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Insuficiência cognitiva GIGANTES DA GERIATRIA (7 I‟S): • Insuficiência cognitiva • Incontinência urinária e/ou fecal • Instabilidade postural e quedas • Imobilidade • Iatrogenia • Insuficiência familiar • Incapacidade comunicativa Aspectos chaves: Demência como condição muito prevalente na população geriátrica, na presença de múltiplas comorbidades. É preciso estabelecer a diferença entre demência, delirium e depressão, mas o diagnóstico etiológico nas demências primárias é menos importante. O cuidador é uma figura muito importante do cuidado desses pacientes. ➔ Alertas amarelos: relação com a família e rede social e organização do cuidado. ➔ Alertas vermelhos: excesso de medicalização, causas tratáveis, presença de delirium ou sintomas psicóticos. SNC é o sistema biológico mais comprometido com o processo do envelhecimento, pois é o responsável por: Vida de Relação (sensações, movimentos, funções psíquicas, entre outros); Vida Vegetativa (funções biológicas internas); As células nervosas, os neurônios, e as células de apoio, as células gliais (astrócitos oligodendrócitos), estão sujeitas a danos no decorrer do processo do envelhecimento por meio de fatores Intrínsecos (genético, gênero, circulatório, metabólico, radicais livres etc.) e Extrínsecos (ambiente, sedentarismo, tabagismo, uso de drogas ilícitas, radiações etc.). A organização comportamental do cérebro se desenvolve através do córtex cerebral, do sistema de memória límbico diencefálico e dos circuitos frontossubcorticais. Para seu estudo, costuma-se distinguir um componente central, subjetivo, e um componente periférico, o comportamento emocional. O componente periférico é a maneira como a emoção se expressa e envolve padrões de atividade motora, somática e visceral, que são característicos de cada tipo de emoção e de cada espécie. O fenômeno da emoção pode ser traduzido por sentimentos como alegria, tristeza, medo, prazer e raiva. O diagnóstico de síndrome demencial é eminentemente clínico, baseado em avaliação objetiva do desempenho cognitivo e funcional. Na demência, apesar de exames de neuroimagem não serem necessários nem suficientes, a maioria dos pacientes que atinge esse estágio de declínio cognitivo já possui lesão cerebral identificável. A identificação da causa de demência, por sua vez, depende de investigação complementar, constituída por exames laboratoriais e de neuroimagem estrutural (TC ou RM de crânio). Em situações específicas, outros exames, como EEG, exame do líquido cefalorraquidiano (LCR), exames de neuroimagem funcional (como a tomografia de emissão de fóton único [SPECT] ou a tomografia por emissão de pósitrons [PET]), entre outros, podem ser também indicados. Alterações morfofuncionais: • Nos últimos 100 anos tem havido um aumento da altura média da população e, consequentemente, do peso médio do cérebro (efeito secular); • O peso do cérebro diminui com a idade, a partir dos 25 anos, sendo mais precoce nas mulheres. • O volume cerebral, quando comparado com a caixa craniana, permanece constante até a meia-idade (60 anos), em torno de 93%. • Na década dos 60 anos há um decréscimo discreto, que se acentua entre as décadas de 70 e 90 anos, quando pode chegar a 80%. Propriedades de atenuação: • Redundância: existem muito mais células nervosas do que o necessário o número células realmente necessárias para determinadas funções é desconhecido, sendo assim, a extensão da redundância é difícil de ser estimada. • Mecanismos compensadores: que podem aparecer quando o cérebro for lesado, e são mais eficientes quanto mais altos forem os centros atingidos. • Plasticidade: que ocorre quando já havia um reconhecimento prévio (rede de dendritos). • Tanto os aspectos positivos quanto os negativos dessas mudanças são afetados por fatores externos, tais como ação de fármacos, por exemplo, à qual os idosos são particularmente sensíveis, principalmente aqueles já com algum dano cerebral. Epidemiologia das demências:a prevalência dobra a cada 5 anos e alcança cerca de 20% dessa população depois dos 80 anos; Demência de Alzheimer e Demência Vascular são as duasprincipais causas de demência do mundo; a demência vascular na América está relacionada com a baixa atividade escolar e intelectual que faz com que eles tenhm menor reserva cognitiva; ➔ Alzheimer, demência vascular, demência mista estão associados a uma alta prevalência de Hipertensão (88%) e síndrome metabólica (39%). Conceito: Demência é qualquer processo neuropatológico que cause significativo declínio das funções cognitivas, levando um indivíduo adulto à perda de sua independência funcional. Esse declínio cognitivo- funcional deve ser necessariamente de natureza cerebral orgânica. Perda progressiva das funções cognitivas e emocionais de uma pessoa, com impacto em sua relação com o mundo, em geral com prejuízo à sua qualidade de vida. Caracteriza-se por distúrbios de memória associados a comprometimento do raciocínio lógico, da orientação espacial, da afetividade, da linguagem, das habilidades construtivas e de outras funções cognitivas, como capacidade de aprendizado, pensamento abstrato e julgamento. As síndromes demenciais são caracterizadas por: declínio cognitivo persistente que interfere no desempenho profissional ou social do indivíduo. Observa-se um declínio em relação ao nível prévio, que decorre do comprometimento de pelo menos duas funções cognitivas (memória, linguagem, praxias, gnosias, orientação espacial, capacidade de abstração e funções executivas) ou do comportamento. • DEMÊNCIA: Processo patológico – insidioso e evolutivo. No entanto, pode ser de etiologia aguda e não evolutiva: ACV, TCE grave, sequelas pós infecciosas. • CCL (Comprometimento Cognitivo Leve): deterioração cognitiva + testagem neuropsicológica, sem grande impacto nas AVD ou incapacidade para o trabalho. Cognição: é um conjunto de capacidades mentais que são formadas pela memória, função executiva, linguagem, praxia (capacidade de executar um ato motor), gnosia/percepção e função visuespacial. É responsável pela capacidade de decisão, fundamental para autonomia de qualquer pessoa. Domínios e síndromes neurocognitivas: 1. Memória 2. Função Executiva 3. Atenção 4. Práxis 5. Linguagem 6. Função visuoespacial 7. Comportamental Memória: Consciente x Inconsciente (núcleos da base); Memória Consciente – conhecimento geral e linguístico acumulado ; Episódica (factual) • Memória de Trabalho (< 3 minutos) – Demências subcorticais (p. ex., microvacular) e pseudodemência depressiva (circuitos límbicos frontais); • De curto prazo (3 min. a dias) – fase inicial da doença de Alzheimer (função hipocampal); • Longo Prazo (semanas a meses); • Duradoura (anos a décadas) • Semântica Função executiva: Habilidades de idealização, sequenciamento, iniciação, inibição, modificação, adaptabilidade do planejamento cognitivo; Pacientes podem ter: Desinibição (frontotemporal comportamental); Lentificação da velocidade de processamento cognitivo e motor (demências subcorticais, incluindo demência vascular, de Lewy e parkinsoniana). Alterações no planejamento costumam estar presente em ambos tipos. Atenção: Função cognitiva modula o funcionamento de todas as outras, no que se refere à memória e à função executiva; Diminuição da reserva funcional cerebral (com o envelhecimento usual – não bem- sucedido) → dominios cognitivos altamente dependentes da atenção para funcionarem acima do limite de insuficiência; Assim, depressão maior de intensidade moderada e grave pode simular demência no idoso. ➔ Delirium – pode afetar o nível de atenção – na forma hipoativa ou hiperativ causando prejuízo de todas as funções que dela dependem: memória, linguagem e comportamento. Praxis: Capacidade de planejar a execução de atividades motoras previamente aprendidas; APRAXIA é a Dificuldade para executar essas atividadesmotoras, apesar da integridade da compreensão e do sistema motor; Paciente parece “atrapalhado”; ➔ DIFICULDADE para INICIAR a marcha = Demência do tipo não Alzheimer. Importante sinal clínico de diferenciação. Linguagem: Capacidade de Comunicação, verbal ou não. • AFASIA: dificuldade no processamento cognitivo (elaboração e/ou compreensão e/ou repetição) da linguagem verbal e escrita. • Frequentemente de origem CORTICAL. • AFASIA de início súbito → AVC. • Alterações lentas e progressivas na linguagem + outras alterações neurocognitivas sugerem processo demencial em curso Função visuespacial: Depende da integridade dos lobos occipitais e parietais. • Alzheimer: em cerca de 10% dos casos, o principal sintoma referido pela família é perderse e não saber voltar para casa (Memória espacial, variante posterior da doença de Alzheimer). • Simultaneognosia: incapacidade de conjuncturar diversos objetos do campo visual → Percebe apenas um objeto por vez, apesar da integridade das vias ópticas. Comportamento: Alterações neurocomportamentais podem apresentar-se no que diz respeito: Espectro sono- vigília (sonolência, apatia, agitação e agressividade verbal ou física); Variantes patológicas do estado de alerta (delírios, alucinações, desinibição/inadequação social, hipersexualidade e outros comportamentos compulsivos). Pacientes com demência podem apresentar quaisquer sintomas comportamentais ao longo do curso da doença, sendo a apatia o sintoma mais frequente. Quando pensar em demência? - Quando ocorrerem relatos de perdas de funções notáveis da pessoa, em geral pelos cuidadores ou familiares ou com observações ao longo do acompanhamento pelo médico. É incomum que a pessoa perceba e identifique a própria demência. A pessoa se queixa de perda da própria memória, que é um preditor de depressão, principalmente em conjunto com perda de atenção e sensação de piora na parte da manhã. Diagnóstico: Histórico Clínico detalhado, com o objetivo de identificar a cronologia e a velocidade das perdas cognitiva e funcional do indivíduo, bem como possíveis diagnósticos diferenciais. Exame Neurológico completo é importante para se desvendarem possíveis causas do comprometimento cognitivo. Testes de Rastreio cognitivo contribuem para avaliar qual função cognitiva está afetada e para acompanhar a evolução do quadro. - Lembrar: APRESENTAÇÕES ATÍPICAS - É importante saber: Sinais e sintomas trazem pistas de uma ou mais doenças que podem estar envolvidas no processo, nem sempre clássicas ou associadas a eles; É necessário um alto índice de suspeição, pois geralmente são responsáveis por diagnósticos tardios e atrasos no tratamento; Anamnese: 1. Caracterizar a presença e o grau de déficit cognitivo; 2. Afastar causas que possam ser confundidas como demência, como a pseudodemência depressiva pura; O fato de o paciente ir à consulta ACOMPANHADO por si já pode ser um indicativo de certa perda da independência funcional ; Falta de insight sobre o quadro da doença pode ser consequência da disfunção cognitiva; Irritabilidade x Familiares. Familiares: quando perceberam as primeiras alterações cognitivas. Quando começou a ficar “diferente”? Qual a primeira alteração? Qual a sequência das perdas cognitivas? [marcha, incontinência, cognição, perder-se, dificuldade de planejamento] Evento da vida familiar? Avaliar as funções cognitivas através do MEEM, teste de fluência verbal, teste do desenho do relógio, GDS- 15, lista de 10 palavras CERAD e reconhecimento das 10 figuras. Exames complementares: • Laboratoriais: hemograma, vitamina B12, ureia e creatinina, eletrólitos, ácido fólico, proteínas totais e frações, glicemia de jejum, cálcio sérico, enzimas hepáticas, TSH e T4 livre, sorologia par sífilis, HIV e tempo de protrombina. • É indicado exame de imagem do sistema nervoso central (SNC ) para afastar causas reversíveis. TC, RNM, Punção, PET-SCAN, testes genéticos. Classificações das demências: 1) Evolutivas: resultantes de declínio progressivo por doença neurodegenerativa, vascular ou infecciosa crônica 2) Estáticas: causadas por demência vascular com fatores de risco controlados ou por sequela de lesão cerebral aguda isolada, por trauma ou infecção resolvida. 3) Potencialmente reversíveis: causadas pelo hipotireoidismo e pela hipovitaminose B Plano de cuidados: Tratamento não farmacológico: manter ao máximo a rotina, não modificar bruscamente o ambiente onde o idoso vive, pegar sol, praticar atividade física, evitar luz e barulhos a noite, tomar banho com temperatura ideal, terapia do toque, estimular a cognição, musicoterapia, treinamento de cuidadores para medidas de intervenção comportamental. Tratamento farmacológico: • Neurolépticos (Quetiapina / Clozapina / Clorpromazina /Haloperidol / Risperidona) • Psicotrópicos não neurolépticos • Benzodiazepínicos • Anticolinesterásicos – Donepezila • Anticonvulsivantes • Estabilizadores do Humor – Carbamazepina / Ácido Valpróico Conclusões: O diagnóstico de síndrome demencial depende da anamnese cuidadosa e de medidas objetivas da cognição e do desempenho funcional; o diagnóstico diferencial das demências é um processo complexo, custoso e que demanda tempo; apesar do estabelecimento de critérios diagnósticos e de protocolos de investigação, as demências ainda são subdiagnosticadas e mal classificadas; a detecção precoce de alterações cognitivas que são preditivas de demência é um dos temas mais delicados da avaliação neuropsicológica e do manejo do envelhecimento cognitivo patológico. Atuar precocemente em todos níveis de prevenção asegura manter ou restabelecer a autonomia do paciente bem como seu convívio familiar e social. Insuficiência cognitiva GIGANTES DA GERIATRIA (7 I‟S): Alterações morfofuncionais: Propriedades de atenuação: Domínios e síndromes neurocognitivas: Quando pensar em demência? Anamnese: Exames complementares: Classificações das demências: Plano de cuidados: Tratamento farmacológico: Conclusões:
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