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GUIA-ADOCAO-2021 (1)

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1 
1
Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
Título: “GUIA DA ADOÇÃO – o guia definitivo 
para quem pensa em adotar” 
2ª. Edição – REVISADA E ATUALIZADA - MAIO 2021 
Autoria: Instituto Geração Amanhã 
Coordenação Geral : Sandra Sobral 
Redação: Heloisa Andrade 
Atualização, revisão e comentários pelos especialistas 
convidados 
Angélica Gomes da Silva 
José Roberto Poiani 
Sara Vargas 
Suzana Sofia Moeller Schettini 
Conheça melhor os especialistas na página de 
Apresentação. 
Fotos: Bancos de imagem com direito de uso livre 
E-mail: contato@geracaoamanha.org.br
Direitos Autorais 
Instituto Geração Amanhã: todos os direitos reservados 
Você concorda que não irá copiar, redistribuir, 
compartilhar ou explorar qualquer parte deste e-
book sem a permissão expressa do autor. 
Instituto Geração Amanhã Todos os direitos res ervados 
mailto:contato@geracaoamanha.org.br
Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
ÍNDICE 
APRESENTAÇÃO DA 2ª EDIÇÃO ...................................................................................... 7 
MENSAGEM ESPECIAL ........................................................................................................ 9 
01 - VISÃO GERAL DA ADOÇÃO ...................................................................................... 11
02 - OS PRIMEIROS PASSOS EM DIREÇÃO À ADOÇÃO ........................................23 
a. IDENTIFICAR AS MOTIVAÇÕES ...................................................................... 24 
b. RECONHECER SUAS CARACTERÍSTICAS PESSOAIS ....................... 29 
c. COMPREENSÃO DO PAPEL DE PAI/MÃE ................................................ 31 
d. AS 9 QUALIDADES DAS ADOÇÕES BEM SUCEDIDAS ..................... 33 
03 - TESTE SEUS CONHECIMENTOS ............................................................................ 38 
a. QUIZZ ............................................................................................................................. 39 
b. RESPOSTAS COMENTADAS ............................................................................ 40 
04 - ESTÁ DECIDIDO: QUERO ADOTAR! ...................................................................... 41 
a. PASSO A PASSO - INFOGRÁFICO ................................................................ 42 
b. PASSO A PASSO - DETALHAMENTO .........................................................43 
I. INÍCIO DO PROCESSO ............................................................43 
II. FASE PREPARATÓRIA ...........................................................43 
III. HABILITAÇÃO ............................................................................. 44 
IV. CONEXÃO .................................................................................... 45 
V. PASSOS FINAIS ......................................................................... 47 
05 - APRECIAR A ESPERA ................................................................................................48 
3
] 
Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
ÍNDICE 
 
06 - APRENDER NO TEMPO DE ESPERA ................................................................... 53 
a. ASSUNTOS DA PARENTALIDADE ............................................................. 54 
AS FASES DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ...................... 54 
PRIMEIRA INFÂNCIA .............................................................................54 
b. ASSUNTOS DA PARENTALIDADE NA ADOÇÃO ............................... 56 
A IMPORTÂNCIA DOS GRUPOS DE APOIO .............................. 56 
ATITUDE ADOTIVA ................................................................................. 56 
ADOÇÃO TARDIA .................................................................................... 56 
EXPECTATIVAS E REALIDADE ......................................................... 57 
AS DEVOLUÇÕES NA ADOÇÃO ...................................................... 58 
c. DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES E POTENCIAS ....................... 59 
07 - ADOTEI. E AGORA? ............................................................................................................ 66 
a. A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO PÓS-ADOÇÃO ........... 67 
b. DEPRESSÃO PÓS-ADOÇÃO ........................................................................ 69 
c. RESPEITAR O TEMPO E A HISTÓRIA DA CRIANÇA ........................ 70 
d. CONTAR SOBRE A ORIGEM ......................................................................... 71 
08 - MAIS PERGUNTAS FREQUENTES ......................................................................... 73 
09 – SUGESTÕES DE CONTEÚDOS ............................................................................... 80 
10 - DEPOIMENTOS – HISTÓRIAS VIVIDAS ................................................................84 
11 - FONTES DE CONSULTA .............................................................................................. 95 
12 – CONHEÇA O IGA ........................................................................................................... 97 
4
DEPOIMENTO 1 ............................ ................................................................................. 85 
DEPOIMENTO 2............................ ................................................................................. 86 
Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
INSTITUTO GERAÇÃO AMANHÃ 
O Instituto Geração Amanhã – IGA - é uma Organização da Sociedade 
Civil (OSC), sem fins lucrativos, que luta pelo direito de toda criança 
e adolescente viver em família. Para isso, realizamos inúmeras 
atividades que visam incentivar e promover o acolhimento familiar, 
a adoção, a convivência familiar e comunitária, com ênfase na 
Primeira Infância. 
Temos como foco a produção de informações e conteúdos 
aprofundados e de qualidade sobre esses temas, porque acreditamos 
que para mudar é preciso conscientização. E que não se pode exigir 
conscientização se não houver acesso à informação. 
4 EIXOS DE ATUAÇÃO DO IGA 
5
Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
SAIBA MAIS SOBRE ADOÇÃO EM: 
BLOG GERAÇÃO AMANHÃ 
Informações sobre adoção, acolhimento familiar e 
Primeira Infância, do ponto de vista de especialistas. 
Notícias, artigos e conteúdos sempre atualizados. 
SITE ADOCAO PASSO A PASSO 
Dicas e orientações para quem quer adotar e não sabe por 
onde começar. Orientações em passos simples e diretos 
para quem pretende adotar. 
CANAL DO YOUTUBE 
Centenas de vídeos. Acesse às playlists “Adoção – A Voz do 
Especialista”, “Especial Adoção” e “Série Saber Mais” 
6
http://www.geracaoamanha.org.br/blog
http://www.geracaoamanha.org.br/blog
http://www.geracaoamanha.org.br/blog
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http://www.adocaopassoapasso.com.br/
http://www.adocaopassoapasso.com.br/
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http://www.youtube.com/geracaoamanha
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Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
APRESENTAÇÃO - 2ª. EDIÇÃO 
REVISADA E ATUALIZADA 
É com muita satisfação que apresentamos a 2ª. Edição do Guia da 
Adoção – o guia definitivo para quem pensa em adotar. 
Para essa 2a edição, além de atualizações necessárias, convidamos quatro 
importantes especialistas para darem suas contribuições. Dessa forma, 
apresentamos um conteúdo ainda mais rico com novas dúvidas 
respondidas, detalhamentos mais minuciosos em diversas questões e 
reflexões sobre questões éticas, emocionais, sócio-culturais e jurídicas que 
abrangem o tema da adoção. 
Além da parte escrita, temos vídeos dos especialistas em nosso canal do 
Youtube. 
Conheça um pouco melhor a trajetória profissional de cada um: 
Angélica Gomes da Silva 
Assistente social no Tribunal de Justiça de Minas 
Geraisde Uberaba, doutora em Serviço Social pela 
Unesp/Franca, assessora de Serviço Social da 
ANGAAD. 
José Roberto Poiani 
Juiz da Vara de Infância e Juventude da Comarca 
de Uberlândia – MG 
7
Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
Sara Vargas 
Graduada em direito, especialista em Terapia Sócio-
Construtivista e Psicodramática de Famílias e Casais, 
presidente da ANGAAD de junho de 2017 a junho de 
2021, escritora, fundadora e diretora técnica da 
Associação Pontes de Amor, além de representante 
da Christian Alliance for Orphans e World Without 
Orphans no Brasil. 
Suzana Sofia Moeller Schettini 
Mestre em Psicologia Clínica, psicoterapeuta, 
professora universitária, ex-presidente da ANGAAD, 
Diretora Técnica da Associação Pernambucana 
dos Grupos de Apoio à Adoção- APEGA; 
Coordenadora do NAPA (Núcleo de Apoio no Pós 
Adoção) do GEAD Recife. 
SOBRE ESSE E-BOOK 
O GUIA DA ADOÇÃO – o guia definitivo para quem pensa em adotar. 
explora todos os passos para quem está começando a pensar no caminho 
da parentalidade pela via da adoção, passa pelas questões práticas para 
quem já decidiu e agora quer conhecer melhor os procedimentos para 
adotar até chegar na fase da pós adoção, que também requer 
conhecimento, preparo e suporte. 
Ao longo dos capítulos trazemos notas e exercícios com questões que 
poderão ser pensadas, respondidas e reavaliadas por você mesmo. 
Sugerimos que separe um caderno ou arquivo para anotações e vá 
registrando suas impressões, sentimentos e dúvidas que eventualmente 
poderá discutir em seus cursos preparatórios ou com especialistas para 
fundamentar melhor sua decisão. E até mesmo usar como “diário da 
adoção”, para recordações futuras. 
Ao final da leitura, seja qual for sua decisão – pode sair ainda mais seguro 
sobre o desejo de adotar ou pode ter chegado à conclusão de que não é o 
momento ou o caminho certo para você – o que importa é ter uma 
decisão consciente e amadurecida sobre o desejo de exercer a 
parentalidade pela via da adoção. 
Bom trabalho e uma ótima jornada! 
8
Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
MENSAGEM ESPECIAL 
A adoção pode ser a resposta a inúmeras crianças que atualmente vivem 
institucionalizadas, privadas de seu direito constitucional de viver em 
família. No entanto, de aproximadamente 31 mil crianças que vivem em 
acolhimento atualmente no Brasil, apenas cerca de 5 mil estão 
disponíveis para adoção, e dessas, muitas não conseguirão ingressar em 
uma família pois não correspondem aos perfis mais desejados pelos 
pretendentes. Observação: além das 5 mil crianças disponíveis, outras 
4.250 aproximadamente estão com seus processos já em andamento – 
Dados do SNA em maio 2021. 
O Instituto Geração Amanhã foi criado para lutar pelo direito de toda 
criança e adolescente viver em família. Seja pela colocação em famílias 
acolhedoras enquanto esperam que sua situação seja resolvida ou 
colocação em família adotiva, quando não houver possibilidade de 
reintegração na própria família. 
Nas últimas três décadas, muito tem sido feito pelo direito de crianças e 
adolescentes serem respeitados como sujeitos de direito, deixando para 
trás a antiga posição de “objetos de direito” pela qual os indivíduos 
menores de 18 anos eram tratados. Mas sempre colocamos que ainda há 
muito a ser feito, junto ao poder público e também na sociedade civil. 
Com o artigo 227 da Constituição Federal, promulgada em 1988 e 
posteriormente, a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente em 
julho de 1990, muitos avanços têm ocorrido. 
Um deles é a mudança de paradigma em relação ao sistema de proteção 
integral da criança e adolescente. Ao longo da história brasileira, no 
passado muitas famílias acolhiam crianças e adolescentes com objetivos 
diversos, especialmente como mão-de-obra, os quais foram identificados 
como “filhos de criação”. 
Agora, pela nova ótica, há que se encontrar uma família que atenda às 
necessidades da criança e não mais uma criança para atender o desejo de 
adultos que querem formar sua família.
9
https://adocaopassoapasso.com.br/informacoes-uteis/
Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
Uma diferença que pode parecer sutil na gramática, mas que tem 
enorme impacto no trabalho de toda a rede de proteção que visa à 
promoção e o atendimento integral das necessidades das crianças e 
adolescentes. 
A partir dessa perspectiva, os trabalhos das equipes técnicas, dos grupos 
de apoio à adoção, das organizações da sociedade civil, associações, 
instituições e do próprio poder público, são dirigidos para informar e 
formar uma sociedade que se responsabilize por essas crianças, utilizando 
diversas ferramentas que ajudem a cumprir tão desafiadora tarefa. 
Nós do Instituto Geração Amanhã defendemos adoções humanizadas, 
ágeis, legais e que respeitam o tempo da criança. Acreditamos que para 
atingir essa meta, uma das ferramentas é a informação. Uma maneira de 
incentivar as adoções e zelar para que sejam bem-sucedidas é fornecer 
informações de qualidade, fáceis de entender e acessíveis para os mais 
diferentes setores da sociedade. 
É nessa perspectiva que lançamos essa 2ª Edição do GUIA DA ADOÇÃO – 
o guia definitivo para quem pensa em adotar. Esperamos, com isso,
oferecer contribuições efetivas para todos que pensam na parentalidade
pela via da adoção. Boa leitura!
 Sandra Sobral 
 Presidente do Instituto Geração Amanhã 
10
#01 
visão geral
da adoção 
11
Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
Para uma visão inicial do que é e como funciona a adoção no Brasil, 
separamos as perguntas e dúvidas mais frequentes que recebemos em 
nossos canais de comunicação. Essas breves respostas fornecerão um 
panorama geral da situação e dos procedimentos da adoção em nosso 
país. 
O que é adoção? 
A palavra adoção vem do latim ADOPTARE, que significa perfilhar, dar o 
seu nome a, escolher, ajuntar. 
Juridicamente podemos definir adoção como “procedimento legal que 
transfere todos os direitos e deveres dos pais biológicos para uma família 
adotiva” ou “decisão legal a partir da qual uma criança ou adolescente não 
gerado biologicamente pelo adotante torna-se seu filho de modo 
definitivo e irrevogável”. 
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é direito da 
criança permanecer com sua família biológica, por isso considera a 
adoção uma medida a ser aplicada “excepcionalmente” (art. 19), para 
assegurar o direito constitucional à convivência familiar e comunitária, 
somente quando o juiz concluir ser impossível a manutenção das crianças 
ou adolescentes na família de origem ou extensa. 
Quem pode adotar? 
Qualquer pessoa maior de 18 (dezoito) anos pode adotar, 
independentemente do estado civil, orientação sexual ou classe social. O 
pretendente deverá apresentar uma diferença mínima de 16 (dezesseis) 
anos em relação à idade da criança ou adolescente que for adotado. 
Quem não pode adotar? 
• Parentes em linha reta ascendente (avós) e irmão, chamados
juridicamente de família extensa. Nesses casos é possível a concessão
de guarda ou tutela. Obs: tios podem adotar. O impedimento legal à
adoção é somente para ascendentes e irmãos do adotando – ECA
Art.42
• Tutores não podem adotar tutelados, enquanto não der conta de sua
administração e saldar o seu alcance.
• Pessoas que não gozam plenamente de suas faculdades mentais.
• Pessoas com antecedentes criminais.
12
Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
‘ 
Duas pessoas podem adotar a mesma criança? 
Sim, desde que sejam casados ou vivam em regime de união estável, 
comprovada a estabilidade familiar. 
Uma pessoa solteira pode adotar? 
Sim, a lei não prevê nenhuma restrição em função do estado civil. É o que 
se chama de adoção monoparental. Durante a fase de habilitação, tanto 
solteiros quanto casados postulantes à adoção passarão por avaliações 
das equipes técnicas da Vara de Infância eJuventude, para que seja 
verificada a capacidade de acolher e de cuidar de uma criança ou de um 
adolescente. Com o parecer da equipe técnica, o magistrado terá a 
responsabilidade de conceder ou indeferir o pedido de habilitação para o 
pretendente à adoção. 
Um casal homoafetivo pode adotar? 
Sim, não há impedimento ou restrição legal. E desde o reconhecimento 
do casamento civil entre indivíduos do mesmo sexo, em 2013, essa 
composição familiar tem se tornado cada vez mais comum entre os 
pretendentes. 
Tenho que pagar alguma taxa? Vou precisar de um advogado? 
Todo o processo é gratuito e pode ser realizado sem a contratação de um 
advogado (desde que os pais do adotando forem falecidos, tiverem sido 
destituídos ou suspensos do poder familiar, ou houverem aderido 
expressamente ao pedido de colocação em família substituta – ECA, art. 
166). Mas não há impedimentos de contratação, caso deseje um suporte 
jurídico personalizado. 
Existe limite máximo de idade para poder adotar? 
Não, qualquer pessoa em pleno gozo de suas faculdades mentais 
e capacidades civis poderá ser aprovada como pretendente à adoção. 
O que é guarda? 
O mecanismo jurídico através do qual regulariza-se a posse de fato de 
uma criança ou adolescente que não esteja e não pode ficar com seus 
pais, por curto ou longo período; A guarda obriga a prestação de 
assistência material, moral e educacional a seu detentor, que poderá 
opor-se a terceiros, inclusive aos pais biológicos. Sem prejuízo, restam 
preservados o poder familiar e os vínculos com a família de origem, 
podendo a medida ser revogada a qualquer tempo. Também pode haver 
13
Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
renúncia ao exercício da guarda sem impedimento legal. A guarda pode 
ser deferida nos procedimentos de acolhimento familiar e com vias à 
adoção. Nesta última decisão, a guarda deve estar registrada com a 
expressão “para fins de adoção”. 
O que é tutela? 
Em caso de falecimento dos pais, sendo estes julgados ausentes, ou ainda 
em caso de perderem o poder familiar, pode se dar a nomeação de tutor 
a quem incumbirá, quanto à pessoa da criança ou do adolescente que 
possuir bens administrá-los, dirigir-lhe a educação, defendê-lo, dentre 
outros, conforme seus haveres e condição. Tutores poderão ser nomeados 
por testamento ou documento autêntico pelos pais detentores do poder 
familiar, ou então, quando necessário, na falta do tutor testamentário ou 
legitimo, quando excluídos aqueles quem incumbiria o encargo ou, ainda, 
se removidos por não idoneidade.
O que é o SNA – Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento? 
O Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA) foi criado em 2019 e 
nasceu da união do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) e do Cadastro 
Nacional de Crianças Acolhidas (CNCA). Desenvolvido pelo Conselho 
Nacional de Justiça (CNJ), o novo sistema abrange milhares de crianças e 
adolescentes em situação de vulnerabilidade, com uma visão global da 
criança, focada na doutrina da proteção integral prevista na Constituição 
Federal e no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA). Uma vez habilitado 
pela Vara da Infância e Juventude, o pretendente é inserido no sistema 
SNA e sua inscrição será válida em todo o território nacional (caso opte 
por adotar em outros Estados). O sistema fará uma procura da 
criança/adolescente por meio do perfil indicado no momento da 
habilitação, lembrando que a busca sempre se dá a partir da criança, ou 
seja procura-se uma família para ela e não o contrário. A novidade é que 
agora o pretendente poderá realizar um pré-cadastro diretamente no 
site www.cnj.jus.br/sna. Veja mais detalhes no Capitulo 04. 
O que é adoção inter-racial? 
Adoção Inter-racial ou transracial refere-se à adoção da criança de um 
grupo racial ou étnico por pais adotivos de outro grupo racial ou étnico. 
Por exemplo, crianças negras, índias ou asiáticas adotadas por pais 
brancos. Ou qualquer adoção entre diferentes etnias, que divirjam entre o 
grupo racial do adotante e do adotado. 
14
http://www.cnj.jus.br/sna
Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
 
 
 
O que é adoção internacional? 
A adoção internacional é a forma de colocação da criança ou adolescente 
em lar adotivo quando esgotadas todas as possibilidades de colocação 
em famílias pretendentes residentes habitualmente no Brasil. Na 
legislação brasileira, considera- se adoção internacional aquela na qual os 
pretendentes, ainda que sejam brasileiros, tenham residência ou domicílio 
habitual fora do Brasil. Mais detalhes sobre os procedimentos para a 
adoção internacional ver Capítulo 08. 
 
Quem são as crianças disponíveis para adoção? 
Apresentamos a seguir, alguns dados referentes às adoções realizadas a 
partir de janeiro de 2019, o perfil das crianças e adolescentes disponíveis 
para adoção e as características gerais dos pretendentes. 
 
Fonte: CNJ Mai/2021 
 
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Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
 
 
 
HISTÓRICO DAS ADOÇÕES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados SNA em 
20/05/2021 
 
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DADOS SNA, 
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Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
 
 
 
PERFIL DAS CRIANÇAS DISPONÍVEIS PARA ADOÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados SNA em 
20/05/2021 
 
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Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
 
 
 
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PRETENDENTES À ADOÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados SNA em 
20/05/2021 
 
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DADOS SNA, 
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O que é adoção à brasileira? 
A expressão “adoção à brasileira” serve para designar o procedimento 
ILEGAL de registrar como filho biológico uma criança sem que ela tenha 
sido concebida como tal. Além de ser considerado crime, expresso nos 
artigos 242 e 297 do Código Penal, quem utiliza esse procedimento pode 
perder o filho assim registrado como se biológico fosse, a qualquer 
momento que os pais biológicos se arrependam e queiram reaver a 
criança, ou se houver denúncias, uma vez que não foi oficializada a 
Destituição do Poder Familiar. 
O que é adoção intuitu personae ? 
A adoção intuitu personae, também chamada de adoção direta ou 
dirigida, é aquela adoção em que o pretendente, estando ou não 
habilitado no SNA, procura diretamente a família biológica da criança e se 
aproxima sem nenhuma autorização judicial. Com o tempo, vai criando 
vínculos com essa criança e depois que esses vínculos já se consolidaram 
procura a Vara da Infância para solicitar a adoção. Normalmente, isso 
acontece com bebês ou crianças pequenas. 
O argumento – e esse é o fundamento para a concessão deste tipo de 
adoção – é que, mesmo sendo realizado em desrespeito à ordem jurídica 
vigente, a criança já criou vínculos de afinidade e afetividade com essa 
nova família. E, de acordo com essa justificativa, embora a posse tenha 
acontecido sem o consentimento da justíça, se a criança for retirada desta 
família ela acabaria sendo penalizada. Portanto, ao se buscar o melhor 
interesse da criança é que se defere, em algumas situações, este tipo de 
adoção. 
Mas vale ressaltar que a adoção intuitu personae gera muita insegurança 
até ser concedida. Primeiro, porque a família que tem a posse irregular de 
uma criança, como nestes casos de adoção direta, pode ficar “refém” da 
família biológica, que a qualquer momento pode se arrepender, pode 
surgir um pai ou parente que deseja aquela criança, a mãe pode mudar 
de opinião, ou até mesmo fazer chantagem financeira e emocional. Ou 
seja, não existe nenhuma segurança jurídica até para a própria criança, 
pois ela pode ser devolvida para a família biológica ou encaminhada para 
o serviço de acolhimento, criando novas rupturas de vínculos.
Também é inseguro para o adotante, porque ele não tem preparação 
nem acompanhamento psicossocial e jurídico adequado para esse 
projeto familiar. De acordo com o ECA e, conforme explicamos 
detalhadamente neste ebook, todo pretendente que deseja adotar deve 
passar por formação específica, avaliação psicossocial e, somente após ter 
sua habilitação concedida, entrará para o cadastro do SNA. 
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Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
 
 
 
 
Quanto tempo demora para que eu seja considerado habilitado para 
adotar? 
O prazo máximo para conclusão da habilitação à adoção é de 120 dias, 
prorrogável por igual período, mediante decisão fundamentada pela 
autoridade judiciária (art. 197-F, ECA). Saiba mais no Capítulo 04. Contudo, 
na prática, reconhecemos que há distinção conforme realidade de 
trabalho em cada comarca. 
 
 
Quanto tempo demora para meu filho chegar após minha habilitação 
ser aprovada? 
Essa é uma pergunta que não tem resposta precisa e definitiva. Pode 
demorar mais ou menos, conforme o perfil da criança escolhido na fase 
de habilitação (ver infográficos nas páginas anteriores), da disponibilidade 
regional definida no momento da habilitação (se você deseja adotar uma 
criança que seja de sua cidade, de seu Estado ou de qualquer lugar do 
país), da aceitação ou não por parte do adotante de grupos de irmãos ou 
crianças com problemas de saúde, entre outros fatores. Uma explicação 
simples é: quanto mais restrições forem feitas no perfil desejado, maior 
será o tempo de espera. 
 
É comum ouvirmos relatos que o prazo entre o pedido de habilitação até 
o momento da chegada da criança foi de anos. Esse prazo não é uma 
regra, mas segundo levantamento recente do SNA, o tempo médio entre 
a data do pedido de habilitação e a data de sentença de adoção dos 
pretendentes que adotaram foi de 4 anos e 3 meses – tanto pode levar 
menos quanto mais tempo. Ou seja, desde que habilitado, o pretendente 
à adoção deverá estar sempre pronto, mas também precisa de equilíbrio 
para não deixar a ansiedade da espera prejudicar a sua vida normal 
cotidiana. Ver mais sobre isso no Capítulo 05. 
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Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
 
 
 
 
O que é busca ativa? 
O conceito de busca ativa refere-se à uma estratégia planejada e legal 
para que serviços, informações, benefícios, programas e projetos cheguem 
aos interessados espalhados pelo país. Na adoção, a busca ativa visa 
exclusivamente viabilizar a adoção de crianças e adolescentes 
considerados “de difícil colocação” em famílias que estão dispostas a 
aceitar diferentes perfis, tais como crianças mais velhas, adolescentes, 
crianças com problemas de saúde, com deficiências físicas e/ou 
intelectuais, além de grupos de irmãos. 
 
Essa estratégia é considerada legal e constitucional, para os pretendentes 
à adoção que já estão devidamente habilitados e que buscam 
crianças/adolescentes que de outra forma, dificilmente seriam adotados 
por não terem seus perfis entre os mais procurados pela fila de 
pretendentes. 
 
Existem vários órgãos e instituições legalmente habilitados a fazer busca 
ativa como a ANGAAD e o aplicativo A.dot. Veja uma sugestão de 
programas que incentivam adoções em nosso site. 
 
É fundamental os pretendentes informarem na Vara da Infância e 
Juventude, formalmente, as mudanças referentes ao perfil do filho 
esperado, conforme processo de reflexão, amadurecimento e decisão 
construídos no processo de espera. 
 
Entendi essa parte. O que faço agora? 
O processo de adotar um filho é tão rico quanto desafiador. Nos próximos 
capítulos apresentaremos questões importantes que vão além do passo a 
passo para a habilitação. Falaremos sobre motivações, autoconhecimento, 
habilidades, sobre a importância do preparo e do suporte nos momentos 
pré e pós-adoção, e muito mais. 
 
Acreditamos que um bom começo é ter a disposição de se comprometer 
com um filho por toda a vida, exatamente como deveria ser na decisão de 
ter um filho biológico. 
 
Com entendimento, paciência e muito amor, ter um filho pela via da 
adoção vai transformar não só a vida daquela criança/adolescente, quanto 
de toda a família. E essa é uma decisão que deverá estar amadurecida e 
acolhida sincera e totalmente pelo adotante. 
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https://geracaoamanha.org.br/busca-ativa-na-adocao/
Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As dúvidas acima são as 
mais frequentes que observamos 
diariamente no contato com 
pessoas que começaram a 
pensar na possibilidade da 
adoção. 
 
Para outros questionamentos, 
consulte o Capítulo 08. 
22
 
 
 
 
 
 
 
#02 
os 
primeiros 
passos em 
direção 
à adoção 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A – IDENTIFICAR AS MOTIVAÇÕES 
É saudável e relevante nesse momento entender as motivações que 
levam você a querer exercer a parentalidade pela via da adoção. Também 
consideramos importante falar um pouco sobre quais NÃO deveriam ser 
essas motivações. 
 
Começando por uma das motivações mais comuns, encontramos a 
impossibilidade de exercer a parentalidade de forma biológica, por 
questões de infertilidade. 
 
Sobre esse tema é recomendável fazer reflexões e estar aberto para 
encontrar dentro de si (e junto com seu parceiro/parceira se for o caso) 
uma abordagem que seja a mais aberta e sincera possível. 
 
Neste sentido, ressaltamos a importância de se buscar orientações 
técnicas e informações sobre tratamentos para infertilidade oferecidos 
pelos serviços particulares, bem como pelo Sistema Único de Saúde, 
conforme contexto socioeconômicodos pretendentes. E, sobretudo, 
participar dos Grupos de Apoio à Adoção (GAAs), enquanto espaço 
fundamental ao diálogo, reflexão, troca de conhecimento e experiencia 
entre pessoas que compartilham questões em comum. 
Apresentamos abaixo um trecho adaptado do artigo “Impacto nos pais 
adotivos”, publicado originalmente pela organização americana Child 
Welfare Information Gateway, que traz boas colocações para nos ajudar a 
refletir: 
 
“Algumas pessoas adotam porque não podem ter uma criança 
biológica. Nesses casos, os possíveis pais adotivos podem já ter 
experimentado sentimentos de perda e decepção. Alguns terão 
passado por múltiplas perdas e sofrimentos durante os tratamentos, 
alguns deles bem invasivos. 
 
É bastante natural que os adultos respondam dolorosamente a essas 
perdas. Eles também podem experimentar sentimentos de culpa, 
vergonha, inadequação (“por que eu?”), falta de controle e até ciúme das 
pessoas que foram capazes de ter filhos biológicos, incluindo pais 
biológicos de seu futuro filho. (Goldberg, Downing Richardson, 2009; 
Kupecky e Anderson, 2001). 
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Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
 
 
 
 
 
Independentemente dos detalhes particulares de cada caso é comum 
que, casais e indivíduos que buscam a parentalidade pela via da adoção 
por causa da infertilidade, já tenham enfrentado uma montanha russa de 
emoções. 
Os sentimentos devem ser respeitados e cuidados para que possam 
oferecer um bom apoio às crianças adotadas no futuro. Eles precisam 
elaborar as suas próprias perdas para poder lidar bem com as eventuais 
dores da adoção de seus filhos. 
 
Para pais que precisam de ajuda para lidar com a dor da infertilidade, 
existem grupos de apoio e aconselhamento especializado, e Grupos de 
Apoio à Adoção. 
 
É importante lembrar que, cada indivíduo pode resolver sua dor de 
formas e em tempos diferentes. E, portanto, a decisão de adotar pode 
acontecer também em momentos diferentes para cada um. É necessário 
alinhar essas questões a dois, para tomar uma boa decisão 
conjuntamente.” 
 
 
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OUTRAS MOTIVAÇÕES RELATADAS COM FREQUÊNCIA 
 
• Adoção que vai ao encontro do sonho de aumentar a família, mesmo 
depois de já terem seus filhos biológicos – algumas vezes quando 
esses já estão crescidos; 
 
• Adoção para realizar o desejo de exercer a parentalidade sem um 
parceiro; 
 
• Adoção para realizar o desejo de exercer a parentalidade em uma 
relação homoafetiva; 
 
• Adoção como forma de cuidar e dar amor à outras pessoas; 
 
• Adoção em famílias onde há filhos adotivos: o indivíduo cresce com 
a consciência da beleza e do valor de ter um filho pela via da 
adoção. Ao se tornar adulto, também busca a paternidade 
/maternidade por esse caminho. 
 
Em todos os casos há o desejo de amar e de cuidar. Essas são algumas 
das motivações mais comuns. Você se identificou com uma ou com 
algumas delas? 
 
 
Se quiser pare um pouco a leitura e anote 
quais são as suas motivações iniciais. 
 
 
 
Agora vamos falar sobre quais NÃO deveriam ser as motivações do 
postulante à adoção: 
 
• Querer adotar para salvar um casamento em crise; 
 
• Querer adotar pensando que o filho servirá para você não ficar 
sozinho na velhice; 
 
• Querer adotar para acompanhar outros casais de amigos que estão 
aparentemente felizes por ter filhos; 
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• Adotar para substituir o lugar de um filho falecido; 
 
• Adotar para fazer caridade; 
 
• Adotar como alternativa para oferecer um irmão ao filho; 
 
• Adotar para ter herdeiros; 
 
• Adotar para oferecer um filho ao parceiro (a). 
 
Para te ajudar a identificar com clareza as suas motivações, deixamos aqui 
algumas perguntas. Com elas você poderá refletir pontualmente sobre os 
diversos aspectos que envolvem a decisão de ter um filho pela via da 
adoção. 
 
Registre suas respostas atuais. Essas anotações 
poderão ser úteis no futuro, quando estiver 
frequentando cursos preparatórios e Grupos de 
Apoio à Adoção. 
 
• Quando e como nasceu em você o desejo de ser pai/mãe? 
 
• Por que ter um filho? 
 
• Como acha que a chegada de um filho se encaixará em sua vida e 
relações sociais? 
 
• Já pensou no perfil que está disposto a aceitar? Só uma pessoa ou 
grupo de irmãos? Em que condições de saúde? Fatores como etnia e 
origem regional são restritas? Qual a faixa etária? 
 
• Como um novo filho afetará a dinâmica familiar, especialmente se 
sua família já tem filhos? 
 
• Que mudanças você está disposto a fazer na sua atual rotina para 
facilitar a adaptação de uma criança ou adolescente? 
 
• Como você elabora suas próprias histórias de eventuais traumas e 
perdas? 
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Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
 
 
 
 
• Você já considerou como a adoção de uma criança, com uma 
história semelhante à alguma que você tenha vivido, poderá afetá-lo 
emocionalmente? 
 
• Você sente que está preparado para lidar com algo complexo na 
história da criança, por exemplo, histórico de trauma, abuso sexual, 
uma condição médica delicada que não tenha sido identificada 
previamente? 
 
• Existem comportamentos específicos que uma criança poderia 
manifestar, que causaria dificuldade em ser aceito pela sua família? 
 
• Sua família está aberta para aceitar uma criança adotiva? 
 
• Nos casos de adoção inter-racial ou intercultural (ou seja, adoção de 
um filho de uma raça ou cultura diferente da sua), como você se 
sentiria em satisfazer, ajudar e promover a identidade cultural e 
racial positiva da criança? 
 
• E a pergunta que sintetiza as demais para você sempre fazer: 
entendo claramente o quanto estou disposto a adotar? 
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Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
 
 
 
 
B – RECONHECER SUAS CARACTERÍSTICAS PESSOAIS 
 
Uma das grandes preocupações (e fator de ansiedade para quem 
pretende adotar) é sobre a ilusão da perfeição na parentalidade. 
 
Muitos autores indicam que, um caminho para reduzir essa pressão que o 
próprio postulante à adoção coloca sobre si, é ter a consciência de que 
não existem pais perfeitos – o que encontramos são pais maduros, 
amorosos e dispostos exercer a parentalidade da melhor forma possível. 
 
Ainda assim, sempre haverá algo novo, com o que ainda não sabe lidar e 
precisará ser aprendido. 
 
E no final das contas, as crianças não precisam de pais perfeitos. Elas 
precisam apenas de adultos amorosos, dispostos a enfrentar os desafios 
únicos da paternidade/maternidade e que se comprometam a cuidar dos 
filhos ao longo da vida. 
 
Podemos destacar algumas características importantes para quem 
pretende ser pai ou mãe pela via da adoção. Com isso em mente, você 
mesmo poderá saber se está pronto para dar os próximos passos na sua 
tomada de decisão. 
 
 
 
Tome um tempo para pensar bem em suas respostas 
e se quiser, faça anotações sobre as suas características. 
 
 
 
 
1. Acreditar na beleza da adoção e ter capacidade de se comprometer; 
 
2. Ser paciente, persistente e perseverante; 
 
3. Possuir um bom senso de humor e talento para manter a vida em 
perspectiva; 
 
4. Acreditar na sua capacidade de aceitar sem julgar e de amar 
incondicionalmente; 
 
5. Entender a importância da atitude adotiva - consulte o Capítulo 06: 
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https://www.youtube.com/watch?v=cY1HvCzrEdk
Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
 
 
 
 
6. Ter consciência de que nas relações humanas, a cura emocional nem 
sempre é rápida; exige tempo e amorosidade; 
 
7. E caso pretenda fazer a adoção juntamente com um parceiro/a, é 
importante trabalhar bem em equipe e ambos estarem comprometidos 
com a adoção; 
 
8. Ser capaz de aceitar o outro em sua singularidade, acolher o filho como 
ele é; 
9. Superar comportamentos rígidos e autoritários. 
 
Você pode concluir que sim,quer seguir e dar o próximo passo. Ou achar 
que não; pensar que a adoção não é para você nesse momento. E tudo 
bem se essa for a sua conclusão. Afinal essa é uma decisão com a qual 
você e seu futuro filho viverão pelo resto de suas vidas. 
 
 
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C – COMPREENSÃO DO PAPEL DE PAI/MÃE 
 
Se você continuou interessado, já está consciente de suas características 
pessoais e encontrou algumas pistas sobre o que precisará desenvolver ou 
melhorar, agora vamos às questões da preparação emocional em termos 
mais práticos. 
 
Compreender os papéis de mãe e pai, com suas responsabilidades e 
necessidade de suporte é uma tarefa que já está no campo da 
preparação, mesmo antes da sua habilitação ser aprovada. Essa etapa 
poderá ser realizada com o apoio de outras pessoas que já passaram por 
essa fase, ou seja, já estiveram nesse lugar ou com profissionais 
competentes nesta área. 
 
Uma boa dica é procurar o Grupo de Apoio à Adoção (GAA) de sua região 
e conversar. Lá você conhecerá pessoas que possuem uma rica 
experiência e que estão abertas a compartilhá-las com você. Para 
encontrar o GAA mais próximo da sua região, consulte o site da ANGAAD. 
 
Fazer um curso preparatório é um requisito que será solicitado no 
momento de sua habilitação – que podem ser realizados pelos Grupos de 
Apoio à Adoção (GAAs) ou pela própria Vara da Infância e Juventude. Mas 
você pode se antecipar e conhecer um GAA antes da sua decisão final, 
exatamente para ajudar a entender melhor o processo. 
 
Também poderá buscar apoio numa ajuda especializada de profissionais 
como psicólogos e terapeutas. E você também pode começar a fazer suas 
pesquisas em materiais como esse livro e diversas fontes de especialistas 
em adoção. Leia o Capítulo 09, com sugestões de materiais que podem 
complementar sua busca. 
 
Se possível, faça uso de todos esses apoios. Com certeza, preparação 
nunca é demais e fará toda a diferença ao enfrentar os desafios comuns à 
adoção. 
 
Para finalizar essa etapa, deixamos aqui mais algumas perguntas que o 
ajudarão com questões específicas, sendo que algumas delas poderão 
fazer parte do seu cotidiano no pós-adoção. 
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http://www.angaad.org.br/
Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pegue suas anotações e reflita: 
 
 
 
 
 
 
 
• Quais são seus sonhos, fantasias e expectativas para o futuro do seu 
filho e família? 
 
• Como você costuma reagir quando a realidade não atinge sua 
expectativa? É tolerante a frustrações? 
 
• Como vai contar sobre a adoção para o seu meio social (parentes 
e amigos) e como vai lidar com perguntas de familiares, amigos e 
estranhos sobre as questões da adoção? 
 
• Como você responderá às perguntas de seu filho sobre a adoção, 
sobre o histórico dele, da família de origem e de suas razões para 
adotá-lo? 
 
• Quão disposto você está para aprender novas técnicas e estratégias, 
que funcionam melhor para crianças que eventualmente sofreram 
perdas, traumas e podem apresentar problema em relação à 
vinculação, afeto, apego? 
 
• Quão disposto você está em procurar ajuda para você ou seu filho 
quando necessário? 
 
• Quais são seus principais medos e dúvidas sobre ser pai/mãe e sobre 
adotar uma criança/adolescente como seu filho? 
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D – AS 9 QUALIDADES DAS ADOÇÕES BEM SUCEDIDAS 
 
Quando chegar o momento da habilitação para adoção, você precisará 
definir o perfil de criança ou adolescente que será capaz de cuidar e amar 
incondicionalmente. Para isso, é necessário ter clareza sobre os seus limites 
 
– quais são intransponíveis, quais poderão ser revistos, quais as suas forças e 
quais as suas potencialidades adormecidas. Podemos chamar isso de 
autoconhecimento. 
 
Como mãe ou pai em potencial, você está disposto a fazer a diferença na 
vida de uma criança ou adolescente (ou mais de um se considerar adotar 
um grupo de irmãos). Então a sua estrutura emocional contará muito. 
 
No item anterior falamos um pouco sobre as características pessoais 
desejáveis. Agora vamos falar sobre qualidades, aquelas que podem ser 
desenvolvidas utilizando técnicas e estratégias corretas. 
 
Para isso, apresentamos o trabalho da norte-americana Linda Katz, 
Doutora em Psicologia e Mestre em Desenvolvimento Infantil e Familiar, 
que identificou nove qualidades presente nos pais e mães considerados 
bem-sucedidos na parentalidade pela via da adoção. 
 
Pais e Mães adotivos bem-sucedidos apresentam: 
1. CAPACIDADE de encontrar a felicidade em pequenos passos. 
Em vez de focar nos objetivos finais grandiosos projetando nos filhos suas 
maiores ambições, os pais bem-sucedidos ficam felizes com o papel de 
ajudar os filhos a alcançar o sucesso em pequenas etapas, começando 
com as tarefas diárias. Esses pais vivem no presente e ajudam seus filhos a 
realizar cada tarefa. Eles não vivem no futuro nem pressionam a si mesmos 
ou às crianças para alcançar o resultado final. Eles comemoram pequenos 
sucessos com seus filhos e os ajudam a apreciar o efeito acumulativo de 
cada esforço. 
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Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
 
 
 
 
2. CONFIANÇA NO PROCESSO: não se sentem rejeitados pelo filho e 
podem adiar a satisfação de suas necessidades. 
Os pais de sucesso persistem em seu papel de pais diante da rejeição. 
Crianças com passado difícil, especialmente crianças mais velhas e 
adolescentes, geralmente afastam aqueles que tentam se aproximar 
delas. Um pai ou mãe bem-sucedido vê esse comportamento como uma 
tática de sobrevivência para impedir que qualquer adulto os decepcione, 
machuque ou rejeite novamente. Os pais de sucesso são teimosos e se 
recusam a aceitar que o resultado final do relacionamento será 
determinado pelo filho. Eles também são capazes de colocar suas 
próprias necessidades em espera e adiar suas recompensas por semanas, 
meses e até anos. Eles não aceitam pessoalmente a rejeição inicial da 
criança e entendem que isso tem a ver com as decepções, medos e 
traumas do passado - não é pessoal. Eles se veem como pais terapêuticos 
e estão dispostos a esperar, trabalham bem com a rejeição. 
 
3. TOLERÂNCIA com sua própria ambivalência e/ou sentimentos negativos 
fortes. 
Crianças que passaram por acolhimento institucional – especialmente as 
mais velhas, as que viveram a Primeira Infância numa casa de 
acolhimento ou que estiveram lá por longos anos – costumam apresentar 
na fase de adaptação uma profunda dor do passado, comportamentos 
destrutivos ou violentos, dificuldades de relacionamento, entre outros 
comportamentos. Essas crianças tendem a despertar sentimentos 
negativos em seus pais adotivos, geralmente paralelos ao que elas 
próprias sentem. Pais adotivos bem-sucedidos são capazes de sentir esses 
sentimentos negativos, processá-los e separar aqueles que vêm da 
criança. 
Eles não se julgam duramente por sentir raiva, são capazes de sentir raiva 
e não agir sobre ela, e sabem que seus sentimentos vão passar. Esses 
adultos também são capazes de usar o humor para neutralizar suas 
emoções reativas e podem conversar sobre seus sentimentos com outros 
pais, terapeutas ou seus pares nos grupos de apoio. 
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Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
 
 
 
4. FLEXIBILIDADE na função dos pais. 
Quando a adoção é feita por um casal, um fator que distingue os 
adotantes bem-sucedidos (sobretudo nas adoções tardias) é a capacidade 
de um dos pais perceber os sinais de desgaste no outro e assumir o papel 
de cuidador enquanto o parceiro estressado se recupera. Um padrão 
estabelecido de flexibilidade de papéis aumenta consideravelmente a 
probabilidade de sucesso de uma família, pois um parceiro fica aliviado 
de absorver toda sobrecarga emocional. 
 
A flexibilização também pode acontecer na monoparentalidade, se existir 
uma pessoa próxima quepossa fazer esse revezamento. 
 Pais solteiros podem encontrar resultados semelhantes quando: 
o Constroem uma rede de suporte por meio da associação em um 
grupo de outros pais adotivos; 
o Encontram amigos que possam ouvir e oferecer intervalos informais 
para suas responsabilidades; 
 
o Estabelecem uma relação de confiança com cuidadores, para que 
possam sair e se divertir algum dia na semana, alternando períodos 
desgastantes com momentos de descanso. 
 
5. VISÃO SISTÊMICA da família. 
As famílias que tendem a rotular uma pessoa como o problema ou 
procuram o "mocinho" e o "vilão" em uma situação tendem a procurar um 
“bode expiatório” na família. Quando os pais veem a família como um 
sistema - com interrelações complexas entre todos os membros -, eles 
tendem a analisar mais profundamente as razões por trás dos 
comportamentos, enxergam melhor as dificuldades entre irmãos e as 
interações com os pais. E procuram maneiras de melhorar os 
relacionamentos. Esses pais estão dispostos a ver como cada membro 
afeta o outro e tendem a mobilizar todos os seus recursos para lidar 
melhor com o novo filho adotivo 
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Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
 
 
 
6. CAPACIDADE DE ASSUMIR O CONTROLE de seu papel parental. 
Os pais que obtêm sucesso são capazes de fazer rapidamente a transição 
de uma postura provisória para a plena "propriedade" de seu papel como 
pais e incorporar as muitas diferenças e a história da criança em sua 
família. Seu próprio conforto em ser pai ou mãe os ajuda a superar 
quaisquer circunstâncias ou irregularidades incomuns e são capazes de se 
encarregar do relacionamento. Assim como os pais dos recém-nascidos 
começam “agindo como pais” e depois “transformam-se em pais”, o 
mesmo acontece com os pais adotivos. Assumir o papel de pai não 
significa dominar, mas tomar a iniciativa do relacionamento, estabelecer 
limites, atender às necessidades da criança, nutrir e estabelecer as bases 
para construir a intimidade. Em resumo, os pais devem sempre lembrar 
que eles são os adultos da relação e não o contrário. 
 
7. PERSISTÊNCIA EM DESENVOLVER um relacionamento com a criança. 
Os pais adotivos bem-sucedidos de crianças mais velhas sabem que 
precisam tomar a iniciativa no contato. Ao mesmo tempo em que 
entendem que é preciso tranquilidade e paciência, assumem que são 
responsáveis por ajudar a criança a internalizar que o relacionamento com 
um adulto pode ser saudável, estável e seguro. Pais eficazes são ativos e 
fazem o mesmo que os pais de bebês e crianças pequenas: “eles assumem 
o controle, tentam antecipar comportamentos, interrompem as espirais de 
comportamento, fornecem muitos elogios, reforço positivo e afeto físico… 
[eles] assumem a liderança no relacionamento e não são impedidos pelo 
protesto ou pela resistência da criança.” (Jernberg, 1979). Esses pais podem 
parecer intrusivos, mas o fazem de maneira cuidadosa. Eles compensam o 
tempo perdido e tentam estabelecer contato e ser proativos, como os pais 
de bebês, fazendo contato visual e tendo proximidade física para criar 
intimidade e confiança. 
 
8. PRÁTICA do autocuidado e uso do humor. 
Os pais com um estilo de vida equilibrado, contam com estratégias de 
autocuidado e humor em suas vidas diárias, são capazes de estabelecer 
um padrão saudável e se recusam a aceitar o martírio como o preço da 
maternidade. Noites regulares de sono e folgas ocasionais nos finais de 
semana, ajudam os pais a ter uma perspectiva, a se reagrupar e a voltar à 
família com energia renovada. 
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Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
9. ABERTURA para aceitar ajuda. 
Quando as famílias decidem adotar crianças com problemas severos ou 
necessidades especiais, precisam estar abertas a aceitar ajuda de várias 
fontes: outros pais, professores, terapeutas, assistentes sociais etc. As 
famílias bem-sucedidas aceitam receber ajuda de pessoas de fora da 
unidade familiar como um ganho e não como uma ameaça. 
29 
37
#03 
teste seus 
conhecimentos
38
Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
A – QUIZZ 
Para checar se você está pronto para seguir adiante 
e entender o passo a passo para se habilitar à adoção, 
colocamos aqui um pequeno quizz. 
ATENÇÃO: o quizz não tem pontuação ou validação científica. 
Ele serve apenas para você avaliar seu próprio conhecimento. 
Veja nossos comentários na próxima página. 
1 - Quanto tempo leva para concluir o processo de habilitação para o 
postulante à adoção: 
A. 60 dias úteis
B. 120 dias prorrogáveis por mais 120 dias
C. 90 dias prorrogáveis por mais 120 dias
2 - Pessoas que podem ser habilitadas para adoção precisam: 
A. Estar casadas
B. Ter um diploma universitário
C. Ser estáveis e maduras sobre a decisão em tornar-se pai/mãe pela adoção
3 - Os pais adotivos bem-sucedidos sabem que: 
A. Eles podem fazer isso por conta própria
B. Eles devem procurar apoio e informações
C. Eles não devem contar a ninguém que seu filho é adotado
4 - Maioria de crianças disponíveis para adoção no brasil, com 
percentual de 66,9%: 
A. 0 a 3 anos
B. 3 a 6 anos
C. Maiores de 6 anos
5 – Cite 5 das 9 qualidades que contribuem para que as adoções sejam 
bem-sucedidas: 
Resposta aberta. Descreva as que você se lembra mais prontamente e 
se quiser, faça um exercício de associação entre a qualidade 
comentada e eventuais situações que você já tenha vivido e utilizado 
a habilidade em questão. 
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https://www.adoptuskids.org/adoption-and-foster-care/how-to-adopt-and-foster/getting-started/test-your-knowledge
https://www.adoptuskids.org/adoption-and-foster-care/how-to-adopt-and-foster/getting-started/test-your-knowledge
https://www.adoptuskids.org/adoption-and-foster-care/how-to-adopt-and-foster/getting-started/test-your-knowledge
https://www.adoptuskids.org/adoption-and-foster-care/how-to-adopt-and-foster/getting-started/test-your-knowledge
https://www.adoptuskids.org/adoption-and-foster-care/how-to-adopt-and-foster/getting-started/test-your-knowledge
Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
B – RESPOSTAS COMENTADAS 
1 - Quanto tempo leva para concluir o processo de habilitação para o 
postulante à adoção: 
O prazo estipulado por lei é de 120 dias, prorrogáveis por mais 120 dias. 
2 - Pessoas que podem ser habilitados para adoção precisam ser 
estáveis e maduras: 
As pessoas podem formar uma família com um filho adotivo se forem 
solteiras ou casadas, se morarem de aluguel ou em casa própria, se já 
tiverem outros filhos ou não. Esses não são fatores que definem o sucesso 
de uma adoção. Muitos pais adotivos possuem recursos modestos e 
trabalham fora de casa. Muitos não foram para a faculdade. Muitos são 
casais homoafetivos ou solteiros. O que mais conta nas avaliações para a 
habilitação e para a estabilidade da família com a chegada do filho, é o 
grau de maturidade e estabilidade emocional dos pretendentes. 
3 - Os pais adotivos bem-sucedidos sabem que devem procurar apoio e 
informações: 
Os pais adotivos bem-sucedidos entendem que precisam de treinamento, 
de apoio de seus amigos/familiares e de conselhos de outras famílias 
adotivas experientes para fazer o melhor trabalho possível. Ao considerar 
a adoção é importante avaliar como desenvolverá suas habilidades e 
criará uma rede de apoio para você e as crianças de quem cuidará. 
4 - Maioria disponível para adoção no Brasil, com percentual de 66,9%: 
Crianças acima de 6 anos, ou seja, as que já saíram da chamada Primeira 
Infância são as mais disponíveis para adoção no cadastro do SNA. Em 
contrapartida, se somarmos as porcentagens de pretendentes que 
aceitam crianças acima de 6 anos, não chegamos a 17%. 
5– As 9 qualidades que contribuem para que as adoções sejam bem- 
sucedidas: 
• CAPACIDADE de encontrar a felicidade em pequenos passos
• CONFIANÇA no processo: não se sentem rejeitados pelo filho,
podem adiar a própria satisfação
• TOLERÂNCIA com sua própria ambivalência e / ou sentimentosnegativos
• FLEXIBILIDADE na função dos pais
• VISÃO SISTÊMICA da família
• CAPACIDADE de assumir o controle de seu papel parental
• PERSISTÊNCIA em desenvolver um relacionamento com a criança
• PRÁTICA do autocuidado e uso do humor
• ABERTURA para aceitar ajuda
Quizz adaptado do site adoptuskids.org 
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3 
#04 
está decidido
quero adotar! 
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Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
A - PASSO A PASSO - INFOGRÁFICO 
No capítulo inicial apresentamos os requisitos necessários para ser um 
pretendente à adoção, bem como esclarecemos as principais dúvidas sobre os 
parâmetros para a habilitação. Agora chegou o momento de entrarmos na parte 
prática do Cadastro no SNA – Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento. 
Veja um resumo do passo a passo nesse infográfico e nas páginas seguintes 
confira o detalhamento de cada fase: 
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Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
B - PASSO A PASSO – DETALHADO 
INÍCIO DO PROCESSO 
1. CADASTRO
Dirija-se à Vara da Infância e da Juventude ou ao Fórum mais próximo da
sua residência (no mesmo município onde mora atualmente) levando um
documento de identidade e o comprovante de residência. Agora com o
novo SISTEMA NACIONAL DE ADOÇÃO E ACOLHIMENTO (SNA), já é
possível fazer um pré-cadastro online. Acesse www.cnj.jus.br/sna
Se quiser adiantar a documentação, em geral as Varas ou Fóruns de todas
as comarcas pedem uma lista básica de documentos, mas em alguns
casos pode ser requerida documentação específica - no Fórum eles darão
a orientação completa.
Lista da documentação básica: 
o Cópia autenticada de documentos pessoais;
o Atestado ou declaração médica de sanidade física e mental emitida
por psiquiatra;
o Comprovante de residência (conta recente de água, luz etc);
o Comprovante de rendimentos ou declaração equivalente;
o Certidões negativas de antecedentes criminais;
o Certidão de casamento ou nascimento; de união estável.
Após a entrega dos documentos, é só aguardar o contato da Equipe 
Técnica da Vara da Infância e da Juventude, formada por psicólogas (os) e 
assistentes sociais. 
FASE PREPARATÓRIA 
2. CURSO PREPARATÓRIO
A realização de um curso preparatório é uma exigência da Vara da Infância
e da Juventude, que poderá indicar um Grupo de Apoio à Adoção mais
próximo na sua região para a realização.
Algumas Varas da Infância e da Juventude realizam uma palestra 
introdutória e seu próprio curso. 
OBS: em algumas comarcas o curso preparatório é exigido antes mesmo 
da apresentação da documentação completa. 
3. DEFINIÇÃO DO PERFIL DA CRIANÇA E AVALIAÇÃO DO CANDIDATO
Paralelo ou após a realização do curso (depende da vara), serão agendadas
entrevistas com psicólogos e assistentes sociais, em que a equipe poderá
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http://www.cnj.jus.br/sna
Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
conhecer de forma aprofundada sua história de vida pessoal, profissional e 
familiar, dinâmica conjugal quando casal, realidade socioeconômica, 
contexto cultural, motivações para adoção, medos, angústias, mitos, 
dúvidas, bem como dialogar sobre as particularidades que há na trajetória 
da criança/adolescente encaminhados para adoção e o processo de 
construção e fortalecimento dos vínculos afetivos. 
Também é comum a realização de visita domiciliar, para um 
conhecimento mais aprofundado sobre a dinâmica da família no 
ambiente em que vive. 
Ao final da avaliação, o pretendente descreverá em detalhes o perfil da 
criança desejada: sexo, faixa etária, estado de saúde, se aceita irmãos 
(quando a criança tem irmãos, a lei prevê que o grupo não seja separado) 
etc. Esta identificação é importante para o cadastro dos pretendentes 
junto ao Sistema Nacional de Adoção (SNA), o qual realiza a vinculação 
das crianças/adolescentes às famílias, por meio de dados objetivos. 
O curso para pretendentes à adoção não possui um padrão único, mas é 
organizado conforme a realidade de cada comarca, e tem como objetivo 
ampliar a troca de conhecimentos e experiências importantes ao processo 
de construção e fortalecimento dos vínculos afetivos na adoção. 
Quando a equipe conclui o trabalho de avaliação, elabora-se um laudo 
técnico (social e psicológico), que é anexado ao processo, para contribuir 
com o parecer do Ministério Público e a decisão judicial, a qual poderá ser 
favorável ou desfavorável à inclusão dos pretendentes no Sistema 
Nacional de Adoção, naquele momento. 
Ao final das entrevistas e da conclusão do curso preparatório, o laudo das 
avaliações será encaminhado ao Ministério Público e ao juiz da Vara de 
Infância. 
HABILITAÇÃO 
4. CERTIFICADO DE HABILITAÇÃO
A partir do laudo da equipe técnica da Vara da Infância e do parecer 
emitido pelo Ministério Público, o juiz dará sua sentença. Com seu pedido 
aprovado, seu nome será inserido no Sistema Nacional de Adoção e 
Acolhimento (SNA) e você entrará para a fila de adoção. O tempo de 
duração do processo é variável e depende de cada Vara. 
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Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
Conforme já dissemos, pela legislação em vigor esse prazo é de 120 dias, 
prorrogáveis por mais 120. Ou seja, tenha paciência pois estamos falando 
de meses de espera. 
DICA: É fundamental manter seus dados atualizados, para que consigam 
localizá-lo quando for consultado sobre uma criança! 
CONEXÃO 
5. CONHECER
Através do cruzamento entre os seus dados, o perfil de preferência e as
crianças aptas à adoção, os assistentes sociais vão buscar os pretendentes
que mais se encaixam no perfil das crianças. Esse é um ponto
superimportante do processo. Eles não buscam filhos para quem quer
adotar e sim, o contrário, famílias que mais se encaixam no perfil das
crianças.
Quando essa “conexão” acontece, a Vara da Infância e da Juventude irá 
entrar em contato para informar o perfil da criança. Se houver interesse, o 
primeiro encontro de aproximação é promovido, no Fórum ou na 
instituição de acolhimento (conhecida como abrigo) conforme decisão 
das equipes técnicas do serviço de acolhimento e da Vara da Infância e 
Juventude. 
Esta etapa pode gerar dúvida ao pretendente: e se o perfil da criança não 
for o escolhido na habilitação, e se não houver afinidade com a criança? 
É possível dizer não? Sim, não há nenhum impedimento legal, mas 
é importante ter claro que repetidas respostas negativas podem levar 
a uma revisão de sua habilitação e até mesmo a seu descredenciamento. 
E também é importante lembrar que o amor de mãe/pai e filho não 
acontece em um clique, que é uma relação que vai sendo construída com 
o tempo.
Ao longo do processo de habilitação e espera do filho pela adoção, os 
pretendentes precisarão dizer alguns Sim e Não e é fundamental que o 
façam a partir de profundo exercício refletivo, emocional e racional, 
individualmente e enquanto casal, conforme as condições objetivas e 
subjetivas de cada um. 
Neste sentido, o primeiro contato da equipe técnica da Vara da Infância e 
Juventude para apresentar uma criança/adolescente será geralmente por 
telefone, conforme o perfil indicado no SNA. 
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Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
Contudo, para decidir seguir os próximos passos, os pretendentes têm 
direito de acesso não apenas aos dados do perfil, mas, sobretudo, à 
informações importantes referentes à história de vida da 
criança/adolescente, condições de saúde física e emocional, 
desenvolvimento cognitivo, vínculos e rupturas vividos em sua família de 
origem e serviço de acolhimento, além de dados do processo judicial. 
Neste momento, é comum o pretendente ter vontade de conhecer a 
criança/adolescente por uma fotografia, mas o mais importante são os 
dados que mostram cada um em sua singularidade, com foco na 
realidade, desafios, potencialidades e esperança. Este diálogo sincero com 
a equipe contribuiu para a decisão responsável sobre a criança/ 
adolescente que eu desejo me aproximar e assumir a construção dos 
vínculos para torná-lo meu filho. 
6. ADAPTARNa maioria dos casos, existe o que se chama de período de adaptação ou
aproximação, que consiste em algumas visitas e períodos breves de
convivência (geralmente finais de semana), autorizados judicialmente.
Passada esta fase, o pretendente deve se manifestar se concorda ou não 
com a adoção. Conforme a idade, a criança também será entrevistada e 
dirá se quer continuar o processo. Vale a mesma recomendação anterior. 
Após ouvir as informações por telefone, e pessoalmente no Setor Técnico, 
o pretendente dizer sim, a equipe irá construir o momento do primeiro
encontro, o qual poderá ocorrer no próprio serviço de acolhimento ou no
Fórum, conforme melhor compreensão, a fim de atender a proteção
emocional da criança/adolescente. Avaliamos a importância de um novo
sim, após o primeiro encontro, a fim de se construir o plano de
convivência, a partir de momentos gradativos, organizados
conjuntamente com as equipes técnicas.
Primeiramente, no serviço de acolhimento e, aos poucos, com saídas 
externas em locais públicos, como praças, parques, atividades ao ar livre; 
depois visitas na casa da família durante o dia, seguindo com pernoites. 
Enfim uma experiência que permita a decisão para um novo sim, ou seja, 
o pedido de guarda com fins de adoção e a ida da criança/adolescente
para a casa da nova família. Este momento geralmente se apresenta com
muita expectativa e ansiedade por parte de todos, mas respeitar o tempo
e o processo são pontos determinantes à vinculação.
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Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
PASSOS FINAIS 
7. GUARDA PROVISÓRIA
Se o relacionamento inicial for bom, de acordo com a avaliação 
psicossocial e existir o interesse dos dois lados, o juiz dará a guarda 
provisória com vias à adoção, que terá validade até a conclusão do 
processo. 
Nesse momento, a criança passa a morar com a família, que será 
acompanhada pela equipe técnica com visitas e entrevistas periódicas e a 
avaliação conclusiva. Essa fase é chamada de “estágio de convivência”. 
O prazo desta etapa varia de acordo com a Vara da Infância e da 
Juventude. Há juízes e promotores que entendem a necessidade de uma 
avaliação aprofundada, mas que sabem da angústia que esse período 
gera e por isso fazem um processo mais ágil. 
OBS.: De acordo com o art. 46, do ECA, o estágio de convivência, na 
adoção nacional, é de no máximo 90 dias, prorrogáveis (de forma 
justificada) por igual período. Assim o prazo é de 3 meses, prorrogável 
uma vez. 
8. ADOÇÃO “DEFINITIVA”
O juiz profere a sentença de adoção e determina a lavratura do novo
registro de nascimento, já com o sobrenome da nova família. Existe a
possibilidade também de trocar o nome da criança, mas isso não é a
regra. O juiz dará uma ordem para cancelamento do registro de
nascimento original. O novo registro de nascimento do adotado, a pedido
dos adotantes, poderá ser lavrado na cidade onde a família estiver
morando no momento da adoção.
OBS.: A adoção é sempre “definitiva”. Para fins didáticos, colocamos a 
palavra DEFINITIVA entre aspas, para deixar claro que estamos falando de 
uma adoção onde já houve uma sentença com trânsito em julgado. 
47
 #05 
aprecia r
a espera 
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Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
No processo de adoção, embora a gestação não seja física, há que se fazer 
um preparo psicológico, pois entre as primeiras providências na Vara da 
Infância e da Juventude até a efetiva chegada do seu filho em casa, 
haverá um longo percurso a percorrer. Um caminho de ansiedades, 
espera, trabalho, dedicação e amor. 
Além dos hormônios, existe outra diferença marcante entre as duas 
esperas: na gestação física, conhecemos o tempo máximo de espera, 
contado em semanas ou meses. Já na preparação para a chegada do filho 
pela via da adoção não há uma data limite no horizonte, ou seja, o 
pretendente à adoção tem que estar preparado, porém não pode 
congelar sua vida enquanto o dia não chega. Essa é uma equação 
delicada, mas possível. 
Para atravessar essa fase com mais tranquilidade existem algumas 
ferramentas que podem contribuir para tornar esse tempo de espera algo 
natural, para ser encarado como parte do processo na chamada “gestação 
adotiva”. Apresentamos algumas dessas ferramentas no próximo capítulo. 
Outro fator que pode deixar sua espera menos ansiosa é compreender os 
porquês da morosidade. Não queremos justificar ou defender os 
processos burocráticos, mas acreditamos que, ao vermos uma questão 
por outros ângulos podemos ampliar nossa compreensão sobre os fatos 
que não estão sob nosso controle. 
A pergunta mais comumente feita por quem está envolvido na espera da 
adoção é: “por que o processo é tão demorado se há cerca de cinco vezes 
mais pretendentes à adoção do que crianças esperando uma família?! Ou, 
ainda, “por que tanta demora e há tantas crianças carentes no Brasil?” 
A resposta mais direta levaria à incompatibilidade da maioria dos perfis 
desejados com a maioria dos perfis disponíveis – veja infográficos no 
Capítulo 01. 
Outra questão é que existem bem menos crianças e adolescentes para 
adotar do que se imagina. A maior parte das crianças acolhidas não estão 
disponíveis para adoção, ou seja, estão em instituições de acolhimento ou 
em acolhimento familiar enquanto aguardam que sua situação seja 
resolvida. As crianças e adolescentes disponíveis para adoção são apenas 
os que já estão destituídos do Poder Familiar (ver a seguir). 
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Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
Um outro ponto diz respeito à falta de entendimento, ainda existente, 
sobre o tempo da criança e da lei, que evidentemente são diferentes. Isso 
se evidencia pelo direito constitucional de toda criança conviver com sua 
família de origem. A adoção é explicitada pelo ECA como sendo o último 
recurso e aí, até que se esgotem todos as possibilidades de retorno à 
família de origem ou encaminhamento à família extensa, muito tempo 
pode decorrer. 
Para entendermos melhor essa questão precisamos compreender o que é 
e como se dá a Destituição do Poder Familiar. 
O que é poder familiar 
O poder familiar se configura como o conjunto de responsabilidades e 
deveres inerentes aos pais em relação à pessoa e bens de seus filhos 
menores de 18 anos de idade ou não emancipados, com intuito de 
assegurar-lhes um bom desenvolvimento. O poder familiar pressupõe 
direitos e deveres dos pais, que possuem seus nomes na certidão de 
nascimento dos filhos. 
O que é Destituição do Poder Familiar 
A Destituição (ou perda) do Poder Familiar é a medida mais grave imposta 
pela legislação brasileira nos casos de descumprimento de relevantes 
deveres que foram incumbidos aos pais em relação aos filhos menores de 
18 anos não emancipados, destituindo os genitores de todas as 
prerrogativas decorrentes da autoridade parental. 
Essa é uma questão complexa, que merece muita reflexão. Para nos 
ajudar, reproduzimos abaixo o que diz a Associação dos Magistrados 
Brasileiros (AMB), em sua Cartilha sobre Adoção – Mude um Destino: 
“Este tema é difícil porque nos defrontamos com crianças/adolescentes 
cujas famílias não puderam exercer suas funções, gerando ruptura ou 
esgarçamento destes vínculos primordiais, que remetem a importantes 
experiências psíquicas de cunho universal, ligadas ao desamparo. 
Quando tratamos desse tema estamos lidando com o que de mais 
primitivo, irresoluto e humano que carregamos em nossas vidas, 
reativando as nossas vivências relacionadas a esta questão. Por isso, é 
sempre complexo lidar com a destituição do Poder Familiar e muitos 
esforços são exigidos para se evitar que, paradoxalmente, os protagonistas 
do cenário da adoção se vejam, sob várias perspectivas, desamparados: 
família de origem, crianças e adolescentes, cuidadores, candidatos a pais 
adotivos e profissionais envolvidos. 
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https://geracaoamanha.org.br/destituicao-do-poder-familiar/
Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
É fundamental que,não apenas no âmbito da decisão do juiz, tomada 
caso a caso, mas, em todas as instâncias relacionadas com a destituição, 
que as equipes técnicas estejam bem capacitadas e assessoradas para 
lidar com a questão com base no reconhecimento de que todos os 
profissionais também são afetados por esta problemática. 
Sem a consciência dessa inescapável vicissitude humana, corre-se o risco 
de comprometer as tomadas de decisões como, por exemplo, disparar 
uma certa urgência em dar respostas para evitar ou contornar o 
desamparo, que nem sempre seriam as melhores. Na busca por retirar 
apressadamente as crianças de situações de desproteção, corre-se o risco 
de promover efeitos paradoxais e contraditórios àquilo mesmo que se 
deseja alcançar. 
É o que acontece quando se deixa de exercer políticas fundamentais de 
apoio a famílias em situação de desamparo; quando se realizam 
abrigamentos e desabrigamentos abruptos; quando se registra 
ilegalmente uma criança como sendo filho biológico; quando se 
desconsidera os desejos e necessidades de postulantes a adoção, para 
citar apenas algumas ações movidas por uma apressada e contraditória 
intenção de romper e formar novos vínculos afetivos. 
Embora não tenhamos uma fórmula que nos indique com precisão o 
destino a dar para todas as situações, temos a capacidade de, no caso a 
caso, analisar e construir muito cuidadosamente a melhor alternativa 
possível. Uma delas poderá ser a interrupção definitiva da convivência 
comprovadamente perniciosa entre crianças e seus familiares e oferecer, 
a medida de proteção mais plausível, sendo que uma delas poderá ser a 
adoção.” 
Como podemos perceber, há um longo caminho para que o seu futuro 
filho esteja disponível para adoção. Todos os trâmites para conceder a 
habilitação aos pretendentes, os cruzamentos adequados de perfis e as 
fases de adaptação, buscam o melhor interesse da criança e do 
adolescente, para prevenir que, ao ser destituído de sua família de origem, 
não sofra com novos abandonos, negligências e rejeições. 
Essas não são decisões fáceis de se tomar. Por isso a paciência e a fé no 
processo é um dos requisitos fundamentais, que falamos logo no começo 
da nossa conversa. 
51
Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
É importante a compreensão de que a Destituição do Poder Familiar 
pressupõe um conjunto de avaliações fundamentadas em compromisso 
ético e competência técnica, as quais avaliam o contexto em que a família 
vive para além das questões econômicas. 
Ou seja, a miséria não é motivo legal para que uma família perca seu 
poder familiar. Neste sentido, destacamos a relevância dos vínculos de 
proteção, cuidado e afeto. A família tem o dever de cuidar e para tanto é 
fundamental o papel do Estado no processo de garantia de direitos sociais 
efetivos. 
Crianças e adolescentes são prioridades absolutas! 
Para fechar esse capítulo, vamos propor 
um exercício de amor para iniciar 
o seu tempo de espera
Crie um álbum de futuros pais, para mostrar ao seu filho quando ele tiver 
uma idade de entendimento. Nele você pode: 
• Colocar fotos de como vocês eram enquanto esperavam – o casal, a
pessoa solteira se for o caso, sozinhos e também com a família e os
amigos com quem vocês partilharam a informação de que estavam
aguardando o filho chegar;
• Colocar a letra de uma canção que fazia você imaginar como seria
o momento da chegada do seu filho;
• Uma notícia sobre como estava o mundo, a natureza, algum fato positivo
no tempo de espera;
• Um prato delicioso que você gostava de comer;
• Outras sugestões: você também pode fazer páginas com colagens de
imagens de revistas, desenhar se você gostar, colar uma pétala de alguma
flor...
Enfim, deixe sua imaginação solta e aproveite o momento para vivenciar
a sua própria história que, em breve, se entrelaçará com a de outra
pessoa.
52
4 
#06 
aprender 
no 
tempo de
espera 
53
Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
No capítulo anterior, falávamos sobre a parte emocional da espera. Agora 
vamos falar em como tornar essa espera produtiva: usar seu tempo para 
entender as questões da maternidade/paternidade, no que diz respeito 
ao desenvolvimento humano em geral e nas questões específicas da 
adoção. Vamos lá? 
A – ASSUNTOS DA PARENTALIDADE 
AS FASES DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 
Uma recomendação para todos os futuros pais, independentemente da 
forma como o filho chegará, refere-se ao entendimento das fases do 
desenvolvimento humano. Vários estudiosos publicaram trabalhos, nos 
campos da psicologia, pedagogia, neurociência entre outros. 
Conhecer as diversas teorias e estudar os pontos sinérgicos e divergentes 
entre elas proporciona uma base de conhecimento para os futuros pais e 
mães. Se quiser começar seus estudos nesse campo, sugerimos um 
material complementar que está disponível em nosso site para download 
gratuito. Acesse nesse link. 
PRIMEIRA E PRIMEIRÍSSIMA INFÂNCIA 
Você sabe a diferença entre os termos Primeira e Primeiríssima Infância? 
Crianças dos 0 aos 6 anos estão na Primeira Infância, mas faz-se um 
destaque na faixa entre os 0 aos 2 anos por sua importância no 
desenvolvimento neuronal. Esse período é chamado de Primeiríssima 
Infância, quando acontece a maior parte das sinapses que teremos ao 
longo da vida. 
Está provado cientificamente que a Primeira Infância é de fundamental 
importância para o desenvolvimento do indivíduo. Diversos estudos 
psicológicos, sociais e da neurociência demonstram que o cuidado, o 
afeto, a criação de vínculos seguros e estáveis, a socialização e estímulos 
nessa fase da vida vão ajudar na formação psicomotor, social e emocional 
dos indivíduos. Ou seja, o que acontece nos primeiros anos terá impacto 
ao longo de toda a vida. 
Como esse não é o tema desse livro, não vamos nos aprofundar nessas 
argumentações, mas deixamos abaixo uma série de materiais sobre 
Primeira Infância que poderão ser consultados, baixados e assistidos. 
Acesse os materiais clicando nos respectivos links: 
Primeiros Mil Dias 
Princípios da Primeira Infância 
O que é estresse tóxico 
Playlist “Primeira Infância” no Canal do IGA no Youtube 
54
https://geracaoamanha.org.br/site/wp-content/uploads/2020/04/EPISODIO-4-MATL-COMPL-TEORIAS-DESENV.pdf
https://geracaoamanha.org.br/os-primeiros-mil-dias-da-crianca/
https://geracaoamanha.org.br/os-principios-da-primeira-infancia-segundo-a-neurociencia/
https://geracaoamanha.org.br/estresse-toxico-na-infancia/
https://www.youtube.com/watch?v=0xzy4TnO7HU&list=PLvL7fvVsqLGrrcjUsgZtOjqj7tlEXdDrR
Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
Apesar de ser muito relevante termos um conhecimento das 
especificidades de cada fase de desenvolvimento do ciclo vital, 
precisamos também ter em mente que as crianças adotadas maiores e 
adolescentes, muito frequentemente, apresentarão aspectos regressivos 
importantes no seu desenvolvimento global, especialmente do ponto de 
vista psicológico. 
Isto deve-se ao fato da falta de estímulos e afeto sempre constantes no 
período anterior à adoção. Assim, como exemplo, será comum 
adolescentes adotados aos 14-15 anos apresentarem comportamentos 
compatíveis com crianças de 8-10 anos de idade. 
Essas defasagens são recompostas à medida que as crianças e 
adolescentes são inseridos em lares afetivos onde existam pais com as 
características desejáveis listadas acima. 
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Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 
B – ASSUNTOS DA PARENTALIDADE NA ADOÇÃO 
A IMPORTÂNCIA DOS GRUPOS DE APOIO À ADOÇÃO 
Já falamos sobre os Grupos de Apoio à Adoção e sobre a Associação 
Nacional de Grupos de Apoio à Adoção (ANGAAD) e sobre a 
obrigatoriedade do curso preparatório para a aprovação de sua 
habilitação no Capítulo 01. 
No entanto, os Grupos de Apoio à Adoção (GAAs) vão muito além. A troca 
de experiências entre os pretendentes e os que já adotaram se mostra 
muito rica e efetiva no momento da espera e nas fases pós-adoção.

Outros materiais