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Behaviorismo Radical Profª. Drª Melina Vaz Objetivos da Aula 2 1. Compreender a diferença entre behaviorismo metodológico e behaviorismo radical; 2. Conhecer a compreensão filosófica acerca do Comportamento Nascimento da Ciência 3 Filosofia + Fisiologia Introspecção Psicologia Objetiva Com a teoria de Darwin, conclui-se que, assim como podíamos ver as origens de nossos traços anatômicos em outras espécies, poderíamos também ver as origens de nossos próprios traços mentais. Psicologia - Psyche Ao seguir métodos objetivos/ experimentais, a psicologia poderia transformar em uma verdadeira ciência. 4 Psicologia Comparativa Psicologia científica • 1º laboratória em Psicologia Experimental – Leipzig (DE) • Objeto de estudo: Mente/Consciência 5 6 • Método de estudo: Introspecção controla/ Introspecção experimental. - Observação e descrição dos estados mentais • 1879 - Princípios de Psicologia Fisiológica Jonh B. Watson (1878-1958) o Manifesto Behaviorista (1913) – “ A Psicologia como um behaviorista a vê” o Estudo dos comportamentos observáveis o Rejeição de relatos verbais (introspecção) e foco na experimentação. Jonh B. Watson (1878-1958) CRÍTICAS à Psicologia daquela época o Falta de Replicabilidade dos resultados – pesquisa e responsabilidade atribuída às pessoas e não ao método. o Psicologia precisava questionar seus métodos. o Presidente da APA; o Modelo S-R; o Determinismo ambiental o Psicologia aplicada ao marketing e propaganda; o Pesquisa empírica (em laboratório) o Pensamentos e sentimentos não podem ser cientificamente estudados. 10 http://www.youtube.com/watch?v=kIZBQgMCEyk 11 Considerava apenas os comportamentos observáveis, logo desconsiderava o pensamento e sentimentos; Ênfase excessiva no papel do ambiente (determinismo ambiental), sem genética ou livre arbítrio; Retorno do mecanicismo à Psicologia. Críticas ao Behaviorismo Metodológico 12 Tornou a metodologia e a terminologia da Psicologia mais objetiva; Foi a base para o nascimento do Behaviorismo Radical. Contribuições do Behaviorismo Metodológico 13 Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) o Psicólogo mais influente do séc. XX (Haggbloom et al, 2002); o Psicologia: Uma ciência natural o 1º momento: Ciências Físicas (1930 a 1938) o 2º momento: Ciências biológicas o Determinação não mecanicista, mas funcional. 14 Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) o Influência de Darwin e a seleção natural o 1945 – Nasce o Behaviorismo Radical o 1981 – artigo sobre a Seleção por consequências. o Behaviorismo Radical – Filosofia o Análise do Comportamento - Ciência 15 16 Vamos as críticas e contribuições! Skinner rompeu os limites dos dados observados ao apresentar seu esquema de reestruturação da sociedade Críticas ao Behaviorismo Radical 17 • Impactou na história e evolução da Psicologia (Skinner queria melhorar a vida das pessoas); • O comportamento pode ser guiado, modificado e modelado com o conhecimento das condições ambientais e a aplicação do reforço positivo; • Importante escola da psicologia ainda nos dias atuais. Contribuições do Behaviorismo Radical 18 19 Apesar das diferenças, É possível criar uma ciência natural do comportamento – tempo e espaço. A Psicologia pode ser essa ciência. 20 Behaviorismo Metodológico Realismo: visão segundo a qual toda experiência é causada por um mundo objetivo e real, exterior e separado do mundo subjetivo e interno. A ciência lidava apenas com o mundo objetivo e o comportamento público das pessoas. Rejeita o dualismo entre o mundo interior e exterior. Pragmatismo: aponta a utilidade de tentar entender e buscar o sentido de nossas experiências. Descrições econômicas, úteis e compreensíveis. 21 Behaviorismo Radical Compreensão filosófica O comportamento é PODE SER EXPLICADOORDENADO PODE SER PREVISTO 22 23 “A ciência é mais que a mera descrição dos acontecimentos à medida que ocorrem. É uma tentativa de descobrir ordem, de mostrar que certos acontecimentos estão ordenadamente relacionados com outros. (…) A ciência não só descreve, ela prevê. Trata não só do passado, mas também do futuro” SKINNER,1953,p.7 CIÊNCIA DO COMPORTAMENTO 24 É monista (entende eventos privados e públicos como sendo de mesma natureza); Toma os eventos privados como legítimos objetos de estudo, resgatando a introspecção e o estudo da consciência, não como método, mas como comportamentos em seu próprio direito. 25 Tem como critério de verdade a efetividade — no uso do conhecimento — e não a concordância entre observadores; DARWIN Seleção Natural: Variação e seleção. O mais adaptável sobrevive. Seleção operante: Capacidade para aprender a interagir de novas maneiras com o ambiente. Comportamento selecionado – são adaptativos, acontece sob determinadas condições 26 SKINNER Seleção Operante – Consequência que fortalecem o comportamento e aumenta a probabilidade de ocorrência futura... 27 Causalidade e explicação No B. R. × Queremos explicar tudo ao nosso redor, em especial aquilo que as pessoas (e nós mesmos) fazem ou deixam de fazer. × O que é explicar? Apontar as causas de alguma coisa. × “Por quê o fulano agiu daquela forma?” – O que causou aquele comportamento. 28 29 Explicação circular: Pessoa A: Por quê aquela criança chutou a porta? Pessoa B: Porque ela está com raiva! Pessoa A: Como você sabe que ela está com raiva? Pessoa B: Ora, porque ela chutou a porta. Pessoa A: Mas por quê ela chutou a porta? Pessoa B: Porque sentiu muita raiva! Pessoa A: Espera aí, não estou entendendo! Ela chutou a porta porque estava com raiva ou estava com raiva porque chutou a porta? O que explica o comportamento “chutar a porta”? E o que explica o comportamento/sentimento “estar com raiva”? A RAIVA Chutar a porta! Skinner apresenta um conjunto de causas equivocadas do comportamento Fulano fez aquilo porque estava com os nervos a flor da pele ou Essa criança faz isso porque está fora da casinha Causas neurais, internas psíquicas e conceituais. 30 Ela joga bem xadrez porque é inteligente; Ele briga por causa do seu instinto; Fulano fez isso porque está com raiva; Ela faz isso porque tem uma personalidade confusa. Skinner (1953) - “Qualquer condição ou evento que tenha algum efeito DEMONSTRÁVEL sobre o comportamento deve ser considerado (p.24) Para Skinner, no entanto, explicar as diferenças de comportamento, de personalidade e as aptidões de indivíduos de uma mesma espécie a partir da hereditariedade seria um equívoco. O problema de se atribuir certas causas ao comportamento, não é a causa em si, mas a falta de evidências que atestem que aquele evento ou condição, de fato, exerce alguma influência sobre o comportamento de alguém. 31 Causas internas psíquicas: explicação do comportamento a partir de um agente interno, “self”, “mente”, um “eu iniciador”. Estados e processos internos não são suficientes para explicar o comportamento. Skinner critica esse DUALISMO, o pressuposto de que a mente seria de outra natureza, diferente do corpo, que haveria algo metafísico que controlasse e/ou iniciasse o comportamento. 32 Causalidade e explicação No B. R. 33 Ex: Um rapaz que tem dificuldade de iniciar e manter uma conversa com alguém que ele ache atraente. Causalidade e explicação No B. R. 34 1. Esse rapaz é tímido e introvertido. 2. Esse rapaz tem medo de ser rejeitado, ele tem baixa autoestima. 3. Esse rapaz apresenta hoje essa dificuldade porque em outras vezes que abordou uma pessoa que achou interessante as consequências foram desastrosas. × Se a causa da timidez de alguém for a hereditariedade ou uma característica pessoal. Então dessa forma essa pessoa está “fadada” a ser tímida por toda a sua vida, não há como mudar isso. × Agora, quando falamos em comportamentos e a probabilidade de acontecer, podemos alterar e mudar essespontos. 35 3 - Esse rapaz apresenta hoje essa dificuldade porque em outras vezes que abordou uma pessoa que achou interessante as consequências foram desastrosas. Explicações como essas são de ordem “mentalista”, sendo circulares e apresentando a ideia de outro ser ou agente que habita nossos corpos e causa comportamentos 36 dão a ideia de que estamos explicando a causa de um comportamento, mas na verdade não estamos. Não se explica a origem, a causa dos comportamentos. As explicações para o que as pessoas fazem, falam, pensam ou sentem devem ser buscadas na sua história de interações com o ambiente, sobretudo interações com outras pessoas. 37 MODELO DE SELEÇÃO PELAS CONSEQUÊNCIAS Concepção de ser humano no behaviorismo radical 38 “Os homens agem sobre o mundo, modificando-o, e, por sua vez, são modificados pelas consequências de sua ação” Skinner, 1957/1978, p.15 39 1) Os seres humanos agem sobre seu mundo. 2) Os seres humanos modificam seu mundo (consequências de suas ações). 3) Os seres humanos são modificados pelas consequências de suas ações. 40 “Se o homem muda em função das mudanças em mundo, produzidas por ele mesmo (consequências de suas ações), então cada homem seria capaz de construir-se como homem, como pessoa, a partir de suas próprias ações” (Hubner & Moreira, 2015, p. 11). 41 Homem é um ser ativo em seu mundo. É um ser histórico e social. Caráter relacional entre o homem e o mundo em que vive. Qual é o objeto de estudo do Psicólogo Analista do Comportamento? As interações dos organismos! “A psicologia estuda interações de organismos, vistos como um todo, com seu ambiente” (Harzem & Miles, 1978 - citado por Todorov (1989)). 42 Objetivos da ciência do comportamento PREVISÃO Descrição das variáveis ambientais das quais o comportamento é função. CONTROLE Influência das variáveis ambientais sobre o comportamento, aumentando ou diminuindo sua probabilidade de ocorrência, podendo-se intervir, alterar. 43 × Todo comportamento operante está sob controle das variáveis ambientais, ou seja, sob controle do ambiente. × Toda e qualquer relação comportamental implica em relação de controle. 44 Controlar o comportamento está relacionado com alterar variáveis do ambiente, de forma que se altere o comportamento. Para estudar o comportamento ... Tríplice contingência por meio dela é possível se identificar as variáveis das quais um comportamento é função. 45 46 CONTINGÊNCIA DE TRÊS TERMOS OU TRÍPLICE CONTINGÊNCIA UNIDADE BÁSICA DE ANÁLISE, REPRESENTADO POR: S OU O – Ocasião, contexto, estímulo antecedente ou evento antecedente R – Resposta do Organismo, do homem. C – Consequência, eventos consequentes. Pode ser reforço, punição ou não haver consequência – extinção. “O hábito de buscar dentro do organismo uma explicação do comportamento tende a obscurecer as variáveis que estão ao alcance da análise científica. Estas variáveis estão fora do organismo, em seu ambiente imediato e em sua história ambiental.” 47 Skinner, 1953, p.33 48 “O comportamento funcionava apropriadamente apenas sob condições relativamente similares àquelas sob as quais fora selecionado. A reprodução sob uma ampla gama de condições tornou-se possível com a evolução de dois processos por meio dos quais organismos individuais adquiriram comportamentos apropriados a novos ambientes. Por meio do condicionamento respondente (pavloviano), respostas preparadas previamente pela seleção natural poderiam ficar sob o controle de novos estímulos. Por meio do condicionamento operante, novas respostas poderiam ser fortalecidas (“reforçadas”) por eventos que imediatamente as seguissem” (Skinner, 1981/2007, p 129-130). Referências ! SKINNER, B. F. Ciência e comportamento humano. São Paulo: Martins Fontes, 2003 - Cap 5 – Comportamento Operante.. MOREIRA, M. B. & HANNA, E.S. Bases filosóficas e noção de ciência em Análise do Comportamento. In: M.M.C HUBNER & M. B. MOREIRA. Temas clásssicos da psicologia sob ótica da Análise do Comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015, p. 1-18 49