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Diarreia na Infância 1. Definição: a diarreia é uma afecção caracterizada pela perda excecssiva de água e eletrólitos resultante do aumento do volume e da frequência das evacuações com diminuição de sua consistência, ocorrendo > 3x ao dia. 1.1. Disenteria: diarreia acompanhada de sangue ou muco. 2. Duração 2.1. Aguda: menor que 14 dias 2.2. Subaguda: entre 14 dias a 1 mês 2.3. Crônica: duração > 1mês com caráter mais insidioso 3. Desidratação: a desidratação é avaliada em 3 graus de acordo com os sinais clínicos 3.1. Sem desidratação ou 1° grau: faz-se apenas reidratação oral com soro caseiro ou SRO após as evacuações/vômitos (Plano A) 3.1.1. Estado geral regular, criança irritada, mucosas secas e lábios vermelhos, olhos normais e com lágrimas, fontanela normal, pele quente e seca com TEC < 2s, pulsos periféricos normais, débito urinário normal e pouca perda de peso 3.1.2. Plano A: oferta de soro caseiro, manutenção da dieta habitual e do aleitamento e administração de SRO após os episódios de diarreia 3.1.2.1. 50-100ml para idade < 1 ano 3.1.2.2. 100-200ml para idade entre 1 a 10 anos 3.1.2.3. Idade > 10 anos na quantidade que quiser 3.2. Alguma desidratação ou 2° grau: faz-se reposição VO com SRO em ambiente hospitalar ou de unidade de saúde, com reposição com SRO após as evacuações (Plano B) 3.2.1. Crianças agitadas ou sonolentas, mucosas muito secas, ausencia de lagrimas e olhos fundos, fontanela depressível, pele com turgor aumentado e elasticidade diminuida, pulsos reduzidos, TEC > 2s, débito urinário reduzido e perda de peso média 3.2.1.1. Realizado na UBS com avaliação frequente do peso e diuerese. Suspende a alimentação até a reidratação, depois ela é reintroduzida. 3.2.1.2. TRO com SRO na dosagem de 50-100ml/kg fracionado em 4-6hrs com reavaliação constante. 3.2.1.2.1. Suspender TRO e iniciar hidratação EV ou por SNG se o paciente mantém perda de peso, em caso de vômitos incoercíveis, distensão abdominal persistente ou dificuldade para aceitação da TRO. 3.3. Desidratação grave ou 3° grau: reidratação EV rápida + manutenção + estabilização seguida de reposição VO com SRO quando a criança aceitar (Plano C) 3.3.1. Deprimida ou comatosa, incapaz de receber líquidos VO, mucosas extremamente secas por vezes cianóticas, olhos fundos e sem lágrimas, pele fria e marmórea, pulsos finos ou ausentes, TEC > 3s, anúricos e com elevada perda de peso. 3.3.2. Plano C: realizado em ambiente hospitalar por via EV, indicada para pacientes em choque, com desidratação de 3º grau ou com rebaixamento do nível de consciência que ameaçe a via aérea. Deve ser substituído pela TRO tão logo quanto a criança a aceite. 3.3.2.1. Fase Rápida: 20ml/kg em 30min ou 10ml/kg em 30 minutos se a criança for RN ou cardiopata. A 1ª escolha é o SF 0,9% num volume total de 30ml/kg se a criança for > 5 anos. 3.3.2.2. Fase de Manutenção: volume administrado em 24hrs calculado a partir do peso e idade. O esquema ao lado é feito com SG 5% + SF 0,9% na concentração de 4:1. É necessário acrescentar 2ml de KCL 10% a cada 100ml de volume da fase de manutenção. 3.3.2.2.1. Peso < 10kg = 100ml/kg 3.3.2.2.2. Peso entre 10-20kg = 1000ml + 50ml/kg para cada kg que excede 10kg 3.3.2.2.3. Peso > 20kg = 1500ml + 20ml/kg para cada kg que excede 20kg 4. Medidas Adicionais 5. Diarreia Aguda: são os quadros com duração < 14 dias. Doença auto limitada. 5.1. Fatores de Risco: baixo peso ao nascer, desidratação grave, desnutrição grave, lactante jovem, febre alta > 39°c, pneumonias secundárias e pais ignorantes 5.2. Patogênese das DA 5.2.1. Osmótica: adesão do patógeno, lesão do enterócito, acúmulo de solutos, retenção de líquidos, fermentação de açúcares com produção de gás e acidificação das fezes, fezes explosivas acompanhadads de gases, dor abdominal e nauseas. Não tem sangue nas fezes e um dos principais exemplos é o Rotavírus 5.2.2. Secretora: endotoxinas bacterianas promovem secreção ativa de água e ânions cloreto e bicarbonato. 5.2.3. Invasora: micorganismos invadem os enterócitos e os lesam, havendo também componente secretor. 5.3. Etiologias 5.3.1. Virais: Rotavírus, Adenovírus, Coronavírus, Enterovírus 5.3.1.1. Rotavírus: diarreia aquosa e bastante volumosa em geral com febre alta. Causa mais frequente de diarreia em lactentes. 5.3.2. Bacteriana: E.coli enteropatogênica (EPEC), Salmonella, Shiguella (causa + frequente de disenteria), Clostridium difficile e Vibrio cholerae 5.3.2.1. EPEC causa a diarreia do viajante 5.3.2.2. Cólera produz um quadro diarreico muito mais graves com desidratação intensa e rápida. 5.3.2.3. Shigella é um dos principais causadores de disenteria. 5.3.2.4. Diarreia causada por Salmonella tem início mais rápido e menos duração. 5.3.3. Protozoários: Giardia intestinalis e Entamoeba histolytica 5.4. Diagnóstico: a história clínica e o exame físico são os principais recursos. 5.4.1. Sintomas: vômitos, febre, tenesmo, flatulência, dor abdominal, distensão, anorexia, perda da continência, fezes explosivas 5.4.2. Avaliação: frequencia e quantidade, sintomas associados e sinais de alerta (febre ou presença de sangue/muco), queda do estafo geral e HPP. 5.4.3. Exame físico: grau da desidratação, tempo de enchimento capilar, turgor da pele, ausência de lágrimas, diferença do peso anterior x atual é padrão-ouro, temperatura, PA, FC e FR. 5.4.4. Exames Complemantares: pesquisa específica para patógenos pode ser usada em casos graves ou na caracterização de surtos, os demais pacientes não tem necessidade. É interessante solicitar HMG, dosagem de eletrólitos (sódio, potássio, cloro e magnésio) 5.5. Complicações: desidratação, desnutrição, acidose metabólica, choque, IRA ou distúrbios hidroeletrolíticos 5.5.1. Hipocalemia é mais frequente em crianças desnutridas. 5.6. Tratamentos: a terapia de reidratação oral (TRO) feita com os sais de reidratação oral (SRO) são a primeira escolha nas diarreias com desidratação leve ou moderada. 5.6.1. Oferta acima da perda ocorrida num período inicial de 4-6hrs. Nos postos tem a SRO de 1975 que tem osmolaridade mais alta. 5.6.2. Refrigerantes e repositores hidroeletrolíticos como Gatorade devem ser evitados. O soro caseiro só deve ser usado em diarreias com desidratação leve ou sem sinais de desidratação. A partir da desidratação de 2º grau o SRO é 1ª escolha. 5.6.3. Sugere-se a suplementação de zinco na dosagem de 10mg (até 6m), 20mg (> 6m) na frequência de 1x ao dia por 10-14 dias. 5.6.3.1. Biozinc na quantidade de 2,5ml para idade < 6m e 5ml para idade > 6m. 5.6.4. Crianças com vômitos excessivos devem ter a TRO fracionada em porções menores com frequência mais elevada. 5.6.5. Antibióticos são usados apenas para pacientes com presença de sangue nas fezes ou com grande comprometimento do estado geral. 5.6.5.1. Ciprofloxacino ou Ceftriaxone 5.6.6. Antiparasitários: A Nitazoxanida é a opção para diarreias causadas por rotavírus (quando administrada precocemente) ou por Protozoários. 5.6.7. Antisecretórios: o Racecadotrila ou Tiorfan é um inibidor das encefalinas que reduz a secreção intestinal e produção de fezes. Estudos apontam como tratamento adjuvante nas diarreias agudas.
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