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FATORES PREDISPONENTES E MODIFICADORES DAS DOENÇAS BIOFILME DEPENDENTES BEATRIZ CÂMARA DE OLIVEIRA ODONTOLOGIA UFRN FATOR ETIOLÓGICO: fator presente em todos os indivíduos de todas as populações que apresentam a doença. Cárie e Doença Periodontal =>presença de acúmulo do Biofilme O QUE É RISCO? “Probabilidade de um membro de uma população definida desenvolver uma dada doença em um período de tempo.” E FATOR DE RISCO? (SOZINHO NÃO É SUFICIENTE PARA CAUSAR A DOENÇA!) “Característica biológica, ou exposição ambiental e/ou comportamental que aumenta a probabilidade de um indivíduo desenvolver determinada doença em uma escala temporal.” Distais: Sociais Comportamentais (Indivíduo / População) Proximais: Microbiológicos Clínicos (Superfície Dentária) FATORES DE RISCO: Os determinantes da saúde podem ser definidos como os fatores que influenciam, afetam e/ou determinam a saúde dos povos e cidadãos Fatores Determinantes: fatores imperativos para o desenvolvimento da doença. Fatores Predisponentes: fatores de risco diretos ou indiretos de retenção do biofilme. (facilita a instalação e progressão da doença) Fatores Modificadores: fatores que alteram as condições de risco e podem modificar o curso da doença Idade Sexo (fatores hormonais) Raça / etnia Fatores Genéticos NÃO-MODIFICÁVEIS (antecedentes): não são passíveis de intervenção Microbiota Fatores de retenção de biofilme Tabagismo Diabetes HIV/AIDS Medicamentos Dieta Estresse MODIFICÁVEIS: passíveis de intervenção As formas mais graves da doença periodontal aparecem de modo mais significativo nos adultos de 35 a 44 anos; (DOENÇAS SISTÊMICAS, MEDICAÇÕES, MORBIDADES ASSOCIADAS, DISTÚRBIOS NUTRICIONAIS) Nos idosos, os problemas gengivais têm pequena expressão em termos populacionais. (EDENTULISMO E MENOR NÚMERO DE DENTES) IDADE ✓12 anos – 63% sem problemas periodontais ✓65 a 74 anos – 1,8% sem problemas periodontais NÃO-MODIFICÁVEIS As doenças periodontais em idosos são comuns e suas consequências são significativas. Aparente prevalência e gravidade aumentadas com o aumento da idade. Representa o efeito cumulativo da exposição prolongada a vários fatores de risco. Difícil relacionar o aumento da suscetibilidade com o avanço da idade ou com fatores de confundimento como uso de medicações, doenças sistêmicas e condição de fragilidade. ✓Desregulação na imunidade inata => Doenças periodontais mais pronunciadas Deterioração da Saúde Oral (devido fragilidade do idodo) ✓Redução da mobilidade e o desenvolvimento da incapacidade ou dependência => Acesso aos cuidados odontológicos prejudicado Desequilíbrio hormonal presente nessa fase da vida Exacerbação da resposta tecidual aos fatores etiológicos locais presentes SEXO ✓Não existe diferença estabelecida entre os sexos, embora homens demonstrem pior saúde periodontal que mulheres em vários estudos de população FATOR COMPORTAMENTAL? Estética; Saúde; Higiene; Consultas Regulares FATORES HORMONAIS: Puberdade Algumas Doenças Periodontais incomuns são mais prevalentes nessa faixa etária Características comportamentais associadas a este período, as quais se refletem num mau controle do biofilme, levando ao maior acúmulo de fatores etiológicos. Elevado nível de Progesterona e Estrógeno Alterações na permeabilidade vascular Edema gengival e resposta imunológica acentuada Alteração na Microbiota ( aumento de prevotella intermedia) Gestação 1. 2. 3. RAÇA/ETNIA ✓Diferença na prevalência entre países e continentes já foi amplamente demonstrada ✓Forte relação entre Raça/Etnia e Situação sócio- econômica FATORES GENÉTICOS ✓Variações hereditárias tem um papel aproximadamente igual ao que o meio ambiente desempenha na determinação de quem é afetado pela doença e quem não é. Resposta do hospedeiro Síndromes Genéticas => Acometimentos Periodontais Condições Metabólicas => Alteradas Comorbidade Periodontal ✓Fator genético: MODIFICÁVEIS acúmulo de biofilme resposta inflamatória do hospedeiro mudanças nas condições ambientais locais favorecem o crescimento de bactérias gram-negativas, anaeróbias estritas e proteolíticas. 1. 2. 3. 4. MICROBIOTA ✓Além dos produtos microbianos terem o potencial de destruir diretamente os tecidos, ainda incitam células do hospedeiro a secretarem mediadores próinflamatórios PERIODONTOPATOGÊNICA: ✓Infecções polimicrobianas: cada espécie apresenta uma patogenicidade limitada quando analisada isoladamente, mas a cooperação e o sinergismo entre esses microrganismos originam combinações altamente patogênicas acúmulo de biofilme associado frequente exposição a carboidratos fermentáveis da dieta quedas no pH regulares e prolongadas favorece bactérias acidogênicas e acidúricas desmineralização do dente 1. 2. 3. 4. 5. Hipofunção da glândula salivar Radioterapia na região de cabeça e pescoço Síndrome de Sjögren Sialolitíase Sialoadenite Medicamentos Diabetes - poliúria SALIVA: fluido de origem glandular de conteúdo aquoso e com altas concentrações de proteínas e eletrólitos e desempenha uma papel importante na saúde do indivíduo devido às funções exercidas por seus componentes. Principais causas de hipossalivação: Coronalmente à margem gengival - visível Em único dente ou generalizado Consistência rígida - argilosa Coloração variável - sofre influência de hábitos como tabaco e pigmentos alimentares Formados em áreas de dentição perto dos ductos das glândulas salivares e onde poucas lesões de cárie ocorrem Pode ocorrer na superfície oclusal, quando não há antagonistas funcionais LOCALIZAÇÃO: SUPRAGENGIVAL Estreptococos do grupo mutans; Lactobacilos; Actinomicetos. Atividade acidogênica; Capacidade de aderência superfície; Produção de polissacarídeos de reserva / acidófila. CARIOGÊNICA: ✓Bactérias acidogênicas ✓Microbiota cariogênica PRESENÇA DE CÁLCULO É o principal fator retentivo de biofilme na cavidade bucal Biofilme dental mineralizado Seu grau de formação está relacionado com a quantidade de biofilme e com a secreção das glândulas salivares Abaixo do bordo da gengiva marginal Detecção: sondagem, jato de ar e RX Coloração marrom ou preto esverdeado Rígido e denso Pode ocorrer concomitante ou não ao supra Íons minerais oriundos do fluido gengival e sangue SUBGENGIVAL fluido gengival ou exsudato inflamatório fornece os minerais; camadas mais homogêneas. FORMAÇÃO: Cálculo supragengival: precipitação de sais minerais da saliva em camadas heterogêneas Cálculo subgengival: Bruxita Fosfato octacálcico Hidroxiapatita Fosfato de cálcio (90%) Proteínas/carboidratos Células descamadas Leucócitos (10%) Esmalte dental Superfície radicular Outras superfícies ASPECTOS ESTRUTURAIS: COMPOSIÇÃO ADESÃO: *Não contribui diretamente para a inflamação gengival, mas favorece o contínuo acúmulo de biofilme e sua retenção em íntimo contato com a gengiva. *O cálculo dentário sempre se encontra revestido por biofilme não-mineralizado viável. O cálculo não é causa primária de doenças periodontais! Efeito mecânico da formação do cálculo: Epitélio é deslocado e permite que bactérias do biofilme não-mineralizado se aproximem mais do osso alveolar. Não há desmineralização dentária sob o cálculo, pois ele é supersaturado em relação à superfície dentária. O cálculo pode se formar sobre uma lesão de cárie inativa. OBSERVAÇÕES SOBRE CÁLCULO! Varia entre indivíduos e também no mesmo indivíduo Início entre o 1º e 10º dia de formação de biofilme 2 dias => 50% de mineralização 12 dias => 60-90% mineralizado FORMAÇÃO: intra e extracelular Teorias de Formação 1. A precipitação mineral resultaria de um aumento local no grau de saturação dos íons cálcio e fosfato causada por diferentes mecanismos (ex.: pH alcalino). 2. Indução de pequenos focos de calcificação que crescem e se misturam, formando uma massa calcificada. OBS: presença de promotores da calcificação (ex.: fosfatases) / ausência de inibidores de calcificação (ex: zinco) Deposição de saliva, componentes orgânicos, bactériaspresentes no ambiente oral e poucos componentes inorgânicos através de uma adesão reversível por interações físico-quimico não específicas As bactérias passam a secretar substância que serão responsáveis pela manutenção da adesão e da camada que envolve o biofilme. Nesta fase há a precipitação de sais da saliva ou fluido gengival e início da formação de microcolônias e do desenvolvimento da arquitetura do biofilme maduro Processo de calcificação pode ser acompanhado por alterações de conteúdo microbiológico e de coloração e varia entre indivíduos, entre regiões distintas no mesmo indivíduo. ✓ Intracelularmente: bactérias produzem cristais intracelulares à mineralização se espalha até a matriz Papel dos Microrganismos na Mineralização do Cálculo A mineralização pode se iniciar: ✓Extracelularmente: na matriz extracelular ao redor de microrganismos RESTAURAÇÕES EM SOBRECONTORNO ✓ O sucesso da restauração deve ser analisado pela anatomia oclusal, contatos proximais, estética e função, contorno e adaptação marginal. O sobrecontorno favorece a retenção do biofilme dentário Dificulta a higienização Defeitos marginais resultam na inflamação do tecido adjacente e em recidivas de cáries Ideal: términos cervicais supragengivais ou extentidos 0,5 mm intrassulcularmente ✓ Assim, os contornos assumem atribuições imprescindíveis nas relações das restaurações com a saúde periodontal devendo exibir contorno plano e contínuo na emergência do sulco gengival. ✓ Acabamento: retirada de excessos grosseiros do material restaurador, melhorando a anatomia e contorno ✓ Polimento: confere lisura e brilho, contribuindo para menor pigmentação e aderência de biofilme A lisura superficial do material restaurador, proveniente do acabamento e polimento, e a adaptação marginal na parede cervical têm importância fundamental na manutenção da saúde. MÁ OCLUSÃO Mau posicionamento, desalinhamento ou apinhamento dentário Desajuste nas relações mandibulares Respiração bucal Hábitos parafuncionais. Conotação morfológica, podendo estar acompanhada de alteração funcional. ✓ Associada a fatores como o: OBS: Por si só, não causa doenças biofilme- dependentes Maior número de superfícies para reter biofilme e restos alimentares. Obstáculo para a auto-limpeza Dificuldade de realizar as técnicas de escovação e higiene Inflamação do tecido periodontal e desmineralização dentária ao redor dos bráquetes APARELHO ORTODÔNTICO TABACO Prejuízo na Fagocitose Diminuição dos níveis de anticorpos salivares e séricos Redução na produção de linfócitos Deficiência na quimiotaxia e aderência de neutrófilos ✓ Estágio do Tabagismo “O tabagismo é o principal fator de risco para a periodontite, podendo afetar a prevalência, a extensão e a gravidade da doença. Além disso, o tabagismo causa um impacto adverso no resultado clínico de terapias cirúrgicas e não cirúrgicas.” ✓ Alterações Imunológicas ✓ Efeito vasoconstrictor: Epinefrina – Vasoconstricção ✓ Alteração qualitativa na microbiota Patogênica (Ambiente bucal favorável à disbiose) Sangramento à sondagem Taxa do fluxo do FCG (fluido crevicular gengival) Colonização de bolsas periodontais superficiais por patógenos Aumenta a queratinização da camada epitelial (branqueamento gengival) Níveis de patógenos em bolsas profundas Prevalência e gravidade da destruição periodontal Profundidade da bolsa, perda de inserção e perda óssea Perda dentária Prevalência com o aumento de cigarros por dia ✓ Uso do tabaco é associado: Redução Aumento ✓ Efeito da cessação do tabagismo nos resultados do tratamento periodontal? Há uma redução da prevalência e gravidade da doença periodontal com a interrupção do fumo Altas concentrações de glicose no sangue e no fluido gengival Fatores imunológicos Alteração qualitativa das bactérias ↑ [ ] Glicose no sangue e no FCG Alterações na microbiota local (↑ Espiroquetas e bacilos / ↓ cocos) Alterações na resposta do hospedeiro ✓ Distúrbio metabólico complexo caracterizado por hiperglicemia crônica. ✓ Produção diminuída de insulina, ação prejudicada da insulina ou ambas ✓ Tipo I (insulinodependente): o próprio corpo de paciente causa a destruição das células beta do pâncreas, produtoras de insulina, o que predispõe o indivíduo ao desenvolvimento da doença. ✓ Tipo II (não insulinodependente): resulta de uma combinação de resistência à insulina e deficiência na secreção desta, acometendo principalmente pacientes obesos e sedentários. A doença periodontal é considerada a sexta complicação do diabetes. ✓ Diabetes não controlado: Maior perda de inserção Sangramento a Sondagem aumentado Mobilidade mais pronunciada ✓ A DP em diabéticos não obedece um padrão constante ou distinto ✓ Maior prevalência e gravidade ✓ Influência Bidirecional: diabetes favorece o desenvolvimento da DP e esta, quando não tratada, piora o controle metabólico do diabetes. - Redução nos mecanismos de defesa - Susceptibilidade aumentada a infecções DIABETES AIDS/HIV Profunda depleção do sistema imunológico HIV possui alta afinidade por linfócitos T CD4+ Inúmeras manifestações orais Cárie e Doença periodontal são mais relacionadas com pouca higiene do que com contagem de células CD4 Alguns tipos de DP são mais comuns em indivíduos soropositivos Avaliação da condição do paciente Avaliação da necessidade do tratamento Acompanhamento médico AIDS: Síndrome da Imunodeficiência Adquirida É imperativo que esses pacientes sejam segura e efetivamente tratados na prática odontológica MEDICAMENTOS AUMENTO GENGIVAL INFLUENCIADO POR MEDICAMENTOS Aumento generalizado, porém mais grave na região anterior Lesão em formato de amora Consistência firme Coloração rosa-clara e elástica Superfície lobulada Sem tendência ao sangramento precesso inflamatório secundário O aumento medicamentoso pode ocorrer em bocas com pouca ou nenhum acúmulo de biofilme e estar ausente em bocas com depósitos abundantes. Recidivas após remoção cirúrgica Remição espontânea após interrupção da droga Higiene reduz a inflamação, mas não detém o crescimento Hiperplasia epitelial Estroma fibroso Vascularização abundante Hiperplasia causada pelo uso da Fenitoína Alto teor de açúcar pH ácido Efeito adverso - redução do fluxo salivar Ingestão frequente de medicamentos potencialmente cariogênicos: (Antiespasmódicos; Antidepressivos; Anti-histamínicos; Diuréticos) DIETA Frequência e quantidade de carboidratos fermentáveis: alimentos e medicamentos Composição geral da dieta e distribuição de ingestões em um período de 24 horas Consistência dos alimentos: consistentes ou pegajosos Concentração de fluoretos nos produtos consumidos Fatores que predispõem retenção de açúcar na boca Utilização de substitutos do açúcar ✓ Cariogenicidade dos alimentos: ESTRESSE Higiene oral deficiente Menor busca por assistência odontológica Bruxismo e apertamento Aumento no consumo de cigarro Fluxo diminuído de saliva Imunidade suprimida Distribui leucócitos pelos tecidos Diminui proliferação linfocitária Diminui fagocitose ✓ Todos os indivíduos experimentam estresse, mas não resulta necessariamente em doença ✓ Tipo do estresse, tempo de duração e a capacidade de enfrentamento individual ✓ Alterações fisiológicas e de hábitos: ✓ Estimula o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (RESPOSTA INEFICIENTE CONTRA PATÓGENOS) Altera produções de citocinas Reduz produção de anticorpos O estresse psicológico está fortemente associado com a doença periodontal mais grave e aponta para uma resposta menos favorável à terapia periodontal.
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