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Via aérea normal | Via aérea edemaciada Via aérea normal | Via aérea edemaciada A via aérea continua sendo a prioridade neste trauma. Queimaduras podem causar grande edema e, por isso, a via aérea superior está em risco de obstrução. SEMPRE suspeitar de queimadura de via aérea na presença de queimadura de face, pelos nasais, cílios, tose com carbono/carvão, confinamento do doente no local do incêndio (sugerindo inalação de ar quente), níveis séricos de carboxi-hemoglobina >10%, rouquidão/estridor, etc. Em caso de suspeita de queimadura de via aérea, realizar, obrigatoriamente, INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL. PRIMEIRO GRAU Queimadura de Sol. São superficiais, limitadas à epiderme e os principais achados são: eritema, dor moderada, sem bolhas e sem comprometimento dos anexos (folículos pilosos, glândulas sudoríparas e sebáceas). Tratamento: analgesia (dipirona, anti-inflamatório) e hidratação oral e tópica (hidratante). Queimaduras de 1º grau não são contabilizadas nas fórmulas de SCQ (cálculo da área de superfície corporal queimada)! SEGUNDO GRAU A principal característica da queimadura de 2º grau é a presença de bolhas (flictena). E é classificada em: superficial e profunda. Superficial: acomete a epiderme e derme superficial (camada papilar). São muito dolorosas, apresentam bolhas e têm superfície rosada e úmida. Geralmente não precisam de tratamento cirúrgico pois se regeneram. A cicatrização costuma durar aproximadamente 3 semanas (21 dias). Tratamento: analgesia e hidratação. Profunda: acomete a epiderme e derme profunda (até a sua camada a reticular). A pele tende a ficar mais seca, pálida e eventualmente mosqueada. Também há presença de bolhas. A cicatrização é mais longa, dura entre três a nove semanas e apresenta um pior resultado estético, com risco de cicatrização/fibrose hipertrófica. A enxertia cirúrgica se faz necessária. TERCEIRO GRAU São queimaduras de espessura total da pele (epiderme, derme e parte do tecido celular subcutâneo), podendo acometer musculatura e ossos. Tem aparência de couro: branco nacarado. São queimaduras endurecidas e indolores. A redução da sensibilidade tátil é referente à lesão direta dos receptores nervosos. Na prática nenhum paciente terá somente queimaduras de terceiro grau. Sempre terá queimaduras de 1º ou 2º grau, portanto, o paciente apresentará dor, exceto nos locais específicos que forem as de 3º grau. A cicatrização ocorre à custa de contração da ferida (fibrose). A estética e a funcionalidade (em articulações) sempre estarão comprometidas. A enxertia de pele está indicada. QUARTO GRAU Ultrapassa todo o tecido cutâneo e subcutâneo e acomete a musculatura e parte óssea. Pode ser estimada pela “Regra dos 9” ou método de Wallace. Cabeça e pescoço: 9% (4,5 região anterior e 4,5 região posterior). Membro superior (cada): 9% (4,5 região anterior e 4,5 região posterior). Peso x SCQ x 2 Tronco: 36% (18% região anterior e 18% região posterior). Membro inferior (cada): 18% (9% região anterior e 9% região posterior). Períneo e genitália: 1%. *As queimaduras de 1º grau não devem ser contabilizadas. A ressuscitação volêmica do paciente vítima de queimadura deve ser realizada, preferencialmente, com ringer-lactato aquecido e guiada pela fórmula de Brooke modificada: Em casos de queimadura elétrica, a recomendação continua sendo 4 mL no lugar de 2 mL da fórmula (devido ao risco de rabdomiólise e insuficiência renal aguda) e, em crianças < 14 anos, a recomendação é de 3 mL. O volume deve ser infundido em 24 horas: metade do volume total nas primeiras 8 horas, incluindo o que já foi feito no pré-hospitalar e os outros 50% nas 16 horas subsequentes. A diurese é o padrão ouro para avaliação da resposta da reposição volêmica. Adulto: > 0,5 mL/kg/hr. Criança ou queimadura elétrica: > 1,0 mL/kg/hr. Critérios de transferência de grande queimado: SCQ ≥25% (faixa etária de 10 a 40 anos); SCQ ≥20% (crianças <10 anos ou adultos >40 anos); SCQ ≥10% em queimaduras de terceiro grau; Queimaduras envolvendo olhos, ouvidos, face, mãos, pés ou períneo; Queimaduras elétricas de alta voltagem ou queimaduras químicas; Toda queimadura complicada por trauma grave ou lesão por inalação; Todos os pacientes queimados com comorbidades graves; O desbridamento com retirada de corpos estranhos e tecidos desvitalizados e a limpeza da ferida (água e clorexidina degermante a 2%) são medidas obrigatórias em queimaduras de 2º e 3º grau. Remover completamente as bolhas. Após isso, um curativo oclusivo deve ser aplicado, que deve ser trocado diariamente ou toda vez que estiver muito sujo ou úmido. Sua finalidade é proteger o epitélio lesado, reduzir a perda calórica através da evaporação e reduzir a colonização bacteriana/fúngica. Água corrente; Apagar fogo; Remover roupas, anéis, etc. Analgesia; Soro fisiológico 0,9% aquecido; Limpeza e desbridamento; Profilaxia para tétano; Curativo vaselinado; ANTIBIOTICOTERAPIA Vítimas de queimaduras são consideradas imunossuprimidas por perda principal da barreira mecânica (pele). Não se deve realizar a profilaxia antibacteriana. Em queimaduras extensas, está indicado antibiótico tópico com sulfadiazina de prata ou mafenide. A sulfa é o mais utilizado no dia a dia e tem como principal reação adversa a neutropenia/leucopenia, que costuma ser reversível. O mafenide pode causar acidose metabólica. NÃO EXISTE INDICAÇÃO DE ANTIBIÓTICO PROFILÁTICO, MESMO PARA GRANDES QUEIMADOS. Infecções: Pneumonia, ITU, cutânea, etc. Não realizar profilaxia sistêmica. Utilizar sulfadiazina de prata tópica. IRA: principalmente em pacientes vítimas de queimadura elétrica. Pode causar rabdomiólise, causando mioglobinúria e Necrose Tubular Aguda (NTA). Tratar hiperhidratando (4 x SCQ x P) e alto débito urinário (>1mL-1,5mL/kg/h). A alcalinização da urina é feita através da infusão contínua endovenosa de bicarbonato de sódio 8,4% diluído em soro glicosado a 5%. Síndrome Compartimental: queimadura de 3º grau circunferencial. Pode evoluir com insuficiência respiratória por compressão mecânica – limitação da expansão torácia) – tratar realizando escarotomia). Síndrome Compartimental por Edema: existe a recomendação de fasciotomia. O paciente desenvolve edema importante dentro do compartimento fascial. É necessário abrir a fáscia muscular para aliviar a pressão do compartimento. Gastrointestinais: Úlcera gástrica (úlcera de Curling) – indicada a profilaxia com bloqueadores H2 ou IBP; Íleo adnâmico; Síndrome de Ogilvie (pseudo-obstrução colônica); Colecistite alitiásica – ocorre em pacientes críticos, na UTI. O tratamento consiste em drenagem percutânea da vesícula (colecistectomia) associada à antibioticoterapia. Úlcera de Marjolin: É uma complicação que ocorre depois de muitos anos da fase aguda e consiste num carcinoma de células escamosas na cicatriz da queimadura. Tem comportamento agressiva e pode apresentar metástases nodais à época do diagnóstico.
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