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Pneumonia M5 - Isabella machado pessanha alves Clínica Médica I DEFINIÇÃO • Processo inflamatório agudo do parênquima pulmonar decorrente da infecção por algum micro-organismo. O resultado deste processo inflamatório é o preenchimento dos alvéolos por um l í q u i d o r i c o e m c é l u l a s e debris (consolidação). - Um corte que mostra a unidade alveolar normal e na C preenchida por um liquido inflamatório. DISTRIBUIÇÃO TOPOGRÁFICA • B r o n c o p n e u m o n i a : C o n s o l i d a ç ã o a l v e o l a r m u l t i f o c a l , a c o m e t e n d o a s regiões peribrônquica e peribronq uiolar. Como se tivesse unidades a l v e o l a r e s e m s e g u i m e n t o s diferentes acometidas. • Pneumonia Lobar: Consolidação alveolar extensa ocupando uma grande área de parênquima pulmonar, como um lobo. Como se tivesse o lobo inteiro acometidos pelo liquido inflamatório. • P n e u m o n i a i n t e r s t i c i a l : inflamação do septo interalveolar com preenchimento do espaço intersticial de forma difusa, expresso por opacidades reticulares ou nodulares. Na fase de reparação, pode haver imagem em favo de mel. Os septos são fininhos e contornam os alvéolos, e se tiver inflamação nesses septos vai fazer como se fosse um desenho reticular, vai fazer um infiltrado. A- Várias unidades alveolares com infiltrados diferentes acompanhando a segmentação brônquico B - Lobo inteiro acometido por infecção C- Tem septos entre os alvéolos que estou i n f l a m a d o s , e v ã o d e s e n h a n d o o parênquima em forma de reticulação VIAS DE CONTAMINAÇÃO 1. Aspiração de flora de orofaringe - Streptococcus pneumoniae e anaeróbios. 2.Inalação: Mycoplasma pneumoniae, Legi onella, M. tuberculosis. 3.Hematogênica: Staphylococcus aureus. 4. E x t e n s ã o d i r e t a : abscesso subfrênico. 5. Obstrutiva: neoplasias, corpo estranho, adenomegalia (crianças). 6. Traumas penetrantes de tórax e iatrogenia (procedimentos cirúrgicos e endoscópicos). PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE (PAC) •É aquela adquirida fora do ambiente hospitalar ou de instituições como clínicas de diálise ou asilos. •Critérios especiais: 1. Na situação do paciente ser internado, é aquela que se desenvolve em até 48 horas após internação. 2. O paciente não recebeu antibióticos ou quimioterapia nos últimos 30 dias. 3. O paciente não esteve internado há menos de 90 dias. • AGENTES 1. B a c t é r i a s G r a m p o s i t i v a s (ex: S. pneumoniae, S. aureus) 2. B a c t é r i a s G r a m n e g a t i v a s (ex: H. influenzae, K. pneumoniae, P. Aeruginosa, P. mirabilis) 3. Germes “Atípicos” (ex: M. penumoniae, L. pneumophila, C. pneumoniae) 4.Bactérias Anaeróbias (Bacteroides, Fusobacterium, Peptostreptococcus) 5. V í r u s ( I n f l u e n z a e A (H1N1), Parainfluenzae, Coxsackie, Adenov irus) 6. M. tuberculosis 7. Não-infecciosos/ Pneumonite (agentes químicos, agentes físicos) OBS: A estatística é variável. • FATORES DE RISCO 1. Idade, presença de comorbidades (ex: DPOC) 2. Uso prévio de antibióticos 3. Internações recentes 4. Condições socioeconômicas 5. Microbiota do ambiente AGENTES TÍPICOS X “ATÍPICOS” • Os microrganismos “atípicos” são aqueles que não podem ser isolados pelas t é c n i c a s d e c u l t u r a e m meios convencionais, não podem ser detectados pela coloração com Gram e são g e r a l m e n t e r e s i s t e n t e s a o s b e t a - lactâmicos. OBS: Agentes típicos: apresentam mais como broncopneumonia e pneumonia lobar Agentes atípicos: inflamam mais os septos e o interstício fazendo mais quadro de pneumonias intersticiais. RELAÇÕES ETIOLÓGICOS • AGENTES • FATORES DE RISCO • DIAGNÓSTICO • CONSOLIDAÇÃO - MV reduzido - Aumento do FTV - Submacicez/Macicez - Sopro tubário - Broncofonia - Pectorilóquia • DERRAME PLEURAL - Se existe uma inflamação no parênquima pulmonar, essa inflamação pode comprometer a pleura adjacente, então derrame pleural é uma complicação da pneumonia. - Exame Físico - Abolição MV - Abolição do FTV - Submacicez/Macicez - Egofonia CASO CLÍNICO • Mulher de 67 anos, procura o departamento de emergência com quadro de febre, tosse produtiva e dor torácica à esquerda, iniciado há 2 dias. OBS: Dor torácica tem que pensar também em derrame pleural • FC = 120 bpm FR = 30 irpm PA = 145 x 85 mmHg Tax = 38,5°C • AR: FTV aumentado, submacicez à percussão, MV reduzido em base de HTE, com estertores crepitantes nesta topografia. OBS: No exame fisico mostra que é síndrome de consolidação Como fazer o diagnóstico? Exame de escarro em cultura para identificar a etiologia da pneumonia. Hemocultura. RX Tórax PA e em perfil. DIAGNÓSTICO • Anamnese: Dados epidemiológicos, fatores de risco e sinais/sintomas. • Exame Físico: achados compatíveis e avaliação da gravidade. • Exames Complementares: confirmar o diagnóstico, avaliar complicações e tentar definir o agente etiológico. EXAMES COMPLEMENTARES •Hemograma: leucocitose com ou sem desvio para a esquerda. •Bioquímica: função renal, distúrbios e l e t r o l í t i c o s , a l t e r a ç õ e s d e g l i c e m i a , a u m e n t o d e transaminases, procalcitonina* •Marcadores de inflamação: aumento de VHS e Proteína C reativa (PCR). •Gasometria arterial: hipoxemia, hipo/ hipercapnia, acidose/alcalose respiratória, acidose metabólica. Mostra as alterações de troca gasosa •Culturas: escarro*, sangue, secreção traqueal, LBA. •Urina: pesquisa de antígenos - ELISA (ex: Legionella tipo 1, pneumococo) •Radiografia de tórax: infiltrado a l v e o l a r ( m a i s c o m u m ) o u intersticial, derrame pleural. •Tomografia Computadorizada de Tórax: quando a radiografia não f o r c o n c l u s i v a o u h á s u s p e i t a de complicações. •Broncofibroscopia para coleta de LBA DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 1. Edema pulmonar 2.CA de pulmão 3.Tuberculose 4.Bronquiectasia 5.Corpo estranho 6.Hemorragia alveolar (Vasculites) Dentre outros... ALGUNS EXEMPLOS STREPTOCOCCUS PNEUMONIAE •Bactéria Gram positiva - agente mais comum da PAC. •Febre alta, inicio súbito, tosse com expectoração purulenta, dor torácica. Diarreia, náuseas, vômitos em 20% dos casos. •Leucocitose com ou sem desvio para a esquerda. • E m g e r a l , a s p e c t o r a d i o g r á f i c o de pneumonia lobar. •Idosos e imunodeprimidos: apresentação c l í n i c a p o u c o f l o r i d a - p r o c u r e por prostração, taquidispnéia e confusão mental. HAEMOPHILUS INFLUENZAE •Cocobacilo gram negativo contaminant e das vias respiratórias. •Prevalência maior em crianças menores de 5 anos e portadores de DPOC. •Existem 6 sorotipos – o tipo B é o mais comum. • P o d e c a u s a r m e n i n g i t e , o t i t e , epiglotite e pneumonia. • A s p e c t o r a d i o g r á f i c o d e pneumonia lobar ou broncopneumonia. •10% resistentes à amoxicilina KLEBSIELLA PNEUMONIAE • Pneumonia do lobo pesado • Alcoolistas diabeticos, tabagistas • Klebisella produtora de carbapanemases (KPC) - germe multaresistente MYCOPLASMA PNEUMONIAE •Período de incubação de cerca de 2 a 3 semanas. •Pacientes jovens: idade entre 5 e 20 anos •Febre baixa, mialgia , odinofagia, cefaléia, otalgia (miringite bolhosa). •Tosse seca persistente. (acaba tendo mais infiltrado intersticial) •Aspecto radiográfico de infiltrado intersticial ou broncopneumonia. •Anemia hemolítica (crioaglutininas positivas) LEGIONELLA PNEUMOPHILA •Inoculada em partículas de aerossol (circuito de VM, ar- condicionado, nebulizador). Parasita intracelular que vive no citoplasma de amebas e protozoários de água doce. •Incubação 2 a 10 dias •Febre alta, calafrios, dispnéia, cefaléia, mialgia, tosse produtiva,diarréia (50%) casos, icterícia em alguns casos. •Hiponatremia , leucocitose com ou sem desvio para a esquerda, elevação de transaminases e bilirrubinas, trombocitopenia. •Pesquisa do antígeno urinário para Legionella tipo1 (99% de especificidade) desde o inicio da doença. STAPHYLOCOCCUS AUREUS •Coco gram positivo residente no vestíbulo nasal e pele. •Acomete mais lactentes, crianças, imunocomprometidos e usuários de drogas injetáveis. •Quadro clínico grave, com febre alta, calafrios e evolução rápida. •Aspecto radiológico de broncopneumonia bilateral, podendo evoluir para a formação de pneumatoceles. • PNEUMONIA POR ANAERÓBIO - Os pacientes tem bactérias diferentes da que nos temos, colonizando a orofaringe. Se esses pacientes aspirarem conteúdo de orofaringe ou se broncoaspirarem, eles vão aspirar um conteúdo diferente. QUADRO CLÍNICO - LEMBRETES • PATÓGENOS ESPECÍFICOS TRATAMENTO - PRINCIPIOS GERAIS •Estabilização clínica – suporte básico (acesso a vias aéreas, oxigenação, acesso venoso, controle da febre) •Avaliar gravidade – definir se o t r a t a m e n t o é a m b u l a t o r i a l o u hospitalar (enfermaria ou UTI). Escores de gravidade: CURB-65, PORT II CURB-65 Confusão mental de início recente Uréia > 60mg/dl Frequência respiratória>ou igual a 30/min PA sistólica < 90mmHg ou PA diastólica < 60mmHg Idade > 65 anos 0-1: tratamento ambulatorial. 2: considerar internação hospitalar ≥ 3: tratamento hospitalar � 4-5: internação em UTI • ANTIBIOTICOTERAPIA - Deve ser iniciado precocemente após o diagnóstico. - Deve cobrir principais agentes, considerando dados epidemiológicos, fatores de risco, microbiota local, uso prévio de ATB e gravidade do quadro. Porém, pneumococo e germes “atípicos” devem ser sempre contemplados. •Opções: - Ambulatorial (VO): Amoxicilina/ Clavulanato + azitromicina (se suspeita de Legionella) ou quinolona respirat ória (levofloxacina, moxifloxacina); OBS: Azitromicina serve para cobrir agente atípico - Oseltamivir (Influenzae); Azitromicina ou Doxiciclina (se suspeita de Mycoplasma ou Chlamydophila ) - Hospitalar(EV): Ceftriaxona ou Cefot axima Eazitromicinaou quinolona respiratória. Oseltamivir (Influenzae); Vancomicina ou Linezolida (se suspeita de Staphylococcus aureus); Oseltamivir (Influenzae); Piperacilina + Tazobactam , Cefepime ou um carbapenêmico + azitromicina (se suspeita de Pseudomonas) PNEUMONIA NOSOCOMIAL - CONSIDERAÇÕES •É aquela adquirida em ambiente hospitalar ou em instituições semelhantes •Critérios especiais: - É aquela que se desenvolve após 48 horas de internação. - Precoce (2 a 4 dias de internação) ou Tardia (após 4 dias de internação). - G e r m e s M u l t i r r e s i s t e n t e s (MR): Pseudomonas, Acinetobacter sp, Enterobacteriaceae, S. aureus MDR. - Métodos diagnósticos: Hemoculturas, broncoscopia com Escovado Brônquico P r o t e g i d o ( E B P ) o u Lavado Broncoalveolar. - Esquema terapêutico empírico com ATB de largo espectro. • FATORES DE RISCO - Idade maior que 70 anos - Depressão do sensório - Desnutrição calórico proteica - Doença neurológica - Cirurgias abdominais ou torácicas - Dieta enteral - Ventilação mecânica invasiva. - Uso de bloqueadores de secreção gástrica. PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÀO MECÂNICA (PAVM) •Surge após 48/72hrs após intubação endotraqueal e VM. •Precoce até 4 dias e tardia após 5 dia de intubação. •20% dos pacientes em V.M desenvolverão pneumonia. •Alteração das barreiras de defesa (cílios, muco, formação de biofilme no tubo endotraqueal). •Germes resistentes (Pseudomonas , S. Aureus, Acinetobacter, Klebisiela). •Cuidados com a higiene dos respiradores. DIAGNOSTICO • CLÍNICO - Temperatura maior que 38 graus. - Leucocitose > 10.000 ou < 4.000 - Secreção traqueal purulenta - Piora da oxigenação. • BACTERIOLÓGICO - Escovado Brônquico protegido (EBP): > 10³ ufc/ml - Lavado Brocoalveolar (LBA): 10⁴ ufc/ml - Aspirado Endotraqueal: 10⁶ ufc/ml ABSCESSO PULMONAR •Processo infeccioso em uma área do parênquima pulmonar na qual ocorre supuração, necrose e formação de uma cavidade. •Primário – mecanismo aspirativo (mais comum) ou embólico. •Secundário – obstrução brônquica ou comprometimento das defesas do organismo por condições debilitantes crônicas. •Curso clínico agudo ou insidioso. • AGENTES ETIOLÓGICOS - Germes anaeróbios (aspirativas). - Staphylococcus aureus (embólico). - K . p n e u m o n i a e , H . i n f l u e n z a e , Legionella (desnutrição, diabetes, etilistas - Nocardia asteroides (Imunocomprometi dos). • DIAGNÓSTICO • EXAMES COMPLEMENTARES - Hemograma: leucocitose com ou sem desvio pra esquerda. - Bioquímica: função renal, distúrbios eletrolíticos, alterações de glicemia. - M a r c a d o r e s d e i n f l a m a ç ã o : aumento de VHS e Proteína C reativa (PCR). - Gasometria arterial - Culturas*: escarro, sangue, secreção traqueal, LBA. - Radiografia de tórax: cavidades únicas ou múltiplas com ou sem área de consolidação ou nível hidroaéreo. Em s e g m e n t o s p u l m o n a r e s inferiores (aspirativa) ou em locais diversos (embólico ou secundário). - Tomografia Computadorizada de Tórax: quando há dúvida diagnóstica o u q u a n d o p o s s a h a v e r l e s ã o neoplásica associada. - Broncofibroscopia para coleta de LBA – busca pelo germe causador. • DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 1.Neoplasias cavitadas 2.Tuberculose 3.Histoplasmose 4.Nocardiose 5.Rodococose Dentre outros... • TRATAMENTO - Deve ser iniciado precocemente após o diagnóstico e de forma empírica. • Opções: - Clindamicina - Amoxicilina/Clavulanato - Amoxicilina ou penicilina G + metronidazol OBS: Drenagem deve ser considerada em caso de septação ou não resolução com a teria antimicrobiana exclusiva. CASO CLÍNICO •Homem de 62 anos, etilista e tabagista, é trazido por familiares ao departamento de emergência com quadro de febre, hiporexia e perda ponderal há cerca de 15 dias. •FC = 110 bpm FR = 28 irpm PA = 110 x 80 mmHg Tax = 38,5°C Dentes em mau estado de conservação. Expectoração com odor fétido. •AR: FTV discretamente aumentado e MV reduzido em base de HTD, percussão normal. OBS: Não pode ser uma síndrome consolidação pois a percussão dele está normal
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