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Ana Elisa A. G. GD 1 – Sd. Geriátricas A saúde do idoso está estritamente relacionada com a sua funcionalidade global, definida como a capacidade de gerir a própria vida ou cuidar de si mesmo. o Bem-estar biopsicossocial-cultural- espiritual, e não simplesmente a ausência de doenças. o Avaliar capacidade de praticar atividades de vida diária (AVD). Autonomia: capacidade individual de decisão e comando sobre as suas ações, estabelecendo e seguindo as próprias regras (cognição e humor). Independência: capacidade de realizar algo com os próprios meios (mobilidade e execução). Cognição: capacidade mental de compreender e resolver os problemas do cotidiano. E constituída por um conjunto de funções corticais, formadas pela memória (capacidade de armazenamento de informações), função executiva (capacidade de planejamento, antecipação, sequenciamento e monitoramento de tarefas complexas), linguagem (capacidade de compreensão e expressão da linguagem oral e escrita), praxia (capacidade de executar um ato motor), gnosia (capacidade de reconhecimento de estímulos visuais, auditivos e táteis) e função visuoespacial (capacidade de localização no espaço e percepção das relações dos objetos entre si). Humor: motivação necessária para os processos mentais. Mobilidade: capacidade de deslocamento do indivíduo. Depende da postura/marcha, da capacidade aeróbica e da continência esfincteriana. Comunicação: capacidade de estabelecer relacionamento produtivo com o meio (habilidade de se comunicar). Depende da visão, audição e fala. Incontinência urinária: uma das grandes síndromes geriátricas família, por sua vez, e outro elemento fundamental para o bem- estar biopsicossocial e sua ausência e capaz de desencadear ou perpetuar a perda de autonomia e independência do idoso (insuficiência familiar). Síndromes semelhantes, independentemente de doenças especificas, denominadas gigantes da geriatria, síndromes frequentes e que atuam diretamente na saúde do idoso, totalizando os 7 “Is” da Geriatria. Incapacidade cognitiva Designa o comprometimento das funções encefálicas superiores capaz de prejudicar a funcionalidade da pessoa. o As alterações nas funções superiores que não apresentam prejuízo na funcionalidade do paciente não podem ser classificadas como incapacidade cognitiva. Essas alterações Saúde do Idoso Ana Elisa A. G. constituem o transtorno cognitivo leve. o Avaliar prejuízo na funcionalidade do indivíduo ou perda de AVDs. Detectar as alterações na funcionalidade dos idosos pelo desempenho em suas atividades básicas ou instrumentais de AVD’s por intermédio das escalas de Katz4 e de Lawton-Brody5, respectivamente. Miniexame do Estado Mental (MEEM) Principal teste de triagem das funções encefálicas superiores. Nível de escolaridade: o Escore 18: indivíduos analfabetos o Escore 26: com escolaridade superior a oito anos. A história pregressa constitui-se em elemento dos mais importantes para a distinção entre a demência e as doenças psiquiátricas O critério mais utilizado para o diagnóstico da demência encontra-se no Manual Estatistico e Diagnostico de Desordens Mentais (DSM-IV), definido pela Associacao Americana de Psiquiatria, em que o diagnóstico de demência é definido pelo desenvolvimento de múltiplos déficits cognitivos. Estabelecer a etiologia da síndrome demencial após o estabelecimento do seu diagnóstico sindrômico. Avaliar causas de demência potencialmente reversíveis. Exames complementares: hemograma, dosagem de TSH, de vitamina b12, de ácido fólico e a análise da função renal, que podem ser expandidos para a avaliação das provas de função hepática, pesquisa de antiVIH, VDRL e a realização de algum exame de imagem com especificidade para o diagnostico aventado. Avaliação clínica e complementar do paciente: capaz de afastar as seguintes causas de demência (agrupadas mnemonicamente pela palavra TIME): 1. tóxicas: uso de drogas, álcool, metais pesados, drogas psicoativas. 2. infecciosas: neurossífilis, infecção pelo VIH. 3. metabólicas: deficiência de vitamina B12 e de ácido fólico, hipotireoidismo, Ana Elisa A. G. hiponatremia, insuficiência renal e hepática. 4. estruturais: hidrocefalia de pressão normal, hematoma subdural e tumores. Demência Causas potencialmente reversíveis, são decorrentes de processos degenerativos primários, entre as quais 50-60% associam- se a Demência de Alzheimer (DA). Demais grupos: doença por corpos de Lewy, fronto-temporal, vascular e mista. Manifestações Clínicas o Após os 65 anos de idade. o Redução na produtividade funcional associada a realização de tarefas complexas, assim como desorientação espacial, alteração no comportamento, perda da memória recente e dificuldade para aprender novas informações. Evolução Progressiva redução do rendimento funcional e da capacidade cognitiva. Fase moderada: associa-se a insônia, confusão mental, agitação, afasia e apraxia. Estágio avançado: distúrbios motores, dificuldade para deglutir e incontinência urinária. Fase Terminal: mutismo e/ou intensa disfagia. O óbito ocorre, na maioria dos casos, por infecções, em geral, após 10-15 anos do início da doença. Tratamento Farmacológico: drogas antidemenciais, como: inibidores da acetilcolinesterase (donepezil 5-10 mg/dia, rivastigmina 6- 12mg/dia e galantamina 16-24 mg/dia); e nos antagonistas dos receptores do glutamato (memantina 20 mg/dia). A alteração neurobiológica mais marcante da DA e a disfunção colinérgica, por isto o tratamento farmacológico visa a aumentar o tônus colinérgico, por intermédio da inibição da acetilcolinesterase. Controle das alterações comportamentais: antidepressivos e de antipsicóticos. Benzodiazepinicos devem ser evitados devido a seus efeitos colaterais, especialmente sua capacidade de provocar quedas em idosos. Delirium (estado confusional agudo) Síndrome neurocomportamental causada por comprometimento transitório da atividade cerebral, secundário a uma causa orgânica. Distúrbio de início súbito que envolve a consciência, a atenção, a cognição e a percepção e que tende a variar (flutuar) ao longo do dia. Pode ser: hiperativo, hipoativo ou misto. Hiperativo: aproximadamente 1/3 dos casos. Principais causas: infecções, medicamentos, intercorrências clinicas e hospitalizações. Ana Elisa A. G. Tratamento: Medidas gerais que visam a corrigir os distúrbios hidroeletrolíticos e ácido- básicos, promover a nutrição adequada, retirar a contenção, estimular a mobilidade e a mudança de decúbito, proteger a via aérea e promover a reorientação o espacial e temporal do paciente. Tratamento especifico: remoção da causa básica ou fator precipitante, além do controle da sintomatologia. Depressão Humor deprimido; diminuição do interesse e do prazer na maioria das atividades (anedonia); insonia ou hipersonia; ganho ou perda de peso acima de 5%; redução da capacidade de concentração; agitação ou lentificação psicomotora; fadiga; ideia inapropriada de menos valia ou de culpa; pensamento recorrente de morte ou de ideação suicida. Mais de duas semanas, com perturbação ou alteração da capacidade funcional e não relacionada ao abuso de alguma substancia, condição medica ou luto. Diagnostico Requer a presença de cinco desses sintomas, incluindo, obrigatoriamente, humor deprimido ou anedonia. Tratamento Medicamento associado ou não a psicoterapia. Antidepressivos. Eletroconvulsoterapia (ECT): casos urgentes, refratários ou quando o tratamento farmacológico não é seguro. A escolha da droga a ser utilizada baseia- se, principalmente, na análise das comorbidades clinicas e, sobretudo, nos seus efeitos colaterais e na susceptibilidade dos pacientes.Iatrogenia Significa qualquer alteração patogênica provocada pela pratica medica. É fundamental evitar iatrogenia em idosos devido a sua natural vulnerabilidade mais acentuada as reações adversas associadas as drogas, as intervenções não- medicamentosas, decorrentes da senescência, do risco de polipatogenia e de polifarmácia, alem de incapacidades. 1. iatrofarmacogenia: decorrente do uso de medicamentos, de polifarmácia, da interação medicamentosa e do desconhecimento das alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas associadas ao envelhecimento. 2. internação hospitalar: que pode potencializar os riscos decorrentes do declínio funcional, da subnutrição, da imobilidade, da úlcera de pressão e da infecção hospitalar. 3.iatrogenia da palavra: associada ao desconhecimento de técnicas de comunicação de más notícias. Ana Elisa A. G. 4. iatrogenia do silêncio: que decorre da dificuldade de ouvir adequadamente o paciente e sua família. 5. subdiagnóstico: pela tendência a atribuir todas as queixas apresentadas pelo idoso ao fenômeno “da idade”, o que pode resultar grave erro. 6. cascata propedêutica: em que a solicitação de exames e feita de forma desnecessária, extensiva, sem indicação precisa. 7. distanásia: caracterizada pelo prolongamento artificial da vida sem perspectiva de reversibilidade, com sofrimento para o paciente e sua família. 8. prescrição de intervenções fúteis e/ou sem comprovação científica: que impõem ao paciente risco desnecessário. 8. iatrogenia do excesso de intervenções reabilitadoras: o excesso de “equipe interdisciplinar” pode trazer consequências desfavoráveis ao paciente, assim como o faz a polifarmácia. GD2: Consenso Brasileiro de Medicamentos Potencialmente Inapropriados para Idosos A escolha do medicamento apropriado para cada doença em particular é um processo complexo, pois é essencial que a prescrição seja clinicamente efetiva, segura e tenha uma relação de custo-benefício satisfatória. o Reações adversas a medicamentos (RAM). Muitas RAM são evitáveis se houver uma preocupação com a identificação e a prevenção do uso de medicamentos potencialmente inapropriados (MPI) e de combinações indesejáveis. Esse fato é de grande relevância clínica, em especial na população idosa, por diversos fatores: 1. O aumento progressivo do número de idosos em todo o mundo. 2. A elevada prevalência de múltiplas doenças crônicas concomitantes. 3. O uso frequente e simultâneo de vários medicamentos. 4. A interferência das alterações fisiológicas do processo de envelhecimento na farmacocinética e farmacodinâmica, aumentando o risco de toxicidade causada pelos medicamentos. o Depressão, constipação, quedas, imobilidade, confusão mental e fraturas de quadril. o Aumento do risco de hospitalização e mortalidade, tornando-se um relevante problema de saúde pública para a população idosa. o As RAM são a forma mais comum de iatrogenia nos idosos. Deve-se fazer julgamentos clínicos, ou explícitos, fundamentados em padrões predeterminados. As listas de MPI para idosos mais citadas e utilizadas são os Critérios de Beers, desenvolvidos nos Estados Unidos, e o Screening Tool of Older Persons’ Potentially Inappropriate Prescriptions (STOPP) o 2008: desenvolvida na Europa a primeira versão do STOPP. Nesses critérios, os medicamentos/classes farmacológicas foram agrupados por sistemas fisiológicos, incluindo casos de interações fármaco- fármaco, fármaco-doença e de prescrição duplicada de medicamentos de mesma classe. o 2012 e 2015: novas versões dos critérios de Beers. Esses incluem listas de medicamentos/grupos farmacológicos que devem ser evitados em todos os idosos, aqueles que devem ser evitados em idosos com determinada condição clínica e os que devem ser utilizados com precaução. Ana Elisa A. G. O propósito desses instrumentos é melhorar a qualidade e a segurança da prescrição para idosos. Adaptar a lista de medicamentos à realidade nacional é importante, pois muitos medicamentos citados nos critérios desenvolvidos em outros países não estão disponíveis no Brasil. o Diferenças na prática clínica, no nível socioeconômico e nas regulamentações do sistema de saúde, influenciam na conduta das prescrições. Evitar o uso de MPI para idosos e é uma importante estratégia de saúde pública, pois, em muitos países, os instrumentos para detecção de MPI para idosos foram fundamentais para otimizar a postura de prescrição apropriada para idosos e reduzir os desfechos negativos relacionados à farmacoterapia nessa população, como RAM preveníveis, hospitalizações, incapacidades e morte. A classificação de um fármaco como MPI não configura uma contraindicação absoluta para o uso em idosos devendo considerar racionalmente a relação risco- benefício, da disponibilidade de agentes alternativos e de recursos não farmacológicos, da escolha da menor dose necessária, das potenciais interações medicamentosas e do monitoramento dos efeitos no paciente. Após a prescrição, o monitoramento consciente dos riscos associados ao uso desses medicamentos pode evitar que efeitos adversos passem desapercebidos ou sejam confundidos com sintomas de novas doenças ou condições clínicas. o Podem levar a novas prescrições e, desse modo, às cascatas iatrogêni- cas. Portanto, os critérios de MPI não constituem apenas listas de medicamentos a serem evitados em idosos, mas também ferramentas que auxiliam na detecção de eventos adversos e na prevenção de desfechos negativos, iatrogênicos e indesejados. Cada paciente se comporta de forma muito singular e diversas variáveis podem influenciar nos resultados clínicos (ex: tempo de exposição ao medicamento). Assim, o julgamento clínico é fundamental na individualização da prescrição médica, conforme as circunstâncias do paciente e os objetivos do tratamento. GD 3: Dellirium É uma síndrome neurocomportamental causada pelo comprometimento transitório da atividade cerebral, de curso flutuante com alterações dos níveis de consciência. Redução da capacidade de focalizar, sustentar ou desviar a atenção pelo comprometimento global das funções cognitivas, principalmente memoria, percepção e linguagem, com alterações no ciclo sono-vigilia. Complicação mais frequente da hospitalização de idosos. o Delírio x Dellirium: delírio é caracterizada por imaginações irreais e é uma doença neuropsiquiátrica. Epidemiologia Pós operatória: em até 50% dos casos de hospitalização e ente 70 a 80¢ para casos de terapia intensiva. Fisiopatologia Origem em disfunções corticais e subcorticais, afetando diversos sistemas neurotransmissores. Lentificação difusa no traçado electroencefalográfico dos pacientes com essa disfunção, sugerindo tratar-se de distúrbio generalização das funções Ana Elisa A. G. corticais, incluindo tálamo, gânglios basais e formação reticular da ponte. A neutrotransmissão colinérgica, base neuroquímica dos circuitos neuronais córtico-subcorticais, são fatores importantes para o dellirium. Fatores Predisponentes Presença de algum outro déficit cognitivo prévio, doença básica grave, comorbidades comumente associadas à pilifarmacoterapia, particularmente se entre as múltiplas medicações em uso incluem-se drogas com ação anticolinérgica, anti-histamínica, sedativo- hipnóticos ou narcóticos, que conferem risco duas a três vezes o desenvolvimento do delirium, déficit funcional, idade avançada, insuficiência renal crônica, desidratação e deficiências da visão ou da audição. Déficit visual, desidratação, déficit cognitivo, doença grave. GD 4: Depressão Síndrome psiquiátrica caracterizada por humor deprimido, perda do interesse ou prazer, alterações do funcionamento biológico, com repercussões importantes na vida do indivíduo e com duração no mínimo de meses a um ano. o Sentimentos, funcionamentocorporal, comportamento, capacidade para lidar com decisões e pressões do dia a dia. o Abrange dimensões psicológica, biológica e social. Repercussões econômicas e familiares. o Aumenta morbimortalidade por doença coronariana, neoplasias, infecções, nutrição, suicídio, quedas, imobilidade e perda independência funcional. Epidemiologia o Ocorre mais no sexo feminino e pode ocorrer em qualquer faixa etária. Fatores de Risco o Maior em mulheres. o Modificações recentes no ambiente desencadeadores de pressão (luto, etc). o Perda do suporte social. o Doenças crônicas. Quadro Clínico Tristeza patogênica: qualidade negativa, desagradável, sensação profunda de vazio e difícil de se expressar. Diferente da tristeza normal. Ela pode estar ausente ou sobrepuja por outras manifestações da doença. Em casos graves, pode ter uma Ana Elisa A. G. anestesia dos sentimentos, como se tudo fosse igual. o Anedonia: redução ou perda da capacidade de sentir prazer a situações que antes davam prazer, alegria e bem estar. Sorri menos ou para de sorrir, reduz gosto pelas coisas. o Ansiedade, irritabilidade, mal humor, impaciência, medo: medo de ficar sozinho ou afastamento social, hipocondria. o Lentificação do pensamento: demora no raciocínio, ruminações inúteis, ideias negativas, preocupações, pessimismo e baixa autoestima. Vida não vale a pena. Pode haver desejo de cometer suicídio como forma de escapar da dor. o Atenção: comprometida, difícil concentração em leitura e conversação. Aumento da distração. o Distorção da realidade: hipocondria, mudar o passado, etc. o Choro imotivado. o Lentificação e redução do rendimento: pode ocorrer em todas as áreas, redução da capacidade de enfrentar problemas. o Isolamento. o Distúrbios de sono: despertar precoce sentindo-se pior pela manhã e aparenta dificuldade para levantar, pesadelos, insônia. Pode haver também hiperinsônia. o Redução de energia: sente-se cansado, desanimado, fraco, sem iniciativa, dores no corpo. o Apetite: excesso ou baixo. o Perda de interessa sexual. o Sentimento de desvalia ou culpa. o Ansiedade. Diagnóstico Avaliação do Idoso Depressivo o Avaliação Clínica: anamnese e exame físico. o Avaliação Funcional: atividades da vida diária. o Avaliação social: suportes e estresses. o Avaliação laboratorial: hemograma, íons, glicemia, testes de função renal, tireoideana e hepática, dosagem de vitamina B12 e ácido fólico e urinálise. Ana Elisa A. G. Tratamento Melhora nos sintomas, na qualidade de vida, no estado clinico geral, redução da morbimortalidade, redução de recaídas e melhora dos sintomas. Eletroconvulso terapia: em casos mais graves. o Tratamento Biológico Farmacoterapia 1) Antidepressivos trisciclicos (ADTs): três anéis. Primeira linha para quadros de maior depressão, custo benefício favorável. Mecanismo de ação se dá pelo bloqueio na receptação de noradrenalina e serotonina pelos terminais pré-sinápticos. Aminas terciarias e secundárias. Reações adversas podem ser pelos efeitos cardiovasculares, anticolinérgicos e anti-histaminicos. Aminas secundárias: 2) Inibidores seletivos da receptação de serotonina (ISRS): melhor para idosos. Mecanismo de ação se dá pelo bloqueio seletivo da receptação da serotonina em terminais pré- sinápticos. Indicado para depressão menos grave. Fluoxetina tem a meia vida mais longa e mais inibição de enzimas hepáticas, apresentando maior risco de efeitos colaterais. Principais efeitos colaterais: redução do apetite, náuseas, vômitos, diarreia, constipação, sincope, bradicardia, cefaleia, ansiedade, irritabilidade, agitação, sintomas extrapiramidais, alteração do equilíbrio e quedas. 3) Inibidores de moaminoxidase (IMAO): eficácia comprovada. Indicada para casos de depressão refrataria não responsiva a outros antidepressivos. Mecanismo de ação se dá pelo aumento da disponibilidade de serotonina, dopamina e noradrenalina, através da inibição da monoaminidase, enzima que degrada a noradrenalina. Hopotensão ortostática, crises hipertensivas. Disfunção sexual. Irritabilidade. insoonia quando associados a drogas simpaticomiméticas. Ana Elisa A. G. 4) Antidepressivos de dupla ação: inibidoras da receptação de serotonina e noradrenalina. Boa tolerabilidade e eficácia, menos efeito noradrenergico. Apresenta menos efeitos dopaminérgico, serotoninérgico, muscarinico, colinérgico, alfa- adrenergico e histamínico e manos risco de interações medicamentosas. Eletroconvulsoterapia (ETC) Indicada para casos selecionados. Dá-se por meio da aplicação de uma corrente elétrica que provoca uma convulsão tonico-clonica generalizada. Ocorre uma restauração de neurotransmissores do equilíbrio interhemisferico ou a ação especifica sobre hipotálamo ou lobos frontais. Seguro e eficaz, necessárias 12 sessoes, 2 a 3 vezes por semana, sob narcose. Indicadas em causa de risco de suicídio, necessidade de melhora rápida, intolerância a outros tratamentos, recusa alimentar. Abordagens psicossociais Psicoterapia (terapias cognitivo- comportamental, interpessoal, de orientação psicodinâmica), principalmente como asjuntantes ao tratamento. GD 5: Demências Reversíveis Afecções de caráter cognitivo comportamental classificadas como doença cerebral crônica ou encefalopatia. Tem efeito catastrófico no paciente e na família dele. Pacientes com algum tipo de demência degenerativa podem ter a superposição de um quadro reversível. O tratamento visa a melhora o quadro cognitivo basal e a qualidade de vida do paciente. Etiologia Dividido em irreversíveis ou degenerativas e reversíveis ou secundarias. As secundarias tem início rápido, alterações motoras e da marcha precoces e limitantes, história previa de doença neurológica ou TCE, alcoolismo, aparência geral debilitada, polipatogenia, polifarmacia e exame neurológico anormal. Causas Estruturais Hidrocefalia de pressão normal (HPN) Expressão da alteração no fluxo do liquido cefalorraquidiano fora do sistema ventricular, caracterizada como uma Ana Elisa A. G. resistência aumentada à sua absorção. Maioria é idiopática. Caracterizada pela tríade: Distúrbio de marcha (nível sensório-motor superior) sendo o sintoma mais proeminente, incontinêcia urinaria (incontinência de urgência, sendo mais tardios) e declínio cognitivo. Hidrocefalia ao exame de imagem sem atrofia cerebral. Hematoma subdural Evento inicial é traumático. Fatores predisponente: atrofia cerebral, aterosclerose, convulsões, discrasias sanguíneas e alcoolismo, mas também pode ter origem espontânea. Fase inicial: pequena coleção sanguínea de origem venosa, localizada sobre os hemisférios cerebrais. É um quadro de demência progressiva. Déficits de memória, falhas na atenção e flutuações ao despertar. Quando crônico pode ser um quadro reversível também. Tumores Cerebrais Podem ser de origem primaria do encéfalo ou metastáticos (quase que a maioria). Em idosos, podem ser secundários a: Lesões causadas pelo tumor: déficit cognitivo (manifestado por quadros demenciais) é mais evidente do que na hipertensão intercraniano (cefaleia e papiledema). Ocorre pela atrofia cerebral secundaria ao envelhecimento. Mecanismos dela são explicados pela infiltração local com comprometimento dos neurotransmissores e tratos nervoso. o Déficit cognitivo secundário a cirurgia: acomete tecido perilesional sadio. o Déficit cognitivo secundário a radioterapia: encefalopatia difusa por radionecrose, leucoencefalopatia e atrofia cerebral. o Déficit cognitivo secundário ao uso de anticonvulsivantes: carbamazepina, fenitoina ou ácido valproico podem causar alteções de memória e atenção.o Distúrbio secundário ao distúrbio de humor: depressão e ansiedade. Traumatismo crânio-encefálico (TCE) Déficit cognitivo crônico e permanente gerando grande impacto nas AVDs. Déficit de memória, atenção e aprendizados. Trauma direto sob o lobo frontal e o lobo temporal anterior resultam em contusão, hematoma e hemorragia e o contragolpe pode causar hemorragia intracraniana e hipoxemia. Forças rotacionais e de aceleração podem originar estiramento dos axônios com consequente gliose e alterações nas sinapses nervosas. Disfunção do sistema colinérgico está relacionada na fisiopatologia. Causas metabólicas Hipotireoidismo Achados neuropisiquiatricos no idioso são inespecíficos e de início abrupto e indioso. Lentificação do pensamento, apatia, deteriorização na personalidade, perda global da função intelectual e sonolência excessiva. Pode incluir nos casos graves, paranoide, alucinações e psicose. TSH elevado e T4 livre reduzido. Levotiroxina pode melhorar o quadro. Tiroidite de Hashimoto a encefalopatia pode manifestar como um quadro de vasculite e incapacidade cognitiva leve ou como uma demência difusa e rapidamente progressiva. Presença de vários anticorpos antitireoide. Ana Elisa A. G. Melhora clinica após altas doses de corticoide. Deficiência de Vitamina B12 Prejuizo de atenção e abstração, lentificação do pensamento, alterações de memória, alucinações, delirium, depressão, paranoia, mania, demência. Parestesias nas extremidades, ataxia de marcha, alterações na sensação vibratória e fraqueza de membros. Pode estar associada ao Alzheimer. GD6: Demências Irreversíveis Deteriorização das funções cognitivas, associada à redução da capacidade funcional global de um indivíduo. o Pode estar associada a alterações do comportamento e da personalidade. o A incidência e a prevalência aumentam com a idade. o Demência não é sinônimo de comprometimento da memória. Alterações cognitivas, alterações de comportamento e associação com prejuízo funcional são semelhanças nos tipos de demência. As síndromes demenciais são um grupo de doenças com características bem distintas umas das outras, tanto nos aspectos clínicos quanto nos tratamentos. No início achava-se que o enrijecimento arterial (esclerose) fosse uma das causas da demência. Depois achava-se que era o Alzheimer a principal, mas é apenas uma entre as diversas. (Alzheimerização ou demência senil). Em 1993, o NINDS-AIREN definiu critérios para o diagnóstico de demência vascular. Deve-se evitar o uso de anticolinesterasicos para pacientes que apresentam quadro demencial que não seja hipocolinergico, como as demências fronto-temporais. Demência não Alzheimer Demência Vascular Resultado da presença de doença cérebro vascular isquêmica ou hemorrágica, assim como da injuria cerebral resultante do hipofluxo cerebral. Critérios de Diagnostico Critérios dos DSM-IV: mais sensibilidade e menos especificidade. Mais utilizados na pratica clínica. Critérios do NINDS-AIREN: baixa sensibilidade e alta especificidade. Mais recomendados para fins de pesquisa clínica. Pode ser provável, possível ou definitivo, seguindo os seguintes critérios: 1) Demência Vascular PROVAVEL inclui a presença de todos os achados a seguir: 1) Demência: é o declínio cognitivo a partir de um nível mais elevado de funcionamento e manifestado pelo comprometimento da memória e de duas ou mais funções cognitivas (orientação, controle motor, praxia, atenção, linguagem, funções visuespacial e executiva), analisando exame clinico e documentado pela realização de testes neuropsicológicos. O déficit cognitivo deve afetar nas AVD’s, independente do déficit motor ou sequela motora. 2) Doença cérebro-vascular: presença de sinais focais no exame neurológico como hemiparesia, paralisia focal central (hemiface inferior), sinal de Babinsky, déficits sensoriais, hemianopsia e disartria Ana Elisa A. G. consistentes com o diagnóstico de AVC (com ou sem história de AVC), e evidencias relevantes de doenças cérebro-vasculares na neuroimagem. 3) Relação vascular entre demência e doença cérebro-vascular: deverá ser confirmada por: a) demência três meses após o avc; b) deteriorização das funções cognitivas ou flutuaçãodos déficits cognitivos. 2) Diagnostico de demência vascular provável é apoiado por: distúrbios de marcha precoce: apraxia da marcha, marcha magnética, parkinsonismo; história de sincopes, quedas ou tonturas; urge-incontinencia urinaria sem causa urológica; paralisia pseudobulbar; mudanças de personalidade, humor, abulia, depressão, incontinência emocional, retardo psicomotor ou disfunção executiva. Espectro da demência vascular e a doença de Alzheimer Pode haver a coexistência das duas. Não existem marcadores anatomopatológicos, clínicos ou de neuroimagem absolutos do diagnostico delas. Ambos são comuns com o envelhecimento, dificultando a distinção da participação de cada um deles no desenvolvimento do quadro demencial. Apenas 1/3 dos pacientes com demência vascular apresenta demência vascular pura, ou seja, doença cérebro-vascular sem qualquer componente neurodegenerativo. A demência vascular é mais frequente o comprometimento da função executiva, com desatenção e lentificação psicomotora, enquanto na doença de Alzheimer o comprometimento da memória episódica é mais característico. A disfunção executiva é responsável por mais repercussão nas AVD’s mais complexas ou instrumentais. A dismnésia não é elemento central no reconhecimento clinico da demência e sim a perda do controle da função executiva. O controle da função executiva é o elemento fundamental no diagnóstico de demência e não a memória. O início e a progressão da doença de Alzheimer é lento e gradual, enquanto na doença vascular é lento e gradual e após AVC. Na demência vascular não há declínio cognitivo significativo no período de seis meses ou menos, ao contrário da doença de Alzheimer. A maioria dos pacientes com demência vascular apresentam lesões vasculares nas vias colinérgicas, com redução da produção de acetilcolina. A demência vascular tem sobrevida menor que a doença de Alzheimer por conta da associação a doenças cardiovasculares em outras localizações. Tratamento farmacológico especifico Baseia-se no diagnóstico e controle dos fatores de risco de aterosclerose e doença cérebro-vascular. As drogas antiplaquetárias, endarterectomia carotídea, anticoagulação na fibrilação atrial, controle da hipertensão arterial, dislipidemia e diabetes mellitus são base do tratamento preventivo. Ana Elisa A. G. Anticolinesterasicos e memantina podem ser benéficos, particularmente na presença de neurodegeneração ou doença de Alzheimer (demência mista). Demência por Corpos de Lewy A sintomatologia cognitiva, comportamental, motora, autonômica e os distúrbios do sono respondem bem ao uso de anticolinesterasicos e apresentam grande hipersensibilidade aos antipiscicoticos típicos, podendo induzir a consequências fatais. Idade média de 60 a 80 anos e sebrevida de 6 a 10 anos. É uma doença degenerativa complexa, do tipo alfa-sinucleinopatia, estritamente relacionada a doença de Parkinson e a doença de Alzheimer. Marcador histopatológico: inclusões neuronais chamadas corpos de Lewy e neuritos de Lewy distribuídas na regiao cortical e subcortical. Diagnostico A incapacidade cognitiva resulta não somente do déficit cognitivo mas também da sintomatologia neuropisiquiátrica, motora, autonômica e da parassonia. O perfil neuropsicológico da demência caracteriza-se pelo marcante déficit de atenção, disfunção executiva e da função visuoespacial. A fluência verbal apresenta- se bastante comprometida. Há presença de flutuação da cognição, caracteriza-sepor mudanças súbitas na cognição e atenção, que podem durar minutos, horas ou dias, as vezes simulando quadro confusional agudo. GD7: Como diagnosticar as causas demenciais A prevalência de demência duplica a cada cinco anos após os 60 anos, resultando em aumento exponencial com a idade. Demência: síndrome caracterizada por declínio de memória associado a déficit de pelo menos uma outra função cognitiva (linguagem, gnosias, praxias ou funções executivas) com intensidade suficiente para interferir no desempenho social ou profissional do indivíduo. Comprometimento da memória: embora essa função possa estar relativamente preservada nas fases iniciais de algumas formas de demência, como a DFT. Ana Elisa A. G. Avaliação cognitiva Testes de rastreio: miniexame do estado mental complementada com testes que avaliam diferentes componentes do estado cognitivo fáceis de serem realizados (os de memória, evocação tardia de listas de palavras ou de figuras, por exemplo, os de fluência verbal, número de animais em um minuto, e o desenho do relógio). Avaliação neuropsicológica detalhada é recomendada especialmente nos estágios iniciais de demência em que os testes breves podem ser normais ou apresentar resultado limítrofe. Avaliar desempenho nas AVD’s. Diagnostico diferencial: Exames laboratoriais e de neuroimagem, além da constatação de perfil neuropsicológico característico (diagnóstico diferencial das demências degenerativas) Exames laboratoriais obrigatórios: hemograma, as provas de função tiroidiana, hepática e renal, as transaminases hepáticas, as reações sorológicas para sífilis e o nível sérico de vitamina B12. o Avalia causas potencialmente reversíveis de demência e detecção de patologias associadas. Exames de neuroimagem estrutural (tomografia computadorizada ou ressonância magnética de crânio): o DV ou de DA com doença cerebrovascular (DCV): alterações vasculares sugestivas do diagnóstico e outras condições, como tumores, hidrocefalia ou hematoma subdural crônico. o Demências degenerativas (DA, DCL e DFT): os exames laboratoriais são normais, e os de neuroimagem estrutural revelam atrofia cortical, que, embora constitua alteração inespecífica, pode eventualmente apresentar distribuição topográfica sugestiva. Nessas condições, o diagnóstico se baseia em grande parte na história clínica, bem como no perfil neuropsicológico. Doença de Alzheimer (DA) Principal causa de demência. Fisiopatologia: ocorre um processo degenerativo que acomete inicialmente a formação hipocampal, com posterior comprometimento de áreas corticais associativas e relativa preservação dos córtices primários, resultando em alterações cognitivas e comportamentais, com preservação do funcionamento motor e sensorial até as fases mais avançadas da doença. Primeiro sintoma: declínio da memória, sobretudo para fatos recentes (memória episódica), e desorientação espacial, aspectos cognitivos em grande parte dependentes da formação hipocampal. Forma insidiosa, com piora lentamente progressiva, pode haver períodos de relativa estabilidade clínica possam ocorrer. Alterações de linguagem (principalmente anomia), distúrbios de planejamento (funções executivas) e de habilidades visuoespaciais surgem com a evolução do quadro. Faixa pré-senil (antes dos 65 anos), os distúrbios de linguagem podem ser a manifestação predominante do processo demencial, enquanto sintomatologia psicótica (como idéias delirantes, sobretudo de caráter persecutório, e alucinações) é habitualmente mais comum nos pacientes mais idosos. Ana Elisa A. G. Diagnostico Quadro clinico compatível e na exclusão de outras causas de demência por meio de exames laboratoriais e de neuroimagem estrutural. A tomografia computadorizada e a ressonância magnética revelam atrofia da formação hipocampal e do córtex cerebral, de distribuição difusa ou de predomínio em regiões posteriores. Esses pacientes preenchem os critérios diagnósticos da denominada DA provável. DA possível, em que os pacientes apresentam variações na forma de apresentação ou evolução clínica e também nos casos em que outras condições passíveis de produzir demência estejam presentes, porém sem serem consideradas, com base em juízo e experiência clínica, responsáveis pelo quadro demencial. O diagnóstico definitivo só é possível por exame anatomopatológico. Demência Vascular (DV) Causada por efeitos de grandes lesões tromboembólicas (demência por múltiplos infartos), mas inclui também os estados lacunares e as lesões únicas em locais estratégicos (tálamo, giro angular esquerdo, núcleo caudado), demência associada a lesões extensas da substância branca (doença de Binswanger), angiopatia amilóide e demência por acidentes vasculares cerebrais hemorrágicos. Fatores de risco para a DV são os mesmos relacionados ao processo de aterogênese e doenças relacionadas: idade, hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia, tabagismo, doenças cérebro e cardiovasculares, entre outros. Diagnostico História clínica e avaliação neuropsicológica e exames de neuroimagem (tomografia computadorizada ou ressonância magnética, dando-se preferência a esta pela melhor possibilidade de identificação de infartos lacunares) e presença de fatores de risco predisponentes. O elemento diagnóstico principal, no entanto, é o estabelecimento de relação causal entre o comprometimento cerebrovascular e o quadro demencial. Em outros estudos, os principais discriminantes no diagnóstico entre DA e DV foram: história de AVC prévio, sintomas neurológicos focais (como hemiparesia, ataxia, hemianopsia ou também alterações neuropsicológicas focais, como afasia e heminegligência), curso flutuante com piora em degraus e início abrupto. Pacientes portadores de hipertensão arterial podem apresentar instalação insidiosa e curso lentamente progressivo, evocando o padrão evolutivo da DA. Nesses casos, a DV é usualmente secundária a infartos lacunares acometendo substância branca periventricular e núcleos da base. Demência por Corpos de Lewy (DCL) Quadro Clínico Presença de duas dessas manifestações: flutuação dos déficits cognitivos em questão de minutos ou horas, alucinações visuais bem detalhadas, vívidas e recorrentes e sintomas parkinsonianos, geralmente do tipo rígidoacinéticos, de distribuição simétrica. Declínio cognitivo na DCL é progressivo e interfere na capacidade funcional do indivíduo (funções executivas, capacidade de resolução de problemas e atividades de vida diária). Ana Elisa A. G. A atenção, as funções executivas e as habilidades visuoespaciais são os domínios cognitivos mais comprometidos nas fases iniciais, com relativa preservação da memória. Este é talvez o de maior relevância para o diagnóstico diferencial com a DA. Episódios frequentes de quedas ou síncopes. A resposta dos sintomas parkinsonianos (rigidez e acinesia) à levodopa é usualmente pobre na DCL, diferentemente do que ocorre na doença de Parkinson idiopática. Outro aspecto importante é a hipersensibilidade ao uso de neurolépticos, que agravam os sintomas de parkinsonismo, muitas vezes sem melhora dos sintomas psicóticos. Demência Frontotemporal (DFT) Alterações precoces de personalidade e de comportamento, além de alterações de linguagem (redução da fluência verbal, estereotipias e ecolalia), de início insidioso e caráter progressivo. A memória e as habilidades visuoespaciais encontram-se relativamente preservadas. As alterações de comportamento podem se apresentar como isolamento social, apatia, perda de crítica, desinibição, impulsividade, irritabilidade, inflexibilidade mental, sinais de hiperoralidade e descuido da higiene pessoal. Sintomas depressivos, preocupações somáticas bizarras e estereotipias motoras também podem ocorrer.o Esses sintomas podem preceder as alterações intelectuais, e alguns testes neuropsicológicos de rastreio, como o miniexame do estado mental, podem estar normais no início, alterando-se com a evolução da doença. Desse grupo de demências fazem parte a doença de Pick, a degeneração dos lobos frontais e a demência associada à doença do neurônio motor (esclerose lateral amiotrófica). Pode também ser incluída a demência semântica, também denominada Como variante temporal das DFTs. Esse grupo de condições ocorre mais frequentemente na faixa pré-senil (antes dos 65 anos). DFT apresentam reflexos primitivos, em especial sinais de frontalização (reflexos de preensão palmar, de sucção e de projeção tônica dos lábios), ao exame neurológico. Sinais de perseveração motora e comportamentos de utilização (exploração incontrolável de objetos no ambiente) também são frequentes. Eventualmente podem apresentar sinais parkinsonianos, particularmente evidentes em alguns casos de ocorrência familiar. As já referidas alterações da afetividade e do comportamento social decorrem do predomínio frontal da atrofia cerebral. No caso da demência semântica, no entanto, como o processo degenerativo afeta principalmente os lobos temporais (sobretudo à esquerda), o quadro clínico se caracteriza por déficit de memória semântica. O diagnóstico diferencial das diversas formas de DFT se baseia na história clínica, no exame neurológico e na identificação de perfil característico à avaliação neuropsicológica. Na degeneração dos lobos frontais, na doença de Pick e na demência associada à doença do neurônio motor, ocorre comprometimento predominante de funções executivas com relativa preservação da memória. Na demência semântica, o desempenho em testes de nomeação, categorização semântica e fluência verbal (número de animais em um minuto, por exemplo) é muito comprometido, com anomia, perda progressiva do significado das palavras e da capacidade de reconhecimento visual (objetos e seres vivos, incluindo faces conhecidas). Nos pacientes com demência associada à doença do neurônio motor, o Ana Elisa A. G. exame neurológico revela déficit de força muscular, amiotrofia e fasciculações acometendo os membros superiores e inferiores e também, muitas vezes, a língua. O diagnóstico diferencial entre a degeneração dos lobos frontais e a doença de Pick só é possível com base no exame anatomopatológico. Os exames de neuroimagem estrutural costumam revelar atrofia dos lobos frontais e da porção anterior dos lobos temporais na degeneração dos lobos frontais, na doença de Pick e na demência associada à doença do neurônio motor, enquanto na demência semântica a atrofia afeta os lobos temporais, com predomínio à esquerda. A tomografia por emissão de fóton único (SPECT cerebral) é particularmente útil nesses casos, evidenciando marcada hipoperfusão das regiões acima descritas, desproporcional ao grau de atrofia.
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