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Fichamento Regina Helena Costa - Imunidades Tributárias

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PUC-SP – DIREITO TRIBUTÁRIO
FICHAMENTO
	
COSTA, Regina Helena. Curso de direito tributário : Constituição e Código. Tributário Nacional. – 4. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2014, PARTE II, ITEM 3.3.
3.3. IMUNIDADES (p. 70-91)
· “Outras expressivas limitações constitucionais ao poder de tributar são as exonerações qualificadas como imunidades. Uma vez efetuada a opção política de se definir a competência tributária em nível constitucional, tem-se, como consequência, a previsão de exonerações fiscais consideradas mais relevantes nesse mesmo nível.”
3.3.1. Conceito
· “Sob o prisma formal a imunidade, em nosso entender, excepciona o princípio da generalidade da tributação, segundo o qual todos aqueles que realizam a mesma situação de fato, à qual a lei atrela o dever de pagar tributo, estão a ele obrigados, sem distinção. Assim, sob esse aspecto, a imunidade é a impossibilidade de tributação – ou intributabilidade – de pessoas, bens e situações, resultante da vontade constitucional.”
· “Sob o aspecto material ou substancial, por sua vez, a imunidade consiste no direito público subjetivo, de certas pessoas, de não se sujeitarem à tributação, nos termos delimitados por essa norma constitucional exonerativa.”
· “A imunidade tributária, então, pode ser definida como a exoneração, fixada constitucionalmente, traduzida em norma expressa impeditiva da atribuição de competência tributária ou extraível, necessariamente, de um ou mais princípios constitucionais, que confere direito público subjetivo a certas pessoas, nos termos por ela delimitados, de não se sujeitarem à tributação.”
· “A imunidade é, assim, inconfundível com a isenção, exoneração tributária fixada em nível infraconstitucional.”
3.3.2. Classificação
· “Quanto aos valores constitucionais protegidos ou quanto ao grau de intensidade e amplitude –, [pode-se classificar as imunidades] em gerais ou genéricas e específicas, tópicas ou especiais. Esta classificação é útil na delimitação do alcance das normas imunizantes.”
· “As imunidades gerais ou genéricas, contempladas no art. 150, VI, dirigem vedações a todas as pessoas políticas e abrangem todo e qualquer imposto que recaia sobre o patrimônio, a renda ou os serviços das entidades mencionadas – daí a denominação que recebem. Protegem ou promovem valores constitucionais básicos, têm como diretriz hermenêutica a salvaguarda da liberdade religiosa, política, de informação etc. São dotadas de intensa carga axiológica, uma vez que a Lei Maior as fundamenta em diversos valores.”
· “As imunidades específicas, tópicas ou especiais, por sua vez, são circunscritas, em geral restritas a um único tributo – que pode ser um imposto, taxa ou contribuição –, e servem a valores mais limitados ou conveniências especiais. Dirigem-se a determinada pessoa política.” 
· “Uma segunda classificação considera como critério de distinção das normas imunitórias a forma de previsão ou modo de sua incidência. A utilidade dessa distinção volta-se para a determinação da extensão dos efeitos da exoneração constitucional. Consoante esse critério, as imunidades podem ser subjetivas ou objetivas.” 
· “As imunidades subjetivas ou pessoais são aquelas outorgadas em razão da condição de determinadas pessoas; recaem sobre sujeitos. Nestas impende registrar a presença de elementos objetivos (...) mas tão somente como elementos balizadores da subjetividade considerada. (...)” 
· “As imunidades objetivas ou reais, por seu turno, são aquelas concedidas em função de determinados fatos, bens ou situações; recaem sobre coisas. É certo que também beneficiam pessoas, mas não são outorgadas em função delas. (...)” 
· “Pode-se figurar ainda uma terceira categoria, a imunidade mista, determinada em razão da natureza jurídica de certas pessoas e relacionadas a determinados fatos, bens ou situações. (...).”
· “As imunidades de cunho subjetivo podem ainda ser classificadas em razão de serem ou não consequências necessárias de um princípio. Temos, assim, imunidades ontológicas e imunidades políticas.”
· “As imunidades ontológicas são as reconhecidas de jure, como consequência necessária de um princípio constitucional. No Direito Positivo o princípio que impõe o reconhecimento dessas imunidades é o princípio da isonomia, em suas diversas manifestações. (...) Esses preceitos imunitórios sempre revestem-se de caráter subjetivo. A imunidade ontológica por excelência é a imunidade recíproca das pessoas políticas, visto não possuírem capacidade contributiva, pois seus recursos destinam-se ao custeio da prestação dos serviços públicos que lhes incumbem. Também, cuidando-se de um Estado Federal, tal imunidade é decorrência lógica dessa mesma igualdade, agora voltada às pessoas políticas. Indiferente, portanto, para essa espécie de imunidade, que sua previsão seja suprimida do texto constitucional, já que, por força dos princípios que a edificam, a exoneração tributária revela-se consequência necessária destes.” 
· “As imunidades políticas, diversamente, sem constituírem consequência necessária de um princípio, são outorgadas para prestigiar outros princípios constitucionais. Beneficiam, eventualmente, pessoas que detêm capacidade de contribuir. Podem ser retiradas do Texto Fundamental – tão somente mediante o exercício do Poder Constituinte Originário –, não podendo ser reconhecidas ante a ausência de preceito expresso que as acolha – o que equivale a dizer que a competência tributária pode voltar a ser exercida nessas situações.”
3.3.3. Imunidades genéricas
· “As imunidades genéricas são, como visto, as contidas no art. 150, VI, e §§ 2º a 4º, da Lei Maior, e assim denominadas porque dirigem vedações a todas as pessoas políticas, abrangendo quaisquer impostos que recaiam sobre o patrimônio, a renda e os serviços das entidades consideradas. Portanto, outras espécies de tributos, como taxas e contribuições, estão fora do alcance de tais normas.”
3.3.3.1. Imunidade recíproca
· “O art. 150, VI, a, estatui ser vedado às pessoas políticas instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços umas das outras. Os §§ 2º e 3º do mesmo artigo vêm elucidar os contornos da proibição constitucional.” 
· “Primeiro, estende a Lei Maior às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público a mesma exoneração tributária no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.”
· “Depois, esclarece que a imunidade recíproca entre as pessoas políticas, bem como sua extensão às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, não se aplica ao patrimônio, à renda e aos serviços relacionados com a exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.”
· “Classifica-se a imunidade em exame como de natureza subjetiva e ontológica.”
· “Inicialmente, a imunidade mútua das pessoas políticas constitui decorrência da eficácia dos princípios federativo – que é cláusula pétrea (art. 60, § 4º, I) – e da autonomia municipal (arts. 29 e 30). Em segundo lugar, fundamenta-se a imunidade em tela na ausência de capacidade contributiva das pessoas políticas. Na Federação as pessoas políticas são iguais, também, em face da ausência de capacidade contributiva, porque seus recursos destinam-se à prestação dos serviços públicos que lhes incumbem.”
· “Indiferente, portanto, para essa espécie de imunidade, que sua previsão seja suprimida do texto constitucional, não somente porque a mesma deflui de tais princípios, mas também porque configura hipótese na qual a competência tributária em matéria de impostos não pode ser exercida em face da ausência de capacidade contributiva desses sujeitos.”
· “Por apoiar-se em dois fundamentos de grande relevo, a imunidade recíproca é considerada a mais importante das imunidades tributárias.”
· “A imunidade recíproca, em nossoentender, abarca inclusive os chamados impostos indiretos, isto é, aqueles que comportam o fenômeno da repercussão econômica – IPI e ICMS –, porquanto o patrimônio desses entes, ainda que na qualidade de “contribuintes de fato”, deve ser preservado.”
3.3.3.2. Templos de qualquer culto
· “O art. 150, VI, b, CR, prescreve ser vedado às pessoas políticas instituir impostos sobre os templos de qualquer culto. O § 4º do mesmo artigo esclarece que tal vedação compreende somente o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais da entidade.”
· “A origem dessa norma imunizante remonta à separação entre a Igreja e o Estado, consumada com a proclamação da República.”
· “A renda considerada imune é aquela que decorre da prática do culto religioso, compreendendo as doações dos fiéis (incluindo as espórtulas e os dízimos) bem como as consequentes de aplicações financeiras, pois estas visam à preservação do patrimônio da entidade.”
· “Ainda, os serviços religiosos são imunes, gratuitos ou não, mesmo que envolvam o fornecimento de mercadorias, como ocorre na assistência aos pobres.”
· “Finalidades essenciais são aquelas inerentes à própria natureza da entidade – vale dizer, os propósitos que conduziram à sua instituição. Finalidades essenciais dos templos de qualquer culto, portanto, são a prática do culto, a formação de religiosos, o exercício de atividades filantrópicas e a assistência moral e espiritual aos fiéis.”
3.3.3.3. Imunidades contidas no art. 150, VI, c
· “Preceitua a Lei Maior ser vedado instituir impostos sobre o patrimônio, a renda ou os serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais de trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos, atendidos os requisitos de lei. O § 4º do art. 150 acrescenta que a vedação compreende somente o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais das entidades mencionadas.”
· “(...) a ausência de finalidade lucrativa é requisito a ser preenchido tão somente pelas instituições de educação e de assistência social, uma vez que os partidos políticos e suas fundações, bem como as entidades sindicais de trabalhadores, são entes que, por sua própria natureza, não objetivam lucro.”
· “Trata-se do segundo pressuposto constitucional comum para a fruição do benefício que esses elementos se relacionem com as finalidades essenciais da entidade, as quais já definimos como os objetivos inerentes à própria natureza da entidade, isto é, os propósitos que levaram à sua instituição.”
· “A nosso ver, tal cláusula [“atendidos os requisitos de lei, contida no final do preceito inserto no art. 150, VI, c,] autoriza a contenção dos efeitos da norma, estatuindo caber à lei a fixação de outros requisitos para a fruição da imunidade além dos estampados na Lei Maior. A norma imunizante em foco qualifica -se como norma constitucional de eficácia contida ou restringível (...). Portanto, parece-nos que as imunidades que defluem do art. 150, VI, c, são melhor qualificáveis como condicionáveis, e não como condicionadas.”
· “Debate-se, ademais, acerca da espécie legislativa adequada a veicular tais requisitos. Têm-se duas vertentes básicas sobre o assunto: uma que proclama que somente possa a lei complementar disciplinar tais limitações, e outra que sustenta que tanto a lei complementar quanto a lei ordinária podem atuar nesse âmbito, cumprindo diferentes papéis.” 
· “A orientação que se nos apresenta mais adequada tem sido a de que a “lei” a que se refere o art. 150, VI, c, é lei complementar, escorada no fundamento de que, sendo a imunidade limitação constitucional ao poder de tributar, aplica -se o disposto no art. 146, II, CR. 
· “Pensamos que a cláusula “atendidos os requisitos de lei”, contida no art. 150, VI, c, refere-se, efetivamente, aos requisitos que podem ser estabelecidos para condicionar a fruição do benefício, já que a norma trata, exatamente, dos entes contemplados com a exoneração tributária em matéria de impostos que recaiam sobre seu patrimônio, renda e serviços. Parece-nos que essa cláusula não se reporta às condições para a existência e legalização da pessoa imune – e, assim, desinfluente para o tema em análise afirmar que estas podem ser estabelecidas por lei ordinária. Se assim é, resta inafastável a aplicação da norma inserta no art. 146, II, na hipótese, sendo de se reconhecer como irrefutável o argumento acima mencionado, segundo o qual não é plausível admitir-se que limitações constitucionais ao poder de tributar possam ser disciplinadas pelas próprias pessoas destinatárias das mesmas.”
· “A não distribuição de qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas a qualquer título caracteriza a ausência de finalidade lucrativa, mas não se confunde com a existência de lucro, necessário e mesmo indispensável para a melhor realização de seus fins.”
· “(...) o § 1º do art. 9º, CTN, ao qual faz remissão o § 1º do art. 14, transcrito, prescreve que as imunidades não excluem a atribuição, por lei, às entidades beneficiadas, “da condição de responsáveis pelos tributos que lhes caiba reter na fonte, e não as dispensa da prática de atos, previstos em lei, assecuratórios do cumprimento de obrigações tributárias por terceiros”. Vale dizer: tais entidades não se eximem da condição de responsáveis pelo recolhimento de tributos devidos por outrem, nem do cumprimento de deveres instrumentais tributários.”
· “(...) não se pode deixar de criticar a dicção do § 1º do art. 14, CTN, por levar ao equivocado entendimento segundo o qual a autoridade administrativa pode “suspender” a aplicação da imunidade – o que se apresenta inadequado diante do significado das situações de intributabilidade determinadas pela própria Constituição. Em verdade, tratando-se de tema constitucional, sobre o qual mesmo o legislador infraconstitucional pouco pode interferir (somente para conter a eficácia da norma, estabelecendo requisitos a serem atendidos pelos sujeitos beneficiados, quando assim autorizado), não se permite ao administrador fiscal outorgar, suspender ou indeferir a aplicação da imunidade.”
3.3.3.3.1. Partidos políticos e suas fundações
· “São os partidos políticos – como quer Baleeiro67 – “instrumentos de governo, entidades fundadas e mantidas exclusivamente para fins públicos, como órgãos imediatos e complementares da organização estatal”, desempenhando, desse modo, o importante papel de veículos entre o cidadão e o exercício do poder político. E, como tais, não devem ter sua atividade embaraçada por qualquer meio – o que certamente ocorreria se coubesse a exigência de impostos.”
· “Os fundamentos dessa imunidade são, assim, os direitos da liberdade, os quais incluem os direitos políticos e o pluralismo partidário (art. 17, caput).” 
· “Classifica-se como imunidade subjetiva, política e condicionável, segundo a classificação por nós proposta, pois sujeita não somente a condicionamentos estatuídos pela própria Constituição, mas também àqueles postos por eventual lei complementar reguladora dessa limitação.”
3.3.3.3.2. Entidades sindicais de trabalhadores
· “Prestigia a liberdade de associação sindical e reflete a relevância das entidades sindicais diante da vigente ordem jurídica.”
· “Convém frisar que a imunidade em análise alcança tão somente as entidades sindicais de trabalhadores, não abrangendo os sindicatos patronais, que, usualmente, dispõem de mais recursos para sua manutenção.” 
· “Trata-se, portanto, de imunidade subjetiva e de natureza política; este último atributo gera críticas daqueles que entendem que a imunidade conferida às entidades sindicais de trabalhadores é descabida, porque não fundada em direito fundamental.” 
· “Classifica-se também como imunidade condicionável, segundo a distinção que propusemos, pois sua fruição poderá vir a ser condicionada à observância de preceitos infraconstitucionais – como é o caso, presentemente, daqueles insertos no art. 14, CTN, por nós analisados anteriormente.”
3.3.3.3.3. Instituições de educação e deassistência social
· “Instituições são aquelas entidades formadas com o propósito de servir à coletividade, colaborando com o Estado ao suprir suas deficiências.69 São pessoas de Direito Privado que exercem, sem fim lucrativo, atividades de colaboração com o Estado em funções cujo desempenho é, em princípio, atribuição deste.”
· “A educação, por primeiro, é “direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (art. 205).”
· “Já a assistência social “será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I – a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II – o amparo às crianças e adolescentes carentes; III – a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV – a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V – a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei” (art. 203). Outros propósitos poderão ser acrescentados, de acordo com as necessidades coletivas, visando à erradicação da pobreza e da marginalização, objetivo fundamental do Estado brasileiro (art. 3º, III, CR), não podendo tal rol ser considerado taxativo.”
· Qualificam-se ambas como atividades de interesse público, não traduzindo exploração econômica – e, portanto, não indicadoras de capacidade contributiva daqueles que as desenvolvem.” 
· “A razão da outorga dessa imunidade é a realização, pelas instituições por ela beneficiadas, de atividades próprias do Estado, de relevante interesse público: a educação, o acesso à cultura, a assistência social, em suas diversas modalidades (médica, hospitalar, odontológica, jurídica etc.).”
· “Cremos, assim, que, não sendo mais possível, como no passado, assimilar os conceitos de previdência e assistência social, à vista da dicção da Constituição de 1988, as instituições que tenham por objeto tão somente a atividade de previdência privada não são titulares do direito público subjetivo de não se sujeitarem à tributação por via de impostos.”
· “Como visto, a assistência social sujeita-se à disciplina de exoneração fiscal constitucionalmente estabelecida (art. 203, caput). Destarte, coerente com tal regramento, a Lei Maior exonera da tributação por via de impostos as instituições de assistência social sem fins lucrativos, e da exigência de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social (art. 195, § 7º).”
· “(...) entendemos ser mais adequado considerar essa imunidade [conferida às instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos] como de caráter ontológico, porquanto os recursos de tais entidades são consumidos integralmente na realização de suas atividades institucionais. Conquanto tais instituições possam, eventualmente, deter capacidade econômica – vale dizer, recursos suficientes para a manutenção de suas atividades –, certamente não disporão de capacidade contributiva, traduzida na aptidão para contribuir com as despesas do Estado sem o comprometimento da riqueza necessária à sua subsistência.” 
· “A Constituição da República não pôs requisitos outros além de tratar de instituição que cuide de educação e de assistência social e que não tenha fins lucrativos; só pode a lei complementar versar sobre algumas outras características essenciais que decorram de outros princípios constitucionais, ou desse mesmo preceito deduzir explicitamente desdobramentos ou implicações que nele já se contenham.”
· “(...) não é a ausência de lucro que caracteriza uma entidade sem fins lucrativos, visto que o lucro é relevante e mesmo necessário para que a mesma possa continuar desenvolvendo suas atividades. O que está vedado é a utilização da entidade como instrumento de auferimento de lucro por seus dirigentes, já que esse intento é buscado por outro tipo de entidade – qual seja, a empresa. A qualificação de uma entidade como sendo “sem fins lucrativos” exige o atendimento de dois únicos pressupostos: a não distribuição dos lucros auferidos (ou superávits) e a não reversão do patrimônio da mesma às pessoas que a criaram, com a aplicação dos resultados econômicos positivos obtidos na própria entidade.”
· A segunda questão debatida é a concernente à generalidade das atividades desenvolvidas como requisito para a fruição da imunidade. Com relação a esse aspecto, parece-nos não ser cabível tal exigência, diante do próprio papel que essas entidades desempenham no seio social. Como anteriormente assinalado, as atividades desenvolvidas pelas instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos ajudam a suprir as deficiências do próprio Estado. Este, por óbvio, tem de desenvolver as atividades voltadas ao público em geral, à coletividade, por força do princípio da supremacia do interesse público sobre o particular. Mas tais entidades a isso não estão obrigadas, nem pelo texto constitucional, nem por norma infraconstitucional. Podem, muito bem, exercer suas atividades de maneira setorizada, voltadas para um universo determinado de sujeitos, pois ainda assim estarão auxiliando o Poder Público a suprir suas deficiências no campo da prestação de educação e de assistência social.”
· “Parece-nos rematado exagero falar-se na gratuidade dos serviços prestados pela instituição como requisito para o reconhecimento do direito ao benefício fiscal. Com efeito, como afirmamos, o auferimento de lucro não é vedado, mas sim a existência de propósito de lucro, traduzido na distribuição do mesmo, na participação em seu resultado ou, ainda, no retorno do patrimônio da entidade às pessoas que criaram a instituição.”
· “Entidade beneficente não possui finalidade lucrativa, mas, além disso, é aquela que dedica suas atividades, ainda que parcialmente, ao atendimento gratuito dos necessitados. A gratuidade dos serviços prestados é, portanto, elemento caracterizador da beneficência. E, se assim é, a gratuidade dos serviços não é exigência para a fruição da imunidade do art. 150, VI, c, pelas instituições de assistência social sem fins lucrativos”
3.3.3.4. Livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão
· “Prestigia esta imunidade diversos valores: a liberdade de comunicação, a liberdade de manifestação do pensamento, a expressão da atividade intelectual, artística, científica, visando ao acesso à informação e à difusão da cultura e da educação, bem como o direito exclusivo dos autores de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar (arts. 5º, IV, IX, XIV e XXVII, 205, 215 e 220).”
· “A imunidade conferida aos livros, jornais, periódicos e ao papel destinado à sua impressão classifica-se como de caráter político e incondicionada; mas, diversamente das imunidades anteriormente estudadas, reveste -se de natureza objetiva.”
· “Em nossa opinião, o conceito de livro para efeito de aplicação da imunidade tributária repousa na utilização de dois métodos de interpretação das normas constitucionais: a teleológica e a evolutiva. Assim é que, considerados o espírito e a finalidade da norma imunizante, bem como as inovações tecnológicas, o conceito de livro, para esse fim, deve ter sua conotação modificada, para comportar conteúdos que não foram imaginados pelo legislador constituinte mas que são, indubitavelmente, fiéis à finalidade da norma constitucional. Enfim, tutelada está a mídia escrita, esteja ela materializada em papel, CD etc.”
3.3.3.5. Fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil, contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros, bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo naetapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser
· “Fonograma é o registro de ondas sonoras – a própria música –, e videofonograma, por sua vez, o registro de imagens e sons, em determinado suporte.”
· “Os valores homenageados pela nova imunidade coincidem com alguns dos contemplados pela norma imunizante da alínea d: a liberdade de comunicação, a liberdade de manifestação do pensamento, bem como a expressão da atividade artística.” 
· “O intuito é incentivar a produção musical de autoria e/ou interpretação brasileiras, por meio de CDs, DVDs e outras mídias, desonerando esses itens da carga tributária de impostos.” 
· “Observe-se a ressalva efetuada na cláusula final do dispositivo, que veda o tratamento tributário excepcional na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.”
3.3.4. Imunidades específicas
· “A Constituição de 1988 contempla igualmente um grande número de imunidades específicas, assim entendidas aquelas que, como regra, dirigem-se especialmente a uma pessoa política e são restritas a um único tributo, que pode ser imposto, taxa ou contribuição. “
· “As imunidades específicas referentes a impostos estão contempladas nos arts. 153, § 3º, III (IPI); 153, § 4º, II (ITR); 155, § 2º, X, a, b, c e d (ICMS); 155, § 3º (Imposto de Importação, Imposto de Exportação e ICMS);75 156, II, e § 2º, I (ITBI); e 184, § 5º (impostos federais, estaduais e municipais).76 Em relação às taxas, as imunidades específicas estão previstas nos arts. 5º, XXXIV, a e b, LXIII, LXXIV, LXXVI, a e b, LXXVII, 208, I, 226, § 1º, e 230, § 2º.77”
· “Quanto às imunidades relativas a contribuições, estão hospedadas nos arts. 149, § 2º, I78 (contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico), 195, II (contribuições à seguridade social), §§ 5º (contribuição previdenciária) e 7º (contribuições para a seguridade social), e 203, caput (contribuição à seguridade social).”
· “A expressão “são isentas”, empregada na norma imunitória, não deve iludir o intérprete, porquanto a intributabilidade é fixada pelo próprio Texto Fundamental. Norma exonerativa de tributação, no plano constitucional, como visto, qualifica-se como imunidade, sendo a referência a isenção, nesse contexto, atecnia própria da linguagem natural empregada.”
· “Cuida-se de imunidade subjetiva e ontológica, diante da ausência de capacidade contributiva desses entes, pois, como visto quando da análise da imunidade contida no art. 150, VI, c, sua capacidade econômica exaure -se no desempenho de suas finalidades.” 
· “O preceito imunitório em foco insere-se num contexto onde vigoram os princípios da universalidade de cobertura e da solidariedade contributiva.” 
· “O princípio da universalidade da cobertura, hospedado no art. 194, parágrafo único, I, CR, impõe que a cobertura outorgada pelos planos de benefícios da Previdência Social abranja todas as espécies de infortúnios e limitações que venham a afetar a capacidade laboral do ser humano.” 
· “Já o princípio da solidariedade contributiva, abrigado no art. 195, pertinente ao financiamento da seguridade social, é decorrência lógica da adoção pelo Estado brasileiro como seu objetivo fundamental, dentre outros, da construção de uma sociedade livre, justa e solidária (art. 3º, I, CR).”
· “(...) ainda que o conceito de assistência social, hodiernamente, seja abrangente da assistência em diversas áreas (...), a nosso ver, nele não se encontra albergada para efeito de imunidade tributária. A uma, porque a Constituição distingue, perfeitamente como antes exposto, os conceitos de assistência social (art. 203) e de educação (art. 205), (...) A duas, porque, quando desejou a Lei Maior imunizar as instituições de educação, o fez, deferindo-lhes a imunidade genérica estampada no art. 150, VI, c (...).”
· Vale reiterar que os conceitos de “instituição de assistência social, sem fins lucrativos”, empregado no art. 150, VI, c, e o de “entidade beneficente de assistência social”, estampado no dispositivo sob comento, ainda que eventualmente se sobreponham, não coincidem exatamente. (...) Assim é que instituição ou entidade beneficente de assistência social é aquela que não somente não possui finalidade lucrativa, mas também se dedica, ainda que parcialmente, ao atendimento dos necessitados.”
· “A exigência que a Lei Maior acrescenta para a outorga da exoneração tributária no que tange à contribuição para a seguridade social explica-se, a nosso ver, por se constituir exceção ao princípio da solidariedade no custeio da seguridade social, que tem na assistência social uma de suas faces.”
· “(...) o gozo da imunidade pode ser condicionado ao cumprimento de requisitos postos pelo legislador infraconstitucional; se, todavia, não forem estes fixados, a fruição do benefício não poderá ser recusada diante do silêncio do legislador, consoante o raciocínio que já expusemos por ocasião da análise da imunidade das entidades de assistência social, inserida no art. 150, VI, c, da Lei Maior.”

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