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1 1 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA Título: “GUIA DA ADOÇÃO – o guia definitivo para quem pensa em adotar” 2ª. Edição – REVISADA E ATUALIZADA - MAIO 2021 Autoria: Instituto Geração Amanhã Coordenação Geral : Sandra Sobral Redação: Heloisa Andrade Atualização, revisão e comentários pelos especialistas convidados Angélica Gomes da Silva José Roberto Poiani Sara Vargas Suzana Sofia Moeller Schettini Conheça melhor os especialistas na página de Apresentação. Fotos: Bancos de imagem com direito de uso livre E-mail: contato@geracaoamanha.org.br Direitos Autorais Instituto Geração Amanhã: todos os direitos reservados Você concorda que não irá copiar, redistribuir, compartilhar ou explorar qualquer parte deste e- book sem a permissão expressa do autor. Instituto Geração Amanhã Todos os direitos res ervados mailto:contato@geracaoamanha.org.br Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA ÍNDICE APRESENTAÇÃO DA 2ª EDIÇÃO ...................................................................................... 7 MENSAGEM ESPECIAL ........................................................................................................ 9 01 - VISÃO GERAL DA ADOÇÃO ...................................................................................... 11 02 - OS PRIMEIROS PASSOS EM DIREÇÃO À ADOÇÃO ........................................23 a. IDENTIFICAR AS MOTIVAÇÕES ...................................................................... 24 b. RECONHECER SUAS CARACTERÍSTICAS PESSOAIS ....................... 29 c. COMPREENSÃO DO PAPEL DE PAI/MÃE ................................................ 31 d. AS 9 QUALIDADES DAS ADOÇÕES BEM SUCEDIDAS ..................... 33 03 - TESTE SEUS CONHECIMENTOS ............................................................................ 38 a. QUIZZ ............................................................................................................................. 39 b. RESPOSTAS COMENTADAS ............................................................................ 40 04 - ESTÁ DECIDIDO: QUERO ADOTAR! ...................................................................... 41 a. PASSO A PASSO - INFOGRÁFICO ................................................................ 42 b. PASSO A PASSO - DETALHAMENTO .........................................................43 I. INÍCIO DO PROCESSO ............................................................43 II. FASE PREPARATÓRIA ...........................................................43 III. HABILITAÇÃO ............................................................................. 44 IV. CONEXÃO .................................................................................... 45 V. PASSOS FINAIS ......................................................................... 47 05 - APRECIAR A ESPERA ................................................................................................48 3 ] Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA ÍNDICE 06 - APRENDER NO TEMPO DE ESPERA ................................................................... 53 a. ASSUNTOS DA PARENTALIDADE ............................................................. 54 AS FASES DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ...................... 54 PRIMEIRA INFÂNCIA .............................................................................54 b. ASSUNTOS DA PARENTALIDADE NA ADOÇÃO ............................... 56 A IMPORTÂNCIA DOS GRUPOS DE APOIO .............................. 56 ATITUDE ADOTIVA ................................................................................. 56 ADOÇÃO TARDIA .................................................................................... 56 EXPECTATIVAS E REALIDADE ......................................................... 57 AS DEVOLUÇÕES NA ADOÇÃO ...................................................... 58 c. DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES E POTENCIAS ....................... 59 07 - ADOTEI. E AGORA? ............................................................................................................ 66 a. A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO PÓS-ADOÇÃO ........... 67 b. DEPRESSÃO PÓS-ADOÇÃO ........................................................................ 69 c. RESPEITAR O TEMPO E A HISTÓRIA DA CRIANÇA ........................ 70 d. CONTAR SOBRE A ORIGEM ......................................................................... 71 08 - MAIS PERGUNTAS FREQUENTES ......................................................................... 73 09 – SUGESTÕES DE CONTEÚDOS ............................................................................... 80 10 - DEPOIMENTOS – HISTÓRIAS VIVIDAS ................................................................84 11 - FONTES DE CONSULTA .............................................................................................. 95 12 – CONHEÇA O IGA ........................................................................................................... 97 4 DEPOIMENTO 1 ............................ ................................................................................. 85 DEPOIMENTO 2............................ ................................................................................. 86 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA INSTITUTO GERAÇÃO AMANHÃ O Instituto Geração Amanhã – IGA - é uma Organização da Sociedade Civil (OSC), sem fins lucrativos, que luta pelo direito de toda criança e adolescente viver em família. Para isso, realizamos inúmeras atividades que visam incentivar e promover o acolhimento familiar, a adoção, a convivência familiar e comunitária, com ênfase na Primeira Infância. Temos como foco a produção de informações e conteúdos aprofundados e de qualidade sobre esses temas, porque acreditamos que para mudar é preciso conscientização. E que não se pode exigir conscientização se não houver acesso à informação. 4 EIXOS DE ATUAÇÃO DO IGA 5 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA SAIBA MAIS SOBRE ADOÇÃO EM: BLOG GERAÇÃO AMANHÃ Informações sobre adoção, acolhimento familiar e Primeira Infância, do ponto de vista de especialistas. Notícias, artigos e conteúdos sempre atualizados. SITE ADOCAO PASSO A PASSO Dicas e orientações para quem quer adotar e não sabe por onde começar. Orientações em passos simples e diretos para quem pretende adotar. CANAL DO YOUTUBE Centenas de vídeos. Acesse às playlists “Adoção – A Voz do Especialista”, “Especial Adoção” e “Série Saber Mais” 6 http://www.geracaoamanha.org.br/blog http://www.geracaoamanha.org.br/blog http://www.geracaoamanha.org.br/blog http://www.geracaoamanha.org.br/blog http://www.adocaopassoapasso.com.br/ http://www.adocaopassoapasso.com.br/ http://www.adocaopassoapasso.com.br/ http://www.adocaopassoapasso.com.br/ http://www.youtube.com/geracaoamanha http://www.youtube.com/geracaoamanha http://www.youtube.com/geracaoamanha Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA APRESENTAÇÃO - 2ª. EDIÇÃO REVISADA E ATUALIZADA É com muita satisfação que apresentamos a 2ª. Edição do Guia da Adoção – o guia definitivo para quem pensa em adotar. Para essa 2a edição, além de atualizações necessárias, convidamos quatro importantes especialistas para darem suas contribuições. Dessa forma, apresentamos um conteúdo ainda mais rico com novas dúvidas respondidas, detalhamentos mais minuciosos em diversas questões e reflexões sobre questões éticas, emocionais, sócio-culturais e jurídicas que abrangem o tema da adoção. Além da parte escrita, temos vídeos dos especialistas em nosso canal do Youtube. Conheça um pouco melhor a trajetória profissional de cada um: Angélica Gomes da Silva Assistente social no Tribunal de Justiça de Minas Geraisde Uberaba, doutora em Serviço Social pela Unesp/Franca, assessora de Serviço Social da ANGAAD. José Roberto Poiani Juiz da Vara de Infância e Juventude da Comarca de Uberlândia – MG 7 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA Sara Vargas Graduada em direito, especialista em Terapia Sócio- Construtivista e Psicodramática de Famílias e Casais, presidente da ANGAAD de junho de 2017 a junho de 2021, escritora, fundadora e diretora técnica da Associação Pontes de Amor, além de representante da Christian Alliance for Orphans e World Without Orphans no Brasil. Suzana Sofia Moeller Schettini Mestre em Psicologia Clínica, psicoterapeuta, professora universitária, ex-presidente da ANGAAD, Diretora Técnica da Associação Pernambucana dos Grupos de Apoio à Adoção- APEGA; Coordenadora do NAPA (Núcleo de Apoio no Pós Adoção) do GEAD Recife. SOBRE ESSE E-BOOK O GUIA DA ADOÇÃO – o guia definitivo para quem pensa em adotar. explora todos os passos para quem está começando a pensar no caminho da parentalidade pela via da adoção, passa pelas questões práticas para quem já decidiu e agora quer conhecer melhor os procedimentos para adotar até chegar na fase da pós adoção, que também requer conhecimento, preparo e suporte. Ao longo dos capítulos trazemos notas e exercícios com questões que poderão ser pensadas, respondidas e reavaliadas por você mesmo. Sugerimos que separe um caderno ou arquivo para anotações e vá registrando suas impressões, sentimentos e dúvidas que eventualmente poderá discutir em seus cursos preparatórios ou com especialistas para fundamentar melhor sua decisão. E até mesmo usar como “diário da adoção”, para recordações futuras. Ao final da leitura, seja qual for sua decisão – pode sair ainda mais seguro sobre o desejo de adotar ou pode ter chegado à conclusão de que não é o momento ou o caminho certo para você – o que importa é ter uma decisão consciente e amadurecida sobre o desejo de exercer a parentalidade pela via da adoção. Bom trabalho e uma ótima jornada! 8 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA MENSAGEM ESPECIAL A adoção pode ser a resposta a inúmeras crianças que atualmente vivem institucionalizadas, privadas de seu direito constitucional de viver em família. No entanto, de aproximadamente 31 mil crianças que vivem em acolhimento atualmente no Brasil, apenas cerca de 5 mil estão disponíveis para adoção, e dessas, muitas não conseguirão ingressar em uma família pois não correspondem aos perfis mais desejados pelos pretendentes. Observação: além das 5 mil crianças disponíveis, outras 4.250 aproximadamente estão com seus processos já em andamento – Dados do SNA em maio 2021. O Instituto Geração Amanhã foi criado para lutar pelo direito de toda criança e adolescente viver em família. Seja pela colocação em famílias acolhedoras enquanto esperam que sua situação seja resolvida ou colocação em família adotiva, quando não houver possibilidade de reintegração na própria família. Nas últimas três décadas, muito tem sido feito pelo direito de crianças e adolescentes serem respeitados como sujeitos de direito, deixando para trás a antiga posição de “objetos de direito” pela qual os indivíduos menores de 18 anos eram tratados. Mas sempre colocamos que ainda há muito a ser feito, junto ao poder público e também na sociedade civil. Com o artigo 227 da Constituição Federal, promulgada em 1988 e posteriormente, a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente em julho de 1990, muitos avanços têm ocorrido. Um deles é a mudança de paradigma em relação ao sistema de proteção integral da criança e adolescente. Ao longo da história brasileira, no passado muitas famílias acolhiam crianças e adolescentes com objetivos diversos, especialmente como mão-de-obra, os quais foram identificados como “filhos de criação”. Agora, pela nova ótica, há que se encontrar uma família que atenda às necessidades da criança e não mais uma criança para atender o desejo de adultos que querem formar sua família. 9 https://adocaopassoapasso.com.br/informacoes-uteis/ Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA Uma diferença que pode parecer sutil na gramática, mas que tem enorme impacto no trabalho de toda a rede de proteção que visa à promoção e o atendimento integral das necessidades das crianças e adolescentes. A partir dessa perspectiva, os trabalhos das equipes técnicas, dos grupos de apoio à adoção, das organizações da sociedade civil, associações, instituições e do próprio poder público, são dirigidos para informar e formar uma sociedade que se responsabilize por essas crianças, utilizando diversas ferramentas que ajudem a cumprir tão desafiadora tarefa. Nós do Instituto Geração Amanhã defendemos adoções humanizadas, ágeis, legais e que respeitam o tempo da criança. Acreditamos que para atingir essa meta, uma das ferramentas é a informação. Uma maneira de incentivar as adoções e zelar para que sejam bem-sucedidas é fornecer informações de qualidade, fáceis de entender e acessíveis para os mais diferentes setores da sociedade. É nessa perspectiva que lançamos essa 2ª Edição do GUIA DA ADOÇÃO – o guia definitivo para quem pensa em adotar. Esperamos, com isso, oferecer contribuições efetivas para todos que pensam na parentalidade pela via da adoção. Boa leitura! Sandra Sobral Presidente do Instituto Geração Amanhã 10 #01 visão geral da adoção 11 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA Para uma visão inicial do que é e como funciona a adoção no Brasil, separamos as perguntas e dúvidas mais frequentes que recebemos em nossos canais de comunicação. Essas breves respostas fornecerão um panorama geral da situação e dos procedimentos da adoção em nosso país. O que é adoção? A palavra adoção vem do latim ADOPTARE, que significa perfilhar, dar o seu nome a, escolher, ajuntar. Juridicamente podemos definir adoção como “procedimento legal que transfere todos os direitos e deveres dos pais biológicos para uma família adotiva” ou “decisão legal a partir da qual uma criança ou adolescente não gerado biologicamente pelo adotante torna-se seu filho de modo definitivo e irrevogável”. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é direito da criança permanecer com sua família biológica, por isso considera a adoção uma medida a ser aplicada “excepcionalmente” (art. 19), para assegurar o direito constitucional à convivência familiar e comunitária, somente quando o juiz concluir ser impossível a manutenção das crianças ou adolescentes na família de origem ou extensa. Quem pode adotar? Qualquer pessoa maior de 18 (dezoito) anos pode adotar, independentemente do estado civil, orientação sexual ou classe social. O pretendente deverá apresentar uma diferença mínima de 16 (dezesseis) anos em relação à idade da criança ou adolescente que for adotado. Quem não pode adotar? • Parentes em linha reta ascendente (avós) e irmão, chamados juridicamente de família extensa. Nesses casos é possível a concessão de guarda ou tutela. Obs: tios podem adotar. O impedimento legal à adoção é somente para ascendentes e irmãos do adotando – ECA Art.42 • Tutores não podem adotar tutelados, enquanto não der conta de sua administração e saldar o seu alcance. • Pessoas que não gozam plenamente de suas faculdades mentais. • Pessoas com antecedentes criminais. 12 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA ‘ Duas pessoas podem adotar a mesma criança? Sim, desde que sejam casados ou vivam em regime de união estável, comprovada a estabilidade familiar. Uma pessoa solteira pode adotar? Sim, a lei não prevê nenhuma restrição em função do estado civil. É o que se chama de adoção monoparental. Durante a fase de habilitação, tanto solteiros quanto casados postulantes à adoção passarão por avaliações das equipes técnicas da Vara de Infância eJuventude, para que seja verificada a capacidade de acolher e de cuidar de uma criança ou de um adolescente. Com o parecer da equipe técnica, o magistrado terá a responsabilidade de conceder ou indeferir o pedido de habilitação para o pretendente à adoção. Um casal homoafetivo pode adotar? Sim, não há impedimento ou restrição legal. E desde o reconhecimento do casamento civil entre indivíduos do mesmo sexo, em 2013, essa composição familiar tem se tornado cada vez mais comum entre os pretendentes. Tenho que pagar alguma taxa? Vou precisar de um advogado? Todo o processo é gratuito e pode ser realizado sem a contratação de um advogado (desde que os pais do adotando forem falecidos, tiverem sido destituídos ou suspensos do poder familiar, ou houverem aderido expressamente ao pedido de colocação em família substituta – ECA, art. 166). Mas não há impedimentos de contratação, caso deseje um suporte jurídico personalizado. Existe limite máximo de idade para poder adotar? Não, qualquer pessoa em pleno gozo de suas faculdades mentais e capacidades civis poderá ser aprovada como pretendente à adoção. O que é guarda? O mecanismo jurídico através do qual regulariza-se a posse de fato de uma criança ou adolescente que não esteja e não pode ficar com seus pais, por curto ou longo período; A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional a seu detentor, que poderá opor-se a terceiros, inclusive aos pais biológicos. Sem prejuízo, restam preservados o poder familiar e os vínculos com a família de origem, podendo a medida ser revogada a qualquer tempo. Também pode haver 13 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA renúncia ao exercício da guarda sem impedimento legal. A guarda pode ser deferida nos procedimentos de acolhimento familiar e com vias à adoção. Nesta última decisão, a guarda deve estar registrada com a expressão “para fins de adoção”. O que é tutela? Em caso de falecimento dos pais, sendo estes julgados ausentes, ou ainda em caso de perderem o poder familiar, pode se dar a nomeação de tutor a quem incumbirá, quanto à pessoa da criança ou do adolescente que possuir bens administrá-los, dirigir-lhe a educação, defendê-lo, dentre outros, conforme seus haveres e condição. Tutores poderão ser nomeados por testamento ou documento autêntico pelos pais detentores do poder familiar, ou então, quando necessário, na falta do tutor testamentário ou legitimo, quando excluídos aqueles quem incumbiria o encargo ou, ainda, se removidos por não idoneidade. O que é o SNA – Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento? O Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA) foi criado em 2019 e nasceu da união do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) e do Cadastro Nacional de Crianças Acolhidas (CNCA). Desenvolvido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o novo sistema abrange milhares de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, com uma visão global da criança, focada na doutrina da proteção integral prevista na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA). Uma vez habilitado pela Vara da Infância e Juventude, o pretendente é inserido no sistema SNA e sua inscrição será válida em todo o território nacional (caso opte por adotar em outros Estados). O sistema fará uma procura da criança/adolescente por meio do perfil indicado no momento da habilitação, lembrando que a busca sempre se dá a partir da criança, ou seja procura-se uma família para ela e não o contrário. A novidade é que agora o pretendente poderá realizar um pré-cadastro diretamente no site www.cnj.jus.br/sna. Veja mais detalhes no Capitulo 04. O que é adoção inter-racial? Adoção Inter-racial ou transracial refere-se à adoção da criança de um grupo racial ou étnico por pais adotivos de outro grupo racial ou étnico. Por exemplo, crianças negras, índias ou asiáticas adotadas por pais brancos. Ou qualquer adoção entre diferentes etnias, que divirjam entre o grupo racial do adotante e do adotado. 14 http://www.cnj.jus.br/sna Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA O que é adoção internacional? A adoção internacional é a forma de colocação da criança ou adolescente em lar adotivo quando esgotadas todas as possibilidades de colocação em famílias pretendentes residentes habitualmente no Brasil. Na legislação brasileira, considera- se adoção internacional aquela na qual os pretendentes, ainda que sejam brasileiros, tenham residência ou domicílio habitual fora do Brasil. Mais detalhes sobre os procedimentos para a adoção internacional ver Capítulo 08. Quem são as crianças disponíveis para adoção? Apresentamos a seguir, alguns dados referentes às adoções realizadas a partir de janeiro de 2019, o perfil das crianças e adolescentes disponíveis para adoção e as características gerais dos pretendentes. Fonte: CNJ Mai/2021 15 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA HISTÓRICO DAS ADOÇÕES Dados SNA em 20/05/2021 PARA VER OS DADOS SNA, ATUALIZADOS DIARIAMENTE CLIQUE AQUI 16 https://paineisanalytics.cnj.jus.br/single/?appid=ccd72056-8999-4434-b913-f74b5b5b31a2&sheet=4f1d9435-00b1-4c8c-beb7-8ed9dba4e45a&opt=currsel&select=clearall https://paineisanalytics.cnj.jus.br/single/?appid=ccd72056-8999-4434-b913-f74b5b5b31a2&sheet=4f1d9435-00b1-4c8c-beb7-8ed9dba4e45a&opt=currsel&select=clearall https://paineisanalytics.cnj.jus.br/single/?appid=ccd72056-8999-4434-b913-f74b5b5b31a2&sheet=4f1d9435-00b1-4c8c-beb7-8ed9dba4e45a&opt=currsel&select=clearall https://paineisanalytics.cnj.jus.br/single/?appid=ccd72056-8999-4434-b913-f74b5b5b31a2&sheet=4f1d9435-00b1-4c8c-beb7-8ed9dba4e45a&opt=currsel&select=clearall https://paineisanalytics.cnj.jus.br/single/?appid=ccd72056-8999-4434-b913-f74b5b5b31a2&sheet=4f1d9435-00b1-4c8c-beb7-8ed9dba4e45a&opt=currsel&select=clearall Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA PERFIL DAS CRIANÇAS DISPONÍVEIS PARA ADOÇÃO Dados SNA em 20/05/2021 PARA VER OS DADOS SNA, ATUALIZADOS DIARIAMENTE CLIQUE AQUI 17 https://paineisanalytics.cnj.jus.br/single/?appid=ccd72056-8999-4434-b913-f74b5b5b31a2&sheet=4f1d9435-00b1-4c8c-beb7-8ed9dba4e45a&opt=currsel&select=clearall https://paineisanalytics.cnj.jus.br/single/?appid=ccd72056-8999-4434-b913-f74b5b5b31a2&sheet=4f1d9435-00b1-4c8c-beb7-8ed9dba4e45a&opt=currsel&select=clearall https://paineisanalytics.cnj.jus.br/single/?appid=ccd72056-8999-4434-b913-f74b5b5b31a2&sheet=4f1d9435-00b1-4c8c-beb7-8ed9dba4e45a&opt=currsel&select=clearall https://paineisanalytics.cnj.jus.br/single/?appid=ccd72056-8999-4434-b913-f74b5b5b31a2&sheet=4f1d9435-00b1-4c8c-beb7-8ed9dba4e45a&opt=currsel&select=clearall https://paineisanalytics.cnj.jus.br/single/?appid=ccd72056-8999-4434-b913-f74b5b5b31a2&sheet=4f1d9435-00b1-4c8c-beb7-8ed9dba4e45a&opt=currsel&select=clearall Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PRETENDENTES À ADOÇÃO Dados SNA em 20/05/2021 PARA VER OS DADOS SNA, ATUALIZADOS DIARIAMENTE CLIQUE AQUI 18 https://paineisanalytics.cnj.jus.br/single/?appid=ccd72056-8999-4434-b913-f74b5b5b31a2&sheet=4f1d9435-00b1-4c8c-beb7-8ed9dba4e45a&opt=currsel&select=clearall https://paineisanalytics.cnj.jus.br/single/?appid=ccd72056-8999-4434-b913-f74b5b5b31a2&sheet=4f1d9435-00b1-4c8c-beb7-8ed9dba4e45a&opt=currsel&select=clearall https://paineisanalytics.cnj.jus.br/single/?appid=ccd72056-8999-4434-b913-f74b5b5b31a2&sheet=4f1d9435-00b1-4c8c-beb7-8ed9dba4e45a&opt=currsel&select=clearall https://paineisanalytics.cnj.jus.br/single/?appid=ccd72056-8999-4434-b913-f74b5b5b31a2&sheet=4f1d9435-00b1-4c8c-beb7-8ed9dba4e45a&opt=currsel&select=clearall https://paineisanalytics.cnj.jus.br/single/?appid=ccd72056-8999-4434-b913-f74b5b5b31a2&sheet=4f1d9435-00b1-4c8c-beb7-8ed9dba4e45a&opt=currsel&select=clearallGuia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA O que é adoção à brasileira? A expressão “adoção à brasileira” serve para designar o procedimento ILEGAL de registrar como filho biológico uma criança sem que ela tenha sido concebida como tal. Além de ser considerado crime, expresso nos artigos 242 e 297 do Código Penal, quem utiliza esse procedimento pode perder o filho assim registrado como se biológico fosse, a qualquer momento que os pais biológicos se arrependam e queiram reaver a criança, ou se houver denúncias, uma vez que não foi oficializada a Destituição do Poder Familiar. O que é adoção intuitu personae ? A adoção intuitu personae, também chamada de adoção direta ou dirigida, é aquela adoção em que o pretendente, estando ou não habilitado no SNA, procura diretamente a família biológica da criança e se aproxima sem nenhuma autorização judicial. Com o tempo, vai criando vínculos com essa criança e depois que esses vínculos já se consolidaram procura a Vara da Infância para solicitar a adoção. Normalmente, isso acontece com bebês ou crianças pequenas. O argumento – e esse é o fundamento para a concessão deste tipo de adoção – é que, mesmo sendo realizado em desrespeito à ordem jurídica vigente, a criança já criou vínculos de afinidade e afetividade com essa nova família. E, de acordo com essa justificativa, embora a posse tenha acontecido sem o consentimento da justíça, se a criança for retirada desta família ela acabaria sendo penalizada. Portanto, ao se buscar o melhor interesse da criança é que se defere, em algumas situações, este tipo de adoção. Mas vale ressaltar que a adoção intuitu personae gera muita insegurança até ser concedida. Primeiro, porque a família que tem a posse irregular de uma criança, como nestes casos de adoção direta, pode ficar “refém” da família biológica, que a qualquer momento pode se arrepender, pode surgir um pai ou parente que deseja aquela criança, a mãe pode mudar de opinião, ou até mesmo fazer chantagem financeira e emocional. Ou seja, não existe nenhuma segurança jurídica até para a própria criança, pois ela pode ser devolvida para a família biológica ou encaminhada para o serviço de acolhimento, criando novas rupturas de vínculos. Também é inseguro para o adotante, porque ele não tem preparação nem acompanhamento psicossocial e jurídico adequado para esse projeto familiar. De acordo com o ECA e, conforme explicamos detalhadamente neste ebook, todo pretendente que deseja adotar deve passar por formação específica, avaliação psicossocial e, somente após ter sua habilitação concedida, entrará para o cadastro do SNA. 19 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA Quanto tempo demora para que eu seja considerado habilitado para adotar? O prazo máximo para conclusão da habilitação à adoção é de 120 dias, prorrogável por igual período, mediante decisão fundamentada pela autoridade judiciária (art. 197-F, ECA). Saiba mais no Capítulo 04. Contudo, na prática, reconhecemos que há distinção conforme realidade de trabalho em cada comarca. Quanto tempo demora para meu filho chegar após minha habilitação ser aprovada? Essa é uma pergunta que não tem resposta precisa e definitiva. Pode demorar mais ou menos, conforme o perfil da criança escolhido na fase de habilitação (ver infográficos nas páginas anteriores), da disponibilidade regional definida no momento da habilitação (se você deseja adotar uma criança que seja de sua cidade, de seu Estado ou de qualquer lugar do país), da aceitação ou não por parte do adotante de grupos de irmãos ou crianças com problemas de saúde, entre outros fatores. Uma explicação simples é: quanto mais restrições forem feitas no perfil desejado, maior será o tempo de espera. É comum ouvirmos relatos que o prazo entre o pedido de habilitação até o momento da chegada da criança foi de anos. Esse prazo não é uma regra, mas segundo levantamento recente do SNA, o tempo médio entre a data do pedido de habilitação e a data de sentença de adoção dos pretendentes que adotaram foi de 4 anos e 3 meses – tanto pode levar menos quanto mais tempo. Ou seja, desde que habilitado, o pretendente à adoção deverá estar sempre pronto, mas também precisa de equilíbrio para não deixar a ansiedade da espera prejudicar a sua vida normal cotidiana. Ver mais sobre isso no Capítulo 05. 20 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA O que é busca ativa? O conceito de busca ativa refere-se à uma estratégia planejada e legal para que serviços, informações, benefícios, programas e projetos cheguem aos interessados espalhados pelo país. Na adoção, a busca ativa visa exclusivamente viabilizar a adoção de crianças e adolescentes considerados “de difícil colocação” em famílias que estão dispostas a aceitar diferentes perfis, tais como crianças mais velhas, adolescentes, crianças com problemas de saúde, com deficiências físicas e/ou intelectuais, além de grupos de irmãos. Essa estratégia é considerada legal e constitucional, para os pretendentes à adoção que já estão devidamente habilitados e que buscam crianças/adolescentes que de outra forma, dificilmente seriam adotados por não terem seus perfis entre os mais procurados pela fila de pretendentes. Existem vários órgãos e instituições legalmente habilitados a fazer busca ativa como a ANGAAD e o aplicativo A.dot. Veja uma sugestão de programas que incentivam adoções em nosso site. É fundamental os pretendentes informarem na Vara da Infância e Juventude, formalmente, as mudanças referentes ao perfil do filho esperado, conforme processo de reflexão, amadurecimento e decisão construídos no processo de espera. Entendi essa parte. O que faço agora? O processo de adotar um filho é tão rico quanto desafiador. Nos próximos capítulos apresentaremos questões importantes que vão além do passo a passo para a habilitação. Falaremos sobre motivações, autoconhecimento, habilidades, sobre a importância do preparo e do suporte nos momentos pré e pós-adoção, e muito mais. Acreditamos que um bom começo é ter a disposição de se comprometer com um filho por toda a vida, exatamente como deveria ser na decisão de ter um filho biológico. Com entendimento, paciência e muito amor, ter um filho pela via da adoção vai transformar não só a vida daquela criança/adolescente, quanto de toda a família. E essa é uma decisão que deverá estar amadurecida e acolhida sincera e totalmente pelo adotante. 21 https://geracaoamanha.org.br/busca-ativa-na-adocao/ Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA As dúvidas acima são as mais frequentes que observamos diariamente no contato com pessoas que começaram a pensar na possibilidade da adoção. Para outros questionamentos, consulte o Capítulo 08. 22 #02 os primeiros passos em direção à adoção 23 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA A – IDENTIFICAR AS MOTIVAÇÕES É saudável e relevante nesse momento entender as motivações que levam você a querer exercer a parentalidade pela via da adoção. Também consideramos importante falar um pouco sobre quais NÃO deveriam ser essas motivações. Começando por uma das motivações mais comuns, encontramos a impossibilidade de exercer a parentalidade de forma biológica, por questões de infertilidade. Sobre esse tema é recomendável fazer reflexões e estar aberto para encontrar dentro de si (e junto com seu parceiro/parceira se for o caso) uma abordagem que seja a mais aberta e sincera possível. Neste sentido, ressaltamos a importância de se buscar orientações técnicas e informações sobre tratamentos para infertilidade oferecidos pelos serviços particulares, bem como pelo Sistema Único de Saúde, conforme contexto socioeconômicodos pretendentes. E, sobretudo, participar dos Grupos de Apoio à Adoção (GAAs), enquanto espaço fundamental ao diálogo, reflexão, troca de conhecimento e experiencia entre pessoas que compartilham questões em comum. Apresentamos abaixo um trecho adaptado do artigo “Impacto nos pais adotivos”, publicado originalmente pela organização americana Child Welfare Information Gateway, que traz boas colocações para nos ajudar a refletir: “Algumas pessoas adotam porque não podem ter uma criança biológica. Nesses casos, os possíveis pais adotivos podem já ter experimentado sentimentos de perda e decepção. Alguns terão passado por múltiplas perdas e sofrimentos durante os tratamentos, alguns deles bem invasivos. É bastante natural que os adultos respondam dolorosamente a essas perdas. Eles também podem experimentar sentimentos de culpa, vergonha, inadequação (“por que eu?”), falta de controle e até ciúme das pessoas que foram capazes de ter filhos biológicos, incluindo pais biológicos de seu futuro filho. (Goldberg, Downing Richardson, 2009; Kupecky e Anderson, 2001). 24 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA Independentemente dos detalhes particulares de cada caso é comum que, casais e indivíduos que buscam a parentalidade pela via da adoção por causa da infertilidade, já tenham enfrentado uma montanha russa de emoções. Os sentimentos devem ser respeitados e cuidados para que possam oferecer um bom apoio às crianças adotadas no futuro. Eles precisam elaborar as suas próprias perdas para poder lidar bem com as eventuais dores da adoção de seus filhos. Para pais que precisam de ajuda para lidar com a dor da infertilidade, existem grupos de apoio e aconselhamento especializado, e Grupos de Apoio à Adoção. É importante lembrar que, cada indivíduo pode resolver sua dor de formas e em tempos diferentes. E, portanto, a decisão de adotar pode acontecer também em momentos diferentes para cada um. É necessário alinhar essas questões a dois, para tomar uma boa decisão conjuntamente.” 25 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA OUTRAS MOTIVAÇÕES RELATADAS COM FREQUÊNCIA • Adoção que vai ao encontro do sonho de aumentar a família, mesmo depois de já terem seus filhos biológicos – algumas vezes quando esses já estão crescidos; • Adoção para realizar o desejo de exercer a parentalidade sem um parceiro; • Adoção para realizar o desejo de exercer a parentalidade em uma relação homoafetiva; • Adoção como forma de cuidar e dar amor à outras pessoas; • Adoção em famílias onde há filhos adotivos: o indivíduo cresce com a consciência da beleza e do valor de ter um filho pela via da adoção. Ao se tornar adulto, também busca a paternidade /maternidade por esse caminho. Em todos os casos há o desejo de amar e de cuidar. Essas são algumas das motivações mais comuns. Você se identificou com uma ou com algumas delas? Se quiser pare um pouco a leitura e anote quais são as suas motivações iniciais. Agora vamos falar sobre quais NÃO deveriam ser as motivações do postulante à adoção: • Querer adotar para salvar um casamento em crise; • Querer adotar pensando que o filho servirá para você não ficar sozinho na velhice; • Querer adotar para acompanhar outros casais de amigos que estão aparentemente felizes por ter filhos; 26 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA • Adotar para substituir o lugar de um filho falecido; • Adotar para fazer caridade; • Adotar como alternativa para oferecer um irmão ao filho; • Adotar para ter herdeiros; • Adotar para oferecer um filho ao parceiro (a). Para te ajudar a identificar com clareza as suas motivações, deixamos aqui algumas perguntas. Com elas você poderá refletir pontualmente sobre os diversos aspectos que envolvem a decisão de ter um filho pela via da adoção. Registre suas respostas atuais. Essas anotações poderão ser úteis no futuro, quando estiver frequentando cursos preparatórios e Grupos de Apoio à Adoção. • Quando e como nasceu em você o desejo de ser pai/mãe? • Por que ter um filho? • Como acha que a chegada de um filho se encaixará em sua vida e relações sociais? • Já pensou no perfil que está disposto a aceitar? Só uma pessoa ou grupo de irmãos? Em que condições de saúde? Fatores como etnia e origem regional são restritas? Qual a faixa etária? • Como um novo filho afetará a dinâmica familiar, especialmente se sua família já tem filhos? • Que mudanças você está disposto a fazer na sua atual rotina para facilitar a adaptação de uma criança ou adolescente? • Como você elabora suas próprias histórias de eventuais traumas e perdas? 27 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA • Você já considerou como a adoção de uma criança, com uma história semelhante à alguma que você tenha vivido, poderá afetá-lo emocionalmente? • Você sente que está preparado para lidar com algo complexo na história da criança, por exemplo, histórico de trauma, abuso sexual, uma condição médica delicada que não tenha sido identificada previamente? • Existem comportamentos específicos que uma criança poderia manifestar, que causaria dificuldade em ser aceito pela sua família? • Sua família está aberta para aceitar uma criança adotiva? • Nos casos de adoção inter-racial ou intercultural (ou seja, adoção de um filho de uma raça ou cultura diferente da sua), como você se sentiria em satisfazer, ajudar e promover a identidade cultural e racial positiva da criança? • E a pergunta que sintetiza as demais para você sempre fazer: entendo claramente o quanto estou disposto a adotar? 28 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA B – RECONHECER SUAS CARACTERÍSTICAS PESSOAIS Uma das grandes preocupações (e fator de ansiedade para quem pretende adotar) é sobre a ilusão da perfeição na parentalidade. Muitos autores indicam que, um caminho para reduzir essa pressão que o próprio postulante à adoção coloca sobre si, é ter a consciência de que não existem pais perfeitos – o que encontramos são pais maduros, amorosos e dispostos exercer a parentalidade da melhor forma possível. Ainda assim, sempre haverá algo novo, com o que ainda não sabe lidar e precisará ser aprendido. E no final das contas, as crianças não precisam de pais perfeitos. Elas precisam apenas de adultos amorosos, dispostos a enfrentar os desafios únicos da paternidade/maternidade e que se comprometam a cuidar dos filhos ao longo da vida. Podemos destacar algumas características importantes para quem pretende ser pai ou mãe pela via da adoção. Com isso em mente, você mesmo poderá saber se está pronto para dar os próximos passos na sua tomada de decisão. Tome um tempo para pensar bem em suas respostas e se quiser, faça anotações sobre as suas características. 1. Acreditar na beleza da adoção e ter capacidade de se comprometer; 2. Ser paciente, persistente e perseverante; 3. Possuir um bom senso de humor e talento para manter a vida em perspectiva; 4. Acreditar na sua capacidade de aceitar sem julgar e de amar incondicionalmente; 5. Entender a importância da atitude adotiva - consulte o Capítulo 06: 29 https://www.youtube.com/watch?v=cY1HvCzrEdk Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 6. Ter consciência de que nas relações humanas, a cura emocional nem sempre é rápida; exige tempo e amorosidade; 7. E caso pretenda fazer a adoção juntamente com um parceiro/a, é importante trabalhar bem em equipe e ambos estarem comprometidos com a adoção; 8. Ser capaz de aceitar o outro em sua singularidade, acolher o filho como ele é; 9. Superar comportamentos rígidos e autoritários. Você pode concluir que sim,quer seguir e dar o próximo passo. Ou achar que não; pensar que a adoção não é para você nesse momento. E tudo bem se essa for a sua conclusão. Afinal essa é uma decisão com a qual você e seu futuro filho viverão pelo resto de suas vidas. 30 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA C – COMPREENSÃO DO PAPEL DE PAI/MÃE Se você continuou interessado, já está consciente de suas características pessoais e encontrou algumas pistas sobre o que precisará desenvolver ou melhorar, agora vamos às questões da preparação emocional em termos mais práticos. Compreender os papéis de mãe e pai, com suas responsabilidades e necessidade de suporte é uma tarefa que já está no campo da preparação, mesmo antes da sua habilitação ser aprovada. Essa etapa poderá ser realizada com o apoio de outras pessoas que já passaram por essa fase, ou seja, já estiveram nesse lugar ou com profissionais competentes nesta área. Uma boa dica é procurar o Grupo de Apoio à Adoção (GAA) de sua região e conversar. Lá você conhecerá pessoas que possuem uma rica experiência e que estão abertas a compartilhá-las com você. Para encontrar o GAA mais próximo da sua região, consulte o site da ANGAAD. Fazer um curso preparatório é um requisito que será solicitado no momento de sua habilitação – que podem ser realizados pelos Grupos de Apoio à Adoção (GAAs) ou pela própria Vara da Infância e Juventude. Mas você pode se antecipar e conhecer um GAA antes da sua decisão final, exatamente para ajudar a entender melhor o processo. Também poderá buscar apoio numa ajuda especializada de profissionais como psicólogos e terapeutas. E você também pode começar a fazer suas pesquisas em materiais como esse livro e diversas fontes de especialistas em adoção. Leia o Capítulo 09, com sugestões de materiais que podem complementar sua busca. Se possível, faça uso de todos esses apoios. Com certeza, preparação nunca é demais e fará toda a diferença ao enfrentar os desafios comuns à adoção. Para finalizar essa etapa, deixamos aqui mais algumas perguntas que o ajudarão com questões específicas, sendo que algumas delas poderão fazer parte do seu cotidiano no pós-adoção. 31 http://www.angaad.org.br/ Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA Pegue suas anotações e reflita: • Quais são seus sonhos, fantasias e expectativas para o futuro do seu filho e família? • Como você costuma reagir quando a realidade não atinge sua expectativa? É tolerante a frustrações? • Como vai contar sobre a adoção para o seu meio social (parentes e amigos) e como vai lidar com perguntas de familiares, amigos e estranhos sobre as questões da adoção? • Como você responderá às perguntas de seu filho sobre a adoção, sobre o histórico dele, da família de origem e de suas razões para adotá-lo? • Quão disposto você está para aprender novas técnicas e estratégias, que funcionam melhor para crianças que eventualmente sofreram perdas, traumas e podem apresentar problema em relação à vinculação, afeto, apego? • Quão disposto você está em procurar ajuda para você ou seu filho quando necessário? • Quais são seus principais medos e dúvidas sobre ser pai/mãe e sobre adotar uma criança/adolescente como seu filho? 32 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA D – AS 9 QUALIDADES DAS ADOÇÕES BEM SUCEDIDAS Quando chegar o momento da habilitação para adoção, você precisará definir o perfil de criança ou adolescente que será capaz de cuidar e amar incondicionalmente. Para isso, é necessário ter clareza sobre os seus limites – quais são intransponíveis, quais poderão ser revistos, quais as suas forças e quais as suas potencialidades adormecidas. Podemos chamar isso de autoconhecimento. Como mãe ou pai em potencial, você está disposto a fazer a diferença na vida de uma criança ou adolescente (ou mais de um se considerar adotar um grupo de irmãos). Então a sua estrutura emocional contará muito. No item anterior falamos um pouco sobre as características pessoais desejáveis. Agora vamos falar sobre qualidades, aquelas que podem ser desenvolvidas utilizando técnicas e estratégias corretas. Para isso, apresentamos o trabalho da norte-americana Linda Katz, Doutora em Psicologia e Mestre em Desenvolvimento Infantil e Familiar, que identificou nove qualidades presente nos pais e mães considerados bem-sucedidos na parentalidade pela via da adoção. Pais e Mães adotivos bem-sucedidos apresentam: 1. CAPACIDADE de encontrar a felicidade em pequenos passos. Em vez de focar nos objetivos finais grandiosos projetando nos filhos suas maiores ambições, os pais bem-sucedidos ficam felizes com o papel de ajudar os filhos a alcançar o sucesso em pequenas etapas, começando com as tarefas diárias. Esses pais vivem no presente e ajudam seus filhos a realizar cada tarefa. Eles não vivem no futuro nem pressionam a si mesmos ou às crianças para alcançar o resultado final. Eles comemoram pequenos sucessos com seus filhos e os ajudam a apreciar o efeito acumulativo de cada esforço. 33 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 2. CONFIANÇA NO PROCESSO: não se sentem rejeitados pelo filho e podem adiar a satisfação de suas necessidades. Os pais de sucesso persistem em seu papel de pais diante da rejeição. Crianças com passado difícil, especialmente crianças mais velhas e adolescentes, geralmente afastam aqueles que tentam se aproximar delas. Um pai ou mãe bem-sucedido vê esse comportamento como uma tática de sobrevivência para impedir que qualquer adulto os decepcione, machuque ou rejeite novamente. Os pais de sucesso são teimosos e se recusam a aceitar que o resultado final do relacionamento será determinado pelo filho. Eles também são capazes de colocar suas próprias necessidades em espera e adiar suas recompensas por semanas, meses e até anos. Eles não aceitam pessoalmente a rejeição inicial da criança e entendem que isso tem a ver com as decepções, medos e traumas do passado - não é pessoal. Eles se veem como pais terapêuticos e estão dispostos a esperar, trabalham bem com a rejeição. 3. TOLERÂNCIA com sua própria ambivalência e/ou sentimentos negativos fortes. Crianças que passaram por acolhimento institucional – especialmente as mais velhas, as que viveram a Primeira Infância numa casa de acolhimento ou que estiveram lá por longos anos – costumam apresentar na fase de adaptação uma profunda dor do passado, comportamentos destrutivos ou violentos, dificuldades de relacionamento, entre outros comportamentos. Essas crianças tendem a despertar sentimentos negativos em seus pais adotivos, geralmente paralelos ao que elas próprias sentem. Pais adotivos bem-sucedidos são capazes de sentir esses sentimentos negativos, processá-los e separar aqueles que vêm da criança. Eles não se julgam duramente por sentir raiva, são capazes de sentir raiva e não agir sobre ela, e sabem que seus sentimentos vão passar. Esses adultos também são capazes de usar o humor para neutralizar suas emoções reativas e podem conversar sobre seus sentimentos com outros pais, terapeutas ou seus pares nos grupos de apoio. 34 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 4. FLEXIBILIDADE na função dos pais. Quando a adoção é feita por um casal, um fator que distingue os adotantes bem-sucedidos (sobretudo nas adoções tardias) é a capacidade de um dos pais perceber os sinais de desgaste no outro e assumir o papel de cuidador enquanto o parceiro estressado se recupera. Um padrão estabelecido de flexibilidade de papéis aumenta consideravelmente a probabilidade de sucesso de uma família, pois um parceiro fica aliviado de absorver toda sobrecarga emocional. A flexibilização também pode acontecer na monoparentalidade, se existir uma pessoa próxima quepossa fazer esse revezamento. Pais solteiros podem encontrar resultados semelhantes quando: o Constroem uma rede de suporte por meio da associação em um grupo de outros pais adotivos; o Encontram amigos que possam ouvir e oferecer intervalos informais para suas responsabilidades; o Estabelecem uma relação de confiança com cuidadores, para que possam sair e se divertir algum dia na semana, alternando períodos desgastantes com momentos de descanso. 5. VISÃO SISTÊMICA da família. As famílias que tendem a rotular uma pessoa como o problema ou procuram o "mocinho" e o "vilão" em uma situação tendem a procurar um “bode expiatório” na família. Quando os pais veem a família como um sistema - com interrelações complexas entre todos os membros -, eles tendem a analisar mais profundamente as razões por trás dos comportamentos, enxergam melhor as dificuldades entre irmãos e as interações com os pais. E procuram maneiras de melhorar os relacionamentos. Esses pais estão dispostos a ver como cada membro afeta o outro e tendem a mobilizar todos os seus recursos para lidar melhor com o novo filho adotivo 35 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 6. CAPACIDADE DE ASSUMIR O CONTROLE de seu papel parental. Os pais que obtêm sucesso são capazes de fazer rapidamente a transição de uma postura provisória para a plena "propriedade" de seu papel como pais e incorporar as muitas diferenças e a história da criança em sua família. Seu próprio conforto em ser pai ou mãe os ajuda a superar quaisquer circunstâncias ou irregularidades incomuns e são capazes de se encarregar do relacionamento. Assim como os pais dos recém-nascidos começam “agindo como pais” e depois “transformam-se em pais”, o mesmo acontece com os pais adotivos. Assumir o papel de pai não significa dominar, mas tomar a iniciativa do relacionamento, estabelecer limites, atender às necessidades da criança, nutrir e estabelecer as bases para construir a intimidade. Em resumo, os pais devem sempre lembrar que eles são os adultos da relação e não o contrário. 7. PERSISTÊNCIA EM DESENVOLVER um relacionamento com a criança. Os pais adotivos bem-sucedidos de crianças mais velhas sabem que precisam tomar a iniciativa no contato. Ao mesmo tempo em que entendem que é preciso tranquilidade e paciência, assumem que são responsáveis por ajudar a criança a internalizar que o relacionamento com um adulto pode ser saudável, estável e seguro. Pais eficazes são ativos e fazem o mesmo que os pais de bebês e crianças pequenas: “eles assumem o controle, tentam antecipar comportamentos, interrompem as espirais de comportamento, fornecem muitos elogios, reforço positivo e afeto físico… [eles] assumem a liderança no relacionamento e não são impedidos pelo protesto ou pela resistência da criança.” (Jernberg, 1979). Esses pais podem parecer intrusivos, mas o fazem de maneira cuidadosa. Eles compensam o tempo perdido e tentam estabelecer contato e ser proativos, como os pais de bebês, fazendo contato visual e tendo proximidade física para criar intimidade e confiança. 8. PRÁTICA do autocuidado e uso do humor. Os pais com um estilo de vida equilibrado, contam com estratégias de autocuidado e humor em suas vidas diárias, são capazes de estabelecer um padrão saudável e se recusam a aceitar o martírio como o preço da maternidade. Noites regulares de sono e folgas ocasionais nos finais de semana, ajudam os pais a ter uma perspectiva, a se reagrupar e a voltar à família com energia renovada. 36 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA 9. ABERTURA para aceitar ajuda. Quando as famílias decidem adotar crianças com problemas severos ou necessidades especiais, precisam estar abertas a aceitar ajuda de várias fontes: outros pais, professores, terapeutas, assistentes sociais etc. As famílias bem-sucedidas aceitam receber ajuda de pessoas de fora da unidade familiar como um ganho e não como uma ameaça. 29 37 #03 teste seus conhecimentos 38 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA A – QUIZZ Para checar se você está pronto para seguir adiante e entender o passo a passo para se habilitar à adoção, colocamos aqui um pequeno quizz. ATENÇÃO: o quizz não tem pontuação ou validação científica. Ele serve apenas para você avaliar seu próprio conhecimento. Veja nossos comentários na próxima página. 1 - Quanto tempo leva para concluir o processo de habilitação para o postulante à adoção: A. 60 dias úteis B. 120 dias prorrogáveis por mais 120 dias C. 90 dias prorrogáveis por mais 120 dias 2 - Pessoas que podem ser habilitadas para adoção precisam: A. Estar casadas B. Ter um diploma universitário C. Ser estáveis e maduras sobre a decisão em tornar-se pai/mãe pela adoção 3 - Os pais adotivos bem-sucedidos sabem que: A. Eles podem fazer isso por conta própria B. Eles devem procurar apoio e informações C. Eles não devem contar a ninguém que seu filho é adotado 4 - Maioria de crianças disponíveis para adoção no brasil, com percentual de 66,9%: A. 0 a 3 anos B. 3 a 6 anos C. Maiores de 6 anos 5 – Cite 5 das 9 qualidades que contribuem para que as adoções sejam bem-sucedidas: Resposta aberta. Descreva as que você se lembra mais prontamente e se quiser, faça um exercício de associação entre a qualidade comentada e eventuais situações que você já tenha vivido e utilizado a habilidade em questão. 39 https://www.adoptuskids.org/adoption-and-foster-care/how-to-adopt-and-foster/getting-started/test-your-knowledge https://www.adoptuskids.org/adoption-and-foster-care/how-to-adopt-and-foster/getting-started/test-your-knowledge https://www.adoptuskids.org/adoption-and-foster-care/how-to-adopt-and-foster/getting-started/test-your-knowledge https://www.adoptuskids.org/adoption-and-foster-care/how-to-adopt-and-foster/getting-started/test-your-knowledge https://www.adoptuskids.org/adoption-and-foster-care/how-to-adopt-and-foster/getting-started/test-your-knowledge Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA B – RESPOSTAS COMENTADAS 1 - Quanto tempo leva para concluir o processo de habilitação para o postulante à adoção: O prazo estipulado por lei é de 120 dias, prorrogáveis por mais 120 dias. 2 - Pessoas que podem ser habilitados para adoção precisam ser estáveis e maduras: As pessoas podem formar uma família com um filho adotivo se forem solteiras ou casadas, se morarem de aluguel ou em casa própria, se já tiverem outros filhos ou não. Esses não são fatores que definem o sucesso de uma adoção. Muitos pais adotivos possuem recursos modestos e trabalham fora de casa. Muitos não foram para a faculdade. Muitos são casais homoafetivos ou solteiros. O que mais conta nas avaliações para a habilitação e para a estabilidade da família com a chegada do filho, é o grau de maturidade e estabilidade emocional dos pretendentes. 3 - Os pais adotivos bem-sucedidos sabem que devem procurar apoio e informações: Os pais adotivos bem-sucedidos entendem que precisam de treinamento, de apoio de seus amigos/familiares e de conselhos de outras famílias adotivas experientes para fazer o melhor trabalho possível. Ao considerar a adoção é importante avaliar como desenvolverá suas habilidades e criará uma rede de apoio para você e as crianças de quem cuidará. 4 - Maioria disponível para adoção no Brasil, com percentual de 66,9%: Crianças acima de 6 anos, ou seja, as que já saíram da chamada Primeira Infância são as mais disponíveis para adoção no cadastro do SNA. Em contrapartida, se somarmos as porcentagens de pretendentes que aceitam crianças acima de 6 anos, não chegamos a 17%. 5– As 9 qualidades que contribuem para que as adoções sejam bem- sucedidas: • CAPACIDADE de encontrar a felicidade em pequenos passos • CONFIANÇA no processo: não se sentem rejeitados pelo filho, podem adiar a própria satisfação • TOLERÂNCIA com sua própria ambivalência e / ou sentimentosnegativos • FLEXIBILIDADE na função dos pais • VISÃO SISTÊMICA da família • CAPACIDADE de assumir o controle de seu papel parental • PERSISTÊNCIA em desenvolver um relacionamento com a criança • PRÁTICA do autocuidado e uso do humor • ABERTURA para aceitar ajuda Quizz adaptado do site adoptuskids.org 40 3 #04 está decidido quero adotar! 41 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA A - PASSO A PASSO - INFOGRÁFICO No capítulo inicial apresentamos os requisitos necessários para ser um pretendente à adoção, bem como esclarecemos as principais dúvidas sobre os parâmetros para a habilitação. Agora chegou o momento de entrarmos na parte prática do Cadastro no SNA – Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento. Veja um resumo do passo a passo nesse infográfico e nas páginas seguintes confira o detalhamento de cada fase: 42 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA B - PASSO A PASSO – DETALHADO INÍCIO DO PROCESSO 1. CADASTRO Dirija-se à Vara da Infância e da Juventude ou ao Fórum mais próximo da sua residência (no mesmo município onde mora atualmente) levando um documento de identidade e o comprovante de residência. Agora com o novo SISTEMA NACIONAL DE ADOÇÃO E ACOLHIMENTO (SNA), já é possível fazer um pré-cadastro online. Acesse www.cnj.jus.br/sna Se quiser adiantar a documentação, em geral as Varas ou Fóruns de todas as comarcas pedem uma lista básica de documentos, mas em alguns casos pode ser requerida documentação específica - no Fórum eles darão a orientação completa. Lista da documentação básica: o Cópia autenticada de documentos pessoais; o Atestado ou declaração médica de sanidade física e mental emitida por psiquiatra; o Comprovante de residência (conta recente de água, luz etc); o Comprovante de rendimentos ou declaração equivalente; o Certidões negativas de antecedentes criminais; o Certidão de casamento ou nascimento; de união estável. Após a entrega dos documentos, é só aguardar o contato da Equipe Técnica da Vara da Infância e da Juventude, formada por psicólogas (os) e assistentes sociais. FASE PREPARATÓRIA 2. CURSO PREPARATÓRIO A realização de um curso preparatório é uma exigência da Vara da Infância e da Juventude, que poderá indicar um Grupo de Apoio à Adoção mais próximo na sua região para a realização. Algumas Varas da Infância e da Juventude realizam uma palestra introdutória e seu próprio curso. OBS: em algumas comarcas o curso preparatório é exigido antes mesmo da apresentação da documentação completa. 3. DEFINIÇÃO DO PERFIL DA CRIANÇA E AVALIAÇÃO DO CANDIDATO Paralelo ou após a realização do curso (depende da vara), serão agendadas entrevistas com psicólogos e assistentes sociais, em que a equipe poderá 43 http://www.cnj.jus.br/sna Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA conhecer de forma aprofundada sua história de vida pessoal, profissional e familiar, dinâmica conjugal quando casal, realidade socioeconômica, contexto cultural, motivações para adoção, medos, angústias, mitos, dúvidas, bem como dialogar sobre as particularidades que há na trajetória da criança/adolescente encaminhados para adoção e o processo de construção e fortalecimento dos vínculos afetivos. Também é comum a realização de visita domiciliar, para um conhecimento mais aprofundado sobre a dinâmica da família no ambiente em que vive. Ao final da avaliação, o pretendente descreverá em detalhes o perfil da criança desejada: sexo, faixa etária, estado de saúde, se aceita irmãos (quando a criança tem irmãos, a lei prevê que o grupo não seja separado) etc. Esta identificação é importante para o cadastro dos pretendentes junto ao Sistema Nacional de Adoção (SNA), o qual realiza a vinculação das crianças/adolescentes às famílias, por meio de dados objetivos. O curso para pretendentes à adoção não possui um padrão único, mas é organizado conforme a realidade de cada comarca, e tem como objetivo ampliar a troca de conhecimentos e experiências importantes ao processo de construção e fortalecimento dos vínculos afetivos na adoção. Quando a equipe conclui o trabalho de avaliação, elabora-se um laudo técnico (social e psicológico), que é anexado ao processo, para contribuir com o parecer do Ministério Público e a decisão judicial, a qual poderá ser favorável ou desfavorável à inclusão dos pretendentes no Sistema Nacional de Adoção, naquele momento. Ao final das entrevistas e da conclusão do curso preparatório, o laudo das avaliações será encaminhado ao Ministério Público e ao juiz da Vara de Infância. HABILITAÇÃO 4. CERTIFICADO DE HABILITAÇÃO A partir do laudo da equipe técnica da Vara da Infância e do parecer emitido pelo Ministério Público, o juiz dará sua sentença. Com seu pedido aprovado, seu nome será inserido no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA) e você entrará para a fila de adoção. O tempo de duração do processo é variável e depende de cada Vara. 44 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA Conforme já dissemos, pela legislação em vigor esse prazo é de 120 dias, prorrogáveis por mais 120. Ou seja, tenha paciência pois estamos falando de meses de espera. DICA: É fundamental manter seus dados atualizados, para que consigam localizá-lo quando for consultado sobre uma criança! CONEXÃO 5. CONHECER Através do cruzamento entre os seus dados, o perfil de preferência e as crianças aptas à adoção, os assistentes sociais vão buscar os pretendentes que mais se encaixam no perfil das crianças. Esse é um ponto superimportante do processo. Eles não buscam filhos para quem quer adotar e sim, o contrário, famílias que mais se encaixam no perfil das crianças. Quando essa “conexão” acontece, a Vara da Infância e da Juventude irá entrar em contato para informar o perfil da criança. Se houver interesse, o primeiro encontro de aproximação é promovido, no Fórum ou na instituição de acolhimento (conhecida como abrigo) conforme decisão das equipes técnicas do serviço de acolhimento e da Vara da Infância e Juventude. Esta etapa pode gerar dúvida ao pretendente: e se o perfil da criança não for o escolhido na habilitação, e se não houver afinidade com a criança? É possível dizer não? Sim, não há nenhum impedimento legal, mas é importante ter claro que repetidas respostas negativas podem levar a uma revisão de sua habilitação e até mesmo a seu descredenciamento. E também é importante lembrar que o amor de mãe/pai e filho não acontece em um clique, que é uma relação que vai sendo construída com o tempo. Ao longo do processo de habilitação e espera do filho pela adoção, os pretendentes precisarão dizer alguns Sim e Não e é fundamental que o façam a partir de profundo exercício refletivo, emocional e racional, individualmente e enquanto casal, conforme as condições objetivas e subjetivas de cada um. Neste sentido, o primeiro contato da equipe técnica da Vara da Infância e Juventude para apresentar uma criança/adolescente será geralmente por telefone, conforme o perfil indicado no SNA. 45 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA Contudo, para decidir seguir os próximos passos, os pretendentes têm direito de acesso não apenas aos dados do perfil, mas, sobretudo, à informações importantes referentes à história de vida da criança/adolescente, condições de saúde física e emocional, desenvolvimento cognitivo, vínculos e rupturas vividos em sua família de origem e serviço de acolhimento, além de dados do processo judicial. Neste momento, é comum o pretendente ter vontade de conhecer a criança/adolescente por uma fotografia, mas o mais importante são os dados que mostram cada um em sua singularidade, com foco na realidade, desafios, potencialidades e esperança. Este diálogo sincero com a equipe contribuiu para a decisão responsável sobre a criança/ adolescente que eu desejo me aproximar e assumir a construção dos vínculos para torná-lo meu filho. 6. ADAPTARNa maioria dos casos, existe o que se chama de período de adaptação ou aproximação, que consiste em algumas visitas e períodos breves de convivência (geralmente finais de semana), autorizados judicialmente. Passada esta fase, o pretendente deve se manifestar se concorda ou não com a adoção. Conforme a idade, a criança também será entrevistada e dirá se quer continuar o processo. Vale a mesma recomendação anterior. Após ouvir as informações por telefone, e pessoalmente no Setor Técnico, o pretendente dizer sim, a equipe irá construir o momento do primeiro encontro, o qual poderá ocorrer no próprio serviço de acolhimento ou no Fórum, conforme melhor compreensão, a fim de atender a proteção emocional da criança/adolescente. Avaliamos a importância de um novo sim, após o primeiro encontro, a fim de se construir o plano de convivência, a partir de momentos gradativos, organizados conjuntamente com as equipes técnicas. Primeiramente, no serviço de acolhimento e, aos poucos, com saídas externas em locais públicos, como praças, parques, atividades ao ar livre; depois visitas na casa da família durante o dia, seguindo com pernoites. Enfim uma experiência que permita a decisão para um novo sim, ou seja, o pedido de guarda com fins de adoção e a ida da criança/adolescente para a casa da nova família. Este momento geralmente se apresenta com muita expectativa e ansiedade por parte de todos, mas respeitar o tempo e o processo são pontos determinantes à vinculação. 46 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA PASSOS FINAIS 7. GUARDA PROVISÓRIA Se o relacionamento inicial for bom, de acordo com a avaliação psicossocial e existir o interesse dos dois lados, o juiz dará a guarda provisória com vias à adoção, que terá validade até a conclusão do processo. Nesse momento, a criança passa a morar com a família, que será acompanhada pela equipe técnica com visitas e entrevistas periódicas e a avaliação conclusiva. Essa fase é chamada de “estágio de convivência”. O prazo desta etapa varia de acordo com a Vara da Infância e da Juventude. Há juízes e promotores que entendem a necessidade de uma avaliação aprofundada, mas que sabem da angústia que esse período gera e por isso fazem um processo mais ágil. OBS.: De acordo com o art. 46, do ECA, o estágio de convivência, na adoção nacional, é de no máximo 90 dias, prorrogáveis (de forma justificada) por igual período. Assim o prazo é de 3 meses, prorrogável uma vez. 8. ADOÇÃO “DEFINITIVA” O juiz profere a sentença de adoção e determina a lavratura do novo registro de nascimento, já com o sobrenome da nova família. Existe a possibilidade também de trocar o nome da criança, mas isso não é a regra. O juiz dará uma ordem para cancelamento do registro de nascimento original. O novo registro de nascimento do adotado, a pedido dos adotantes, poderá ser lavrado na cidade onde a família estiver morando no momento da adoção. OBS.: A adoção é sempre “definitiva”. Para fins didáticos, colocamos a palavra DEFINITIVA entre aspas, para deixar claro que estamos falando de uma adoção onde já houve uma sentença com trânsito em julgado. 47 #05 aprecia r a espera 48 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA No processo de adoção, embora a gestação não seja física, há que se fazer um preparo psicológico, pois entre as primeiras providências na Vara da Infância e da Juventude até a efetiva chegada do seu filho em casa, haverá um longo percurso a percorrer. Um caminho de ansiedades, espera, trabalho, dedicação e amor. Além dos hormônios, existe outra diferença marcante entre as duas esperas: na gestação física, conhecemos o tempo máximo de espera, contado em semanas ou meses. Já na preparação para a chegada do filho pela via da adoção não há uma data limite no horizonte, ou seja, o pretendente à adoção tem que estar preparado, porém não pode congelar sua vida enquanto o dia não chega. Essa é uma equação delicada, mas possível. Para atravessar essa fase com mais tranquilidade existem algumas ferramentas que podem contribuir para tornar esse tempo de espera algo natural, para ser encarado como parte do processo na chamada “gestação adotiva”. Apresentamos algumas dessas ferramentas no próximo capítulo. Outro fator que pode deixar sua espera menos ansiosa é compreender os porquês da morosidade. Não queremos justificar ou defender os processos burocráticos, mas acreditamos que, ao vermos uma questão por outros ângulos podemos ampliar nossa compreensão sobre os fatos que não estão sob nosso controle. A pergunta mais comumente feita por quem está envolvido na espera da adoção é: “por que o processo é tão demorado se há cerca de cinco vezes mais pretendentes à adoção do que crianças esperando uma família?! Ou, ainda, “por que tanta demora e há tantas crianças carentes no Brasil?” A resposta mais direta levaria à incompatibilidade da maioria dos perfis desejados com a maioria dos perfis disponíveis – veja infográficos no Capítulo 01. Outra questão é que existem bem menos crianças e adolescentes para adotar do que se imagina. A maior parte das crianças acolhidas não estão disponíveis para adoção, ou seja, estão em instituições de acolhimento ou em acolhimento familiar enquanto aguardam que sua situação seja resolvida. As crianças e adolescentes disponíveis para adoção são apenas os que já estão destituídos do Poder Familiar (ver a seguir). 49 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA Um outro ponto diz respeito à falta de entendimento, ainda existente, sobre o tempo da criança e da lei, que evidentemente são diferentes. Isso se evidencia pelo direito constitucional de toda criança conviver com sua família de origem. A adoção é explicitada pelo ECA como sendo o último recurso e aí, até que se esgotem todos as possibilidades de retorno à família de origem ou encaminhamento à família extensa, muito tempo pode decorrer. Para entendermos melhor essa questão precisamos compreender o que é e como se dá a Destituição do Poder Familiar. O que é poder familiar O poder familiar se configura como o conjunto de responsabilidades e deveres inerentes aos pais em relação à pessoa e bens de seus filhos menores de 18 anos de idade ou não emancipados, com intuito de assegurar-lhes um bom desenvolvimento. O poder familiar pressupõe direitos e deveres dos pais, que possuem seus nomes na certidão de nascimento dos filhos. O que é Destituição do Poder Familiar A Destituição (ou perda) do Poder Familiar é a medida mais grave imposta pela legislação brasileira nos casos de descumprimento de relevantes deveres que foram incumbidos aos pais em relação aos filhos menores de 18 anos não emancipados, destituindo os genitores de todas as prerrogativas decorrentes da autoridade parental. Essa é uma questão complexa, que merece muita reflexão. Para nos ajudar, reproduzimos abaixo o que diz a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), em sua Cartilha sobre Adoção – Mude um Destino: “Este tema é difícil porque nos defrontamos com crianças/adolescentes cujas famílias não puderam exercer suas funções, gerando ruptura ou esgarçamento destes vínculos primordiais, que remetem a importantes experiências psíquicas de cunho universal, ligadas ao desamparo. Quando tratamos desse tema estamos lidando com o que de mais primitivo, irresoluto e humano que carregamos em nossas vidas, reativando as nossas vivências relacionadas a esta questão. Por isso, é sempre complexo lidar com a destituição do Poder Familiar e muitos esforços são exigidos para se evitar que, paradoxalmente, os protagonistas do cenário da adoção se vejam, sob várias perspectivas, desamparados: família de origem, crianças e adolescentes, cuidadores, candidatos a pais adotivos e profissionais envolvidos. 50 https://geracaoamanha.org.br/destituicao-do-poder-familiar/ Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA É fundamental que,não apenas no âmbito da decisão do juiz, tomada caso a caso, mas, em todas as instâncias relacionadas com a destituição, que as equipes técnicas estejam bem capacitadas e assessoradas para lidar com a questão com base no reconhecimento de que todos os profissionais também são afetados por esta problemática. Sem a consciência dessa inescapável vicissitude humana, corre-se o risco de comprometer as tomadas de decisões como, por exemplo, disparar uma certa urgência em dar respostas para evitar ou contornar o desamparo, que nem sempre seriam as melhores. Na busca por retirar apressadamente as crianças de situações de desproteção, corre-se o risco de promover efeitos paradoxais e contraditórios àquilo mesmo que se deseja alcançar. É o que acontece quando se deixa de exercer políticas fundamentais de apoio a famílias em situação de desamparo; quando se realizam abrigamentos e desabrigamentos abruptos; quando se registra ilegalmente uma criança como sendo filho biológico; quando se desconsidera os desejos e necessidades de postulantes a adoção, para citar apenas algumas ações movidas por uma apressada e contraditória intenção de romper e formar novos vínculos afetivos. Embora não tenhamos uma fórmula que nos indique com precisão o destino a dar para todas as situações, temos a capacidade de, no caso a caso, analisar e construir muito cuidadosamente a melhor alternativa possível. Uma delas poderá ser a interrupção definitiva da convivência comprovadamente perniciosa entre crianças e seus familiares e oferecer, a medida de proteção mais plausível, sendo que uma delas poderá ser a adoção.” Como podemos perceber, há um longo caminho para que o seu futuro filho esteja disponível para adoção. Todos os trâmites para conceder a habilitação aos pretendentes, os cruzamentos adequados de perfis e as fases de adaptação, buscam o melhor interesse da criança e do adolescente, para prevenir que, ao ser destituído de sua família de origem, não sofra com novos abandonos, negligências e rejeições. Essas não são decisões fáceis de se tomar. Por isso a paciência e a fé no processo é um dos requisitos fundamentais, que falamos logo no começo da nossa conversa. 51 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA É importante a compreensão de que a Destituição do Poder Familiar pressupõe um conjunto de avaliações fundamentadas em compromisso ético e competência técnica, as quais avaliam o contexto em que a família vive para além das questões econômicas. Ou seja, a miséria não é motivo legal para que uma família perca seu poder familiar. Neste sentido, destacamos a relevância dos vínculos de proteção, cuidado e afeto. A família tem o dever de cuidar e para tanto é fundamental o papel do Estado no processo de garantia de direitos sociais efetivos. Crianças e adolescentes são prioridades absolutas! Para fechar esse capítulo, vamos propor um exercício de amor para iniciar o seu tempo de espera Crie um álbum de futuros pais, para mostrar ao seu filho quando ele tiver uma idade de entendimento. Nele você pode: • Colocar fotos de como vocês eram enquanto esperavam – o casal, a pessoa solteira se for o caso, sozinhos e também com a família e os amigos com quem vocês partilharam a informação de que estavam aguardando o filho chegar; • Colocar a letra de uma canção que fazia você imaginar como seria o momento da chegada do seu filho; • Uma notícia sobre como estava o mundo, a natureza, algum fato positivo no tempo de espera; • Um prato delicioso que você gostava de comer; • Outras sugestões: você também pode fazer páginas com colagens de imagens de revistas, desenhar se você gostar, colar uma pétala de alguma flor... Enfim, deixe sua imaginação solta e aproveite o momento para vivenciar a sua própria história que, em breve, se entrelaçará com a de outra pessoa. 52 4 #06 aprender no tempo de espera 53 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA No capítulo anterior, falávamos sobre a parte emocional da espera. Agora vamos falar em como tornar essa espera produtiva: usar seu tempo para entender as questões da maternidade/paternidade, no que diz respeito ao desenvolvimento humano em geral e nas questões específicas da adoção. Vamos lá? A – ASSUNTOS DA PARENTALIDADE AS FASES DO DESENVOLVIMENTO HUMANO Uma recomendação para todos os futuros pais, independentemente da forma como o filho chegará, refere-se ao entendimento das fases do desenvolvimento humano. Vários estudiosos publicaram trabalhos, nos campos da psicologia, pedagogia, neurociência entre outros. Conhecer as diversas teorias e estudar os pontos sinérgicos e divergentes entre elas proporciona uma base de conhecimento para os futuros pais e mães. Se quiser começar seus estudos nesse campo, sugerimos um material complementar que está disponível em nosso site para download gratuito. Acesse nesse link. PRIMEIRA E PRIMEIRÍSSIMA INFÂNCIA Você sabe a diferença entre os termos Primeira e Primeiríssima Infância? Crianças dos 0 aos 6 anos estão na Primeira Infância, mas faz-se um destaque na faixa entre os 0 aos 2 anos por sua importância no desenvolvimento neuronal. Esse período é chamado de Primeiríssima Infância, quando acontece a maior parte das sinapses que teremos ao longo da vida. Está provado cientificamente que a Primeira Infância é de fundamental importância para o desenvolvimento do indivíduo. Diversos estudos psicológicos, sociais e da neurociência demonstram que o cuidado, o afeto, a criação de vínculos seguros e estáveis, a socialização e estímulos nessa fase da vida vão ajudar na formação psicomotor, social e emocional dos indivíduos. Ou seja, o que acontece nos primeiros anos terá impacto ao longo de toda a vida. Como esse não é o tema desse livro, não vamos nos aprofundar nessas argumentações, mas deixamos abaixo uma série de materiais sobre Primeira Infância que poderão ser consultados, baixados e assistidos. Acesse os materiais clicando nos respectivos links: Primeiros Mil Dias Princípios da Primeira Infância O que é estresse tóxico Playlist “Primeira Infância” no Canal do IGA no Youtube 54 https://geracaoamanha.org.br/site/wp-content/uploads/2020/04/EPISODIO-4-MATL-COMPL-TEORIAS-DESENV.pdf https://geracaoamanha.org.br/os-primeiros-mil-dias-da-crianca/ https://geracaoamanha.org.br/os-principios-da-primeira-infancia-segundo-a-neurociencia/ https://geracaoamanha.org.br/estresse-toxico-na-infancia/ https://www.youtube.com/watch?v=0xzy4TnO7HU&list=PLvL7fvVsqLGrrcjUsgZtOjqj7tlEXdDrR Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA Apesar de ser muito relevante termos um conhecimento das especificidades de cada fase de desenvolvimento do ciclo vital, precisamos também ter em mente que as crianças adotadas maiores e adolescentes, muito frequentemente, apresentarão aspectos regressivos importantes no seu desenvolvimento global, especialmente do ponto de vista psicológico. Isto deve-se ao fato da falta de estímulos e afeto sempre constantes no período anterior à adoção. Assim, como exemplo, será comum adolescentes adotados aos 14-15 anos apresentarem comportamentos compatíveis com crianças de 8-10 anos de idade. Essas defasagens são recompostas à medida que as crianças e adolescentes são inseridos em lares afetivos onde existam pais com as características desejáveis listadas acima. 55 Guia da Adoção: o guia definitivo para quem pensa em adotar - por IGA B – ASSUNTOS DA PARENTALIDADE NA ADOÇÃO A IMPORTÂNCIA DOS GRUPOS DE APOIO À ADOÇÃO Já falamos sobre os Grupos de Apoio à Adoção e sobre a Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção (ANGAAD) e sobre a obrigatoriedade do curso preparatório para a aprovação de sua habilitação no Capítulo 01. No entanto, os Grupos de Apoio à Adoção (GAAs) vão muito além. A troca de experiências entre os pretendentes e os que já adotaram se mostra muito rica e efetiva no momento da espera e nas fases pós-adoção.
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