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257 O n.° total de mortes por câncer situa-se atrás, somente das por doenças cardiovasculares. (Chemin) Compreendendo o que é o Câncer Câncer é um nome geral dado a mais de 100 doenças que tem em comum o crescimento celular desordenado que tende a invadir tecidos e órgãos vizinhos. O câncer pode ser considerado como uma doença das células corpóreas, pois seu desenvolvimento envolve lesão ao DNA celular. Todas as células do organismo renovam-se, umas de maneira mais acelerada (tecidos de renovação celular acentuada – medula óssea, células da mucosa do TGI) outras de maneira mais lenta. Para que ocorra esta renovação, as células devem dividir-se e este processo é chamado de ciclo celular. (Fig. 1). Durante a fase S, uma cópia do material genético é produzida; na fase M, ocorre a divisão celular propriamente dita, em os componentes celulares são divididos em 02 células filhas; e as fases G1 e G2 são chamadas de gaps e constituem períodos intermediários onde a célula se prepara para concluir as outras duas fases S e M. Fig. 01 Fases do ciclo Celular O ciclo celular da célula normal possui vários pontos de checagem e mecanismos de conferência para impedir que os carcinógenos danifiquem o DNA e resulte em doenças como o câncer. No câncer, normalmente estes mecanismos estão danificados o que gera formação de células alteradas ou oncológicas. A carcinogênese é descrita em 03 fases progressivas (Fig. 2): 1. Início quando ocorre a mutação do DNA; (transformação) 2. Promoção as células iniciadoras (mutadas) multiplicam-se formando um tumor isolado. As células podem permanecer dormentes por um período variável até que sejam ativadas por um agente promotor. 3. Progressão formação de uma neoplasia maligna com capacidade de invadir tecidos e criar metástases. Fig. 02 Fases da Carcinogênese Oncogenes são genes alterados que promovem o crescimento do tumor e alteram a morte celular programada (apoptose). Os genes supressores tumorais são o oposto dos oncogenes, estes genes tornam-se desativados em células cancerosas. Essa perda de função pode levar a um crescimento desregulado da células e, finalmente, ao câncer. Apenas 5-10% de todos os cânceres, aproximadamente têm demonstrado ocorrer como resultado de alterações genéticas hereditárias. Em células cancerosas, a angiogênese tumoral ocorre quando os tumores liberam substâncias que ajudam no desenvolvimento de novos vasos sanguíneos necessários para seu crescimento e metástases. Nutrição na Etiologia do Câncer Grande parte dos cânceres relacionam-se a fatores ambientais, incluindo aí a exposição ambiental, estilo de vida e a dieta. No caso da nutrição, estima-se que 35% dos cânceres se devam exclusivamente a nutrição e a dieta. A complexidade da dieta apresenta difícil desafio em estabelecer esta relação, pois a mesma pode possuir tanto inibidores quanto intensificadores da carcinogênese. A tabela 1 relaciona os principais carcinógenos dietéticos e a tabela 2, os principais quimioprotetores: CÂNCER Prof. Cristina Fajardo Diestel cristinadiestel@nutmed.com.br Carcinógenos Radiação Luz ultravioleta Radicais livres 258 Tab.01 Efeitos dos carcinógenos dietéticos Carcinógeno Efeito Excesso de peso Estimulam a carcinogênese - esôfago, pâncreas, vesícula biliar, fígado, mama (pós-menopausa), endométrio, rim, cólon e reto. Excesso peso + inatividade física Estimulam carcinogênese cólon. Excesso de gordura corporal está relacionado com risco de câncer de esôfago, pâncreas, vesícula biliar, colorretal, mama, endométrios e rim. A cirurgia bariátrica com desvio gástrico pode diminuir a mortalidade em câncer em até 60% Excesso de peso e o sobrepeso tb aumentam o risco de recorrência do câncer e diminui a sobrevida Idade, obesidade, síndrome metabólica e hiperglicemia aumentam os níveis de IGF-1 (fator de crescimento semelhante a insulina tipo 1) – um composto potencialmente causador de câncer. Alta ingestão de gordura Risco de Ca de mama, cólon, pulmão e próstata. Ingestão protéica 02 a 03 X a necessidade Estimula a carcinogênese. Ingestão excessiva de carne vermelha Estimulam carcinogênese cólon e próstata avançado (este último + produtos lácteos) Mecanismos envolvidos na ingestão de carne e Ca cólon – produção de substâncias cancerígenas a partir de dieta rica em gordura, a partir de aminas heterocíclicas e/ou hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, formação de compostos N-nitrosos e da influencia do ferro heme. Se escolher comer carne vermelha, selecionar cortes magros e porções menores Baixa ingestão de frutas e legumes Risco de Ca em 02 X (exceto para próstata) quando comparado a alto consumo. Álcool (age sinergicamente com Fumo) Estimula carcinogênese boca, faringe, laringe e esôfago, pulmão, fígado e cólon (cerveja) - 2 a 3 drinks ao dia aumenta o risco em 2-3 vezes em relação aos abstêmicos / mama pré e pós-menopausa ( níveis endógenos de estrogênios, redução dos níveis de ácido fólico e efeito direto do álcool e seus metabólitos no tecido mamário). Ingestão bebidas muito quentes Risco de Ca de esôfago. Nitratos, nitritos, nitrosaminas (vegetais, alimentos salgados, defumados) Obs.: efeito protetor na ingestão destes com vitamina C e fitoquímicos. Carcinogênicos Ingestão excessiva de sal Risco de Ca gástrico. Ingestão excessiva de carboidratos simples Estimula a carcinogênese. Níveis plasmáticos altos de insulina podem aumentar o risco de mortalidade por câncer de mama. Toxicidade do Bisfenol (A) Cancerígeno. Evitar colocar líquidos muito quentes em recipientes feitos com Bisfenol A, aumenta sua concentração no alimento. Carbonizar ou cozinhar a carne em altas temperaturas sobre uma chama aberta pode causar a formação de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e aminas heterocíclicas. Assar ou fritar os alimentos de forma normal não produz tanto quanto os cozidos no fogo aberto. Ingestão de grandes quantidades de lácteos e suplementação de cálcio Aumento do risco de câncer de próstata Observações quanto a outros carcinógenos: - Atualmente, a Food and Drug Administration não reconhece nenhum adoçante como cancerígeno; - Álcool – segundo a Krause, se houver consumo, este deve ser limitado a dois drinques por dia para homens e um drinque por dia para mulheres e, também, que o consumo de folato seja o mais adequado possível. Tab. 02 Efeitos dos quimioprotetores dietéticos Quimioprotetor Efeito Restrição calórica Inibe crescimento tumoral Restrição protéica Suprime crescimento tumoral Dieta rica em fibras Efeito protetor Ca cólon, reto, mama e ovários. Alta ingestão de frutas e vegetais (vit. C, E, selênio, fibras e fitoquímicos) Ideal maioria dos países – ingestão de 03 ou mais porções de vegetais e 02 ou mias porções de frutas ao dia. (01 porção 80g = ½ xícara) Protetor contra a carcinogênese - especialmente Ca cavidade oral, esôfago, estômago, cólon, pulmão, reto e bexiga. Menor relação com Ca hormonais Alta ingestão de betacaroteno, vit. E e selênio Taxa de mortalidade por Ca esofágico/gástrico Ingestão chá verde Fonte de fenóis e antioxidantes Pode proteger contra Ca gástrico Prática de exercício físico Previne Ca mama pós-menopausa, endométrio e cólon Ideal fazer 45-60 min de atividade física moderada a vigorosa na maioria dos dias da semana 259 Quimioprotetor Efeito Soja – proteína vegetal que contém fitoestrógenos Protege contra o câncer de mama, especialmente se a soja dietética for consumida antes que se atinja a fase adulta. Obs.: a soja, possivelmente pode ser perigosa se consumida por uma mulher com diagnóstico de Ca mama do tipo receptor positivo de estrogênio. Os homens com cânceres hormônio-sensíveis, como câncer de próstata, podem ser beneficiardo consumo regular de produtos com soja. O Câncer de próstata é dependente de testosterona e os estrogênios (fitoestrogênios são antagonistas) Cálcio + vitamina D Níveis séricos mais elevados de vitamina D estão associados associados a uma menor incidência de alguns cânceres e maior incidência de outros. Até que se entenda melhor sobre a prevenção de vitamina D e câncer, a ingestão de 800UI/dia é considerada suficiente e segura para manutenção de níveis normais de vitamina D. A correção da vitamina D e suplementação de cálcio pode ser benéfico para diminuir o risco de câncer colorretal. Café Possui vários compostos antioxidantes e fenólicos que tem propriedades anticancerígenas Ácido Fólico Interfere na metilação, síntese e reparo do DNA Folato em excesso pode contribuir com efeitos deletérios em determinados tipos de câncer. Alta ingestão de ômega 3 em relação ao ômega 6 Pode potencialmente reduzir o risco de câncer de cólon e próstata Os agentes cancerígenos podem ser: (Chemin) - químicos (níquel, benzopireno), - biológicos (vírus), - físicos (radiações ionizantes e raios ultravioleta) e - genéticos - são mais relacionados à ocorrência de câncer na infância. Os fatores ambientais como tabagismo, alcoolismo, exposição ao sol, aumento da ingestão de gordura, infecção por papilomavírus, uso crônico de estrógenos e obesidade são mais relacionados aos cânceres do adulto. (Chemin) Veja na tabela abaixo os fatores de risco modificáveis e não modificáveis para o câncer: (Cuppari). Fatores de risco modificáveis Fatores de risco não modificáveis Uso do tabaco Alimentação inadequada: alta densidade energética, rica em gordura saturada e pobre em frutas, legumes e verduras Inatividade física Obesidade Consumo de bebida alcoólica Agentes infecciosos: HPV, vírus da hepatite B e bactéria H. pylori Radiação ultravioleta (solar) e ionizante (raio X) Exposição ocupacional: asbesto, arsênio, benzeno, sílica, radiação, agrotóxico, poeira de madeira e de couro e fumaça do tabaco. Poluição ambiental Comportamento sexual: início precoce das atividades sexuais, múltiplos parceiros sexuais estão relacionados a infecção pelo HPV Idade: aumento do risco com o aumento da idade Etnia e raça Hereditariedade Gênero: diferenças anatômicas Os cânceres de pulmão, mama, próstata e cólon predominam em países com grande volume de recursos financeiros. Os cânceres de estômago, fígado, cavidade oral e colo de útero, por sua vez, são mais predominantes em países de baixo e médio níveis de recursos financeiros (Cuppari. No quadro abaixo, são colocadas as recomendações da Organização Mundial da Saúde para a redução do risco de Câncer (Chemin e Cuppari). Manter o peso corporal dentro dos limites normais de IMC Evitar ganho de peso (Chemin- evitar ganho > 5kg na idade adulta e aumento da circunferência da cintura) Manter-se fisicamente ativo como parte da rotina diária Chemin – manter atividade física regular em mais dias da semana, mais de 60min/dia com moderada intensidade. Atividades mais vigorosas como caminhada rápida, podem trazer benefícios adicionais na prevenção do câncer. Cuppari – fazer no mínimo 30 min todos os dias de atividade física moderada. Limitar os hábitos sedentários Consumir bebidas alcoólicas não é recomendado. Chemin - Porém, se consumir, não deve exceder o equivalente 10g de álcool (01 copo de cerveja ou vinho). Cuppari e Krause– Se consumir deve ser limitado a 2 doses/dia para homens e 01 dose/dia (10-15g/dia) para mulheres. Os alimentos conservados em sal e o sal devem ser consumidos moderadamente. Cuppari – Limitar a ingestão de sal em menos de 6g/dia (2,4g/sódio) por dia. Não consumir cereais e grãos mofados. Cuppari – consumir raramente alimentos com alta densidade energética (225-275 kcal/100g). Evitar bebidas açucaradas e alimentos tipo fast food. Diminuir a exposição à aflatoxina dos alimentos. Ter uma dieta que inclua pelo menos 400g/dia de frutas. Legumes e verduras Cuppari – consumir cereais pouco processados e/ou leguminosas em todas as refeições. Limitar alimentos processados (refinados) que contenham amido. Moderar o consumo de carnes vermelhas e embutidos (salsicha, salame, bacon, presunto). Cuppari – consumir menos de 500g de carne vermelha/semana, inluindo pouca ou nenhuma quantidade de carne processada. Não consumir bebidas em temperatura muito altas. As necessidades nutricionais devem ser alcançadas pela alimentação. Suplementos alimentares não são recomendados para prevenção do câncer. Amamentar exclusivamente as crianças com leite materno até os 6m de vida 260 Estadiamento do Câncer O estadiamento é usado para identificar o quanto o câncer se espalhou por todo o corpo. O estágio do câncer no momento do diagnóstico é um forte preditor de sobrevida e dirige oncologistas para o plano de tratamento mais eficaz. O sistema de estadiamento de metástase-nódulo- tumor (TNM) também é comumente usado por oncologistas. T representa o tamanho do tumor, N representa os nodos ou se ele se espalhou para os linfonodos e M representa a metástase, ou se o câncer se espalhou para órgãos distantes O estágio do câncer no momento do diagnóstico é um forte preditor de sobrevida e dirige oncologistas para o plano de tratamento mais eficaz. O estadiamento do câncer é mais frequentemente descrito como estágios I, II, III e IV, sendo o estágio I a menor quantidade de doença e o estágio IV sendo o mais avançado. 0 – carcinoma in situ I – invasão local II – tumor primário limitado ou invasão linfática regional mínima III – tumor local extenso ou invasão linfática regional extensa IV – tumor localmente avançado ou presença de metástases . Efeitos Nutricionais do Câncer A nutrição é adversamente afetada, tanto pelo câncer quanto pela modalidade de tratamento prescrita (cirurgia, quimioterapia e radioterapia). O grau e a prevalência de desnutrição dependem do tipo, da localização e do estágio do tumor, dos órgãos envolvidos, dos tipos de terapia antitumoral utilizados e da resposta do paciente. Caquexia Caquexia pode ser definida como uma síndrome multifatorial caracterizada pela perda de massa muscular (com ou sem perda de tecido adiposo), que não pode ser revertida com suporte nutricional convencional e acarreta progressiva disfunção orgânica. A fisiopatologia é caracterizada por balanço nitrogenado e proteico negativo, associado a redução da ingestão alimentar. A caquexia no câncer está presente em 30-50% dos pacientes e manifesta-se com as seguintes alterações clínicas: - perda progressiva de peso, - perda tecido gorduroso, - atrofia de musculatura esquelética, - anorexia, - astenia, - anemia, - definhamento e fraqueza generalizada - índice metabólico basal alterado - imunossupressão - anergia e - anormalidades do metabolismo de proteínas, gordura e de carboidratos. A caquexia pode ser dividida em 3 diferentes fases conforme quadro abaixo. %. O risco de progressão das fases depende de fatores como tipo e estágio do câncer, presença de inflamação sistêmica, baixa ingestão alimentar e ausência de resposta a terapia anticâncer. Pode-se observar também as diferenças entre fome e caquexia. Fases da caquexia Definição Pré-caquexia Perda de peso involuntária <5% nos últimos 6 meses, anorexia e alterações metabólicas Caquexia Perda de peso > 5% ou IMC <20 kg/m² + perda de peso > 2% ou sarcopenia + perda de peso > 2% nos últimos 6 meses + ingestão alimentar reduzida e inflamação sistêmica Caquexia refratária Não responsivo ao tratamento anticâncer, baixa performance status e <3 meses de expectativa de vida O consenso Europeu adicionou conceitos importantes como a definição de sarcopenia, elemento que faz parte da caquexia, como uma síndrome caracterizada pela perda progressiva e generalizada demassa muscular esquelética e força, que traz como consequência a piora da funcionalidade física, da qualidade de vida e a morte. A sarcopenia pode ser quantificada por antropometria (área muscular do braço <32cm² para homens e <18cm² para mulheres, absortometria de raio X de dupla energia (DEXA) (índice de musculatura esquelética apendicular <7,26kg/m² para homens e <5,45kg/m² para mulheres na 3ª vértebra lombar), tomografia computadorizada (TC) (índice de massa muscular lombar < 55cm²/m² para homens e <39cm²/m² para mulheres) e por bioimpedância elétrica (BIA) – massa livre de gordura < 14,6kg/m² para homens e < 11,4kg/m² para mulheres). Alguns autores incluem outros parâmetros para o diagnóstico da caquexia, como diminuição da gordura corporal (<10%), hipoalbuminemia (<3,5g/dl) e aumento da proteína C reativa (>1mg/dl), mas não existe consenso. Outras definições de caquexia (Dan, 2017) - Evans et al, 2008: aborda a perda de peso ≤5% nos últimos 12 meses associado com três dos seguintes itens: redução da força muscular, fadiga, anorexia, baixo índice de massa livre de gordura, aumento de marcadores inflamatórios (PCR>5mg/L) ou interleucina 6 (>4pg/ml), anemia (Hb<12g/dl) ou baixa albumina (<3,2g/dL). - Cancer Cachexia Study Group – CSGC sugeriu aplicar três critérios diagnósticos para caquexia, perda da peso ≥10%, consumo ≤ 1500kcal/dia e proteína C reativa ≥ 10mg, incorporando os sinais de inflamação relacionadas o processo de depleção. Existem quatro grandes mecanismos que podem justificar a desnutrição em câncer: baixa oferta de energia e nutrientes, alteração na digestão/absorção de nutrientes, aumento das necessidades nutricionais e alteração no metabolismo dos nutrientes. A etiologia da caquexia permanece desconhecida, porém considera-se importante o papel das citocinas 261 produzidas pelo indivíduo na presença da neoplasia (IL-1, IL-6, interferon- e TNF- ou caquetina), que induzem à alterações metabólicas e consumpção no hospedeiro do tumor. Tab.03. Fatores que contribuem para a caquexia do câncer Redução da ingestão alimentar - Anorexia - Náuseas e vômitos - Alteração do paladar e olfato Efeito local do tumor - Odinofagia, disfagia - Saciedade precoce - Obstrução gástrica, intestinal - Má absorção Alteração do metabolismo dos macronutrientes Citoquinas Efeitos do tratamento do câncer - Cirurgia Mastigação alterada Síndromes pós-gastrectomias Insuficiência pancreática Estenose de anastomose - Quimioterapia Náuseas e vômitos Alteração do gosto e do olfato Estomatite e mucosite Diarréia - Radioterapia Anorexia e náuseas Alterações do gosto e do olfato Xerostomia e mucosite Lesão da mucosa gastrointestinal Estenoses tardia Psicossocial Depressão Ansiedade Aversão alimentar Em câncer, o estado de inflamação é influenciado por vários mecanismos. O papel principal é desempenhado pelo tumor e por células do sistema imunológico responsáveis pela liberação de citocinas, quimiocinas e outros mediadores inflamatórios. Embora o tumor seja principalmente responsável pela ativação de células do sistema imunológico, o intestino parece ter um papel nesse processo, posto que a disfunção da barreira intestinal e a translocação bacteriana estão associadas com o câncer Metabolismo de Energia Os pacientes com câncer podem ter um gasto energético, reduzido, normal ou aumentado dependendo do tipo de neoplasia. Sugere-se que o hipermetabolismo possa acontecer em pacientes com maior duração de doença. (Krause 2018 coloca que o GEB está aumentado) Metabolismo de Substratos – o metabolismo de todos os substratos está alterado pelo crescimento tumoral. Carboidratos: Alta utilização de glicose pelo tumor (10-50X mais que nas células normais) Alta taxa de glicólise anaeróbica na célula tumoral produção de lactato; Atividade do Ciclo de Cori para fazer gliconeogênese a partir da captação das altas taxas de lactato sérico – Ciclo de cori é considerado ciclo fútil por ser energicamente ineficiente e contribuir parcialmente para o aumento do gasto energético. Aumento da produção de glicose gliconeogênese; Aumento intenso do tournover da glicose; Pode ocorrer um estado relativo de resistência à insulina, caracterizado pelo excesso de oxidação gordurosa e da captação e uso da glicose, especialmente nos músculos (intolerância a glicose). Dan – Alterações no metabolismo dos carboidratos - informações adicionais: - O aumento da taxa de captação de glicose pelas células tumorais está diretamente relacionado ao grau de malignidade e poder de invasão celular do câncer; - Priorização do uso da glicose para processos anabólicos (síntese de nucleotídeos, RNA e DNA) em detrimento de reações oxidativas para obtenção de energia e síntese de lipídios e proteínas; - Superexpressão do fator induzido por hipóxia (HIF-1) devido à hipóxia intratumoral, relacionada com o aumento da gliconeogênese e proliferação das células neoplásicas. Utilização de glicose pela célula normal e pela célula turmoral Proteínas: Proteólise, com utilização de aminoácidos para gliconeogênese - principal degradação de proteína miofibrilares fornecendo alanina e glutamina; Perda muscular esquelética serve, principalmente, para fornecer aminoácidos para gliconeogênese e para a síntese de proteínas de fase aguda; Perda muscular visceral com atrofia de órgãos e hipoalbuminemia também podem ocorrer; Inadequado na dinâmica de proteínas; Síntese de proteínas hepáticas (de fase aguda); A hipoalbuminemia pode ocorrer pelo aumento da água corporal total associada à caquexia. Produção tumoral do Fator Indutor de Proteólise (PIF) que induz diretamente a degradação protéica no músculo por ativação da via proteolítica dependente de ubiqüitina (com gasto de ATP) e inibe a síntese de proteínas. PIF - está presente na urina de pacientes caquéticos, mas não em pacientes com perda de peso devido à trauma, cirurgia e sepse ou mesmo em pacientes oncológicos com manutenção do peso corporal. A ubiqüitina age como sinalizadora das proteínas intracelulares que serão degradadas pelo complexo enzimático Proteasoma 26S. A inibição da síntese de proteínas pode contribuir para o aumento do catabolismo muscular (Dan, 2009). 262 A glutamina é um aminoácido muito utilizado pela célula tumoral. O nitrogênio proveniente da glutamina é usado nos passos inicias da biossíntese de novo de bases púricas e pirimídicas. Atualmente, também o metabolismo da arginina tem atraído atenção. As enzimas que metabolizam a arginina como arginase e óxido nítrico sintase também estão mais expressas no tumor, de acordo com o tipo e o estágio do câncer, especialmente no caso da arginase. O aumento da atividade da arginase na célula cancerígena está associado ao aumento da síntese de poliaminas, que são essenciais para a proliferação celular. Na célula cancerígenas, o óxido nítrico pode suprimir ou estimular o crescimento tumoral e isso depende da dose, tempo de exposição e da sensibilidade da célula ao óxido nítrico. Embora se acredite que o sistema ubiquitina proteasoma seja o principal processo catabólica na caquexia do câncer, a autofagia e o sistema de calpaínas também são reconhecidos. Autofagia é um mecanismo homeostático para degradação dos constituintes celulares ativados no estresse ou em condições catabólicas, incluindo câncer Lipídios: Diminuição da lipogênese e aumento da lipólise para fornecer substratos para a gliconeogênese – estes são estimulados pela ação das citocinas catabólicas na presença do tumor e produção de fator mobilizador de lipídios pela célula tumoral. Produção tumoral de Fator Mobilizador de Lipídios (FML) - uma substância produzida por alguns tipos de tumores e encontra-se ausente em pessoas normais. A presençadesta substância está associada à intensa atividade lipolítica encontrada em pacientes portadores de tumor, com perda de tecido adiposo desencadeando a lipólise através do estimulo da adenilato ciclase em processo dependente de trifosfato de guanosina (GTP), de maneira homóloga aos hormônios lipolíticos. Aumento da oxidação de ácidos graxos e também dos níveis de AG plasmáticos; Decréscimo da lipogênese e do clareamento plasmático pela reduzida ação da lípase lipoproteíca (LPL), que normalmente colabora com o quadro de caquexia e hiperlipidemia. Menor utilização de ácidos graxos para síntese de energia em relação á glicose na célula neoplásica (Dan). Menor incorporação de ácidos graxos poliinsaturados, modificando a fluidez e a peroxidação lipídica na membrana de células transformadas de alguns tumores de crescimento rápido (Dan). Utilização de eicosanóides do metabolismo dos ácidos graxos poliinsaturados da família ômega 6 para angiogênese (Dan). Dan – Alterações no metabolismo dos lipídios - informações adicionais: - Aumento plasmático de colesterol VLDL e HDL e também aumento do tournover de ácidos graxos livres e glicerol. - Fator de necrose tumoral e interleucina 6 são mediadores citocínicos das perdas teciduais na caquexia e podem inibir a atividade da LPL. - FML pode ser responsável pela diminuição de gordura corpórea e pelo aumento do gasto energético, porém não pela anorexia. - AG provenientes da lipólise podem ser utilizados por diferentes vias: síntese de energia incluindo ciclos metabólicos fúteis e reação de betaoxidação na mitocôndria, síntese de fosfolipídios utilizados na composição da membrana celular e síntese de eicosanóides que são mediadores inflamatórios e na produção de calor no tecido adiposo marrom e no músculo esquelético. Segundo Dan, as principais alterações metabólicas no paciente com câncer são: estimulo à gliconeogênese a partir do lactato, aumento da captação de glicose pelas células tumorais e mobilização das reservas orgânicas. No quadro abaixo segue uma comparação das alterações metabólicas do câncer e da inanição (fome). Fome e Caquexia Fome Caquexia câncer Perda de gordura Perda de gordura e massa magra Fome Ausência de fome Queda do gasto energpetico Aumento do gasto energético Mediadores específicos não implicados Mediadores específicos Alterações Metabólicas Tournover glicose Reduzido Aumentado Glicose sérica Reduzido Não altera Insulina sérica Reduzido Não altera Lactato sérico Não altera Aumentado Atividade ciclo de cori Não altera Aumentado Atividade lipase lipoprotéica Não altera Reduzido Triglicerídeos séricos Não altera Aumentado Tournover proteína Reduzido Aumentado Catabolismo musculo esquelético Reduzido Aumentado Excreção de nitrogênio urinário Reduzido Não altera Citocinas (Dan e Cuppari) São pequenas glicoproteínas solúveis produzidas predominantemente por células inflamatórias que funcionam como mediadores ou como intercomunicadores intercelulares; ou seja; alterando as propriedades e o comportamento de outras células. Diversas citocinas são consideradas como mediadoras do processo caquético como: fator de necrose tumoral (TNF-), interferon gama (INF-), interleucina 6 263 (IL-6), interleucina 1 (IL-1) e fator transformante de crescimento beta (TGF-β). Essas moléculas podem influenciar diretamente o metabolismo através de alterações nas concentrações plasmáticas de hormônios contra regulatórios. As citocinas possuem atividades metabólicas que se sobrepõem o que torna possível que nenhuma substância isolada seja a única causa de caquexia do câncer. O quadro abaixo da Cuppari mostra as citocinas produzidas pelo tumor e pelo hospedeiro e suas ações: Citocina Produção Efeito IL-1 Macrófagos, monócitos, células endoteliais, fibroblastos, eosinófilos e neutrófilos. CRH (corticotropina) - anorexia NPY (neuropeptídeo Y) TNF-alfa Macrófagos Monócitos CRH (corticotropina) – anorexia cortisol/glucagon TMB Perda de peso Proteólise Lipólise IL-6 Macrófagos, monócitos, células endoteliais, fibroblastos, queratinócitos Perda de peso Proteóolise Caquexia IFN-gama Células T e NK Caquexia TNF ingestão LPL (lipase lipoprotéica) PIF Tumor Proteólise TGF-beta Macrófagos, células epiteliais, fibroblastos e células tumorais Inflamação, tumorigênese, invasão e metástase, caquexia O TNF-α exerce efeitos catabólicos em parte mediados pelo efeito de transcrição NF-kB, aumentando a gliconeogênese, proteólise e lipólise, diminuindo a síntese de proteínas, lipídios e glicogênio e estimulando a expressão das proteínas de desacoplamento UCP2 e UCP3 no músculo esquelético caquético. Além disso, o TNF- α em combinação com o IFN-γ mediado por NF-kB baixo regulam o fator de transcrição músculo-específico MyoDm promovendo assim a perda e influenciando o metabolismo muscular. A IL-1 mostra efeito semelhante ao TNF- α pelo qual é estimulada. A IL-1 aumenta os níveis de triptofano e serotonina, assim influenciando o apetite e determinando a saciedade precoce e a anorexia, é a citocina anorexígena mais potente. Níveis de IL-6 circulante se correlacionam com a perda de peso em pacientes com câncer e influenciam a sobrevida em uma variedade de tipos de câncer. Disfunção da mitocôndria é um evento precoce em câncer induzido por gasto muscular, determinando maior estresse oxidativo, debilitação dos sistemas de controle de qualidade da proteína. Aumento na suscetibilidade a mitofagia e a apoptose, todas as funções que estão relacionadas a disfunção contrátil. A regulação das UCPs está associada a um aumento do GEB e pode contribuir para a perda muscular durante a caquexia do câncer. A melhor maneira de impedir ou reverter a progressiva desnutrição da moléstia maligna é o adequado tratamento do câncer. O tratamento da massa tumoral e, portanto, da causa básica de desnutrição, cria condições para o bom aproveitamento dos nutrientes ofertados, uma vez que as alterações metabólicas são pouco responsivas à abordagem nutricional. Outras anormalidades metabólicas: Desequilíbrios de água e eletrólitos são observados em pacientes com câncer avançado; Hipercalcemia NÃO restringir cálcio dietético. Não usar suplementos de cálcio e fazer tratamento medicamentoso Pode ocorrer, segundo a Krause, em indivíduos que possuem metástase óssea e é causada pela atividade osteolítica das células do tumor, liberando cálcio dentro do líquido extracelular. A hipercalcemia é um acaso potencialmente fatal e é vista, em geral, nos casos de mama metastático e mieloma múltiplo. Os sintomas incluem náusea, fraqueza, fadiga, letargia e confusão. Alterações Sensoriais: São comuns as alterações de paladar e olfato, contribuindo para a anorexia, comumente observada nestes pacientes. As alterações observadas no paladar são devidas a própria doença, a determinados agentes de rádio e quimioterapia e as cirurgia de cabeça e pescoço. As alterações observadas no paladar são: Limiar para doce, azedo e sal; Limiar para amargo. Os pacientes podem também experimentar intensificação no sentido do olfato, resultando em sensibilidade a odores na preparação dos alimentos, assim como aversão a itens não alimentares como sabonetes e perfumes. Intervenções que diminuam o aroma dos alimentos tais como servi-los frios ao invés de quentes podem ser úteis. Desregulação Hormonal do Controle da Alimentação (Dan) Eixo Hipotálamo-pituitário-cortical Em pacientes com câncer, o estresse e a dor são estímulos freqüentes e persistentes ao eixo neuroendócrino, que se mantém em estado permanente de excitação. Esta ativação neuro-hormonal prolongada contribui para a manutenção de condição similar a fase aguda do estresse, do catabolismo e da caquexia. - Triptofano eserotonina um dos mecanismos associados ao processo de caquexia é o setoninérgico. A serotonina tem papel importante no processo normal de controle da alimentação. O triptofano, precursor da setononina está envolvido no mecanismo da saciedade. Em pacientes com anorexia relacionada ao câncer a relação serotonina:dopamina encontra-se aumentada na região do hipotálamo. Porém o uso de antidepressivos e inibidores de serotonina ainda tem ação não definida, sendo necessários maiores estudos. 264 - Leptina a leptina é um peptídeo secretado pelo tecido adiposo com estrutura semelhante às citocinas IL-6 e IL-1. A leptina inibe a ingestão e aumenta o gasto energético através de uma atuação envolvendo o hipotálamo, ativando circuitos catabólicos e inibindo circuitos anabólicos. Assim, baixos níveis de leptina cerebral estimulam o apetite e reduzem o GE, enquanto altos níveis de leptina reduzem o apetite e aumentam o GE. A leptina faz ainda parte do desencadeamento da resposta adaptativa do jejum. Em pacientes com câncer, elevados níveis de citocinas podem produzir uma inibição da ingestão de alimentos, através do aumento do nível de leptina ou e/ou através da simulação do efeito hipotalâmico do feedback negativo, sinalizador de leptina, conduzindo a uma prevenção do mecanismo compensatório normal perante a diminuição da ingestão de alimentos e peso corporal. A persistência da anorexia em pacientes oncológicos sugere uma redução da resposta adaptativa ao apetite. - Neuropeptídeo Y é um peptídeo com 36 aminoácidos, secretado pelo hipotálamo e abundante no cérebro – é o mais potente estimulador do apetite conhecido, além de diminuir o GE e aumentar a lipogênese, promovendo um estado de balanço energético positivo e aumento da reserva de gordura. Estimula o apetite por conta própria e também por estimular a liberação de outros peptídeos orexídenos como a insulina, a galanina, peptídios opióides, hormônio concentrador de melanina, orexina e peptídieo agoutiassociado. É possível que no câncer, citocinas envolvidas na modulação de peptídios promotores do apetite influenciem negativamente na regulação da ação orexígena do NPY. - Melanocortina compreende uma família de peptídeos reguladores incluindo o hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) e o hormônio melanócito (MSH). Este grupo de peptídeos e seus receptores auxiliam na regulação do apetite e da temperatura corporal, sendo também importante para a memória, bem-estar e sistema imune. Possuem efeito oposto ao do neuropeptídeo Y, ou seja, promovem balanço energético negativo. Com a progressiva perda de peso, deveria ocorrer uma queda no sistema anorexígeno sinalizador de melanocortina, como uma alternativa para preservar o estoque de energia, porém, no câncer este sistema permanece ativo contribuindo para o desenvolvimento da caquexia. - Grelina é um ligante endógeno do receptor do hormônio do crescimento (GH) e um potente estimulador da secreção de GH. É um hormônio peptídeos secretado pelas células epiteliais do fundo do estômago. As concentrações de grelina aumentam no jejum e diminuem após a ingestão alimentar, o que parece uma regulação negativa com a leptina e a insulina, outros importantes reguladores da massa corporal gordurosa. No entanto, em pacientes com a síndrome anorexia-caquexia, a grelina pode estar diminuída. Efeitos Nutricionais da Terapia do Câncer A terapia antitumoral envolve químio e radioterapia, cirurgia, imunoterapia ou uma combinação destas. A resposta ao tratamento é documentada como completa parcial, estável ou progressiva. A resposta ao tratamento do câncer é definida como resposta completa ou parcial (melhoria), doença estável ou progressão da doença (piora). Os tratamentos podem ser considerados curativos, neoadjuvante (antes da cirurgia), adjuvante (após a cirurgia) ou paliativo. Quimioterapia É o uso de medicações para tratar o câncer. A maioria das drogas é citotóxica, mata as células impedindo a formação de um novo DNA, bloqueando funções essenciais da célula ou induzindo à apoptose. Enquanto a radioterapia e a cirurgia são utilizadas para tratar tumores localizados, a quimioterapia é uma terapia sistêmica que afeta o corpo todo (não só nas células tumorais, mas também nas células normais). Os efeitos colaterais desta terapia dependem do agente, dosagem e duração do tratamento. Os maiores efeitos colaterais ocorrem nas células de rápido tournover como a medula óssea o folículo capilar e a mucosa do trato alimentar (Krause,). Efeitos colaterais comuns da quimioterapia: mielossupressão anormalidades do paladar mucosite, queilose, glossite, estomatite e esofagite diarréia e má-absorção decorrente da toxicidade GI constipação (Dan) náuseas/vômitos e anorexia geralmente, auto- limitados anemia função imunológica deprimida edema, hiperglicemia, alteração função hepática e renal (Cuppari, 2014) Como existe mielossupressão, a gravidade desta e da neutropenia podem ser fatores limitantes para a administração de quimioterápicos. Devido a isto também, a contagem total linfocitária não reflete adequadamente o estado nutricional. Segundo Dan (2009), quando ocorre neutropenia febril com temperatura corpórea 39ºC ocorre elevação da TMB em 25%. 265 No Quadro abaixo, Cupppari coloca os principais fármacos usados na QT e seus efeitos colaterais GI: (Cuppari) Classe Quimioterápicos Toxicidade TGI (efeitos mais comuns) Antibiótico antitumoral Actinomicina Dactinomicina Nauseas, vômitos, diarreia, anorexia, estomatite, gastrite, esofagite, glossite Bleomicina Estomatite, náuseas, anorexia Daunorrbicina Náuseas, vômitos, diarreia, anorexia, estomatite, gastrite, esofagite, dor abdominal Idarrubicina Náusea, vômitos, diarreia, anorexia, estomatite, alteração de paladar Mitomicina Vômitos, náiseas, anorexia, estomatite, doarreia Anticorpo monoclonal Bevacizumade Diarreia, vômito, anorexia, cotipação, estomatite, hemorragia gastrointestinal, dispepsia, distúrbio do paladar, flatulência, náusea, xeroxtomia, colite, íleo paralítico, sangramento gengival, perfuração gastrointestinal, abscesso intra-abdominal, fístula Cetuximabe Dor abdominal, estomatite Rituximabe Náusea, dor abdominal, diarreia, vômito, dispepsia, anorexia, perda de peso Transtuzumabe Náuseas e vômitos, anorexia, diarreia, dispepsia, dor abdominal Composto de Coordenação de platina Carboplatina Náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia, obstipação, anorexia, mucosite Cisplatina Náuseas, vômitos graves, anorexia, estomatite, diarreia, alterações de paladar (sabor metálico) Oxaliplatina Náuseas, vômitos, diarreia e mucosite Agente alquilante Ciclofosfamida Náuseas, vômitos, anorexiam estomatite, diarreia, desconforto ou dor abdominal Epirrubicina Náuseas, vômitos, anorexia, diarreia, mucosite, estomatite Ifoafamida Náuseas, vômitos, anorexia, diarreia, obstipação, mucosite, sialorreia Antimetabólico (análogo da pirimidina) Citarabina Dor abdominal, dor orofaríngea, esofagite, necrose intestinal, pancreatite, ulceração esofágica Fluoruracila, 5- fluorouracil Náusea, vômitos, anorexia, estomatite, esofagite, faringite, diarreia Cloridrato de gentacitabina Náuseas, vômitos, diarreia, estomatite Antimetabólico (análogo do ácido fólico) Metotrexato Vômito, estomatite ulcerativa, glossite, gengivite, náusea, diarreia, anorexia, perfuração intestinal, mucosite Agente Antineoplásico, antraciclina Doxorrubicina Anorexia, diarreia, dor abdominal, mucosite, náusea,necrose de cólon, ulceração gastrointestinal, vômito Agente Antineoplásico miscelânea L-asparaginase Anorexia ecólicas abdominais, náusea e vômito, pancreatite aguda Agente diverso Darcabazina Náuseas, vômitos, anorexia, diarreia, estomatite e alteração no paladarDerivado vegetal Docetaxel Náusea, vômitos, diarreia, mucosite Agente alcaloide Paclitaxel Náuseas, vômitos, mucosite, diarreia, disgeusia Etoposido Nauseas, vômitos, anorexia, estomatite, diarreia, desconforto ou dor abdominal Irinotecano Dairreia, náuseasm vômitos, mucosite, anorexia, constipação, flatulência, dispepsia e dores abdominais Produto natural (alcaloide de vinca, antimicótico) Sulfato de vincristina Constipação, íleo paralítico, ulceração oral, cólicas abdominal, anorexia, necrose intestinal, gosto metálico, náuseas, vômito e perda de peso Interação entre Alimentos e Fármacos na Quimioterapia (Krause) Alguns agentes quimioterápicos podem causar eventos adversos potencialmente graves: - Ca pulmão em tratamento com pemetrexede (Alimta) precisam de vitamina B12 e suplementação de ácido fólico durante toda a duração de sua terapia para evitar a anemia associada a esta droga; - Um evento grade de hipertensão pode ocorrer quando alimentos ricos em tiramina e bebidas aão consumidos quando se toma procarbazina (Mutalane), um agente normalmente usado para tratar câncer no cérebro. - Indivíduos com câncer de cólon recebendo oxaliplatina (Eloxatin) são devem beber, comer ou manipular alimentos ou bebidas geladas por até 5 dias por causa das 266 disestesias relacionadas ao tratamento ou parestesias transitórias das mãos, pés e gargantas. - A fim de evitar perturbações gástricas desnecessárias, os indivíduos tomando a medicação capecitabina (Xeloda) devem tomar o medicamento dentro de 30 minutos de ingestão de alimentos ou de uma refeição.Por outro lado, medicamentos como o erlotinibe (Tarceva) não devem ser administrados com alimentos, podendo causar diarreia profunda e erupção cutânea a menos que tomado com o estômago vazio. Radioterapia A radioterapia é o uso da radiação ionizante utilizada em múltiplas doses fracionadas, é administrada para curar, controlar ou paliar o câncer. A radioterapia pode ser aplicada externamente no corpo a partir de uma máquina de megavoltagem ou com braquiterapia, colocando uma fonte radioativa (implante0 dentro do tumor ou próximo a ele a fim de liberar um dose altamente localizada. Os efeitos colaterais da radioterapia dependem do local de tratamento. Células saudáveis que estão próximas ao câncer podem ser afetadas pelo tratamento radioterápico ocasionando efeitos adversos. Tais efeitos dependem da dose de radiação e da porção do corpo que está sendo tratada. Quando usada sozinha (sem combinação com quimioterapia), os efeitos colaterais da radioterapia geralmente começam ao redor da 2ª ou 3ª semana (segundo Chemin, na 3ª semana) de tratamento e, normalmente, se resolvem em 02 a 04 semanas (segundo Chemin, algumas semanas) após a radioterapia ter sido completada. Seus efeitos colaterais podem se resolver ou podem ocorrer várias semanas, meses ou até anos após o tratamento. Independente da área que está sendo irradiada, os sintomas de impacto nutricional comumente experimentados são fadiga, perda de peso e apetite, alterações cutâneas e alopecia na área que está sendo tratada. A irradiação corporal total usada nos protocolos de transplante de medula óssea pode levar a todos os sintomas descritos abaixo: Efeitos colaterais comuns: Sistema nervoso central: - Efeitos agudos: náuseas, vômitos, hiperglicemia (causada pela administração de corticóide), fadiga e perda de apetite; - Efeitos tardios (> 90 dias após o tratamento): cefaléia e letargia. Cabeça e pescoço: - Efeitos agudos (segundo a Cuppari, os sintomas aparecem após a 1ª semana de tratamento): inflamação e sensibilidade na boca e garganta, mucosite, xerostomia (boca seca), destruição da gengiva e dentes, cárie dental, alterações no paladar e olfato, disfagia, odinofagia, anorexia, fadiga e perda de peso. Além destes efeitos Chemin cita ainda anorexia e espasmos na mandíbula e maxilar; - Efeitos tardios (> 90 dias após o término do tratamento): osteorradionecrose (necrose dos tecidos moles após radioterapia em altas doses), trismo (constrição dos maxilares), mucosas (atrofia e secura, além de ulceração), xerostomia e fibrose das glândulas salivares, alteração do paladar e olfato. Tórax: - Efeitos agudos: azia e esofagite aguda caracterizada por disfagia e odinofagia, fadiga e perda de peso. Chemin /Dan colocam ainda outros efeitos colaterais como infecção no esôfago, refluxo gastresofágico, náuseas e vômitos. - Efeitos tardios (> 90 dias após o término do tratamento): podem ocorrer fibrose e estenose do esôfago, levando a obstrução. Com relação ao coração pode ocorrer angina de esforço, pericardite e cardiomegalia e com relação ao pulmão, tosse seca e fibrose e pneumonia. Abdome: - Efeitos agudos: gastrite ou colite/enterite com náuseas e vômitos, diarréia, anorexia, lesões graves podem levar à má-absorção (diarréia, cólicas, timpanismo e gases), alteração da função urinária (freqüência aumentada, sensação de queimação à micção), intolerância à lactose, fadiga e perda de apetite. - Efeitos tardios (> 90 dias após o término do tratamento): diarréia, má-absorção, má digestão, colite ou enterite crônica, estreitamento, ulceração, obstrução, perfuração ou fístula intestinal, hematúria e cistite. Cirurgia É a terapia primária nos cânceres do TGI e pode se combinar com radioterapia ou quimioterapia pré e/ou pós- operatória. Após a cirurgia, são necessárias energia e proteína adicionais para cicatrização. São sintomas comuns de impacto nutricional a fadiga, dor, perda de apetite e alterações na alimentação normal. Imunoterapia / Bioterapia Consiste num grupo de medicamentos prescritos para estimular o sistema imune do organismos e as defesas para tratar o câncer. A Bioterapia pode ser usada isoladamente, entretanto, com mais frequência é administrada em associação com agentes quimioterápicos. Os pacientes que usam podem experimentar fadiga, calafrios, febre e sintomas semelhantes ao da gripe que levam a uma diminuição da ingestão alimentar e aumentam as necessidades energéticas e proteicas. Outros efeitos colaterais incluem: anorexia, diarréia, edema, estomatite, náuseas, vômitos, perversão do gosto (alteração do paladar), emagrecimento. Hormonioterapia A terapia hormonal acrescenta, bloqueia ou remove hormônios para retardar ou interromper o crescimento do câncer de mama ou próstata sensível a hormônios. Os efeitos colaterais incluem comumente ondas de calor, diminuição da libido e dor óssea. Cuidado Nutricional no Paciente com Câncer É extremamente importante a detecção precoce da desnutrição e/ou risco nutricional para adequada intervenção. Mesmo para oncologistas não familiarizados com avaliação nutricional, a determinação de fatores como local do tumor, performance status e a presença de alguns sintomas (anorexia/fadiga) deve alertá-los sobre a condição de prejuízo do estado nutricional e a necessidade de um suporte precoce. 267 Avaliação Nutricional no Paciente Oncológico A avaliação de pacientes hospitalizados, especialmente com câncer é complexa devido a vários fatores relacionados ao tumor e ao tratamento que podem interferir tanto em parâmetros antropométricos quanto em bioquímicos. A perda de peso em pacientes oncológicos (a base de massa corporal magra) é um sinal preocupante, sendo um fator de risco primário nutricional em pacientes com câncer, provocando aumento das complicações e diminuição do tempo de sobrevida. Frequentemente, a perda de peso não intencional é o primeiro sintoma e precede o diagnóstico. A síntese de albumina pode encontra-se diminuída. Em 2006, a ESPEN no guideline de terapia nutricional para o paciente oncológico cirúrgico, classificou como o paciente com desnutrição grave aquele que apresentasse perda de peso corporal > 10%, IMC < 18,5kg/m², ASG igual a grau C e albuminamenor que 3g/dl sem evidência de doença renal ou hepática. O Consenso na Sociedade Norte Americana de Cirurgiões publicado em 2013 recomenda que a triagem nutricional seja realizada rotineiramente como parte da avaliação pré-operatória para qualquer paciente candidato a cirurgia de grande porte. Para isso, recomenda-se a avaliação dos seguintes parâmetros: albumina sérica (risco elevado quando <3g/dl), IMC (risco elevado se <18,5kg/m²), percentual de peso corporal aual em relação ao ideal (risco elevado <90%), perda de peso atual em relação ao habitual (risco elevado para perda >5% em um mês, 7,5% em 3 meses e 10% em 6 meses). Triagem Nutricional A triagem de risco nutricional e a avaliação da condição nutricional devem ser realizadas dentro das primeiras 48h da admissão. No ambulatório, o paciente sem risco nutricional deve ser retriado e avaliado a cada 30 dias e o indivíduo que apresenta risco nutricional em até 15 dias. A terapia nutricional deve ser iniciada dentro de 24h após o diagnóstico de desnutrição ou risco nutricional. Avaliação Antropométrica Realizada por métodos convencionais. A perda de peso tem importante valor clínico na avaliação do estado nutricional do paciente oncológico. Perda de peso maior que 10% pode estar presente em até 45% dos pacientes adultos hospitalizados com câncer. O uso da antropometria, sobretudo nos pacientes em cuidados paliativos, apresenta algumas desvantagens em razão das frequentes variações no estado de hidratação. Essas alterações podem ser decorrentes de desiquilíbrios hidroeletrolíticos, hipoalbuminemia, presença de edema, linfedema, ascite, uso de medicamentos como corticosteroides, ou ainda alterações corporais provocadas pela presença de metástases e do crescimento tumoral extenso. Composição Corpórea A utilização de bioimpedância para avaliação nutricional de pacientes com câncer demonstra sensibilidade na identificação de desnutrição com alteração no conteúdo de massa extracelular e intracelular mesmo quando os índices antropométricos ainda se encontram dentro dos parâmetros de normalidade. O ângulo de fase é um marcador importante de prognóstico. Nos últimos anos, a avaliação qualitativa e funcional da massa muscular obtém maior atenção do que a avaliação quantitativa. Embora a massa muscular possa ser preservada, os músculos podem demonstrar disfunção significativa. Imparidade de qualidade muscular inclui envelhecimento muscular, transtornos metabólicos, degeneração miofibrilares e infiltração adiposa. A partir dessa consideração surge o conceito de sarcopenia, definida como o declínio do músculo esquelético mais força muscular baixa e/ou desemprenho físico prejudicado. Por outro lado, a qualidade muscular pode ser avaliada tendo em conta as funções musculares principais: força, potência e desempenho. No quadro abaixo pode-se observar os pontos de corte para massa muscular baixa: Pontos de corte para massa muscular baixa, representando aproximadamente 2SD abaixo valores médios para adultos jovens saudáveis Ferramenta de imagem Homens Mulheres Antropometria Área muscular média e superior < 32 cm² <18cm² DXA Índice de músculo esquelético apendicular <7,26 kg/m² < 5,45 kg/m² TC Índice de músculo esquelético lombar (3ª vértebra lombar) < 55 cm²/m² < 39c,²/m² BIA Índice de massa livre de gordura no corpo todo < 14,6kg/m² <11,4 kg/m² SD – desvio padrão , DXA – absortometria de raios X de dupla energia, TC- tomografia computadorizada, BIA, análise de bioimpedância A força muscular é definida como a força física (p.ex isométrica, concêntrica, excêntrica) que um músculo pode exercer em partes específicas do corpo; pode ser avaliada rotineiramente por dinamometria (ou seja, força da pressão muscular da mão). Força muscular é o produto do funcionamento entre a força e a distância percorrida na unidade de tempo; isso pode ser avaliado pelo aumento de cadeira ou pelo teste do Poder de Subir Escadas (do inglês Star Climb Power – SCP). Além disso, o parâmetro mais relevante para o desempenho do músculo é clinicamente representado pelo desempenho físico, definido como o grau em que o organismo é capaz de realizar tarefas físicas específicas e independentes, e pode ser avaliado pela Bateria de Desempenho Físico Curto (SPPB), pelo Teste Timed-Get-Up-and-Go (TGUG) e por testes de velocidade na marcha (p.ex. teste de caminhada de 6 minutos – 6MWT). 268 Entretanto, os testes mais recomendados na prática clínica são a força muscular do de mão e a marcha-teste de velocidade, uma vez que são confiáveis, reprodutíveis, exatos e fáceis de executar. A velocidade da marcha <0,8m/s identifica pacientes com desempenho funcional prejudicado, enquanto a dinamometria não te ainda valores de referência-padrão disponíveis. Considerando-se essa questão, a dinamometria pode levar a interpretações enganosas, sendo mais útil no monitoramento do tratamento do que no diagnóstico. Exames Laboratoriais Além das tradicionais dosagens das proteínas plasmáticas já estudadas em avaliação nutricional, podemos ainda citar a utilização da hemoglobina e do hematócrito. Hemoglobina proteína de transformação metabólica muito lenta e sua depleção ocorre mais tardiamente na deficiência de proteína. É um índice sensível, mas pouco específico de desnutrição, podendo alterar-se nas seguintes condições: perda sangüínea, estados de diluição sérica e transfusões sangüíneas. Hematócrito baixos níveis se correlacionam com a ocorrência de anemia. A elevação acima dos valores normais pode ser decorrente do aumento do número de hemácias ou da diminuição do volume plasmático como ocorre nas desidratações, no choque e nas queimaduras. A tabela abaixo mostra os valores de hemoglobina e hematócrito para avaliação do estado nutricional no paciente oncológico. Índice Depleção leve Depleção moderada Depleção grave Hemoglobina (g/100mL) Homem >12,0 12,0 a 10,0 <10,0 Mulher >10,0 10,0 a 8,0 <8,0 Hematócrito (%) Homem >36 36 a 31 <31 Mulher >31 31 a 24 <25 Pacientes com câncer estão em estado crônico de inflamação. O escore prognóstico de Glasgow (GPS) tem sido usado para classificar o grau de inflamação baseados nos níveis de proteína C reativa e albumina, assim, pode ser um método útil para diagnóstico nutricional, pois a inflamação é um dos fatores que contribui para a caquexia do câncer. A combinação de hipoalbuminemia (≤3,5g/dl) e proteína C reativa elevada (≥10mg/L), denominada escore prognóstico de Glasgow é calculado da seguinte forma: escore 0 é atribuído para níveis normais de PCR e albumina, 1 para níveis alterados de PCR (≥10mg/dl) ou de albumina (≤3,5g/dl) e 2 para níveis elevados de PCR e hipoalbuminemia. Um marcador de inflamação subclínica Neutrophil to Lymphocyte ratio (NLR) tem sido validado em diversos tumores. Quando o NLR está elevado, observam-se menores valores de massa muscular e pior prognóstico. Avaliação Subjetiva global do Estado nutricional produzida pelo paciente – ASG-PPP Compreende um questionário dividido em 2 etapas. A primeira é respondida pelo paciente, com perguntas sobre a mudança de peso, ingestão alimentar, sintomas e capacidade funcional. A segunda parte da avaliação é realizada pelo profissional de saúde como médico, nutricionista e enfermeiro e consiste no exame físico, e na avaliação de possíveis fatores que aumentar a demanda metabólica como febre, estresse, depressão, fadiga, estadiamento do tumor e tratamento clínico. A pontuação é obtida pela soma das duas partes de avaliação. Veja o questionário nas próximas páginas. A AGS-PPP é o método padrão de avaliação nutricional do paciente com câncer, ainda que a avaliação global subjetiva também seja bastante utilizada. Screening Oncológico (Chemin). Além disso, Chemin cita como método de avaliação nutricional, e ScreeningOncológico do Memorial Sloam- Kettering Cancer Center, que é um instrumento de triagem nutricional inicialmente realizado por uma enfermeira. Baseado em fatores de risco nutricional, diagnóstico, complicações, tratamento, alterações do peso, a triagem oncológica classifica o paciente em risco baixo ou moderado para alto risco nutricional. Estes últimos são submetidos a uma avaliação nutricional completa realizada por um nutricionista em 24 horas. Um exemplo do questionário encontra-se abaixo. 269 Tabela 44.3 Screening oncológico do Memorial Sloan-Kattering Cancer Center (MSKCC) Processo Avaliação Clínica dos Pacientes Triagem nutricional realizada pela enfermeira em dados fundamentados na história Baixo risco Paciente sem perda de peso e/ou sem complicações nutricionais Moderado/alto risco Paciente com perda de 10% do peso corporal ou mais nos últimos três meses e/ou história de diminuição da ingestão alimentar, náuseas/vômitos, diarreia, feridas na boca ou alterações do olfato e/ou paladar há duas ou mais semanas Avaliação do risco nutricional realizada pelo nutricionista Critérios de risco nutricional baixo Paciente sem perda de peso ou complicações nutricionais Critérios de risco nutricional moderado Avaliação nutricional completa em 24h Refazer em cinco dias Critérios de risco nutricional alto Avaliação nutricional completa em 24h Refazer em três dias Diagnóstico/Complicações AIDS/HIV Ascites Vômitos por mais de três dias; diarreia por mais de três dias Diabetes, edema, glioblastoma, odinofagia, insuficiência renal, mucosite Perda de peso aguda durante a hospitalização, disfagia, fístula gastrointestinal, íleo, obstrução, síndrome de dumping, má absorção, falência hepática/encefalopatia, pancreatite, insuficiência renal/diálise Tratamento/cirurgia Biópsia, broncoscopia, uma dia de quimioterapia, cirurgia de cabeça e pescoço (sem complicação) que inclui: tireoidectomia parcial, dissecção do pescoço, parotidectomia, craniofacial, lesões oral, pólipos nasais Transplante de medula óssea autólogo, cirurgia de cabeça e pescoço: craniotomia, tireoidectomia toral Transplante de medula óssea halogênico, cirurgia de câncer de esôfago, pâncreas, mandibulectomia, larigectomia, laringofarigoesofagogastrectomia, braquiterapia e cabeça e pescoço Avaliação do peso corporal (% peso atual) > 90% do peso corporal usual (perda) 1. 1-2% peso usual (uma semana) 2. <5% peso usual (um mês) 3. <10% peso usual (seis meses) (perda) 1. >2% peso usual (uma semana) 2. >5% peso usual (um mês) 3. >10% peso usual (seis meses) Conduta nutricional Paciente não necessita de condutas nutricionais Paciente necessita de instrução para modificação dietética Terapia nutricional enteral ou parenteral, dieta para disfagia especializada ou dieta líquida 270 271 272 Outras avaliações (Krause) - ASGPPP – para ambientes hospitalares e ambulatoriais - Ferramenta de Triagem de desnutrição –(Malnutrition Screening Tool) - para ambientes hospitalares e ambulatoriais - Ferramenta de Triagem da Desnutrição para pacientes com Câncer (Malnutrition Screening Tool for Cancer Patients) – para ambientes hospitalares - Ferramenta de Triagem Universal da Desnutrição (MUST – Malnutrition Universal Screening Tool) - para ambientes hospitalares e ambulatoriais Outras ferramentas são: Avaliação da Atividade Física Diária (AVD), Critérios Comuns de Toxicidade (CCT) e Índice de Escala de Desempenho de Karnofsky (EDK) e Performance Status através da escala de Zubrod. A ferramenta AVD avalia as atividades de rotina que as pessoas fazem todos os dias sem assistência, tais como tomar banho, vestir-se e andar. O CCT é uma medida de resultado utilizado em centros de câncer que comprara toxicidade aguda do tratamento do câncer e EDK é um índice de pontuação que associa o estado funcional (bem estar geral) de um indivíduo com o estado de doença e sobrevida. Índice de prognóstico (Escala de capacidade funcional) – IMPORTANTE – muito utilizado em especial em pacientes terminais, uma vez que a resposta à nutrição pode não ser observada em alterações de composição corporal, mas sim pela melhora e evolução clínica do doente. 273 Recomendações nutricionais Os objetivos da terapia nutricional para pacientes em tratamento antineoplásico e em processo de restabelecimento são: Impedir ou corrigir a desnutrição; Prevenir a perda de músculo, ossos, sangue e demais componentes da massa magra corporal; Auxiliar o paciente a tolerar o tratamento; Reduzir os efeitos adversos relacionados à nutrição e suas complicações; Manter o vigor e a energia; Prover a habilidade para combater infecções; Auxiliar no restabelecimento e na cura; Manter ou melhorar a qualidade de vida. A intervenção precoce é essencial. O SN melhora o estado de desempenho total em pacientes oncológicos com desnutrição secundária a obstrução GI ou com toxicidade do tratamento. Porém, nos pacientes com caquexia ou câncer terminal observa-se pouca ou nenhuma melhora. Na tabela 4, podemos observar as recomendações de kcal e proteínas. Tab. 04 Recomendações nutricionais no Câncer Cuppari leva em consideração as recomendações colocadas nos Consensos de Nutrição Oncológica do INCA 274 275 Chemin Recomendações Eutróficos Que necessitam repor perdas Kcal 25 – 35 kcal/kg 35 – 50 kcal / kg Proteína 1 – 1,5 g/kg 1,5 – 2 g/kg Dan (2009) A necessidade energética varia de acordo o diagnóstico clínico, idade, sexo, peso, febre, fator térmico, de atividade e de estresse. Pode-se usar a equação de Harris Benedict para cálculo das necessidades, considerando-se as variáveis abaixo: Fator atividade: - acamado = 1,2 - deambula pouco = 1,25 - deambula = 1,3 Fator térmico (febre) 38ºC = 1,1 39ºC = 1,2 40ºC = 1,3 41ºC = 1,4 Fator estresse Quimioterapia / radioterapia = 1,1 a 1,45 Transplante de medula óssea = 1,2 a 1,3 Pode-se usar também recomendações em kcal/kg: - Acamados – 20 a 25 kcal/kg - Deambulam – 25 a 30 kcal/kg Obs.: num outro momento do capítulo fala-se que as recomendações são de 20-35 kcal/kg. Obs. (Dan, 2009 e Cuppari, 2014): O gasto energético em repouso de paciente com câncer pode estar aumentado, diminuído ou mesmo inalterado – assim, devemos considerar como normais os valores de gasto energético em repouso até que seja possível verificar a situação com precisão. Observa-se GE normal em pacientes com câncer gástrico e colorretal e GE aumentado em pacientes com câncer pancreático e pulmonar. Dan: (2017) Kcal SIRS, hiperglicemia, falência respiratória, sepse - 20 a 25 kcal/kg/dia Fase de recuperação até 35kcal/kg/dia Pacientes PP>10% ou IMC<18,5 – risco de síndrome realimentação iniciar dieta com 5 a 10 kcal/kg ao dia nos 3 primeiros dias, evoluindo lentamente alcançando 15-20 kcal/kg entre o 4º e 10º dias e de 25-30 kcal/kg após a segunda semana, sempre com controle rigoroso de P, K e Mg Proteína 1,2 – 1,5 g/kg/dia – estresse moderado 2 g/kg/dia – estresse grave Água 1 ml/kcal ou 30-35ml/kg/dia Ajustes necessários na presença de desidratação ou reteção hídrica As recomendações de micronutrientes para câncer estão descritas abaixo: (Dan) Tabela 110.12 – RECOMENDAÇÃO DE MICRONUTRIENTES PARA PACIENTES COM CÂNCER Solução padrão balanceada Vitamina K = ou >10mg/dia Vitamina B1, B6 >100mg/dia Antioxidantes; vitaminas A, C, E Solução padrão completa Zinco 15-20 mg/dia Selênio 120 µg/dia Verificaçãodiária de sódio, potássio e cálcio Fósforo > 16 mMol/dia Magnésio >200 mg/dia Dan 2017 coloca abaixo as recomendações das Diretrizes Brasileiras de Terapia Nutricional no câncer. 276 Resumo das diretrizes brasileiras da terapia nutricional no câncer Conduta terapêutica Recomendação Avaliação e triagem nutricional - Todos os pacientes internados e ambulatoriais devem triados e avaliados - Ferramentas: NRS 2002, ASG-PPP, ASG, MAN Risco nutricional NRS-2002 = ou >3, ASG-PPP = ou >2 e ASG = B ou C Ingestão alimentar < 75% das necessidades nutricionais nas 2 últimas semanas Sintomas do TGI de impacto nutricional por mais de 3 dias consecutivos ou alternados na última semana Localização da doença: cabeça e pescoço, TGI e pulmão % perda de peso (PP) significativa ou grave Possível cirurgia de grande porte Proteína C-reativa elevada = ou > 10 e albumina baixa = ou < 3,5 ou com uma relação = 2 Frequência da avaliação e triagem No ambulatório Sem risco nutricional: em até 30 dias Com risco nutricional: em até 15 dias Internado Na admissão hospitalar ou em até 48 horas Durante a internação: semanalmente Recomendações calóricas Calorias por quilograma de peso corporal atual Obeso: de 20 cal/kg a 25 cal/kg Manutenção de peso: de 25 cal/kg a 30 cal/kg Ganho de peso: 30 cal/kg a 35 cal/kg No pós-operatório ou na presença de sepse: de 20 kcal/kg a 25 kcal/kg ao dia Recomendações proteicas Tratamento oncológico sem complicações: de 1,0 a 1,2 g/kg/dia Estresse moderado: de 1,2 g/kg a 1,5 g/kg ao dia Estresse grave: de 1,5 g/kg a 2,0 g/kg ao dia Recomendações hídricas 30 mL/kg ao dia de 1,5 a 2,5 L ao dia Indicação da terapia nutricional TNO: quando a ingestão oral for <70% das necessidades nutricionais nos últimos 3 dias, os suplementos nutricionais estão indicados TNE: quando a alimentação por via oral está contraindicada ou a ingestão alimentar via oral for < 60% das necessidades nutricionais nos últimos 3 dias TNP: quando há impossibilidade total ou parcial de uso do TGI: como suplemento da TNE, quando esta for incapaz de fornecer as necessidades nutricionais dentro dos 3 primeiros dias Terapia nutricional perioperatória no paciente cirúrgico Aconselhamento nutricional adequado às necessidades associado a suplemento nutricional com fórmula hiperproteica enriquecida com imunonutrientes (arginina, ômega 3 e nucleotídeos), na quantidade de 500 a 1000 mL por dia, de 5 a 7 dias pré-tratamento cirúrgico, podendo chegar a 14 dias para os pacientes desnutridos graves O tempo adequado para a abreviação do jejum pré-operatório é de 2h. Na noite anterior à cirurgia, o paciente deve receber 400 mL de fórmula líquida contendo 12,5% de dextrose e 200 mL com a mesma concentração de dextrose, 2h da cirurgia. 277 Projeto Diretrizes - Tumores de pulmão, hepatocelulares grandes e de ovário são hipermetabólicos; - As recomendações de calorias e proteínas encontram-se na tabela abaixo; - Os micronutrientes devem ser ofertados em níveis que contemplem uma a duas vezes as Ingestões Dietéticas de Referência ou Dietary Recommended Intake (DRI). - O uso de complemento nutricional oral na forma líquida com ácidos graxos ômega-3, na forma de ácido eicosapentanoico, previne a perda de peso e a interrupção da terapia radio/quimioterápica. Krause (2013) Calorias - Câncer, reposição nutricional, ganho de peso - 30 a 40 kcal/kg/dia. - Câncer, metabólico normal – 25 a 30 kcal/kg/dia. - Câncer, hipermetabólico estressado – 35 kcal/kg/dia. - Transplante de célula tronco hematopoiética – 30 a 35 kcal/kg/dia. - Sepse – 25-30 kcal/kg/dia. - Obeso – 21-25 kcal/kg/dia. Proteína - Transplante de células tronco – 1,5-2 g/kg/dia. - Estresse grave – 1,5 a 2,5 g/kg/dia. Krause (2018) Calorias: - Câncer, repleção nutricional, ganho de massa corporal – 30 a 35 kcal/kg - Câncer, inativo, sem estresse – 25 a 30 kcal/kg - Câncer, hipermetabolismo com estresse – 35 kcal/kg - Transplante de células hematopoiéticas – 30-35 kcal/kg - Sepse – 25 a 30 kcal/kg Proteína: - Catabolismo – 1,2 g/kg/dia - Transplante de células tronco – 1,5g/kg/dia Líquidos: - 20 a 40 ml/kg - 01ml por kcal Micronutrientes (Krause). O uso de um suplemento de multivitaminas e minerais que forneçam não mais que 100% da DRI é considerado seguro. Ainda há controvérsias se o uso de suplementos antioxidantes inibe ou aumenta os efeitos antitumorais da quimio ou radioterapia. Parece não haver problema no uso, porém, pesquisas ainda são necessárias maiores pesquisas. O que deve ser sempre priorizado e recomendado é o alto consumo de vitaminas e minerais a partir de fontes alimentares. Cuidados com a dieta oral As estratégias para modificação da ingestão de nutrientes dependem do problema específico de alimentação e da extensão da depleção. Normalmente devem ser avaliadas as necessidades individuais e deve- se prescrever 5 a 6 refeições/dia. A dieta oral deve ser associada ao uso de suplemento alimentar quando o doente apresentar um ou mais dos seguintes critérios (Cuppari / Chemin): IMC < 18,5 kg/m²; Perda de peso 5% nos últimos 06 meses; Aceitação alimentar da dieta via oral não atingir ¾ das recomendações nutricionais; Disfagia; Anorexia; Recusa da sonda nasoenteral. O momento de oferecer o alimento também merece atenção. Algumas vezes, os pacientes com câncer reclamam de menor capacidade de comer conforme avança o dia, o que significa que a manhã é o melhor momento para se alimentar. Isto pode ser atribuído à digestão e esvaziamento gástrico lento, como resultado da menor produção de secreções digestivas, atrofia das mucosas gastrointestinal e da muscular gástrica. É também sentido devido à fadiga relacionada ao tratamento. A dor também pode afetar o apetite e a capacidade de comer. 278 A hora de fazer as refeições em relação aos efeitos colaterais gastrointestinais do tratamento do câncer pode acarretar a tendência a aversões aprendidas, isto porque alimentos específicos podem ser associados a sintomas desagradáveis, como náuseas, vômitos e estímulos psicológicos, como ansiedade. Observem abaixo, as condutas nutricionais frente aos efeitos colaterais que podem surgir pelo câncer ou pelas terapias antineoplásicas. Terapia Nutricional nos Efeitos Colaterais do Tratamento do Câncer: Náuseas e Vômitos A quimioterapia é o tratamento que com frequência acarreta estes sintomas. Estes sintomas são controlados pelo SNC ocorrem porque existem estímulos odores, sabores, movimentos (tonturas), irritação do estômago ou do intestino e ansiedade em relação aos medicamentos da quimioterapia que induzem neurotransmissores que são excitantes do centro do vômito, situado na base do cérebro, o que desencadeia o reflexo das náuseas e vômitos; Náuseas e Vômitos Precoces ou Antecipatórias são os que ocorrem antes ou no momento do início da sessão de quimioterapia, podendo afetar também paciente em radioterapia. Podem aparecer após o paciente ser submetido a diversos ciclos de tratamento e sua causa é a resposta do organismo a estímulos relacionados ao ambiente. Náuseas e Vômitos Agudos são aqueles que ocorrem nas primeiras 24 horas após a administração do tratamento e tem duração de algumas horas. A freqüência e gravidade dependem da medicação (tipo, dose, intervalos e via de administração), bem como de fatores individuais. Podem ocorrer também na radioterapia entre meia hora a vária hora após a sessão e melhoram nos dias que não tem realizam tratamento; Náuseas e Vômitos Retardados aparecem depois de mais de 24 horas após a administração do tratamento, podendoter a duração de vários dias. Ocorrem em pacientes que náuseas e vômitos agudos ou naqueles nos quais o tratamento é prolongado. Estes pacientes podem se beneficiar com o uso de antieméticos. (Ondasetron- Zofran; Ganisetron-Zytril; Metoclopramida; Corticóides). Recomendações Alimentares para o Tratamento de Náuseas e Vômitos: Chemin: o Fazer alimentação leve (alimentos de fácil digestão como caldos, sopas, purês, bolachas cream cracker, d’água, torradas, etc); o Evitar alimentos lácteos, ácidos e sucos de frutas ácidas; o Não oferecer ao paciente, alimentos que lhe causem repulsa; o Evitar ficar na cozinha enquanto são preparados os alimentos; o Comer devagar e mastigar bem os alimentos; o Evitar deitar após as refeições; o Fracionar as refeições em 5 vezes ao dia, consumindo pequenas porções; o Evitar alimentos gordurosos e frituras em geral; o Dar preferência aos alimentos gelados e/ou à temperatura ambiente (sorvetes, picolés, sucos, vitaminas); o Às vezes os alimentos salgados são mais bem tolerados do que os doces; o Preparar os alimentos grelhados, cozidos ou ensopados; o Tomar chás após as refeições para ajudar na digestão; o Evitar tomar líquidos durante a refeição; o Evitar odores fortes e desagradáveis, tais como: perfumes, cigarro e odor da cozinha; o Fazer enxágües da boca, para eliminar sabores desagradáveis; o Evitar alimentos fermentativos como: leite puro, bebidas gaseificadas, bebidas alcoólicas, café, chá preto, chá mate, doces concentrados, chocolates, açúcar, couve- flor, repolho, etc. Cuppari: o Se não houver contraindicação, o consumo de sucos, picolés de frutas cítricas e o hábito de chupar gelo reduzem as náuseas. Krause: o Evitar alimentos com alto teor de gordura, condimentos ou excessivamente doces o Evitar alimentos com odores fortes o Dieta líquida clara, não ácida, fria (em temperatura baixa ou ambiente e em pequenas quantidades). Anorexia / Perda de Apetite Considerando sua relevância clínica, a presença de anorexia deve ser investigada e diagnosticada em pacientes com câncer, mesmo se a perda de peso não for aparente. Muitas ferramentas têm sido propostas, questionários e escalas visuais analógicas (VAS). Os mais frequentemente usados são os Questionários de Avaliação Funcional da Terapia Anorexia/Caquexia (FAACT) e o questionário de North Central do Grupo de Tratamento de Anorexia /Caquexia do Câncer (NCCTG). Ambas as ferramentas oferecem uma avaliação qualitativa e quantitativa da anorexia em pacientes com câncer. O questionário FAACT foi validade para auxiliar os médicos a testar a eficácia das terapias antianorexia/caquexia. O questionário está dividido em 5 seções e compreende 39 itens, 12 dos quais diretamente relacionados com as questões nutricionais, incluindo apetite. Recentemente, o ESPEN propôs usar a seção AC/S-12 do questionário FAACT para avaliar sintomas relacionados com a anorexia e diferenciar a sua gravidade, atribuindo uma pontuação que varia de 0 a 4. (Ver quadro abaixo). Com base nos ensaios clínicos, foi proposto que uma pontuação ≤37 que pode ser suficiente para fazer o diagnóstico de anorexia. 279 Avaliação baseada nos sintomas do questionário de anorexia (adaptado de FAACT AC/S-12) Nem um pouco Um pouco Um pouco mais Razoável Muito Tenho um bom apetite 0 1 2 3 4 A quantidade que como atende minhas necessidades 0 1 2 4 Estou preocupado com meu peso 0 1 2 3 4 Minha comida tem sabor desagradável para mim 4 3 2 3 0 Estou preocupado em quão magro pareço 4 3 2 3 0 Minha vontade de comer passa assim que tento comer 4 3 2 1 0 Tenho dificuldade em comer alimentos ricos ou pesados 4 3 2 1 0 Minha família e amigos me pressionam a comer 4 3 2 1 0 Tenho vomitado 4 3 2 1 0 Quando como, pareço satisfeito rapidamente 4 3 2 1 0 Tenho dores na região estomacal 4 3 2 1 0 Minha saúde em geral está melhorando 0 1 2 3 4 Adicionalmente, tem-se o questionário de anorexia abaixo: Fatores emocionais e sociais podem afetar o apetite; O paciente pode ter que ficar fora do seu local habitual por conta do tratamento e não ter alimentação disponível; Ocorre muitas vezes pelo próprio tratamento (efeitos colaterais); Habitualmente, o apetite volta ao normal algumas semanas após o término do tratamento, pois neste período as células da boca e do tubo digestivo sofreram reparação. Recomendações alimentares para o Tratamento da Perda de Apetite: Chemin: o Variar a dieta; o Consumir pequena quantidade de alimentos, várias vezes ao dia (fracionar as refeições); o Preparar pratos variados, coloridos e com várias texturas; o Começar com uma dieta normal, balanceada e de fácil digestão, depois, passar a dieta hipercalórica; o Ingerir líquidos com freqüência, apenas não nas refeições; o Criar um ambiente agradável para se alimentar; o Comer quando sentir fome e vontade, não é preciso esperar pelo horário da refeição; o Caminhar antes das refeições pode abrir o apetite; o Usar pratos grandes para parecer que há menos comida; o Antes das refeições, o pacientes pode tomar suco de frutas cítricas, pois ajuda a abrir o apetite. o Aumentar o valor calórico das refeições. o Sugestões acrescentar mel, leite em pó, leite de soja em pó nos alimentos que se está preparando / acrescentar manteiga, margarina, creme de leite ao macarrão, batata, mandioca, arroz / usar leite para preparar sopas, purês / acrescentar uma xícara de chá de leite em pó em 01 litro de leite / acrescentar mel, chocolate em calda, caramelo líquido, aos sorvetes e sobremesas / preferir sorvetes de chocolate, castanhas, avelãs aos picolés de fruta / temperar as saladas com maionese, iogurte natural ou molhos / acrescentar isolado protéico de soja no preparo dos alimentos. O principal mecanismo subjacente ao aparecimento da anorexia em câncer é a inflamação. Portanto, o uso de agentes anti-inflamatórios pode ser eficaz para melhorar os sintomas clínicos. Os AGPw3 têm demonstrado consistentemente reduzir a síntese de mediadores pró- inflamatórios, sendo que a oferta de suplementos com EPA-DHA nas doses >1,5g/dia podem resultar em maior apetite. Inflamações e Feridas na Cavidade Oral Mucosite (inflamação da mucosa bucal que se manifesta na forma de feridas ou úlceras dolorosas que podem até sangrar) e estomatite (inflamação de quaisquer tecidos orais – dentes, gengivas, etc.) são comuns após rádio e quimioterapia. Mucosite surge em 50% dos pacientes entre 7 a 10 dias do início do tratamento. Pode ser exacerbada por alguma infecção na boca, cujo sistema imune não está adequado. Estas infecções bacterianas por vezes pelo problema na mucosa por causar infecções sistêmicas. Recomendações para o Tratamento de Mucosite, Estomatite e Odinofagia: Chemin: o Fracionar a dieta de 2 em 2 horas, consumir pequenas porções; o Evitar alimentos picantes, muito salgados, crocantes que possam machucar a mucosa e alimentos ácidos como: abacaxi, laranja-pêra, vinagre, limão, pimenta, mostarda; o Evitar também, alimentos secos e duros (Krause). Alimentos a evitar: sucos, especialmente os cítricos, bananas, alimentos frescos ou crus, carnes, entradas 280 condimentadas, alimentos com textura ou granulares, produtos não refinados de pão. o Comer devagar e mastigar bem os alimentos. o Consumir os alimentos a temperatura ambiente ou fria, para diminuir a dor (evitar alimentos muito quentes ou gelados). o Incluir no cardápio alimentos de fácil digestão e alto teor de calorias. o Usar molhos, manteiga e azeite para facilitar a deglutição. o Preparar alimentos macios, desfiados e batidos no liquidificador (alterados em textura). o Evitar bebidas alcoólicas, fumo e refrigerantes, pois agrava o quadro. o Antes da alimentação, fazer bochecho com água bem gelada para ajudar na melhora da dor. o Os
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