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Clamídia, riquétsias e micoplasma

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INFECÇÕES POR CLAMÍDIAS, RIQUÉTSIAS E MICOPLASMAS 
 
CLAMÍDIAS 
 
Apresentam tropismo pelas células epiteliais colunares. São incapazes de sintetizar ATP, sendo bactérias 
intracelulares obrigatórias e que não se replicam fora das células. 
 
Estrutura: o corpo elementar é a forma infecciosa do organismo, e não sobrevive no meio extracelular. O corpo 
reticulado, maior, é a forma intracelular e metabolicamente ativa. 
2 componentes do corpo elementar são de importância diagnóstica: proteína de membrana externa 
principal (MOMP); e antígeno lipolissacarídeo (LPS, é gênero específico). 
 
Replicação: ocorre a fixação do corpo elementar a uma microvilosidade na célula colunar suscetível, mediada por 
pontes de heparina. O corpo elementar desce pela microvilosidade e se aloja nas indentações da membrana. Nesse 
local, a clamídia entra na célula hospedeira por endocitose. 
C. psittaci: endossomos não são acidificados e não se fundem aos lisossomos da célula. As células infectadas 
sofrem danos sérios, e os organismos são liberados por lise em 48 horas. 
C. trachomatis: endossomos se fundem uns aos outros e aos lisossomos. A inclusão é expulsa pela fusão 
com a membrana plasmática em 72-96 horas (deixa lesão na célula). 
 
Tratamento: padrão é tetraciclina. Para infecções genitais pode incluir azitromicina. Em infecções oculares, uso de 
eritromicina ou silfisoxazol para RN. Sulfas não são eficazes em C. psittaci e C. pneumoniae. 
 
C. trachomatis 
 
Causa três principais doenças clínicas: 
1. Tracoma clássico: importante causa de cegueira, normalmente transmitido entre crianças por meio dos 
dedos da mão, fomites e provavelmente moscas. 
2. ISTs em adultos: linfogranuloma venéreo (LGV) é a única infecção causada por C. trachomatis que produz 
envolvimento multissistêmico e manifestações constitucionais. Em mulheres pode ocorrer infecção da 
endocérvix, cervicite mucopurulenta, doença inflamatório pélvica, infertilidade e gravidez ectópica. 
3. Infecção perinatal de trato ocular e respiratório: casos de conjuntivite se resolvem sem terapia. Alguns 
casos podem evoluir para pneumonite intersticial. 
 
Diagnóstico 
Secreções purulentas são inadequadas e precisam 
ser removidas antes da coleta. É preferível utilizar 
swabs Dracon ou com ponta de raiom. Swabs com haste 
de madeira são tóxicos para o organismo; os de alginato 
de cálcio são tóxicos também para as células que 
sustentam o crescimento do mo; os de algodão podem 
ser tóxicos, as vezes. 
 
*Sorologia: pouco valor diagnóstico. Útil em LGV e 
pneumonite em bebês (IgM por imunofluorescência, 
positivo com título >1:32). 
*Cultura: método de referência; a adição de ciclo-
heximida melhora a sensibilidade. A cultura pode ser feita em placas de 24 poços ou na superfície de poliestireno em 
placas de 96 ou 48 poços. 
 
 
Métodos de detecção direta não cultura 
Anticorpos 
fluorescentes diretos 
(TAFD) 
Permite a visualização direta dos corpos elementares e possibilita verificar a adequação da amostra. 
O uso de anticorpos dirigidos contra MOMP são mais específicos. 
Pode ocorrer coloração de outros organismos, principalmente em espécies retais. 
Imunoensaio 
enzimático 
Detectam o LPS. 
Pode ocorrer FP com infecção no trato urinário ou contaminação com muco cervical. 
Processamento de 15-30min para sistemas de membrana e de 3-4hrs em sistemas de fase sólida. 
Hibridização de ácido 
nucleico 
Podem ser usadas amostras urogenitais e de conjuntiva. 
Processamento de 2-3hrs. 
Amplificação de ácido 
nucleico 
Permite a detecção direta do microrganismo em amostras endocervicais, uretrais masculina e urina. 
 
Chlamydophila psittaci 
 
Aves psitaciformes são o principal reservatório. Transmissão de indivíduo-indivíduo é rara. 
Houve diminuição de casos de psitacose após a adição de tetraciclina em ração de aves, em alguns países. 
 
Patologia: C. psittaci entra no corpo via trato respiratório e é transportado até os macrófagos hepáticos e esplênicos. 
Após replicação, caem na circulação sanguínea e seguem até os pulmões, que constituem o alvo primário da 
infecção. Em casos graves, ocorre envolvimento do miocárdio, pericárdio, meninges, cérebro e adrenais. 
 
Doença clínica: tosse seca e curta é comum, mas pode ocorrer escarro mucoide com estrias de sangue. Em alguns 
casos, ocorrem erupções cutâneas maculares chamadas de manchas de Horder. 
 
Diagnóstico: pode ser mantido em cultura, mas é um organismo bastante virulento. Normalmente diagnóstico 
ocorre com sorologia. 
 
Chlamydophila pneumoniae 
 
É transmitido de um indivíduo a outro e não possui reservatórios em aves ou outros animais. A doença costuma ser 
branda e autolimitada. 
 
Diagnóstico: sorologia, principalmente. O teste de microimunofluorescência com antígeno TWAR é específico para C. 
pneumoniae. São diagnóstico: IgG >1:512 ou IgM >1:16. 
 
 
RIQUÉTSIAS 
 
Possuem parede celular de GN, são intracelulares obrigatórias e transmitidas por vetores artrópodes. 
 
Rickettsia 
 
Estrutura: se fixam à célula hospedeira por meio de uma proteína adesina, entram nessa célula via indução de 
fagocitose e escapam do fagossomo. As riquétsias do grupo das febres maculosas são impulsionadas para dentro (e 
para fora) das células por estimulação da polimerização de actina F em um dos polos da célula, e se disseminam 
mais facilmente. Aquelas que não manifestam esse tipo de atividade (p. ex., Rickettsia prowazekii) se dividem no 
meio intracelular e dão origem a inúmeras bactérias, até que a célula hospedeira estoura. 
 
Doença Clínica 
Febre maculosa das 
montanhas rochosas 
Mais grave; transmissão por carrapatos. Casos fulminantes associados a hemólise moderada (em 
indivíduos suscetíveis; p. ex., deficiência de G6PD). 
O endotélio vascular é o alvo da infecção, e a lesão ocorre por espécies reativas de oxigênio. As 
consequências dessa lesão incluem meningoencefalite e edema pulmonar. 
-Manifestações: mialgia, manchas em tornozelo e punhos, petéquias. Insuficiência renal e 
envolvimento do SNC em casos graves. 
Febre africana, febre 
botonosa e outras 
febres maculosas 
Presença de escaras no local da mordida do carrapato; erupções cutâneas escassas. Em casos graves, 
pode ocorrer infecção endotelial disseminada. 
A infecção da escara pode levar a necrose e edema perivascular. 
A depuração dos microrganismos ocorre pelos linfócitos T citotóxicos. 
Riquetsiose 
variceliforme 
Por R. akari, transmitido por um ácaro gamasídeo. Ocorrência de erupções cutâneas que evoluem para 
vesículas. 
Tifo murinho e tifo 
epidêmico 
Causada por R. typhi e transmitida por pulgas - tifo murino. Pode ocorrer recrudescência de infecções 
causas por R. prowazekii. 
Infecção adquirida por inoculação intradérmica das fezes de pulgas infectadas na pele escoriada 
durante o ato de se coçar; inalação de aerossóis; inoculação direta com a picada. 
Consequências graves envolvem meningoencefalite e lesão alveolar difusa. 
 
Diagnóstico: geralmente se faz tratamento empírico com base em suspeita clínico-epidemiológica. Sorologia 
principalmente na fase de convalescência (padrão ouro com IFI; tem testes de aglutinação de cepas de Proteus 
vulgaris, mas são pouco S/E). Na fase aguda pode ser feita: 
*Demonstração imuno-histológica em lesões cutâneas (técnica de Wolbach com Giemsa ou de Brown-Hopps); 
*Identificação imunocitológica em células endoteliais soltas circulantes. Essas células são capturadas a partir do 
sangue com o auxílio de pérolas imunomagnéticas recobertas com anticorpos monoclonais específicos para um 
antígeno de superfície das células endoteliais humanas. Pode coletar antes de ter lesões cutâneas. 
*Detecção do DNA em amostras de sangue e tecido por PCR (pode falhar se tá muito no início da infecção); 
*Cultivo com amostras de sangue e tecidos. 
 
Tratamento: doxiciclina, tetraciclina ou Cloranfenicol. 
 
Orientia tsutsugamushi 
 
Causa o tifo rural. Difere das outras riquétsiaspela parede celular GN com folheto externo mais espesso e um folheto 
interno mais delgado no envelope exterior, proteínas distintas e ausência de LPS e peptidoglicano. A bactéria vive em 
ácaros e infecta mais células endoteliais do que macrófagos. 
 
* Pacientes gravemente doentes podem desenvolver hipotensão, meningoencefalite, insuficiência renal aguda e 
fenômenos hemorrágicos. Trata com tetraciclina e Cloranfenicol. 
 
Diagnóstico: título >1:400 em IFA; teste da imunoperoxidase indireta; aglutinação da cepa OX-K de Proteus mirabilis 
(insensível); sorologia; PCR. 
 
Erlichia e Anaplasma 
 
São cocobacilos pequenos, transmitidos por carrapatos, intracelulares obrigatórios e GN, que residem dentro de 
vacúolos citoplasmáticos em leucócitos. A colônia da bactéria na célula é similar a uma amora (chama mórula). 
 
*Diagnóstico por amplificação de DNA com PCR; identificação das mórulas no sangue periférico (trabalhosa mas 
definitiva); sorologia, usualmente (títulos >1:64). Tratamento com doxiciclina. 
 
Doença Clínica 
Erliquiose 
monocitotrófica 
humana 
E. chaffeensis transmitido pelo carrapato estrela. Disseminação linfática e hematogência, com 
presença de mórulas em monócitos e macrófagos (de diferentes locais do corpo). 
Complicações graves: síndrome da angústia respiratória do adulto, CIVD e insuficiência renal. 
Pode ocorrer envolvimento do SNC com presença da bactéria no LCR. 
Infecção por E. 
ewingii 
Infecção principalmente em neutrófilos. Problema em imunocomprometidos. 
Anaplasmose 
granulocitotrófica 
humana 
Apresentação variável, normalmente com trombocitopenia (leucopenia as vezes). 
Pode ocorrer lesão hepática e doença similar a choque séptico em casos graves. 
 
Coxiella burnetti 
 
Faz parte do grupo γ das proteobactérias; um GN que varia de bastonete a coco. Na microscopia, se apresenta como 
células grandes e pequenas células densas (estágio de desenvolvimento similar a esporo). A Coxiella entra no 
macrófago por interação com a integrina αvβ3. 
*Em culturas de células ou de ovos, longas passagens do microrganismo fazem com que ele perca a 
capacidade de sintetizar uma molécula integral de LPS. Essa alteração é chamada de variação de fase. A 
fase I é encontrada na natureza, em indivíduos e animais infectados. A fase II ocorre em laboratório, como 
consequência de deleções de genes. 
 
Febre Q 
O ser humano é infectado via inalatória ou ainda por ingestão de leite não pasteurizado. A doença aguda com 
frequência pode ser uma doença febril autolimitada e indiferenciada, pneumonia, hepatite ou meningoencefalite. 
*A febre Q crônica é considerada sinônimo de endocardite por C. burnetii, contudo pode ocorrer também como 
infecção de um aneurisma, prótese vascular ou osteomielite. 
*Tratamento é feito com doxiciclina; Quinolonas, Macrolídeos e rifampicina são alternativos. 
 
Diagnóstico 
*Sorologia com antígenos das fases I e II; na doença aguda, os anticorpos contra antígenos de fase II surgem mais 
cedo; EIA e IFI são altamente S/E. 
*PCR é mais S que sorologia nos primeiros 15 dias. 
*Em doença crônica, pode ser feita coloração imunohistoquímica, microscopia eletrônica, cultura e PCR. 
 
Bartonella 
 
BGN intracelulares facultativos, não produzem ácido a partir de carboidratos e normalmente vivem em hemácias. 
 
Diagnóstico 
*Cultura mediante lise das hemácias, ágar chocolate ou Columbia em jarra a 35ᵒC por mais de 1 mês. 
B. hanselae: oxidase, catalase e urease negativo; não utiliza carboidratos. Movimentos de contorção a fresco. 
B. bacilliformis: colônias podem ser detectadas em ± 18 dias. 
*No caso da Febre de Oroya, as bactérias podem ser vistas no sangue periférico corado por Giemsa. 
*PCR ou sorologia em endocardite (reação cruzada com C. burnetti). WB é definitivo. 
Doença Clínica 
Doença da 
arranhadura do 
gato, angiomatose e 
peliose bacilar 
B. hanselae; presença de pápula ou pústulo no local de inoculação - mais evidente em 
imunocomprometidos, que podem ter lesões angioproliferativas cutâneas ou viscerais. Na pele, chama 
de angiomatose bacilar, lesões no fígado e baço são chamadas de peliose hepática e esplênica. 
Febre das 
trincheiras 
B. Quintana, transmissão por piolhos (bactéria nas fezes, inseridas por meio do ato de coçar). 
Ocorre mialgia e erupções cutâneas maculares e evanescentes, que recidivam com frequência em 
intervalos de 4-5 dias. 
Pode ocorrer bacteremia persistente (mesmo se saudável). 
Febre de Oroya e 
verruga peruna 
B. bacilliformis transmitidos pelo mosquito-pólvora (Lutzomiya). Pode ocorrer doença aguda (febre de 
Oroya, tratada com ciprofloxacino) ou na forma de lesões cutâneas crônicas (verrugas peruanas, 
tratadas com rifampicina). 
Há invasão de hemácias com eritrofagocitose e anemia. As verrugas se apresentam como nódulos 
insensíveis com cor vermelha-púrpura. Demoram 1-2 meses para crescer e podem durar anos. 
 
Tratamento: A doença da arranhadura do gato costuma ser autolimitada; linfadenopatia tratada com azitromicina; 
endocardite com Aminoglicosídeos (pode ocorrer recidiva). 
 
MICOPLASMAS 
 
São os menores organismos de vida livre conhecidos. A maioria é anaeróbio facultativo, NÃO POSSUEM PAREDE 
CELULAR e são desprovidos das enzimas de vias de síntese de purinas e pirimidinas (requerem meios complexos para 
crescimento). 
 
M. pneumoniae 
 
Epidemias em populações confinadas, disseminação por contato íntimo pessoa-pessoa. Casos de pneumonia são 
mais comuns em adultos jovens; doença normalmente é autolimitada. 
Tratamento com tetraciclina, Quinolonas ou macrolídeos. 
 
*Doença grave relacionada com a resposta imune do hospedeiro frente a reinfecção. Há produção de 
autoanticorpos, anticorpos da classe IgA e reações mediadas por linfócitos T (determinam a gravidade). 
*O parasita de superfície coloniza a mucosa do trato respiratório, se fixando nas células (pela proteína P1) e se 
movendo por deslizamento. Se localiza nas criptas e pregas da membrana do hospedeiro, ficando assim protegido 
da fagocitose. Ocorre produção de espécies reativas de oxigênio, que lesam as células superficiais. 
 
Diagnóstico 
*Soro, material de garganta, LBA, escarro e tecido pulmonar. 
*Detecção de aglutininas frias é um método inespecífico (após 15 dias da infecção). 
*Isolamento em sistema de cultura bifásico, mantido por até 3 semanas. Colônia similar a 
ovo frito. Lembrar que o M. pneumoniae é β-hemolítico (pode testar em ágar sangue). 
*Sorologia é mais útil na fase aguda (se fazendo IgG, testar amostras pareadas). 
 
Micoplasmas genitais 
 
Normalmente ocorre colonização de RN após o parto. 
 
*Ureaplasma urealyticium causa uretrite não gonocócica. Trata com eritromicina, macrolídeos e 
quinolonas; é resistente a clindamicina. 
*M. hominis causa febre pós-aborto e febre pós-parto. Trata com clindamicina e Quinolonas, é 
resistente a eritromicina. 
Em imunocomprometidos, ambos podem ser mais graves e levar a comprometimento de outros órgãos. 
 
Diagnóstico 
-Isolamento de material de uretra, vagina, endocérvix, sangue, urina, secreções prostáticas, abcessos. 
-Cultura em ágar sangue ou ágar U (para Ureaplasma); pH ideal de 5,5-6,5 para U. urealyticum e 6-8 para M. hominis 
(esse último produz ponto de colônia não hemolítica, mas com aspecto de ovo frito em 5 dias) . 
 
 
 
 
 
 
 
Referência: Diagnósticos Clínicos e Tratamento por Métodos Laboratoriais de Henry. 21ªed. 2012.

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