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Ortopedia e Traumatologia – Bloco 2 Vitória Martins Castro Feitosa Deformação plástica Quando a carga no osso da criança atinge o ponto de quiescência (faz deformidade), porém não atinge o ponto de fratura. Fratura em galho verde é uma deformidade plástica onde uma cortical é faturada e a outra continua íntegra. Fratura em “toro” é uma fratura que normalmente é na junção metafisodiafisária, onde a diáfise é mais dura do que a metáfise, e é nada mais nada menos que o amassamento das duas corticais do osso. Nessa radiografia em AP do punho de uma criança (possível observar a epífise de crescimento do rádio distal), há uma fratura em galho verde do rádio e da ulna, provocada por uma carga nesse antebraço. É importante notar que tem uma fratura da cortical lateral, enquanto a cortical medial continua íntegra. As setas mostram a direção da força. Essa imagem em AP também do punho mostra uma fratura em “toro” do rádio distal, na junção metafisodiafisária, evidenciando um acunhamento dessa cortical óssea, porém é uma fratura de difícil diagnóstico. Vale lembrar que sempre deve olhar o quadro clínico da criança. além disso, observa- se novamente uma fratura em galho verde da ulna. Anatomia Apófise É o centro de ossificação secundário, um local de infecção tendinosa e sempre é extra articular. Epífise É o centro de ossificação secundário de um osso. Periósteo Ele vai ser espesso, vascularizado e altamente osteogênico. É um tecido firmemente aderido à placa de crescimento, ao nível do anel pericondral de LaCroix. Frequentemente permanece intacto no lado da compressão da fratura. Vai ser uma membrana que percorre praticamente todo o osso da criança e do adulto, mas na criança é mais espesso, tem uma capacidade osteogênica muito grande e é muito vascularizado. considerações fisiológicas O periósteo é vital para a consolidação, pois é altamente osteogênico e na fatura vai ser primordial para a consolidação. As lesões epifisárias na criança normalmente são tratadas com imobilização não rígida (com gesso), a consolidação vai ser do tipo secundária (endocondral e intramembranosa) e 90% podem ser tratadas sem cirurgia. Placa de crescimento São quatro zonas na placa de crescimento: • Zona germinativa (repouso): onde germina as células osteogênicas. - Próximo à circulação, no lado articular. - Células de repouso. • Zona proliferativa: onde proliferam essas células. - Camadas de divisão celular. • Zona hipertrófica ou de maturação: crescimento celular. • Zona de calcificação provisória ou endocondral: logo após, forma o osso lamelar. - Vascularização a partir da zona de hipertrofia → brotos vasculares. - Rápida calcificação e formação de osso lamelar. OBS.: logo abaixo dessas zonas vai formar ossificação do osso, onde se encontra uma zona de Ranvier (de crescimento), o anel de LaCroix (quando você tem uma carga axial nessa epífise, este anel se distende fazendo que evite a fratura e ocorra a lesão, mas dependendo da carga sempre vai haver a fratura). Existe ainda as artérias que nutrem a epífise (artéria epifisial e artéria metafisária). Então, nas zonas hipertrófica e de calcificação vai ter predomínio de produção de matriz celular, hipertrofia celular, apoptose e calcificação de matriz, formando osso. A parte azul é formada praticamente por cartilagem, a zona de calcificação vai ter uma cartilagem calcificada e essa parte amarela, logo abaixo da zona de ossificação, o osso, em que encontramos o canal medular e as duas corticais. além disso, tem o anel de LaCroix, que, quando a epífise é submetida a uma carga axial, se distende, evitando o rompimento dessa epífise. Tipos de lesão da fise Epidemiologia das lesões fisárias Elas são de 20 a 30% das fraturas das crianças, das quais 71% são dos membros superiores, incidência de dois homens para uma mulher e é mais comum na idade pré-puberal (11 a 14 anos). É incomum em crianças abaixo de cinco anos. Os locais mais comuns de lesões fisárias são falanges, rádio distal e a tíbia distal. Mecanismos de trauma • Compressão: pode ser uma lesão impactada ou em torus → não precisam de redução, faz apenas uma imobilização. • Torção: em crianças mais novas, com periósteo espesso. A diáfise vai ceder antes que a fise → fratura espiral longa. • Traumas em flexão: fraturas em galho verde e deformidade plástica. Classificação de Salter-Harris Pode ser subdividida em cinco tipos: • Tipo I: fratura transversal ao longo da placa de crescimento → não vai ter traço articular nem traço metafisário. Mais comum em bebês e o local mais acometido é as falanges. Tem excelente prognóstico para crescimento, exceto em lesão do fêmur proximal e distal, que pode comprometer o crescimento. Afeta geralmente as regiões hipertrófica e calcificada, mas pode afetar outras. O diagnóstico é sempre radiográfico e clínico. • Tipo II: atravessa parte da placa de crescimento, atingindo a metáfise, de modo a formar o fragmento de Thurston-Holland ou fragmento metafisário sempre do lado da compressão. É o tipo mais comum, são 75% das lesões, o prognóstico é bom e pode deixar sequelas se não tratada. • Tipo III: lesão longitudinal na epífise e o traço vai ser articular, formando dois fragmentos. Vai afetar a camada germinativa e proliferativa. O prognóstico às vezes é reservado, principalmente por se tratar de um traço articular e comprometer toda a sua epífise. Necessita de redução anatômica e é mais comum em crianças mais velhas (11 a 14 anos). • Tipo IV: atravessam verticalmente a epífise, passam pela fise e saem pela metáfise. São lesões intra-articulares, afetam as 4 zonas e necessitam de redução anatômica. O prognóstico é ruim/reservado. • Tipo V: é um tipo raro, difícil de ser diagnosticado. Normalmente, decorre da força de esmagamento e a radiografia inicial é sempre normal. Faz o diagnóstico quando essa fise para de crescer, quando aquele membro interrompe seu crescimento. É mais comum na tuberosidade anterior da tíbia, fazendo recurvato do membro da criança. • Tipo VI (Hang): é uma lesão periférica em volta da placa de crescimento, é algo raro também. Essas lesões podem formar barras ósseas. Tratamento Lesões Salter-Harris tipo I e II Como são lesões que não vão afetar a camada germinativa e proliferativa, vai ter uma remodelação boa. Pode aceitar um desvio angular de até 10° nas crianças abaixo de 6 anos. Pode fazer no máximo duas tentativas de redução, logo após você pode imobilizar esse membro com gesso ou tala axilopalmar, dependendo de onde for a fise lesionada. Lesões Salter-Harris tipo III e IV Vão afetar a camada germinativa, então a probabilidade de distúrbios de crescimento é maior. São lesões articulares e que precisam de uma redução anatômica e síntese/fixação mínima. Fraturas parcialmente consolidadas Se não comprometer a camada germinativa ou superfície articular (I e II), pode aceitar o desvio angular e aguardar a remodelação óssea. Pode haver correção futura, se necessário. Quando compromete a camada germinativa ou superfície articular (III e IV), não pode aceitar desvio angular e deve intervir. Fixação • Lesões em grandes articulações: são áreas que exigem carga do corpo, como o fêmur com a tíbia. • Pacientes com Síndrome Compartimental • Fraturas expostas. • Lesões vasculares. • Múltiplas fraturas. • Paciente politraumatizado. Nessa radiografia em AP e perfil de um punho, mostra a fise fixada com fio. Essa fixação não está correta, não está gerando estabilidade. Observa-se o escorregamento da fise, ela não está encaixada aqui na região metafisária e fez aquele fragmento de Thurston-Holland - classificação tipo II de Salter-Harris.
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