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Estudo de caso Verônica Lecia e Vitória Mariane

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EDU635 Problemas de Aprendizagem - 6º semestre de Pedagogia
Discentes: Lecia Carneiro de Oliveira e Vitória Mariane de Oliveira Melo
Estudo de caso - Verônica
No caso Verônica, os comportamentos dos alunos em sala transgridem os códigos de
boas maneiras. A exemplo do barulho, das conversas paralelas, a aglomeração de alunos em
pé e as brincadeiras com os colegas, são considerados comportamentos de incivilidade, visto
que, a conduta incivilizada dos alunos englobam comportamentos desafiantes que rompem
com regras e esquemas da vida social (Garcia, 2006), sejam expectativas tácitas ou explícitas
de convivência. Desta maneira, o professor em sala, espera minimamente que os alunos
respeitem os direitos de cada pessoa, enquanto que as práticas de incivilidade rompem com
esses direitos, ameaçando a própria ordem escolar e os direitos de estudantes e professores.
Diante do exposto, temos a concepção de que as incivilidades acontecem a todo instante no
ambiente escolar, ocorrem com intensidade e frequência, mas quando minimizadas, evitam
problemas futuros, como a indisciplina, a violência e os conflitos.
De acordo com Charlot (2002, p. 437) a incivilidade se refere a condutas que se
contrapõe às regras da boa convivência. Entretanto, Garcia (2006), chama atenção para a ideia
de que as incivilidades não rompem, necessariamente, com acordos, regras e esquemas
pedagógicos. Desta forma, pelo fato dos comportamentos acontecerem dentro da sala de aula,
no momento em que a professora está a explicar o conteúdo, tais comportamentos acabam por
gerar desordem nas relações pedagógicas, capazes de interferir no processo de aprendizagem,
julgamos que os comportamentos dos alunos ultrapassam a incivilidade e chegam a ser
considerados como indisciplina. A este respeito:
Entendemos a noção de indisciplina como relativa, fundamentalmente, a rupturas
relacionadas às esferas pedagógica e normativa da escola. As expressões de
indisciplina comumente refletem transgressões a parâmetros e esquemas de
regulação da escola, e podem ser pensadas como formas de ruptura no contrato
social subjacente às relações e intenções pedagógicas na escola, cujo eixo seria o
processo de ensino-aprendizagem. (GARCIA, p.126, 2006).
Dado o exposto de indisciplina, salientamos que o conjunto de comportamentos da
maioria dos alunos contraria o cotidiano das práticas pedagógicas, a Professora Verônica está
explicando a atividade enquanto a desordem paira na sala por parte dos alunos, resultando na
ruptura de acordos formais da sala de aula. Todos conversam ao mesmo tempo, fazendo com
que não seja possível dar continuidade a aula, percebemos claramente uma interrupção da
aprendizagem.
Um aspecto identificado é no caso em que Leandro pega o guarda-chuva de Vitória,
notamos um conflito entre os alunos. O universo da escola, por ser um espaço de interação e
socialização, é comum a ocorrência de conflitos. Como salienta Chrispino (2007):
Ao definirmos conflito como o resultado da diferença de opinião ou interesse de
pelos menos duas pessoas ou conjunto de pessoas, devemos esperar que, no universo
da escola, a divergência de opinião entre alunos e professores, entre alunos e entre os
professores seja uma causa objetiva de conflitos. (CHRISPINO, p.16, 2007).
Outra configuração em que podemos relacionar a atitude de Leandro é a provocação,
que como sugere as autoras Pereira e Williams (2010), devido alguns aspectos que deveriam
se constituir como violência escolar. Leandro pega o guarda-chuva de sua colegas e faz piadas
por ela trazê-la até em dias de sol, busca pela atenção dos demais colegas através da
humilhação pública de Vitória. Por este motivo e com base nas leituras, entendemos que a
atitude provocativa de Leandro pode suscitar danos a colega a longo prazo, assim como,
desencadear o conflito manifesto e atos violentos.
Desta forma, compreendemos a partir de Chrispino (2007), que os conflitos
educacionais ou escolares provêm de ações que são particulares dos sistemas escolares e que
se originam das relações que envolvem os atores da comunidade educacional. Assim, existem
dois tipos de escola, aquela que assume a existência dos conflitos e utiliza como oportunidade
de transformação e aquela que nega a sua existência “com toda a certeza, terá que lidar com a
manifestação violenta do conflito, que é a tão conhecida violência escolar.” (CHRISPINO, p.
23, 2007).
Supomos que Leandro por não ver sentido na aula ou não estar interessado em fazer a
atividade busca dispersar a turma ou simplesmente irritar a professora, como forma de se
rebelar aos horários, ritmos e normas da instituição escolar, ele desempenha um
comportamento indisciplinado e transgressor que atrapalha a turma no desenvolvimento das
atividades planejadas para o dia e consequentemente na aprendizagem, compreendemos assim
que as atitudes de Leandro podem se configurar como violência à escola, visto que, o aluno
busca causar danos a figura que representa a escola, em embate a violência da escola, que lhe
impõe regras e o estudo de conteúdos fora de seu interesse.
De forma reativa ao comportamento de Leandro, Verônica desempenha a violência da
escola ao tentar diminuir e constranger seu aluno em meio a sala de aula, supomos que
visando resolver a situação, porém isso só faz gerar em Leandro o sentimento de revolta e a
atitude de repetição da indisciplina como devolutiva a humilhação que recebeu da professora.
Essa segunda atitude do aluno faz com a professora perca de vez o controle sobre suas
emoções e aumente o teor da violência da escola gritando com os alunos e utilizando as
avaliações e reprovações como forma de ameaça e punição, buscando controlar os corpos pois
somente assim consegue que os alunos se mantenham quietos. Segundo a tese de Chrispino,
2007:
Antes, em passado remoto, a escola era procurada por um tipo padrão de aluno, com
expectativas padrões, com passados semelhantes, com sonhos e limites
aproximados. Os grupos eram formados por estudantes de perfis muito próximos.
Com a massificação, trouxemos para o mesmo espaço alunos com diferentes
vivências, com diferentes expectativas, com diferentes sonhos, com diferentes
valores, com diferentes culturas e com diferentes hábitos [...], mas a escola
permaneceu a mesma! Parece óbvio que este conjunto de diferenças é causador de
conflitos que, quando não trabalhados, provocam uma manifestação violenta. Eis, na
nossa avaliação, a causa primordial da violência escolar. (Chrispino, 2007, p. 16)
Neste viés, compreendendo as manifestações violentas que ocorrem no caso em
estudo, notamos outro aspecto marcante que atravessa as relações, que é o caso do conflito
entre alunos e entre alunos e docentes. Percebemos que a docente não tentou solucionar o
conflito instalado, neste caso, o conteúdo parecia ser mais importante para ela, Chrispino
(2007) nos diz que a violência dos professores em face de seus alunos pode ser compreendida
dentro do espectro da violência da escola, já que trata-se de uma violência institucional.
Assim, associamos as configurações dos conflitos e a sua não resolução como influência no
desenvolvimento e na origem da violência. Portanto, é na postura de Verônica ao se apropriar
da avaliação como forma de coibir e repreender os alunos, que nos apropriamos do termo de
Jabklowsky (2018):
A lógica da competição e com as atitudes de evitação, omissão e agressão que levam
a perda de sentido de responsabilidade individual e, ao mesmo tempo, coletiva pela
própria educação; permitindo ainda transformar as escolas em locais de
hospitalidade, ao invés de hostilidade; de intimidade, ao invés de intimidação; de
sentimento de apoio mútuo e o encontra-se no encontro com os outros
(JABKLOWSKI, 2018).
Identificamos que a postura autoritária da professora de nada adiantou, assim
consideramos que existem possíveis razões que levam os alunos a comportamentos
incivilizados, como o tédio, aborrecimento, desinteresse, dificuldade em acompanhar o
conteúdo, falta desentido e motivação. O fato dos alunos demonstrarem dispersão, falta de
atenção na aula, o método de copiar textos e perguntas no quadro esperando que o aluno o
escreva de modo reprodutivo, colabora pouco para a aprendizagem dos alunos. Assim, se faz
necessário o uso de novas estratégias para envolver o aluno e reconectá-lo à aula.
Como expresso por Leite e Kagner (2009), é preciso ressaltar a importância das
decisões pedagógicas assumidas pelo professor, pois elas estarão mediando a futura relação
que se estabelece entre o aluno e os diversos objetos do conhecimento. Desse modo, a
avaliação pode servir de instrumento de poder nas mãos dos professores, através do feedback
punitivo, do controle de corpos e mecanismo disciplinador, a exemplo utilizados pela
professora Verônica. Atitudes como as desempenhadas pela mesma podem implicar na crença
de autoeficácia do aluno e no deterioramento da relação sujeito-objeto, na qual o aluno
desenvolve um sentimento de profunda aversão ao objeto de conhecimento, a disciplina ou
conteúdo.
Contudo, compreendemos que possam existir outros caminhos para a resolução destes
conflitos, incivilidades, indisciplinas e violências, como por exemplo, a mediação de
conflitos. O conflito como divergência de ideias irá sempre existir nas relações humanas e por
este motivo não deve ser ignorado e sim mediado dentro das escolas percebendo seu lado
positivo, que se dá na produção de autonomia e responsabilidade individual e na percepção e
respeito a pontos de vista diversos, assim como tolerância e boa convivência. Primeiramente,
devemos identificar quais os conflitos recorrentes na escola ou na turma em que trabalhamos,
para assim buscar a implementação da mediação dos conflitos que deve ser explicitada aos
alunos. Para que a mediação de conflitos funcione, segundo Chrispino (2007), os alunos
devem ter clareza de que suas divergências se constituem em conflitos e que conflitos mal
resolvidos podem incidir em violência.
Em devolutiva ao caso de Verônica e com os citados embasamentos, propomos que a
professora deveria ao invés de agir violentamente com aquele aluno, buscasse a compreensão
do conflito e sua resolução. Seja através da roda de conversa com todos os alunos, pedindo
para que Leandro exponha o motivo de desinteresse pela aula e se caso mais alguém da turma
possuir o mesmo sentimento, também compartilhasse do momento de criar estratégias para
resolver os conflitos. Se após a conversa, em aulas posteriores, as atitudes de Leandro se
repetissem seria interessante a proposição a coordenação e direção de projetos que tivessem
atividades extra sala de aula como o esporte, que visassem a construção de disciplina entre os
alunos.
A disciplina é entendida como autogestão para melhorar o processo de aprendizagem,
responsabilidade e gerenciamento de suas capacidades para fins desejáveis, que no caso citado
visa desenvolver em Leandro o desejo de praticar esportes, exigindo dos alunos um bom
desempenho em sala de aula para o ganho de tal benefício. Desta forma, Leandro teria a
possibilidade de se autorregular, tomar decisões em favor ou contra seus objetivos e como
expectativa de nós professores que desenvolva um comportamento disciplinado melhorando a
dinâmica em sala de aula, sua aprendizagem e a convivência com os colegas.
Além disso, podemos discorrer sobre a insatisfação profissional de Verônica e sua
condição emocional abalada fruto do sucateamento da escola pública, como sinaliza
Chrispino (2007), na qual a escola vem sendo esvaziada pelo afastamento de bons docentes
por conta do desprestígio profissional e perda significativa salarial. Sendo assim, acreditamos
que desenvolver na escola a melhoria na resolução de conflitos e a diminuição da violência
perpassa a valorização docente e o respeito aos direitos da categoria, pois somente professores
bem remunerados, com folgas, saúde e demais direitos respeitados possui capacidades de se
manter estável emocionalmente e disposto a desempenhar compromisso, responsabilidade e
criatividade com a escola e com os alunos.
Solucionar não é evitar!! O barulho, o desinteresse, as conversas paralelas demonstram
que os alunos não estão acompanhando a metodologia de ensino, assim, tendo em vista
romper com estes comportamentos de indisciplina é necessário trazer o aluno para perto. Uma
aula interativa e com a cara do aluno faz com que ele se interesse e se sinta parte do processo,
o trabalho com a língua portuguesa utilizando fotografias, fichas escalonadas e para a
matemática, os recursos como ábaco, material de contagem como tampilhas , material
dourado. Pensamos em sugerir a utilização de vídeos ou curtas metragens.
Os recursos audiovisuais são mecanismos excelentes para trabalhar de forma mais
interativa e chamar atenção dos alunos. Cada vez mais jogos educativos estão sendo
desenvolvidos por plataformas gratuitas, em vista de melhorar a qualidade da aula bem como
de prevenir a incivilidade. Além disso, a circulação do professor em aula para acompanhar as
produções das atividades, não se prendendo apenas a lousa, como acontece com Verônica. São
um conjunto de ações que podem contribuir para a prevenção da incivilidade, ajudar o aluno a
desenvolver uma relação entre eles, atenção aos conflitos, chamá-los para resolver juntos,
implicados na resolução e incentivar a cooperação entre os mesmos.
Compreendemos através das literaturas que os conflitos mal resolvidos dentro da
instituição geram violência dentro e em outros espaços, enquanto que a sua intervenção é uma
estratégia que tem dado certo. A este respeito algumas vantagens identificadas para a
mediação do conflito escolar baseada em Chrispino (2004), a sua visão positiva ao invés de
negativa, enfrentando a fim de ser solucionado, melhora a qualidade das relações entre os
atores escolares e melhorar o “clima escolar”, diminuição nos índices de violências e
incivilidades, melhora as relações entre alunos, facultando melhores condições para o bom
desenvolvimento da aula.
Portanto, a situação por envolver todos os alunos da sala, a professora juntamente com
a turma precisa estabelecer contratos de boa convivência. Parar a aula no momento que
acontece os comportamentos de incivilidade, indisciplina e explicar os motivos do respeito ao
outro é imprescindível, os estudantes precisam ouvir falar sobre os limites do outro, até onde
as brincadeiras são ofensivas e invasivas. Consideramos que somos referências para os nossos
alunos, assim o próprio controle do tom de voz, a paciência, o modo de conversar com o
aluno contribui para o processo de relação e aprendizado, evitando futuros problemas. Como
a escola é o espaço que irá acontecer conflitos, esperar que eles aconteçam não é a melhor
estratégia, é necessário planejar intervenções para estar preparado quando elas acontecerem.
Referências
CHARLOT, B. A violência na escola: como os sociólogos franceses abordam essa questão.
Sociologias, Porto Alegre, ano 4, n. 8, p. 432-443, jul/dez 2002.
CHRISPINO, A. Gestão do conflito escolar: da classificação dos conflitos aos modelos de
mediação. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.15, n.54, p. 11-28, jan./mar. 2007.
CHRISPINO, A. A judicialização das relações escolares e a responsabilidade civil dos
educadores. Ensaio: avaliação de políticas públicas em educação, Rio de Janeiro, v. 16, n. 58,
p. 9-30, jan./mar. 2008.
GARCIA, J. (2006). Indisciplina, incivilidade e cidadania na escola. ETD - Educação
Temática Digital, 8(1), 124-132. 2006.
JABKLOWSKI, G. I. Mediación escolar. Revista Digital 12(ntes), número 42 (segunda
época), p. 3-8, abril/2018. Disponível em: . Acesso em: 24/11/2020.
LEITE, S; KAGNER, S. Efeitos aversivos da prática de avaliação da aprendizagem escolar.
Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v. 17, n. 62, p. 109-134, jan./mar. 2009.
SEGAL, R. INCIVILIDADES, CONFLITOS E VIOLÊNCIAS ESCOLARES: elucidando
algumas categorias para a mediação de conflitos na escola. Educação SemDistância, Rio de
Janeiro, n.2, dez. 2020.

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