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- -1 SEMINÁRIOS INTEGRADOS EM LÍNGUA PORTUGUESA ANÁLISE LINGUÍSTICA II – TÓPICOS EM GRAMÁTICA - -2 Olá! Nesta aula, você vai reconhecer a importância do ensino de gramática nas escolas a partir de reflexões e questionamentos comuns a qualquer professor de língua portuguesa de nosso tempo. Além disso, vai relacionar teorias e verificar questões metodológicas importantes. Bons estudos! Ao final desta aula, você será capaz de: 1 - Reconhecer a importância do ensino de gramática; 2 - Refletir sobre a importância de se entender esses processos; 3 - Relacionar teorias diferentes a respeito do tema; 4 - Verificar questões metodológicas para o ensino de gramática. 1 Premissa Chegamos à aula 7 da disciplina Seminários Integrados em Língua Portuguesa. Na aula passada, vimos como se dá o ensino de leitura e como devemos fazer para que nossos alunos se interessem por ela. Agora, vamos tratar de alguns tópicos relevantes de Análise Linguística. Vamos começar falando do ensino de gramática. Não pense que vamos fazer isso nos mesmos moldes da disciplina de Linguística Aplicada. O que vamos fazer aqui é dialogar com todas as disciplinas do curso no que diz respeito a esses conteúdos, mas com um olhar mais generalizado. Mãos à obra! 2 Ensino de Língua Portuguesa nas escolas brasileiras Sabemos que há muito tem se discutido o ensino de Língua Portuguesa nas escolas brasileiras. Acadêmicos e professores sempre colocaram em xeque o ensino puramente gramatical e apontam para o ensino de leitura como o principal viés da sala de aula brasileira do século XXI. Alimentando ainda mais esse desejo, os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) de língua portuguesa reiteram a necessidade de se focar no ensino de leitura a partir e através do ensino de gêneros textuais. Vejamos abaixo um trecho desse documento. - -3 Todo texto se organiza dentro de um determinado (...). Os vários gêneros existentes, por suagênero vez, constituem formas relativamente estáveis de enunciados, disponíveis na cultura, que são caracterizados por três elementos: conteúdo temático, estilo e construção composicional. Todo texto se organiza dentro de um determinado gênero (...). Os vários gêneros existentes, por sua vez, constituem formas relativamente estáveis de enunciados, disponíveis na cultura, que são caracterizados por três elementos: conteúdo temático, estilo e construção composicional. Os gêneros são determinados historicamente. As intenções comunicativas, como parte das condições de produção dos discursos, geram usos sociais que determinam os gêneros, os quais dão forma aos textos [...] Desse modo, o ensino de gramática parece ter sido eleito o grande vilão das aulas de português. Mas será que ela merece esse lugar tão marginal? 3 Leitura – desejo ou obrigação? Como vimos na aula passada, a leitura deve ser um gosto, ou seja, um desejo saudável de cada um de nós, e o professor de língua portuguesa desde as séries iniciais deve trabalhar no aluno esse gosto. O foco das séries iniciais deve ser sim a leitura e a cultura, com muito pouco ou quase nenhuma formalização gramatical. Rui Barbosa (1946) já nos dizia isso há muitos anos. Foi um polímata brasileiro, tendo se destacado principalmente como jurista, político, diplomata, escritor, filólogo, tradutor e orador. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ruy_Barbosa Veja a seguir seu comentário. Da escola elementar (a escola de primeiro grau) há de ser absolutamente excluído o ensino das teorias gramaticais. (...) A cultura da língua vernácula principiará desde o primeiro momento do curso elementar pelos processos intuitivos. O que nos quer dizer o mestre Rui Barbosa? Que a gramática para os mais novinhos deve ser ensinada de forma intuitiva, a aproveitar o seu conhecimento linguístico prévio, ou sua competência nos moldes do gerativismo, para que a leitura e a escrita sejam valorizadas. Em complementação análoga a esse pensamento, os mais velhos devem sim ter uma reflexão mais pontual a respeito dos conteúdos gramaticais/ formais da língua. Não raro, encontramos alunos no ENEM com dificuldades extremas de externar o pensamento pela escrita, face a problemas com a gramática e com o pouco conhecimento de mundo. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ruy_Barbosa - -4 Entretanto, não defendemos a ideia de um ensino gramatical mecanizado, mas sim um ensino gramatical que leve o aluno a refletir sobre os critérios formais de sua língua, a fim de entender como ela pode ser usada nas diversas situações comunicativas. 4 Linguagem O Prof. Carlos Eduardo Falcão Uchôa, em seu livro A linguagem: teoria, ensino e historiografia, advoga que: A análise gramatical, que deve constituir a atividade fundamental das aulas de gramática, continua a deter-se prioritariamente, como se pode constatar ainda, mesmo em séries didáticas que intentam apresentar novos rumos para o ensino da língua, no reconhecimento quase automatizado da forma, função e valor semântico de uma unidade linguística, sem levar em conta, neste último critério, o contexto. Assim, a simples presença de um “mas”, numa frase, conduziria o aluno ao emprego do termo gramatical correspondente: uma oração coordenada sindética adversativa. Trata-se, evidentemente, de uma análise que, se bem que útil como meio de comprovação, mostra-se insuficiente, redutora, muitas vezes, na apreensão do sentido da oração na frase em que ocorre. [...] Convive-se, desta maneira, com um ensino que, em geral, não cultua prática reflexiva da língua, o seu domínio, em suas variedades e em seus modos diversos de dizer, que não motiva, assim, o gosto pelo seu estudo, pela leitura compreensiva de seus textos e pela produção constante destes, compartimentado em aulas de redação, aulas de exercícios de gramática normativa, ou descritiva [...] Saiba mais Assim, a partir de agora, vamos analisar alguns tópicos gramaticais relevantes tanto para a sala de aula, como para o ENADE, a partir de um viés da Linguística Aplicada e de algumas outras teorias linguísticas relevantes, para que possamos refletir sobre o ensino de gramática. - -5 5 Fonética e Fonologia Esse tópico tem sido esquecido pelos professores ao longo do processo escolar. Quando lembrado, resume-se à prática de decorar símbolos fonéticos que a nada levam um aluno de ensino médio, por exemplo. Entretanto, o aluno deve saber que: • • Há sons produzidos pelo aparelho fonador humano, e nem todos são distintivos em nossa língua; • Os sons da língua só podem ser estudados a partir de uma perspectiva opositiva, de distinção de significado, como em “faca” x “vaca”, por exemplo; • Há peculiaridades no que diz respeito ao comportamento dos sons da língua, como os ditongos fonéticos e os dígrafos vocálicos: “fizeram” = AM é um ditongo fonético; “cantam” = AN é um dígrafo vocálico. O que difere esses conceitos dos conceitos tradicionais de dígrafo e ditongo; • A fonologia possui conceitos importantes para a aquisição da escrita, como por exemplo os critérios de acentuação das paroxítonas que devem ser acentuadas quando terminam em ditongo crescente, como ocorre em “água”, por exemplo. 6 Morfologia No caso da morfologia, as aulas de Português muitas vezes se detêm somente nas classificações de classes de palavras ou nos processos de formação. Entretanto, não podemos esquecer que: 1. As palavras se constroem a partir de morfemas, que são unidades significativas; 2. Os morfemas, muitas vezes, mostram nossas heranças e contatos linguísticos; 3. Os morfemas mostram a produtividade de nossa língua, não só na criação de novas palavras como também na criação de sentidos que queiram ser ditos pelo falante; 4. Os processos de formação de palavras são produtivos e opõem-se, muitas vezes, à flexão (derivativo voluntaria x derivativo naturallis); 5. A categorização das palavras em classes gramaticais ajuda-nos a entender a função e a forma de cada uma das palavras, bem como seus usos no dia a dia da língua. Podemos estudar os substantivosem relação com as palavras que a ele se ligam, como artigos, adjetivos etc., a partir da noção de Sintagma Nominal. Determinantes • Pronome adjetivo (possessivo, demonstrativo, indefinido) • Numeral • Artigo Núcleo do SN • • • • - -6 • Substantivo • Pronome substantivo (pessoal) Modificadores • Adjetivo • Locução adjetiva 6. Há também que se discutir critérios de classificação das palavras, como nos mostra Maria da Aparecida de Pinilla, em seu artigo intitulado Classe de palavras (2011). Clique aqui para ver a tabela de Proposta de classificação com base nos três critérios. 7 Sintaxe Talvez seja a sintaxe a parte da gramática que mais amedronta nossos alunos, mas certamente porque não os ensinamos sintaxe como algo útil, que nos auxilia para a concordância, para a regência e, principalmente, para a pontuação. Não raro, as aulas de sintaxe se resumem à análise sintática e às classificações das diversas orações coordenadas e subordinadas. Entretanto, qual seria a validade disso na vida prática dos alunos? Quase nenhuma, se as análises tiverem um fim em si mesmas. A seguir, veremos alguns itens que precisamos fazer o aluno reconhecer. • A língua possui regras de combinação das palavras que devem ser sempre seguidas no uso formal;• O reconhecimento do sujeito, por exemplo, auxilia na concordância verbal; • O reconhecimento do núcleo do sintagma nominal auxilia na concordância nominal; • O reconhecimento dos termos sintáticos auxilia na pontuação, haja vista o aposto e o vocativo que vêm entre vírgulas; o adjunto adverbial descolado que também vem entre vírgulas etc.; • As orações coordenadas e subordinadas relacionam sentidos, operações argumentativas que deflagram as reais intenções do interlocutor; • O período composto/ complexo é fruto de pensamentos mais complexos, em gêneros textuais que o exigem etc. Podemos concluir que sem o conhecimento das regras formais do idioma, o aluno jamais poderá dar conta de textos menos e mais complexos do nosso dia a dia. Até a próxima! O que vem na próxima aula Na próxima aula, você vai estudar: • Tópicos em literatura brasileira. • • • • • • - -7 CONCLUSÃO Nesta aula, você: • Entendeu a importância do ensino de gramática; • Analisou diferentes teorias e metodologias a respeito do tema; • Verificou questões metodológicas para o ensino de leitura. Referências CAMPOS, Elenice de. Reflexões sobre o ensino da gramática. Disponível . Acesso em 28 mai. 2014.aqui PAGOTTO, Emilio. Desdemonizando o ensino de gramática. Disponível . Acesso em 28 mai. 2014.aqui PRESTES, Maria Luci de Mesquita. O ensino de gramática em uma perspectiva textual. Disponível . Acessoaqui em 28 mai. 2014. RODRIGUES, Marlon Leal; SOUZA, Antônio Carlos Santana de. Ensino de gramática. TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Ensino de gramática numa perspectiva textual interativa. Como tem sido o ensino da gramática nas escolas. Disponível . Acesso em 28 mai. 2014.aqui Linguista Ataliba T. de Castilho no Programa do Jô. Disponível . Acesso em 28 mai. 2014.aqui Prof. Evanildo Bechara no Programa do Jô. Disponível . Acesso em 28 mai. 2014.aqui • • • http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1155-4.pdf https://uab.ufsc.br/portugues/files/2011/05/em%c3%adlio.pdf http://www.filologia.org.br/vicnlf/anais/caderno02-03.html https://www.youtube.com/watch?v=9uyVA6CAlyw https://www.youtube.com/watch?v=l2wLaVQzOsQ https://www.youtube.com/watch?v=n8cTl53DXHU Olá! 1 Premissa 2 Ensino de Língua Portuguesa nas escolas brasileiras 3 Leitura – desejo ou obrigação? 4 Linguagem 5 Fonética e Fonologia 6 Morfologia 7 Sintaxe O que vem na próxima aula CONCLUSÃO Referências
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