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- -1 SEMINÁRIOS INTEGRADOS EM LÍNGUA PORTUGUESA TEORIAS DA LINGUAGEM – REVISÃO TEÓRICA - -2 Olá! Chegamos à nossa última aula da disciplina. Na aula passada, vimos como se dá o ensino de literatura e como devemos fazer para que nossos alunos se interessem por ela. Agora, vamos tratar de alguns tópicos relevantes de Teoria Linguística. Vamos começar resumindo historicamente algumas das principais teorias linguísticas. Não pense que vamos fazer isso nos mesmos moldes das disciplinas de Linguística estudadas até aqui. O que vamos fazer é dialogar com todas as disciplinas do curso no que diz respeito a esses conteúdos, mas com um olhar mais generalizado. Mãos à obra? Ao final desta aula, você será capaz de: 1 - Reconhecer a importância de algumas teorias linguísticas para o ENADE de Letras; 2 - Refletir sobre a importância de se entender esses processos; 3 - Relacionar teorias diferentes a respeito do tema; 4 - Verificar questões metodológicas para o ensino a partir dessas teorias. 1 A noção de ciência e a linguística como ciência interdisciplinar RESUMO Em outras palavras, precisamos construir para nós um saber caracterizado por ser um conhecimento produzido por outros e que nós de algum modo adquirimos, constituindo uma espécie de arquivo do conhecimento científico, do discurso da ciência. Conforme Guimarães e Orlandi (2006, p. 143), dois termos devem nortear, num primeiro plano, o processo do conhecimento via ciência: tradição e inovação. A distinção entre ambos deve ser clara e consciente, a fim de saber o que já foi produzido dentro de determinado domínio científico e, consequentemente, identificar o que pode ser um dado novo para a reflexão. Faz-se relevante conhecer e reconhecer quais teorias estão em voga, as que já estiveram, quais os possíveis pontos de contato entre elas, seus procedimentos, métodos, abordagens etc. Essa “erudição mínima necessária” parece ser condição para que alguém possa estudarsine qua non determinado campo do conhecimento. Sendo assim, fazer ciência envolve conhecer o que já foi produzido, a fim de embasar e solidificar aquilo que se descobre por meio de novas pesquisas fruto de descrições, análises, reflexões, conclusões etc. - -3 Considerando a linguística como ciência, deve-se distinguir a história da linguística da linguística histórica. 1. A primeira, segundo Faraco (1991), facilita a percepção mais ampla da construção da disciplina dentro da história. 2. A segunda deve ser “compreendida como a reflexão sobre as mudanças das línguas no eixo do tempo” desde o fim do século XVIII. Desde então, o linguista vê dois grandes períodos da linguística histórica: • 1786 De 1786 até a publicação do movimento dos neogramáticos em 1878 – método comparativo. • De 1878 até os dias de hoje – período de tensão entre uma linha imanentista, 1878 até hoje continuadora do pensamento neogramático que deságua no estruturalismo e, depois, no gerativismo. Hodiernamente, tende-se a considerar que os estudos linguísticos devem levar em conta várias teorias, pois há diversos pontos de contato. Um exemplo disso é que diversas teorias consideradas modernas, como o funcionalismo, só emergiram em vista de considerações a partir do estruturalismo de Saussure ou das concepções daqueles que tratavam da mudança linguística, entre outros. Atenção Assim, torna-se convincente o argumento de que é deveras importante conhecer várias teorias linguísticas – senão todas –, mesmo que incipientemente, a fim de que a pesquisa seja feita de maneira mais consciente e consistente. 2 O profissional O pesquisador/ professor precisa conhecer os diversos estudos sobre o tema, baseado nas diversas teorias linguísticas. Além de formar o estudioso crítico, desenvolve-se o que se chama de cultura linguística. Posteriormente, poder-se-á, além de escolher as teorias linguísticas com que se deve trabalhar, lidar com mais segurança e competência, pois se conhecem as raízes dos estudos daquele tema e seus problemas através da história. Atenção! Antes de avançar, a leitura destes textos é essencial: • Uma pitada de Saussure (http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon464/docs/a10_t5_1. • • Fique ligado Outra linha, fundada na sociolinguística e na dialetologia, que vê a mudança como articulada no contexto social em que os falantes estão inseridos. • - -4 • Uma pitada de Saussure (http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon464/docs/a10_t5_1. );pdf • As teorias funcionalistas (http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon464/docs/a10_t5_2. pdf). 3 Teorias funcionalistas Então, com a leitura do material em PDF, pudemos chegar a duas conclusões: A teoria funcionalista é recente e por isso ainda ocupa lugar de potencial destaque nos estudos linguísticos, por dialogar com teorias discursivas que consideram a língua um instrumento comunicativo e de interação; É outra teoria que oriunda de divergências e comparações com o estruturalismo de Saussure, uma vez que defende certas divergências com a escola saussuriana, principalmente no que concerne à língua, à arbitrariedade do signo (teorias da mudança), entre outros diversos aspectos. 4 As linguísticas enunciativas e discursivas – a concretização dos estudos da parole As linguísticas enunciativas possuem o fundamento comum de existirem em oposição à linguística da língua, com o desejo de estudar, principalmente, os fatos de “ ”.fala Por sua vez, as chamadas linguísticas discursivas pretendem realizar uma análise além dos limites da frase. As principais representações dessas teorias residem na análise da conversação, na análise do discurso e na linguística textual. Todavia, as origens dos estudos enunciativos reportam às primeiras décadas do século XX com Charles Bally e mas foram calados pela emergência da teoria estruturalista de Saussure, que passou aMikhail Bakhtin, dominar os estudos linguísticos na mesma época. • • Fique ligado Entende-se, canonicamente, por enunciação “este colocar em funcionamento a língua por um ato individual de utilização”, conforme Benveniste (1989, p. 82). Já Maingueneau (1998, p.53) afirma ser o “pivô da relação entre a língua e o mundo”. http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon464/docs/a10_t5_1.pdf http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon464/docs/a10_t5_1.pdf http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon464/docs/a10_t5_2.pdf http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon464/docs/a10_t5_2.pdf - -5 No que tange à análise da conversação, o texto de Grice (1975, apud Dascal, 1982, p. 81-103) inova os estudos linguísticos com a (http://estaciodocente.webaula.com.br/cursosteoria das máximas conversacionais /gon464/docs/a10_t7_1.pdf), tão relevantes para trabalhos posteriores de análise da conversação. Já os autores de Sistemática elementar para a organização da tomada de turnos para a conversa (p. 11- (http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon464/docs/a10_t7_2.pdf) tratam, seminalmente, da73) tomada de turnos na conversação: propõem, através de exemplos de gravações da fala espontânea, um modelo de regras corrente na conversação. O que há em comum entre ambos os textos é o fato de tomarem o texto falado como instrumento de análise e não darem conta do escrito. 5 Análise do Discurso de Linha Francesa Já a análise do discurso de linha francesa, além de analisar a língua em sua situação de uso, engloba outros fatores extralinguísticos tais como ideologia, cultura, política, o sujeito etc. A esse respeito, posicionam-se Paveau e Sarfati (2006, p. 202): O termo análise do discurso tem origem na tradução de , expressão construída pordiscourse analysis Harris (1952), que lhe dá o sentido de estudo da dimensão transfrástica, aproximadamente no sentido de linguística textual. De maneira geral, para os anglo-saxões, a análise do discurso corresponde à análise conversacional [...] [a escola francesa é] a disciplina que estuda as produções verbais no interior de suas condições sociais de produção. Essas são consideradaspartes integrantes da significação e do modo de formação dos discursos. A análise do discurso distingue-se da linguística textual, cujo objeto é o funcionamento interno do texto, e da análise literária que, mesmo considerando o contexto, não repousa sobre o postulado da articulação entre o linguageiro e o social. LEITURA Saiba mais Vale salientar que autores como Kato (1986), por exemplo, ainda o citam quase que quarenta anos depois de sua primeira publicação. - -6 Todavia, como doravante apresentado, a (http://estaciodocente.webaula.com.brLinguística Textual (LT) /cursos/gon464/docs/a10_t8.pdf) hodierna não se preocupa tão somente com o funcionamento interno do texto, uma vez que o conteúdo interno de um texto depende daquilo que ocupa o ambiente extralinguístico. A LT, em dado momento, propõe-se a investigar a constituição, o funcionamento, a produção e a compreensão dos textos em uso. Em relação à chamada escola francesa de análise do discurso, entende-se que nasceu do já relatado esforço de se criar uma linguística dos usos, da .parole Contudo, definir ou construir um histórico para tal linha de pesquisa constitui tarefa complexa, haja vista a variedade de aparato teórico e de contextos epistemológicos. Nessa perspectiva, a análise do discurso, bem como outras linhas de pesquisa, consolidou o diálogo da linguística com outras disciplinas, uma vez que envolveu o contexto, a situação de produção e, principalmente, o sujeito em sua análise. As já citadas Paveau e Sarfati, adeptas dessa escola, afirmam: Acrescenta-se às características da análise do discurso um posicionamento teórico particular: ela se apoia em disciplinas conexas no campo das ciências humanas (história, filosofia, sociologia, psicanálise, literatura etc.) disciplinas sobre cuja rejeição Saussure fundamenta sua concepção da ciência da linguagem. Isso explica uma das características fundamentais da análise do discurso: sua perspectiva transdisciplinar, que não descarta, entretanto, as exigências de rigor teórico e de competência linguística. COMENTÁRIO Certamente, a análise do discurso abriu caminhos para a análise dos fatos da língua em sua atividade. Todavia, carece ainda de aparato teórico mais consistente para fundamentar uma análise mais objetiva desses fatos – principalmente a escola francesa -, uma vez que constitui disciplina que dialoga com tantas outras e observa o sujeito falante, pensante, ator, (ir)responsável por seus atos etc., ou seja, tão complexo. Saiba mais Leia o seguinte artigo: Leia o artigo Teorias Linguísticas Assista aos seguintes vídeos: • Princípios gerais da Linguística - com Cristina Altman (USP). • Curso de Linguística geral por Ferdinand de Saussure. Disponível . Acesso aqui em 12 jun. 2014. • Enunciação (1) - Conceito de enunciação. Disponível . Acesso em 12 jun. aqui 2014. • Cursos livres Univesp TV - Enunciação 2/5. Disponível em . Acesso em 12 aqui • • • • https://www.youtube.com/watch?v=cirsi3UdnT8 https://www.youtube.com/watch?v=RQzJaFYiqhc https://www.youtube.com/watch?v=POa4RuzCSRM&index=3&list=PLay4A7y0dNL-Nqrz7_I3P39_LN3tbMtVp - -7 CONCLUSÃO Nesta aula, você: • Entendeu a importância das teorias linguísticas; • Analisou diferentes teorias e metodologias a respeito do tema. Referências AREAS, E. K, & MARTELOTTA, M. E. A visão funcionalista da linguagem no século XX. In: CUNHA, M. A. F. et. al (org.). Linguística funcional: teoria e prática. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. BENTES, A.C. Linguística Textual. In: BENTES, A.C. & MUSSALIM F. (org.). Introdução à Linguística, domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez Editora, 2007. BENVENISTE, E. Problemas de linguística geral I e II. Campinas: Pontes, 1989. FARACO, C.A. Linguística Histórica: uma introdução ao estudo da história das línguas. São Paulo: Ática, 1991. GADET, F. Saussure. Une science de la langue. Paris: PUF, 1996. In: PAVEAU, Marie-Anne; SARFATI, Georges-Élia. As grandes teorias da linguística: da gramática comparada à pragmática. Trad. M.R. Gregollin et al. São Carlos: Claraluz, 2006. GRICE, Paul. Lógica e Conversação. In: DASCAL, M. (Org.) Pragmática: problemas, críticas, perspectivas da Linguística. Bibliografia, v.4. Campinas: Instituto de Estudos da Linguagem /UNICAMP, 1982. GUIMARÃES, Eduardo; ORLANDI, Eni P. O conhecimento sobre a linguagem. In: PFEIFFER, C.C.; NUNES, J.H. Linguagem, História e conhecimento. São Paulo: Pontes, 2006, p. 143. • Cursos livres Univesp TV - Enunciação 2/5. Disponível em . Acesso em 12 aqui jun. 2014. • Cursos livres Univesp TV - Enunciação 3/5. Disponível . Acesso em 12 jun. aqui 2014. • Cursos livres Univesp TV - Enunciação 4/5. Disponível . Acesso em 12 jun. aqui 2014. • Cursos livres Univesp TV - Enunciação 5/5. Disponível . Acesso em 12 jun. aqui 2014. • • • • • • https://www.youtube.com/watch?v=POa4RuzCSRM&index=3&list=PLay4A7y0dNL-Nqrz7_I3P39_LN3tbMtVp https://www.youtube.com/watch?v=XbZOViCEfNg&index=4&list=PLay4A7y0dNL-Nqrz7_I3P39_LN3tbMtVp https://www.youtube.com/watch?v=KIykAt4PdrM&index=5&list=PLay4A7y0dNL-Nqrz7_I3P39_LN3tbMtVp https://www.youtube.com/watch?v=i4v6iWWHG48&index=6&list=PLay4A7y0dNL-Nqrz7_I3P39_LN3tbMtVp - -8 HARVEY, Sacks; SCHELGLOFF, Emanuel a.; JEFFERSON, Gail. 1974. Sistemática Elementar para a organização da tomada de turnos para a conversa. Veredas - revista de estudos linguísticos, v7. Juiz de Fora, MG: Editora UFJF, 2005. KATO, Mary A. Funcionalismo em Sintaxe. v. 14. São Paulo: Delta, 1998. Disponível . Acesso em 12 jun. 2014.aqui ______. No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística. São Paulo: Editora Ática, 1986. MAINGUENEAU, D. Os termos-chave da análise do discurso. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1998. NEVES, M. H. de M. A gramática funcional. 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