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Importância do Ensino de Leitura e Escrita

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SEMINÁRIOS INTEGRADOS EM LÍNGUA 
PORTUGUESA
ANÁLISE LINGUÍSTICA I – TÓPICOS EM 
LEITURA E ESCRITA
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Olá!
Nesta aula, você vai reconhecer a importância do ensino de leitura e escrita nas escolas, a partir de reflexões e
questionamentos comuns a qualquer professor de língua portuguesa de nosso tempo. Além disso, vai relacionar
teorias e verificar questões metodológicas importantes.
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Reconhecer a importância do ensino de leitura e escrita;
2. Refletir sobre a importância de se entender esses processos;
3. Relacionar teorias diferentes a respeito do tema;
4. Verificar questões metodológicas para o ensino de leitura.
1 Premissa
Nesta aula, vamos tratar de alguns tópicos relevantes de Análise Linguística. Vamos começar falando de leitura e
produção de textos.
Não é novidade para nós que falar é um hábito muito mais presente na vida das pessoas do que escrever.
Por essa razão, costuma-se dominar mais a fala do que a escrita. Escrever é, portanto, uma atividade mais
complexa do que falar.
Não estamos querendo reduzir a importância da modalidade falada da língua, mas sim ressaltar que escrever é
sim mais difícil. É por isso que temos tanta preocupação com a escrita e, consequentemente, com a leitura.
Atenção Não podemos pensar em um aluno de Letras (futuro professor de Português e Literatura) que não
tenha domínio dessas habilidades. Assim, vamos pensar juntos, aproveitando a sua experiência ao longo do
curso, nas atividades de leitura e escrita.
Fique ligado
Não pense que vamos fazer isso nos mesmos moldes da disciplina de Linguística Aplicada. O
que vamos fazer é dialogar com todas as disciplinas do curso no que diz respeito a esses
conteúdos, mas com um olhar mais generalizado. Vamos lá?
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2 Importância da leitura
Maria Helena Martins, em seu livro (1994, p. 19), afirma o seguinte:O que é leitura
A psicanálise enfatiza que tudo quanto de fato impressionou a nossa mente jamais é esquecido,
mesmo que permaneça muito tempo na obscuridade do inconsciente.
Essa constatação evidencia a importância da memória tanto para a vida quanto para a leitura.
Principalmente a da palavra escrita – daí a valorização do saber ler e escrever.
De modo geral, quando alguém é apontado como leitor, é porque, provavelmente, essa pessoa tem certo
conhecimento de mundo, ou ainda vive debruçada em livros.
Entretanto, por mais que a prática de leitura promova – e promove – o conhecimento, não podemos afirmar que
ler é somente ler livros.
3 Novas mídias – afetam a leitura?
As pessoas costumam ler pelo computador, pelos tablets, smartphones etc. A quantidade de novos suportes
oriundos da nova tecnologia é enorme.
A pergunta que fica é:
Será que isso pode afetar a leitura de algum modo?
Vamos refletir sobre essa questão.
A professora Cláudia Roncarati, em sua obra-prima (2010, p. 18), ensina oConstruindo as cadeias do texto
seguinte (grifo nosso):
As opções de leitura oferecidas pela mídia eletrônica estão criando novas práticas, exigindo-nos crescente
capacidade de integrar as informações de modo não linear.
Nas redes sociais conectadas pelas tecnologias digitais acopladas cada vez mais à internet, à telefonia e à
televisão, em que os conteúdos nos chegam online, em tempo síncrono, pressionando-nos a nos manter
antenados com eventos e notícias de última hora, estamos remodelando a figura do leitor e os modos de
processamento da leitura.
Não lemos mais somente na superfície de uma página impressa estática. Temos a opção de selecionar e
ordenar, a nosso modo e ao nosso ritmo, comunicações provenientes de diferentes fontes e links.
Somos cotidianamente expostos a uma enorme massa de mensagens, não raro, temos dificuldade de integrá-la e,
mais ainda, de mantê-la em nossa memória de longo prazo.
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4 Linearidade da palavra
A leitura, hoje, pode partir da palavra, passar por hiperlinks, vídeos, sons, imagens, retornar à palavra e assim
por diante.
Veja que a nossa relação com a leitura está da palavra, das letras.perdendo a linearidade
Decodificar letras, morfemas, palavras não é mais o ponto crucial da atividade de leitura que, por sua vez, torna-
se algo cada vez mais dinâmico.
O que isso significa? Nossos alunos estão a par dessas questões. Eles assistem às aulas, mas manuseiam os seus
smartphones muito bem. Muitos já têm um tablet ou um computador.
Outra questão que envolve a leitura por meio desses novos suportes é a oportunidade que eles nos dão de
difundir a escrita.
Em um simples link, temos textos dos mais renomados autores da literatura mundial, como ocorre com o site
dominiopublico.gov.br. Podemos ainda acessar uma grande enciclopédia, como a .Wikipédia
No que diz respeito à Wikipédia, temos de lembrar que se trata de uma enciclopédia aberta, ou seja, qualquer
usuário pode propor mudanças nos textos.
A autoria não é de um especialista, na maioria das vezes.
Sendo assim, não podemos considerá-la um documento de autoridade, ou seja, não podemos atribuir-lhe
validação científica.
Por isso, devemos evitar o uso de sites deste tipo em trabalhos acadêmicos/ científicos.
Atenção A professora Terezinha Bittencourt, em seu texto (2006, p. 95), advoga oOralidade, escrita e mídia
seguinte:
[...] Embora a invenção da escrita e sua difusão por diferentes povos já possa contar com cerca de
cinco milênios, o acesso a essa tecnologia e sua vulgarização entre os membros das comunidades
letradas é muito recente.
[...] Com o uso dos computadores em todas as diversas fases da produção de textos, o material
impresso se difundiu em grande escala.
5 O papel do professor de Português
Agora que já tivemos esse panorama, você já deve ter se dado conta de que o papel do professor de
Português é complexo e extremamente importante.
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Se a leitura está mudando, a maneira com que ensinamos nossos alunos também precisa mudar. Não parece
adequado insistir no ensino de leitura e produção de textos baseado em construção de frases soltas ou inda por
intermédio de metalinguagem.
6 Competência linguística
Certamente, você já deve ter notado ao longo do seu curso de Letras que há inúmeras obras concernentes ao
ensino de leitura e escrita.
Entretanto, muitas delas não conseguem dar orientações simples, pontuais e práticas para que isso aconteça.
Muitas escolas apostam em projetos, eventos, visitas técnicas etc., para a melhoria da cultura dos alunos e,
consequentemente, da escrita.
Mas nem sempre isso dá certo.
Então, vamos falar sobre o conceito de .competência linguística
Não nos moldes da Teoria Gerativa, mas com base nos estudos do linguista romeno Eugenio Coseriu.
Comentário Não estamos defendendo o abandono do ensino de gramática nas escolas; muito pelo contrário. Só
queremos mostrar que este ensino tem o seu lugar em meio a diversos saberes que devem ser estimulados pelo
professor.
Figura 1 - Coseriu
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Coseriu (foto) considera que saber produzir mensagens em uma dada língua não é só saber a língua. Assim,
saber bem gramática, por exemplo, não é garantia de que o indivíduo será um bom escritor.
7 Níveis de saber
Coseriu considera três níveis de saber que, segundo o Prof. Uchôa (2008, p. 70), são:
O saber elocucional, ou competência linguística geral
• Corresponde ao saber falar em geral, independentemente da língua, ou seja, um saber válido para todas 
as línguas. É o que alguns linguistas chamam de conhecimento enciclopédico ou conhecimento de mundo.
O saber idiomático, ou competência linguística particular
• Corresponde ao saber falar um idioma determinado. Isto envolve o desenvolvimento de um bom 
vocabulário, bem como o domínio de regras do sistema gramatical da língua (concordância, regência, 
léxico etc.).
O saber expressivo, ou competência textual
• Corresponde ao saber construir textos em situações determinadas.
Isso aponta para o fato de que nós, professores de Português, temos de voltar nossas atenções paraesses três
saberes. Se priorizarmos somente um ou dois,o ensino ficará falho.
Para ler e escrever qualquer texto, o aluno precisa:
De conhecimento de mundo suficiente para interpretar/ escrever a respeito de um determinado assunto, seja
qual for o gênero/tipo textual. Quanto menor for esse saber, menores chances ele terá de entender e de escrever
um texto.
De conhecimento a respeito das regras da sua língua, tanto para a escrita quanto para a oralidade. Quando
falamos em regras, referimo-nos a tudo aquilo que envolve o sistema da língua.
De conhecimento a respeito da estrutura do gênero textual, sua aplicabilidade, nuances construtivas etc.
8 Metodologia de ensino de leitura
Outra questão importante é a metodologia de ensino de leitura. Segundo a professora Maria Aparecida
Pauliukonis, em seu texto , publicado no livro : descrição e uso (2011, p.Texto e contexto Ensino de Gramática
240), este é o maior entrave no que diz respeito ao ensino de texto: a ausência de metodologia.
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Segundo Pauliukonis...
Tradicionalmente, o ensino de texto sempre encontrou dificuldades de delimitação.
Em primeiro lugar, porque não se apresenta um programa bem definido como existe, por exemplo, para a
sintaxe, a morfologia, a fonética e a fonologia, temas da gramática da frase.
Em segundo, também devido ao espaço menor de tempo dedicado a ele pelos professores, sobrecarregados pelo
cumprimento dos extensos programas curriculares, centrados em uma metalinguagem de classificação e de
reconhecimento dos elementos gramaticais.
REFLEXÃO
Entretanto, o professor de Português deve considerar sua função dentro do processo educacional. Nosso foco
tem mesmo de ser unicamente o ensino de metalinguagem? O que você acha? As regras gramaticais são
suficientes para que o aluno seja um bom produtor de textos?
9 Regras gramaticais: serão suficientes?
As regras gramaticais são importantíssimas e devem ser trabalhadas em sala de aula, mas com um único
objetivo: o uso da língua em textos orais e escritos.
O aluno precisa saber concordância, regência, acentuação etc., para ser usuário de sua língua em toda e qualquer
atividade linguística.
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Todavia, como já vimos, isso não é suficiente. Temos de alimentar outros saberes para que o aluno tenha essa
desejada aptidão. Caso contrário, teremos muitos experts em análise sintática e poucos leitores.
10 Perspectiva histórica
Ainda com base em Pauliukonis, verificamos que nas décadas de 1940/1950 o ensino de leitura era baseado nos 
, cujo princípio era estético e moralizante.textos clássicos
A preocupação era a de formar alunos. Tanto que os textos eram, em sua maioria, literários e de conteúdo
ideológico, principalmente com temas voltados para a família, os deveres do cidadão, a pátria etc.
Num segundo momento, houve uma intenção mais informativa do ensino de leitura. Foi quando se resolveram
trazer o jornal para a sala de aula, as enciclopédias, ou seja, a pesquisa informativa. Foi nessa fase que os
vestibulares e concursos públicos começaram a ganhar importância.
11 Conceito de texto
Com essa perspectiva informativa, o texto passa a ser tratado como uma unidade de sentido que reflete o
pensamento do autor.
Entretanto, pesquisas modernas de análise do texto sugerem que este não é um produto, mas um processo de
elaboração de sentido, do qual fazem parte também os interlocutores e o contexto.
Pauliukonis (2011, p. 243) advoga que:
Essa noção de texto considerado como discurso prevê, portanto, que ele é o resultado de uma
operação estratégica de comunicação, produzida por um enunciador e decodificada como tal por um
leitor, em três níveis: o referencial, que diz respeito ao conteúdo; o situacional, relacionado aos
entornos sociais (contexto); e o pragmático, referente ao processo sociointerativo.
Ler torna-se, desse modo, um trabalho de desvendamento ou interpretação de operações linguístico-
discursivas estrategicamente utilizadas na estruturação textual.
COMENTÁRIO
Então, isso nos compromete: temos de formar alunos que sejam capazes de fazer parte desse processo
interpretativo, com conhecimento de mundo suficientemente amplo, com domínio das regras do idioma e
conhecimento dos gêneros textuais, conforme nos orientam os PCN.
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O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
• O ensino de gramática nas escolas.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Entendeu a importância do ensino de leitura e escrita;
• Analisou diferentes teorias e metodologias a respeito do tema;
• Verificou questões metodológicas para o ensino de leitura.
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	Olá!
	1 Premissa
	2 Importância da leitura
	3 Novas mídias – afetam a leitura?
	4 Linearidade da palavra
	5 O papel do professor de Português
	6 Competência linguística
	7 Níveis de saber
	8 Metodologia de ensino de leitura
	9 Regras gramaticais: serão suficientes?
	10 Perspectiva histórica
	11 Conceito de texto
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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