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1 RELAÇÕES ENTRE NUTRIÇÃO E SISTEMA PULMONAR E IMPACTO DA DESNUTRIÇÃO A nutrição adequada promove o desenvolvimento adequado do sistema pulmonar. As estruturas respiratórias incluem: nariz, faringe, laringe, traquéia, brônquios, bronquíolos, ductos alveolares e alvéolos. As estruturas de apoio incluem o esqueleto e os músculos (intercostal, abdominal e diafragma). Os nervos, sangue e linfa suprem todos os tecidos. A troca gasosa é a principal função deste sistema, que permite ao corpo obter oxigênio necessário para desenvolver as demandas metabólicas e remover o dióxido de carbono produzido por estes processos. Fig. 1: Aparelho respiratório e troca gasosa Os pulmões agem na filtração, aquecimento e umidificação do ar inspirado, sintetizam surfactantes, regulam o equilíbrio ácido – base, sintetizam ácido araquidônico e convertem angiotensina I em II. A desnutrição afeta diretamente o sistema pulmonar, ocasionando: Diminuição do tecido conectivo pulmonar, peso dos pulmões e produção de surfactante; Atrofia e catabolismo dos músculos acessórios; Atrofia do diafragma proporcional a perda de peso; Compromete a troca gasosa e a força dos músculos respiratórios; Aumenta a susceptibilidade a infecções (diminuição da resposta imune); Deficiências específicas, como: Proteínas e ferro = acarretam diminuição de hemoglobina e diminuição na capacidade de transportar O2; Cálcio, magnésio, fósforo e potássio – Comprometem a função dos músculos respiratórios a nível celular; Proteínas – diminui a pressão oncótica e leva a formação do edema; DOENÇAS PULMONARES Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br 2 Surfactante (composto sintetizado a partir de proteínas e fosfolipídeos) – Contribui para o colapso dos alvéolos. Assim como a desnutrição afeta o sistema respiratório levando ao declínio da função pulmonar, a doença pulmonar também afeta o estado nutricional: Fig. 2: Doença pulmonar e estado nutricional Além dos fatores citados acima, a dificuldade na preparação dos alimentos devido à fadiga, falta de recursos financeiros e metabolismo alterado contribuem para o declínio do estado nutricional. ASPIRAÇÃO A aspiração pulmonar consiste no movimento de alimento ou líquido para dentro dos pulmões, podendo resultar em pneumonia ou até na morte. Os que possuem maior risco são: lactentes, lactentes que engatinham, idosos e pessoas com anormalidades orais, gastrointestinais superiores, neurológicas e musculares. Além dos líquidos, os alimentos que são mais facilmente aspirados são os que possuem forma arredondada, como: nozes, pipoca, pedaços de cachorro-quente e alimentos mal mastigados, como carnes ou vegetais crus. Além, de atenção especial para os que recebem dieta enteral. Uma vez que a causa principal da pneumonia por broncoaspiração é o excesso de secreções no pulmão, tratamentos pulmonares e sucção são fundamentais para se prevenir broncoaspiração. ASMA Uma condição de hipersensibilidade das vias aéreas decorrentes de causas alérgicas e não alérgicas, geradas por resposta imunológica. É um distúrbio reversível, porém o tratamento inadequado pode acarretar risco de vida (estado asmático). Atributos genéticos, exposição ambiental, e interação entre gene e ambiente influem na incidência de asma. Considera-se que infecções respiratórias ocasionadas por vírus, Chlamidophila ou Mycoplasma, têm significativa influência na patogênese. A imunidade do hospedeiro também é fundamental. Uma dieta saudável durante a gravidez e durante os primeiros anos de vida, e amamentação prolongada podem diminuir o risco de asma na infância. Nas crianças com alto risco genético para asma, estar acima do peso com a idade de 1 ano é geralmente associado a diminuição do risco de asma e melhor função pulmonar aos 6 a 8 anos; porém, estar acima do peso após a primeira infância pode significar risco maior para asma. O sinal comum é a respiração persistente que pode ocasionar malformação oral. E a resultante mordida aberta acarretar dificuldades no ato de morder. A asma é classificada como alérgica (extrínseca) e não alérgica (intrínseca). A asma alérgica é mais comum, sendo geralmente desencadeada por inalação de pólen, pelos de amimais domésticos, poluição do ar, fumaça de cigarro ou outros inalantes. A asma não alérgica pode ser desencadeada por fatores como infecções de ouvido, estresse, vírus e exercícios. Os sintomas da asma podem ser agravados por exposição a alérgenos, inclusive alimentos tais como camarão ou aditivos alimentares como sulfitos; rinovírus; e fitoterápicos como a citronela, presente nos repelentes de insetos, determinada espécie de azaleia presente no mel natural, e folhas de morango em chás de ervas. Terapia Nutricional Alimentos e nutrientes individuais possivelmente desempenham um papel no tratamento da asma. Exemplos incluem a soja, ácidos graxos ω-3 e ácidos graxos ω-6 (diminuindo a produção de leucotrienos broncoconstritivos), nutrientes antioxidantes (protegendo os tecidos das vias respiratórias contra o estresse oxidativo), vitamina D (um nutriente antiinfeccioso molecular), magnésio (um relaxante muscular suave e agente anti-inflamatório) e broncodilatadores de metilxantina, como a cafeína. A terapia nutricional deve incluir a avaliação individual dos desencadeadores ambientais e nutricionais, e, se necessário, as estratégias para evitá-los. Além disso, é necessária uma dieta com alimentos saudáveis que forneçam uma quantidade ideal de energia e nutrientes; equilibrados; níveis apropriados de ácidos graxos ω-3 e ácidos graxos ω-6 e fitonutrientes; correção do déficit ou excesso de energia e nutrientes diagnosticados; atenção cuidadosa à interação entre fármaco e nutriente; acompanhamento frequente para manter um estado pulmonar saudável; e educação do paciente, da família e da comunidade. ATENÇÃO: CHEMIN & MURA Pacientes com doenças respiratórias risco para desnutrição: aumento das necessidades energéticas + inapetência decorrente das complicações da doença e do tratamento clínico e medicamentoso. As causas de desnutrição envolvem múltiplos fatores: Anorexia; Dificuldades mecânicas; Distúrbios metabólicos; Má absorção; Hospitalização; Fatores socioeconômicos. Conseqüências da desnutrição: Enfraquecimento generalizado; Redução da recuperação; Piora do quadro clínico; Disfunções muscular, respiratória e termorreguladora; Diminuição da resposta imune e da resistência às infecções; Retardo da cicatrização de feridas. 3 DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC): É um processo caracterizado pela presença de enfisema (Tipo I), bronquite crônica (Tipo II), ou ambos, levando ao desenvolvimento progressivo de obstrução de vias aéreas. ENFISEMA – Caracterizado pelo aumento anormal, permanente dos alvéolos, acompanhado de destruição de suas paredes sem fibrose evidente. BRONQUITE CRÔNICA – Tosse produtiva, crônica, com inflamação de 1 ou mais brônquios e alterações secundárias no tecido pulmonar. Cor pulmonale – condição caracterizada pelo aumento do ventrículo direito e insuficiência que surge devido ao aumento da pressão das artérias pulmonares. Fator causal mais importante – Fumo do tabaco. Terapia nutricional A desnutrição é um indicador de mau prognóstico e parece relacionar-se com as complicações pulmonares: grau de obstrução, capacidade de difusão do gás, retenção de CO2, força respiratória e dos músculos respiratórios e inflamação respiratória ou mediadores bioquímicos como hormônios e citocinas. A perda de peso nesses pacientes é multifatorial como acabamos de ver, para entendermos melhor o mecanismo de perda de peso, observe o esquema abaixo: AVALIAÇÃODE PACIENTES COM DPOC Aproximadamente 25% dos pacientes apresentam hipermetabolismo e este pode estar associado à dispneia, que reflete em aumento da demanda energética da ventilação e/ou da redução da eficiência muscular ventilatória. O GEB tem se mostrado aumentado nos pacientes com DPOC. Um fator que contribui para a elevação do GEB é a presença de inflamação. O TNF-alfa é um mediador pró- inflamatório produzido por vários tipos de células e desencadeia a liberação de citocinas que levam à mobilização de aminoácidos e ao catabolsimo muscular. A calorimetria indireta também é útil na avaliação nutricional. Os pacientes com cor pulmonale apresentam retenção hídrica, mascarando peso e massa magra e a hemodiluição mascarando os indicadores bioquímicos. Cuidado com hipercapnia, pois ocasiona cefaléia matinal e confusão prejudicando a preparação e ingestão alimentar. CHEMIN & MURA estratificação pelo IMC e composição corporal de pacientes com DPOC – IMC – índice de Massa Corporal; IMM – Índice de Massa Magra; H – sexo masculino; M – sexo feminino: Categoria 1: Caquexia – IMC<21 e IMM <16 (H) ou <15 (M) Categoria 2: Semi-inanição – IMC<21 e IMM ≥16 (H) ou ≥15 (M) Categoria 3: Atrofia muscular – IMC≥21 e IMM <16 (H) ou <15 (M) Categoria 4: Eutrofia – IMC≥21 e IMM ≥16 (H) ou ≥15 (M). Cuppari (2018) - Critérios para o diagnóstico de caquexia em adultos: - perda de peso ≥5% (livre de edema) em 12 meses ou menos ou IMC <20 com presença de pelo menos três fatores: diminuição da força muscular; fadiga; Anorexia (consumo calórico<20kcal/kg) IMM diminuído; Alterações de marcadores inflamatórios (IL-6 >4pg/mL; PTN C-reativa >5mg/L; Hb <12g/dL; Albumina <3,2g/dl). Mecanismos envolvidos na perda de peso de pacientes com DPOC Conduta Nutricional - Objetivos: Facilitar o bem estar nutricional; Manter boa relação entre massa magra e gordura; Corrigir desequilíbrio hídrico; Geralmente pacientes magros (caquéticos), mais velhos, hipoxemia leve e desenvolvimento do cor pulmonale na fase tardia da doença Geralmente pacientes com peso normal ou excesso de peso, hipoxemia proeminente e o desenvolvimento do cor pulmonale ocorre precocemente. 5 O uso de esteróides anabolizantes, desde que utilizados em doses adequadas e por tempo limitado, parecem ser os mais promissores na DPOC. Controlar interações droga x nutrientes Impedir a osteoporose CALORIAS É difícil atingir as necessidades de energia, entretanto a manutenção do equilíbrio energético é essencial para preservar as proteínas viscerais e somáticas. Foram observadas necessidades calóricas que variam de 94 a 146% do previsto. Além do gasto energético basal aumentado, a relação GET/GEB resultou em 1,7 nos pacientes e 1,4 em sujeitos saudáveis. Cuppari (2018) têm –se idnicado fatores de 1,49 a 1,78 a serem multiplicados no GEB para obtenação do GET dessa população. GEB (kcal) = 443,3 + [18,15 x MCM] Em que a MCM = massa corporal magra estimada por BIA Os hormônios anabolizantes são imprescindíveis para o desenvolvimento, o crescimento e a manutenção muscular, destacando o GH, hormônios tireoidianos e esteroides anabólicos. Os níveis de IGF-1 parecem estar diminuídos em pacientes estáveis com DPOC, com maior magnitude durante uma exacerbação. Os níveis de testosterona parece estar diminuída em relação a indivíduos saudáveis na mesma idade. CHEMIN & MURA não estabelece valores, podendo-se utilizar a calorimetria indireta ou a equação de Harris&Benedict, com distribuição normal dos macronutrientes, sem a necessidade de aumentar o teor de lipídios, comparativamente com o de carboidratos. DAN (2017) Para pacientes com DPOC, autores recomendam IMC≤21,0kg/m². O cálculo da porcentagem de peso ideal para classificar como desnutrido é menor de 90%. MACRONUTRIENTES Nutrientes Necessidades CHO - 50 a 60% VET (CUPPARI, CHEMIN, DAN) Krause: 40 a 55% VET – importante para preservar o QR Proteína - 15 a 20% VET - Cuppari (2018) – até 1,5g/kg - 1,0 a 1,5g/kg – DAN (2017) – restaura a força muscular e promove melhora imunológica - 1,5 a 2,0g/kg – CHEMIN & MURA – mantém o catabolismo estável Evitar proteínas contendo alto teor de BCAA, pois podem estimular o centro respiratório e induzir fadiga muscular. Krause (2013/2018): 1,2 a 1,5 g/kg peso seco (podendo chegar até 1,7, segundo a KRAUSE, 2013) / 15 a 20% VET. Lipídeo - 25 – 30% VET (CUPPARI, CHEMIN, DAN) Na vigência de insuficiência respiratória, a quantidade de lipídios utilizada deve estar na faixa de 30 a 50% das necessidades do paciente (DAN, 2017). Krause: 30 a 45% VET Desnutrição Adicionar 500 a 1000kcal para ganho de peso Obesidade Reduzir 500kcal frente ao GET NOVAS TERAPIAS ERGOGÊNICAS NO TRATAMENTO DA DPOC – CHEMIN & MURA Intervenções como creatina, L-carnitina, PUFAS utilizados para reversão da depleção da massa magra periférica e aumento da capacidade funcional, N- Acetilcisteína e zinco, para redução do estresse oxidativo e exacerbações fortam estudados. Bons resultados para creatina, PUFAS e N-Acetilcisteína. O consumo adequado de magnésio parece promover efeito broncodilatador, melhorando o sintoma de DPOC. Entretanto, a terapia prolongada com andrógenos pode aumentar os riscos de eventos cardiovasculares em virtude da diminuição do HDL-colesterol. 6 ESTRATÉGIAS PARA AUMENTO DO APORTE CALÓRICO FIBROSE CÍSTICA (FC) ou MUCOVISCIDOSE É uma doença hereditária (autossômica recessiva), complexa, caracterizada por doença pulmonar supurativa crônica, insuficiência pancreática e aumento dos níveis de sódio e cloro no suor, que incide em crianças e adultos jovens. Ocorre mutações no gene localizado no braço longo do cromossoma 7, codifica uma proteína associada a membrana chamada regulador transmembrana de fibrose cística que regula o transporte de íons nas membranas de células epiteliais, ocasionando distúrbio no transporte eletrolítico. A secreção de muco anormalmente espesso afeta quase todas as glândulas exócrinas e ductos, obstruindo-os. Ocorre o comprometimento do trato respiratório, glândulas sudoríparas e salivares, intestino, pâncreas, fígado e trato reprodutivo. As complicações pulmonares são: Bronquite aguda e crônica; Bronquiectasia; Pneumonia; Atelectasia Pneumotórax e hemopitise; Fases avançadas: Cor pulmonale e infecção por Burkholdteria cepacia – mau prognóstico Pâncreas – 85% dos pacientes com FC tem insuficiência pancreática Pode ocorrer pancreatite; Avanço da doença – Intolerância à glicose (50%) e diabetes (7%-15%). Diminuição de bicarbonato – diminui atividade enzimática; Diminuição da reabsorção de ácido biliar – Má absorção de gordura; Complicações: Fezes volumosas e fétidas, cólicas, obstrução intestinal, prolapso retal e envolvimento hepático. TERAPIA NUTRICIONAL Avaliação Pacientes com FC tem um alto risco de cursar com desnutrição, devido à má digestão, absorção e as complicações. Consideram-se desnutridos aqueles pacientes com IMC<18,5kg/m², o que equivale a porcentagem de massa de gordura<10% para homens e <20% para mulheres. Pacientes que apresentam uma função pulmonar com obstrução moderada (VEF1>60% previsto) e que mantenham um IMC de 22kg/m², em mulheres, e 23kg/m², em homens, parecem ter maior estabilidade aos tratamentos. Tampões de muco espesso Quantidade de enzimas pancreáticas Insuficiência pancreática Má digestão e absorção de nutrientes 6 - Fatores que interferem na ingestão e retenção de nutrientes: Dispnéia, tosse, vômitos (tosse), desconforto GI, anorexia (infecções) e possível perda do olfato e paladar e glicosúria. É observado retardo do crescimento e dificuldade de manter o peso nestes pacientes.A ingestão adequada pode levar ao crescimento adequado, porém com a progressão da doença tem-se uma diminuição do crescimento nas crianças e diminuição do peso em relação à altura em adultos. Objetivos: Controlar a má absorção e digestão; Proporcionar nutrientes adequados; Prevenir deficiências nutricionais; Indivíduos de alto risco: bebês, crianças, adolescentes, mulheres grávidas e lactantes. Terapia de reposição de enzimas pancreáticas: 1° passo para corrigir má digestão e absorção; Objetivo é controlar sintomas GI, esteatorréia e promover crescimento adequado; São microesferas com revestimento entérico com dosagem de enzimas – Incia-se copm 500U de lipase/kg/refeição e limitadas a no máximo 2000 unidades de lipase/kg/refeição (controle empírico); Quantidade de enzimas depende: Grau de insuficiência pancreática e quantidade de alimentos ingeridos; Conteúdo de gordura, proteína e carboidrato do alimento; Tipo de enzima usada. A gordura fecal ou os estudos de balanço nitrogenado podem ajudar a avaliar a adequação da suplementação de enzima; Bebês e crianças – abrir a cápsula e misturar com alimentos macios, como: compota de maçã; As microesferas não devem ser misturadas com alimentos com pH>6, como, PRODUTOS LÁCTEOS (leite, pudim, creme e sorvete) pois o revestimento entérico pode se dissolver e as enzimas expostas à acidez gástrica serão inativadas (também não devem ser mastigadas ou esmagadas. Segundo a Krause (2013 / 2018): Aumento no gasto energético de até 120 a 150%; Não deve diminuir a atividade e sim aumentar a ingestão energética. MACRONUTRIENTES: Nutriente Necessidades Carboidratos Pode mudar com o avanço da doença Proteínas - 15 a 20% VET ou - RDA p/ sexo, idade e altura Lipídeos - 35 a 40% (ou mais) VET Pode ocorrer deficiência de ácidos graxos essenciais devido à má absorção, logo incluir alimentos fonte, como: Óleo de canola, linhaça, soja ou milho. Pode ocorrer também intolerância à lactose, neste caso alterar a ingestão de carboidratos. Vitaminas e Minerais - Vitaminas hidrossolúveis – Adequadamente absorvidas; - Vitaminas lipossolúveis - mesmo com reposição enzimática são absorvidas inadequadamente, observando: Vit. A – deficiência de mobilização e transporte; Vit. D – levando a da mineralização óssea; Vit. E – associada a anemia hemolítica e achados neurológicos; Vit. K – secundária a antibióticos, dç hepática e má absorção; - Minerais – DRI de acordo com idade e sexo reservas de ferro e magnésio; zinco – Em casos de desnutrição moderada a grave. Suplementação: Vit A (UI) Vit E (UI) Vit D (UI) Vit K (mg) 0-12 meses 1500 40-50 400 0,3-0,5 1-3 anos 5000 80-150 400-800 0,3-0,5 4-8 anos 5000- 10000 100-200 400-800 0,3-0,5 >8 anos 10000 200-400 400-800 0,3-0,5 OBS: Os bebês necessitam de sódio, pois o leite humano e alimentos para esta idade possuem baixos teores de sódio. Estratégias de Alimentação: Na FC tem-se aumento das necessidades, utilizar: Refeições regulares e agradáveis; Porções maiores de alimentos; Lanches extras, pp/ antes de dormir e 2 horas antes das refeições; Alimentos densidade energética – 2-3x/dia, suplementos alimentares; Facilitar as preparações – alimentos de conveniência ou pré-preparados; Encorajar a companhia às refeições; Coincidir a principal refeição com a hora de maior gasto energético. Bebês: Encorajar a amamentação; Pode ser necessário – Fórmulas com teor calórico – 20 a 27kcal/30 ml + enzimas. Fórmulas com hidrolisados protéicos e TCM Terapia Nutricional (Quando VO não for suficiente) ou P/A <75% do ideal. TNE (sonda ou ostomia) – contínua noturna ATENÇÃO - CHEMIN & MURA Recomenda-se uma dieta: Adequada em energia (aumentar a oferta energética em cerca de 20-50% RDA); 45 – 50% CHO; 40% de lipídios; 10 – 15% proteínas (4g/kg para lactentes; 3g/kg para crianças e 2 – 3g/kg para adultos); Suplementar vitaminas lipossolúveis; A suplementação de sódio deve ser usada em casos de desidratação aguda com 1g/dia para menores de 1 ano; 2g ao dia para crianças de 2-3 anos; 304g por dia para crianças acima de 4 anos. 7 Fórmulas elementares ou não elementares + enzimas - EFICAZ; Benefícios da terapia: Melhora do ganho de peso; Perda da função pulmonar mais lenta; Diminui as infecções respiratórias; Bem estar. O uso da nutrição parenteral só em curtos prazos e quando não se pode utilizar o TGI. INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA (IRpA) A insuficiência pulmonar pode ser definida como entidade clínica na qual a eficiência de permuta gasosa está comprometida, levando, por conseguinte, a um fornecimento insuficiente de oxigênio aos tecidos. A insuficiência respiratória em sua forma aguda é comumente identificada como Lesão Pulmonar Aguda (LPA) ou Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SDRA). Por definição, são caracterizadas pela presença de infiltrados pulmonares bilaterais e por queda na relação PaO2 (pressão parcial de oxigênio no sangue arterial) e a FiO2 (concentração de oxigênio no ar inspirado). LPA PaO2/FiO2 <300 SDRA PaO2/FiO2 <200 SDRA – caracterizada por edema pulmonar não- cardiogênico e por hipóxia refratária. Sua característica mais marcante é a presença de uma inflamação generalizada do parênquima pulmonar função pulmonar. Fatores que podem contribuir para SDRA incluem aspiração, contusão pulmonar, inalação de materiais tóxicos, choque, fraturas múltiplas, pneumonia, transfusões, queimaduras, coagulação intravascular disseminada, pancreatite e sepse. A resposta inflamatória é a chave do mecanismo fisiopatológico da LPA e da SDRA. Porém, as maiores dificuldades que estes pacientes apresentam para sair da prótese ventilatória são a fraqueza dos músculos respiratórios e a retenção de dióxido de carbono. O prognóstico é pior para os pacientes com doenças pulmonares crônicas, enfisema, fibrose cística, idosos e desnutridos. 8 Terapia nutricional Objetivos: Atender as necessidades nutricionais básicas; Preservar a massa corpórea magra; Restaurar a massa e força dos músculos respiratórios; Manter o equilíbrio hídrico; Melhorar a resistência à infecção; Facilitar a saída da ventilação mecânica (fornecendo energia sem exceder a capacidade do sistema respiratório de eliminar o dióxido de carbono) Relembrando: Hipercapnia – Aumento anormal de CO2 no sangue. Este controle pode ser feito de 2 maneiras: 1- Aumentando a eliminação de CO2; 2- Diminuindo sua produção. A Terapia Nutricional é utilizada nos pacientes gravemente enfermos, nos intubados e 2 grupos com IR parecem enquadrar-se (DAN WAITZBERG): Doente hipercatabólico com infecção associada a uma doença clínica importante (como a Síndrome do desconforto respiratório agudo - SDRA) Pacientes com falências respiratórias. CALORIAS As necessidades estão aumentadas, porém não devem ser ofertadas calorias em excesso e nem insuficientes e sim adequadas, pois: Excesso de calorias – retenção hídrica, intolerância a glicose, esteatose hepática, diarréia, aumento da produção de CO2 e aumento da TMB (pelo aumento da termogênese induzida pelos alimentos). Falta de calorias – balanço nitrogenado negativo, proteólise e necessidade de ventilação mecânica. As necessidades podem ser estimadas por Harris- Benedict ou por calorimetria indireta, ou calculadas por fórmulas simples, fornecendo 20 a 30 kcal/kg de peso/dia. ATENÇÃO: As proteínas serão oferecidas com base nas Diretrizes Brasileiras de ventilação mecânica, a seguir: IMC (kg/m²) g PTN/kg de peso ideal Observação <30 kg/m² 1,2 a 2,0g/kg PI Pode ser aumentada em pacientescom traumatismo cranioencefálico, queimados e politraumatizados 30 a 40kg/m² ≥2,0g/kg PI - >40 kg/m² ≥2,5g/kg PI - Considerações nutricionais no tratamento da Insuficiência Respiratória Aguda Não há evidências para manter as fórmulas ricas em lipídios e pobres em carboidratos como fórmulas de escolha para IRpA. Observou-se que a hiperalimentação era a principal responsável pelo aumento do VO2 produzido e não a redução do carboidrato ofertado. Terapia nutricional com Ácidos Graxos As terapias nutricionais atuais para o tratamento da LPA e SDRA envolvem a redução dos mediadores pró- inflamatórios responsáveis pela injúria pulmonar, através da utilização de lipídios com propriedades anti-inflamatórias. A modificação dos lipídios oferecidos através da dieta a fim de mediar a resposta inflamatória exacerbada e de criar um balanço entre a produção de mediadores pró e anti- inflamatórios é uma abordagem recente. EPA e o ácido gama-linolênico (GLA) (enteral ou parenteral) Reduzem a severidade da cascata de reação inflamatória de modo extremamente eficiente, promovendo vasodilatação e melhora nas trocas gasosas com diminuição da permeabilidade da membrana alveolocapilar e do edema pulmonar. A terapia com EPA e GLA é fundamental no manejo da LPA e SDRA. ASPEN pacientes com SDRA devem receber fórmulas enterais com perfil lipídico anti- inflamatório, ômega 3 EPA e ômega 6 GLA e antioxidantes (nível A de recomendação). Não há consenso de dosagens e proporção de imunonutrientes. ESPEN pacientes com SDRA devem receber fórmulas enterais com perfil lipídico anti- inflamatório, ômega 3 EPA e antioxidantes (nível B de recomendação). Existem trabalhos com efeitos negativos ou com ausência de efeitos no grupo que recebeu essa intervenção. CRITICAL CARE NUTRITION pacientes com SDRA devem receber fórumlas enterais com perfil lipídico anti-inflamatório, derivados de óleo de peixe (ômega 3 EPA) e de borragem (ômega 6 GLA) e antioxidantes (com base em dois estudos de nível 1 e cinco estudos de níivel 2). DISPLASIA BRONCOPULMONAR (DBP) É uma condição pulmonar crônica da lactância em recém-nascidos cujos pulmões parecem incapazes de responder a situações adversas, ocorre com mais freqüência em bebês prematuros e de baixo peso ao nascimento, após síndrome de angústia respiratória (condição que afeta recém nascidos e lactentes, caracterizada por dispnéia e cianose), e tratamento com oxigênio. A DBP é caracterizada por metaplasia bronquiolar e fibrose intersticial. Fatores de risco: incapacidade dos pulmões imaturos de sintetizar surfactante, aspiração do mecônio, fístula traqueoesofágica e infecções. Sinais e sintomas: Hipercapnia. Taquipnéia Dispnéia Infecções respiratórias recorrentes Cor pulmonale Radiografia dos pulmões característica da doença. 9 Fisiopatologia – Não é bem conhecida Terapia Nutricional É necessária uma avaliação nutricional cuidadosa, devido a sua fragilidade. A avaliação do crescimento é importante, já que o tamanho do pulmão é dependente da estatura, porém esses bebês crescem com mais lentidão, devido: Aumento das necessidades energéticas; Ingestão dietética inadequada; Refluxo gastroesofágico; Privação emocional; Hipóxia crônica. Os componentes da avaliação nutricional deve incluir: 1- Histórico: Peso ao nascimento, idade gestacional, história clínica, história nutricional e padrão de crescimento. 2- Clínico: Estado respiratório, saturação de oxigênio, uso de medicações, êmese, padrão das fezes, débito de urina. 3- Nutricional: Peso, Estatura Perímetro cefálico Hemoglobina e hematócrito Eletrólitos séricos Testes bioquímicos. 4- História alimentar: Volume da ingestão, freqüência das alimentações, comportamento nas refeições, composição das fórmulas. 5- Ambiental: Relacionamento entre pais e filhos, facilidades domésticas e recursos domésticos e econômicos. Objetivo da terapia nutricional: Suprimento de ingestões adequadas de nutrientes, promoção do crescimento linear, manutenção do equilíbrio hídrico e desenvolvimento de habilidades alimentares apropriadas à idade. Energia: Aumento de 25 a 50% do gasto de energia em repouso; Bebês com DBP com crescimento prejudicado – Aumento de 50% das necessidades energéticas dos que crescem bem. Fase aguda (temperatura controlada, TNP, inativos, crescimento lento) – 50 a 85kcal/kg/dia Fase convalescente (crescimento rápido, alimentação via oral e usam sua energia para controlar a temperatura) - 120- 130kcal/kg/dia. (ATENÇÃO) ou 140 a 150kcal/kg (KRAUSE, 2018) Macronutrientes: A ingestão de proteína deve estar dentro da faixa recomendada para lactentes de idade pós concepcional comparada; Proteínas – Oferecer 7% ou mais das calorias totais; Krause (2018): Os lactentes com DBP têm diminuição da massa corporal magra, indicando uma ingestão inadequada de proteínas. O tratamento com corticosteroides também aumenta a gordura corporal e reduz as proteínas, alterando a composição do ganho de massa corporal. Ingestões de proteínas de 3,4 a 4 g/kg de massa corporal, em lactentes com DBP, ajudam a atender ao crescimento e às necessidades anabólicas. Os aminoácidos são administrados nas primeiras 26 horas de vida, pois são bem tolerados, melhoram a tolerância à glicose e criam balanço nitrogenado positivo. Uma necessidade de aminoácidos de 1,5 a 2 g/kg/dia é sugerida para lactente nascidos a termo, 2 a 3 g/kg/dia para lactentes nascidos com 30 a 36 semanas e 3,6 a 4,8 g/kg/dia para lactentes nascidos com 24 a 30 semanas. Adição de gorduras ou carboidratos às fórmulas – Somente após a fórmula ter sido concentrada em 24kcal/28,35g; Os lipídeos fornecem AGE e ajudam atingir as necessidades quando a tolerância a líquidos e carboidratos (CH) é limitada; Krause (2018): É necessário investigar melhor para determinar a ingestão de lipídios para lactentes com DBP. A European Society of Pediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition (ESPGHAN) recomenda uma faixa razoável de 4,4 a 6 g de lipídios/100 kcal ou 40% a 55% da ingestão de energia. O excesso de CH pode aumentar o QR e o débito de CO2; Para manter o equilíbrio hídrico pode ser necessário: restrição de líquidos, restrição de sódio e uso de diuréticos; Krause (2018): A maioria dos lactentes é tratada com modesta restrição de líquidos de 140 a 150 mL/kg por dia. Embora a terapia com diurético possa melhorar as condições pulmonares no curto prazo, não existem evidências de que melhore os resultados clínicos. O uso de diuréticos leva a anormalidades eletrolíticas no soro, como hiponatremia e hipocalemia. Na restrição hídrica – Oferecer lipídeos parenterais ou alimentação com alta densidade – Garantir o VET. Vitaminas e Minerais: Suprimento adequado de todas as vitaminas e minerais; Vitamina K – Essencial para desenvolvimento ósseo e deve ser monitorada, pp quando a flora colônica é insuficiente para sua síntese; Suprimento adequado das vitaminas A, C, E e inositol, AG livres e selênio – antioxidantes e mantém integridade da membrana celular- Estão implicados na prevenção ou tratamento da DBP; Vit. A – manutenção e desenvolvimento adequados das células epiteliais do trato respiratório; diminui a permanência na UTI neonatal Medicamentos utilizados como: diuréticos, broncodilatadores, antibióticos, antiarrítimicos e costicóides – Depleção de cloreto, potássio e cálcio; Def de cloreto (acidose) ou potássio - fraqueza muscular e crescimento prejudicado. Os lactentes com DBP estão em risco de osteopenia, devido: ingestão limitada de nutrientes, reservas inadequadas de cálcio e fósforo, acidose respiratória, uso de medicações e inatividade física. Estratégias Alimentares: Para atender as necessidades pode ser preciso: Fórmulas de alta densidade calórica (>24kcal/28,35g)-monitoração da ingestão de líquidos e débito urinário Alimentação pequena e freqüente; Uso de bico macio; Uso de sonda nasogástrica ou gastrostomia. No caso de refluxo gastroesofágico a doença pulmonar pode piorar devido à aspiração. O tratamento inclui: Alimentação espessa (1/2 a 1 colher de cereais para cada 30ml da fórmula); Inclinação elevada; Antiácidos ou bloqueadores H2; Casos graves – fundoplicatura. Abordagens úteis para facilitar a aceitação da alimentação: 10 Não é recomendada a suplementação de -caroteno para prevenção deste câncer. Mas parece que a ingestão de frutas e verduras é benéfica! Ambiente calmo e agradável; Estimulação oral durante as alimentações por sonda; Introdução gradual das mudanças de textura e sabor. TUBERCULOSE É uma doença bacteriana causada por micobactérias especificamente Mycobacterium tuberculosis. A tuberculose é encontrada em populações pobres, pessoas que vivem em locais fechados e cada vez mais como uma complicação da AIDS. Nestas infecções são prescritas medicações múltiplas, principalmente os antibióticos, na TB a isoniazida é comum. ISONIAZIDA – Como o alimento diminui sua absorção ela deve ser ingerida 1h antes ou 2h depois das refeições, esgota a B6, interfere no metabolismo da vitamina D e conseqüentemente diminui a absorção de cálcio e fósforo. Pacientes então necessitam de níveis mais altos de vitaminas B6 e D, e minerais a partir de refeições e suplementos dietéticos. Conduta: Maior ingestão de vitaminas e minerais, aumento de quilocalorias, líquidos e monitoração dos exames laboratoriais. Os sinais e sintomas da TB com relevância nutricional incluem subnutrição, perda de peso, sudorese noturna, fadiga, dispneia e hemoptise. Pessoas com infecções crônicas podem necessitar de maior ingestão calórica. A menos que haja contraindicação, os pacientes portadores de TB rotineiramente requerem ingestão aumentada de energia e de líquidos. Pesquisas não descobriram um papel para a vitamina A ou suplementação de zinco especificamente, mas a vitamina C pode ter algum mérito. Prover acesso a alimentos e também a suplementos orais com alto teor de energia e de proteína é uma opção clínica menos dispendiosa e mais praticável. Energia: As atuais recomendações energéticas são aquelas para os pacientes desnutridos e catabólicos, 35 a 40 kcal/kg de massa corporal ideal. Para os pacientes com qualquer infecção concomitante, como pelo HIV, as demandas energéticas aumentam 20% a 30% para manter a massa corporal. Proteínas: As proteínas são vitais para prevenir perda de massa muscular e se recomenda uma ingestão de 15% das necessidades energéticas ou 1,2 a 1,5 g/kg de massa corporal ideal, aproximadamente 75 a 100 g por dia. PNEUMONIA A pneumonia geralmente ocorre como uma infecção por bactéria, vírus ou fungos, ou como consequência da aspiração de alimentos, líquidos ou secreções, tais como a saliva. A aspiração é comum em lactentes, crianças e adultos que estão frágeis, apresentam espasmos frequentes de tosse, são incapazes de mastigar ou deglutir de modo eficaz seus alimentos e bebidas, ou que apresentem controle inadequado da cabeça e do pescoço durante a alimentação. A infecção ou material desconhecido provocam inflamação nos alvéolos. Estas bolsas de ar com líquido ou pus resultam em sintomas como tosse (com fleuma), febre, calafrios e dificuldade de respirar. O papel da vitamina A no tratamento da pneumonia em crianças forneceu resultados controversos, dependendo dos projetos de pesquisa. Devido ao seu papel na inflamação e na imunidade, foram investigados AGE em adultos, e mostraram um possível efeito protetor contra pneumonia pela ingestão de ácidos α-linolênico e linoleicos. O estado nutricional ideal e as técnicas de alimentação apropriadas ajudam a prevenir essa infecção pulmonar. Uma vez que a pneumonia ocorra, os objetivos do cuidado nutricional são fornecer líquidos e energia adequados. Refeições pequenas e frequentes de alimentos nutritivos geralmente são mais bem toleradas, se combinadas a posicionamento adequado ao comer. CÂNCER DE PULMÃO Em alguns países é a primeira causa de morte tanto em homens como mulheres. A causa deste tipo de câncer tem sido atribuída ao tabaco. Estudos demonstraram associação entre a baixa ingestão de alimentos e níveis séricos de carotenóides ou retinóides com o aumento da incidência do CA de pulmão. O tratamento inclui quimioterapia, radioterapia e cirurgia. Esse tipo de câncer é altamente consuptivo levando a desnutrição, além de possuir estresse adicional da fadiga respiratória e diminuição da capacidade residual. A busca e preparação da alimentação podem se tornar tarefas muito difíceis para estes pacientes, portanto é essencial a oferta de alimentos, bebidas e suplementos nas formas e horários melhor tolerados. Podendo ser utilizado suplementos de alta densidade calórica. Necessidade energética e proteica no CA pulmonar – CHEMIN & MURA Eutrofia ENERGIA: 25 – 35kcal/kg PTN: 1 – 1,5g/kg Reposição ENERGIA: 35 – 50kcal/kg PTN: 1,5 – 2,0g/kg Critérios para a utilziação de terapia nutricional enteral em pacientes com cancer pulmonar: -Disfagia; -IMC<18,5kg/m²; -PP>10% nos últimos 6 meses; -Anorexia; -Aceitação alimentar de dieta oral inferior a 2/3 das recomendações nutricionais. APNÉIA DO SONO É uma condição patológica caracterizada por episódios de obstrução parcial ou total das vias áreas superiores durante o sono, o que resulta em dessaturação da oxiemoglobina e despertares, em associação a sintomas diurnos dos quais o mais significativo é a hipersonolência. O tratamento é basicamente enfocado na perda de peso do paciente, o que pode melhorar ou prevenir muitos dos fatores de risco impostos a esses pacientes. Conduta: Recomenda-se reduzir de 500 – 1000kcal/dia e manter pelo menos 1200kcal/dia ou utilizar 20kcal/kg/dia, o que pode levar a uma perda de peso de até 900g por semana. 11 CLASSIFICAÇÃO DA DOENÇA NEUROLÓGICA Doenças neurológicas podem ser classificadas em 2 tipos: 1-Doença neurológica que surge de deficiência ou excesso nutricional As doenças de etiologia nutricional são atribuídas: • Alcoolismo (causa mais freqüente); • Desnutrição • Má absorção 2-Doença neurológica com etiologia não nutricional A terapia nutricional nesses casos é adjuvante ao controle médico. LESÕES, TRAUMAS E SINAIS DE LOCALIZAÇÃO O cérebro é composto pela substância cinzenta (córtex cerebral), substância branca e pelos gânglios da base. O córtex cerebral possui diversas áreas com uma função determinada, que pode ser perdida na ocorrência de uma lesão nesta área. Anatomia As lesões, traumas ou massas localizadas, acarretam uma série de conseqüências dependendo do local afetado, como: Lobo frontal – Manifestações psiquiátricas (depressão, mania, alteração de personalidade); Lobo frontal próximo a base do crânio – Pode perder olfato e ter alterações visuais; Porção central – Apraxia motora Lobos temporais – Afeta memória, funções da fala e pode ter convulsões; Lobo parietal direito – incapacidade de focalizar atenção, ignora o lado esquerdo do corpo; Junção dos lobos temporal, parietal e frontal – problemas na fala; Lobos occipitais – cegueira cortical; Cerebelo e tronco cerebral – Hidrocefalia; Tronco cerebral - Pode afetar qualquer nervo craniano que inerva a face e cabeça, prejudicando a nutrição do paciente, já que não conseguem se alimentar sem o risco de aspiração de líquidos e alimentos para os pulmões; Medula – Afeta centro respiratório e cardíaco, causam sinais do neurônio motor ao nível da massa e sinais motores superiores abaixo da massa. Hipófise e hipotálamo – Manifestações sistêmicas (anormalidades eletrolíticas e metabólicas secundáriasà desregulação de hormônio adrenocortical, tireóideo e antidiurético), déficits binoculares e síndrome da secreção inapropriada de hormônio antidiurético. Hipotálamo – Anorexia ou excesso de alimentação; Nervos periféricos e junção neuromuscular – prejuízo no ato de alimentar-se. TERAPIA NUTRICIONAL O tratamento do pacientes neurológico é complexo. Esses pacientes estão em risco de desnutrição pelo comprometimento de obter, preparar e levar os alimentos à boca, da capacidade cognitiva e pela presença da disfagia. A avaliação nutricional tem como objetivo melhorar os resultados e a qualidade de vida do paciente. A avaliação nutricional deve conter: História dietética – avaliar mastigação, deglutição; História de perda ou ganho de peso – Perda 10% - risco nutricional; Anemia não deve ser observada, pois o ferro é necessário para síntese de dopamina e serotonina. Alterações decorrentes da doença neurológica: Declínio na função e capacidade de cuidar-se; É necessário ajuda para realizar necessidades básicas, como a busca pelo alimento; Nas lesões agudas (Trauma, AVC) – Pode ser necessário o suporte nutricional enteral; Em situações onde o preparo dos alimentos torna-se uma difícil tarefa: Utilizar alimentos de conveniência; Utilizar alimentos prontos, pré-embalados em porções individuais. Questões alimentares O paciente com doença neurológica pode apresentar algumas incapacidades de acordo com a região do SNC que for lesada, incapacitando-o de alimentar-se. Fraqueza dos membros, paralisia do lado dominante – O ato de comer torna-se desagradável e aumenta o risco de aspiração (sentar o paciente ereto); Saciedade precoce – Refeições pequenas e freqüentes podem ajudar; Hemianopsia e negligência – Pode prejudicar o paciente, pois apresenta apenas a visão de uma lado e ignora a parte afetada do corpo; Confusão e demência – Paciente não lembra de alimentar-se, não consegue preparar a alimentação com segurança – É NECESSÁRIO SUPERVISÃO E ASSISTÊNCIA. Processo oral Durante este estágio da alimentação alguns problemas são encontrados, como: Tosse Alimentação prolongada Disfagia DOENÇAS NEUROLÓGICAS Aspiração de alimentos para os pulmões Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br 12 A disfagia é um problema comum nesses pacientes e tem sintomas associados como: babar, sufocar ou tossir após ou durante as refeições, incapacidade de sugar, reflexo de vômito ausente, infecções respiratórias crônicas, perda de peso e anorexia. Deglutição O processo de deglutição pode ser dividido em 3 fases: 1- Fase oral = O alimento combinado com a saliva é mastigado (se necessário) e um bolo é formado pela língua que empurra o alimento para trás da cavidade oral espremendo-o contra o palato mole e duro. Na Pressão Intracraniana aumentada ou lesão do nervo craniano ocorre enfraquecimento dos movimentos linguais e do músculo labial, levando a dificuldade de formar o bolo e movê-lo. 2- Fase Faríngea = Esta fase ocorre em 4 eventos consecutivos: Palato mole eleva-se fechando a nasofaringe; Hióide e a laringe se elevam e as cordas vocais protegem a via aérea; Faringe se contrai e o esfíncter cricofaríngeo relaxa permitindo a passagem do alimento para o esôfago; Reinicia-se a respiração. Os sintomas de incoordenação nesta fase incluem vômito, asfixia e regurgitação nasofaríngea. 3- Fase esofágica = O bolo prossegue pelo esôfago até o estômago. Esta fase é completamente involuntária. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL Primeiro passo obrigatório. Deve incluir avaliação global e histórico do peso. O reconhecimento de sinais precoces e sintomas de disfunção é imprescindível para a rápida implementação do plano de cuidado apropriado. As variáveis-chaves que afetam a ingestão nutricional devem ser avaliadas cuidadosamente (obtenção, preparo e ingestão do alimento). 13 DISFAGIA (FICAR ATENTO AO GRAU DE DISGAFIA SEGUNDO DAN WAITZBERG) O grau de disfagia deverá ser avaliado e, desta forma, traçada a conduta, objetivando a alimentação por via oral segura ou alteração da consistência, do método de administração ou ambos. A utilização de modificadores de consistência, além de favorecer a deglutição, aumenta o aporte calórico e diminui o risco de aspiração. De acordo com o Dan, a textura é modificada de acordo com o grau de disfagia, como: Grau 1 Grau 2 Grau 3 Grau 4 Normal Grau de purê: purê, preparações homogêneas e pudins Grau de alteração mecânica: coesividade de Semi-sólidos, requer habilidade de mastigação frutas e vegetais Excluir produtos secos (crackers) Grau de maciez: Sólidos macios Requer habilidade para a mastigação Fácil de cortar - carnes, frutas e vegetais Excluir alimentos duros e muito secos Qualquer alimento de textura sólida 14 I.DOENÇAS NEUROLÓGICAS DE ETIOLOGIA NUTRICIONAL As enfermidades sistêmicas como alcoolismo, incapacidade de ingestão de alimentos, síndromes de má- absorção, síndromes paraneoplásicas, hipotireoidismo, insuficiência renal, SIDA, gastrectomia, cirurgia bariátrica, dentre outras, podem causar DEP e/ou desnutrição vitamínica. O alcoolismo é a causa mais comum relaciona às polineuropatias por deficiências nutricionais. 15 II. DOENÇAS NEUROLÓGICAS DE ETIOLOGIA NÃO NUTRICIONAL 1.DOENÇA DE ALZHEIMER (DA) É a causa mais comum de demência em idosos. Os fatores de risco são: ordem de nascimento, lesão cefálica, baixo nível educacional e presença de Síndrome de Down, além do componente genético. Dentre os eventos fisiopatológicos mais importantes estão a ocorrência de deposição extracelular de peptídeos beta-amilóides com plaquetas senis e formação errática de neurofibrilas intracelulares. A nutrição parece ser um dos fatores que podem desempenhar papel terapêutico na DA. Antioxidantes, homocisteína, folato, vitamina B6 e B12 são fatores extensamente avaliados, mas ainda não consolidados como relacionados à fisiopatologia da DA. USO DE ALIMENTOS COM PROPRIEDADES ANTIOXIDANTES Muitos estudos sugerem que o estresse oxidativo e o acúmulo de radicais livres associam-se à fisiopatologia da neurodegeneração que ocorre na DA. Os agentes antioxidantes (AO) podem ser classificados em não- enzimáticos ou enzimáticos. AO não enzimáticos: vitamina E, betacaroteno, vitamina C, flavonóides, proteínas do plasma, selênio, glutationa, clorofilina, L-cisteína e curcumina. AO enzimático: superóxido dismutase, catalase, NADPH-quinona oxidoredutase, glutationa peroxidase, enzimas de reparo. Além do uso de vitaminas e fitoquímicos, o uso de minerais antioxidantes também tem sido estudado, como selênio e zinco. O selênio oferece proteção contra doenças crônicas associadas ao envelhecimento. Está presente em brócolis, couve, aipo, pepino, cebola, alho e rabanete. Deficiência de selênio causa concentração reduzida de glutationa peroxidase, presente no SNC. O zinco atua como antioxidante via proteínas antioxidantes como as metalotioneínas e a superóxido dismutase, que ajudam a manter a integridade e a instabilidade genômica. Embora exista defesa AO enzimática endógena é plausível o uso de AO exógenos. ANTIOXIDANTE ALIMENTO Ácido elágico Uva Antocianidina Mirtilo Beta-caroteno Mamão, cenoura Catequina Chá Clorofila Espinafre Curcumina Curry Flavinóides Batata, repolho branco Flavonóides Brócolis, salsa, berinjela, morango Licopeno (carotenóide) Tomate Polifenóis Noz Quercetina Vinho Taninos Repolho Vitamina C Laranja, morango 16 Achados clínicos: A homocisteína é ativa no tecido encefálico e possivelmente contribui para a DA via mecanismos vasculares ou atuando como neurotoxina. Ingestões elevadasde folato relacionam-se ao baixo risco de acidente vascular encefálico, presumivelmente por reduzir as concentrações de homocisteína. A deficiência de B12, folato e B6 pode causar acúmulo de homocisteína. 2.ENXAQUECA Patologia do sistema neurológico caracterizada por dor, fotofobia, náuseas e vômitos. Tem- se liberação de substância P e neurotransmissores inflamatórios em resposta ao estresse que afetam o fluxo sanguíneo cerebral. A síndrome é definida como uma cefaléia intensa, episódica, latejante, geralmente em um lado da cabeça. Fisiopatologia Os vasos sanguíneos durais estão dilatados e o fluxo de sangue pulsátil através desses vasos faz com que ele distenda e irrite a dura-máter sensível a dor. Pacientes com enxaqueca apresentam hiperagregabilidade plaquetária, decorrente do aumento de serotonina, diminuição da atividade da MonoAminoOxidase (MAO) e sensibilidade a PGI2. Objetivos da Terapia Nutricional: diminuir a agregação plaquetária e inibir neurotransmissores inflamatórios. Formas de enxaqueca: sem aura (cefaléia unilateral, latejo, fotofobia, náuseas e vômitos) e com aura (adicionam-se alterações visuais como o escotoma (ponto cego). Diagnóstico: 1.Sem aura: > 5 episódios de cefaléia de 4-72h de duração, unilateral, latejante, de intensidade moderada a grave, associada a náuseas e vômitos ou foto/fonofobia; 2.Com aura: > 2 ataques de 4-72h de duração, pontos cegos e não atribuível a outras patologias. Fatores desencadeantes: - não alimentares Fatores não alimentares desencadeadores de enxaqueca – CHEMIN & MURA. Categorias Desencadeantes Exemplos Sono Alterações no padrão de sono Sono em excesso, sono insuficiente, cochilos Hormônios Alterações e flutuações no níveis de estrógeno Ciclo menstrual, uso de anticoncepcionais, terapia de reposição hormonal, perimenopausa, menopausa, ovulação Ambiente Clima Luzes Sons Odores Poluentes Alérgenos Outros Alterações na temperatura, frio ou calor extremos, umidade, alterações na pressão barométrica Luzes brilhanetes, ofuscantes, fluorescentes, piscantes ou telas Sons altos Perfumes, odores químicos Nuvem de poluição, fumaça Alta atitude, viagem de avião Estresse Períodos de muito estresse Estresse acumulado Emoções reprimidas Ansiedade, preocupação, choque, depressão, excitação, fadiga mental, perca e tristeza intensa. Tanto estresse positivo como negativo podem ser desencadeantes. A forma de reagir a situações pode desencadear a enxaqueca. Tarefas e situações estressantes Droga Substâncias químicas, medicamentos Benzeno, inseticidas Atenalol, cafeína (uso ou retirada), cimetidina, dianazol. Ciclofenaco, bloqueadores de receptores de hidrogênio, hidralazina, indometacina, nifedipina, nitrofurosamina, nitroglicerina, reserpina Físico Exaustão Visuais Cansaço e fadiga Exercício em excesso, em calor intenso, exaustivo (por exemplo, maratona) Força a vista, tela de computador, luzes - alimentares: para ser desencadeado por alimento deve ocorrer após 6h da ingestão alimentar, efeito reproduzível e a retirada do alimento leva à melhora da cefaléia. Corresponde a 20% dos episódios de enxaqueca, mesmo com a fração IgE reduzida. PRINCIPAIS FATORES ALIMENTARES DESENCADEANTES a)Aminas (tiramina, feniletilamina, octamina, histidina e triptaminase) falsos neurtrasnmissores (anfetaminas). Alimentos ricos em tiramina carnes curadas, casca de banana, cerveja, chocolate, embutidos, molho de soja, peixe defumado, queijos maturados, repolho fermentado (sauerkraut) e alimentos armazenados em temperaturas inadequadas e por tempo prolongado. Alimento rico em feniletilamina chocolate. b)Cafeína. c)Bebidas alcoólicas. d)Nitratos e nitritos. e)Alto conteúdo de W6 e W9 / alto conteúdo de lipídeos da dieta. f)Aspartame. g)Presença de H. pylori. h)Hipoglicemia. i)Sorvete (após 30 a 60s da ingestão do alimento). TRATAMENTO: uso de drogas: beta-bloqueadores, antidepressivos, ISRS, AINEs etc; associada a estratégias nutricionais: dieta de exclusão; evitar jejum/hipoglicemia; riboflavina 400mg (doses de 25mg por via oral); magnésio (em casos de deficiência; 310 – 360mg); triptofano 500mg de 6/6 horas; isoflavonas 60mg/dia; e W3 e W6-GLA. - uso de compostos de relevância nutricional/fitoterápico: capsaicina e tanaceto. 16 Fatores alimentares desencadeadores de enxaqueca – CHEMIN & MURA. Categorias Possíveis desencadeantes Bebidas Chocolate e cacau, bebidas alcoòlicas (especialmente vinho tinto, cerveja e xerez), cafeína Frutas Figos, uva-passa, papaia, abacate, (especialmente se muito maduro), ameixas vermelhas, bananas maduras e frutas cítricas (especialmente a laranja) Hortaliças Sauerkraut (repolho fermentado), vagem, cebola, alho, conservas (picles), cogumelos Leguminosas Em geral, principalmente ervilha. Molho de soja. Pâes e cereais Pão fermentado, doughnuts Lácteos Leite e derivados fermentados (por exemplo, creme azedo), queijos amarelos e azuis (por exemplo, gouda, gruyêre, parmesão, emental, roquefort, gorgonzola, brie, camembert) Carnes Carnes curadas (por exemplo, presunto, salame), peixe salgado, peixe em conserva (por exemplo, sardinha, anchovas), patês, caviar. Carnes cntendo nitritos e nitratos. Sopas Sopas enlatadas, cubos de carne concentrados Doces Chocolate Outros Trigo e derivados, oleaginosas, glutamatomonossódico, amaciantes de carne, aspartame, levedura, alimentos fermentados, marinados ou em conserva (picles), ovos Jejum prolongado Nutrientes Quantidades excessivas de niacina e vitamina A Substâncias Possível efeito Observações Considerações Ômega 3 27 adolescentes (12 a 21 anos) receberam óleo de peixe por dois meses e, após período de intervalo (washout) de um mês, dois meses de placebo (óleo de oliva). Os pacientes relataram redução da frequência e gravidade das crises de enxaqueca. Houve melhora significante comparando os dois tratamentos com o início do estudo, mas não houve diferença significante entre os dois tratamentos. Magnésio 81 pacientes (18-65 anos), com frequência de ataque de 3,6/mês, por 12 semanas receberam 600 mg magnésio (trimagnésio citrato)/dia. Da 9ª à 12ª semana a frequência de ataques foi significantemente reduzida em 41,6% no grupo estudado contra 15,8% no grupo placebo. Houve redução no número de dias com enxaqueca, intensidade da dor e consumo de drogas no grupo tratado. Estudo com 20 pacientes portadoras de enxaqueca menstrual, a suplementação profilática com 360mg/dia de magnésio reduziu significantemente o número de dias com enxaqueca, em relação ao grupo placebo. 56 crianças e adolescentes (de 3 a 17 anos), com história semanal de dor de cabeça, latejante associada a anorexia/náusea, vômitos, fotofobia, fonofobia, em estudo randomizado, dupla-cego e com controle placebo receberam suplementação de óxido de magnésio - MgO (9mg/kg/dia), via oral, 3 vezes/dia, junto aos alimentos. Houve redução significante no número de dias com enxaqueca. 30 indivíduos com enxaqueca sem aura, 600mg/dia de citrato de magnésio por 3 meses, em comparação com 10 pacientes recebendo placebo em estudo duplo-cego, randomizado, apresentaram redução da frequência e gravidade da crise e melhora no exame de amplitude visual, quando comparados com o período pré- tratamento. Efeitos adversos incluíram diarreia (18,6%) e irritação gástrica (4,7%). Não foi possível concluir que o MgO seja efetivamente superior ao placebo para prevenir os ataques. Valores menores também foram encontrados no grupo enxaqueca quando se efetuou a comparação entre o grupo tratado e o grupo placebo. É importante ressaltar que as atuais recomendações nutricionais de magnésio indicam um limite superior tolerável de ingestão (UL) de 350mg/dia, na forma de suplemento. Estudo com 69 pacientes que receberam aspartatode magnésio foi interrompido porque não foi possível verificar benefícios no grupo estudado. Os pacientes apesentaram diarreia grave e podem não ter absorvido o magnésio do trato gastrintestinal. Coenzima Q 10 31 pacientes com enxaqueca uSDRAm 150mg/dia de CoQ10 por 3 meses; 61% deles tiveram, pelo menos, 50% de redução nos dias de enxaqueca sem presença de efeitos adversos. Estudo randomizado, com controle. Portadores de enxaqueca receberam 100mg/dia de CoQ10, 3 vezes/dia. Houve redução na frequência dos ataques, dias com dor de cabeça e dias com náusea. A suplementação foi eficaz a partir do 1º mês de terapia. Foram observados transtornos gastrintestinais e alergias cutâneas. Foi usada uma forma solúvel da Coenzima Q10. 17 Substâncias Possível efeito Observações Considerações Ácido alfalipoico Estudo placebo-controlado, randomizado, com 54 pacientes que receberam 600mg/dia de ácido alfalipóico ou placebo, por 3 meses. Houve tendência na redução da frequência de crises após o tratamento, mas sem diferença significante. A análise intragrupos mostrou redução significante na frequência de crises, dias de dor e gravidade. Riboflavina 55 pacientes com enxaqueca recebendo 400mg/dia de B2 ou placebo (estudo randomizado), durante 3 meses, tiveram significante redução na frequência dos ataques e no número de dias com dor. Reações adversas relatadas: diarreia e poliúria no grupo estudado e câimbra abdominal no grupo-controle. Apenas 25mg de riboflavina podem ser absorvidas de uma única dose oral e que as doses pesquisadas são consideradas farmacológicas. OUTRAS DOENÇAS NEUROLÓGICAS NÃO NUTRICIONAIS (KRAUSE, 2018) 2.ADRENOMIELOLEUCODISTROFIA É uma deficiência congênita de enzimas que afeta o metabolismo dos ácidos graxos de cadeia muito longa, acarretando seu acúmulo no cérebro e glândulas supra-renais. Achados clínicos e tratamento: • Mielopatia, neuropatia periférica e desmielinização cerebral • Manifestações- 4 e 8 anos – Insuficiência adrenal; • Disartria e disfagia – Prejuízo na alimentação Considerações Nutricionais: • Exclusão dos ác. graxos de cadeia muito longa (VLCFA) não comprovada; •Óleo de lorenzo – diminui VLCFA – Evolução clínica não é alterada. 3.ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA (ELA) Atrofia progressiva dos nervos motores e fraqueza muscular Fisiopatologia: • Neurodegeneração na substância cinzenta da medula espinhal e córtex cerebral; • Mutações na superóxido dismutase cobre-zinco; • Estresse oxidativo - proposta para a perda de neurônios; • Defeito no transporte do glutamato. Achados clínicos e tratamento: • Diagnóstico é clínico – 95% casos; • Fraqueza muscular – Pernas, mãos, braços e orofaringe; • Perda dos neurônios motores – Perda da mobilidade; • Perda de neurônios corticais – Disartria e disfagia (insidiosa); • Perda de função dos músculos bulbares e respiratórios, disfagia oral e faríngea – Pode ser necessário suporte nutricional; • Não existe terapia – Medidas de suporte A intervenção é dividida em 5 estágios: 1 – Hábitos alimentares normais (Escala 10-9): • Iniciar a educação do paciente; • Monitorar a hidratação e estado nutricional; • Líquidos – 2l/dia – Fontes não cafeinadas (cafeína é diurética); • Perda de peso ≥10% - risco nutricional. 2 – Problemas alimentares precoces (Escala 8-7): • Pacientes começam a ter dificuldades com a alimentação; • Tosse e tempo de refeição longo; • Modificação da consistência, evitar líquidos finos e usar alimentos de fácil mastigação e deglutição; 3 - Alteração da consistência dietética (Escala 6-5) • Com a evolução dos sintomas o transporte oral do alimento torna-se dificultado • Alterar a consistência para mole ou purê; • Evitar líquidos finos e vegetais e carnes crus; • Espessamento de líquidos; • Preferir líquidos com alto percentual de água para manter a hidratação; • Picolés, gelo e frutas frescas – Fonte adicional de água; • Incentivar refeições pequenas e freqüentes; • Substituir água por sucos; • Temperatura fria é melhor tolerada; • A carbonação também é benéfica; • Pacientes na posição ereta • Disfagia: Suplementação vitamínica e mineral pode ser necessárias; • Fibras - constipação. 4 – Alimentação por sonda (Escala 5-4) • Desidratação aguda; • Perda de peso – indicativos de suporte nutricional; • TNE preferida a NPT - objetivo melhorar a qualidade de vida; • EN adequado – Mantém a saúde por mais tempo. 5 – Nada pela boca (Escala 2-1) • Não consegue alimentar-se por VO (nível final da disfagia) • Ausência de deglutição – Ventilação mecânica • Alimentação por sonda é permanente 3. EPILEPSIA Distúrbio intermitente do sistema nervoso decorrente de descarga repentina, excessiva, desordenada de neurônios. Achados clínicos e tratamento: • Convulsões generalizadas – Envolve todo o córtex cerebral; • Convulsões parciais – Envolve um foco isolado. As Medicações utilizadas podem alterar o estado nutricional: - Fenobarbital, fenitoína e primidona: Interfere na absorção intestinal de Ca – Osteomalácia/ raquitismo – Recomenda- se suplementação de vitamina D, suplementação de ácido fólico interfere no metabolismo da fenitoína; - Fenobarbital, fenitoína: Redução de albumina - aumento da concentração da droga livre e possível toxicidade. 19 - Fenitoína: TNE contínua diminui sua absorção, o álcool diminui o efeito desta droga e sua abs. é diminuída pela presença de alimentos. Recomendação: Alimentação por sonda antes e após a dose de fenitoína varia de 1 a 4 h. O mais comum é um intervalo de 2 h antes e após a dose de fenitoína. TRATAMENTO NUTRICIONAL Dieta cetogênica: • Último recurso para o tratamento; • Tratamento não convencional, mínimos efeitos colaterais e não dispendioso; • Controlará completamente 1/3 das crianças; A dieta cria e mantém um estado de cetose, seu mecanismo de ação não está claro, mas seu benefício pode ser devido a alteração no metabolismo neuronal, onde o corpo cetônico comporta-se como um inibidor dos neurotransmissores, produzindo um efeito anticonvulsivante. • 3 formas de dieta cetogênica; • Criança faz jejum de 24 a 72h até produzir um cetonúria 4+; • Drogas devem ser suspensas. Tradicional: • Ingestão calórica 3:1 ou 4:1 de gordura/proteína e carboidratos; • Energia: 80% das recomendações para peso e altura ideal como lipídeo; • Proteína: 1g/kg/dia; • CHO : fornecem o restante de calorias protéica e de CH; • Fluidos: 65ml/kg/dia sem ultrapassar 2L/dia; • Suplementação de vitaminas e cálcio. Dieta cetogênica Atkins modificada: • Uma variação da dieta cetogênica é a dieta de Atkins modificada, na qual as calorias não são restritas, mas os carboidratos são drasticamente limitados a 10 a 20 g/dia. • A proporção de gordura para proteína e carboidrato geralmente é de 1:1. • Parece que melhores resultados são obtidos quando a dieta começa com 10 g/dia de carboidrato e, depois, é ajustada para mais, sempre mantendo a Cetose. Dieta cetogênica com base em TCM: • Substitui as gorduras de cadeia longa pelo TCM; • Dieta – maior quantidade de alimentos não cetogênicos: frutas, vegetais, pequenas porções de pão e outros amidos; • Não se limita os líquidos OBS: A duração é limitada, pode ser descontinuada após 2 a 3 anos. 4. SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ (SGB) Polineuropatia inflamatória, desmielinizante, de início súbito, agudo com predileção pelos nervos motores, incluindo os cranianos e diafragma. Achados clínicos e tratamento: • Sintomas: arreflexia, fraqueza dos membros proximais, fraqueza dos nervos cranianos e insuficiência respiratória. • Diagnóstico é clínico; • A capacidade vital e a deglutição podem deteriorar-se rapidamente – cuidado intensivo; • Tratamento: plasmaferese, imunoglobulina venosa, esteróides. Tratamento nutricional: A SGB tem uma evolução rápida e durantea fase aguda é semelhante ao neurotrauma. • Suporte nutricional por sonda - ajudar a restabelecer um equilíbrio positivo de nitrogênio e atenuar o consumo muscular. Energia: 40 a 45kcal/kg não protéicas; Proteínas: 2 a 2,5g/kg 5. MIASTENIA GRAVE (MG) É uma doença auto imune bem caracterizada, onde o sistema imunológico dá origem a uma resposta aos receptores de acetilcolina (AChR). Achados clínicos e tratamento: • Reincidiva e remissão da fraqueza e fadiga variam de minutos a dias; • Sintomas: diplopia, disartria, fraqueza muscular facial e disfagia (desnutrição); • 10% pacientes – Fraqueza diafragmática – dificuldades respiratórias. Tratamento Nutricional: • Apresentam comprometimento da mastigação e deglutição; • Ingerir alimentos com alto teor nutricional no início das refeições; • Preferir refeições pequenas e freqüentes; • A atividade física é limitada antes das refeições; • Nas crises respiratórias – Suporte nutricional. Avaliar a capacidade de deglutição desses pacientes 6. ESCLEROSE MÚLTIPLA (EM) É caracterizada pela destruição da bainha de mielina (formação de esclera ou tecido de cicatrização) em múltiplas áreas dos nervos ópticos, medula espinhal e cérebro. Fisiopatologia: • Causa é indeterminada e alguns fatores ambientais podem contribuir como a latitude e a dieta. •Vit D – Pode regular o sistema imune inibindo a doença auto-imune; • Estudos recentes: Ômega-3 não está relacionado ao risco de EM – Porém, existe um risco menor de EM com ingestão maior de ácido linolênico; • Outros fatores de risco: idade, fumo e a disposição do nascimento (região geográfica). Efeitos colaterais do uso em curto prazo dos esteróides: • Aumento do apetite, ganho de peso, retenção de líquidos, nervosismo, insônia, redução de B12 e folato (Suplementação pode ser necessária). Achados Clínicos e Tratamento: • Não há tratamento comprovado para alterar a evolução da EM • Terapia física e ocupacional; • Medicamentos: esteróides,hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) e a prednisolona; • Uso de Metrotexato: Anorexia e vômitos. Bexiga neurogênica: • Distribuir líquidos uniformemente; • Diminuir a freqüência da ITU- Estimular ingestão de suco de uva do monte. Constipação intestinal ou Diarréia: • Dieta com alto teor de fibras, ameixas adicionais e líquidos Tratamento Nutricional: • Dieta de baixo teor de gordura, sem glúten, com EPA e DHA – sem resultados conclusivos. 20 • Suplementação com ácido linolênico (óleo de açafrão e soja) pode ter algum efeito benéfico; Disfagia: • Alteração na consistência para itens macios ou líquidos espessados; Dificuldade de visão, disartria, ambulação precária: • Usar alimentos prontos, pré-embalados, porções individuais ou alimentos de conveniência. 7. DOENÇA DE PARKINSON (DP) É uma doença progressiva e incapacitante devido a diminuição de transmissão de dopamina Fisiopatologia: Perda de neurônios dopaminérgicos na substância negra assim como de tirosina hidroxilase, a enzima de limitação da taxa da dopamina. São descritas 3 teoria para etiologia da DP: 1- Alt. do metabolismo da dopamina decorrente de lesão neural; 2- Exposição a neurotoxinas ambientais; 3- Predisposição. Vários fatores ambientais têm sido implicados na etiologia: • Usuário de drogas endovenosas; • Lipídeos e antioxidantes; • Variação geográfica – Países industrializados e áreas agrárias com uso de toxinas e sobrecarga de ferro e manganês Achados Clínicos e Tratamento: • Diagnóstico clínico – Tremor, rigidez e bradicinesia. • Tratamento - L-dopa (precurssor da dopamina que é convertido em dopamina pela enzima dopa descarboxilase e atravessa a BHE). Tratamento Nutricional: A intervenção nutricional primária deve focar nas interações dos fármacos com nutrientes, especialmente entre proteína alimentar e L-dopa. Os efeitos adversos dos medicamentos para DP incluem anorexia, náusea, redução do olfato, constipação e boca seca. Para reduzir os efeitos gastrointestinais da L-dopa, ela deve ser ingerida com as refeições. Recomenda-se evitar alimentos que contenham L-dopa natural, como a fava. Para alguns pacientes, a discinesia pode ser reduzida por meio da limitação das proteínas dietéticas no café da manhã e almoço, e adicioná-las na refeição noturna. As fibras e a adequação de líquidos reduzem a constipação, uma preocupação comum para indivíduos com DP. As interações entre piridoxina e aspartame também devem ser consideradas. A piridoxina tem uma possível interação com a L-dopa. A decarboxilase, uma enzima necessária para converter a L-dopa em dopamina, é dependente da piridoxina. Se quantidades excessivas de vitaminas estiverem presentes, a L-dopa pode ser metabolizada na periferia e não no SNC, onde suas atividades terapêuticas ocorrem. Dessa maneira, os preparos vitamínicos contendo piridoxina não devem ser ingeridos com doses de L-dopa. Além disso, o magnésio deve ser monitorado com cautela a fim de evitar níveis excessivos de DRI. A alta demanda por oxigênio molecular, o enriquecimento de ácidos graxos poliinsaturados nos fosfolipídios membranosos e a abundância relativamente baixa de enzimas de defesa antioxidantes são fatores relevantes. Os efeitos antiinflamatórios e neuroprotetores vêm dos compostos fenólicos, tais como o resveratrol das uvas e do vinho tinto, a curcumina do açafrão, a apocinina da Picrorhiza kurroa e epigalocatequina do chá verde. Pode- se sugerir uma ingestão suficiente de vitamina D3 e ácidos graxos ω-3. À medida que a doença progride, a rigidez das extremidades pode interferir na capacidade do paciente em se cuidar, incluindo a autoalimentação. A rigidez também interfere na capacidade de controlar a posição necessária da cabeça e do tronco para se alimentar. A ingestão fica mais lenta; as refeições podem durar até 1 hora. Movimentos simultâneos como aqueles em que se necessita utilizar tanto a faca quanto o garfo tornamse mais difíceis. Os tremores nos braços e mãos podem tornar a autoingestão de líquidos impossível sem derramá- los. A percepção e a organização espacial ficam debilitadas. A disfagia é uma complicação tardia. Grande número de pacientes pode ser aspirador silencioso, o que afeta o status nutricional. DISTÚRBIOS NEUROLÓGICOS DECORRENTES DE TRAUMA Acidente Vascular Cerebral (Derrame) O derrame é definido como um ataque agudo do déficit neurológico focal ou global que dura mais de 24 horas e pode ser atribuído a doenças da neuromusculatura intracraniana ou extracraniana. Derrames graves frequentemente são precedidos por ataques isquêmicos transitórios (AIT), ataques breves de disfunção cerebral de origem vascular, sem qualquer defeito neurológico persistente. O derrame é a terceira causa mais comum de morte nos Estados Unidos e a causa mais comum de deficiência. O fator de risco mais significativo é a idade. Dentre os fatores de risco modificáveis, a hipertensão e o tabagismo são os que mais contribuem. O utros fatores incluem obesidade, doença cardíaca coronariana, diabetes, sedentarismo e genética. Os altos custos do derrame são atribuídos ao grau de deficiência que tal evento provoca. O derrame embólico ocorre quando a placa de colesterol é desalojada da veia proximal, percorre até o cérebro e bloqueia uma artéria, mais comumente a artéria cerebral média (ACM). Em pacientes com disfunção no átrio cardíaco, coágulos podem se desalojar de lá e embolizar-se. No derrame trombótico, a placa de colesterol dentro de uma artéria se rompe, e as plaquetas subsequentemente se agregam para obstruir uma artéria já estreita. A maioria dos derrames é incitada por um evento tromboembólico, que pode ser agravado por aterosclerose, hipertensão, diabetes e gota. A hemorragia intracraniana ocorre em apenas 15% dos derrames, mas normalmente é fatal. A hemorragia intracraniana ocorre mais comumente em indivíduos com hipertensão. Na hemorragiaintraparenquimal, há rompimento de um vaso dentro do cérebro. Uma variação da hemorragia intraparenquimal é o infarto lacunar (lacuna profunda). Esses infartos menores ocorrem nas profundas estruturas do cérebro, como cápsula interna, gânglio basal, pontes, tálamo e cerebelo. Mesmo um infarto lacunar pequeno pode produzir deficiência significativa em função de o tecido cerebral nas estruturas profundas ser tão densamente funcional. O segundo tipo de hemorragia 21 intracraniana é a hemorragia subaracnóidea (HSA). A HSA ocorre mais comumente como resultado de traumatismo craniano, mas com maior frequência em decorrência de aneurisma rompido de um vaso no espaço subaracnoide. Tratamento Clínico Nutricional: A prevenção primária é o principal aspecto na prevenção do derrame, em parte devido à dieta e em parte devido aos estilos de vida. Fatores de Risco de Acidente Vascular Cerebral: Índice de massa corporal >25 kg/m² nas mulheres Ganho de peso >11 kg em 16 anos nas mulheres Proporção cintura-quadril >0,92 nos homens Diabetes Hipertensão Colesterol elevado no acidente vascular cerebral hemorrágico Fatores Protetores contra o Acidente Vascular Cerebral: Consumo diário de frutas frescas Consumo de flavonoides >4,7 xícaras de chá verde/dia Consumo de peixe e óleo de peixe por mulheres brancas e negras e por homens Negros Colesterol HDL elevado no acidente vascular cerebral isquêmico DOENÇAS NEUROLÓGICAS AGUDAS Em pacientes neurológicos agudos, tanto a dificuldade de obter o alimento como a resposta endócrino-metabólica ao trauma contribui sobremaneira para a desnutrição. Reação metabólica ao jejum em pacientes normais e em doentes neurológicos agudos PACIENTE NORMAL DOENTE NEUROLÓGICO GEB ↓ Inicialmente ↓ / posteriormente ↑ Uso de glicose limitado ↑ Uso de lipídeos ↑ ↑ Uso de cetonas ↑ ↓ Gliconeogênese Inicialmente ↑ ↑ Catabolismo muscular ↓ após 5 a 7 dias ↑ A.TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE) O GEB geralmente é bastante elevado e varia de 75 a 250% do BEG (média 140%), dependendo: - gravidade do trauma; - lesões encefálicas secundárias (ex.: crise epiléptica); - morbidades associadas (ex.: desnutrição pré-existente); e - uso de medicações. Doentes que pontuam em escala de Glasgow (ECG) de 4 a 5 têm gasto energético em torno de 26% acima do previsto. Entre 6 e 7 possuem necessidades intermediárias e aqueles com CGS superior a sete apresentam necessidades menores. Em caso de uso de barbitúricos pode ocorrer redução em até 14% do GEB. Diretrizes para estimar o GET em pacientes com TCE: CONDIÇÕES CONDUTAS Sepse ↑ 7,2% calorias padrão para cada 1º.C > 37º.C Postura anormal / ↑ 20 – 30% do padrão (Max 3.500 a crises epilépticas 4.000kcal) Com não sedado 140% do GEB Coma barbitúrico 100 – 120% do GEB TCE moderado 120 – 130% do GEB TCE grave 140 – 200% do GEB TCE leve – ECG entre 13 – 15; TCE moderado – ECG entre 9 – 12; TCE grave – ECG < 8. TCE com hipermetabolismo muitas das vezes possuem necessidades protéicas situando entre 2 – 2,5g/kg/dia, entretanto, como não há evidências que suportem que o aporte protéico intenso evite o BN negativo, recomenda-se: - PTN = 1,5 – 2,0g/kg/dia; - Relação caloria não-protéica/g de N2 = 100:1. B.TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR (TRM) O cálculo das necessidades energéticas deve ser feito por Harris-benedict e fator estresse. Recomenda-se relação caloria não-protéica/g de N2 <150:1, QUANDO AS FUNÇÕES HEPÁTICAS E RENAIS ESTIVEREM ADEQUADAS. Após a fase aguda, o cálculo das necessidades calóricas pode ser realizado de acordo com as seguintes fórmulas: - Paraplegia: 28kcal/kg (subtraindo 4,5kg do peso ideal calculado); - Tetraplegia: 23kcal/kg (subtraindo 9,0kg do peso ideal calculado). C.LESÕES CRANIANAS 1.Avaliar a deglutição e presença de disfagia. 2.Avaliação do estado nutricional a.Peso O peso pode ser estimado com base na altura do indivíduo, onde: Peso desejável = [A (cm) – 100] – {[A (cm) – 150] / 5} ± 5 (+) 5kg para compleição física grande (-) 5kg para compleição física pequena A compleição física é dada pela determinação da medida do perímetro do pulso (PP) e da estatura (E), onde: Compleição física (CF) = E (cm) / PP (cm) Homens < 9,6 CF grande > 10,5 CF pequena Mulheres < 10,1 CF grande > 11,0 CF pequena Em casos de IMC>27kg/m 2 , deve-se ajustá-lo, onde: Peso ajustado = (Peso atual – Peso desejável) x 0,25 + Peso desejável b.Altura - Pode ser estimada pela altura do joelho. c.Avaliação bioquímica – proteínas plasmáticas (avaliar a alteração decorrente da doença aguda) e o BN. 22 3.Cálculo das necessidades energéticas – segundo Harris Benedict ou utilizando fórmulas de bolso (25 a 30kcal/kg) à beira do leito, facilitando a prática do profissional. Lembrar que situações de maior estresse (politrauma) necessitam de mais de 30kcal/kg. 4.Cálculo das necessidades protéicas – Em geral não superam 1,5g/kg/dia. SUPORTE NUTRICIONAL NAS DOENÇAS NEUROLÓGICAS AGUDAS A via de acesso preferencial em doenças neurológicas agudas é a via enteral, precoce, ou seja, 24 a 48h após admissão na UTI. Inicia-se com 500 – 800mL (500 a 800kcal) nas 24h em sistema fechado e em sistema aberto preconiza-se 50 – 100mL de 3/3h. O objetivo calórico a ser atingido é de 70-80% nas primeiras 48 – 72h. A evolução deve ser gradativa (10 a 20mL/h/dia no sistema fechado ou 50mL/dose no sistema aberto). EXERCÍCIOS DE DOENÇAS PULMONARES E NEUROLÓGICAS 1) (NutMed) A fibrose cística é um distúrbio complexo que requer grande atenção do nutricionista. Leia atentamente as afirmativas a seguir: I - a terapia de reposição de enzimas pancreáticas é o primeiro passo para corrigir a má digestão e má absorção que ocorrem nesses pacientes; II – a quantidade de enzimas administradas depende do grau de insuficiência pancreática, da quantidade e qualidade dos alimentos consumidos e do tipo de enzimas utilizadas; III – as microesferas enzimáticas não devem ser misturadas com alimentos que possuem pH acima de 6,0, como produtos lácteos; IV – mesmo com suplementação de enzimas pancreáticas as vitaminas lipossolúveis são geralmente absorvidas inadequadamente. Assinale a alternativa correta: (A) apenas a afirmativa I está correta; (B) apenas a afirmativa II está correta; (C) apenas as afirmativas I e II estão corretas; (D) apenas as afirmativas III e IV estão corretas; (E) todas as alternativas estão corretas. 2) (NutMed ) Na atualidade, os estudos sobre modificações metabólicas e ventilatórias para pacientes com insuficiência respiratória consideram que, para a obtenção de uma diminuição de produção de CO2 em torno de 20%, a dieta deverá contemplar diminuição da proporção de: (A) glicose a favor de incremento de lipídios; (B) lipídios a favor de incremento de glicose; (C) proteínas a favor de incremento de glicose; (D) lipídios a favor de incremento de proteínas; (E) glicose a favor de incremento de proteínas. 3) (NutMed) No paciente enfisematoso que apresenta diagnóstico de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica severa, o cuidado nutricional deverá: (A) o controle do quociente respiratório e a manutenção do estado nutricional adequado; (B) a redução da produção de CO2 e o estímulo a perda ponderal; (C) a redução da produção de CO2 e o aumento do consumo de carboidratos complexos; (D) o controle do quociente respiratório e a restrição do consumo de lipídeos; 4) (Residência / HUPE-2003) São objetivos do apoio nutricional para pacientes com fibrose cística: (A) controlar a malabsorção e prevenir as deficiências nutricionais; (B) manter o peso ideal e minimizar as interações droga- nutriente; (C) melhorar a resistência às infecções e facilitar a liberação de ventilação mecânica; (D) fornecer as necessidades nutricionais básicas e preservar
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