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Juliana Vieira Queiroz Almeida Nutrição e Saúde 7º período – turma 2 Profº Natã Andrade Sumário Nutrição e Saúde .......................................................................................................................................................... 2 Introdução ....................................................................................................................................................................... 2 Desnutrição...................................................................................................................................................................... 2 Terapia nutricional ............................................................................................................................................................. 3 Sondas ........................................................................................................................................................................... 5 Tolerância e infusão e inserção ............................................................................................................................................... 6 Legislação........................................................................................................................................................................ 7 Técnicas de administração da nutrição enteral ............................................................................................................................ 7 Complicações mecânicas gastrointestinais, metabólicas, infecciosas, respiratórias e psicológicas da nutrição enteral ........................................ 9 Critérios de Seleção de Fórmulas para NE .............................................................................................................. 10 Introdução ..................................................................................................................................................................... 10 Nutrientes ..................................................................................................................................................................... 11 Cálculos - Dietas enterais .................................................................................................................................................. 13 Características das Dietas enterais ....................................................................................................................................... 13 Nutrientes Condicionalmente Essenciais ................................................................................................................. 15 Introdução .......................................................................................................................... Erro! Indicador não definido. Juliana Vieira Queiroz Almeida Nutrição e Saúde Introdução Conceitos, indicações, técnicas de administração e vias de acesso da nutrição enteral serão vistos nesse primeiro momento. Estado nutricional - O estado nutricional ótimo representa o equilíbrio entre o consumo e a demanda. - O consumo de nutrientes é composto pela: ▪ Ingestão ▪ Absorção - A demanda, ou seja, as necessidades nutricionais são determinadas pelo: ▪ Crescimento ▪ Estresse, por doenças presentes ▪ Manutenção e bem-estar Terapia Nutricional - É um conjunto de procedimentos terapêuticos empregados para manutenção ou recuperação do estado nutricional por meio de nutrição parenteral, enteral e/ou oral, sendo a via oral sempre preferencial quando possível Desnutrição Risco de Desnutrição - “Dieta Denuncia Risco” foi um estudo realizado com um método minemônico visando identificar fatores relacionados à desnutrição intrahospitalar e correlacionar com maior morbi-mortalidade - Fatores / Causas: ▪ Desatenção da equipe que assiste ao paciente ▪ Inadequação da dieta a necessidade ▪ Estresse metabólico (hipercatabolismo) ▪ Trauma, sepse, pós-operatório, etc ▪ Transtornos Psiquiátricos ▪ Depressão, alterações do comportamento, transtorno alimentar (anorexia nervosa), alcoolismo ▪ Alterações que afetam a deglutição ▪ Disfagia, boca seca, dentição incompleta ou em precárias condições, lesões de mucosa na cavidade oral ▪ Doenças e respostas inflamatórias ▪ Doença inflamatória intestinal, síndrome do cólon irritável, citocinas, etc ▪ Endocrinológicas ▪ Hipertireoidismo, feocromocitoma, diabetes mellitus (neuropatia), insuficiência adrenal, hipotireoidismo ▪ Neurológicas ▪ Neuropatia autonômica, acidentes vasculares cerebrais, etc ▪ Uso de medicamentos ▪ Neoplasia ▪ Cognição reduzida e ou alterada: demência, sedação ▪ Insuficiência de sistemas e órgãos ▪ Cardíaca: caquexia cardíaca ▪ Intestinal: síndrome do intestino curto, síndromes de má-absorção ▪ Pulmonar ▪ Pancreática ▪ Renal: pacientes em programas de substituição renal – hemodiálise, diálise peritoneal ▪ Hepática: hepatite crônica, cirrose ▪ Alterações da Capacidade Funcional ▪ Incapacidade de se alimentar sozinho e ou de preparar alimentação ▪ Doença pulmonar obstrutiva crônica: dispneia ▪ Doença arterosclerótica: dispneia e dor torácica ▪ Reumatológicas ▪ Artrite reumatoide ▪ Lúpus eritematoso sistêmico ▪ Osteoartrite ▪ Síndrome Sjogren ▪ Infecções crônicas ▪ Tuberculose ▪ Osteomielite ▪ Endocardite subaguda ▪ Abscesso pulmonar ▪ AIDS ▪ Socio-econômicas ▪ Baixa renda ▪ Grau de escolaridade ▪ Isolamento social ▪ Crenças ▪ Restrições alimentares por motivos religiosos ▪ Obstrução e fístulas do trato gastrointestinal Subnutrição intra-hospitalar - Incidência: 35-60% - Prevalência América Latina: 50% - Prevalência Brasil: 48-55% Juliana Vieira Queiroz Almeida Abaixo vemos: - Um gráfico sobre a Prevalência da desnutrição hospitalar no Brasil - Um gráfico sobre a Desnutrição hospitalar por regiões do Brasil - Um gráfico sobre a prevalência da desnutrição hospitalar em relação ao período de internação. Avaliação da desnutrição - Atualmente o IMC é o método indicado pela OMS para diagnóstico populacional de avaliação do estado nutricional. ▪ Apesar da fragilidade do método, por exemplo em diferenciar massa magra de tecido adiposo, ainda assim é muito utilizado por ser de fácil acesso ▪ IMC = peso (kg) \ altura2 (m) ▪ Segundo a OMS, um paciente eutrófico é aquele que possui o IMC entre 18,5 e 24,9 kg\m2 - Existem cálculos de peso teórico (PT) que determinam uma faixa saudável de variação de peso – PT mínimo: altura2 x 18,5 \ PT médio: altura2 x 21,7 \ PT máximo: altura2 x 24,9 IBRANUTRI - É um estudo referência de desnutrição intra-hospitalar ▪ 51,9% eutróficos ▪ 35,5% de desnutrição moderada ▪ 12,6% de desnutrição grave - Estados mais ao sul apresentaram melhores indicadores comparados aos estados mais ao norte - Diagnóstico de causas de tal condição são associados ao diagnóstico de desnutrição: ▪ Alta rotatividade dos funcionários da equipe de saúde ▪ Peso e altura não aferidos resultando em desnutrição não identificada ▪ Não observação da ingestão alimentar dos pacientes ▪ Se deve observar os diabéticos, adequações gerais. ▪ Intervenção cirúrgica em pacientes desnutridos sem reposição nutricional ▪ Não houve adequação da dieta → não tem como reparar a condição ▪ Uso prolongado de soros por via parenteral ao lado de dieta Zero, como jejum pré-operatório ▪ Muito frequente em pacientes que serão submetidos a exames / procedimentos que precisam de jejum, sendo que ele deve esperar a liberação da máquina / leito → fica de jejum por tempo prolongado. ▪ Pode ocorrer de ficar até 2 dias sem alimentação, aguardado cirurgia ▪ Ausência de terapia nutricional em estados hipermetabólicos ▪ Demanda nãoé suprida. ▪ Retardo no início da terapia nutricional ▪ Não propõem por não saber ou não ter experiencia. ▪ Muitos familiares recusam tratamento por sonda por associarem a morte / mau prognóstico. ▪ A sonda é uma intervenção associado a vida, não a morte → explicar aos pacientes e familiares. Terapia nutricional Quando indicar a Terapia Nutricional? - Existência de desnutrição prévia ▪ Forte indicação. ▪ Cada hospital tem seu próprio protocolo. - Oferta energética inadequada por via oral - Falência de órgãos ou sistemas ▪ Quanto total só nos resta a via parenteral. Terapia Nutricional Enteral - Resolução da Secretaria de Vigilância Sanitária (2006) ▪ “Alimento para fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes, na forma isolada ou combinada, de composição definida (industrializados) ou estimada (artesanais), especialmente formulada e elaborada para uso por sondas ou via oral, industrializado ou não, utilizado exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme suas necessidades nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial e domiciliar, visando a Juliana Vieira Queiroz Almeida síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas” ▪ Forma isolada: ▪ Módulo. ▪ Whey isolado: só proteína → reposição da carga proteica ▪ Caseína. ▪ A velocidade de absorção das proteínas realmente altera, sendo estudado na termogeinicidade → todo alimento tem uma necessidade energética para ser quebrado → a proteína é a que pede mais esforço digestivo, aumentando o esforço do corpo no processo digestivo. ▪ As hidrolisadas já são pré- digeridas, com menor esforço. ▪ Proteínas intactas: vão demandar um processo digestivo maior e mais completo, demorando mais para ser quebrada e absorvida. ▪ Combinado ▪ Tem um pouco de carboidrato, dependendo também de como anda a alimentação do paciente. ▪ Uma dieta não adequada favorece infecções, rejeições de órgãos, entre outros. ▪ Manter é muito mais fácil que recuperar: se você toma Whey e parar a atividade física, por exemplo, você para recuperar é muito mais difícil. ▪ Óleo de coco ou TCM: não passa pelo TGI. Alto teor de gordura saturada, que é associada a cardiopatia, sendo recomendado para quem tem gasto energético mais acentuado. Processo digestivo - Macronutrientes → dissacarídeos → quebradas pela maltase, etc → monossacarídeos → absorvidos na forma de glicose, frutose, etc. - Lipídeos (triglicerídeos) → glicerol + 3 A.G. → quebrado no nível duodenal com ajuda da vesícula biliar que faz emulsificação (desconstrói, dissolve, desconjuga) → aumenta a superfície de contato facilitando o processo digestivo → lipases → formação de micelas. - Proteínas → suco gástrico faz desnaturação das proteínas → ela é quaternária e se torna linear para facilitar a quebra. ▪ Convertida em aa., dipeptídeos e tripeptídeos, sendo os últimos dois as melhores formas de absorção. OBS: a dieta para sonda tem um gosto muito ruim, não devendo ser utilizada por via oral. OBS: A fono é quem fala se pode via oral e qual a consistência adequada. Conceitos - Administração de nutrientes pela via digestiva fisiológica através do artifício de sondas - Fornecimento de alimentos sob a forma líquida, diretamente no estômago ou intestino delgado através de cateteres ▪ Estômago: tolera grandes volumes e possui maior tolerância a osmolaridade ▪ Intestino: não tolera grandes volumes e possui pior tolerância a osmolaridade. Entretanto evita refluxo e pneumonia aspirativa Objetivos - Entender quais as indicações e contraindicações da terapia nutricional enteral (TNE) - Planejar e selecionar a melhor via de acesso na TNE - Conhecer métodos modernos de administração da nutrição enteral Indicações de Nutrição Enteral: - Pacientes que não satisfazem suas necessidades nutricionais com a alimentação convencional - Que possuam a função do trato intestinal parcial ou totalmente íntegra ▪ Uma forma de avaliar o funcionamento intestinal é pela presença de ruídos hidroaéreos ▪ A falência já é indicação absoluta de parenteral - Desnutrição energético-proteica com diminuição da ingestão oral por pelo menos 17 dias - Diminuição da ingestão oral por 10 dias - Disfagia grave ▪ Alteração / dificuldade grave de deglutir. ▪ Geralmente acompanhada de odinofagia, digelsia (perda da percepção de cheiro e sabores) - Ressecção maciça de intestino delgado (em combinação com nutrição parenteral total) - Fístula enterocutânea de baixo débito (<500 ml/dia) ▪ Ainda se mantém a enteral, sendo que a perda maior leva a contraindicação. ▪ Ela não nutre, mas está indo para outras vias, sendo perigoso. - Utilização por pelo menos 5 a 7 dias ▪ Sondar o paciente não é simples, mas é traumático, estimula tosse, vômito, sendo difícil. ▪ Risco de sondar pulmão é real. - Previsão de jejum superior a três dias em pacientes críticos ▪ Na maioria das vezes relativas e temporárias - Abaixo vemos exemplos de indicações na literatura. ▪ Depressão vinculada a má alimentação, adinamia, perca de peso, etc. - Abaixo vemos as contraindicações ▪ Podem ser relativas ou transitórias (temporárias) Juliana Vieira Queiroz Almeida ▪ Tem que pensar até que ponto vale a pena sondar o paciente. ▪ Custo x benefício Sondas Sondas utilizadas - Nomenclatura ▪ Nasoentérica: sonda de passar dieta (prática clínica) X ao posicionamento da sonda (literatura) ▪ Sonda gástrica: de gavagem, para fazer lavagem (prática) X ao posicionamento da sonda (literatura) - Silicone ou polivinil (biocompatibilidade) ▪ Comprimento: 76 a 109 cm – posicionamento da sonda medido por noções anatômicas ▪ Diâmetro: 8 a 14 na escala de French ▪ Quanto maior o diâmetro melhor, porque menor o risco de obstrução (teria que tirar e colocar de novo, não sendo ideal). ▪ Em caso de obstrução, a indicação da literatura para tentar desobstruir é utilizar coca-cola ou suco de mamão ▪ Peso de tungstênio ou silicone a fim de guiar a sonda, sendo que o fio guia tende a enrijecer ela, facilitando a passagem. ▪ A sonda inferior na imagem à cima é de estomia, sendo que o balão ajuda ela a ficar posicionada entre o abdome e o estômago. Seleção do tipo de sonda - avaliação do paciente - Doença de base: tem o período máximo recomendado, se não ela gera complicações ▪ Dependendo se usa estomia, caso já se saiba que ela será necessária por mais tempo. - Anatomia do TGI (cirurgias anteriores) - Função e motilidade gástrica e intestinal - Tempo de duração estimado Qual via escolher? - Sempre que o intestino estiver funcionando, use-o. ▪ Favorece a manutenção da arquitetura (integridade da histologia do tecido, inclusive suas vilosidade) e microbiota intestinal ▪ Se integro, a microbiota não tende a invadir outras regiões ▪ Modula o sistema imunológico intestinal ▪ Produção de IgA: combate a agressores virais, bacterianos, entre outros ▪ Menor incidência de complicações infecciosas em pacientes cirúrgicos ▪ Probióticos no pré-cirúrgico pode minimizar ou evitar a migração Posicionamento da sonda - Orogástrica: sonda da boca ao estômago. ▪ Questões respiratórias e vias preferenciais, além de diâmetro de narina ▪ Mais utilizado em recém-nascidos - Nasogástrica: sonda do nariz ao estômago. Via preferencial para sonda ▪ Porém existe uma tendência de não utilizar o estômago como porção final da sonda pelo risco de refluxo ▪ Entendida como sonda de gavagem na prática. - Nasojejunal (nasoentérica): na posição póspilórica. ▪ Utilizam-se sondas mais longas ▪ Entendida como sonda nasoentérica, para dieta, mas não necessariamente em região pós- pilórica. - Estomias (gastrostomia e jejunostomia) ▪ Procedimento cirúrgico onde o cateter éposicionado diretamente no estômago ou na porção jejunal do intestino delgado. ▪ É indicado em casos que a nutrição enteral será prolongada (>8 semanas). Juliana Vieira Queiroz Almeida ▪ Vantagens ▪ Uso de maiores calibres (15 a 28 French): mais confortável a infusão da dieta ▪ Menor risco de entupimento e aspiração ▪ A solução para evitar complicações as vezes é mais simples do que pensamos. Algumas vezes evitar estase e refluxo é feita elevando a cabeceira do paciente em 45º ▪ Indicações para estomias: ▪ Desordens neurológicas que prejudicam a deglutição; ▪ Paralisia cerebral: dificuldade de deglutição por dano neurológico. ▪ Alterações cognitivas e de nível de consciência; ▪ Obstrução mecânica; ▪ Falência parcial da função intestinal, necessitando de suplementação. ▪ É importante saber as vantagens e desvantagens ▪ Variam de acordo com a localização gástrica e duodenal / jejunal ▪ Gastrostomia de nutrição\ Gastrostomia endoscópica percutânea: ▪ Procedimento fácil e rápido ▪ Anestesia local ▪ Feito à beira do leito ▪ Mortalidade baixa ▪ Contraindicações ▪ Cirurgia abdominal prévia ▪ Obesidade e discrasias sanguíneas (leucopenia, agranulocitose ou anemia aplásica). ▪ Ascite e hipertensão portal ▪ Jejunostomia ▪ Procedimento igual ao da gastrostomia, com modificações apenas quanto ao posicionamento da sonda: ▪ Cirurgia convencional, endoscopia, videolaparoscopia ou fluoroscopia. ▪ Complicações: deslocamento da sonda, aspiração e oclusão. ▪ Localização da extremidade distal da sonda. ▪ Gástrica: quando há função preservada do estômago; sem demora no esvaziamento; sem obstrução e sem fistula. ▪ Antes da infusão da próxima dieta, é importante aspirar a sonda para avaliar estase, podendo mensurar o conteúdo em ml ou em % do último volume administrado ▪ Entérica: quando há presença de obstrução gástrica; gastroparesia; pacreatite; e refluxo (risco de aspiração). ▪ Jejunal: sonda gastrojejunal com duplo- lúmen – uma sonda em espiral que é introduzida na sonda gástrica; possui extremidade distal em forma de espiral, de forma a facilitar a passagem pelo piloro e a fixação no intestino delgado. Utilizada para descompressão gástrica ▪ Vantagens e desvantagens da localização gástrica e duodeno\jejunal: Tolerância e infusão e inserção Tolerância - Ao indicar a nutrição enteral é importante fazer a introdução gradativa do volume, avaliando a tolerância. - A tolerância gástrica é melhor e requer menos atenção quando comparada à intestinal Tipos de infusão - Infusão por gotejamento - Bomba de infusão contínua: não é a condição que mais se trabalha, mas, eventualmente, é necessária diante da alta demanda do paciente - Infusão por bôlus Juliana Vieira Queiroz Almeida Tipos de sonda, métodos de inserção e uso clínico Inserção da sonda: - A beira do leito - Localização pode ser feita por auxílio de endoscópio ou fluoroscópio (radiografia abdominal) - A ausculta do fluxo de ar no abdome superior e a medida do pH do fluxo aspirado são inconclusivas - Sonda entérica – inserida com o auxílio da endoscopia digestiva - Abaixo podemos uma inserção correta no estômago - Abaixo vemos uma inserção correta no jejuno Complicações na inserção: não são comuns, porém existem - Pneumotórax; - Empiema (acúmulo de pus em uma cavidade qualquer do organismo); - Mediastinite; - Perfuração esofágica; - Sangramento e perfuração gástrica; - Lesão de dentes - Lesão traqueo-brônquica; - Arritmias, por estimulação vagal. - Complicações tardias relacionadas ao tempo prolongado de utilização de sondas nasoenterais ▪ Abaixo Legislação Resolução RCD Nº 63 (06\07\2000) da ANVISA e Portaria SVS/MS No 272/1998 do Ministério da Saúde: - Fixam os requisitos mínimos, estabelecem as boas práticas e definem a obrigatoriedade de uma equipe multidisciplinar de terapia nutricional (EMTN) Técnicas de administração da nutrição enteral Bolo: - Sentado ou reclinado 45°; - Tempo de administração médio é de 2 a 6 min / 15 min (é o tempo de cantar “parabéns para você”) - Injeção com seringa; ▪ 100 a 350mL (300mL) de dieta no estomago; ▪ 3 a 8 vezes/dia (a cada 3 a 6h) Juliana Vieira Queiroz Almeida ▪ Aumento de 60 a 120mL a cada 8 a 12 horas, de acordo com a tolerância; ▪ Sempre começar com volumes pequenos e fazer uma progressão de volume de acordo com a tolerância do paciente ▪ Não pode sobrecarregar o coração do paciente, sendo que os vasos do corpo como um todo tem que se adaptar ▪ Precedida e seguida por irrigação da sonda com 20 a 30mL de água potável ou fervida (importante), técnica conhecida como flush ▪ Esses volumes contabilizam na necessidade hídrica do paciente (em geral, até 40 ml por kg de peso) ▪ Não realizar o flush com soro fisiológico, porque ele é hiperosmótico podendo induzir diarreia e podendo cristalizar e predispor ao entupimento da sonda ▪ É uma técnica relativamente confortável Intermitente gravitacional - Utiliza a força da gravidade; - Tempo de administração médio é de 30 a 45 min; - Volume de 50 a 500mL (100 a 300mL) administrado por gotejamento; - 60 a 150mL/h a cada 4 a 6 horas; (?) - 3 a 8 vezes/dia; - Aumento de 60 a 120mL a cada 8 a 12 horas de acordo com a tolerância; - Precedida e seguida por irrigação da sonda – flush (20 a 30mL de água potável ou fervida); - Método que mais mimetiza o funcionamento normal. Entretanto, dietas artesanais, em geral, dificultam atingir uma consistência suficiente para permitir o gotejamento - O volume é colocado em um container e fica gotejando na velocidade estipulada Infusão contínua (BIC) - Utiliza bomba de infusão; - 25 a 150 mL/hora; - Iniciar com 10 a 40mL/h com aumentos de 10 a 20 mL a cada 8 a 12h, conforme tolerancia. - 24hs - Administrada no estomago, jejuno e duodeno; - Interrompida de 6 a 8 horas para irrigação da sonda com 20 a 30 mL de água potável ou fervida (importante) - Dietas são administradas em temperatura ambiente, devendo ser retiradas da geladeira 30 minutos antes da administração, visto que temperaturas extremas aumentam o peristaltismo Técnicas de administração – Medicamentos - Não adicionar a medicação diretamente na sonda; - Administrar as medicações separadamente; - Dar preferência a formas líquidas, quando possível; - Macerar o comprimido e misturar em água fervida em temperatura ambiente; - No caso de cápsulas, abrir e misturar o pó em água fervida em temperatura ambiente; - Lavar a sonda com 15mL de água antes e após administrar a medicação; - Quando houver interação droga-nutriente, interromper a dieta enteral por 30 min após a administração da medicação. Dose e Velocidade de Administração - Nasoenteral (Câmara gástrica): ▪ Velocidade e tonicidade da dieta (osmolaridade) são de avaliação secundária ▪ Tolera grandes volumes: até 500mL de 3 a 4 h. ▪ Verificar resíduos gástricos (> 200mL na nasoenteral ou > 100mL na gastrostomia, associado a desconforto, indicam investigação radiológica imediata; na ausência de desconforto, aguardar 1h e reavaliar) ▪ No caso de Administração intermitente: iniciar com 100ml: aumentar a cada 24/48h ▪ No caso de administração contínua: iniciar 25 a 30mL/hora/dia até 100 a 150 mL/h. - Nasoenteral (Duodeno e Jejuno) ▪ Observar o gotejamento: cólica e diarreia. ▪ Via preferencial nos casos de gastroparesia, retardo no esvaziamento gástrico, alto risco de aspiração e pós-operatório imediato. ▪ Iniciar: fórmula diluída à razão 50 mL/h ▪ Na ausência de efeitos colaterais: aumentar até 25 a 50mL/h/dia até volume final necessário. Sistemas de administração - Aberto ▪ Embalagens que permitem manipulação da dieta. ▪ Dieta requer manipulação prévia à sua administração ▪ Infusão contínua ou intermitente.▪ O gotejamento da dieta é do tipo gravitacional. - Fechado ▪ Embalagens hermeticamente fechadas de nutrição enteral estéril, pronta para o uso, conectada diretamente no equipo acoplado à bomba de infusão. ▪ Dieta não requer manipulação prévia à sua administração e a infusão é contínua. ▪ Atualmente existem sistemas fechados e estéreis para gotejamento da infusão intermitente gravitacional, não sendo esse sistema relacionado exclusivamente com a BIC Juliana Vieira Queiroz Almeida Classificação das fórmulas enterais Modo de preparo - Artesanal: dieta preparada com alimentos in natura - Industrializada: pó ou líquida, sistema aberto ou fechado ▪ Dietas industrializadas em pó para constituição: ▪ Pacotes hermeticamente fechados; ▪ Porções individuais de 60 a 90g; ▪ Lata 400g; ▪ Necessitam ser reconstituídas em água ou em outro líquido. ▪ Dietas industrializadas líquidas semiprontas: ▪ Dietas prontas ▪ Latas ou frascos de vidro com 230 a 260 mL ▪ Servem para um horário de dieta. ▪ Dietas industrializadas prontas: ▪ Já apresentam envasadas; ▪ Adicionadas em frascos de vidro ou bolsas próprias; ▪ 500 e 1000mL; ▪ Diretamente acopladas no equipo. - Módulos: nutrientes isolados ▪ Módulo de proteína ▪ Módulo de carboidrato ▪ Módulo de lipídeo (TCM) ▪ Módulo de glutamina ▪ Módulo de arginina ▪ Fibra solúvel ▪ Os únicos módulos in natura são polvilho e óleo vegetal Complicações mecânicas gastrointestinais, metabólicas, infecciosas, respiratórias e psicológicas da nutrição enteral Há um menor número de complicações quando comparado à Nutrição Parenteral (NP), por ser mais fisiológica e tecnicamente mais simples de ser administrada. Podem ser prevenidas com medidas rotineiras adotadas pela Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN) Mecânicas - A maioria estão relacionadas ao tamanho, posição e tipo de sonda utilizada. - Desconforto nasofaríngeo, sinusite ▪ Como quadro mecânico resultante do atrito e não decorrente de infecção ▪ Estão relacionadas à intubação prolongada e uso de sondas calibrosas de plástico ou borracha. ▪ O tratamento proposto é gelo, anestésicos local e descongestionantes (minimiza os efeitos colaterais). - Obstrução ▪ Decorrente de resíduos alimentares ou acúmulo de medicamentos; pequeno calibre; Ph ácido; densidade calórica (determina a espessura da dieta) e presença de fibras. ▪ A prevenção pode ser feita com o flush - 30mL de água fervida a cada 4h. ▪ Desobstrução: ▪ Coca cola ou papaína (suco de mamão). - Erosão da mucosa esofágica ou gástrica ▪ Raramente são graves, uma vez que a maioria das sondas são flexíveis Gastrointestinais - São as que ocorrem com maior frequência; - Estão relacionadas à velocidade de administração; volume; e osmolaridade da dieta - Náuseas, vômitos, distensão abdominal, diarreia, cólicas, constipação (todas mecânicas) ▪ Diarreia ▪ Mais de 3 episódios de evacuações líquidas ou semilíquidas volumosas ao dia. ▪ Pode estar relacionada a/ao: ▪ NE e fórmula: temperatura, composição (lactose) ou contaminação da dieta, osmolaridade da fórmula, velocidade de infusão, posição da sonda ▪ Paciente: hipoalbuminemia, má- absorção, processos infecciosos, intolerância a medicamentos (antiabioticoterapia, drogas que contém magnésio). ▪ Temperaturas extremas estimulam o peristaltismo, sendo a temperatura ambiente mais indicada para a administração de dietas ▪ A lactose pode provocar diarreia por osmolaridade ▪ Quanto mais hidrolisado o alimento, em geral, maior a osmolaridade e maior o risco de diarreia quando a sonda tem posicionamento pós jejunal ▪ A alta velocidade de infusão pode gerar náuseas Juliana Vieira Queiroz Almeida ▪ Obstipação: tratada com a oferta de dieta rica em fibras insolúveis e aumento da oferta de líquidos ▪ Distensão abdominal \ cólicas: a conduta é reduzir o gotejamento da dieta, reduzir o volume da dieta e retirar lactose ▪ Náuseas e vômitos: a conduta é reduzir lipídios da dieta, reduzir a velocidade de infusão da dieta, reduzir o volume e progredir lentamente a dieta, reposicionar a sonda transpilórica e infusão lenta ▪ Lipídios estimulam colecistoquinina e enterogastrona retardando o esvaziamento gástrico e levando a essa condição de náuseas e vômitos - Dieta ▪ Fibras insolúveis: absorvem água apenas para o meio, umedecendo as fezes e melhorando o trânsito intestinal. ▪ Fibras solúveis: absorvem água para o meio e para si mesma, formando um gel e podendo ressecar mais as fezes - Metabólicas ▪ Desidratação hipertônica (principal); ▪ Dietas com alta osmolaridade diretamente no jejuno. ▪ Alterações: hidroeletrolíticas, hiperglicemia, hipofosfatemia, hipercalemia (alta osmolaridade). ▪ Prevenção: seguimento clínico e laboratorial. - Infecciosas ▪ Gastroenterocolite; ▪ Contaminação microbiana: pode ocorrer no momento do preparo, nos utensílios utilizados ou na administração. ▪ Equipos e contêineres: devem ser trocados a cada 24h. - Respiratórias ▪ Aspiração Pulmonar com síndrome de Mendelson (pneumonia química). ▪ Pneumonia infecciosa. - Psicológicas ▪ Auto imagem prejudicada → causa → ansiedade, depressão, inatividade e insociabilidade ▪ Falta de estímulo ao paladar (sede e boca seca); ▪ Monotonia alimentar (horários fixos). Critérios de Seleção de Fórmulas para NE Introdução A seleção de fórmulas enterais é uma atividade complexa. - Requer: acompanhamento da capacidade digestiva e absortiva do paciente; e conhecimento da fonte e da forma do substrato nutricional da dieta enteral. Avaliação do paciente: - Avaliação do Estado Nutricional - Conhecer comportamento alimentar atual - Diagnóstico nutricional: estadiamento - Plano nutricional e intervenção - Segmento e reabilitação nutricional Conhecimento dos nutrientes e suas características - Existem centenas de opções de fórmulas comerciais disponíveis para nutrição enteral: ▪ Fórmulas para condições gerais. ▪ Fórmulas específicas para certas patologias ou condições metabólicas: câncer , cicatrização de feridas Caracterização das mais diversas dietas enterais: - Forma de apresentação: pó e líquido - Densidade Calórica - Osmolalidade / Osmolaridade - Isentas de lactose: muito fermentativa, carboidrato de digestão mais lenta (lactase é uma das ultimas enzimas a serem produzidas), leva a produção de gases e estufamento - Isentas de sacarose: para o diabético contribui para o estado hiperglicêmico, assim como pacientes internados ▪ Internação: costuma haver muitos hormônios que levam a resistência a insulina - Isentas de glúten - Imunomoduladoras ▪ Ômega-3: é um A.G. essencial, que em compõe membranas celulares, gerando substratos como EPA e DHA, sendo seu destino final tromboxanos com efeitos antiinflamatórios; inverso de ômega 6 que gera tromboxanos de família par, que são pró-inflamatórios. ▪ Nucleotídeos: neogênese celular e vascular, toda reconstrução tecidual, necessária de reparo. Oferta desse faz com que seja menos oneroso à célula ▪ Glutamina: fonte preferencial de energia para enterócitos ▪ Arginina: papel essencial em células T - Intactas ou hidrolisadas. Juliana Vieira Queiroz Almeida - Comuns (livres, completas em termos de macro e micronutrientes) ou especializadas (ausência de nutrientes para atender necessidades de doenças específicas) Dietas especializadas - Dietas para nefropatas: depende do tipo de nefropatia, restrição de sódio, potássio, fósforo, pois pode haver acúmulo desses minerais - Dietas para hepatopatas: geralmente consiste na redução de lipídeos ▪ Há formulas para cefalopatias - Dietas para diabéticos: redução de :carboidratos e açúcares e alimentos que aumentam a resistência insulínica ▪ Há formulas para condições de intubação, por exemplo - Dietas parainsuficiência respiratória e DPOC - Dietas para síndromes de má-absorção - Nutrientes ROADMAP - Centenas de opções existentes de fórmulas, módulos, nutrientes e forma de apresentação; - Imperativo: ▪ Estabelecer uma linha de raciocínio clara e lógica, pautada nas bases conceituais e prática clínica. ▪ Apresentação do racional “ROADMAPS” – Direciona a tomada de decisão - Processo RoadMap TN: abaixo - RoadMap: seleção de nutrientes – abaixo Nutrientes Proteínas - A qualidade proteica depende do perfil dos aminoácidos; - 40% de aminoácidos essenciais (mínimo): para que se consiga promover anabolismo anabolismo; ▪ Proteínas animais tem um perfil aminoácidico mais interessante, sendo as vegetais com aminoácidos limitantes (ausência de algum ou quantidade insuficiente) ▪ Vegetarianos: tem que complementar com vários tipos de comidas vegetais. - Fonte predominante: soja (vegetal com perfil aminoacídico interessante, mas só se aproxima da proteínas animal, não substituindo) e caseína (proteínas do leite, completa aminoacidicamente, mas também de origem animal). - Podem ser encontradas em diferentes formas: proteína intacta, proteína parcialmente hidrolisada, dipeptídeos e tripeptídeos, aminoácidos cristalinos (primeira aula) - Ao lado podemos ver as proteínas e suas características Carboidratos - Diferença primária – forma e concentração. - Forma predominante: hidrolisado de amido de milho ou maltodextrina. Juliana Vieira Queiroz Almeida - Podem ser encontrados em diferentes formas: polímeros de glicose (poligoméricas), dissacarídios (oligoméricas), monossacarídeos (monoméricas) Lipideos - Aumentam a palatabilidade e sabor da dieta; ▪ Motivo pelo qual é muito presente em alimentos industrializados. ▪ Melhoram o incremento energético também. - Óleos vegetais: oferecem uma variedade de ác. Graxos essenciais; - Ác. Graxos essenciais (ác. Linoléico): principais são ômega 3 e 6 ▪ Ômega 3 a 4% do total da necessidade energética; - Fonte predominante: óleos vegetais (soja, girassol, milho) - Podem ser encontrados em diferentes formas: ácidos graxos poli-insaturados (PUFA) e triglicerídeos de cadeia longa (TCL), triglicerídeos de cadeia médica (TCM), lipídios estruturados ▪ A oferta de ácidos graxos monoinsaturados (MUFA) pode mudar a composição da parede e diminuir a resistência à insulina Fibras - Polissacarídeos vegetais (+ lignina) – não hidrolisados pelas nossas enzimas. - Usualmente (não é sempre) as dietas enterais apresentam baixo teor de fibra, por aumentar o teor da dieta e facilitam obstruções. - O conteúdo das fibras nas fórmulas é de aproximadamente 5 a 14g/L (4 a 20g/L) → geralmente é cerca de 7,5, o que para pacientes saudáveis não alcance a quantidade recomendada - Forma predominante: polissacarídeo de soja. - Polissacarídios da soja (fibra solúvel e insolúvel) – usados para modulação intestinal - Geralmente a hipoglicemia de rebote é causada pela entrada rápida de glicose → o pâncreas produz alta carga de insulina → internalizar rápida a glicose → estado hipoglicemico → a introdução de glicose deve ser gradual. ▪ O gel da fibra solúvel forma uma barreira física, de forma que a glicose é absorvida de forma mais gradual e lenta. - Insolúvel: acelera trânsito intestinal, trás água para o meio e não para ela → hidrata as vezes → ideal para quem está constipado. Água - Frequentemente relacionada em mL de água por 1000mL de fórmula ou mL de água/L de fórmula; - Recomendação de líquido total: aproximadamente 25 a 40mL/Kg, contabilizando a água ofertada no flush e a água ofertada nas fórmulas enterais (considerar 86% do volume), sendo o restante ofertado no intervalo entre as dietas - A maioria das dietas contém 690 a 860 mL de água por 1000mL da fórmula enteral. ▪ Deve-se saber, principalmente para os que tem restrições hídricas. - Quanto maior a densidade energética, menor o conteúdo hídrico das fórmulas enterais. A maioria das dietas traz um conteúdo de 86% de água - Peso x 40: volume final de água não inclui atividade física e dias quentes → deve-se incrementar ainda mais, para além das necessidades diárias. Juliana Vieira Queiroz Almeida Vitaminas e Minerais - Fórmulas comercialmente completas: adequadas (volume total necessário utilizado); - Fórmulas epecializadas (patologias específicas): nutricionalmente incompletas (restrições de acordo com a patologia) - Suplementação: podem ser necessárias (utilização prolongada). Cálculos - Dietas enterais Características das dietas enterais (saber todos os valores) - De acordo com a densidade calórica podem ser: ▪ <0,6kcal/mL: Muito baixa/acentuadamente hipocalórica. ▪ 0,6 a 0,8kcal/mL: Hipocalórica ▪ 0,9 a 1,2kcal/mL: Normocalórica (padrão) ▪ 1,3 a 1,5kcal/mL: Hipercalórica ▪ >2,0kcal/mL: Acentuadamente hipercalórica - De acordo com o teor de proteínas podem ser: ▪ Dietas normoproteicas: 10 - 15% do VCT ▪ Dietas hiperproteicas: 15 - 17% do VCT ▪ Dietas ultraproteicas: > 18% do VCT ▪ VCT – Valor Calórico Total OBS: grandes queimados → dietas ultraproteicas para melhor reconstrução e regeneraçaõ. AMDR (Macronutrient Ranges and Recommendations - Americana) - Recomenda que as dietas para pessoas normais, sem condições especiais, sigam as seguintes proporções, pautadas no valor calórico total da dieta: 60% carboidratos, - 15% proteínas e 25% lipídios Estimativa das Necessidades de Energia - Há várias fórmulas, mas a de Harris é mais recomendada para ambientes hospitalares. - Equação de Harris - Benedict (1919) ▪ TMB (Taxa de Metabolismo Basal) de indivíduos sadios = calorimetria indireta; é quantidade mínima de energia necessária para manutenção das funções vitais ▪ GEB = Gasto Energético Basal; é o mesmo que TMB ▪ É o que você consume para ficar dormindo, devendo se acrescentar o fator atividade. ▪ Variáveis: sexo, idade, altura, peso ▪ Superestima em aproximadamente 6% a Taxa de Metabolismo Basal, sendo mais utilizada em ambientes hospitalares ▪ Não precisa saber a equação de cabeça, mas precisa saber aplicar - Fatores para cálculo do gasto energético total (GET) em processos de doenças ▪ Exemplo 1: RTM, 37 anos, professor, peso 81 kg, altura 1,75m, internado por apendicectomia, deambulando com dificuldade, afebril ▪ TMB= ? ▪ TMB= GEB = 66 + (13,7 x P) + (5 x A) – (6,8 x I) ▪ TMB= 66 + (13x7 x 81) + (5 x 175) – (6,8 x 37) ▪ TMB = 1796,1 kcal\dia gasto energético basal ▪ GET= ? ▪ GET= TMB x fator atividade x fator estresse x fator térmico ▪ GET = 1796,1 x 1,3 x 1,2 x 1,0 ▪ GET= 2801,91 kcal\dia → demanda ▪ energética diária ▪ Existem também fórmulas de bolso, muito utilizadas na beira do leito em substituição à fórmula de Harris – Benedict ▪ Exemplo 2: RTM, 37 anos, professor, peso 81 kg, deu entrada no PA queixando de dores de cabeça e náusea. Ficou em observação. ▪ GET – fórmula de bolso= ? ▪ GET= 27,5 (utilizei a média para paciente a enfermaria em fase inicial) x 81 ▪ GET= 2227,5 kcal\dia → demanda energética diária ▪ Observação: para pacientes na enfermaria em fase de recuperação consideramos 40 kcal\kg para ganho de peso e 30 kcal\kg para manutenção de peso Características das Dietas enterais De acordo com o grau de complexidade dos nutrientes: - Poliméricas: nutrientes intactos. ▪ Exemplo ▪ CHO: amido de milho ▪ PTN: caseína, lactoalbumina, proteína isolada de soja Juliana Vieira Queiroz Almeida ▪ LIP: óleo de canola, óleo de milho, óleo de girassol, lecitina. - Oligoméricas ▪ Nutrientes parcialmente hidrolisados. ▪ Exemplo: ▪ CHO: maltodextrina, dissacarídeos ▪ PTN: oligopeptídeos, proteína parcialmente hidrolisada ▪ LIP: TCM (pode ser conjugado com óleos) - Elementares (monoméricas): nutrientes totalmente hidrolisados.▪ Exemplo: ▪ CHO: frutose ou glicose ▪ PTN: aminoácidos livres, di e tripeptídeos ▪ LIP: TCM - Monossacarídeos são a forma preferencial de absorção de carboidratos ▪ Di e tripeptídeos são a forma preferencial de absorção de proteínas, visto que aminoácidos livres competem por sítios de absorção Fonte e complexidade dos nutrientes - Os nutrientes da NE possuem os mesmos constituintes de uma dieta normal por via oral. Entretanto, sofrem adaptações para a NE: CHO (carboidratos), PTN (proteínas), LIP (lipídios) em estrutura íntegra ou hidrolisada (total ou parcialmente) - Fibras ▪ Recomendações para pacientes em TN não definidas, porém não é necessário atingir recomendações normais (25 a 30g/dia), uma vez que há mobilidade reduzida e mudança de hábito alimentar. ▪ As fibras mais utilizadas são pectina, goma guar e polissacarídeo de soja ▪ Fibra Insolúvel: ▪ Celulose, hemicelulose e lignina → atraem água para o meio, melhorando o transito intestinal ▪ Fibra Solúvel ▪ Pectina, mucilagem, goma guar, polissacarídeos de algas → capacidade de formação de gel, piorando o trânsito intestinal ▪ Fibra Solúvel e Insolúvel: polissacarídeo de soja ,→ boa solubilidade. ▪ As fibras aumentam a densidade das dietas dificultando a fluidez da dieta na sonda e, portanto, muitas vezes não estão presentas na NE ▪ Nos alimentos, em geral, os módulos de fibras trazem a proporção de 30% de fibras solúveis e 70% de fibras insolúveis Osmolaridade - Osmolaridade refere-se ao número de miliosmoles por litro de solução. - Já a osmolalidade refere-se ao número de miliosmoles por quilo de solução. - Ambos refletem a concentração de partículas osmoticamente ativas na solução (partículas iônicas e moleculares – PTN + Carboidratos hidrolizados + eletrólitos + minerais) - Quanto maior o número de partículas, maior a osmolaridade. - No estômago, dietas hiperosmolares reduzem os movimentos de propulsão dificultando o esvaziamento gástrico. ▪ Importante quando se for verificar estase, caso o paciente tenha volume residual presente sem desconforto, pode ser isso. - No duodeno e jejuno, dietas hiperosmolares aumentam o peristaltismo e atuam a propulsão da dieta. Podem ser responsáveis pela presença de diarreia osmótica. - Há uma tendência de se padronizar que os valores sejam expressos em osmolalidade da fórmula (mOsm/Kg de água). - Classificação: ▪ Hipotônica – 280 a 300mOsm/Kg água ▪ Isotônica – 300 a 350mOsm/Kg água ▪ Levemente hipertônica – 350 a 550mOsm/Kg água ▪ Hipertônica – 550 a 700mOsm/Kg água ▪ Acentuadamente hipertônica – >750mOsm/Kg água - Componentes da dieta que influenciam a osmolaridade: ▪ Açúcares mais simples (glicose); ▪ Aminoácidos cristalinos (e em menor grau os peptídeos e o NaCl); ▪ Minerais/eletrólitos: dissociação em pequenos tamanhos - Os lipídeos são os únicos que não influenciam na osmolaridade da dieta pois não formam solução pH - Motilidade gástrica é menor em soluções de pH menor que 3,5; ▪ O pH da maioria das fórmulas enterais é menor que 3,5.. - As dietas tentam mimetizar os ambientes onde serão administradas para que sejam entendidas como o mais fisiológico possível e, por isso, na maioria das vezes possuem pH próximo do pH gástrico Carga de Soluto Renal (CSR) - Dietas ricas em proteínas e\ou eletrólitos (Na, K, Cl) possuem elevada carga de soluto renal Juliana Vieira Queiroz Almeida ▪ CSR tolerada pelos rins, numa situação normal, é de 800 a 1200mOsm. Dessa forma, dietas enterais não deverão ultrapassar esse valor para não gerar dano renal. - A carga de soluto renal (CSR) é dada pela somatória das substâncias excretadas pelos rins. Uréia, sódio, potássio, cloreto e fósforo constituem 90% ou mais do soluto renal. - Para que haja a depuração dessas substâncias, os rins necessitam de água, em virtude de sua capacidade limitada de concentração. ▪ Assim sendo, a CSR determina a quantidade mínima de água necessária para que possamos eliminar essas substâncias. - É importante entender que os rins excretarão o excesso de solutos, mesmo que isso coloque o organismo em um balanço negativo de água Variáveis avaliadas para selecionar dietas enterais - Fonte e complexidade dos nutrientes: ▪ Carboidratos ▪ Lipídios ▪ Proteínas ▪ Vitaminas e minerais - Densidade Calórica - Osmolaridade/osmolalidade - Fórmula X via e tipo de administração - Desenho da fórmula X indicação clínica Fórmula Enteral X via e tipo de administração - Determinação: ▪ Horários de administração da dieta; ▪ Volume a ser infundido; ▪ Velocidade de infusão; ▪ Tipo de administração, se contínua ou intermitente; se gotejamento gravitacional, por BIC ou em bôlus. ▪ Desenho da fórmula X indicação clínica Conclusão - Para selecionar uma dieta enteral é necessário: ▪ Conhecimento dos requerimentos específicos dos pacientes ▪ Conhecimento da composição exata da fórmula - A dieta precisa ser: ▪ Adequada ao período (curto ou longo) ▪ Satisfazer as necessidades nutricionais do paciente ▪ Ser bem tolerada ▪ De fácil preparo ▪ Apresentar vantagens quanto a relação custo\benefício Nutrientes Condicionalmente Conceituação - Nutrientes essenciais são aqueles que não produzimos de forma endógena, sendo necessário adquirilos por meio da dieta. Já os nutrientes não essenciais são aqueles que nosso próprio organismo é capaz de sintetizar. - Por fim, os nutrientes condicionalmente essenciais são aqueles que nosso organismo é capaz de produzir, porém, em algumas condições específicas, a produção endógena deixa de ser suficiente, necessitando de serem adquiridos por meio da dieta Glutamina - Aminoácido mais abundante no corpo, sintetizado no músculo esquelético e pulmões. - Participa de várias reações metabólicas: gliconeogênese hepática, biossíntese de nucleotídeos e proteínas, aminogênese renal. - Principal combustível para os enterócitos. ▪ Por essa propriedade, é um nutriente muito prescrito para pacientes induzidos a pancitopenia após transplantes, que acabam evoluindo com mucosites. Dessa forma, esses pacientes são orientados a bochechar a glutamina e engolir, diminuindo úlceras de mucosas e melhorando a capacidade de alimentação desses pacientes - Substrato energético para leucócitos, macrófagos e fibroblastos. - Recomendações: varia de acordo com a doença de base (~ 0,63mg\kg\dia) - Abaixo vemos que: ▪ A glutamina está envolvida em diferentes funções, tais como a proliferação e desenvolvimento de células (incluindo a expansão clonal de linfócitos), o balanço acidobásico, o transporte da amônia entre os tecidos, a doação de esqueletos de carbono para a gliconeogênese, a participação no sistema antioxidante e outras Arginina - Aminoácido semiessencial, metabólito do ciclo da ureia. - Capacidade imunomoduladora, devido ao aumento na ativação dos linfócitos T e imunidade celular. Juliana Vieira Queiroz Almeida - Cicatrização de feridas devido aumento na síntese de colágeno. - Estimulante na secreção de alguns hormônios (glucagon, prolactina, insulina). - Alguns trabalhos apontam que a arginina quando suplementada pode aumentar a frequência de manifestação do vírus herpes simples - Precursora do óxido nítrico, que é capaz de: ▪ Relaxamento do músculo liso vascular. ▪ Efeitos anti-inflamatórios e pro inflamatórios – aumenta a circulação, facilitando a diapedese celular ▪ Participação na defesa do hospedeiro. ▪ Promove broncodilatação (no caso obstrução de vias aéreas) e vasodilatação. - Recomendações: 1 a 3% VCT (Valor Calórico Total) Taurina - Aminoácido sintetizado a partir da cisteína. - Suplementação em fórmulas pediátricas para recém- nascidos (desenvolvimento cerebral e da retina). - Em casos de quimioterapia citotóxica intensiva os níveis reduzem. - Envolvidaem vários processos metabólicos: ▪ Conjugação de ácidos biliares ▪ Regulação da agregação de plaquetas ▪ Auxílio na função dos neutrófilos ▪ Está presente em energéticos e em alguns iogurtes. Sua maior concentração ocorre naturalmente em frutos do mar, peixes, carne escura de aves e leite materno ▪ Efeitos indesejados (taquicardia, sudorese intensa) quando utilizada em altas doses Carnitina - Amina quaternária sintetizada no organismo, a partir de dois aa essenciais: lisina e metionina. - Transferência da AGCL para mitocôndrias, para produção de energia. - Geralmente não há deficiência no organismo. Pode estar deficiente em recém-nascidos e vegetarianos restritos. - Sua excreção aumenta após lesão, podendo estar deficiente em antibióticoterapia. - A L-carnitina é essencial para o transporte de ácidos graxos de cadeia longa para o interior da mitocôndria, onde sofrem β-oxidação. Portanto, a taxa de β-oxidação é determinada pela atividade do sistema de transporte de ácidos graxos dependente de L-carnitina. Por essa propriedade, foi muito utilizada como suplemento que melhorasse a queima de gordura. Entretanto, hoje sabe- se que existe um limite nessa ação da carnitina, não havendo as respostas anteriormente esperadas Ácidos Graxos W-3 - Modificam a fração fosfolipídica das membranas celulares e a resposta imunológica ao estresse (efeito anti-inflamatório). - Diminuição da produção ▪ Interleucina 1 ▪ Diminui a produção de citocinas pró- inflamatórias = efeito anti-inflamatório. ▪ Promovem a síntese de proteínas de fase aguda. ▪ Prostaglandinas E2: deprime funções citostáticas, mitogênese de linfócitos; facilita crescimento de tumores. ▪ TNF ou caquectina: induz ao estado catabólico. - Além disso, também estão associados à redução da agregação plaquetária - São necessárias quantidades específicas de EPA e DHA para serem efetivos Antioxidantes - Substâncias com ação enzimática que neutralizam a ação dos radicais livres. - Vitamina C: aumenta a fagocitose de neutrófilos e macrófagos. - Vitamina A: melhora a função dos macrófagos e aumenta a produção de Interleucina 1. - Vitamina E (principal): aumenta a eficiência da fagocitose, e imunidade celular e humoral. Selênio - As castanhas são fontes importantes de selênio - Produção de anticorpos. - Atividade bactericida de neutrófilos. - Funções imunoestimulatórias podem ser potencializadas por vitamina E. - Deficiência de Se: Síndrome de Keshan (cardiomiopatia). - Existem danos associados tanto ao excesso quanto à carência de selênio - A glutationa peroxidase é uma enzima endógena responsável pela redução dos radicais livres, que necessita do selênio como cofator Estudo e cálculo de preparações artesanais para NE Introdução Peguei essa parte do Gabriel Para preparo de uma dieta enteral artesanal é necessário ter adequação de macro e micronutrientes: - Carboidrato - Proteína - Lipídeos - Vitaminas - Minerais Para adequação dos macronutrientes existem recomendações propostas pela AMDR (Macronutrient Ranges and Recommendations - Americana) e pelas DRIs (Dietary Reference Intakes – EUA e Candá), que estabelecem que a distribuição do total encontrado na fórmula de Harris-Benedict seria: Juliana Vieira Queiroz Almeida - CHO ~60% - PTN ~15% - LIP ~25%. Já para as vitaminas, há tabelas nas DRIs para a definição da adequação (RDA – Recommended Dietary Allowances, quantidade de nutrientes suficiente para atender às necessidades diárias da maioria da população. - UL – Tolerable Upper Intake Level, é o limite máximo de ingestão diária de um nutriente, tolerável biologicamente, disponível ao indivíduo pelo consumo de alimentos, alimentos fortificados, suplementos e também a água - AI – Adequate Intake, é também o valor médio de ingestão diária de um nutriente, mas que ainda não existem evidências científicas suficientes para o estabelecimento de uma RDA/EAR \ EAR – Estimated Average Requeremen, é o valor médio de ingestão diária Todas as recomendações trazem valores por sexo e idade para pessoas saudáveis Formulações de Nutrição Enteral Proteínas - Observar a oferta de calorias não proteicas (carboidratos e lipídeos). - A proporção deve ser de 120 a 180 calorias por grama de Nitrogênio para pacientes não estressados. Para pacientes com estresse metabólico a relação cai para 80 a 100 calorias/g de N. - Relação Cal não proteica \ g de Nitrogênio ▪ Para que a proteína ofertada não seja utilizada para obtenção de energia, devem ser administradas calorias não proteicas (nas proporções acima) ▪ Para que as proteínas administradas sejam utilizadas exclusivamente como bloco biosintético ▪ É preciso administrar calorias não proteicas suficientes (glicose, lipídios) para permitir o uso eficaz da síntese proteica e evitar o catabolismo da musculatura esquelética e dos aminoácidos exógenos como aporte calórico, com subsequente desenvolvimento de desnutrição. ▪ 1g N = 6,25g de proteína ▪ A oferta de nitrogênio é calculada através da quantidade de proteína administrada. ▪ Como a relação proteína / N é de 6,25/g, basta dividir o total de gramas de proteína administrado por 6,25, para se obter a ingestão de nitrogênio. Carboidratos - Para pacientes com cateteres posicionados no intestino delgado, a tolerância é de, no máximo, 6% de carboidratos solúveis (mono e dissacarídeos). Se ultrapassar essa concentração pode haver aumento do peristaltismo e diarreia - O uso de polímeros de açúcares simples permite fornecimento adequado de calorias sem elevar a osmolaridade final da solução. A lactose deve ser evitada na dieta artesanal, tendo em vista que os desnutridos podem apresentar deficiência de lactase. Lipídeos - Necessários para auxiliar a adequação calórica e para prevenir ou corrigir deficiência de ácidos graxos essenciais Vitaminas e Minerais - Utilizar recomendações diárias de nutrientes, apesar de serem estimadas para indivíduos sadios. Água - 30 a 40mL/Kg/dia Exemplo e modo de preparo Exemplos de dietas artesanais - Manual de Suporte Nutricional (CARVALHO, 1992): ▪ 1º Horário: Mingau ▪ 300mL leite pasteurizado ▪ 1 e ½ colher (cheia)açúcar ▪ 2 colheres (cheia) fubá Juliana Vieira Queiroz Almeida ▪ 1 colher de óleo vegetal ▪ Misturar o leite com demais ingredientes. ▪ Cozinhar e coar. - Manual de Suporte Nutricional (CARVALHO, 1992) ▪ 2º Horário: suco ▪ Suco de fruta ou vegetal ▪ 1 colher (cheia) açúcar ▪ Utilizar qualquer fruta ou vegetal ou ambos. ▪ Acrescentar o açúcar. ▪ Acrescentar água filtrada, fervida e fria até completar 250mL. ▪ 3º Horário: Sopa ▪ 2 colheres de arroz ▪ 1 ½ colher (cheia) açúcar ▪ 1 colher óleo vegetal ▪ ½ ovo ou 50g de carne ▪ 2 colheres de vegetal ▪ Cozinhar bem o arroz, vegetal e o ovo (ou carne). ▪ Amassar ou liquidificar. Coar. ▪ Acrescentar o açúcar e o óleo. Coar. ▪ Acrescentar água até 250mL. ▪ 4º Horário: Mingau ▪ 5º Horário: Sopa ▪ 6º Horário: Mingau ▪ Dieta Artesanal com módulos proteicos e calóricos: ▪ 4 colheres (cheias) Caseinato de cálcio ▪ 10 colheres (cheias) Mucilon® ▪ 8 colheres Nidex® ou Dextrosol® ▪ 34 colheres (cheias) Novomilk® ▪ 5 colheres óleo vegetal ▪ Dissolver os pós em pequeno volume de água filtrada, fervida e fria. ▪ Bater no liquidificador por 5 minutos. ▪ Acrescentar água filtrada, fervida e fria até 1500mL. ▪ Coar e dividir em volumes de 250mL - Modo de preparo (geral – tava no resumo – não entendi) ▪ Dissolver os pós em pequeno volume de água filtrada, fervida e fria. ▪ Bater no liquidificador por 5 minutos. ▪ Acrescentar água filtrada, fervida e fria até 1500mL. ▪ Coar e dividir em volumes de 250mL. Aspectos importantes para preparo da NE artesanal - Antes de preparar a dieta, retirar anéis e pulseirase lavar as mãos e os braços até o cotovelo com água e sabão. - A higiene é fundamental para o preparo da dieta enteral. - Lavar o copo do liquidificador antes e após o preparo da dieta e do suco. Separar cada parte e cuidar para que não fique resíduos de alimentos no fundo do copo. - O suco deve ser preparado pouco antes da infusão / administração. - Sempre higienize os alimentos antes de preparar o suco. - Higienizar com a solução: para cada litro de água, 20 ml de água sanitária sem alvejante (1 colher de sopa) – não orientar utilizar tampinha como medida Nutrição parenteral Introdução Conceito - “Solução intravenosa contendo proteínas e fontes não proteicas de energia com ou sem lipídio” - Pode ser administrada por acesso periférico ou central, cada um deles tendo vantagens e desvantagens específicas. - Não necessariamente é utilizada de forma exclusiva, podendo estar associada à terapia de nutrição enteral. ▪ É comum que pacientes que estão em terapia de nutrição parenteral permaneçam com sonda enteral de manutenção, com volumes mínimos, visando a manutenção da funcionalidade do TGI - As dietas parenterais são manipuladas por profissionais farmacêuticos - Consiste na administração de todos os nutrientes necessários para a sobrevida por outras vias que não o trato gastrointestinal - Solução estéril infundida por via intravenosa por meio de cateter periférico ou central. Conceito pela Portaria n272 – 08 de abril de 1998 - Secretaria de Vigilância Sanitária – Ministério da Saúde - “Solução (quando não há lipídeos na composição) ou emulsão (quando há lipídeos na composição), composta basicamente de carboidratos, aminoácidos, lipídios, vitaminas e minerais, estéril e apirogênica, acondicionada em recipiente de vidro ou plástico, destinada à administração intravenosa em pacientes desnutridos ou não, em regime hospitalar (mais comum), ambulatorial ou domiciliar, visando a síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas. Terapia Nutricional Parenteral Os cuidados com as vias de acesso da nutrição parenteral visam a prevenção das complicações infeciosas e mecânicas Indicações - Prevenir carências nutricionais em pacientes com falência intestinal, ou naqueles que a dieta oral e/ou enteral é incapaz de manter o equilíbrio do estado nutricional. Juliana Vieira Queiroz Almeida - Indicação absoluta ▪ Falência Intestinal ▪ Situação clínica que resulta de obstrução, dismotilidade, ressecção cirúrgica extensa, má-formação congênita, ou doenças caracterizadas pela perda de absorção - Outras indicações: ▪ Síndrome do Intestino Curto (< 60cm intestino) ▪ Doença inflamatória intestinal com diarreia grave (Retocolite Ulcerativa e Doença de Crohn) ▪ Síndrome de má absorção com diarreia grave ▪ Íleo paralítico: trauma grave, cirurgias abdominai ▪ Neoplasias obstrutivas ▪ Fístulas de alto débito (quando há perda de > 500 ml \ dia) ▪ Desnutrição muito grave Tipos de Administração - N.P. Central: a dieta é administrada por uma veia de grande calibre (subclávia ou jugular), que chega diretamente ao coração - Soluções concentradas, que podem alcançar 35 a 50% de glicose e osmolalidade próxima de 1800mOsm/Kg água ▪ Complicações ▪ Relacionadas ao CVC: cateter venoso central ▪ Geralmente de causas infecciosas, demonstrando a importância da boa higienização. ▪ Alterações das enzimas hepáticas; ▪ Hipercapnia. ▪ Metabólicas ▪ Hiperglicemia / hipoglicemia. ▪ Hiperlipidemia. ▪ Realimentação: paciente em jejum ou com administração insuficiente de dieta por longo período ▪ Overfeeding: excesso de calorias, que extrapolam a necessidade ou a distribuição de macronutrientes, ativando rotas metabólicas de conversão desses nutrientes em gordura, induzindo dislipidemias ▪ Complicações renais ▪ Complicações hepáticas e biliares ▪ Distúrbio ósseo metabólico ▪ Deficiência de micronutrientes - N.P. Periférica: ▪ Administrada por uma veia de menor calibre, geralmente da mão ou antebraço. ▪ Utilizam-se soluções mais diluídas (justamente por ser administrada em veias de menor calibre), com concentração de glicose de 10% e osmolalidade não deve ser superior a 900mOsm/Kg água. Indicações da TNPP - Curto período de jejum (5 a 8 dias); - Oferta energética por via oral insuficiente ou inadequada; - Inanição por mais de 8 dias, se não há possibilidade de acesso central (trombose, inexperiência) e há contra- indicação do uso do trato digestório - Contraindicações da TNPP: ▪ História de alergia a ovos ou a emulsão lipídica; ▪ Disfunção hepática importante; ▪ Hipertrigliceridemia; ▪ Pacientes hipercatabólicos; ▪ Fístulas enterocutânea de alto débito. ▪ Veias periféricas inadequadas; ▪ Adequação e efetividade de via oral e/ou enteral; ▪ Restrição hídrica (a TNPP possui maiores volumes hídricos para que a dieta seja mais diluída); ▪ Indicação definitiva de TNP central. Composição - Carboidratos: monossacarídeos - Proteínas: aa - Lipídios: A.G. - Vitaminas - Oligoelementos - Eletrólitos Como prescrever? - Avaliar: ▪ Avaliação Nutricional ▪ Peso ▪ Estatura ▪ Gasto Energético - Quanto de energia? ▪ Calculado por: ▪ Calorimetria indireta (pouco disponível) ▪ Equações (Harris-Benedict) ▪ Fórmulas de bolso - Depende da situação clínica do paciente: ▪ Paciente crítico ▪ Desnutrido ▪ Doenças crônicas (DPOC, ICC, etc) ▪ Obeso - Quanto de proteína? ▪ 15 a 25% do VET ou 0,6 g/kg/dia a 2,5 g/kg/dia ▪ A faixa varia de acordo com a necessidade dietética do paciente ▪ Assim como os carboidratos, as proteínas vêm diluídas em solução aquosa Aspen 2009 Juliana Vieira Queiroz Almeida Composição da Fórmula NP A oferta de nutrientes deve atender a demanda para a manutenção da vida, crescimento celular e tecidual. Deve-se observar ainda os obstáculos de natureza farmacotécnica, como estabilidade em meio aquoso, estabilidade térmica e de armazenamento, compatibilidade química e toxicidade Aminoácidos (aa) - Composições que tem aminoacidograma semelhante a proteína de AVB (ovo ou leite materno). - Por questões farmacotécnicas alguns aa não são administrados (Gln, Tir, Cis, Tau) ou o são em excesso (Gli, Fen, Leu). - Os aa cristalinos usados em NP estão disponíveis em concentrações que variam de 3,5 a 15% e fornecem 4Kcal/g (1ml = 1g = 4kcal) Lipídios - Emulsões comercialmente disponíveis fornecem TCL (triglicerídeos de cadeia longa) W-6 e W-3 e W-9, impor- tantes para funções imunomoduladoras. - Geralmente a fonte é o óleo de girassol, de soja ou uma mistura dos dois. Estão disponíveis em concentrações de 10 e 20%, fornecendo 1,1 e 2,0Kcal/mL, respectivamente. - Não vem diluídos em soluções aquosas e, portanto, o volume total é o volume lipídico Glicose - A principal fonte de energia não proteica é a dextrose (D-glicose), fornecida na forma monohidratada, o que reduz a energia para 3,4Kcal/g (1ml = 1g = 3,4 kcal na forma monohidratada) - Assim como as proteínas, os carboidratos vêm diluídos em solução aquosa - Existem dois tipos de misturas pré-determinadas para NP (mas atualmente as soluções são facilmente manipuladas com as proporções desejadas): ▪ Solução 2:1 (sistema glicídico) em que inclui aminoácidos e glicose como macronutrientes, além das vitaminas, eletrólitos e minerais. O lipídeo é utilizado por outra via, com periodicidade preestabelecida pela EMTN. ▪ Mistura 3:1 (sistema lipídico) que consiste na associação de aa, glicose, lipídeos, vitaminas, eletrólitos e minerais na quantidade adequada para a administração diária em um mesmo frasco ou bolsa. Exemplo de prescrição da NP - Solução de aa 10%: 910mL - Solução de Glicose 50%: 580mL - Solução de Lipídios 20%: 200mL - Oligoelementos: 2mL - Polivitamínico A + B: 5mL - Cloreto de Potássio 19,1%: 10mL- Cloreto de Sódio 20%: 20mL - Fosfato de Potássio: 4mL - Sulfato de Mg 10%: 10mL - Gluconato de cálcio 10%: 10mL - Volume Total: 1755mL (73,1mL/h) Os cuidados com as vias de acesso da nutrição parenteral visam a prevenção das complicações infeciosas e mecânicas Cálculo de Oferta Energética – perdi o final da aula, não sei se foi dado - Solução de aa a 10%, 910 ml = 91 ml de aa = 91 g de aa x 4kcal = 364 kcal - Solução de glicose a 50%, 580 ml = 290 ml de glicose = 290 g de glicose x 3,4 kcal = 986 kcal - Solução de lipídios 20%, 200 ml = 200 ml de lipídios = 200 g de lipídios x 2 kcal = 400 kcal - VET = 364 kcal + 986 kcal + 400 kcal = 1750 kcal\dia - DC = 1750 kcal \ 1755 ml (volume total de dieta) = 0,99 kcal\ml Nutrição parenteral Nefropatias Terapia Nutricional em Nefropatias - Doença Renal Crônica deterioração gradual e geralmente associada a outras condições de base - Doença Renal Aguda: deterioração renal rápida, dividida em pré renal – hipovolemia, ICC, choque séptico, trombose de artérias renais – e pós renal – nefrolitíase, adenoma de próstata, tumores, fibroses retroperitoniais, necrose tubular aguda em pacientes em terapia intensiva - Outras nefropatias associadas ao uso de medicamentos, sepse e outras condições clínicas - Observação: oligúria = débito urinário inferior a 400 ml em 24 horas A Terapia Nutricional pode reverter a história natural dessas doenças, com a utilização de nutrientes específicos especialmente direcionados e controle hidroeletrolítico mais eficaz. Objetivo da TN - Acelerar a síntese de proteínas e permitir a reparação tecidual, sem agravar a dificuldade na eliminação de produtos do metabolismo proteico – ureia e outros. Características da TN - Restrição hídrica: a partir do balanço hídrico faz-se a prescrição da hidratação do paciente. Juliana Vieira Queiroz Almeida ▪ Atenção especial deve ser dada a alimentos ricos em água (frutas em geral e preparações com caldo). ▪ Necessidade mínima diária = 500mL. A este valor somam-se as perdas urinárias. ▪ Para pacientes com comprometimento do débito urinário é necessário realizar restrição hídrica, com necessidade mínima diária de 500 ml + perdas urinárias, computando no volume total a quantidade hídrica ofertada na dieta e nos procedimentos de flush - Restrição de sódio: para evitar a retenção hídrica e aumento da volemia e pressão arterial. - Restrição de potássio: de acordo com níveis séricos, já que os níveis elevados ou diminuídos podem trazer complicações cardíacas importantes. - Restrição de fósforo: de acordo com níveis sanguíneos. - Calorias: demanda aumentada em função do grande gasto energético associado à insuficiência renal. - Proteína ▪ Representa um bloco biossintético necessário para reparação tecidual, porém lesivo para os rins no caso de uma nefropatia com funcionamento renal total ou parcial. ▪ É um macronutriente que deve ser avaliado, para além da avaliação hidroeletrolítica (dieta hipossódica, hipocalêmica e hipofosfórica, com restrição hídrica) ▪ No tratamento conservador é necessária redução do conteúdo dietético proteico, de acordo com o ritmo de filtração glomerular (depuração renal ou clearence de creatinina) – quanto maior o comprometimento, menor a quantidade de proteína que deve ser ofertada. A recomendação é de 0,5 a 0,7g/kg/dia (dieta hipoproteica) ▪ No tratamento dialítico, a perda de proteína pelo processo é muito grande, sendo necessária uma reposição por via dietética, com oferta de 1,2 a 2,0g/kg/dia (dieta normo ou hiperproteica) Diabetes Mellitus Objetivo - O objetivo primordial durante a aplicação da terapia nutricional oral, enteral ou parenteral, em pacientes com DM, é manter a glicemia dentro dos níveis da normalidade e manter o estado nutricional adequado dos pacientes. Importante manter controle glicêmico - A hiperglicemia pode levar a: ▪ Comprometimento do sistema imunológico ▪ Aumento do risco de infecções ▪ Aumento da morbidade e mortalidade ▪ Aumento do risco para DCV ▪ Alterações microvasculares. ▪ O DM afeta diretamente o metabolismo e o estado nutricional. As principais formas de diabetes são: - DM 1: doença autoimune, com destruição de células beta pancreáticas e falência na produção de insulina, tratada com insulinoterapia - DM 2: caracterizada inicialmente por resistência insulínica por comprometimento do receptor de insulina – associado diretamente à deficiência de cromo - Diabetes Gestacional Formas de tratamentos - Insulinas rápidas ▪ Regular: inicia seu efeito em 30 minutos, com pico de ação em 2h e tempo de ação de 5 a 6h, considerado muito longo, podendo sobrepor com outras refeições ▪ Ultrarrápidas: como Asparte, Glulisina e Lispro, iniciam seu efeito em 10 minutos, com pico de ação em 2h e tempo de ação de 3 a 4h ▪ São utilizadas para cobrir picos de glicemia após as refeições (café da manhã, almoço e jantar). ▪ Insulinas lentas, como Glargina (inicia seu efeito em 2 a 4 horas, com duração de ação de 24 horas, sem produção de picos), Detemir (inicia seu efeito em 1 a 2 horas, com duração de ação de 20 a 24 horas, sem produção de picos), Deglutec (inicia seu efeito em 0,5 a 1,5 horas, com duração de ação de 40 horas, sem produção de picos) e NPH (inicia sem efeito em 2 a 4 horas, com duração de ação de 18 horas, com pico de ação em 8 horas, geralmente sendo utilizada 2x ao dia – apresentando desvantagens), são utilizadas visando manutenção da glicemia basal Cenário ideal de monitorização glicêmica - Em jejum e 2h após o café da manhã, antes do almoço e 2h após, antes do jantar e 2h após, às 3h para avaliação de risco de hipoglicemia noturna. - Entretanto, essa não é a realidade. Nas UBS, na melhor hipótese, são disponibilizadas apenas duas fitinhas por dia - Hipoglicemia grave: < 70 mg\dl. ▪ Os sintomas são: sudorese intensa, tremores, confusão mental, desmaio, palidez. Juliana Vieira Queiroz Almeida Recomendações - 15 g de glicose (uma colher de sopa de açúcar, 3 balas, uma colher de sopa de mel, um sonho de valsa) aumentam aproximadamente 30 mg\dl da glicemia. - Diante de hipoglicemia, o açúcar, diluído em água se paciente consciente ou esfoliado na mucosa oral se paciente inconsciente, é a melhor opção Meta de glicemia capilar em pacientes diabéticos - Adulto – 90 a 140 mg\dl; crianças, adolescentes e pacientes hospitalizados – 90 a 180 mg\dl; gestantes e pacientes em unidades de tratamento intensivo 90 – 120 mg\dl Terapia nutricional - Em pacientes hospitalizados, a glicemia deve ser mantida entre 100 mg/dL e 180mg/dL, sendo que, pacientes internados em unidades de tratamento intensivo devem ter os níveis de glicemia mantidos o mais próximo possível de 110 mg/dL. - Evitar fornecimento energético excessivo, visto que a hiperalimentação pode levar ao descontrole glicêmico. - Pacientes com excesso de peso: redução de 500 a 1000kcal/dia. - Redução de 500 kcal\dia representa perda de peso de 2 kg ao mês, enquanto redução de 1000 kcal\dia representa perda de peso de 4 kg ao mês - Sempre superior a 800kcal/dia Fórmula de bolso para cálculo energético visando indução da perda de peso: 20 a 25 kcal\kg de peso atual (fórmula útil, mas pouco específica). Cálculo das necessidades nutricionais - Individualizado. ▪ Terapia enteral: ▪ Pode-se usar formulações-padrão, desde que CHO com 50% do VCT ou dietas especializadas com CHO de 33 a 40% do VCT (completando o VCT com aumento da oferta lipídica, em geral, superior a 40%) ▪ MUFA (ácidos graxos monoinsaturados – como azeite): preferencial na composição lipídica por atuarem na redução da resistência à insulina. ▪ Fibras: essencial no tratamento do paciente diabético (melhor controle glicêmico). Recomendado cerca de 50g/dia (Diten,2011) ▪ Outros objetivos:▪ Manter níveis de lipídeos e PA normais. ▪ Utilizar terapias de doenças associadas ao DM (HAS, dislipidemias, DCV, nefropatias). ▪ Plano alimentar nutricionalmente adequado. ▪ Oferecer treinamento ao paciente. ▪ Paciente hospitalizados: 25 a 35kcal/kg (o próprio estresse proveniente da hospitalização gera maior gasto metabólico, sendo indicadas ofertas energéticas maiores) ▪ Formulação deve conter fibras, ômega-3, ácidos graxos monoinsaturados. Características das fórmulas industrializada: - Alto teor de lipídeos (>40% VCT), sendo 20% ou mais de MUFA - Redução do teor de carboidratos - Permitem melhor controle glicêmico em curto e longo prazo, com redução da glicemia pós-prandial, quando comparadas às formulações padrões. Hepatopatias Introdução - As principais doenças hepáticas crônicas (DHC) são ▪ Hepatite viral, alcoólica ou autoimune; ▪ Insuficiência hepática crônica (redução de mais de 80% função); ▪ Doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) ▪ Cirrose hepática e carcinoma hepatocelular. ▪ A cirrose hepática é uma doença difusa, que representa a evolução de uma série de outras doenças hepáticas, passível de evolução para carcinoma hepatocelular Características do quadro do paciente: - Alimentação inadequada - Alterações dos indicadores antropométricos, bioquímicos e clínicos, evidenciando comprometimento nutricional importante - A hipoalbuminemia caracteriza bem a desnutrição proteica - Pacientes com hepatopatia descompensada possuem retenção hídrica, com a presença de ascite e edema periférico, associada à hipoalbuminemia e à desnutrição Importantes complicações são: - Desnutrição e encefalopatia hepática - Consumo não saudável de álcool: > 20 g de álcool por dia para homens e > 10 g de álcool por dia para mulheres. ▪ Uma latinha de 350 ml de cerveja possui 15 g de álcool, enquanto uma dose de cachaça de 50 ml possui 25 g de álcool - Avaliação do grau de edema em 4+: presença de edema até o tornozelo 1+ (acréscimo de 1 kg), presença de edema até a base do joelho 2+ (acréscimo de 3 a 4 kg), presença de edema até o quadril 3+ (acréscimo de 5 a 6 kg), edema generalizado ou anasarca 4+ (acréscimo de 10 a 12 kg). ▪ A partir da avaliação do grau de edema é possível realizar o cálculo do peso seco, Juliana Vieira Queiroz Almeida subtraindo o acréscimo de peso decorrente, provavelmente, do edema, do peso total ▪ Sinal de Cacifo é outra possível forma de avaliação do grau de edema em 4+ - A desnutrição está presente em 20% dos pacientes com doença hepática compensada e acima de 80% em pacientes com cirrose descompensada. - Os distúrbios nutricionais são mais prevalentes em pacientes hospitalizados por doença hepática de origem alcoólica em relação a não alcoólica. - Transplante Hepático: 100% desnutrição. Objetivos da terapia nutricional - Melhorar a qualidade de vida por meio da melhora funcional hepática; - Manter ou recuperar o peso adequado; - Controlar o catabolismo proteico muscular e visceral; - Manter o balanço nitrogenado, a síntese de proteínas de fase aguda e a regeneração hepática, sem aumentar o risco de encefalopatia hepática. Importância da TN: - Contribui para a melhora da qualidade de vida, redução da taxa de complicações e mortalidade - As hepatopatias crônicas podem induzir alterações no metabolismo intermediário dos carboidratos, lipídios, proteínas, vitaminas e minerais, relacionadas ao grau de comprometimento funcional do fígado - Hipermetabolismo (aumento 20% TMB) - Menor reserva de glicogênio, dificultando o controle da glicemia basal e podendo haver hipoglicemia - Balanço nitrogenado negativo (catabolismo) ▪ Balanço nitrogenado = [Consumo total de proteínas, convertido em nitrogênio (1 g de N = 6,25 g de proteínas)] – [gramas de nitrogênio perdidas na urina (acrescida de 4 a 5 gramas de perdas por outras vias)] ▪ Quando há balanço nitrogenado negativo, significa que há excreção maior que o consumo (estado de catabolismo) - Deficiência de vitaminas e minerais; Avaliação Nutricional: - Comprometida por causa da ascite e retenção hídrica (edema). - ASG: avalia ingestão alimentar, perda de peso, presença de edema e sinais de deficiências nutricionais. ▪ ASG = Avaliação Subjetiva Global, questionário que pode ser autoaplicável na primeira parte e aplicado por um profissional de saúde na segunda parte. Resulta em um score, que permite um diagnóstico nutricional - Proteínas plasmáticas: grau de insuficiência hepática. - IM (Índice de Maastricht) ▪ 20,68 – (2,4 x albumina plasmática [g/dL]) – (0,1921 x pré-albumina [mg/dL]) – (0,00186 x linfócitos totais [células/mm3]) – (4x [peso atual/peso ideal]) ▪ Pontos de corte para o diagnóstico de desnutrição: abaixo. - Peso Ideal (PI) para cálculo do percentual de peso ideal foi obtido pela equação ▪ PI = 22 x (altura [m]2). - IRN (Índice de Risco Nutricional) = (1,519 x albumina plasmática [g/dL]) + 41,7 x (peso atual/ peso usual). ▪ O peso usual foi definido como o peso mais estável do paciente em seis ou mais meses anterior à avaliação. ▪ Pontos de corte para diagnóstico de desnutrição: Via de administração TN - Via preferencial: oral ▪ A indicação para TN enteral (NE) ou nutrição parenteral (NP) deve considerar a condição clínica individual, os riscos e os benefícios de cada método. ▪ Geralmente indica-se TN quando a ingestão via oral for inferior a 60% e nos casos de desnutrição importante: - Terapia Nutricional Parenteral (NP): ▪ A nutrição parenteral está indicada na cirrose hepática nos pacientes com desnutrição moderada ou grave que não conseguem ser alimentados por via oral ou enteral; quando o período de jejum for maior que 72 horas; no pós- operatório, se a via oral ou enteral não pode ser usada, e precocemente no pós-operatório de transplante hepático, como segunda escolha após a NE, mantendo essas mesmas indicações nos casos de IHA. - Terapia Nutricional Enteral (NE) ▪ Características das fórmulas enterais para hepatopatas: ▪ DC > 1,0 kcal/mL: densidade calórica aumentada para ser possível utilizar menores volumes em função da ascite; ▪ Fórmulas com todos aminoácidos essenciais; ▪ Fórmulas poliméricas se não houver sinal de má-absorção; ▪ AACR (aminoácidos de cadeia ramificada – valina, leucina e isoleucina – conhecido comercialmente como BCAA): indicados Juliana Vieira Queiroz Almeida quando há intolerância à PTN animal ou risco de encefalopatia hepática; ▪ A suplementação com AACR demonstra efeitos benéficos, como melhora do perfil metabólico de aminoácidos, do estado nutricional, da qualidade de vida, redução do catabolismo proteico, normalização do quociente respiratório e melhora clínica da encefalopatia hepática. ▪ PTN vegetal e à base de caseína (melhores tolerados); ▪ Evidências científicas demonstraram que pacientes com cirrose hepática e encefalopatia são beneficiados com a utilização de dietas normo (30 kcal/kg de peso/dia) ou hiperproteicas (1,2 g de proteína/kg de peso/ dia) modificadas, com aumento da ingestão de proteínas lácteas (leite, iogurtes, queijos e requeijão cremoso) e proteínas vegetais, como soja, feijões e grão-debico; havendo também redução significativa da amônia plasmática. ▪ Menor teor de sódio (< 40mEq/dia), visando reduzir a retenção hídrica. Observação: SNE (sonda nasoenteral) está contraindicada em casos de varizes esofágicas Pneumopatias Nas pneumopatias, o esforço respiratório muito grande pode gerar um estado catabólico diante de uma nutrição inadequada. A insuficiência pulmonar aguda ou crônica pode ser agravada ainda mais pela desnutrição dos pacientes. - Muitos desses pacientes necessitam de ventilação mecânica, que está associada ao maior risco de aspiração Efeitos da doença pulmonar sobre o estado nutricional: - Aumento
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