora 
oneroso, depende de um evento futuro e incerto. 
Quanto ao momento da execução: 
a) Instantâneo: leva-se em conta o momento de celebração e cumprimento do contrato, por ocorrer em um único ato. 
b) Diferido: trata-se de hipótese em que o cumprimento do contrato se dá em momento posterior a sua celebração. 
c) De trato sucessivo ou em prestação: aqui, o cumprimento do contrato se dá no decorrer do tempo, podendo, inclusive, 
ser modificado o acordado em razão da teoria da imprevisão. 
Quanto ao agente: 
a) Personalíssimo: trata-se do contrato em que apenas uma determinada pessoa poderá cumprir o acordado, uma vez que 
foi celebrado em razão de suas características pessoais. 
b) Impessoal individual: consiste na hipótese em que qualquer pessoa pode cumprir o contrato. 
c) Impessoal coletivo: são contratos que envolvem várias pessoas, como as convenções coletivas de trabalho. 
Quanto à formação: 
a) Paritário: configura contrato em que a celebração é de comum acordo, ambos elaborando as cláusulas fixadas. 
b) Adesão: hipótese em que apenas uma das partes elabora as cláusulas contratuais e a outra apenas as adere. 
c) Tipo: consiste em desdobramento do contrato de adesão, de modo a se utilizar um formulário em que umas das partes, 
tão e somente, preencherá. 
Quanto ao modo por que existem: 
a) Principal: trata-se de contrato fruto da convergência de vontades, estabelecendo relação jurídica originária entre as 
partes. 
b) Acessório ou adjeto: espécie de contrato que se constitui em função do contrato principal, sendo garantia ou 
complementação deste. 
c) Derivado: configura um contrato novo que só surge em razão da existência de uma relação jurídica contratual pretérita. 
Não se comunica, porém com o contrato principal. 
Quanto à forma: 
a) Solene ou formal: aquele contrato que deve respeitar os requisitos estipulados em lei para que haja sua validade. 
b) Não solene ou informal: decorre da ausência de disposição legal específica, de modo a poder ser feito o contrato de 
qualquer forma. 
c) Consensual: são aqueles contratos que se consideram formados pela simples oferta e aceitação. 
d) Reais: são contratos em que só serão considerados firmados com da entrega da coisa objeto do negócio jurídico, como 
no contrato de mútuo. 
Quanto ao objeto: 
a) Preliminar: consiste no contrato firmado em que as partes se comprometem a no futuro firmar o contrato definitivo, 
como no caso de promessa de compra e venda de um imóvel. 
b) Definitivo: trata-se do contrato pelo qual de fato concretiza-se o negócio jurídico. 
Quanto à designação: 
a) Nominados ou típicos: são os contratos previstos em lei, dando-se parâmetros legais a sua formação. 
b) Inominados: são os contratos sem previsão legal, mas que a lei considera lícito desde que respeitadas às disposições 
gerais do direito contratual. 
c) Misto: são aqueles contratos que tem por base um contrato nominado/típico, mas se acrescentam cláusulas de outros 
contratos, ou cláusulas atípicas. 
d) Coligados: são contratos que trazem duas prestações em razão de um único negócio, como a venda de automóvel e 
assistência técnica no mesmo contrato. 
e) União de contratos: são contratos distintos e autônomos que são unidos por conveniência, como um contrato de moradia 
que se soma a um contrato de empreitada para construí-la. 
Quanto ao objetivo: 
a) Contrato de aquisição: é a forma de contrato definitivo, no qual se tem a transferência definitiva e documental do 
bem. 
b) Contrato de uso ou gozo: configura contratoque não tem a finalidade de transferir a titularidade do bem, e sim de 
permitir o uso por determinado tempo, devendo ser devolvido nas mesmas condições, ressalvado o desgaste natural. 
c) Contrato de prestação de serviço: trata-se daquele contrato pelo qual o prestador de serviço se obriga a prestar 
pessoalmente ou por terceiro um serviço definido no contrato em favor do contratante. 
d) Contrato associativo: é o contrato realizado entre duas ou mais pessoas na busca de um fim comum, como no contrato 
social ou de cooperativa. 
Extinção dos Contratos 
Os contratos, como os negócios jurídicos em geral, apresentam um ciclo: nascem do acordo de vontades, produzem os 
efeitos e extinguem-se. 
Basicamente a extinção dos contratos ocorrem pela execução, seja ela deferida, continuada ou instantânea. 
1- DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA 
A definição do contrato de compra e venda é dada pelo art. 481 do CC. 
 
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio 
de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. 
Percebe-se que a simples celebração do contrato de compra e venda não transfere a propriedade, pois 
cria apenas uma obrigação de dar. 
Então, quando que se transfere a propriedade no Direito Civil brasileiro? A resposta é dada pelos 
arts. 1.245 e 1.267 do CC. 
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo 
no Registro de Imóveis. 
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da 
tradição. 
Em se tratando de bens imóveis, o comprador só adquire a propriedade quando efetua o registro do 
bem no Cartório de Imóveis. Por outro lado, quando o bem for móvel, a propriedade é adquirida com a 
tradição (entrega da coisa ao adquirente). 
Sobre a natureza jurídica do contrato de compra e venda, temos que ele é: 
 bilateral ou sinalagmárico: gera obrigações para ambas as partes; 
 oneroso: ambas as partes auferem vantagens e ônus; 
 típico: está previsto no Código Civil; 
 consensual: em relação aos bens móveis, se forma com o simples acordo de vontades; 
 solene: em relação aos bens imóveis a validade depende da lavratura de escritura pública. 
 comutativo (regra): costuma haver equivalência de prestações. Entretanto, pode, 
excepcionalmente, ser aleatório, como vimos na aula passada (emptio spei e emptio rei 
speratae). 
 
O comprador tem a obrigação de pagar o preço, receber a coisa vendida e devol- ver a duplicata da 
fatura, se for o caso. Ao vendedor, cabe a obrigação de transferir a propriedade, com a tradição dos bens 
móveis ou escritura dos imóveis, bem como de responder pela evicção e pelos vícios redibitórios, salvo 
estipulação em contrário. 
O contrato de compra e venda possui três elementos essenciais (art. 482 do CC): 
 a coisa ou o objeto (res), 
 o preço (pretium), e 
 o acordo de vontades (consensus). 
 
Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as 
partes acordarem no objeto e no preço. 
Quando a compra e a venda se referir a bens imóveis, cujo valor supere 30 salários mínimos, além 
dos três elementos citados, é necessária a forma especial (escritura pública). 
 
Vamos tratar de cada um desses elementos: 
 
1. Coisa ou Objeto 
 
A coisa, objeto de um contrato de compra e venda, deve atender a três requisitos: 
• existência potencial: segundo o art. 483 do CC, são suscetíveis de venda as coisas atuais (que já 
existem) ou as coisas futuras (que irão existir); 
Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará 
sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir 
contrato aleatório. 
• individualização: a coisa deve ser determinada ou então determinável ao tempo do cumprimento 
da obrigação; 
 disponibilidade jurídica: as coisas insuscetíveis de apropriação (indisponibilidade natural), legalmente 
inalienáveis (indisponibilidade legal) e gravadas com cláusula de inalienabilidade (indisponibilidade voluntária), 
não podem ser objeto de um contrato de compra e venda. Já as coisas litigiosas podem ser objeto, desde que o 
adquirente assuma o risco da evicção (art. 457 do CC). 
 
Ainda sobre a coisa, temos o art. 484 do CC, que trata da venda realizada por meio de amostras. 
 
Art. 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á 
que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem. Parágrafo único. 
Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver contradição ou diferença com a 
maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato. 
 
2. Preço 
 
Sem haver preço em dinheiro, estaríamos diante de um contrato de doação, pois a onerosidade do 
negócio deixaria de existir. Se o preço não for em dinheiro, estaríamos diante da uma troca ou permuta. 
Ou seja, o preço em dinheiro é essencial para se caracterizar um contrato de compra e venda. 
Os arts. 485 a 489 do CC tratam do assunto. 
 
Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes 
logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem 
efeito o contrato, salvo quando acordarem os contratantes designar outra pessoa. 
Como regra, o preço é fixado pelos próprios contratantes. Entretanto, pode ser ajustado pelas partes que um 
terceiro determine o preço. 
 
Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e 
determinado dia e lugar. 
Como exemplo do art. 486 do CC, temos um contrato de compra e venda, no qual o preço do café será 
indicado pela Bolsa de Mercadorias e Futuros de São Paulo em determinado dia. 
Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que 
suscetíveis de objetiva determinação. 
Pode também o vendedor de barras de ouro estipular o preço com base no valor do grama a taxa de 
certo dia. 
 
Art. 488. Convencionada a venda sem fixação de preço ou de critérios para a sua 
determinação, se não houver tabelamento oficial, entende-se que as partes se sujeitaram ao 
preço corrente nas vendas habituais do vendedor. 
Parágrafo único. Na falta de acordo, por ter havido diversidade de preço, prevalecerá o termo 
médio. 
Como exemplo do art. 488 do CC, se o vendedor de verduras omitir o preço em determinado contrato, 
o valor que poderá ser cobrado será aquele habitualmente praticado nas outras vendas. 
Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das 
partes a fixação do preço. 
Como o consenso é um dos requisitos a serem observados, não pode o preço ser arbitrado por uma das 
partes, sob pena de nulidade. 
Perceba que o art. 485 autoriza que o preço seja arbitrado por uma terceira pessoa, mas o art. 489 veda 
que o preço seja arbitrado por uma das partes. 
Quando o preço é arbitrado por um terceiro, há um consenso na escolha do terceiro, mas, quando é 
arbitrado por uma das partes, não há consenso e, por isso, o contrato será nulo. 
 
3. Acordo de Vontades 
 
Quando uma pessoa que entra em uma loja para comprar uma roupa que estava na vitrine com um 
preço já fixado. Tal caso seria um arbítrio do preço? 
A resposta é negativa, ou seja, se você entrou na loja é porque concordou com o preço da vitrine, configurando-
se o consensus. 
O contrato de compra pode ocasionar diversos efeitos e consequências, dentre eles destacamos: 
 Despesas do Contrato (art. 490 do CC): cabe ao comprador pagar as despesas de escritura (caso 
a venda seja solene), bem como de um eventual registro do contrato; por outro lado, cabem ao 
vendedor as despesas referentes à entrega (tradição da coisa que estava em seu poder). 
Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do 
comprador, e a cargo do vendedor as da tradição. 
Para facilitar a memorização,pense que quando você compra um imóvel, em regra, é você quem paga 
as despesas com o Registro no Cartório de Imóveis. Quando você compra uma televisão na Domestilar, 
em regra, a loja fica com a despesa de entregar o objeto na sua casa. 
 Pagamento do preço (art. 491 e 495 do CC): a obrigação pelo pagamento do preço surge para o 
comprador antes de o vendedor entregar o objeto. Dessa forma, se o comprador não paga o preço, 
pode o vendedor se recusar a entregar a coisa. 
Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes 
de receber o preço. 
A exceção ocorre quando a venda é a crédito, pois, neste caso, o vendedor é obrigado a entregar a 
coisa antes de receber o pagamento. 
Art. 495. Não obstante o prazo ajustado para o pagamento, se antes da tradição o 
comprador cair em insolvência, poderá o vendedor sobrestar na entrega da coisa, até que o 
comprador lhe dê caução de pagar no tempo ajustado 
 Também nas vendas a prazo, ocorrendo a insolvência (valor das dívidas é superior ao valor dos bens) 
do comprador, a lei permite ao vendedor que retenha a coisa vendida até que o comprador apresente uma 
caução. 
• Riscos da coisa e do preço (arts. 492 a 494 do CC): risco é o perigo a que a coisa está sujeita de 
perecer ou deteriorar, por caso fortuito ou força maior. Dessa forma, antes da tradição, o vendedor 
ainda é dono e, por isso, se a coisa perecer antes da entrega, ele (vendedor) deve suportar o 
prejuízo, devendo o eventual dinheiro recebido ser devolvido. 
Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os 
do preço por conta do comprador. 
 § 1º Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar coi- 
sas, que comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou assinalando, e que já tiverem 
sido postas à disposição do comprador, correrão por conta deste. 
O art. 492, § 1º do CC se refere à tradição simbólica, ou seja, quando a coisa comprada é colocada à 
disposição do comprador, para que as conte, marque ou assinale. Os casos fortuitos ocorridos no ato de 
contar, marcar e assinalar (ex: no ato de contar várias caixas, uma delas cai de determinada altura e o 
objeto nela guardado se quebra) correrão por conta do comprador. 
§ 2º Correrão também por conta do comprador os riscos das referidas coisas, se es- tiver em 
mora de as receber, quando postas à sua disposição no tempo, lugar e pelo modo ajustados. 
No art. 492, § 2º do CC, temos outra situação, na qual o comprador arcará com os prejuízos se estiver 
em mora de as receber (mora accipiendi). Ou seja, o vendedor colocou o bem à disposição para o 
comprador receber e este, por algum motivo, não recebeu. Neste caso, os riscos da coisa correm por conta 
do comprador. 
 Art. 493. A tradição da coisa vendida, na falta de estipulação expressa, dar-se-á no 
lugar onde ela se encontrava, ao tempo da venda. 
A entrega da coisa ocorrerá no lugar previsto pelas partes no contrato. Em caso de silêncio, a norma 
supletiva da vontade dos contratantes indica que o local do cumprimento será aquele em que a coisa se 
encontrava ao tempo da venda. 
Art. 494. Se a coisa for expedida para lugar diverso, por ordem do comprador, por sua conta 
correrão os riscos, uma vez entregue a quem haja de transportá-la, salvo se das instruções 
dele se afastar o vendedor. 
Se o comprador determinar o envio ou expedição da coisa para local diverso do convencionado, 
correrão por conta dele os riscos da perda. 
Art. 502. O vendedor, salvo convenção em contrário, responde por todos os débitos que 
gravem a coisa até o momento da tradição. 
Caso existam dívidas que gravem a coisa no momento da tradição, tais dívidas, em regra, serão de 
responsabilidade do vendedor. 
 Defeito oculto na venda de coisas conjuntas (art. 503 do CC): o Código Civil brasileiro optou 
pela redibição parcial, permitindo apenas a devolução da coisa viciada e mantendo as demais 
que estejam intactas. 
Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza a rejeição 
de todas. 
O Código Civil também prevê, em certas situações, que determinadas pessoas não podem celebrar 
o contrato de compra e venda sob pena de nulidade. Tais situações ocasionam uma falta de legitimação 
para celebração da compra e venda. 
• Venda de ascendentes para descendentes (art. 496 do CC): com a intenção de evitar possíveis 
fraudes por ocasião da sucessão legítima (ex: o pai simular a transferência dos bens para um dos 
filhos, prejudicando os demais), a compra e venda entre ascendentes e descendentes pode ser 
anulada pelo cônjuge (se o regime de bens não for o da separação obrigatória) e demais 
descendentes se eles não manifestarem consentimento expresso na venda. 
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes 
e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. 
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime 
de bens for o da separação obrigatória. 
• Compra por pessoas com poder sobre os bens do vendedor (arts. 497 e 498 do CC): o tópico em 
questão não permite que determinadas pessoas, em razão do poder que exercem sobre os bens do 
vendedor, comprem os bens citados, ainda que a venda seja realizada em hasta pública. 
 Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública: 
I – pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua 
guarda ou administração; 
II – pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que 
servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta; 
III – pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários 
ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou 
conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade; 
IV – pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados. Parágrafo 
único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito. 
Art. 498. A proibição contida no inciso III do artigo antecedente, não compreende os casos 
de compra e venda ou cessão entre coerdeiros, ou em pagamento de dívida, ou para 
garantia de bens já pertencentes a pessoas designadas no referido inciso. 
Para os casos aqui citados, o legislador impôs como pena a nulidade absoluta dos atos. 
 
 Venda por condômino de coisa indivisível (art. 504 do CC): o condômino (propriedade comum 
pertencente a mais de uma pessoa) de coisa indivisível permanece no regime de condomínio por 
obrigação, pois as únicas formas de extinção do condomínio são: um dos condôminos comprar as 
demais partes ou a venda da coisa com a repartição do valor. 
Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se 
outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da 
venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer 
no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência. 
Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de maior 
valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais, haverão a 
parte vendida os coproprietários, que a quiserem, depositando previamente o preço. 
 Venda a cônjuge (art. 499 do CC): um cônjuge pode vender um bem para outro quando o bem 
não integrar o patrimônio comum do casal, ou seja, quando estiver excluído da comunhão. 
 Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da 
comunhão. 
Como exemplo, temos a venda entre casais, cujo regime seja o da separação total de bens. 
Alguns tipos de venda apresentam certas peculiaridades que são resolvidas por regras específicas. 
Nesse contexto, encontram-se a venda ad mensuram e a venda ad corpus, tratadas nos arts. 500e 501 
do CC. 
 Venda ad mensuram (art. 500, caput do CC): é a venda feita por medida, ou seja, aquela em que 
o preço é fixado tendo em consideração a real dimensão da área. Isto é, a metragem é mencionada 
a título taxativo, de modo que a dimensão exata da área é um requisito essencial do contrato. 
Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se 
determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões 
dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o 
de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço. 
É o que ocorre na venda em que se estipule o preço de cada unidade, alqueire, metro quadrado, ou 
metro de frente. Como exemplo, temos a venda de 100 alqueires de terra por R$ 30.000,00 cada um. 
Caso a dimensão não corresponda à que foi indicada, resta ao comprador propor a complementação da 
área ou devolução de parte do preço ou resolução do contrato. 
 Venda ad corpus (art. 500, § 3º do CC): é a que compreende uma coisa certa e determinada, de 
modo que o preço não tem relação direta com a extensão exata do imóvel. Ou seja, a metragem 
é mencionada a título meramente enunciativo, porque a preocupação é a venda e a compra de 
um imóvel certo e determinado, de modo que a dimensão exata da área não é requisito essencial 
do contrato. 
§ 3º Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido 
como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas 
dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus. 
 
Como exemplo, temos a compra de uma fazenda determinada sem referência à sua área, ou com 
alusão a esta, mas em caráter meramente enunciativo. Isto é, apenas para caracterizar melhor a coisa, 
utilizando-se de expressões do tipo “mais ou menos 500 alqueires”. 
Na venda ad corpus, não cabe a complementação no preço, caso a área seja maior, nem 
complementação da área, se esta for menor. 
De acordo com o art. 500, § 1º do CC, tem-se uma presunção relativa de que a venda foi ad mensuram 
quando a diferença for inferior a 1/20 (5%). 
§ 1º Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença 
encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao comprador o 
direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio. 
Já o art. 500, § 2º, do CC prevê uma situação inversa, ou seja, se a área real for maior que a 
mencionada no instrumento contratual. 
§ 2º Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar 
a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor 
correspondente ao preço ou devolver o excesso. 
Por meio do art. 501 do CC, o prazo decadencial para o comprador que recebeu área menor ou para o 
vendedor que vendeu área excessiva em compra ad mensuram exercerem seus direitos expostos é de um 
ano contado a partir do registro do título no Cartório de Imóveis. 
Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo antecedente o vendedor ou 
o comprador que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do título. Parágrafo 
único. Se houver atraso na imissão de posse no imóvel, atribuível ao alienante, a partir dela 
fluirá o prazo de decadência. 
 É possível que algumas cláusulas especiais atribuam um feitio diferenciado ao contrato de compra e venda, 
subordinando a sua duração ou eficácia a um evento futuro e incerto. Essas cláusulas especiais, também 
chamadas de pacto adjeto, são: 
 retrovenda; 
 venda a contento; 
 preempção ou preferência; 
 venda com reserva de domínio; 
 venda sobre documentos. 
Retrovenda (arts. 505 a 508 do CC) é uma cláusula especial num contrato de compra e venda na 
qual se estipula que o vendedor poderá resgatar a coisa vendida, dentro de um prazo determinado, pagando 
o mesmo preço ou diverso, desde que previamente convencionado (incluindo, por exemplo, as despesas 
investidas na melhoria do imóvel). 
A cláusula deve ser inserida no contrato de compra e venda. Entretanto, não há na legislação 
proibição de que possa ser acordada em pacto apartado. Esta cláusula tem natureza jurídica acessória à 
compra e venda. É caracterizada a retrovenda como condição resolutiva expressa, tendo como 
consequência o desfazimento da venda. Ou seja, no prazo determinado, o comprador tem a propriedade 
resolúvel do imóvel e, após o prazo, não sendo exercido o direito de resgate, a propriedade passa a ser 
plena. 
A retrovenda, aplicável somente aos imóveis, não é considerada uma nova venda, ou seja, é uma 
consequência da venda anterior. Seu prazo máximo é de três anos, ou seja, o vendedor só poderá reaver 
o imóvel por meio da retrovenda durante este período, e, para ser exercitado este direito, deverá constar 
expressamente no contrato. O prazo de três anos é improrrogável e, chegando o termo final, extingue-se 
o direito, independentemente de interpelação. Conta-se o dies a quo (termo inicial do prazo) a partir da 
data do contrato e não do registro. 
 
Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo 
máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas 
do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua 
autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias. 
Art. 506. Se o comprador se recusar a receber as quantias a que faz jus, o vendedor, para 
exercer o direito de resgate, as depositará judicialmente. 
Parágrafo único. Verificada a insuficiência do depósito judicial, não será o vendedor 
restituído no domínio da coisa, até e enquanto não for integralmente pago o comprador. 
Art. 507. O direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e legatários, poderá 
ser exercido contra o terceiro adquirente. 
Art. 508. Se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato sobre o mesmo imóvel, e só 
uma o exercer, poderá o comprador intimar as outras para nele acordarem, prevalecendo o 
pacto em favor de quem haja efetuado o depósito, contanto que seja integral. 
 
Venda a contento (arts. 509 a 512 do CC) é uma cláusula pactuada em contrato de compra e venda (pode 
abranger coisa móvel ou imóvel) por meio da qual o comprador tem a prerrogativa de devolver a coisa 
quando esta não o satisfizer. Ou seja, a venda só se efetiva se o comprador aprovar a coisa; caso contrário, 
o contrato se desfaz. Vale aqui o comum ditado: “Satisfação garantida ou seu dinheiro de volta!”. 
Trata-se de uma venda realizada sob a condição suspensiva, ou seja, o comprador toma a posse da coisa 
como mero comodatário e o domínio só será transmitido após a manifestação positiva. 
 
Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição 
suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o 
adquirente não manifestar seu agrado. 
Art. 510. Também a venda sujeita a prova presume-se feita sob a condição suspensiva de que a coisa 
tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja idônea para o fim a que se destina. Art. 511. Em 
ambos os casos, as obrigações do comprador, que recebeu, sob condição suspensiva, a coisa 
comprada, são as de mero comodatário, enquanto não manifeste aceitá-la. 
Art. 512. Não havendo prazo estipulado para a declaração do comprador, o vendedor terá direito de 
intimá-lo, judicial ou extrajudicialmente, para que o faça em prazo improrrogável. 
 
Na preempção ou preferência (arts. 513 a 520 do CC), que pode incidir sobre bens móveis e imóveis, 
o comprador se compromete a dar preferência ao vendedor se vier a vender a coisa posteriormente. Difere-
se da retrovenda, porque o preço a ser pago deve ser o exigido pelo comprador, e não o preço da venda 
anterior. 
Dessa forma, caso obem seja vendido no prazo para exercer o direito de preferência sem ser 
oferecido ao devedor principal, nos termos do art. 518 do CC, deverá o vendedor responder por perdas e 
danos. 
Art. 513. A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de oferecer ao 
vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de seu direito 
de prelação na compra, tanto por tanto. 
Parágrafo único. O prazo para exercer o direito de preferência não poderá exceder a cento e 
oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel. 
Art. 514. O vendedor pode também exercer o seu direito de prelação, intimando o comprador, 
quando lhe constar que este vai vender a coisa. 
Art. 515. Aquele que exerce a preferência está, sob pena de a perder, obrigado a pagar, em 
condições iguais, o preço encontrado, ou o ajustado. 
Art. 516. Inexistindo prazo estipulado, o direito de preempção caducará, se a coisa for móvel, 
não se exercendo nos três dias, e, se for imóvel, não se exercendo nos sessenta dias 
subsequentes à data em que o comprador tiver notificado o vendedor. 
Art. 517. Quando o direito de preempção for estipulado a favor de dois ou mais indivíduos 
em comum, só pode ser exercido em relação à coisa no seu todo. Se alguma das pessoas, a 
quem ele toque, perder ou não exercer o seu direito, poderão as demais utilizá-lo na forma 
sobredita. 
Art. 518. Responderá por perdas e danos o comprador, se alienar a coisa sem ter dado ao 
vendedor ciência do preço e das vantagens que por ela lhe oferecem. Responderá 
solidariamente o adquirente, se tiver procedido de má-fé. 
Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por 
interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras 
ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa. 
Art. 520. O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos herdeiros. 
Na venda com reserva de domínio (arts. 521 a 528 do CC), o vendedor transfere ao comprador a 
posse da coisa, mas conserva para si a propriedade sobre ela, até que o preço seja quitado. 
Trata-se de um contrato formal, que deve ser feito por escrito e, para valer contra terceiros (eficácia 
erga omnes), deve ser registrado no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do comprador. A 
doutrina predominante considera-o como sendo uma venda sob condição suspensiva, ou seja, a venda se 
torna perfeita quando o preço é quitado. 
 
Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade, até que o 
preço esteja integralmente pago. 
Art. 522. A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito e depende de registro 
no domicílio do comprador para valer contra terceiros. 
Art. 523. Não pode ser objeto de venda com reserva de domínio a coisa insuscetível de 
caracterização perfeita, para estremá-la de outras congêneres. Na dúvida, decide-se a favor 
do terceiro adquirente de boa-fé. 
Art. 524. A transferência de propriedade ao comprador dá-se no momento em que o preço 
esteja integralmente pago. Todavia, pelos riscos da coisa responde o comprador, a partir de 
quando lhe foi entregue. 
Art. 525. O vendedor somente poderá executar a cláusula de reserva de domínio após 
constituir o comprador em mora, mediante protesto do título ou interpelação judicial. Art. 
526. Verificada a mora do comprador, poderá o vendedor mover contra ele a competente ação 
de cobrança das prestações vencidas e vincendas e o mais que lhe for devido; ou poderá 
recuperar a posse da coisa vendida. 
Art. 527. Na segunda hipótese do artigo antecedente, é facultado ao vendedor reter as 
prestações pagas até o necessário para cobrir a depreciação da coisa, as despesas feitas e o mais 
que de direito lhe for devido. O excedente será devolvido ao comprador; e o que faltar lhe 
será cobrado, tudo na forma da lei processual. 
Art. 528. Se o vendedor receber o pagamento à vista, ou, posteriormente, mediante 
financiamento de instituição do mercado de capitais, a esta caberá exercer os direitos e ações 
decorrentes do contrato, a benefício de qualquer outro. A operação financeira e a respectiva 
ciência do comprador constarão do registro do contrato. 
Se o comprador não pagar uma prestação no vencimento, pode o vendedor escolher duas alternativas: 
 mover ação para cobrança das prestações vencidas e vincendas (art. 526 do CC); e 
 recuperar a posse da coisa vendida, com a devolução das prestações pagas, podendo, porém, retê-
las até o necessário para cobrir a depreciação da coisa, as despesas feitas e o mais que de direito lhe 
for devido (art. 527 do CC). 
Por fim, temos a venda sobre documentos (arts. 529 a 532 do CC), na qual o vendedor fica 
exonerado da entrega efetiva da coisa, substituindo-a pela tradição do título que a represente e de outros 
documentos segundo a previsão contratual ou os costumes locais. 
Esta modalidade de venda ocorre com mais frequência em negociações internacionais, em que os 
contratantes se encontram em lugares diversos onde está a mercadoria no ato da conclusão do contrato. 
O vendedor, entregando os documentos, se libera da obrigação e tem direito ao preço; e o comprador, 
na posse justificada de tais documentos, pode exigir do transportador a entrega da mercadoria. 
Art. 529. Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela entrega do seu título 
representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio deste, pelos usos. 
Parágrafo único. Achando-se a documentação em ordem, não pode o comprador recusar o 
pagamento, a pretexto de defeito de qualidade ou do estado da coisa vendida, salvo se o defeito já 
houver sido comprovado. 
Art. 530. Não havendo estipulação em contrário, o pagamento deve ser efetuado na data e no 
lugar da entrega dos documentos. 
Art. 531. Se entre os documentos entregues ao comprador figurar apólice de seguro que cubra 
os riscos do transporte, correm estes à conta do comprador, salvo se, ao ser concluído o contrato, 
tivesse o vendedor ciência da perda ou avaria da coisa. 
Art. 532. Estipulado o pagamento por intermédio de estabelecimento bancário, caberá a este 
efetuá-lo contra a entrega dos documentos, sem obrigação de verificar a coisa vendida, pela qual não 
responde. 
Parágrafo único. Nesse caso, somente após a recusa do estabelecimento bancário a efetuar o 
pagamento, poderá o vendedor pretendê-lo, diretamente do comprador. 
 
 DO CONTRATO ESTIMATÓRIO 
 O contrato estimatório (arts. 534 a 537 do CC) é conhecido no comércio como venda em consignação. 
Trata-se de um contrato equivalente à compra e venda em consignação, em que o comprador recebe as 
mercadorias em depósito e, após um prazo fixado pelas partes, paga as que conseguir revender e devolve as 
restantes. 
Como exemplo, temos a pessoa que combina com o amigo para deixar o carro em sua concessionária 
para ser vendido por um preço determinado. Caso o amigo consiga vender por um preço maior, então terá 
um lucro, pois é obrigado a entregar apenas o preço ajustado. 
 Durante o período de consignação, em regra, o consignatário é um mero depositário do bem, ou seja, 
não pode usá-lo. 
A natureza jurídica da venda em consignação é a seguinte: 
 unilateral: a questão é controvertida, mas a doutrina majoritária entende que com a entrega da coisa e 
o nascimento do contrato, todas as obrigações são do consignatário, sendo a principal delas o 
pagamento do preço estimado; 
 
 oneroso: ambas as partes auferem vantagens; 
 real: só se aperfeiçoa quando o bem consignado é entregue ao consignatário; 
 típico: está previsto no Código Civil; e 
 não solene: independe de forma especial. 
 
Art. 534. Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao consignatário, 
que fica autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo 
estabelecido, restituir-lhe a coisaconsignada. 
Art. 535. O consignatário não se exonera da obrigação de pagar o preço, se a restituição 
da coisa, em sua integridade, se tornar impossível, ainda que por fato a ele não 
imputável. 
Art. 536. A coisa consignada não pode ser objeto de penhora ou sequestro pelos credores do 
consignatário, enquanto não pago integralmente o preço. 
Art. 537. O consignante não pode dispor da coisa antes de lhe ser restituída ou de lhe ser 
comunicada a restituição. 
Percebe-se que no contrato estimatório existem duas partes: 
 o consignante: entrega os bens ao consignatário; e 
 o consignatário: recebe os bens para tentar vender. 
 
Além disso, vale mencionar que o art. 534 do CC determina que apenas os bens móveis podem ser objetos 
de um contrato estimatório. 
 
DO CONTRATO DE DOAÇÃO 
 
O conceito de doação é dado pelo art. 538 do CC. 
 
Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere 
do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra. 
Desse conceito, é possível extrairmos dois elementos: o subjetivo e o objetivo. 
 Elemento subjetivo: é o animus donandi, que consiste na intenção de fazer uma liberalidade em 
favor do donatário; e 
 Elemento objetivo: consiste na transferência da propriedade de bens ou direitos do patrimônio 
do doador para o patrimônio do donatário. 
Deve-se salientar que o contrato de doação apenas gera a obrigação de transferir os bens e direitos 
indicados. A efetiva transferência representa a execução do contrato de doação. O domínio (propriedade), 
como vimos, só se efetua com a tradição (bens móveis) ou com o registro (bens imóveis). 
Quanto à natureza jurídica do contrato de doação, temos o seguinte: 
 unilateral: só o doador assume obrigação; entretanto, devemos ressaltar a doação com encargo, 
que é considerada bilateral, pois ambas as partes assumem obrigações recíprocas; 
 gratuito: apenas uma das partes aufere vantagens, enquanto a outra não assume qualquer ônus; 
 típico: está previsto no Código Civil; 
 solene: a lei, em regra (art. 541 do CC), exige forma escrita para os bens móveis e escritura pública 
para os imóveis, para que a doação se aperfeiçoe; entretanto, excetua-se a doação verbal que 
poderá ocorrer quando o bem doado for de pequeno valor e houver a imediata tradição. 
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular. 
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno 
valor, se lhe seguir incontinenti a tradição. 
Apesar de a doação ser unilateral, trata-se de um contrato que, para se formar, depende da 
convergência de duas vontades. Ou seja, na doação, não basta o doador querer doar, pois o donatário 
também deve manifestar a sua aceitação. Sendo fixado um prazo pelo doador, o silêncio acarretará uma 
aceitação tácita da doação, desde que seja pura. Tal assunto é tratado no art. 539 do CC: 
 
Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a 
liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, 
entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo. 
O Código Civil enumera diversas espécies de doação. Vejamos uma a uma: 
 doação pura e simples: é aquela que não está sujeita a uma condição ou um encargo, que são os 
elementos acidentais que alteram os efeitos normais do negócio jurídico. É o que ocorre quando 
alguém doa uma casa para um amigo sem nada exigir-lhe em troca. 
 doação contemplativa (art. 540, 1ª parte, do CC): ocorre quando uma pessoa doa e declara o 
motivo de sua doação. Temos como exemplo o doador que doa um bem a uma fundação em razão 
dos seus excelentes trabalhos com as crianças carentes. 
Art. 540. A doação feita em contemplação do merecimento do donatário não perde o caráter 
de liberalidade, como não o perde a doação remuneratória, ou a gravada, no excedente ao 
valor dos serviços remunerados ou ao encargo imposto. 
• doação remuneratória (art. 540, 2ª parte, do CC): é a doação feita para agradecer um serviço 
prestado ou por alguma atitude do donatário. Ressalta-se que não se trata de um pagamento, mas de 
uma simples gratidão. 
 doação com encargo ou onerosa: ocorre quando o doador impõe ao donatário um encargo como 
contraprestação. Ocorre, por exemplo, quando A doa para B um terreno para que nele seja 
construído um hospital. 
• Possuem legitimidade para exigir o cumprimento do encargo (art. 553 do CC) o próprio doador, o 
terceiro por ele beneficiado, ou mesmo o Ministério Público (após a morte do doador), se o encargo 
for em benefício de interesse geral. 
Art. 553. O donatário é obrigado a cumprir os encargos da doação, caso forem a benefício do 
doador, de terceiro, ou do interesse geral. 
Parágrafo único. Se desta última espécie for o encargo, o Ministério Público poderá exigir 
sua execução, depois da morte do doador, se este não tiver feito. 
• Caso a doação com encargo não estipule prazo certo para o seu cumprimento, pode o beneficiário 
conceder um prazo razoável, devendo para tanto constituir o donatário em mora por meio de uma 
interpelação judicial ou notificação, nos termos do art. 562, 2ª parte, do CC. 
Art. 562. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o donatário 
incorrer em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá notificar 
judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a obrigação 
assumida. 
• Em decorrência do encargo, a doação passa a ter um caráter oneroso e, por isso, aplicam-se as 
regras referentes aos vícios redibitórios (art. 441, § único do CC), além de surgir a possibilidade 
de revogação da doação por inexecução do encargo (art. 562, 1ª parte, do CC). Conclui-se, então, 
que a inexecução do encargo é uma causa de resolução da doação. 
• Mais adiante, trataremos de outras formas de se revogar as doações. 
 doação em forma de subvenção periódica (art. 545 do CC): é a doação feita por meio de vários 
atos, em vez de uma única vez. Ou seja, trata-se de um benefício periódico, que pode ser mensal, 
semestral, anual etc. 
Art. 545. A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado extingue-se morrendo 
o doador, salvo se esta outra coisa dispuser, mas não poderá ultrapassar a vida do donatário. 
• Entretanto, esta doação se extingue com a morte do doador, salvo se houver previsão no contrato 
sobre a transferência da obrigação para os herdeiros, hipótese que ficará limitada ao valor da 
herança. 
• De qualquer forma, a obrigação não pode ultrapassar a vida do donatário, ou seja, não há um caráter 
de perpetuidade. 
 doação ao nascituro (art. 542 do CC): como o nascituro ainda não nasceu, a doação feita a ele 
dependerá de aceitação do seu representante legal. 
Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal. 
 doação com cláusula de reversão (art. 547 do CC): ocorre quando o bem doado retorna ao 
patrimônio do doador, na hipótese de morte do donatário. 
Art. 547. O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver 
ao donatário. 
Parágrafo único. Não prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro. 
 
 
• Entretanto, ressalta-se que as partes não podem pactuar sobre a reversão em favor de terceiro, 
apenas é permitida a reversão em favor do doador. Caso fosse possível a reversão em favor de 
terceiro, estaríamos admitindo a possibilidade de um pacto sucessório (pacta corvina), que é 
expressamente proibido pelo art. 426 do CC. 
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. 
 doação universal (art. 548 do CC): é aquela que abrange todos os bens do doador, sem deixar 
uma reserva para a sua própria subsistência. Tal doação é passível de nulidade absoluta, pois visa 
impedir que, em um momento de afobação, o doador ultrapasse os limites do patrimônio a ser 
doado. 
Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reservade parte, ou renda suficiente para a 
subsistência do doador 
• Caso seja estipulada uma reserva de usufruto ao doador, então a doação universal será válida. 
 doação de ascendente para descendente ou de um cônjuge a outro (art. 544 do CC): como 
exemplo, o pai poderá fazer doação a seus filhos, e um cônjuge ao outro, porém, tal ata acarretará 
um adiantamento da herança (legítima), devendo, por isso, ser verificada no inventário do doador 
por meio da colação. 
Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do 
que lhes cabe por herança. 
 doação inoficiosa (art. 549 do CC): é aquela que excede a parte do patrimônio que poderia ser 
incluída em testamento. Ou seja, se houver herdeiros necessários (ascendentes, descendentes ou 
cônjuge), o doador só pode dispor da metade de seus bens. A parte da doação que ultrapassar 
este limite será nula. 
Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, no momento 
da liberalidade, poderia dispor em testamento. 
 doação ao cônjuge adúltero (art. 550 do CC): tal doação poderá ser anulada, bastando que se 
verifique a infidelidade. Tal ação de anulação poderá ser proposta em um prazo decadencial de 
dois anos a contar do fim da sociedade conjugal. 
Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro 
cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade 
conjugal. 
 
 doação conjuntiva (art. 551 do CC): é a doação realizada para mais de uma pessoa. 
Art. 551. Salvo declaração em contrário, a doação em comum a mais de uma pessoa entende-
se distribuída entre elas por igual. 
Parágrafo único. Se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher, subsistirá na 
totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo. 
 doação à entidade futura (art. 554 do CC): é aquela cujo donatário é uma pessoa jurídica que 
ainda não existe, mas que será constituída. Caso tal constituição não ocorra em dois anos, ocorrerá 
a caducidade do ato. Trata-se de uma doação sob condição suspensiva. 
Art. 554. A doação a entidade futura caducará se, em dois anos, esta não estiver constituída 
regularmente. 
 Da revogação da doação. 
Em regra, a doação é irrevogável por vontade unilateral do doador, pois, a partir do momento em que 
ocorre a aceitação do donatário, passa a valer a máxima do pacta sunt servanda. 
Art. 555. A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por inexecução do 
encargo. 
De acordo com o art. 555 do CC, a doação pode ser revogada em duas hipóteses: 
 ingratidão do donatário: o donatário tem o dever de ser grato ao doador e, por isso, deve se abster 
de atos que constituem prova de ingratidão e revelem sua insensibilidade ao favor recebido. 
 inexecução do encargo (art. 562 do CC): quando a doação for onerosa e o encargo não for 
cumprido, pode haver a revogação da doação. 
Art. 562. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o donatário 
incorrer em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá notificar 
judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a obrigação 
assumida. 
Sobre a revogação por ingratidão do donatário, temos os seguintes artigos do Código Civil: 
Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações: 
I – se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso 
contra ele; 
II – se cometeu contra ele ofensa física; 
III – se o injuriou gravemente ou o caluniou; 
IV – se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava. Art. 
558. Pode ocorrer também a revogação quando o ofendido, nos casos do artigo anterior, for o 
cônjuge, ascendente, descendente, ainda que adotivo, ou irmão do doador. Art. 559. A 
revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada dentro de um ano, a contar de 
quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a autorizar, e de ter sido o donatário o 
seu autor. 
Art. 560. O direito de revogar a doação não se transmite aos herdeiros do doador, nem prejudica 
os do donatário. Mas aqueles podem prosseguir na ação iniciada pelo doador, continuando-a 
contra os herdeiros do donatário, se este falecer depois de ajuizada a lide. Art. 561. No caso 
de homicídio doloso do doador, a ação caberá aos seus herdeiros, exceto se aquele houver 
perdoado. 
Art. 563. A revogação por ingratidão não prejudica os direitos adquiridos por terceiros, nem 
obriga o donatário a restituir os frutos percebidos antes da citação válida; mas sujeita-o a 
pagar os posteriores, e, quando não possa restituir em espécie as coisas doadas, a indenizá-
la pelo meio termo do seu valor. 
Para finalizar o tópico das doações, temos o art. 564 do CC, que trata das doações que são consideradas 
irrevogáveis. 
Art. 564. Não se revogam por ingratidão: 
I – as doações puramente remuneratórias; 
 II – as oneradas com encargo já cumprido; 
III – as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural; 
 IV- as feitas para determinado casamento. 
 
 DO CONTRATO DE EMPRÉSTIMO 
 O Código Civil trata de duas modalidades de empréstimo: o comodato e o mútuo. 
a) comodato: nos termos do art. 579 do CC, trata-se do empréstimo gratuito de um bem infungível 
pelo qual o comodante (dono da coisa) transfere sua posse ao comodatário por um determinado 
período. 
Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a 
tradição do objeto. 
O comodato é chamado de um empréstimo de uso, ou seja, o bem é emprestado para ser usado e 
depois devolvido. 
Como exemplo, temos a pessoa que empresta a casa de praia gratuitamente para um amigo passar as 
férias do mês de janeiro. 
 Tal contrato envolve as seguintes pessoas: 
 comodante: aquele que empresta; 
 comodatário: aquele que toma emprestado. 
 
É fundamental a gratuidade, pois, se houver um pagamento como contraprestação, teremos uma 
locação. Destaca-se também a infungibilidade do bem emprestado, ou seja, deve ser devolvido 
exatamente o mesmo bem que foi tomado como empréstimo, e não um bem semelhante. 
Entretanto, o comodato poderá versar sobre um bem fungível e consumível, se houver sido contratado 
ad pompam vel ostentationem, como o empréstimo de uma cesta de frutas tropicais exóticas para 
ornamentação de um salão de festas. 
Quanto à natureza jurídica do contrato de comodato, temos o seguinte: 
 unilateral: só o comodatário assume obrigação; 
 gratuito: apenas uma das partes aufere vantagens (comodatário); 
 real: se perfaz com a tradição do objeto; 
 típico: está previsto no Código Civil; 
 não solene: a lei não exige forma especial para a celebração do contrato, podendo até ser realizado 
de forma verbal. 
 
De forma semelhante à doação, o comodato é puro quando traduz um ato de simples liberalidade. É 
modal ou com encargo quando se impõe uma obrigação especial ao comodatário. Porém, ressalta-se que, 
segundo entendimento doutrinário, a existência de encargo não retira a gratuidade, nem o animus 
comodandi da relação negocial. 
Os artigos 580 a 585 do CC também tratam do assunto ao apresentar as obrigações do comodatário: 
 Art. 580. Os tutores, curadores e em geral todos os administradores de bens alheios não poderão 
dar em comodato, sem autorização especial, os bens confiados à sua guarda. 
Percebe-se que certas pessoas não podem dar bens de terceiros em comodato sem possuir autorização 
especial. Ou seja, estamos diante de uma situação de falta de legitimidade. 
Art. 581. Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-lhe-á o necessário para 
o uso concedido; não podendo o comodante, salvo necessidade imprevista e urgente, 
reconhecida pelo juiz, suspender o uso e gozo da coisa emprestada, antes de findo o prazo 
convencional, ou o que se determine pelo uso outorgado. 
Como exemplo do art. 581 do CC, temos o comodante que empresta a casa de praia sem estipulação 
de prazo.Como regra, a exigência da devolução só poderá ocorrer após o fim do verão. 
Art. 582. O comodatário é obrigado a conservar, como se sua própria fora, a coisa 
emprestada, não podendo usá-la senão de acordo com o contrato ou a natureza dela, sob pena 
de responder por perdas e danos. O comodatário constituído em mora, além de por ela 
responder, pagará, até restituí-la, o aluguel da coisa que for arbitrado pelo comodante. 
O art. 582 do CC apresenta inúmeros conceitos. Vamos separá-los para fins didáticos: 
 obrigação do comodatário de conservar a coisa como se fosse sua; 
 utilizar a coisa emprestada de acordo com o contrato e a natureza (ex: a casa de família não pode 
ser utilizada para a realização de um evento com centenas de pessoas); 
 restituição da coisa por ocasião do final do prazo estipulado (ex: se eu não devolver a casa de praia 
ao final do prazo estipulado, o comodante poderá me cobrar aluguel pelo período que eu ficar a 
mais). 
 Art. 583. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do 
comodatário, antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante, responderá 
pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior. 
 
Sendo o comodato um contrato gratuito, pois só traz vantagens ao comodatário, nada mais justo que este 
anteponha a salvação dos bens emprestados à salvação de seus próprios bens, mesmo que a situação decorra 
de caso fortuito ou força maior. 
Art. 584. O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as despesas feitas com 
o uso e gozo da coisa emprestada. 
Também é obrigação do comodatário arcar com as despesas feitas com o uso da coisa emprestada, tais 
como IPTU, água, luz, condomínio etc. 
Art. 585. Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de uma coisa, ficarão 
solidariamente responsáveis para com o comodante. 
No caso de haver mais de um comodatário, as obrigações aqui citadas são consideradas solidárias. 
 
b) mútuo: nos termos do art. 586 do CC, o mútuo é um contrato pelo qual o mutuante transfere a 
propriedade de determinada coisa móvel e fungível ao mutuário, que deverá restituir, findo o 
contrato, bem equivalente do mesmo gênero, qualidade e quantidade. 
Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao 
mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. 
Trata-se de um empréstimo de consumo, pois o bem emprestado é consumido e é devolvido um bem 
equivalente. 
Como exemplo, temos a pessoa que toma emprestado um quilo de açúcar com o vizinho. 
Art. 588. O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não 
pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores. 
Art. 589. Cessa a disposição do artigo antecedente: 
I – se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o empréstimo, o ratificar 
posteriormente; 
II – se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para 
os seus alimentos habituais; 
III – se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução do credor 
não lhes poderá ultrapassar as forças; 
IV – se o empréstimo reverteu em benefício do menor; 
V – se o menor obteve o empréstimo maliciosamente. 
 
Se, durante o mútuo, o mutuário sofrer uma notória mudança na sua situação econômica, então, nos 
termos do art. 590 do CC, poderá ser exigido pelo mutuante uma garantia de que o empréstimo será 
restituído. 
Art. 590. O mutuante pode exigir garantia da restituição, se antes do vencimento o mutuário 
sofrer notória mudança em sua situação econômica. 
Finalizando o mútuo, o art. 592 do CC estabelece o seu prazo de duração na falta de convenção 
expressa. 
Art. 592. Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será: 
I – até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o consumo, como 
para semeadura; 
II – de trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro; 
III – do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa fungível. 
 
 DO CONTRATO DE MANDATO 
 
 O mandato é um contrato pelo qual uma pessoa se obriga a praticar atos ou administrar os interesses da 
outra, em nome e por conta desta última (art. 653 do CC). 
Art. 653. Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, 
praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato. 
 Trata-se de um contrato, cujo instrumento é a procuração, em que uma pessoa delega poderes à outra, 
que irá representá-la. 
Os personagens do mandato são: 
 o mandante: é aquele que outorga os poderes; e 
 o mandatário: é aquele que recebe os poderes. 
 Quem pode ser mandante? 
 
Os absolutamente incapazes de exercer, por si, os atos da vida civil não podem constituir mandatário, 
ao passo que os relativamente incapazes podem passar procuração, desde que assistidos pelos seus 
representantes legais e por instrumento público (art. 654 do CC). 
Art. 654. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento 
particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante. 
§ 1º O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a qualificação 
do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão 
dos poderes conferidos. 
§ 2º O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir que a procuração traga a firma reconhecida. 
A procuração consubstancia uma autorização representativa, feita, em regra, por instrumento particular, 
exigindo-se apenas em casos excepcionais o instrumento público, como nos casos dos relativamente 
incapazes, dos cegos e dos analfabetos. 
Quem pode ser mandatário? 
De acordo com o art. 666 do CC, não há necessidade de o mandatário possuir capacidade civil plena, 
podendo ser mandatário o relativamente incapaz que possui entre 16 e 18 anos. 
Art. 666. O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode ser 
mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele senão de conformidade com as regras 
gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por menores. 
Ou seja, o mandante pode designar, como mandatário, pessoa que não seja maior e capaz, desde que 
nele deposite confiança. Entretanto, caso, posteriormente, se convença de que fez uma má escolha do 
mandatário, este não poderá sofrer as consequências se houver uma má gerência dos poderes outorgados. 
O pródigo e o falido podem ser constituídos mandatários, porque a restrição que os atinge se limita à 
disposição de bens de seu patrimônio, não os impedindo de exercer tais atividades. 
 
Sobre a natureza jurídica do contrato de mandato, temos que ele é: 
• unilateral: em regra, o contrato de mandato gera obrigações apenas para o mandatário; entretanto, 
quando o mandato for oneroso ou remunerado, teremos um contrato bilateral, pois gera 
obrigações para ambas as partes; 
• gratuito: a gratuidade, de acordo com o art. 658 do CC, é a regra; entretanto, é possível que o 
mandato seja oneroso, como ocorre com o mandato conferido a um advogado em razão da sua 
profissão; 
 Art. 658. O mandato presume-se gratuito quando não houver sido estipulada 
retribuição, exceto se o seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário trata por ofício 
ou profissão lucrativa. 
Parágrafo único. Se o mandato for oneroso, caberá ao mandatário a retribuição prevista em lei 
ou no contrato. Sendo estes omissos, será ela determinada pelos usos do lugar, ou, na falta 
destes, por arbitramento. 
• típico: está previsto no Código Civil; 
 consensual: se aperfeiçoa com o simples acordo de vontades; 
 não solene: segundo os arts. 656 e 657 do CC, o contrato de mandato pode ser tácito, verbal ou por 
escrito. Entretanto, se a lei exigir determinada forma para o ato a ser praticado pelo mandatário, 
então o mandato também deverá observar tal forma. Como exemplo, temos a compra de um bemimóvel de grande valor que deve observar a forma de escritura pública (art. 109 do CC), sendo 
que a procuração para alguém efetuar essa compra em seu nome também deve observar a forma de 
escritura pública. 
Art. 656. O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito. 
Art. 657. A outorga do mandato está sujeita à forma exigida por lei para o ato a ser praticado. 
Não se admite mandato verbal quando o ato deva ser celebrado por escrito. 
 
Ainda sobre a forma, é interessante tratarmos do subestabelecimento (cláusula que permite ao 
mandatário indicar, ao seu livre arbítrio, uma outra pessoa para substituí-lo, sem a prévia inquirição do 
mandante), que não necessitará seguir a forma adotada pelas partes para a procuração (art. 655 do CC). 
Art. 655. Ainda quando se outorgue mandato por instrumento público, pode substabelecer-
se mediante instrumento particular. 
 Cabe também citarmos o Enunciado n. 182 da III Jornada de Direito Civil do CJF, que se refere ao art. 
655 do CC: 
Enunciado 182 Art. 655: O mandato outorgado por instrumento público previsto no art. 655 
do CC somente admite substabelecimento por instrumento particular quando a forma pública 
for facultativa e não integrar a substância do ato. 
Podemos identificar diversas espécies de mandato: 
• quanto ao objeto, o mandato pode ser: 
 geral: refere-se a todos os negócios do mandante; 
 especial: refere-se a um ou mais negócios determinados. 
• quanto ao conteúdo, o mandato pode ser (arts. 660 a 662 do CC): 
 mandato em termos gerais: só confere poderes de administração; 
 mandato em termos especiais: confere poderes para transigir (celebrar transação), vender, comprar, 
hipotecar, e não apenas poderes de administração. 
Art. 660. O mandato pode ser especial a um ou mais negócios determinadamente, ou geral 
a todos os do mandante. 
Art. 661. O mandato em termos gerais só confere poderes de administração. 
§ 1º Para alienar, hipotecar, transigir, ou praticar outros quaisquer atos que exorbitem da 
administração ordinária, depende a procuração de poderes especiais e expressos. 
§ 2º O poder de transigir não importa o de firmar compromisso. 
Art. 662. Os atos praticados por quem não tenha mandato, ou o tenha sem poderes 
suficientes, são ineficazes em relação àquele em cujo nome foram praticados, salvo se este 
os ratificar. 
Parágrafo único. A ratificação há de ser expressa, ou resultar de ato inequívoco, e retroagirá 
à data do ato. 
• quanto ao número de mandatários, o mandato pode ser: 
 singular: quando se nomeia um só mandatário; 
 plural (art. 672 do CC): quando se nomeiam vários procuradores. Este se subdivide em: 
 
◦ conjunto: quando se exige que todos os mandatários participem do negócio celebrado; 
◦ solidário: quando cada um dos mandatários puder realizar sozinho o negócio; 
◦ fracionário: quando se delimita a função de cada um dos mandatários; 
◦ sucessivo ou substitutivo: quando um mandatário só puder agir na falta do outro. 
Art. 672. Sendo dois ou mais os mandatários nomeados no mesmo instrumento, qualquer 
deles poderá exercer os poderes outorgados, se não forem expressamente declarados 
conjuntos, nem especificamente designados para atos diferentes, ou subordinados a atos 
sucessivos. Se os mandatários forem declarados conjuntos, não terá eficácia o ato praticado 
sem interferência de todos, salvo havendo ratificação, que retroagirá à data do ato. 
 quanto à finalidade, o mandato pode ser: 
 extrajudicial ou ad negotia: refere-se à prática de atos fora do âmbito judicial; e 
 judicial ou ad judicia: refere-se à prática de atos processuais, ou seja, à postulação em juízo. 
É outorgado ao advogado, entretanto, em alguns casos, não há necessidade de procuração, tal 
como o defensor dativo (nomeado pelo juiz) e na Justiça do Trabalho, em que a procuração pode 
se dar por simples termo nos autos. 
Finalizando as espécies de mandato, temos o mandato em causa própria (art. 685 do CC): 
normalmente, o mandatário deve prestar contas de sua gestão, transferindo-lhe as vantagens provenientes 
do mandato. Entretanto, caso seja incluída, na procuração (instrumento do mandato), a cláusula in rem 
propriam (em causa própria), o mandato não poderá ser revogado, nem se extinguirá pela morte de 
qualquer das partes, ficando o mandatário dispensado de prestar contas, e podendo transferir para si os 
bens móveis ou imóveis objeto do mandato (vide art. 685 do Código Civil). Ou seja, em um mandato em 
causa própria, opera-se uma verdadeira cessão de direito, passando o cessionário (mandatário) a ser o 
dono do bem imóvel (ou direito a ele relativo). 
Art. 685. Conferido o mandato com a cláusula “em causa própria”, a sua revogação não terá 
eficácia, nem se extinguirá pela morte de qualquer das partes, ficando o mandatário 
dispensado de prestar contas, e podendo transferir para si os bens móveis ou imóveis objeto 
do mandato, obedecidas as formalidades legais. 
 
A seguir, temos as principais obrigações do mandatário: 
• diligência habitual na execução do mandato (art. 667, caput, do CC); 
 
Art. 667. O mandatário é obrigado a aplicar toda sua diligência habitual na execução do 
mandato, e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem 
substabelecer, sem autorização, poderes que devia exercer pessoalmente. 
• indenização dos prejuízos por ato de substituto (art. 667, §§ 1º ao 4º do CC); 
§ 1º Se, não obstante proibição do mandante, o mandatário se fizer substituir na execução do 
mandato, responderá ao seu constituinte pelos prejuízos ocorridos sob a gerência do 
substituto, embora provenientes de caso fortuito, salvo provando que o caso teria sobrevindo, 
ainda que não tivesse havido substabelecimento. 
§ 2º Havendo poderes de substabelecer, só serão imputáveis ao mandatário os danos causados 
pelo substabelecido, se tiver agido com culpa na escolha deste ou nas instruções dadas a ele. 
§ 3º Se a proibição de substabelecer constar da procuração, os atos praticados pelo 
substabelecido não obrigam o mandante, salvo ratificação expressa, que retroagirá à data do 
ato. 
§ 4º Sendo omissa a procuração quanto ao substabelecimento, o procurador será responsável 
se o substabelecido proceder culposamente. 
• prestação de contas (art. 668 do CC); 
 
Art. 668. O mandatário é obrigado a dar contas de sua gerência ao mandante, transferindo-
lhe as vantagens provenientes do mandato, por qualquer título que seja. 
• proibição de compensação dos prejuízos (art. 669 do CC); 
 
Art. 669. O mandatário não pode compensar os prejuízos a que deu causa com os proveitos 
que, por outro lado, tenha granjeado ao seu constituinte. 
• pagamento de juros (art. 670 do CC); 
 
Art. 670. Pelas somas que devia entregar ao mandante ou recebeu para despesa, mas empregou 
em proveito seu, pagará o mandatário juros, desde o momento em que abusou. 
• entrega da coisa comprada em nome do mandante (art. 671 do CC); 
 
Art. 671. Se o mandatário, tendo fundos ou crédito do mandante, comprar, em nome próprio, 
algo que deverá comprar para o mandante, por ter sido expressamente designado no mandato, 
terá este ação para obrigá-lo à entrega da coisa comprada. 
Já as principais obrigações do mandante são: 
• satisfazer as obrigações (despesas) assumidas pelo mandatário (art. 675 do CC); 
 
Art. 675. O mandante é obrigado a satisfazer todas as obrigações contraídas pelo mandatário, 
na conformidade do mandato conferido, e adiantar a importância das despesas necessárias à 
execução dele, quando o mandatário lho pedir. 
 remuneração dos serviços do mandatário (art. 676 do CC); 
 
Art. 676. É obrigado o mandante a pagar ao mandatário a remuneração ajustada e as despesas 
da execução do mandato, ainda que o negócio não surta o esperado efeito, salvo tendo o 
mandatário culpa. 
 pagamento de juros das somas adiantadas pelo mandatário (art. 677 do CC); 
Art. 677. As somas adiantadas pelo mandatário, para a execução do mandato,vencem juros 
desde a data do desembolso. 
• ressarcimento dos danos sofridos com o mandato (art. 678 do CC); 
 
Art. 678. É igualmente obrigado o mandante a ressarcir ao mandatário as perdas que este 
sofrer com a execução do mandato, sempre que não resultem de culpa sua ou de excesso de 
poderes. 
• responsabilização do vínculo com terceiros (art. 679 do CC); 
 
Art. 679. Ainda que o mandatário contrarie as instruções do mandante, se não exceder os 
limites do mandato, ficará o mandante obrigado para com aqueles com quem o seu 
procurador contratou; mas terá contra este ação pelas perdas e danos resultantes da 
inobservância das instruções. 
 responsabilização solidária dos mandantes (art. 680 do CC); 
 
Art. 680. Se o mandato for outorgado por duas ou mais pessoas, e para negócio comum, 
cada uma ficará solidariamente responsável ao mandatário por todos os compromissos e 
efeitos do mandato, salvo direito regressivo, pelas quantias que pagar, contra os outros 
mandantes. 
Ainda sobre direitos e obrigações, o art. 681 do CC estabelece um direito de retenção do 
mandatário. 
Art. 681. O mandatário tem sobre a coisa de que tenha a posse em virtude do mandato, direito 
de retenção, até se reembolsar do que no desempenho do encargo despendeu. 
Ou seja, o mandatário, ao aceitar o encargo, passará a ter o direito de reter o objeto que estiver em 
seu poder por força do mandato (ex: quantias pecuniárias ou aluguéis recebidos) até ser reembolsado, 
inclusive por via judicial, do que, no desempenho da função, houver despendido. 
 
O art. 682 do CC trata da extinção do mandato: 
Art. 682. Cessa o mandato: 
I – pela revogação ou pela renúncia; 
II – pela morte ou interdição de uma das partes; 
III – pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir os poderes, ou o mandatário 
para os exercer; 
IV – pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio. 
 
• revogação “ad nutum” pelo mandante o mandante poderá revogar total ou parcialmente o 
mandato, se não mais tiver interesse no negócio ou se cessar a confiança depositada no procurador. 
Será total se revogar toda a procuração, e parcial se disser respeito a alguns dos poderes 
outorgados. Tal revogação produzirá efeitos ex nunc, respeitando-se os atoa já praticados. 
• renúncia expressa do mandatário é uma manifestação da vontade do procurador, abdicando o mandato, 
mesmo sem qualquer motivo justificado, devendo ser comunicada a tempo para que o mandante possa 
nomear substituto. 
• morte de qualquer dos contratantes por ser o mandato um contrato intuitu personae, ocorrerá a 
sua extinção com o falecimento de qualquer um dos contratantes. Entretanto, se vários forem os 
mandatários, o óbito de um não extingue o mandato, pois os sobreviventes poderão executá-lo, 
salvo se todos tiverem de agir em conjunto; se houver multiplicidade de mandantes, o mandato 
extinguir-se-á apenas relativamente ao falecido. 
• interdição de uma das partes por incapacidade superveniente o mandato cessará no instante 
em que a sentença declaratória de interdição transitar em julgado, e os atos praticados com terceiro 
de boa-fé pelo mandatário, após a interdição do mandante, não terão validade. 
• mudança de estado se houver mudança de estado que venha a inabilitar o mandante, o mandato é 
extinto. Como exemplo, temos a extinção do mandato conferido pelo pai, representando filho 
absolutamente incapaz, quando este se tornar relativamente incapaz, devendo a outorga, agora, ser 
feita pelo filho, assistido por aquele. 
 término do prazo ou conclusão do negócio se o mandato foi outorgado por prazo determinado, 
quando o próprio instrumento assim estipular, cessará o contrato de pleno direito no momento em 
que expirar tal período. De igual modo, conferido o mandato somente para algum ato específico, 
ocorrendo este ato, também extinguir-se-á. 
 
Demais artigos do Código Civil sobre a extinção do mandato: 
 
Art. 683. Quando o mandato contiver a cláusula de irrevogabilidade e o mandante o revogar, 
pagará perdas e danos. 
Art. 684. Quando a cláusula de irrevogabilidade for condição de um negócio bilateral, ou 
tiver sido estipulada no exclusivo interesse do mandatário, a revogação do mandato será 
ineficaz. 
Art. 685. Conferido o mandato com a cláusula “em causa própria”, a sua revogação não terá 
eficácia, nem se extinguirá pela morte de qualquer das partes, ficando o mandatário 
dispensado de prestar contas, e podendo transferir para si os bens móveis ou imóveis objeto 
do mandato, obedecidas as formalidades legais. 
Art. 686. A revogação do mandato, notificada somente ao mandatário, não se pode opor aos 
terceiros que, ignorando-a, de boa-fé com ele trataram; mas ficam salvas ao constituinte as 
ações que no caso lhe possam caber contra o procurador. 
Parágrafo único. É irrevogável o mandato que contenha poderes de cumprimento ou confirmação de 
negócios encetados, aos quais se ache vinculado. 
Art. 687. Tanto que for comunicada ao mandatário a nomeação de outro, para o mesmo 
negócio, considerar-se-á revogado o mandato anterior. 
Art. 688. A renúncia do mandato será comunicada ao mandante, que, se for prejudicado pela 
sua inoportunidade, ou pela falta de tempo, a fim de prover à substituição do procurador, será 
indenizado pelo mandatário, salvo se este provar que não podia continuar no mandato sem 
prejuízo considerável, e que não lhe era dado substabelecer. 
Art. 689. São válidos, a respeito dos contratantes de boa-fé, os atos com estes ajustados em 
nome do mandante pelo mandatário, enquanto este ignorar a morte daquele ou a extinção do 
mandato, por qualquer outra causa. 
Art. 690. Se falecer o mandatário, pendente o negócio a ele cometido, os herdeiros, tendo 
ciência do mandato, avisarão o mandante, e providenciarão a bem dele, como as 
circunstâncias exigirem. 
Art. 691. Os herdeiros, no caso do artigo antecedente, devem limitar-se às medidas 
conservatórias, ou continuar os negócios pendentes que se não possam demorar sem perigo, 
regulando-se os seus serviços dentro desse limite, pelas mesmas normas a que os do 
mandatário estão sujeitos. 
 
 DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS 
 
 A prestação de serviço é o contrato pelo qual determinada pessoa física ou jurídica (prestador) se 
compromete com outra (tomador) a realizar certa atividade mediante remuneração. 
Art. 594. Toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser 
contratada mediante retribuição. 
 
Excluídos os serviços regulados pela legislação trabalhista, Código de Defesa do Consumidor (CDC) 
ou outras leis especiais, todas as demais prestações de serviços serão reguladas pelo Código Civil. Ou seja, 
por meio do art. 593 do CC, pode-se afirmar que o contrato de prestação de serviço regulado pelo Código 
Civil tem caráter residual, pois só é aplicado quando não há aplicação da legislação trabalhista, do CDC 
ou de outras leis especiais. 
Art. 593. A prestação de serviço, que não estiver sujeita às leis trabalhistas ou a lei especial, 
reger-se-á pelas disposições deste Capítulo. 
Quanto à natureza jurídica do contrato de prestação de serviço, temos o seguinte: 
 bilateral: ambas as partes assumem obrigações, o prestador assume uma obrigação de fazer, ao passo que 
o tomador assume uma obrigação de pagar a remuneração; 
 oneroso: ambas as partes auferem vantagens, 
 consensual: o contrato se aperfeiçoa com o simples acordo de vontade das partes, podendo ser 
provado por testemunhas, seja qual for o valor, independentemente de começo de prova por escrito; 
 típico: está previsto no Código Civil; 
 não solene: a lei não exige forma especial para a celebração do contrato, podendo até ser realizado 
de forma verbal. 
Caso a forma utilizada seja a escrita, se uma das partes não souber ler e nem escrever, o instrumento 
poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas. Isso significa que o contrato pode ser 
assinado por outra pessoa, a

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