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1 2 3 MARÍLIA LINHARES SOUSA GESTÃO DE PESSOAS 1ª Edição Sobral/2017 4 5 Sumário Palavra do Professor autor Sobre o autor Ambientação à disciplina Trocando ideias com os autores Problematizando UNIDADE DE ESTUDO I: EVOLUÇÃO DAS PRÁTICAS DE RECURSOS HUMANOS NAS ORGANIZAÇÕES Introdução Origens da administração de recursos humanos Breve visão histórica brasileira O desenvolvimento da administração de recursos humanos Conceito de Administração de Recursos Humanos Planejamento de Recursos Humanos Objetivos da Administração de Recursos Humanos O papel da administração de recursos humanos Características e dificuldades na ARH O caráter contingencial da ARH Administração: conceito de processo de RH As políticas de administração de recursos humanos UNIDADE DE ESTUDO II: POLÍTICAS DE PROVISÃO DE RECURSOS HUMANOS Processos de provisão de pessoas Mercado de recursos humanos e mercado de trabalho Rotatividade de pessoal Absenteísmo Recrutamento Seleção Políticas de Aplicação de Recursos Humanos Conceito de cargo Descrições de cargos 6 Análises do cargo Desenho de cargo Modelos de desenhos de cargo Métodos de avaliação de cargo Avaliação de desempenho Instrumentos para avaliação de desempenho Métodos modernos de avaliação de desempenho Outras características da avaliação de desempenho UNIDADE DE ESTUDO III: POLÍTICAS DE MANUTENÇÃO DE RECURSOS HUMANOS Política de manutenção Sistema de remuneração, incentivos e benefícios sociais Componentes de remuneração Abordagens em remuneração Avaliação e classificação de cargos Política salarial Qualidade de vida no trabalho Legislação trabalhista – noções gerais UNIDADE DE ESTUDO IV: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS Processo de formar, treinar e educar pessoas Treinamento Controle do treinamento Métodos e técnicas de treinamento Local de treinamento Avaliação de treinamento UNIDADE DE ESTUDO V: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO Processo de segurança e qualidade de vida Conceito de QVT 7 Modelo de Walton para avaliar a QVT UNIDADE DE ESTUDO VI: CONCEITOS INICIAIS: A QUESTÃO DA RAÇA E ETNIA A questão de raça e etnia no Brasil Relações Étnico-raciais no Brasil O racismo à brasileira e o mito da democracia racial Raça é um conceito político Explicando melhor com a pesquisa Leitura Obrigatória Pesquisando com a Internet Saiba mais Vendo com os olhos de ver Revisando Autoavaliação Bibliografia Bibliografia Web Vídeos 8 Palavra do professor autor Olá estudantes, O aprendizado da gestão de pessoas envolve tanto adquirir e compreender os conhecimentos essenciais relativos ao recurso humano como aplicar na prática do contexto brasileiro estes importantes conhecimentos. Isso porque recursos humanos é uma das áreas da administração que possui relevância ímpar na criação da estratégia do desenvolvimento da organização Este material abordará temas de suma importância, tais como: a evolução das práticas de recursos humanos nas organizações, a administração de RH, os sistemas e subsistemas da administração de recursos humanos, a qualidade de vida no trabalho, como também as relações étnico-raciais no Brasil. Será estudada a importância da teoria administrativa para os recursos humanos, a relação das experiências realizadas no século XIV com a área e como evoluiu. Veremos de forma mais ampla como as empresas captam recursos humanos, isto é, como se dá o recrutamento, a seleção, a administração de cargos, avaliação de desempenho, treinamento e desenvolvimento de colaboradores. Os resultados compartilhados neste material são um primeiro passo para estimular as pessoas a se envolverem em um organizado e interativo processo de descoberta sobre o impacto da área de recursos humanos no desenvolvimento socioeconômico do país nos próximos anos. Bons estudos! 9 Sobre a autora Marília Linhares Sousa, mestre em Ciências da Educação pela ISEL.Especialista em Administração de Marketing pela Universidade Estadual do Vale do Acaraú - CE, Especialista em Docência do Ensino Superior pela FAPED. Especializanda em Formação em Educação a Distância (UNIP). Graduada em Administração de Empresas pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Professora Universitária nos cursos de Graduação e Pós-Graduação nas áreas de Administração, Marketing, Recursos Humanos, Gestão Empresarial, Pedagogia e Serviço Social. Consultora Empresarial e Facilitadora de Cursos de Curta duração e Extensão Universitária. 10 Ambientação da disciplina Bem-vindo a disciplina Gestão de Pessoas. Então, por que você quer trabalhar para nós?” É muito provável que quase todos nós tenhamos de enfrentar esta pergunta nada inspiradora pelo menos uma vez em nossas vidas profissionais, quando estivermos procurando trabalho. Outras perguntas semelhantes que poderemos enfrentar incluem “quais são seus pontos fortes e pontos fracos?”, “fale um pouco sobre você”, “por que você deixou seu último trabalho?”, “você sabe trabalhar em equipe?”, e assim por diante. Essas perguntas não são simplesmente uma maneira simpática de fazer você falar sobre você mesmo; elas escondem intenções específicas. Pense um pouco: por que um empregador em potencial faria estas perguntas a você? A intenção dessas perguntas é para identificar se você é a pessoa certa para aquela posição. A administração de recursos humanos (ARH) tem a ver com uma extensa gama de práticas e processos que incluem, mas não se limitam a atrair e selecionar colaboradores em concordância com a intenção e direção estratégicas da organização; administrar e facilitar o desenvolvimento e o avanço profissional dos colaboradores; lidar com e manter-se a par de regras, legislação e leis atuais em relações industriais e outras áreas tais como: saúde ocupacional e legislação de segurança, equidade e diversidade, e leis antidiscriminatórias; e assegurar que haja procedimentos uniformes e informação sobre a política de RH da empresa à disposição dos colaboradores em todos os níveis de emprego. 11 Trocando ideias com os autores Agora é o momento de você trocar ideias com os autores Sugerimos que você leia a obra Gestão de Pessoas: Estratégias e Integração Organizacional. Esta obra aponta a transformação da administração de recursos humanos em gestão de pessoas, onde se desejam o seu pleno envolvimento com as demais áreas e, em adição, uma percepção cuidadosa do ambiente externo e sua influência no cotidiano das organizações. Enfim, a obra pretende preparar você para uma atuação moderna na área de pessoas, contribuindo, assim, para a tão falada excelência organizacional. GARCIA, Adriana Amadeu; ARAUJO, Luis César D. de. Gestão de pessoas: estratégias e integração organizacional. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. Propomos também a leitura da obra Gestão de Pessoas, o autor faz uma abordagem que tem como base as transformações causadas por grandes mudanças na organização do trabalho, no relacionamento entre as organizações e pessoas e no comportamento do mercado de trabalho verificado nos últimos anos. Esta obra sintetiza um conjunto de experiências, pesquisas e contribuições desenvolvidas ao longo dos últimos anos na busca de um modelo de gestão de pessoas que atenda às necessidades da empresa moderna. O texto sistematiza os trabalhos desenvolvidos segundo uma nova perspectiva de gestão de pessoas, que leva em consideração o ambiente em que a empresa se insere, em situações de globalização, turbulência crescente, maior complexidade das arquiteturas 12organizacionais e das relações comerciais e maior valor agregado dos produtos e serviços. DUTRA, Joel Souza. Gestão de pessoas: modelo, processos, tendências e perspectivas. São Paulo: Atlas, 2012. GUIA DE ESTUDO: Após a leitura das obras, faça uma síntese das ideias dos autores e identifique algumas semelhanças e diferenças entre estas. Se esses conceitos são diferentes, em que consistem tais diferenças? E se são semelhantes, em que consistem tais semelhanças? Após suas considerações disponibilize na sala virtual. 13 Problematizando Estudo de Caso - Controle do Turnover – Case de Sucesso da empresa Nivea VIRANDO O JOGO - Graças a um plano que aumentou o envolvimento dos funcionários, a Nivea reduziu pela metade seu índice de Rotatividade. O DESAFIO – Em 2005, a Nivea alcançou um recorde negativo. A empresa encerrou o ano com um índice de evasão de 30%, o dobro da média do mercado. Era uma situação inviável para uma companhia que havia planejado dobrar o faturamento até 2010. Se permanecesse nesse ritmo, em três anos praticamente todos os funcionários teriam sido trocados. O curioso é que, ao sair, as pessoas diziam que gostavam da companhia. “Elas iam embora porque não viam possibilidade de desenvolvimento”, diz Mônica Longo, diretora de recursos humanos. Era fundamental não só aumentar a satisfação dos funcionários, mas também oferecer a cada um a chance real de crescer. A SOLUÇÃO – Para virar o jogo no curto prazo, a Nivea lançou, no começo de 2006, um plano organizacional que procurava valorizar e estimular os funcionários. A organização optou por atacar em seis frentes, todas elaboradas pelo RH. Para começar decidiu trabalhar o desenvolvimento profissional. Foi criado um plano de carreira e o processo de avaliação de desempenho foi revisado. Chefes passaram a analisar a performance de seus subordinados – e vice-versa. Os empregados receberam uma lista de objetivos a cumprir e seriam valorizados de acordo com o que haviam realizado. O segundo ponto foi a criação de um organograma para os 350 funcionários, do presidente ao contínuo. Para ficar sempre atualizado, a cada seis meses o organograma seria refeito. “Com isso, as pessoas reconheceram melhor o seu papel dentro da Nivea”, diz Mônica. 14 A terceira ação revelou-se fundamental no aumento do grau de envolvimento. Duas vezes por mês, o presidente, Nicolas Fischer, passou a reservar sua agenda para tomar café da manhã com um grupo de 12 funcionários. Selecionadas por área de atuação e sem distinção de nível hierárquico, as equipes têm total liberdade para falar sobre o que bem entendem, dos negócios da empresa a questões pessoais. O acesso ao presidente mexeu com o brio do grupo. “Você percebe neles o orgulho, a vontade de fazer parte”, afirma Mônica Longo Diretora de RH. Para reforçar o nível de comprometimento, o RH introduziu a disseminação da missão, visão e valores da companhia. E não parou por aí. Os subsídios à educação, que antes eram restritos aos gestores, passaram a ser oferecidos a todos – desde que seja comprovada a importância do curso para o desenvolvimento profissional. Para estimular a mobilidade, a Nivea também organizou o recrutamento interno. Hoje, antes de contratar alguém de fora, a companhia olha para dentro. Até o ambiente físico sofreu modificações. Localizada na capital Paulista, a Nivea ocupa dois andares muito charmosos, com direito a orquídeas espalhadas por toda a área. Esse capricho também entra como plano de ação para segurar seus talentos. O RESULTADO – Em 2008, pouco mais de dois anos da implantação do plano, a rotatividade caiu praticamente pela metade – para 17%. Em 2007, houve 146 movimentações internas (mudanças de um departamento para outro, para promover o aprimoramento profissional) e 43 promoções – o dobro de dois anos antes. Em termos financeiros, os resultados também vieram. A meta definida pela matriz alemã, de crescer 15% no faturamento em 2007, foi cumprida pela subsidiária brasileira. A resposta dos funcionários também chegou. Em 2008, pela primeira vez, a Nivea figurou no Guia VOCÊ S/A-EXAME – As Melhores Empresas para Você Trabalhar. GUIA DE ESTUDO: Após a leitura do estudo de caso da Empresa Nívea, se você tivesse vivenciando uma situação parecida em sua empresa, qual solução você tomaria? Responda e disponibilize na sala virtual. 15 EVOLUÇÃO DAS PRÁTICAS DE RECURSOS HUMANOS NAS ORGANIZAÇÕES 1 CONHECIMENTOS Compreender o conceito, a origem, o desenvolvimento e as políticas da administração de recursos humanos. HABILIDADES Identificar as práticas hard e soft, as características e dificuldades da administração de recursos humanos, as funções staff e responsabilidade de linha, bem como as etapas de elaboração do planejamento estratégico. ATITUDES Refletir sobre as atividades inerentes a gestão de pessoas e sua aplicação nas empresas. 16 17 Introdução Tipicamente a maioria das grandes organizações tem um departamento dedicado a recursos humanos; no entanto, a maior parte das pessoas trabalham em empresas pequenas ou médias, muitas delas sem um departamento de recursos humanos. O gestor de RH em pequenas empresas é geralmente o proprietário, administrador ou supervisor do negócio, com uma gama maior de tarefas e responsabilidades, e muitas vezes tem orçamento muito menor à disposição para utilizar em funções críticas de RH. Isso é lamentável, já que muitos dos desafios de RH enfrentados pelas grandes empresas são os mesmos das pequenas empresas. Por exemplo, é igualmente importante que uma pequena empresa seja capaz de atrair e reter uma equipe talentosa. Mais importante ainda no caso de acidentes do trabalho, onde há negligência por parte dos colaboradores, muitas vezes pode ser mais fácil para órgãos governamentais e entidades legais atingir o proprietário de uma pequena empresa do que os executivos de grandes organizações. Independentemente do fato de a empresa ser grande ou pequena, como os gestores de RH lidam com suas tarefas é uma função inerente a eles e ao sistema de valores da organização. Será que eles valorizam as pessoas? Será que a maximização do lucro e a eficiência são os aspectos mais importantes? Que pressupostos sobre a natureza humana dominam a mente do empregador? Será que as pessoas simplesmente querem dinheiro, ou será que a identidade e a autoestima de uma pessoa estão envolvidas naquilo que faz para se sustentar? Todas essas perguntas integram a função de RH. Para discutir estes aspectos devemos analisar a breve história da administração de RH, suas origens e as filosofias que o sustentam, as quais orientam as diferentes técnicas de ARH. Discutiremos as metas e os objetivos de RH e por que é importante que as políticas de RH sejam alinhadas à visão estratégica e à missão da organização. 18 Exploraremos alguns dos aspectos contextuais de ARH que integram a formação e o direcionamento de como as pessoas são recrutadas, selecionadas, retidas e tratadas uma vez a bordo da organização. A ARH é uma parte complexa e difícil da prática organizacional porque os gestores de RH e suas equipes devem entender inúmeras leis, regras e regulamentos governamentais em áreas como equidade e diversidade (antidiscriminação e ação afirmativa), saúde ocupacional e segurança, leis de relações industriais (tanto domésticas quanto internacionais). Todavia, gestores de RH devem não só ter conhecimento de todas essas coisas, como também ter uma visão muito abrangente do que está acontecendo na sociedade – por exemplo, diferenças entre gerações são vistas como tendo uma forte influência sobre por que e como as pessoas trabalham. Saber essas coisas e transformar esse conhecimento em informações compreensíveis,fáceis de acessar e práticas, não é fácil. Focaremos as áreas de recrutamento, seleção, retenção e desenvolvimento de equipe. Se nós fossemos perguntar a qualquer executivo ou proprietário de empresa o que eles consideram a tarefa mais desafiadora na administração da empresa, é muito provável que eles responderiam que achar e selecionar a equipe certa sejam uma delas. Contudo, a seleção é apenas parte da história da ARH; uma vez encontradas as pessoas, você precisa mantê-las. E aqui se encontra um dos nossos maiores desafios como gestores – como é que retemos pessoas na prática? Um bom gestor de RH vai assegurar que existam práticas, processos e políticas que mantenham o interesse dos colaboradores e proporcionem oportunidades para o desenvolvimento da equipe. Primeiramente, vamos conhecer um pouco mais a história e os temas principais de recursos humanos. Origens da administração de recursos humanos (ARH) Dependendo do autor do livro que você ler, haverá alguma variação na discursão sobre as origens da teoria e prática de ARH. As práticas de RH são implicitamente estudadas pelos antropólogos há mais de dois séculos, à medida que eles investigavam as práticas de trabalho nos tempos antigos. Por exemplo, 19 descobriu-se que em muitas raças anglo-celtas as pessoas eram nomeadas de acordo com o trabalho que faziam – Smith, Cook, Miller e Taylor não são apenas sobrenomes, mas também profissões; você era, literalmente, o que fazia como meio de subsistência. Frequentemente as ocupações que as pessoas tinham em tempos passados eram as que elas mantinham durante toda a vida. Algumas profissões exigiam uma vida inteira de aprendizado, prática e experiência antes que a perfeição fosse atingida, e jovens começavam um aprendizado em que eram monitorados bem de perto. Em muitos aspectos os processos de aprendizado mudaram pouco no decorrer dos séculos e o modelo utilizado para treinar pessoas permanece muito forte. Jovens pedreiros, joalheiros, fabricantes de vidro, cozinheiros e outros artesãos ficavam ligados aos seus mestres durante o aprendizado, muitas vezes tendo de conviver com eles até se aperfeiçoarem em suas áreas. Hoje, o sistema de aprendizagem que consiste no treinamento e desenvolvimento da equipe ainda permanece. Certamente se você pretende um dia ser acadêmico vai perceber que o modelo de aprendizado sobrevive até hoje na academia. Seu supervisor de pesquisa ou orientador será seu guia e mentor, ajudando você no processo de elaborar e conduzir sua pesquisa, escrever e publicar sua tese, lecionar, lidar com as regras e políticas da universidade, e assim por diante. Breve visão histórica brasileira No Brasil, a primeira República apresenta o reflexo da decadência do modelo exportador cafeeiro, que transfere os recursos disponíveis para o setor industrial. Os trabalhadores mais organizados, principalmente em nível de sindicatos, são os portuários e os ferroviários, em virtude do modelo exportador 20 existente. Com a migração italiana tivemos a presença maciça de lideranças sindicais que ameaçavam os padrões nacionais. Não havia uma legislação trabalhista que norteasse os trabalhadores. De 1930 a 1945, denominado “Estado Novo”, houve a oportunidade de disciplinar as relações entre empregados e empregadores. Nesse período, os conceitos de administração científica são observáveis. Conforme Dutra, “esse período ficou marcado pelo início da gestão burocrática e legalista de pessoas que perdura até os dias atuais em uma grande parte das empresas brasileiras” (2002, p. 32). O período de 1945 a 1964, denominado Segunda República, caracteriza-se pela redemocratização e pelo desenvolvimento econômico, com investimento na indústria de base. É a fase da instalação de indústrias multinacionais, trazendo modelos inovadores de gestão de pessoas, principalmente em alta tecnologia de maquinários e da indústria automobilística. A chegada dessas indústrias possibilitou a profissionalização de mão-de- obra técnica para atender às necessidades das metalúrgicas e montadoras. A história do Brasil foi interrompida com a intervenção militar na economia que duraram 30 anos. A partir de 1970, o desenvolvimento econômico possibilitou a competitividade entre as pessoas. As primeiras faculdades de Administração de Empresas colaboraram nas questões referentes à gestão de pessoas, inserindo disciplinas que discutiam em seu conteúdo os principais questionamentos: remuneração, políticas, negociações etc. No quadro a seguir poderemos verificar a passagem desse período histórico e como as pessoas eram vistas nas empresas. 21 Áreas de responsabilidade da função de pessoal. A evolução do modelo de gestão de pessoas baseou-se, assim, em princípios tayloristas, oriundos do próprio modelo industrial existente na época e importado pelo mercado brasileiro. Até 1950 De 1950 a 1970 De 1970 até 1999 Controle da Frequência Controle da Frequência Controle da Frequência Faltas ao trabalho Faltas ao Trabalho Faltas ao Trabalho Pagamentos Pagamentos Pagamentos Admissões e Demissões Admissões e Demissões Admissões e Demissões Cumprimento da CLT Cumprimento da CLT Cumprimento da CLT Serviços Gera is Serviços Gera is Medicina e Higiene Medicina e Higiene Segurança Patrimonia l Segurança Patrimonia l Segurança Industria l Segurança Industria l Contencioso Trabalhis ta Contencioso Trabalhis ta Cargos e Sa lários Cargos e Sa lários Benefícios Benefícios Recrutamento e Seleção Recrutamento e Seleção Treinamento Treinamento Aval iação de Desempenho Qual idade de Vida Desenvolvimento Gerencia l Relações Trabalhis tas Sindica l i smo Desenvolvimento Organizacional Estrutura Organizacional Fonte: Marras (2001, p. 25) 22 O Desenvolvimento da administração de recursos humanos (ARH) Embora qualquer coisa que tenha a ver com encontrar e contratar uma pessoa para um emprego possa ser interpretada como ARH, a verdadeira teoria e estudo de ARH é bastante recente, começando com a introdução de ARH como área de estudos integrante do MBA, na Universidade de Harvard e na Faculdade de Administração de Michigan, na década de 1980. Seguidamente você ouvirá pessoas referindo-se a modelos Hard e soft de RH; na realidade, elas estão se referindo às escolas de ARH de Michigan e Harvard. A noção de técnicas hard e soft é um componente integral de todas as práticas de ARH, o que torna importante apreciarmos e entendermos o que estes dois termos significam. Para compreender perfeitamente os pressupostos implícitos nessas duas escolas de pensamento de ARH e para entender o significado de hard e soft, vamos recorrer à administração científica de Frederick Taylor e também às técnicas de relações humanas na administração, de Elton Mayo. A ARH está sustentada por variações de administração científica ou relações humanas – especialmente no que se refere a treinamento e desenvolvimento de equipe, e à mensuração de premiação por desempenho. Analisaremos estes tópicos com mais detalhes em breve, já que eles são conceitos importantes e fundamentais na teoria e prática de ARH. A tabela abaixo resume os pontos-chave de ambas as técnicas para a prática de RH. 23 (continua) Práticas de ARH Hard Soft Pressupostos sobre a A equipe trabalhará segundo as regras A equipe procura autossatisfação e significado administração de se não for gerenciada corretamente. no trabalho que provêm de relações sociais. pessoas A ênfase fica no indivíduo e controle A ênfase é dada ao trabalho em equipe e à de gestão. Pessoas são um tipo especifico de colaboração participativa. A geatão deve recurso e devem ser gerenciadas como tal. focar-se em criar locais de trabalho que A ênfase é no ajuste estratégico das pessoas tragam satisfação e significado,e que aos objetivos da organização. encoragem autonomia e autogestão. Pessoas são ativos. Ênfase no valor de encarar a empresa como se fosse composta por vários interessados, entre os quais estão os colaboradores. Orientação para A seleção foca nas melhores pessoas para A seleção deve focar em pessoas que seleção a tarefa. A ênfase é colocada na adequação possam melhorar a organização, agregando entre pessoa e a tarefa. experiência e novos conhecimentos. Mais importante que a adequação emtre pessoa e tarefa é aquela entre pessoa e organização. Práticas e Fi losofias da ARH hard e soft 24 Práticas de ARH Hard Soft Orientação para retensão A retensão de equipe é menos importante A retenção é atingida a partir da construção que a manutenção da eficiência e da de malhas sociais na organização. produtividade. Os cargos inferiores são O comprometimento e a identificação com mais fáceis de preencher, portanto a reten - a organização são extremamente ção de equipe não é uma preocupação importante. implícita. Orientação para As pessoas devem ter o melhor treinamento As gerências têm a última palavra no que treinamento e específico para a tarefa em questão, porém tange a definir e direcionar resultados desenvolvimento todo o treinamento e desenvolvimento de desempenho. Quase sempre avaliados devem ser específicos à tarefa. O melhor em níveis individuais e sempre em relação treinamento disponível deve ser usado a atingir resultados específicos relacionados com as melhores pessoas. à tarefa. Um fraco desempenho deve-se a uma gestão inadequada no controle dos colaboradores. Orientação para O desenvolvimento organizacional e Resultados de desempenho são em geral desempenho pessoal é essencial. Utilizando-se o decididos em equipe. Uma avaliação de conhecimento e o intelecto da equipe, a desempenho é medida não só levando em organização vai ser beneficiada. Se as consideração o desempenho da tarefa, mas pessoas não se ajustarem às terefas, também a habilidade para trabalhar como elabore outras ou identifique cargos que membro da equipe. Por esta razão, tarefas sejam apropriados a elas. que não estão diretamente relacionadas do trabalho em si poderão também fazer parte de resultados de desempenho avaliados por exemplo, responsabilidade social com dedicação de tempo a eventos de caridade. Orientação para Orientação da Teoria X: especialmente Orientação da Teoria Y: especialmente motivação recompensas extrínsecas, como premiações recompensas intrínsecas, tais como monetárias na forma de bônus pagos por promoção, reconhecimento e oportunidades ultrapassar objetivos estabelecidos. Tempo de autodesenvolvimento, autoatualização de casa também usado como motivador. e autogestão. Modelo de RH Modelo Michigan Modelo Harvard Fonte: Adaptado e ampl iado a parti r de Price (2004). Práticas e Fi losofias da ARH hard e soft 25 Estes dois temas subjacentes de práticas hard e soft de RH podem ser encontrados nos modelos de Harvard e de Michigan. Os modelos são sustentados pela concepção de Douglas McGregor de pessoas da Teoria X e da Teoria Y. A teoria X refere-se a gestores que assumem uma orientação hard em relação a administrar e motivar pessoas no trabalho, e a Teoria Y a líderes que assumem uma orientação soft (CLEGG; KRONBERGER; PITSIS, 2011). No modelo soft de ARH considera-se que o trabalho é parte integral da vida e deve proporcionar uma experiência gratificante, positiva e com senso de autoridade para as pessoas. Elas serão atraídas por empregos que oportunizam para crescimento e aperfeiçoamento; as pessoas permanecerão em empregos que investem nelas como se fossem ativos valiosos. No modelo hard de ARH considera-se que as pessoas não querem se sentir com poder, simplesmente desejam ouvir o que é exigido delas, ter acesso aos recursos e treinamento para atingir estas exigências e ser bonificadas, se elas forem além das metas. As pessoas são atraídas por bons salários, objetivos claros e tarefas de trabalho que sejam ambíguas. Antes de aprendermos o conceito, planejamento, objetivos, o papel da administração, características e dificuldades da ARH, devemos mencionar um conceito muito importante que sustenta a prática de ARH. Esta questão está no cerne da ARH porque tem a ver com o que está implícito no próprio conceito de administração de recursos humanos – isto é, “recursos” e “humanos”. Embora esta definição pareça ser bastante positiva à primeira vista, vamos tentar desconstruir seu significado e etimologia (quer dizer simplesmente as origens O modelo SOFT de ARH Os gestores que adotam o modelo HARD de ARH é uma abordagem humanística tendem a orientar-se pela Teoria X e acreditam do ARH; normalmente, que a maioria das pessoas não gostaria de estar no gestores soft de ARH têm uma trabalho; por isso, o monitoramento gerencial e o orientação segundo a controle são integrais. Teoria Y. 26 do significado de uma palavra). Quando observamos mais atentamente a expressão “reserva de alguma coisa”, “alguma coisa” refere-se a colaboradores. Como um ativo corporativo, os colaboradores são utilizados “por uma empresa ter lucro”. Colaboradores são, com certeza, humanos, ou mais precisamente recursos humanos, mas considere a lista de compras corporativa por itens ao qual eles pertencem: dinheiro, equipamento, capital, maquinário e estoque. Poder-se-ia imaginar um grande depósito em algum lugar, cheio de lápis, canetas, envelopes e caixas de papel A4, e um pouco abaixo de tudo isso, talvez alguns seres humanos em embalagens perfeitas. É claro, não estamos falando muito sério – a maioria das organizações na verdade armazena pessoas em escritórios durante boa parte do dia. Contudo, o conceito de seres humanos como recursos tem implicações muito importantes para a noção de ARH, porque existem alguns pressupostos básicos sustentando a noção de seres humanos como recursos. Curiosidade! Suprimento de reserva: uma reserva de alguma coisa, como dinheiro, pessoal ou equipamento. Ativos corporativos: todo e qualquer recurso utilizado por uma empresa para se ter lucro, como pessoal, capital, maquinário ou estoque. Nos primeiros estágios dos impérios modernos, a partir do século XVII, algumas pessoas eram, literalmente, recursos que podiam ser comprados e vendidos. Essas pessoas eram escravas, e, por centenas de anos, foram o comércio mundial – seres humanos removidos à força da África e obrigados a trabalhar nas Américas. Importantes cidades como Liverpool e Bristol, na Inglaterra, construíram suas riquezas com esse comércio. No século XIX, a Revolução Industrial progredia a pleno vapor nas terras ao norte de Liverpool, os habitantes locais eram apenas um pouco mais respeitados que os escravos, embora fosse necessidade econômica, e não captura a força, que os fazia trabalhar. Naquele trabalho, produziam a base dos valores para a 27 Revolução Industrial do século XIX, movida a carvão, construída a partir do minério de ferro, comercializada em forma de têxteis. A ênfase no livre mercado a expansão dos ideais do capitalismo colocavam cada vez mais importância e valorização no crescimento econômico. Aquelas pessoas que não eram consideradas recursos humanos úteis – que não se associavam produtivamente ao mercado de trabalho – eram confinadas a instituições do tipo hospício para que se tentasse reformá-las, ou eram colocadas em navios e enviadas para o outro lado do oceano, inicialmente às colônias britânicas na América e, posteriormente, à Austrália. Esses países tornaram-se fontes importantes de riquezas e valor à sua maneira, juntamente com outras sociedades que se originaram de colonizadores, como o Canadá e a Nova Zelândia. Assim como muitos outros países na Europa, América do Sul, África e Ásia, transformaram-se em fontes críticas de crescimento econômico e, infelizmente para aspopulações indígenas, a maioria destes territórios tornou-se colônias. Esse fato indicava que os colonialistas podiam reclamar para si a terra que percebessem ser produtiva ou valiosa, e habitar aquela terra para seu próprio crescimento econômico. Na maioria das vezes os recursos da terra não eram considerados não renováveis e assim a flora, a fauna e os recursos minerais eram explorados com o objetivo de ganho econômico. Quase sempre, as populações indígenas locais também se tornavam recursos descartáveis para serem usadas para a maximização do lucro ou eram efetivamente marginalizadas geograficamente, seja na sua própria terra (como aconteceu na Austrália e nos Estados Unidos) ou muitas vezes deportados em massa como escravos. Não foram apenas as populações indígenas e os recursos das terras colonizadas que foram explorados em nome do crescimento econômico. As ricas classes industrialistas no Reino Unido, França, Alemanha, Espanha, Holanda e outras nações colonialistas ajudaram a criar uma significativa classe trabalhadora. As economias eram estruturadas em termos de uma divisão entre os donos do capital e aqueles cujo único recurso era a habilidade de proporcionar seu poder de trabalho ao alugar parte do seu tempo e esforço a um capitalista em troca de uma remuneração. Embora alguns economistas e filósofos políticos acreditassem que essa divisão nas estruturas de classes levaria a uma revolução na qual os 28 trabalhadores usurpariam os donos do capital (Marx e Engels, 1969), tais revoluções não aconteceram. Mesmo assim, muitas nações presenciaram um aumento no movimento sindical, à medida que os sindicatos eram criados para se contrapor ao poder cada vez maior dos industrialistas e donos do capital, e para assegurar um pagamento adequado a um honesto dia de trabalho. Os sindicalistas acreditavam que o principal objetivo das organizações sindicais era o de assegurar que as pessoas não fossem tratadas simplesmente como recursos, mas sim como seres humanos que tinham vidas, famílias, aspirações e assim por diante. Para muitas pessoas na área gerencial, assim como para alguns teóricos – incluindo aqueles dentro das escolas de gerenciamento científico e de relações humanas – os sindicatos eram vistos mais como uma fonte de distúrbio e conflito na vida organizacional. Algumas pessoas podem ser céticas sobre as intenções da ARH e seu papel na vida profissional das pessoas – os assim chamados recursos humanos. Há casos de pessoas sendo tratadas como nada além de um recurso. Frequentemente as empresas recorrem a programas de demissão em massa para influenciar os preços da bolsa de valores, e diariamente nos deparamos com casos de demissões injustas, discriminação e exploração, mesmo em algumas das empresas maiores e mais bem-sucedidas. Entretanto, embora seja mesmo verdade que a exploração de pessoas acontece todos os dias, também é verdade que muitas organizações proclamam que seus colaboradores são seus ativos mais valiosos. Algumas dessas empresas tiveram um crescimento fenomenal, mesmo em tempos de acirrada concorrência e grandes desafios. O ponto a ser reforçado aqui é que o desejo de tratar seres humanos como “ativos” valiosos e não “recursos” descartáveis dá à ARH um papel muito importante dentro das organizações – especialmente à medida que o sindicalismo continua a declinar, em parte devido às políticas governamentais neoeconômicas liberais agressivas nas relações industriais, as quais privilegiam contratos individuais em detrimento de coletivos. 29 Agora chegou a hora de conhecermos o conceito, o planejamento, os objetivos, o papel da administração, características e dificuldades na administração de recursos humanos que são essenciais ao sucesso e ao crescimento das organizações. Conceitos de Administração de Recursos Humanos Sem as pessoas e sem as organizações não haveria ARH (Administração de Recursos Humanos). Podemos conceituar a administração de pessoas, como um conjunto de técnicas administrativas que visam obter, aperfeiçoar e manter os recursos humanos necessários ao funcionamento da empresa. Decenzo e Robbins (2001) definem a Administração de Recursos Humanos (ARH) como a parte da organização que trata da dimensão de pessoas. Esses autores propõem um sistema baseado em quatro funções básicas: Preenchimento de cargos (recrutá-los); Treinamento e desenvolvimento (prepará-los); Motivação (estimulá-los); Manutenção (mantê-los na organização). Os objetivos dessas quatro funções envolvem: Preenchimento de cargos: planejamento estratégico de recursos humanos, recrutamento e seleção; Treinamento e desenvolvimento: orientação, treinamento do empregado, desenvolvimento do empregado e desenvolvimento da carreira; 30 Motivação: aplicação de teorias de motivação e desenho do cargo, avaliação de desempenho, recompensas e remuneração, benefícios dos empregados; Manutenção: segurança e saúde, comunicações, relações com os empregados. Chiavenato (1989) conceitua a ARH como sendo subsistemas interdependentes que formam um processo por meio do qual os recursos humanos são captados e atraídos, aplicados, mantidos, desenvolvidos e controlados pela organização. Esses subsistemas são estabelecidos por contingentes ou situacionais: variam conforme a organização e dependem de fatores ambientais, organizacionais, humanos, tecnológicos etc. Dutra (2002) define a gestão de pessoas como “um conjunto de políticas e práticas que permitem a conciliação de expectativas entre a organização e as pessoas para que ambas possam realizá-las ao longo do tempo”. Esse autor faz a seguinte conceituação sobre políticas e práticas: Políticas, como princípios e diretrizes que balizam decisões e comportamentos da organização e das pessoas em sua relação com a organização; Práticas, como os diversos tipos de procedimentos, métodos e técnicas utilizados para a implementação de decisões e norteamento das ações no âmbito da organização e em sua relação com o ambiente externo. Administração de pessoas ou gestão de pessoas é o conjunto de decisões integradas sobre as relações de emprego que influenciam a eficácia dos funcionários e das organizações. Segundo Chiavenato (2005, p.6) “Assim, todos os gerentes são, em certo sentido, gerentes de pessoas, porque todos eles estão envolvidos em atividades como recrutamento, entrevistas, seleção e treinamento” A gestão de pessoas é um conjunto integrado de processos dinâmicos e interativos. 31 São eles para Chiavenato (2005, p.4): “Prover pessoas; aplicar pessoas, socialização; descrição e análise de cargos; avaliação; manter pessoas; desenvolver pessoas e monitorar pessoas”. Planejamento de Recursos Humanos Planejamento estratégico de Recursos Humanos é uma projeção de como a empresa vai adquirir e utilizar seus recursos humanos em prol do alcance dos objetivos organizacionais. De acordo com Belchior (1972) qualquer planejamento compreende as seguintes fases: Definição e equacionamento preliminar do problema; Elaboração das diretrizes básicas do planejamento; Fixação inicial dos objetivos; Colheita preliminar de dados; Realização de levantamentos e pesquisas; Estabelecimento de projeções e previsões; Análise e discussão dos dados; Apresentação de alternativas ou opções; Escolha das alternativas; Formulação do plano e seus desdobramentos. O planejamento de Recursos Humanos tem como base o planejamento estratégico da organização e atua na garantia de que a empresa possua a quantidade e a qualidade correta de mão de obra, objetivando a realização dos objetivos organizacionais. O planejamento dos recursos humanos é uma técnica para determinar de forma sistemática para provisão e demanda de funcionáriosque são necessários na organização. Para a elaboração do planejamento estratégico do RH, Fischmann; Almeida (1991) propõem as seguintes etapas: 32 Avaliação da estratégia vigente - Trata-se da identificação da estratégia que a empresa vem adotando em relação aos seus recursos humanos e envolve aspectos como remuneração oferecida em comparação com o mercado externo, política de benefícios, treinamento para os diversos níveis de trabalhadores; além de analisar se as estratégias de recursos humanos estão coerentes e o que será alcançado. Avaliação do ambiente — Visa identificar os predicados necessários ao profissional do futuro; se haverá falta de algum tipo de profissional para a empresa futuramente; verificar quais os objetivos pessoais que os profissionais esperam que a organização torne possível alcançar. Estabelecimento do perfil estratégico — Refere-se ao delineamento dos objetivos e estratégias, onde o departamento de Recursos Humanos deverá levar em consideração não só os seus próprios interesses, como também inseri-los no contexto empresarial global. Quantificação dos objetivos — O RH deverá estimar o quanto está sendo despendido numericamente com salários, treinamentos, benefícios, avaliando a viabilidade da implementação dos objetivos propostos na etapa anterior. Finalização — Denomina-se a etapa onde é criado um relatório sobre o plano estratégico, em geral, redigido pela alta administração; este plano deve ser discutido com as diversas áreas da empresa, especialmente com a área de Recursos Humanos. Divulgação — Diz respeito à transmissão dos planos estratégicos às pessoas que tenham um nível decisório na empresa e uma divulgação mais ampla a todos os funcionários por meio da área de Recursos Humanos, que deverá esclarecer a importância das medidas e sua interação com a avaliação de desempenho dos funcionários. 33 Preparação da organização — São as modificações não apenas materiais, mas também de estrutura de pessoal. Integração como plano tático — Qualquer estratégia, para ser implantada, necessita ser inserida no plano tático, como, por exemplo, a definição do orçamento. O departamento de Recursos Humanos deverá avaliar se os orçamentos iniciais foram mantidos no plano tático e os impactos de eventuais cortes ou alterações no orçamento sobre o planejamento estratégico de RH. Acompanhamento — É o controle que deverá ser feito por todas as áreas, especialmente a área de Recursos Humanos, que deverá estar atenta às formas de realização de tudo o que foi planejado. As vantagens do planejamento dos recursos humanos são: Melhorar a utilização dos recursos humanos; Permitir a coincidência de esforços do departamento de pessoal com os objetivos globais da organização; Economizar nas contratações; Expandir a base de dados do pessoal para apoiar outros campos; Coadjuvar na implementação de programas de produtividade, mediante a contribuição de pessoal mais capacitado. 34 Objetivos da Administração de Recursos Humanos Os objetivos da ARH, segundo Chiavenato (2004), derivam dos objetivos da organização inteira. Toda organização tem como um de seus principais objetivos a criação e a distribuição de algum produto (como um bem de produção ou de consumo). Ou de algum serviço (como uma atividade especializada). Ao lado dos objetivos organizacionais, a ARH deve considerar os objetivos pessoais dos participantes. A administração de recursos humanos tem por objetivos principais: Criar, manter e desenvolver um contingente de pessoas com habilidades, motivação e satisfação para realizar os objetivos da organização; Criar, manter e desenvolver condições organizacionais de aplicação, desenvolvimento e satisfação plena das pessoas, e alcance dos objetivos individuais; Objetivos e Estratégias Organizacionais objetivos e estratégias de RH Etapa 1: avaliar os atuais Etapa 2: prever as recursos humanos comparação necessidades de recursos humanos Etapa 3: desenvolver e implementar planos de recursos humanos corrigir / evitar corrigir / evitar excesso de pessoal falta de pessoal Fonte: autora 35 Alcançar eficiência e eficácia por meio das pessoas. As pessoas podem ampliar ou limitar as forças e fraquezas de uma organização, dependendo da maneira como elas são tratadas. Para que os objetivos da Gestão de Pessoas sejam alcançados, é necessário que os gerentes as tratem como elementos básicos para a eficácia organizacional. Cabe à Gestão de Pessoas: Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua missão; Proporcionar competitividade à organização; Proporcionar à organização, empregados bem treinados e bem motivados; Aumentar a autoatualização e a satisfação dos empregados no trabalho; Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho; Administrar a mudança; Manter políticas éticas e comportamento socialmente responsável. Veja no quadro abaixo o processo de planejamento e abordagem de diagnóstico na gestão de pessoas: Onde queremos chegar Como chegar no objetivo Como fizemos, onde estamos agora Analisar as condições externas, organizacionais e as caracteristicas dos funcionários Definir a visão e formular os objetivos da GP baseados no eficiência e na equidade, de acordo com os dimensões básicas dos parceiros envolvidos no processo Definir a estratégia da GP, escolher as atividades e definir os recursos nercessários; Checar os resultados pela avaliação das novas condições, de acordo com os objetivos definidos, e reiniciar o processo por meio de um planejamento eficiente O processo de palnejamento e a abordagem de diagnóstico na gestão de pessoas Questões de Planejamento Abordagem de diagnóstico Onde estamos Fonte: Menezes (2007) adaptado 36 O papel da administração de recursos humanos O papel da ARH é de desenhar e implementar o sistema de Gestão de Pessoal, de maneira que seja capaz de integrar7todos os processos de agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar pessoas na organização. Isso significa: Obter, treinar, motivar e conservar funcionários competentes; Balancear a oferta de funcionários com a demanda por funcionários; Combinar os talentos e habilidades dos funcionários com aquilo que a organização requer; Criar um ambiente de trabalho que fomente elevado desempenho do funcionário; Atender às necessidades salariais e de benefícios dos funcionários. A gestão de recursos humanos, de acordo com Ulrich (1998), deve desempenhar quatro papéis dentro das empresas, são eles: Administração de estratégias de RH que precisam estar ajustadas à estratégia empresarial; Administração da infraestrutura da empresa, ou seja, racionalização dos diversos processos de RH; Administração da contribuição do funcionário, ou seja, ajudar os funcionários na resolução de seus problemas e necessidades para com isso obter maior envolvimento e competência dos mesmos; 37 Administração da transformação para traçar planos de ação, fazendo com que a mudança aconteça. Características e dificuldade na ARH A Administração de Recursos Humanos é uma área de estudos relativamente nova. O profissional de Recursos Humanos é um executivo encontrado nas grandes e médias organizações. Embora a ARH seja perfeitamente aplicável a qualquer porte de organização, ela é interdisciplinar: envolvem necessariamente conceitos de psicologia industrial e organizacional, sociologia organizacional, engenharia industrial, direito do trabalho, engenharia de segurança, medicina do trabalho, engenharia de sistemas, cibernética etc., diz Chiavenato (2004). São esses aspectos que dão a esta área um caráter multivariado. Os assuntos tratadospela ARH referem-se tanto a aspectos internos da organização quanto a aspectos externos ou ambientais. Ambiente externo Ambiente interno Pesquisa de mercado de trabalho; Análise e descrição de cargos; Recrutamento e seleção; Avaliação de cargos; Pesquisa de salários e benefícios; Treinamento; Relações com sindicatos; Avaliação de desempenho; Relações com entidades de formação profissional; Plano de benefícios sociais; Legislação trabalhista; Plano de carreiras; Etc. Política salarial; Higiene e segurança; Etc. Fonte: Chiavenato (2004) 38 Algumas técnicas são aplicadas diretamente a pessoas que constituem os sujeitos de sua aplicação. Outras são aplicadas indiretamente às pessoas, seja por meio dos cargos que ocupam, seja por planos ou programas globais ou específicos. O caráter contingencial da ARH Não há leis ou princípios para a administração dos recursos humanos. A ARH é contingencial, ou seja, depende da situação organizacional: do ambiente, da tecnologia empregada pela organização, das políticas e diretrizes vigentes, da filosofia administrativa preponderante, da concepção existente na organização acerca do homem e de sua natureza e, sobretudo, da qualidade e da quantidade dos recursos humanos disponíveis. À medida que mudam esses elementos, muda também a forma de administrar os recursos humanos da organização. Daí o caráter contingencial ou situacional da ARH, que não se compõe de técnicas rígidas e imutáveis, mas altamente flexíveis e adaptáveis, sujeitas a um dinâmico desenvolvimento (CHIAVENATO, 2004). Cargos Ocupados - Análise e descrição de cargo; - Avaliação e classificação de cargo; - Higiene e segurança. Planos genéricos - Planejamento de recursos humanos; - Banco de dados; - Plano de beneficiods sociais; - Plano de carreira; - Administração de sálarios. Fonte: Chiavenato (2004) Aplicadas indiretamente sobre pessoas - Recutamento; - Entrevista; - Seleção; - Integração; - Avaliação de desempenho; - Treinamento; - Desenvolvimento de pessoas. Técnicas de Administração de Recursos Humanos Aplicadas diretamente sobre pessoas 39 A Administração de Recursos Humanos – ARH pode ter responsabilidade de linha e função de staff (de assessoria) ao mesmo tempo. Responsabilidade de linha quando está constituída em uma área, departamento, seção ou setor e staff, pois ao mesmo tempo assessora todas as áreas, departamentos, seções e setores. Chiavenato (1999) assinala que seria injusto pensar que essa abordagem moderna de agregar pessoas fosse responsabilidade apenas dos gerentes de linha. Ela é, acima de tudo, uma responsabilidade de toda a equipe, que deverá estar devidamente preparada, com a ajuda de uma consultoria interna e assessoria do órgão de recursos humanos, que exerce seu papel de staff. F Administração: conceito de processo de recursos humanos Processo é um conjunto repetitivo de atividades estruturadas e destinadas a resultar em um produto especificado para um determinado cliente. É uma ordenação específica das atividades de trabalho no tempo e no espaço, com um começo, um fim, e entradas e saídas claramente identificadas. Para Davenport (1994) processo é um conjunto de atividades estruturadas e medidas destinadas a resultar num produto especificado para um determinado cliente ou mercado. Função de Staff Responsabilidade de Linha Cuidar das políticas de RH; Cuidar de sua equipe de pessoas; Prestar assessoria e suporte; Tomar decisões sobre subordinados; Dar consultoria interna de RH; Executar as ações de RH; Proporcionar serviços de RH; Cumprir metas de RH; Dar orientação de RH; Alcançar resultados de RH; Cuidar da estratégia de RH. Cuidart da tática e operações Fonte: Autora. 40 O processo é entendido como uma série de atividades que fornecem valor a um cliente. O cliente do processo não é necessariamente um cliente externo da empresa. Ele pode estar dentro da empresa. É o chamado cliente interno. Os processos básicos na gestão de pessoas são: prover, aplicar, manter, desenvolver e monitorar as pessoas. São processos inter-relacionados e interdependentes com uma interação que faz com que qualquer alteração ocorrida em um deles provoque influência sobre os demais, as quais realimentarão novas influências nos outros. Dentro de uma visão sistêmica, os cinco processos podem ser abordados como subsistemas de um sistema maior (CHIAVENATO, 2004). As políticas de administração de recursos humanos Políticas são orientações para medidas futuras baseadas em experiências passadas, crenças ou valores. Por exemplo: em nossa empresa temos como política Processo Objetivo Atividades envolvidas Provisão Quem irá trabalhar na organização Pesquisa de mercado de RH; recrutamento de pessoas, seleção de pessoas. Aplicação O que as pessoa farão na organização. Integração de pessoas; desenhos de cargos; descrição e análise de cargo; avaliação de desempenho. Manutenção Como manter as pessoas trabalhando na organização. Remuneração e compensação; benefícios e serviços sociais; higiene e segurança no trabalho; relações sindicais. Desenvolvimento Como preparar e desenvolver as pessoas. Treinamento; devenvolvimento organizacional. Monitoração Como saber o que são e o que fazem as pessoas. Banco de dados/sistema de inforção; controles: - Frequências; - Produtividade; - Balanço social. Fonte: Chiavenato (2004) 41 de recrutamento admitir pessoas que possuem, no mínimo, o segundo grau completo (FALCONI, 1996, p.305). Portanto, as políticas são regras estabelecidas para governar funções e assegurar que sejam desempenhadas de acordo com os objetivos desejados. Constituem uma orientação administrativa para impedir que as pessoas desempenhem funções indesejáveis ou que coloque em risco o sucesso de suas funções específicas. Políticas referem-se às maneiras pelas quais a organização lida com seus membros e por intermédio deles atingir suas metas, permitindo condições para o alcance dos objetivos individuais. Cada organização desenvolve a Política de Recursos Humanos mais adequados à sua filosofia e suas necessidades. Assim, são guias para a ação interna referente à Gestão de Pessoas. A política de recursos humanos geralmente se expressa por meio de um documento elaborado e divulgado pela alta administração, cujo objetivo é informar sobre como a organização desenvolve sua política de recursos humanos e as diretrizes a serem observadas pelos responsáveis e pela condução gerencial dos processos existentes, na análise das questões apresentadas e na tomada de decisões com a finalidade de solucioná-las. As políticas, de forma geral, respondem a um conjunto específico de questões como: Política de Recrutamento e Seleção - Quais as informações que deverão ser transmitidas ao órgão de recrutamento e seleção para início de um processo que visa suprir uma vaga em aberto? Quais os critérios gerais que devem ser observados, nos candidatos, para a habilitação no processo? Onde e como devem ser captados candidatos em potencial? Quais as etapas e objetivos do processo de seleção adotado? Quais os critérios para a avaliação e a identificação dos melhores quadros? Política de Administração de RH — Como deve ser desenvolvido oprocesso de identificação das atribuições e responsabilidades de cada cargo? Qual 42 a definição dada para escalonar e para valorar, em termos de remuneração, as atribuições? Qual a periodicidade a ser observada pelo sistema de avaliação do desempenho? Política de Administração do Pessoal — Quais os critérios para concessão de benefícios? Quais as periodicidades e as formas de pagamentos adotadas? Quais os critérios a serem observados nas relações sindicais? Os limites de tolerância para faltas e atrasos? O processo de admissão, quais são as principais etapas e documentos a serem exigidos? Política de cargos e salários — Quais os critérios de evolução dos cargos em suas respectivas carreiras? Quais os procedimentos para dimensionar ou redimensionar atribuições e responsabilidades? Como analisar o desempenho individual e do grupo de trabalho para aplicar a remuneração variável? Quais os critérios de planejamento e alocação da força de trabalho disponível? Política de treinamento — Quais os critérios e diretrizes para cadastramento de prestadores de serviços de treinamento? Quais os fatores a serem considerados para a obtenção de reciclagem via treinamento interno e aqueles proporcionados por terceiros? Quais os aperfeiçoamentos obrigatórios para evolução no sistema interno de carreira? Critérios de diagnóstico das necessidades de treinamento de cada área? Qual o perfil básico dos recursos destacados para ministrarem treinamento na organização? A gestão de recursos humanos apresenta seis processos básicos na execução da tarefa, visando integrar os diversos níveis da organização, tornando possível a execução dos objetivos do empreendimento. Provisão (agregar pessoas) – Esse processo visa determinar quem irá trabalhar na organização (conhecido como processo de recrutamento e seleção). Compreende atividades de: pesquisa do mercado de trabalho, recrutamento dos profissionais que estejam enquadrados no perfil requerido 43 pelo solicitante, seleção daquele que apresenta melhor perspectiva de êxito no desempenho das tarefas que são necessárias ao cargo. Aplicação – Processo que determina o que as pessoas farão na organização (conhecido como administração de recursos humanos). A este processo é atribuída a responsabilidade de descrever o desenho dos cargos (perfil); indicar atribuições, requisitos de habilidades e responsabilidades; direitos e deveres. Descreve, também, os métodos para integração dos novos empregados e os procedimentos que irão avaliar o desempenho de cada um. Manutenção (recompensar pessoas) – Processo que visa manter as pessoas trabalhando na organização (conhecido como administração do pessoal) e que trata dos aspectos que envolvem a remuneração e os benefícios sociais. Desenvolvimento – Processo que visa apoiar o preparo e o desenvolvimento das pessoas dentro da organização, de forma a criar estímulo ao constante aperfeiçoamento profissional e pessoal, tanto no âmbito individual quanto no grupo em todos os níveis hierárquicos. Conhecido como treinamento e desenvolvimento, tem a responsabilidade de formular e executar a capacitação técnica e psicológica do efetivo para assumir desafios mais complexos na organização. Segurança – Processo que visa estabelecer disciplina e segurança, bem como qualidade de vida no trabalho. Inclui higiene e segurança do trabalho e as relações sindicais. Monitoração – Processo que visa saber como os indivíduos executam as atribuições que lhes são confiadas na organização, identificando pontos fortes e fracos, e dar subsídio à alta administração para a implementação das políticas de incentivo, de treinamento e de substituição. Conhecido como auditoria de pessoal ou avaliação do desempenho. 44 45 POLÍTICAS DE PROVISÃO DE RECURSOS HUMANOS 2 CONHECIMENTOS Conhecer o processo de provisão de pessoas, rotatividade de pessoal, recrutamento, técnicas de seleção, métodos de avaliação de cargo e administração do absenteísmo. HABILIDADES Identificar causas e custos de rotatividade (turnover), tipos de recrutamento, tipos de seleção, modelos de cargos e métodos e características de avaliação de desempenho. ATITUDES Vivenciar o processo de recrutamento e seleção na prática, comparando com a abordagem teórica. 46 47 Processos de provisão de pessoas O processo de provisão de pessoas visa determinar quem irá trabalhar na organização – conhecido como processo de recrutamento e seleção. Suas atividades são: pesquisa ao mercado de trabalho, recrutamento dos profissionais que estejam enquadrados no perfil requerido pelo solicitante, seleção daquele que apresenta melhor perspectiva de êxito no desempenho das tarefas que estão ofertadas ao cargo. Para compreender como funcionam os processos de provisão, vamos entender como funciona o ambiente em que a organização está inserida e de que modo ela busca as pessoas para inseri-las no seu sistema de trabalho. Nesta unidade de estudo são abordadas as características dos principais processos que agregam pessoas, basicamente processos de recrutamento e seleção. Inicialmente abordaremos a rotatividade de pessoal, incluindo 34 índices de rotatividade de pessoal e diagnóstico de suas causas (turnover). Aborda a seguir o absenteísmo (cálculo do índice de absenteísmo e a administração do absenteísmo e da rotatividade). Em seguida, se discute o recrutamento de pessoas, incluindo o interno, o externo, o misto e suas fontes. Por fim aborda a seleção de pessoas, em especial: seleção por competências; seleção como um processo de comparação; seleção por meio da identificação das características pessoais do candidato e algumas técnicas. Chiavenato (2004) afirma que, “Os processos de provisão estão relacionados com o suprimento de pessoas para a organização. São os processos responsáveis pelos insumos humanos e envolvem todas as atividades relacionadas com pesquisa de mercado, recrutamento e seleção de pessoas, bem como sua integração às tarefas organizacionais. Os processos de aprovisionamento representam a porta de entrada das pessoas no sistema organizacional. Trata-se de abastecer a organização dos talentos humanos necessários a seu funcionamento”. 48 Mercado de recursos humanos e mercado de trabalho O mercado de trabalho ou mercado de emprego é constituído pelos trabalhos ou empregos oferecidos pelas organizações, em determinado lugar e época. É basicamente definido pelas organizações e suas oportunidades de emprego. Quanto maior o número de organizações, em uma região específica, tanto maior o mercado de trabalho e seu potencial de disponibilidade de vagas e oportunidades de emprego. O mercado de trabalho pode ser segmentado por setores de atividades, por categorias (empresas metalúrgicas, de plásticos, bancos, financeiras etc.), por tamanhos (organizações grandes, médias, pequenas e microempresas) ou ainda por regiões (São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, Recife etc.). Cada um desses segmentos tem características próprias. Emprego → Significa a utilização do trabalho humano. É a situação da pessoa que trabalha para uma organização ou para outra pessoa em troca de remuneração. Mercado de trabalho → É o conjunto de empregos. Subemprego → Emprego com remuneração muito baixa e sem as garantias trabalhistas. Em economia, o termo emprego designa o uso dos fatores de produção, que incluem a terra e o capital, além do trabalho. O desemprego e o subemprego atingem principalmente os países em desenvolvimento. O mercado de trabalho funciona em termos de oferta e procura, ou seja, disponibilidade de empregos e demanda de empregos, respectivamente.Oferta maior do que procura - A oferta maior do que a procura representa excesso de ofertas de emprego por parte da organização e escassez de candidatos para preenchê-las. Consequências para a organização: • Forte investimento em recrutamento; 49 • Critérios de seleção mais flexíveis; • Fortes investimentos em treinamento; • Ofertas salariais mais estimulantes; • Altos investimentos em benefícios sociais; • Ênfase no recrutamento interno; • Forte concorrência entre as organizações. Oferta equivalente à procura - Existe um relativo equilíbrio entre o volume de ofertas e o volume de candidatos para preencher as vagas quando a oferta equivale à procura. Oferta menor do que a procura - Quando a oferta é menor do que a procura há pouca disponibilidade de ofertas de emprego por parte da escassez de oferta de emprego e excesso de candidatos para preencher as vagas. Situação de oferta Situação de linha O mercado de recursos humanos O mercado de recursos humanos é composto pelo conjunto de pessoas aptas ao trabalho em determinado lugar e em determinada época. Pode ser definido pela parcela da população que tem condições de trabalhar, candidatos reais e potenciais, em relação a determinadas oportunidades de emprego: Candidatos reais — Os que estão à procura de oportunidades de emprego, independentemente de estarem ou não empregados; GESTÃO DE PESSOAS 50 Candidatos potenciais — Os que, apesar de não estarem procurando oportunidades de emprego, possuem condições de preenchê-las satisfatoriamente. Ao seguimento de operários não qualificados costuma-se dar o nome de mercado de mão de obra, que representa o mercado de recursos humanos constituído de pessoas não qualificadas, sem experiência prévia e sem instrução básica (CHIAVENATO, 2004). O comportamento das pessoas nas duas situações extremas do mercado de recursos humanos pode ser visto abaixo: Situação de oferta Situação de linha Rotatividades de pessoal O termo rotatividade de pessoal, também conhecido por turnover, é definido pela flutuação de pessoal entre uma organização e seu ambiente; em outras palavras, o intercâmbio de pessoas entre a organização e o ambiente é definido pelo volume de pessoas que ingressam e saem da organização. As razões para os desligamentos podem ser diversas, por exemplo: solicitação de demissão por descontentamento com a política organizacional, falta de motivação, busca de melhor oportunidade profissional, uma posição da organização pela busca de profissionais mais capacitados ou pela busca de inovação. As organizações preocupam-se em avaliar as principais causas que levam os funcionários a saírem, assim como quais os fatores que levam a instituição a demiti-los, visto que, além de ser um processo oneroso para a organização, o elevado índice de turnover indica que algo não está indo bem e precisa ser observado e melhorado. A rotatividade de pessoal ou turnover é expressa por meio de uma relação percentual entre as admissões e os desligamentos com relação ao número médio de participantes da organização, no decorrer de certo período de tempo. Quase sempre, a rotatividade é expressa em índices mensais ou anuais para permitir comparações, seja para desenvolver diagnósticos ou para tomar providências com caráter preditivo. 51 Índice de rotatividade de pessoal O cálculo do índice de rotatividade é baseado no volume de entrada e saída do pessoal em relação aos recursos humanos disponíveis na organização. Portanto, quando se trata de medir o índice de rotatividade para efeito do planejamento de recursos humanos, utiliza-se a seguinte equação: A + D IRP = (------------)* 100 I + F ------------ 2 Onde; A = admissões de pessoal dentro do período considerado (entradas); D = desligamentos de pessoal (tanto por iniciativa da empresa como por iniciativa dos empregados) dentro do período considerado (saídas); EM = efetivo médio dentro do período considerado; pode ser obtido pela soma dos efetivos existentes no início (I) e no final do período (F), dividida por dois. Por exemplo: Admita-se que numa empresa foram feitas em um semestre 45 admissões de pessoal, tendo ocorrido 15 desligamentos de pessoal (tanto por iniciativa da empresa como por iniciativa dos empregados). No início do semestre a empresa tinha 1200 funcionários e ao final, 1230. A + D 45 + 15 IRP = (------------ )* 100 → IRP = ( -------------------- )* 100 52 I + F 1200 + 1230 ------------ -------------------- 2 2 60 IRP = ( ------------ )* 100 → IRP = 0,0494*100 = 4,94% 1215 Nesse exemplo o Índice de Rotatividade de Pessoal é de 4,94%. O índice de rotatividade de pessoal exprime um valor percentual de empregados que circulam na organização em relação ao número médio de empregados. Assim, se o índice de rotatividade de pessoal for de, por exemplo, 4,94%, isto significa que a organização pode contar somente com 95,06% de sua força de trabalho naquele período. Para poder contar com 100% (cem por cento), a organização precisaria planejar um excedente de 5% (cinco por cento) de pessoal para compensar esse fluxo. Quando se trata de analisar as perdas de pessoal e suas causas, não se consideram as admissões (entradas) no cômputo do índice de rotatividade de pessoal, mas somente os desligamentos, sejam por iniciativa da organização ou dos empregados (CHIAVENATO, 2004). D IRP = ( ------------ )* 100 I + F ------------ 2 53 Diagnóstico das causas da rotatividade (turnover) A rotatividade de pessoal, diz Chiavenato (2004), não é uma causa, mas um efeito, a consequência de certos fenômenos localizados interna ou externamente à organização que condicionam a atitude e o comportamento do pessoal. Portanto, é uma variável dependente daqueles fenômenos internos e/ou externos à organização. São eles: Fenômenos externos: Situação de oferta e procura de recursos humanos no mercado; A conjuntura econômica; As oportunidades de empregos no mercado de trabalho. Fenômenos internos A política salarial da empresa; A política de benefícios da organização; O tipo de supervisão exercido sobre o pessoal; As oportunidades de crescimento profissional oferecidas pela organização; O tipo de relacionamento humano dentro da organização; As condições físicas ambientais de trabalho da organização; O moral do pessoal da organização; A cultura organizacional da empresa; A política de recrutamento e seleção de recursos humanos; Os critérios e programas de treinamento de recursos humanos; A política disciplinar da organização; Os critérios de avaliação do desempenho; O grau de flexibilidade das políticas da organização etc. 46 54 As informações a respeito desses fenômenos internos e externos são obtidas por meio das entrevistas de desligamentos feitas com as pessoas que se retiram para diagnosticar as falhas e corrigir as causas que estão provocando o êxodo do pessoal. É importante salientar que toda organização tem certa rotatividade que pode ser positiva ou negativa. Porém, se observarmos que as pessoas não adaptadas, não eficientes, ou seja, os funcionários nãoessenciais estão deixando a empresa, a rotatividade terá aspecto positivo. A organização terá a oportunidade de substituição de um funcionário de baixo desempenho por outro capacitado. Olhando pelo aspecto positivo, isso pode aumentar as chances para a organização trazer ideias novas, estendendo a flexibilidade de aprendizagem organizacional e diminuindo a necessidade de demissões. Custos da rotatividade Um dos problemas que o executivo de ARH encontra em economia competitiva é saber até quando vale a pena perder recursos humanos e manter uma política salarial relativamente conservadora. Muitas vezes, na manutenção de uma política salarial restritiva, o fluxo incessante de recurso humano, por meio de uma rotatividade de pessoal elevada, pode sair muito mais caro. Trata-se, então, de avaliar a alternativa mais econômica. A rotatividade de pessoal envolve vários custos, como: custos primários, custos secundários e custos terciários, conforme CHIAVENATO (2004): Motivos para se evitar a rotatividade: Custos de recrutamento: requisição, propaganda, visita a escolas, pesquisa de mercado; 55 Custos de seleção: entrevista, aplicação de provas de conhecimento, tempo dos selecionadores, checagem de referências, exames médicos; Custos de treinamento: programas de integração, orientação, custos diretos de treinamento, baixa produtividade durante o período de treinamento; Custos de desligamento: programas de salários e quitação de direitos, programas de benefícios, entrevistas de desligamentos. Custos primários da rotatividade de pessoal - são custos diretamente relacionados à rotatividade das pessoas, e são os seguintes: Custo de recrutamento e seleção Despesas de emissão e processamento da requisição de empregado; Despesas de manutenção dos órgãos de recrutamento e seleção (salários do pessoal de recrutamento e seleção, encargos sociais, horas extras, material de escritório, aluguéis pagos etc.); Gastos com anúncios em jornais, folhetos de recrutamento, honorários de empresas de recrutamento, material de recrutamento, formulários etc.; Gastos com testes de seleção e avaliação de candidatos; Despesas de manutenção dos órgãos de serviços médicos (salário do pessoal da enfermaria, encargos sociais, horas extras etc.), rateadas pelo número de candidatos submetidos a exames médicos de seleção. Custo de registro e documentação Despesas de manutenção do órgão de registro e documentação de pessoal (salários, encargos sociais, horas extras, material de escritório, aluguéis pagos etc.); Unidade II Gastos com formulários, documentação, anotações, registros, processamento de dados, abertura de conta bancária etc. 56 Custo de integração Despesas do órgão de treinamento (se for o órgão responsável pela integração do pessoal recém-admitido na organização; se a integração for descentralizada pelos vários órgãos do sistema de recursos humanos da organização – recrutamento e seleção, treinamento, serviço social, psicólogo, higiene e segurança etc.); deve-se fazer o rateio pelo tempo proporcional aplicado ao programa de integração de novos empregados, rateio pelo número de empregados submetidos ao programa de integração; Custo de tempo do supervisor do órgão requisitante aplicado na ambientação do empregado recém-admitido em sua seção. Custo de desligamento Despesas do órgão de registro e documentação relativos ao processamento do desligamento do empregado (anotações, registros, comparecimento, a homologação na Justiça do Trabalho e/ou no Sindicato dos Trabalhadores); Custo das entrevistas de desligamento (tempo do entrevistador aplicado às entrevistas de desligamento, custo dos formulários utilizados, custo da elaboração dos relatórios consequentes); Custo das indenizações pelo tempo anterior à opção pelo FGTS, conforme alguns casos; Custo da antecipação de pagamentos relacionados a férias proporcionais, 13º salário proporcional, aviso prévio (com ou sem a contraprestação do serviço pelo empregado), multa do FGTS – 40% etc. Custos secundários da rotatividade de pessoal - Os custos secundários da rotatividade de pessoal são decorrentes dos reflexos da rotatividade. Podem ser destacados: 57 Reflexos na produção Perda da produção causada pela vaga deixada pelo empregado desligado, enquanto este não for substituído; Produção inferior – pelo menos durante o período de ambientação – à do novo empregado no cargo; Insegurança inicial do novo empregado e sua interferência no trabalho dos colegas. Reflexos na atitude do pessoal; Imagem, atitudes e predisposições que o empregado que está se desligando transmite aos colegas; Imagem, atitudes e predisposições que o empregado que está iniciando transmite aos colegas; Influência de ambos os aspectos citados sobre o moral e a atitude do supervisor e do chefe; Influência de ambos os aspectos citados sobre a atitude dos clientes e fornecedores. Custos extralaborais: Despesas de pessoal extra ou horas extras necessárias para cobrir a vaga existente ou a deficiência inicial do novo empregado; Unidade II Tempo adicional de produção causado pela deficiência inicial do novo empregado; Elevação do custo unitário de produção com a queda da eficiência média provocada pelo novo empregado; Tempo adicional do supervisor aplicado na integração e no treinamento do novo empregado. 58 Custos extraoperacionais: Custo adicional de energia elétrica, devido ao índice reduzido de produção do novo empregado; Custo adicional de lubrificação e combustível, devido ao índice reduzido de produção do novo empregado; Custo adicional de serviços de manutenção, utilidades, planejamento e controle de produção, expediente etc., que se torna mais elevado perante o índice reduzido de produção do novo empregado; Acréscimo de acidentes, e, consequentemente, de seus custos diretos e indiretos, devido à sua intensidade maior no período de ambientação inicial dos recém-admitidos; Acréscimo de erros, refugos e problemas de controle de qualidade provocados pela inexperiência do novo empregado. Custos extrainvestimentos: Aumento proporcional das taxas de seguros, depreciação do equipamento, manutenção e reparos em relação ao volume de produção, redução em face das vagas existentes ou recém-admitidos em período de ambientação e treinamento; GE STÃO DE PESSOA Aumento do volume de salários pagos aos novos empregados e, consequentemente, de reajustes de todos os demais empregados, quando a situação do mercado de trabalho é de oferta, intensificando a competição e a oferta de salários iniciais mais elevados no mercado de recursos humanos. 59 Perda nos negócios: Reflexos na imagem e nos negócios da empresa, provocados pela qualidade dos produtos ou serviços executados por empregados inexperientes em fase de ambientação. A rotatividade de pessoal pelos seus inúmeros e complexos aspectos negativos, quando acelerada, torna-se um fato de perturbação. Principalmente quando forçada pelas empresas no sentido de obtenção de falsas vantagens em curto prazo. O certo é que a médio e longo prazo a rotatividade provoca enormes prejuízos à organização, ao mercado e à economia como um todo, e, principalmente, ao empregado tomado individual ou socialmente, em relação à sua família. Absenteísmo O absenteísmo, também denominado ausentismo, é uma expressão utilizada para designar as faltas ou ausências dos empregados no trabalho, incluindo a famosa meia falta (quando o empregado vai trabalhar apenas na parte da tarde). Em um sentido mais amplo, é a soma dos períodos em que os empregados da organização se encontram ausentes do trabalho, seja por falta, seja por atraso, devido a algum motivo interveniente.
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