Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
P á g i n a | 1 Conferência Pentecostal Brasileira – de 17 a 22 de maio de 2021 Querido(a) irmão(a), Como muita alegria lhe saudamos com a paz do Senhor Jesus! É uma grande satisfação para nós contar com você nesta inédita Conferência Pentecostal Brasileira, a ser realizada de 17 a 22 de maio de 2021, totalmente online. O mundo ainda atravessa um período difícil e continua lidando com uma pandemia que tem deixado milhões de famílias enlutadas em todo o planeta. Apesar disso, temos no Senhor nossa esperança fortalecida dia a dia! E em meio a toda adversidade, o Espírito de Deus vem nos proporcionando muitas oportunidades para crescermos e nos desenvolvermos espiritualmente. Esta Conferência entra para o cenário da teologia pentecostal brasileira justamente com essa proposta: reafirmarmos e solidificarmos nossa fé cristã, por uma perspectiva pentecostal clássica. Cremos em Jesus Cristo, Filho de Deus ressurreto e Salvador do mundo; cremos na Bíblia como inerrante e infalível Palavra de Deus e cremos na Pessoa do Espírito Santo, que tem capacitado a Igreja de Jesus com sabedoria e poder espiritual para cumprimento da missão que nos foi entregue: testemunhar de Cristo ao mundo inteiro! Nossas orações são para que esta Conferência, com seus dez palestrantes que nos estarão ministrando ao vivo (por uma hora, cada) e nos servindo com os textos preparados para esta volumosa apostila (50 páginas!), venha conjugar muito bem aquilo que o pioneiro pentecostal assembleiano na Grã-Bretanha, Donald Gee, já sugeria: que nós pentecostais aliemos ao nosso fervor pentecostal mais profunda reflexão teológica. Sim, esta Conferência nos proporcionará importantes momentos de reflexão teológica; mas não para ficarmos no mero plano da fruição intelectual, e sim para que compreendamos nossas bases doutrinárias, históricas e teológicas, façamos uma autocrítica sobre onde estamos falhando, e prossigamos avançando em nome de Cristo e no poder do Espírito Santo “até os confins da terra! (At 1.8). Leia atentamente esta apostila; acompanhe as transmissões (conforme programação abaixo, que acontecerá em modo fechado pelo nosso canal no Youtube) e seja ricamente abençoado para a glória de Deus! A Organização. PROGRAMAÇÃO DATA 19H50min-21H 21H-22HH 17/MAIO Kleber Maia: A extensão da expiação de Cristo e o fervor evangelístico pentecostal Silas Daniel: Herança arminiana no Pentecostalismo e os 5 pontos do Arminianismo 18/MAIO Junia Nascimento: A liderança feminina no Pentecostalismo Roberto José: O Espírito Santo e a liderança no Novo Testamento e nos dias atuais 19/MAIO Valmir Nascimento: Pentecostalismo e esfera pública Osiel Lourenço: Pentecostalismo na esfera pública II 20/MAIO José Gonçalves: Interpretação bíblica Elizeu Rodrigues: Pregação e pregador pentecostal 21/MAIO Tiago Rosas: Adoração no contexto pentecostal Altair Germano: O batismo no Espírito Santo 22/MAIO Mesa redonda com palestrantes convidados e interação com o público P á g i n a | 2 Conferência Pentecostal Brasileira – de 17 a 22 de maio de 2021 ANOTAÇÕES __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ A EXTENSÃO DA EXPIAÇÃO DE CRISTO E O FERVOR EVANGELÍSTICO PENTECOSTAL Ministrante: Carlos Kleber Maia (Siga: @prklebermaia) Pastor da Igreja Assembleia de Deus no Rio Grande do Norte. Mestre em Teologia (FABAPAR) com ênfase em Estudo e Ensino da Bíblia e Pós-graduado em Teologia do Novo Testamento Aplicada (FTBP). Introdução A doutrina cristã afirma que Deus, por Sua graça, enviou o Seu Filho para morrer pelos pecadores, para fazer a expiação pelos seus pecados. Expiação é a purificação de crimes ou faltas cometidas, e é realizada para ressarcir os danos, apagando-se os delitos e oferecendo satisfação pelas injustiças cometidas. A ideia central da expiação é unir em um relacionamento de paz e amizade partes que haviam sido inimigas1. A morte de Jesus foi um sacrifício substitutivo oferecido a Deus, para satisfazer a Sua justiça, ao sofrer a punição merecida pelos pecadores, de forma que Deus pode, de maneira justa, perdoá-los. A morte de Cristo foi vicária: Ele morreu em lugar de outros, e em benefício destes (Is 53.4-6; 2 Co 5.21; 1 Pe 2.24; 3.18). Quando se refere à morte de Cristo, é necessário se distinguir três pontos: a intenção, a extensão e a aplicação desta expiação. A intenção responde às questões: “Qual foi o propósito salvífico da morte de Cristo? Ele deseja igualmente ou desigualmente a salvação de cada pessoa?”. A extensão trata das perguntas: “Por quem Cristo morreu? Pelos pecados de quem Cristo foi punido? Ele morreu pelos pecados de toda a humanidade?”. E a aplicação apresenta respostas às interrogações: “Quando a expiação é aplicada ao pecador? Em que momento os benefícios da morte de Cristo são aplicados ao indivíduo?”. Deus deseja que todos sejam salvos? (Intenção) A Palavra de Deus afirma que Deus quer salvar todos os homens (1 Tm 2.3-6; 2 Pe 3.9). Em passagens textos como Jo 3.16, fica claro que as intenções salvíficas de Deus são tão amplas quanto o mundo2. Assim, cremos que a intenção de Deus com a morte de Seu Filho foi de oferecer salvar a todos, tendo Ele mesmo estabelecido as condições que deveriam ser cumpridas pelos pecadores. Se Cristo não morreu intencionalmente por todos, não pode ser o dever de alguém, além dos eleitos, crer em Cristo. O arminianismo afirma que Cristo morreu igualmente por todos, com o intento de salvar todos que cumprissem as exigências estabelecidas por Ele: arrependimento e fé. As Escrituras nunca afirmam que Deus pretendeu salvar aqueles que não creram. Calvino afirmou um sentido múltiplo na vontade de Deus3. O Criador deseja salvar a todos por uma vontade revelada nas Escrituras, mas deseja salvar apenas os eleitos por uma vontade oculta, a qual é um mistério insondável, no seu entendimento. O teólogo holandês Jacó Armínio concorda com a declaração de que Deus revela apenas em parte a Sua própria vontade, mas nega que Ele deseje ou determine alguma coisa contrária a ela. Ele assevera, a este respeito: “Pois nenhuma vontade de Deus, qualquer que possa ser o seu caráter, pode ser contrária a qualquer outra vontade”4. Deus não pode querer salvar a todos e, ao mesmo tempo, não querer salvar alguns. Armínio afirma: “Deus pode fazer o que quiser com os seus, mas não pode fazer com os seus o que não possa fazer com justiça, pois Sua vontade é restrita pelos limites da justiça”, e ainda que “O oleiro, 1 VAILATTI, 2015, p. 19. 2 ALLEN, 2019, p. 950. 3 GEORGE, 1993, p. 208. 4 ARMÍNIO, 2015, v. 3, p. 324. P á g i n a | 3 Conferência Pentecostal Brasileira – de 17 a 22 de maio de 2021 ANOTAÇÕES __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ ____________________________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ portanto, não pode formar, do barro sem forma, um homem para desonra e condenação, a menos que o homem se tenha tornado, anteriormente, merecedor de punição e desonra, pela sua própria transgressão”5. O Deus justo condenará as pessoas pelos seus pecados e salvará todo aquele que crer. Por quem Cristo morreu? (Extensão) A Palavra afirma que Cristo morreu por seu povo (Mt 1.21), por suas ovelhas (Jo 10.15), pela igreja (Ef 5.25), por seus amigos (Jo 15.13), pelos eleitos (Rm 8.32-35). Mas o Senhor Jesus morreu apenas por estes? Não! Afirmar que Cristo morreu por alguns não é provar que Ele não morreu pelos outros. A Bíblia apresenta diversas passagens onde a expiação é universal (Is 53.6; Jo 1.9; 8.12; 12.32; At 2.21; 17.30; Rm 5.6, 15, 18; 2 Co 5.14, 15; 1 Tm 2.3-6; 4.10; Tt 2.11; Hb 2.9; 2 Pe 3.9). Armínio afirma: “As Escrituras dizem, de maneira extremamente clara e em muitas passagens, que Cristo morreu por todos, pela vida no mundo, e isso pela ordem e pela graça de Deus Pai”6. A Palavra de Deus apresenta Cristo como o salvador do mundo (Jo 1.29; 3.16,17; 4.42; 6.51; 1 Jo 2.2; 4.14). Os calvinistas afirmam que a palavra “mundo” refere-se apenas aos eleitos. Um estudo desta palavra – particularmente nos escritos do apóstolo João, onde é usado 78 vezes – indica que mundo é o mundo que odeia Deus, que rejeita Cristo, e que é dominado por Satanás; todavia este é o mundo pelo qual Cristo morreu. O teólogo calvinista D. A. Carson afirma que a palavra “mundo” refere-se a toda a raça caída, e destaca que a palavra significa seres humanos em rebelião contra Deus7. Armínio assevera que “O fato de que, pela palavra ‘mundo’, nestas passagens, deve-se entender todos os homens de maneira geral, é manifesto por essas passagens e pelos usos das Escrituras. Pois não existe, em minha opinião, nenhuma passagem, em toda a Bíblia, em que possa ser provado, sem nenhuma controvérsia, que a palavra “mundo” significa “os eleitos’”8. Os arminianos interpretam o termo “mundo” como referindo-se à totalidade da raça humana. Armínio usa diversos textos como para provar que a palavra “mundo” não se refere apenas aos eleitos: (Jo 1.29; 3.16; 6.51; 2 Co 5.19; 1 Jo 2.2; Jo 4.42; 1 Jo 4.14; Hb 2.9; 1 Tm 4.10; 2.5; Rm 5.6-8). O apóstolo João afirma que o mundo inteiro jaz no maligno (1Jo 5.19), mas Jesus é a propiciação dos pecados deste mundo inteiro (1 Jo 2.2). Calvinistas interpretam textos como 1 Tm 2.1-6 e Tt 2.11 afirmando que expressões como “todos os homens” se referem a “todos sem distinção”, alcançando tanto judeus quanto gentios, escravos ou livres, sem distinção, e não necessariamente a todos sem exceção. Porém, em textos como Rm 5.18 e Is 53.6, se “todos” não se refere a cada homem, sem distinção, então alguns homens teriam ficado livres dos efeitos do pecado, contrariando o exposto em Rm 3.23. Outras passagens, como 1 Tm 4.10 e 1 Jo 2.2 explicitamente afirmam que Cristo sofreu uma morte expiatória não somente pelos crentes, mas também por todos. Armínio declara que “[...] se [a redenção] não foi obtida para todos, a fé em Cristo é, sem nenhum direito, exigida de todos e, se não foi obtida para todos, ninguém pode, com justiça, ser culpado por rejeitar a oferta de redenção, pois rejeita aquilo que não lhe pertence, e o faz com propriedade. Se Cristo não morreu por todos, então não pode ser juiz de todos”9. Outros textos mostram que Cristo morreu até por homens que o rejeitam ou que não alcançarão a salvação. Em 2 Pe 2.1, Cristo até pagou o preço de redenção por falsos mestres que o negaram. O testemunho das Escrituras é claro, quando afirma que Deus ama a todos, e que Ele demonstrou isto quando enviou Seu Filho para morrer por todos. Ele ama mesmo aqueles que rejeitam o seu convite para segui-lo, como o jovem rico (Mc 10.21). 5 ARMÍNIO, 2015, v. 3, p. 45. 6 ARMÍNIO, 2015, v. 3, p. 330. 7 CARSON, 2007, p. 123. 8 ARMÍNIO, 2015, v.3, p. 330. 9 ARMÍNIO, 2015, v. 3. p. 428. P á g i n a | 4 Conferência Pentecostal Brasileira – de 17 a 22 de maio de 2021 ANOTAÇÕES __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ Os arminianos acreditam que a descrição calvinista do escopo da expiação não pode deixar de limitar o amor divino, o que contradiz os textos acima10. Se Deus é amor, mas pretendeu que a morte expiatória de Cristo fosse a propiciação somente para algumas pessoas, de forma que somente elas podem ser salvas, então o “amor” não tem nenhum significado inteligível quando se refere a Deus. Nunca consideraríamos como amoroso alguém que, por exemplo, podendo resgatar pessoas se afogando, se recusa a fazê-lo e resgata somente algumas. Consideraríamos tal pessoa má, mesmo se as pessoas resgatadas apreciassem o que a pessoa fez por elas11. Não há um único texto bíblico que afirme que Cristo não morreu por alguém. A expiação limitada calvinista é, principalmente, uma dedução teológica e menos uma construção exegeticamente demonstrada nas Escrituras. David Allen afirma que “a expiação limitada é uma doutrina em busca de um texto”12. Calvinistas dizem que a morte de Cristo beneficia a todos, mas não da mesma maneira; dá a todos somente bênçãos temporais, não salvíficas13. Afirmam, então, que Deus ama todas as pessoas de alguma forma, mas somente algumas (os eleitos) de todas as formas. No entanto, o Deus revelado na Bíblia não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9; 1 Pe 1.17), é bom para todos (Sl 145.9) e, assim, ama a todos da mesma maneira, beneficiando a todos com a salvação, para aqueles que a recebem pela fé em Jesus (Rm 10.9-21). Somente os crentes serão salvos (Aplicação) Toda a humanidade está em um estado redimível com respeito ao preço já pago, pois Cristo morreu por todos. Embora haja muitos que jamais serão salvos, a razão disso não é porque não há um preço suficiente pago pela redenção, nem porque ele não seja uma solução aplicável a eles, mas porque eles não querem cumprir as condições para se apropriarem deste benefício. A expiação foi garantida na cruz, mas será aplicada apenas quando o indivíduo crer em Cristo. Se a expiação não requeresse aplicação, os eleitos nasceriam salvos. Porém, a Palavra afirma que todos nascem pecadores (Rm 3.23; Sl 51.5). Os benefícios da expiação são oferecidos apenas sob a condição da fé em Cristo. Armínio assevera: “É preciso fazer uma distinção entre redenção obtida e a redenção aplicada, e declaro que ela foi obtida para o mundo inteiro, e para todos e cada um dos homens; mas ela foi aplicada apenas aos fiéis [crentes] e aos eleitos”14. O teólogo holandês assevera ainda: “O resgate ou o preço da morte de Cristo é considerado universal em sua suficiência, mas particular, em sua eficácia”15. O sacrifício de Jesus foi igual para todos em relação à extensão da satisfação, pois Cristo assumiu a natureza humana. A salvação para qualquer pessoa, contudo, é condicionada à fé. A vontade salvífica universal de Deus torna a graça da salvação universal e comum a todos, mas ela é tão condicional que, sem o cumprimento da condição, é inteiramente ineficaz. Os benefícios da expiação não são aplicados à pessoa até o momento da regeneração. Paulo descreve comoera a vida dos eleitos antes de crerem em Jesus (Ef 2.1-3): mortos em pecados. Nem mesmo os calvinistas ensinam que o eleito é justificado antes da experiência da fé. Duewel diz: “A provisão de Cristo é suficiente para todos, mas é eficaz somente para aqueles que a aceitarem nas condições de Deus. Ela é potencialmente eficaz para todos os homens, mas é condicional e pessoalmente eficaz para quem livremente a desejar. Enquanto o pecado de Adão trouxe julgamento potencial para todos, a expiação de Cristo na cruz trouxe vida provisional para todos”16. 10 OLSON, 2013, p. 84. 11 OLSON, 2013, p. 83. 12 ALLEN, 2019, p. 24. 13 OLSON, 2013, p. 218. 14 ARMÍNIO, 2015, v.3, p. 428. 15 ARMÍNIO, 2015, v.3, p. 329, 330. 16 DUEWEL, 1999, p. 98. P á g i n a | 5 Conferência Pentecostal Brasileira – de 17 a 22 de maio de 2021 ANOTAÇÕES __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ Wiley afirma que “A expiação é universal. Isto não significa que toda a humanidade será incondicionalmente salva, mas que a oferenda sacrificial de Cristo satisfez a tal ponto a lei divina que tornou a salvação uma possibilidade para todos. A redenção é universal, ou geral, em um sentido provisional, porém, especial ou condicional em sua aplicação ao indivíduo”17. Thomas Oden declara: “A expiação é designada a toda a humanidade, intencionada para todos, suficiente para todos; entretanto, ela é efetivamente recebida por aqueles que respondem a ela em fé”18. A expiação é provisional até o tempo de sua aplicação. “O único modo de negar a natureza provisória da expiação é considerar todo o povo pelo qual Cristo morreu ser justificado antes deles experimentarem a fé”19. Cristo veio tornar a salvação possível ou veio salvar? Ele veio fazer ambas as coisas: tornar a salvação possível a todos e salvar os que creem. Jesus removeu todos os impedimentos legais à salvação dos pecadores na situação em que o Pai escolheu aplica-la. A morte de Cristo garantiu a reconciliação do homem com Deus, mas Ele mesmo nos mandou pregar a palavra de reconciliação, pois os indivíduos só receberão os benefícios garantidos na cruz quando crerem na Palavra (2Co 5.18-21; Rm 10.17-21). A salvação deve ser proclamada a todos Muitas passagens indicam que o Evangelho deve ser universalmente proclamado (Mt 24.14; 28.19; Mc 16.15, 16; At 1.8; 17.30). Se Cristo morreu somente por alguns, como pode a oferta de salvação ser feita a todas as pessoas sem ser insincera, artificial, ou mesmo desonesta? Não é impróprio oferecer salvação a todos, se de fato Cristo não morreu para salvar todos? Como Deus pode autorizar Seus servos a oferecer perdão a todos, se Cristo não morreu por todos? Armínio afirma que a salvação, portanto, é oferecida a todos os homens, quando diz que “A promessa e a oferta se estendem a todos os que são chamados – chamados pela pregação externa do evangelho, quer obedeçam ao seu chamado ou não. Pois até mesmo os que ‘não viriam’ para as bodas receberam o convite, e, por isso, Deus os julgou indignos (Mt 22.2-8), uma vez que ‘rejeitaram o conselho de Deus contra si mesmos’ (Lc 7.30), e pela rejeição da promessa se tornaram indignos (At 13.46)”20. A expiação limitada torna o evangelismo indiscriminado impossível, pois os convites universais do evangelho só podem ser baseados em uma disposição universal na expiação. Um crente na expiação limitada nunca pode dizer a todos: “Deus ama vocês e Cristo morreu pelos seus pecados e pelos meus; vocês podem ser salvos”. Todavia, esta é a própria força vital do evangelismo: contar as boas novas a todos e convidá-los a virem a Jesus Cristo em arrependimento e fé. Ninguém, incluindo Deus, pode dizer verdadeiramente a todas as pessoas “se você crer, será salvo”, a menos que essa oferta seja reforçada por uma salvação comprada para todas as pessoas. Calvinistas coerentes com a expiação limitada negam a oferta bem-intencionada do evangelho, o que tende a inibir o zelo e a atividade missionária. Se o amor de Deus expresso no convite do evangelho não for redentor, a oferta do evangelho não tem sentido real21. Teólogos calvinistas que foram missionários em terras pagãs, como David Brainerd, William Carey e os morávios, sustentaram que a doutrina da morte de Cristo por todos era o grande meio de conversão22. Sem uma expiação universal, não é possível que alguém saiba a partir do próprio evangelho que Jesus morreu por ele. 17 WILEY, 2013a, p. 274. 18 ODEN, Systematic Theology, apud ALLEN, 2019, p 531. 19 FORLINESS apud ALLEN, 2019, p. 651. 20 ARMÍNIO, 2015, v.3, p. 312. 21 ALLEN, 2019, p. 516-8. 22 ALLEN, 2019, p. 618. P á g i n a | 6 Conferência Pentecostal Brasileira – de 17 a 22 de maio de 2021 ANOTAÇÕES __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ Temos muitas razões para pregar a Palavra de Deus: a) O amor a Deus, demonstrado em obedecê-lo; b) O amor pelos perdidos; c) A obediência às Escrituras, que nos manda pregar. Além destes motivos para evangelizar, devemos acrescentar outros: d) A vontade redentora universal de Deus, demonstrada na morte de Cristo por todos; e) O empoderamento do Espírito Santo, com o objetivo primordial de nos impulsionar a sermos testemunhas de Jesus e fazermos a Sua obra. A consideração habitual dos calvinistas rígidos é que não sabemos quem são os eleitos, então oferecemos o evangelho a todos. A questão não é de conhecer quem são os eleitos, mas de oferecer o que não está disponível a todos, se crermos que Jesus não morreu por toda a humanidade. Considerações finais Os arminianos creem que, se Deus é verdadeiramente amor, Ele ama incondicionalmente e universalmente, pelo que Cristo morreu por todos, para que todos possam ser salvos. Enquanto Deus providenciou a salvação para todas as pessoas com a morte sacrificial e substitutiva de Cristo para todos, os benefícios desta morte são recebidos pela graça mediante a fé e são eficazes apenas para aqueles que creem. Aqueles que rejeitam o amor de Deus, expresso em Cristo, só experimentarão a punição por sua rebeldia. Embora Deus deseje que todos creiam e sejam salvos, muitos perecerão, não por falta de disponibilidade de salvação, mas porque rejeitam a sua oferta feita para eles na morte de Cristo e por “não crer no nome do único Filho de Deus” (Jo 3.18). Quando os benefícios da morte expiatória de Cristo são aplicados ao eleito? Três opções: a) no decreto eterno de Deus; b) na cruz, sendo aplicada aos eleitos; c) no momento em que os pecadores creem em Cristo. Os arminianos creem que esta última opção se harmoniza com o ensino das Escrituras. Por crer nisto, os arminianos podem dizer, verdadeiramente,a todo o mundo: Deus te ama e, por causa disto, Cristo morreu para te salvar! A expiação ilimitada não leva ao universalismo, a crer que todos serão salvos, pois para que os homens por quem Cristo morreu sejam salvos, é necessário que eles creiam nele como Salvador (Jo 8.24). A condição indicada por Cristo, sobre a qual os incrédulos podem evitar morrer nos seus pecados, não se baseia no fato de ele não morrer a seu favor, mas sim em colocarem nele a sua fé. O valor da morte de Cristo, por mais maravilhosa e completa que seja, não se aplica aos não regenerados até que venham a crer. Qualquer ensino que diz que Deus não ama toda humanidade, que Deus não tem intenção ou desejo de salvar toda humanidade, ou que Jesus não morreu pelos pecados de toda humanidade é contrário a Escritura e deve ser rejeitado. A Bíblia nos mostra claramente que Cristo morreu por todos, para que todos possam ser salvos. Os pentecostais arminianos creem que Cristo morreu pelos pecados de todas as pessoas, por causa do seu amor e do Pai por toda a humanidade, para prover uma oferta genuína de salvação a cada indivíduo, e a sua morte não só torna a salvação possível a todos, mas realmente assegura a salvação de todos os que creem por meio da obra regeneradora do Espírito Santo. Por causa desta fé e pelo impulso do Espírito Santo para sermos testemunhas do Senhor “até os confins da terra”, é que o a chama pentecostal foi espalhada por toda esta nação e tem sido levada a todas as partes do planeta. _________________________ Referências bibliográficas ALLEN, David. Por Quem Cristo Morreu – uma análise crítica sobre a extensão da expiação. Natal: Carisma, 2019. ARMÍNIO, Jacó. As Obras de Armínio. 3 volumes. Rio de Janeiro: CPAD, 2015. CARSON, D. A. Comentário de João. São Paulo: Shedd Publicações, 2007. GEORGE, Timothy. Teologia dos Reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1993. OLSON, Roger. Teologia Arminiana: mitos e realidades. São Paulo: Reflexão, 2013a. OLSON, Roger. Contra o Calvinismo. São Paulo: Reflexão, 2013b. VAILATTI, Carlos Augusto. Expiação Ilimitada. Coleção Arminianismo. São Paulo: Reflexão, 2015. WILEY, H. Orton. Teologia Cristiana. Tomo 2. Casa Nazarena de Publicaciones, 2013. P á g i n a | 7 Conferência Pentecostal Brasileira – de 17 a 22 de maio de 2021 ANOTAÇÕES __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ A HERANÇA ARMINIANA NO PENTECOSTALISMO E OS CINCO PONTOS DO ARMINIANISMO Ministrante: Silas Daniel (Siga: @pr_silasdaniel) Pastor, jornalista, comentarista de Lições Bíblicas e autor de várias obras publicadas pela CPAD, em especial do livro Arminianismo: a mecânica da salvação. Introdução O Movimento Pentecostal surgiu, em sua esmagadora maioria, como um desdobramento da teologia e da espiritualidade wesleyana-arminianas via o chamado Movimento de Santidade. É verdade que o Pentecostalismo ganharia algumas novas ênfases diferentes daquelas encontradas nesse movimento, como pode ser visto, sobretudo, na corrente majoritária do Pentecostalismo Clássico que adotou a linha da “Obra Consumada”; mesmo assim, não se pode olvidar que mesmo os ramos do Pentecostalismo que adotaram uma linha diferente na Doutrina da Santificação em relação ao Movimento da Santidade não deixaram de ter gravadas em sua teologia suas raízes históricas com o wesleyanismo- arminianismo. Se não, vejamos. I – Herança arminiana do Pentecostalismo 1) O desenvolvimento da Doutrina do Batismo no Espírito Santo veio – não completamente, mas em grande parte – como fruto da evolução dada na Teologia Wesleyana-Arminiana de que havia uma outra experiência subsequente à regeneração e que o cristão deveria buscar para a sua vida O wesleyanismo-arminianismo tem suas raízes teológicas, como o próprio nome já diz, no arminianismo. Nessa teologia, não apenas uma mecânica da Salvação sinergista evangélica passou a ter uma ênfase especial como também a santificação passou a ganhar uma nova ênfase, sendo vista como uma experiência mais profunda além da justificação. A busca pela experiência da plena santificação no século 19 dentro do Metodismo vai fazer surgir os movimentos renovacionistas de santidade, que identificarão, no caso de alguns de seus proponentes, essa experiência com o batismo no Espírito Santo, entendendo-o como um “batismo de fogo e santidade”. Entretanto, um estudo mais aprofundado nesse assunto, em uma época em que os dons espirituais começavam a se manifestar com maior profusão do que em séculos anteriores, resultará na compreensão de que se trata de outra experiência, de empoderamento espiritual para dinamizar a vida de serviço a Deus e a adoração, e que, pelo texto sagrado, as línguas estão vinculadas a ela como sinalização externa clara da evidência de seu recebimento. Dessa forma, surgirão duas correntes dentro do Pentecostalismo Clássico: aquela que entenderá haver dois batismos pós-conversão – o de santidade e o no Espírito Santo – e aquela que se tornará majoritária e que entenderá que não existe um batismo de santidade. 2) A soteriologia pentecostal é marcantemente arminiana A segunda grande herança inequívoca é na soteriologia. Os dois principais ramos do Pentecostalismo Clássico serão arminianos em sua soteriologia. Posteriormente, surgirão um ou outro grupo pentecostal calvinista, mas serão extremamente minoritários. Um ponto a se observar é que os chamados “pentecostais globais”, cujo principal grupo se encontra na Europa, a “Escola de Birmigham”, procuram ressaltar mais a diversidade da identidade pentecostal. É uma linha também mais ecumênica. Essa corrente, porém, não pode negar a importância da trajetória histórica do pentecostalismo, universalmente reconhecida e que tem suas raízes no wesleyanismo- P á g i n a | 8 Conferência Pentecostal Brasileira – de 17 a 22 de maio de 2021 ANOTAÇÕES __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ arminiano. Essa afirmação de forma alguma diminui a dívida pentecostal ou a interação com outros ramos da tradição cristã mais ampla. Pelo contrário, tende a abrir tais possibilidades; mas, faz isso de uma perspectiva particular. II – Os cinco pontos do Arminianismo O Arminianismo é uma das três principais correntes protestantes clássicas acerca da mecânica da salvação. Essas três correntes são Luteranismo, Calvinismo e Arminianismo, todas surgidas nas primeiras décadas da Reforma Protestante, mas batizadas com esses nomes bem posteriormente. Todas as três respeitam a mensagem e o método da salvação. A diferença entre elas é apenas no que diz respeito ao entendimento sobre a mecânica da salvação. A mecânica – ou dinâmica– da Salvação é um termo que se refere ao que se dá nos bastidores da nossa Salvação à luz da Bíblia, isto é, a todo o processo ou mecanismo que resulta na Salvação de um indivíduo por Deus, segundo podemos depreender de forma clara do texto sagrado. Ao falarmos de “Mecânica da Salvação”, portanto, estamos falando de cinco doutrinas: 1) A Depravação Total 2) A Preveniência da Graça 3) A Eleição Condicional 4) A Expiação Ilimitada (ou Universal Qualificada) 5) A Segurança da Salvação em Cristo Esses pontos serão desenvolveremos durante nossa ministração nesta Conferência. É importante frisar que, no protestantismo, o Arminianismo é uma corrente que vem desde as primeiras décadas da Reforma, mas recebe esse nome só posteriormente, em homenagem ao teólogo reformado Jakob Hermanszoon, mais conhecido como Jacó (ou Tiago) Armínio (1559-1609), que foi quem mais famosamente a esposou. P á g i n a | 9 Conferência Pentecostal Brasileira – de 17 a 22 de maio de 2021 ANOTAÇÕES __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ A LIDERANÇA FEMININA NO PENTECOSTALISMO Ministrante: Junia Nascimento (Siga: @junianascimentoofc) Membro da Assembleia de Deus em Campina Grande/PB, pregadora do evangelho, graduada e mestra em História pela UFCG – Universidade Federal de Campina Grande, na Paraíba. Introdução A História por muito tempo foi uma narrativa limitada aos feitos de grandes homens. A Escola Metódica nos deixou essa herança durante muito tempo, tal ramo historiográfico ditou exatamente como deveria escrever a História, e além disso, a respeito de quem. Construir uma narrativa a respeito da liderança feminina no Pentecostalismo faz parte do processo de quebra do silencio historiográfico e teológico, no tocante a participação feminina no movimento pentecostal. Durante anos não ouvimos nem se quer ruídos sobre a participação das mulheres no movimento. Grandes autores, pesquisadores, não demonstraram interesse por essa temática, no entanto, a historiografia do século XXI ousou quebrar esse paradigma e trazer à tona a mulher enquanto “ser” atuante e colaborador do movimento pentecostal. Logicamente que esse novo campo de pesquisa exige novas fontes a serem exploradas, um novo trato, e uma nova possibilidade de escrita. No início do século XX as mulheres ainda nem sequer tinham direito ao voto. Com o surgimento do movimento pentecostal, elas irão encontrar no seio desse movimento, um lugar de liberdade. Havia espaço para as mulheres, negras, brancas, pobres, ricas, uma verdadeira liberdade de expressão e culto. Com o advento do pentecostalismo vemos uma verdadeira democracia em diversos âmbitos sociais. Uma ideia oriunda do movimento Holiness, cuja característica de culto tinha o envolvimento da identidade negra e branca; devido a isso, o pentecostalismo rompe com preconceitos que eram comuns nas Igrejas Históricas. O século do Pentecostalismo foi o século do Espirito, a gênese de um grande mover que tomou conta do mundo, um evento que marcou a História do Protestantismo em todas as esferas, social, cultural e política. O pentecostalismo envolveu as camadas mais pobres da sociedade, adentrou becos, valados, guetos, causando uma verdadeira ruptura no campo religioso e social. Se pudéssemos desenhar um mapa, e mostrar os efeitos que o evangelho aos “moldes” pentecostal causou, veríamos uma verdadeira mancha delineando, e alcançando os mais diversos Países e Estados Brasileiros, os quais foram beneficiados e alcançados pelo Movimento Pentecostal. Os historiadores afirmam que o início do movimento pentecostal se deu através de Fox Parham, ex- pastor metodista. Foi através do trabalho desse grande homem, que em janeiro de 1901, na Faculdade Bíblica Betel, a jovem Agnes Ozman teve uma marcante experiência espiritual através da manifestação do dom de línguas. O derramamento do Espirito sobre Agnes foi tão intenso que ela passou três dias falando e escrevendo somente em chinês. Daí, vemos o exemplo da experiência de uma mulher, usado como o como o estopim do movimento pentecostal. No entanto, é necessário compreender que o pentecostalismo não chamou atenção do mundo antes de 1906, pois foi nesse período que o grande avivamento que aconteceu na Rua Azusa, um movimento liderado por Seymour, um homem de pele negra, que é considerado pela historiografia como cofundador do pentecostalismo, juntamente com Parham. A participação feminina é percebida a partir do momento em que os historiadores narram a experiência de Agnes como um acontecimento que ganhou grande notoriedade através dos séculos. Como é dito entre os historiadores, o pentecostalismo torna-se singular. devido a forma que o evangelho é pregado, pois a mensagem pentecostal, não é somente verbalizada, mas sentida. As sensibilidades, o sentir, e o mover, são as grandes características do movimento pentecostal, e que o faz diferenciado das outras vertentes protestantes. E nada mais sensível que uma mulher, algo que é comprovado cientificamente, as mulheres são de fato mais sensíveis do que homens, e a presença delas no movimento pentecostal fez toda a diferença. P á g i n a | 10 Conferência Pentecostal Brasileira – de 17 a 22 de maio de 2021 ANOTAÇÕES __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ Não há dúvidas de que a contribuição feminina no movimento pentecostal, deu –se a partir de sua gênese, através da atuação de mulheres nos mais diversos papéis e serviços. Um grande exemplo a ser citado é o da governanta de Parham, Lucy Farrow, descendente de escravos na Virginia, uma mulher a qual desenvolveu um trabalho em estreita relação com o pioneiro do Movimento Pentecostal. Lucy teve uma grande colaboração no tocante a pregação do evangelho e na oração pelo batismo com o Espirito Santo. No entanto, a presença feminina foi muito além da pregação e da oração. As mulheres foram usadas com seus diversos dons e talentos em várias partes do mundo, como nos mostra o exemplo de Frida Vingren, uma mulher incansável, possuidora de diversos talentos, que atuou no Brasil como missionária, deixando um legado indelével. I. Mulheres no pentecostalismo: uma presença que vai além das fronteiras A História das mulheres envolve a luta por direitos e liberdade, pois durante muitos séculos, a atuação feminina na sociedade estava limitada a esfera privada. A mulher era educada para cuidar da casa, dos filhos e do marido, o que tornou a sociabilidade feminina restrita aos moldes ditados. Durante muito tempo a mulher não tinha o direito de ir e vir opinar, e nem se quer votar. No movimento pentecostal as mulheres encontraram liberdade,foi através do serviço religioso que elas passaram a se movimentar na sociedade enquanto sujeitos ativos. Sendo assim, no período inicial do pentecostalismo, elas foram capacitadas para exercerem os mais diversos papéis de liderança, isso se deu tanto na prática como teologia. O crescimento do pentecostalismo deu-se de uma forma grandiosa, um fenômeno social que explodiu no início do século XX, gerando uma movimentação “hiperbólica”, que em pouco tempo levou a mensagem pentecostal a atravessar as fronteiras do mundo. Paralelo a esse crescimento, a presença feminina trouxe uma contribuição que alcançou as mais diversas partes do planeta. Na Igreja do Evangelho Pleno de Yoido, pastoreada por Yonggi Cho, em Seul, Coreia do Sul. Depois da guerra, na década de 50, um grande avivamento trouxe uma nova esperança para aquela nação. A Igreja de Cho teve um crescimento tão significativo que, por conseguinte surgiu a necessidade de pessoas para ajudá- lo na administração. Em oração Cho dialoga com Deus, e como resposta, as mulheres são apontadas pelo Criador, como instrumentos a serem utilizados na Igreja. Na Coreia do Sul, as mulheres eram incumbidas de liderar os grupos familiares, e isso levou a um crescimento muito grande, tendo em vista que a família era principal célula que compunha a Igreja. Através do investimento nos grupos familiares, houve aumento notório da liderança feminina, chegando a 90% o número de mulheres que lideravam os grupos. Além disso, na oração também teve uma forte influência feminina na Coréia do Sul, a sogra do pastor Cho, Jashil Choi, foi a criadora do conceito popular “monte da oração”, um termo que adentrou a cultura pentecostal, e ainda hoje ouvimos falar entre nós. Se o século XX é denominado como a Era Carismática, entendemos que esse contexto trouxe consigo as mulheres como protagonistas de um grande avivamento. Não podemos negar que o século do Espirito trouxe liberdade e voz para as mulheres, tirando-as dos lugares periféricos do mapa social. As mulheres que antes não eram utilizadas no cristianismo, devido à presença ser limitada ao exercício religioso em conventos, isso não levando em consideração algumas poucas mulheres que romperam com o sistema da época, trazendo uma grande contribuição no campo teológico e literário, agora podem ser vistas e ouvidas com liberdade. II. A presença feminina na Rua Azusa: Avivamento e Liberdade Em uma época em que a sociedade ainda estava debatendo sobre o lugar da mulher, o movimento da Rua Azusa trouxe para as mulheres um lugar, pois a maioria das denominações nem se quer tinham pensado em ordenar mulheres ou “permitir” sua presença no púlpito. Através do movimento da rua Azusa, as mulheres acharam um púlpito, quer fosse na Igreja, nas residências ou nas ruas, o lugar de fala finalmente foi encontrado. Os movimentos de avivamento tiveram grande contribuição a “emancipação” da mulher, neles as mulheres alcançavam experiência e possuíam dons do Espirito, o que por consequência as levavam a serem reconhecidas como liderança. P á g i n a | 11 Conferência Pentecostal Brasileira – de 17 a 22 de maio de 2021 ANOTAÇÕES __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ As mulheres desempenharam um papel muito importante na rua Azusa, foi uma mulher chamada Neely Terry que chamou William Seymour para pastorear aquela missão. Foi por um gesto simples, que a contribuição feminina fez a diferença, pois foi através de Seymour que o movimento da rua Azusa tomou conotações mundiais, levando-o a ser considerado como um dos grandes nomes do pentecostalismo. Na rua Azusa, as mulheres negras também tinham grande participação, eram elas que convidavam as suas patroas, mulheres brancas, para participarem dos cultos. Ao participarem dos cultos, as mulheres brancas levavam seus maridos, e assim os primeiros brancos passaram a participar do Movimento Pentecostal. Muitas mulheres de diferentes etnias, foram cheias do Espirito Santo na rua Azusa. Poderíamos citar inúmeros nomes que marcaram a História do Pentecostalismo em sua gênese, mas isso poderá ficar para outra ocasião. Um dos grandes nomes foi o de Jennie Evans Moore Seymour, uma mulher que segundo os historiadores foi a mais influente da vida de Seymour. Antes de tornar-se esposa de Seymour, Jannie teve uma experiência singular após o batismo no Espirito Santo, após falar em línguas, ela começou a cantar e tocar um piano que nunca havia tocado, quem a ouvia cantar dizia que ela cantava em hebraico. Antes de se casar-se, Jannie desenvolveu um trabalho como evangelista itinerante, e em 1908 casou-se com Seymour. O trabalho das mulheres não se limitava apenas a evangelização e operação de dons, algumas delas também contribuíram na redação de textos em jornais. A edição de jornais para o fortalecimento da fé pentecostal, também foi de suma importância para a cultura do movimento. E nesse âmbito, Clara Lum foi uma grande contribuinte através de sua escrita, foi editora do periódico Apostolic Faith , um jornal que levou a propagação de excelentes notícias a respeito do derramamento do Espirito na rua Azusa. Isso denota que as mulheres marcaram presença, desde a pregação do evangelho até o uso dos dons naturais. III. A presença feminina no Pentecostalismo brasileiro: A representação de Frida Vingren para uma contribuição feminina multifacetada Em 1891, nasce Frida Vingren na Suécia, uma jovem modesta que foi criada em uma família Luterana, e tinha como formação enfermagem, profissão a qual ela exerceu por alguns anos. Nas horas vagas tinha paixão pela fotografia, gostava de ver paisagens, pessoas. Em 1915, Frida começou a namorar com Gunnar, e em 1917 é enviada para o Brasil. O desejo de fazer missões estava no coração no seu coração desde a mais tenra juventude. Ao chegar no norte Brasil, começou a contribuir com a sociedade paraense com exercendo o oficio de parteira. Com apenas 26 anos de idade Frida começa a obra missionária no Brasil com o coração inflamado pela chama pentecostal. No dia 16 de outubro de 1917, Frida casa-se com Gunnar em uma cerimônia celebrada por Samuel Nystrom. Ao casar-se com um dos fundadores do pentecostalismo no Brasil, começou a desenvolver os mais diversos trabalhos, dirigindo cultos, tocando instrumentos, pregando o evangelho. Na ausência do seu esposo ela o substituía. Quando os problemas surgiam ela os resolvia de forma enérgica, era uma mulher de muitas virtudes e talentos. O seu conhecimento bíblico foi de muita valia, tanto na exposição do evangelho quanto na escrita literária. Sua contribuição foi além dos limites da sua época, pois no Brasil em pleno século XX, a mulher ainda estava ainda limitada ao privado, a casa, aos cuidados da família. A presença de Frida Vingren no pentecostalismo brasileiro delineou o que chamamos hoje de liberdade feminina para o exercício do serviço a Deus. Essa mulher teve uma cooperação singular no estado do Pará e posteriormente no Rio de Janeiro. Sua presença se deu de forma impactante, porém cheia de sensibilidade. Ao nos depararmos com a biografia de Frida Vingren, percebemos uma mulher de natureza incansável, a qual estava sempre apta para enfrentar as maiores dificuldades, ancorada em Cristo. E foi com essa força, que Frida venceu a malária, uma doença consideradaincurável, depois de meses de luta, Frida alcançou a cura através da fé em Cristo. Os talentos de Frida eram diversos, sabia se comunicar com as pessoas com muita facilidade, cantava, tocava, orava, pregava, aptidões que eram usados na obra missionária, todavia não eram os únicos. Frida Vingren também nos deixou uma grande contribuição literária. A esposa de Gunnar Vingren tinha P á g i n a | 12 Conferência Pentecostal Brasileira – de 17 a 22 de maio de 2021 ANOTAÇÕES __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ uma facilidade significativa de escrever, ela foi redatora dos principias jornais da Assembleia de Deus. Sua escrita possuía os mais diversos conteúdos, desde citações de textos bíblicos á relatos sobre o andamento da obra pentecostal no Brasil. Em 1823, Frida escreveu um artigo para o jornal Evagelli Harold, nele Frida fala sobre a idolatria no Círio de Nazaré no Pará. Já para o Jornal Boa Semente, Frida escreveu sobre a inauguração do novo templo da Assembleia de Deus em Tomboteua, Estrada de Ferro. É indiscutível o talento de Frida para a escrita, uma habilidade que vai além dos limites, pois a missionária sueca também foi compositora de diversos hinos da Harpa Cristã. Quer fosse no Norte ou Sudeste do Brasil, Frida trouxe uma contribuição indelével. Seu desempenho foi de muita valentia, uma mulher que estava sempre disposta a entregar a sua vida pelo crescimento do pentecostalismo. Em 1824, os Vingren passam a morar no Rio de Janeiro, uma decisão que levou ao desbravamento de uma vasta obra. Sua presença no Rio de Janeiro, São Cristóvão, deu-se nos campos e valados, cultos na Praça da Bandeira e evangelização na Casa de Detenção. Frida foi de fato uma grande desbravadora na obra pentecostal, um dos pregadores mais ativos desse país. Conclusão Como vimos nas linhas acima, a liderança feminina no Pentecostalismo aconteceu de diversas maneiras. Muitas mulheres com toda sua sensibilidade, deram um toque todo especial ao movimento, não só na América ou Europa, mas principalmente em nosso solo gentil, Brasil. Os textos escritos por Frida Vinngren foram registrados nos três principais jornais que transitavam na década de 20, O Som Alegre, Boa Semente e Mensageiro da Paz, neles, a escrita de Frida deixa os rastros de uma mulher simples, mas de um nível intelectual elevado. No entanto, os seus talentos não foram expostos somente em jornais. Sob a direção do jornal O mensageiro da paz, Frida foi a comentarista das revistas da Escola Bíblica Dominical nos anos 30, um trabalho que mostrou a singularidade da presença feminina na esfera escriturística. A contribuição feminina no pentecostalismo deixou marcas na escrita da História. Trazer à tona essas personagens, nos leva a compreender que a liderança feminina deixou raízes profundas. Mulheres cheias do Espirito Santo foram usadas em uma época em que as mulheres ainda não eram reconhecidas como sujeitos de direito. Mesmo assim, romperam com todas as dificuldades e deram o melhor de si no Movimento Pentecostal. Assim podemos concluir que o pentecostalismo é um movimento “democrático” onde homens e mulheres, brancos e negros, deram as maiores contribuições para o avanço e crescimento da chama pentecostal em vários países. _________________________ Referências bibliográficas ALMEIDA, Rute Salviano. Vozes Femininas nos Avivamentos. Viçosa: Ultimato, 2020. ARAÚJO, Isael de. 100 mulheres que fizeram a História das Assembleias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 2012. ARAÚJO, Isael de. Dicionário do movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD,2007. ARAÚJO, Isael de. Uma biografia de uma mulher de Deus, esposa de Gunnar Vingren, pioneiro das Assembleias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 2014. BURKE, Peter. A escrita História: Novas perspectivas. 2 ed, São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista,1992. SYNAN, Vinson. O século do Espirito Santo. São Paulo: Editora Vida, 2009. _________________________ P á g i n a | 13 Conferência Pentecostal Brasileira – de 17 a 22 de maio de 2021 ANOTAÇÕES __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ O ESPÍRITO SANTO E A LIDERANÇA NO NOVO TESTAMENTO E NOS DIAS ATUAIS Ministrante: Roberto José dos Santos (Siga: @pastorrobertojosedossantos) Pastor Presidente da Igreja Assembleia de Deus em Abreu e Lima/PE, advogado, doutor em Ciências da Educação “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (palavras de Jesus Cristo em Atos 1.8) I. A Pessoa do Espírito Santo O Espírito Santo é a Terceira Pessoa da Trindade Santíssima e, à semelhança do Pai e do Filho, é Deus. Assim como o Pai e o Filho, o Espírito Santo é autoexistente. Não dependendo de nada fora de si para existir. Ele sempre existiu; é um ser incausado; “não tendo princípio de dias, nem fim de vida” (Hb 7.3). De eternidade a eternidade, o Espírito Santo é Deus. A Epístola aos Hebreus revela o Consolador como “o Espírito eterno” (Hb 9.14). Ele tem existência própria. Mas isso não significa que esteja separado da Trindade. O Pai, o Filho e o próprio Espírito Santo, embora distintos como pessoas, constituem a mesma essência indivisível e eterna da divindade. O Espírito Santo possui todos os atributos divinos. Ele é imutável. Sua essência e caráter não podem ser alterados. A imutabilidade é um atributo que pertence exclusivamente à divindade (Rm 1.23; Hb 1.11). O Espírito Santo é: a) Onipresente. Ele está presente em todos os lugares ao mesmo tempo. Não há como fugir da sua presença (Sl 139.7). b) Onisciente. Ele sabe e conhece todas as coisas. Ele conhece as intenções do coração do homem (1 Co 2.10). Nada foge ao conhecimento do Espírito Santo. (Sl 139.2.11,13). c) Onipotente. Como Deus, não nada impossível para o Espírito Santo. Ele sustenta todas as coisas (Hb 1.3). É Ele quem convence o mundo do pecado, e da justiça e do juízo (Jo 16.8). II. O Espírito Santo no Antigo Testamento O Espírito Santo atuou no Antigo Testamento sobre homens e mulheres que foram usados pelo Espírito Santo (patriarcas, juízes, reis, sacerdotes, profetas, apóstolos, etc.). O Espírito Santo inspirou os autores sagrados em todo texto bíblico. (Hb 1.1,2; Rm 15.4; 2 Pd 1.20,21; 2 Tm 3.16,17). 1. O Espírito Santo desempenhou um papel ativo na criação.O Espírito de Deus se movia sobre a face das águas (Gn 1.2), atuando para através da palavra criadora do Senhor desse forma ao mundo. 2 Na criação do homem, foi o seu Espírito quem soprou no homem o fôlego da vida (Gn2.7; Jó 27.3). O Espírito Santo continua a dar vida às criaturas de Deus (Jó 33.4; Sl 104.30). 3. O Espírito estava ativo na comunicação da mensagem de Deus ao seu povo. Como se pode ver: P á g i n a | 14 Conferência Pentecostal Brasileira – de 17 a 22 de maio de 2021 ANOTAÇÕES __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ 3.1. Foi o Espírito Santo quem instruiu o povo no deserto (Ne 9.20). 3.2. O Espírito Santo inspirou os salmistas de Israel (2Sm 23.2; At 1.16,20; Hb 3.7-11). 3.3. O Espírito Santo inspirou os profetas (Nm 11.29; 1 Sm 10.5,6,10; 2 Cr 20.14; 24.19,20; Ne 9.30; Is 61.1-3; Mq 3.8; Zc 7.12; 2 Pe 1.20,21). 3.4. A liderança do povo de Deus no Antigo Testamento era fortalecida pelo Espírito do Senhor. 3.5. Deus tirou do Espírito que estava sobre Moisés e o colocou sobre setenta homens dos anciãos de Israel (Nm 11.16,17). 3.6. Quando Josué sucedeu a Moisés como líder, Deus indicou que o Espírito Santo estava nele (Nm 27.18). 3.7. O Espírito veio sobre Gideão (Jz 6.34) 3.8. O Espírito veio sobre Davi (1Sm 16.13) 3.9. O Espírito veio sobre e Zorobabel (Zc 4.6) Como vemos, era a presença do Espírito Santo que dava as qualificações fundamentais para a liderança no Antigo Testamento. Temos vários outros exemplos: José, a quem fora outorgado o Espírito para capacitá-lo a agir de modo eficaz na casa de Faraó (Gn 41.38-40). Bezalel e Aoliabe, aos quais Deus concedeu a plenitude do seu Espírito para que fizessem o trabalho artístico necessário à construção do Tabernáculo, e também para ensinarem aos outros (ver Êx 31.1-11; 35.30-35). É preciso compreender que esta plenitude do Espírito Santo aqui, não é a mesma coisa que o batismo no Espírito Santo no Novo Testamento. No Antigo Testamento, o Espírito Santo vinha, como revestimento de poder, sobre pessoas para realizarem as tarefas dadas por Deus (Êx 31.3). O Espírito do Senhor veio sobre os juízes, tais como Otniel (Jz 3.9,10). Gideão (Jz 6.34), Jefté (Jz 11.29) e Sansão (Jz 14.5,6; 15.14-16). Estes exemplos revelam que quando Deus resolve usar uma pessoa para um propósito, o seu Espírito se manifesta sobre ela. O Espírito Santo vinha apenas sobre umas poucas pessoas, enchendo-as a fim de lhes dar poder para o serviço ou a profecia. Não houve nenhum derramamento geral do Espírito Santo sobre Israel. O derramamento do Espírito Santo de forma mais ampla (At 2.4,16-18,28-30) começou no grande dia de Pentecoste. Por vezes, os profetas falaram a ação do Espírito na vida do Messias. Isaías, em especial, caracterizou o Rei vindouro, o Servo do Senhor, como uma pessoa sobre quem o Espírito de Deus repousaria de modo especial (Is 11.1-4; 42.1; 61.1-3). Quando Jesus leu as palavras de Isaías 61, em Nazaré, cidade onde morava, terminou dizendo: “Hoje, se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos” (Lc 4.21). Pedro, no dia de Pentecoste, traz à memória profecias do Antigo Testamento (At 2.17,18). Mas a mesma mensagem também se acha em Is 32.15-17; 44.3-5; 59.20,21; Ez 11.19,20; 36.26,27; 37.14; 39.29. Os profetas do Antigo Testamento previram a era messiânica. Deus revelou que o poder do seu Espírito viria sobre o seu povo, capacitando a todos e não apenas a alguns em particular. Isto aconteceu no dia de Pentecoste, tendo a imediata consequência de milhares de conversões (At 2.41; 4.4; 13.44,48,49). III. O Espírito Santo no ministério de Jesus Quando lemos os Evangelhos, observamos a ação do Espírito Santo na vida de e no ministério de Jesus. 1. Desde o nascimento até o batismo - Jesus foi concebido por obra e graça do Espírito Santo (Mt 1.20; Lc 1.35). - João Batista, o precursor, foi cheio desde o ventre de sua mãe (Lc 1.15). - Izabel foi cheia do Espírito Santo (Lc 1.41). - Zacarias profetizou, cheio do Espírito Santo (Lc 1.67). - Simeão recebeu uma revelação acerca do nascimento do Messias (Lc 2.25-27). P á g i n a | 15 Conferência Pentecostal Brasileira – de 17 a 22 de maio de 2021 ANOTAÇÕES __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ - João Batista profetizou que Jesus batizaria com o Espírito Santo (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16). - O Espírito Santo desceu em forma de pomba no ato do batismo de Jesus (Mt 3.16; Lc 3.22; Jo 1.32, 33). - O Espírito mesmo conduziu o Filho Amado ao deserto (Mt 4.1; Lc 4.1; Mc 1.12). - Jesus Cristo não recebeu o Espírito por medida (Jo 3.34). 2. No ministério público de Cristo - Jesus voltou para a Galiléia pela virtude do Espírito (Lc 4.14). - O Espírito do Senhor sobre Ele (Lc 4.18-21). - Jesus expulsou demônios pelo poder do Espírito Santo (Mt 12.28). - Deus o Pai ungiu Jesus com o Espírito Santo (At 10.38). - O Espírito Santo ressuscitou Jesus dentre os mortos (Rm 8.11; 1 Pe 3.18). - Pelo Espírito, Jesus se ofereceu, imaculado (Hb 9.14). - Antes de partir Jesus deu mandamentos pelo Espírito (At 1.2). III. O Espírito Santo e a liderança do Novo Testamento Como vemos, Jesus foi concebido pelo Espírito, andou no Espírito, ressuscitou pelo Espírito. Agora, como Jesus glorificado, Ele dá o Espírito aos seus discípulos para que possam andar como Ele andou, servir como Ele serviu, viver como Ele viveu e ser ressuscitado dentre os mortos como Ele foi ressuscitado (Rm 8.11). É importante salientar que Jesus só começou o seu ministério depois de ser ungido pelo Espírito Santo, de forma extraordinária, no momento do batismo nas águas do Jordão. A Igreja Primitiva, no Dia de Pentecostes, teve o Espírito Santo derramado sobre ela (At 2.2). Aqueles que ali estavam foram batizados com o Espírito Santo, assim como Jesus falou (Lc 24.49; At 1.5). O Batismo com o Espírito Santo fez muita diferença na vida dos discípulos, pois a pregação se tornou ousada, contundente e eficaz. Eles passaram a evangelizar de forma corajosa, veemente e eficaz, alcançando multidões sem impedimento algum (At 28.31). 1. O Espírito Santo atuando na liderança do NT 1.1. O Espírito foi responsável por ensinar aos discípulos como haveriam de falar (Mt 10.19, 20; Mc 13.11; Lc 12.11, 12). 1.2. O Espírito estaria disponível àqueles que o desejassem (Lc 11.13). 1.3. Jesus batizaria com o Espírito Santo e com fogo (Lc 3.16). A Igreja primitiva era constituída de homens iletrados e incultos (At 4.13); indivíduos sem recursos (At 3:6); indivíduos considerados como lixo e escória do mundo (1 Co 4.13); ... é corrente a respeito desta seita que por toda parte se fala mal dela (At 28.22). Mesmo assim, transtornaram o mundo (At 17.6). Através daqueles indivíduos o Evangelho se espalhou: Se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido, o qual foipregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, estou feito ministro (Cl 1.23). Isso aconteceu por quê? Porque eles eram guiados e cheios do Espírito Santo. O Espírito Santo estava neles e eles O sentiam dentro de si. Através do Espírito Santo, os discípulos realizaram grandes feitos para o Senhor Jesus. Vamos relacionar apenas alguns eventos: a) Após o derramamento do Espírito Santo, Pedro disse: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo; Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar. E com muitas outras palavras isto testificava, e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa. De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas... (At 2.38-41); P á g i n a | 16 Conferência Pentecostal Brasileira – de 17 a 22 de maio de 2021 ANOTAÇÕES __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ b) Um coxo é curado na porta do Templo (Atos 3:1-6): Pedro e João foram juntos ao Templo à hora da oração e encontraram um coxo que pedia esmola. Ao pedir esmola aos apóstolos, Pedro disse: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda (At 3.6); c) A morte de Ananias e Safira (Atos 5:1-10): esse casal vendeu uma propriedade e mentiu para os apóstolos sobre o valor que recebeu. O casal disse que estava dando todo o dinheiro, quando na realidade ficara com uma parte. Pela mentira ao Espírito Santo, o casal morreu; d) A restauração da visão de Saulo (Atos 9:17,18): no caminho de Damasco, Saulo perdeu a visão, recuperando-a depois quando Ananias, enviando pelo Senhor, lhe impôs as mãos. e) A cura de Enéias (Atos 9:33-35): Enéias era um paralítico que estava preso a uma cama havia oito anos. Quando o apostolo Pedro o encontrou, esse homem foi curado. f) A ressurreição de Dorcas (Atos 9:36-41): Dorcas era uma jovem cristã de Jope que acabou adoecendo e morrendo. Quando souberam que Pedro estava na região, logo o levaram até o quarto em que o corpo da jovem estava. Pedro orou por ela e ela ressuscitou. g) A cegueira de Elimas (Atos 13:8-11): Elimas, o encantador, era um homem que estava tentando apartar da fé o procônsul Sérgio Paulo. Então o apóstolo Paulo, cheio do Espírito Santo, lhe disse que como castigo por perturbar os retos caminhos do Senhor, ficaria cego por um tempo. h) A cura de um coxo (Atos 14:8-10): um homem que era paralítico de nascença foi curado durante o período em que o apóstolo Paulo estava evangelizando em Listra e Derbe, cidades da Licaônica; i) A expulsão de demônio de uma jovem (Atos 16:16-18): Paulo expulsou um espírito de adivinhação de uma jovem. Como as adivinhações geravam lucro aos senhores da jovem, estes prenderam Paulo e Silas; j) A ressurreição de Êutico (At 20:9,10): Êutico foi um jovem que dormiu enquanto Paulo pregava no cenáculo onde estavam. Ele estava sentado em uma janela e caiu do terceiro andar, vindo a morrer. Paulo foi até ele, o abraçou e disse: Não vos perturbeis, que a sua alma nele está. Êutico tornou a viver; k) A picada de uma víbora não causa dano em Paulo (Atos 28:3-5): após um naufrágio, Paulo e outros prisioneiros conseguiram se abrigar na ilha de Malta. Ao juntar gravetos para fazer uma fogueira, Paulo foi picado na mão por uma víbora. Paulo sacudiu a víbora no fogo e não sofreu dano algum; l) O pai de Públio e outros habitantes de Malta são curados (Atos 28:7-9): Paulo foi hospedado durante três dias por um homem chamado Públio, o principal da ilha. O pai desse homem estava enfermo em uma cama, e, tendo Paulo orado, pôs as mãos sobre ele e ele foi curado. IV. O Espírito Santo anseia por atuar na liderança contemporânea É de joelhos que a Igreja de Jesus avança. Lionel Fletcher escreveu: "Todos os grandes ganhadores de almas através dos séculos foram homens e mulheres incansáveis na oração. Conheço, como homens de oração, quase todos os pregadores de êxito da geração atual, tanto como os da geração próxima passada, e sei que, igualmente, foram homens de intensa oração. (Orlando Boyer. Heróis da Fé. CPAD). Uma Liderança Pentecostal autêntica é levada pelo Espírito Santo a evangelizar com poder e dinamismo; a orar e a contribuir para a obra missionária; a investir na obra social, alcançando os necessitados. P á g i n a | 17 Conferência Pentecostal Brasileira – de 17 a 22 de maio de 2021 ANOTAÇÕES __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ Não há como renunciar ou menosprezar a atuação do Espírito Santo em nossos dias. Os que assim procedem, arriscam-se a se conformarem com o mundo (Rm 12.2; 1 Jo 2.15). A liderança e a igreja de Laodiceia foram vomitadas por causa de sua mornidão espiritual (Ap 3.15,16). Busquemos, pois, o poder do alto, e lancemo-nos à conquista do mundo para Cristo no poder do Espírito Santo (At 1.8). Emílio Conde (1901-1971), escritor e pastor pentecostal brasileiro, já escrevia no século passado em seu livro Igrejas sem brilho (CPAD), alertando a Igreja do Senhor acerca das dificuldades doutrinárias fomentadas por escolas teológicas e teólogos, dizendo que quando os “sábios” se instalam na igreja o Espírito nada mais tem a fazer, porque os "poderosos" e os "infalíveis" começaram a mandar, a impor, a ditar medidas e a dar ordens. O que sucede, então, é o afastamento das forças espirituais e o florescimento de mais um sistema religioso, frio como tantos outros. Dizia Emílio Conde: que os despertamentos surgem espontaneamente, quando as comunidades se entregam à oração. Desenvolvem-se maravilhosamente, sem a intervenc ̧ão de auxílio humano. Porém, após alguns anos, quando os "grandes" começam a introduzir inovações ou interpretações a seu modo, os despertamentos desaparecem: fica somente o formalismo. Na igreja, a grande autoridade é o Espírito Santo que foi dado para guiar em toda a verdade (Jo 16.13). Um intelectualismo desprovido do Espírito Santo conduz a Igreja de Jesus ao engano e ao erro. E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade (2 Pd 2.1,2) Conclusão Acredito que é de fundamental importância para a Igreja Contemporânea não se afastar da comunhão do EspíritoSanto. A Liderança atual precisa, com a máxima urgência, buscar mais a Deus, ensinar a Palavra e anunciar o Evangelho puro e simples. Há um obscurantismo sobre a Terra. Há um vazio de Deus em muitas pessoas que só será preenchido pela Palavra de alguém cheio do Espírito Santo. Comunhão, pureza, santidade, sinceridade, amor, fé, esperança, humildade são fundamentais na vida da Liderança e da Igreja. Que possamos viver e cantar: “Serei fiel ao meu Jesus, serei fiel; Serei fiel ao meu Jesus, serei fiel. Há uma carreira para correr, Há uma vitória para alcançar. A cada dia ao meu Jesus serei fiel.” _________________________ Referências bibliográficas HILDEBRANDT, Wilf. Teologia do Espírito de Deus no Antigo Testamento. São Paulo: Academia Cristã, 2004. HORTON, Stanley M. O que a Bíblia diz sobre o Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 1999. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995. STRONSTAD, Roger; ARRINGTON, French L. Comentário bíblico Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003. P á g i n a | 18 Conferência Pentecostal Brasileira – de 17 a 22 de maio de 2021 ANOTAÇÕES __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ PENTECOSTALISMO E ESFERA PÚBLICA Ministrante: Valmir Nascimento (Siga: @valmir.nascimento.ms) Pastor, escritor, pós-graduado em direito, mestre em teologia, comentarista de Lições Bíblicas da CPAD. Introdução A metáfora “sal da terra” e “luz do mundo” empregada por Jesus em Mateus 5.13-15 é das mais contundentes e significativas do Novo Testamento, fornecendo aos discípulos inspiração e responsabilidade para o cumprimento da missio Dei no mundo. A ilustração empregada pelo Mestre foi decisiva para pavimentar o testemunho cristão no curso da história e ainda permanece igualmente válida para a igreja contemporânea, instigando-a ao cumprindo da missão que lhe foi confiada. Por meio dela, Jesus evidencia a relevância sociocultural e ética dos cristãos. A comunidade cristã, portanto, não foi chamada para viver ensimesmada em guetos religiosos, mas para espalhar o tempero da graça em todos os setores da sociedade. Certamente, tal relevância não tem a ver com uma agenda social ou com ativismo religioso. A importância cristã na esfera pública deve ocorrer de maneira natural, como consequência da vivência contínua e duradoura dos discípulos sob o senhorio de Cristo (2Pe 1.11), o que nos leva ao enfretamento das injustiças, da violência, da opressão e das demais mazelas sociais decorrentes do pecado, como veremos ao longo desta obra. I. Fé pentecostal no ambiente público O que foi dito acima vale para o Cristianismo em geral e para o Pentecostalismo em particular. Falando a partir de uma perspectiva de quem acredita na atualidade dos dons, no Batismo com o Espírito Santo e na glossolalia, devo ressaltar que os pentecostais temos sido caracterizados como um povo de muito poder, mas pouco envolvimento com as questões de natureza pública. Gregory J. Miller afirmou que “acentuando a experiência de Deus na conversão e também uma dotação especial pelo Espírito Santo para o serviço e ministério cristãos (Atos 2.4; 1 Coríntios 12), os pentecostais trouxeram energia para o evangelismo e missões mundiais”23. Tal assertiva é verdadeira, mas por que essa energia não é percebida também na esfera pública, em todos os setores da sociedade? Não deveria ser assim, pois um dos fatores que distingue o Pentecostalismo das demais vertentes do protestantismo é a sua crença na continuidade dos dons – e a consequente capacitação para o testemunho público, assim como o entendimento de que o livro de Atos fornece um modelo para a igreja contemporânea. Nas palavras de Robert Menzies: “A hermenêutica do crente pentecostal típico é direta e simples: as histórias em Atos são minhas histórias — histórias que foram escritas para servir de modelo para moldar a minha vida e experiência”24. Se as narrativas de Atos nos servem de modelo, como de fato acreditamos, segue-se que deveríamos dar semelhante testemunho impactante que os irmãos da igreja primitiva deram, sem nos limitar ao âmbito eminentemente religioso. II. Testemunhando publicamente no Poder do Espírito Jesus concluiu o ensino a respeito do sal e da luz enfatizando o propósito final do testemunho relevante dos discípulos diante dos homens: “(...) para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus”. Resta evidente que a dupla simbologia empregada pelo Mestre diz respeito ao testemunho cristão no mundo. A expressão “diante dos homens” é importante e reforça uma vez mais a natureza social da missão confiada aos discípulos. As boas obras levam à glorificação, não dos 23 PALMER, M. D. (Org.). Panorama do Pensamento Cristão. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, p. 143 24 MENZIES, R. Pentecostes: Essa História é a nossa História. E-book Kindle. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, p. 322. P á g i n a | 19 Conferência Pentecostal Brasileira – de 17 a 22 de maio de 2021 ANOTAÇÕES __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ __________________ discípulos, mas do Pai que está nos céus. Afinal, a igreja não foi chamada para estar em evidência ou para ser aplaudida, e sim para honrar e glorificar a Deus! Se a essência da metáfora é o testemunho dos crentes, somos levados a conectá-la com a promessa de Jesus acerca da descida do Espírito Santo, conforme registrada em Atos 1.8: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra”. Para o Pentecostalismo, a promessa de Jesus cumpriu-se no dia de Pentecostes (Atos 2) e desde então o dom do Espírito, o Batismo no Espírito Santo, e os dons espirituais estão disponíveis à igreja para testificar o Reino de Deus. Nas palavras de Byron Klaus, “No dia de Pentecostes, passou a existir uma comunidade carismática como a residência primária do governo de Deus. Os crentes podiam ir adiante na sua declaração do Reino, porque o Cristo chegara a todos eles mediante o Espírito”25. Agora, prossegue Klaus, “passariam a ser testemunhas do governo de Cristo, e ressaltariam com palavras e ações o caráter e o poder autorizados do Rei”26. Com efeito, “O Pentecostes é a chamada de Deus aos seus filhos para serem purificados interiormente, e para serem revestidos de poder para testemunhar”27. Dessa maneira, a eficiência e a amplitude do ser-sal-e-luz depende do revestimento de poder do Espírito Santo. Isso porque, o Pentecostalismo bíblico não corresponde a uma visão espiritualista da fé, que leva à fuga da realidade presente. Se considerarmos
Compartilhar