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1 - A importância das negociações internacionais

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AULA 1 
ESTRATÉGIAS DE 
INTERNACIONALIZAÇÃO 
E COMÉRCIO EXTERIOR 
Prof. Cesar Alberto Sinnecker 
 
2 
 
INTRODUÇÃO 
Nesta aula, serão apresentados temas que têm por objetivo familiarizar o 
aluno com aspectos conceituais da globalização no ambiente das relações 
internacionais de comércio. Os temas se dividem nos seguintes tópicos: 
• Tema 1: o mundo globalizado de hoje; 
• Tema 2: negociação: aspectos introdutórios; 
• Tema 3: a importância das negociações internacionais; 
• Tema 4: o ambiente internacional; 
• Tema 5: riscos políticos e econômicos nos negócios. 
TEMA 1 – O MUNDO GLOBALIZADO DE HOJE 
A economia mundial está globalizada, no entanto, o fornecimento e 
disponibilização de dados e informações é absolutamente desigual entre países 
desenvolvidos e países em desenvolvimento cuja renda muitas vezes são geradas 
através do setor primário, agricultura. Países como EUA, Alemanha e Japão 
concentram a maior parte da tecnologia de ponta, assim como o uso integrado 
das grandes redes de comunicação. Grandes empresas desses países tornaram-
se imensas multinacionais e detêm a maior parte da riqueza do mundo, maior que 
de alguns países pequenos e subdesenvolvidos. 
1.1 O que é globalização? 
A globalização é a expansão das relações humanas ao redor do mundo e 
caracteriza-se pelo processo de intercambio sociocultural, a facilitação do fluxo de 
pessoas, produção de riquezas e disseminação de informações por todo o 
planeta. 
1.2 A primeira fase da globalização (século XV ao XIX) 
O início da expansão do fluxo de pessoas se deu com as guerras na Baixa 
Idade Média e viagens marítimas para descobrimento de terras como uma forma 
de conquista colonialista. Antes disso, as sociedades eram isoladas e ligadas à 
agricultura familiar, sem maiores integrações até mesmo com feudos vizinhos. 
 
3 
 
Foi justamente nessa época que houve uma implosão do modelo social 
vigente, tendo em vista que os meios de transporte e comunicação tiveram 
avanços significativos possibilitando a conquista de mercados internacionais. A 
busca por novos mercados e, principalmente, por matérias-primas, como 
especiarias e metais preciosos, incentivou os navegadores europeus a buscarem 
novas terras e novas rotas para os diferentes mercados. Um exemplo foi a busca 
pelas Índias por novos caminhos, após a tomada de Constantinopla pelos turco-
otomanos e pela da criação de companhias mercantis, como as Companhias das 
Índias Orientais. 
1.3 A segunda fase da globalização (meados do século XIX e meados do 
século XX) 
O avanço ocorreu rapidamente com a expansão marítima e ferroviária 
abrindo margem para o capitalismo industrial e financeiro. Ao explorar novas 
colônias, o deslocamento gerou a necessidade de meios de transporte e 
comunicação mais eficientes, inicialmente por meio de ferrovias e navegação, 
expandindo para a aviação comercial, gerando um aumento exponencial da 
velocidade e volume de negócios como nunca se tinha visto antes. O mundo 
passa a se comunicar mais rápido e explorar novas fronteiras. 
1.4 A terceira fase da globalização (Guerra Fria) 
A guerra fria foi a formação de dois blocos de poder no mundo, com 
fundamentos políticos e econômicos radicalmente opostos; de um lado, um 
liderado pelos Estados Unidos, o “bloco capitalista”; de outro, um liderado pela 
União Soviética, o “bloco socialista”. Apesar de não ter uma guerra armada, 
ocorreu uma corrida armamentista entre os dois países e a disputa de poder gerou 
grandes avanços tecnológicos e científicos. Os meios de transporte se tornaram 
mais velozes, as viagens internacionais mais baratas e populares e o sistema de 
informação e mídia se tornaram instantâneos através dos avanços aeroespaciais. 
1.5 O mundo globalizado de hoje 
A partir de 1989, com a queda do muro de Berlim, cuja hegemonia de poder 
em dois blocos políticos foi migrada para o capitalismo, a globalização passou a 
 
4 
 
um novo estágio. Os avanços tecnológicos permitem que qualquer ser humano 
na face da terra ligado em aparelhos telefônicos, televisivos e redes de internet 
tenha acesso imediato a informações de fatos ocorridos em países longínquos, e 
o avanço dos meios de transporte permitem o deslocamento com uma rapidez 
jamais concebida pelo ser humano. De um dia para o outro, atravessamos 
continentes e meridianos que na Idade Média, quando chegavam, levavam meses 
ou anos. 
Considerando que veículos de transporte por tração animal são utilizados 
desde a Antiguidade, foram necessários menos de 150 anos para a evolução dos 
veículos automotores, desde as primeiras locomotivas a vapor no início do século 
XIX à consolidação da aviação comercial logo após a Segunda Guerra Mundial. 
Quadro 1 – Evolução dos meios de transporte após a Revolução Industrial 
1500-1840 
A melhor média de velocidade das carruagens e dos 
barcos a vela era de 16 km/h. 
1850-1930 
As locomotivas a vapor alcançavam em média 100 km/h: 
os barcos a vapor, 57 km/h. 
Anos 1950 Aviões a propulsão: 480-640 km/h. 
Anos 1960 Jatos de passageiros: 800-1100 km/h. 
Como se pode observar, foi necessário um século para se chegar aos 100 
km/h em meio terrestre, e apenas uma década para ultrapassar a barreira do som 
na aviação. 
TEMA 2 – NEGOCIAÇÃO: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 
Negociar vem da palavra latina negotiatus, que significa “cuidar dos 
negócios”. É um processo de relacionamento interpessoal que ocorre quando uma 
pessoa deseja algo de outra. Segundo o dicionário Michaelis, é uma conversa que 
ocorre entre pessoas, com o fim de se chegar a um acordo em um assunto 
qualquer, um ajuste. 
Negociar é um fato da vida e ocorre desde que nascemos. Negociamos 
comida e carinho com nossas mães assim que saímos do ventre materno. A 
negociação faz parte do dia a dia das pessoas, desde a quitanda da esquina até 
 
5 
 
datas e valores a serem pagos no aluguel de sua residência. Não tem a ver com 
competição de palavras, nem jogo de palavras, mas com a habilidade de explicar 
e convencer outras pessoas do seu posicionamento ou daquilo que é melhor para 
você, sem, é claro, infringir normas éticas e costumeiras na sociedade. 
2.1 Formas de se obter sucesso em uma negociação 
Vejamos, a seguir, formas de se obter sucesso em uma negociação. 
2.1.1 Deixar de lado o medo e fazer a proposta primeiro 
As pessoas não gostam de propor em primeiro lugar ou lançar dados antes 
que os concorrentes por medo de perder oportunidades. Quantas vezes a pessoa 
deixa de lançar um valor de aluguel para seu imóvel esperando que o inquilino lhe 
ofereça um valor maior? 
Quantas vezes você já viu anúncios de produtos sem o valor, 
principalmente os mais caros? O medo não faz sentido porque a outra pessoa 
sempre tem conhecimento do valor. Então, seja firme na primeira oferta. O valor 
é influenciado pelo primeiro valor lançado. A regra é simples: se você está 
comprando, faça a oferta em primeiro lugar e em valor bem baixo. Se estiver 
vendendo, comece com oferta alta. 
2.1.2 Usar o silêncio como vantagem 
A maioria das pessoas fala muito quando estão nervosas e acabam falando 
demais, até os defeitos do produto, que acabam por desvalorizá-lo. Se o 
comprador faz uma oferta e o vendedor reclama que é muito baixa, silencie e 
espere pacientemente sem nervosismo. E como acontece na esmagadora maioria 
das vezes, o vendedor começará a falar para preencher o silêncio listando os 
motivos pelos quais a oferta é baixa. Dará informações valiosas que farão o 
comprador amadurecer a ideia da compra, fatos que ele jamais saberia se 
estivesse falando. 
2.1.3 Planejar o pior, mas sempre esperar o melhor 
Grandes expectativas conduzem a altos resultados. Sempre entre em uma 
negociação considerando que você pode conseguir o que quer, que você pode 
 
6 
 
fazer um negócio em seus termos. Afinal, você nunca obterá o que deseja se não 
pedir o que deseja. 
2.1.4 Nunca fornecer uma margem 
As pessoas adoram pedir númerosaproximados. Não os forneça; figuras 
aproximadas também fixam âncoras. Por exemplo, não diga: "meu palpite é que 
o custo será entre R$ 5.000 e R$ 10.000”. O comprador naturalmente desejará 
que o custo final seja o mais próximo possível de R$ 5.000 – e apresentará muitos 
motivos pelos quais seu preço deve estar na extremidade inferior da faixa. Se você 
não estiver pronto para cotar um preço, diga que não tem certeza e continue 
fazendo perguntas até ter certeza. 
2.1.5 Nunca dar sem receber 
Caso um comprador lhe peça para diminuir seu preço, você deve sempre 
ter algo para tirar da negociação. Cada redução de preço ou aumento de valor 
deve envolver algum tipo de compensação. Se não houver compensação, 
significa apenas que seu preço inicial foi aumentado. Siga a mesma lógica se você 
for o comprador. Se você fizer uma segunda oferta e mais alta, sempre peça algo 
em troca por esse preço mais alto. 
2.1.6 Tentar não negociar sozinho 
Embora você provavelmente tenha a palavra final, se o outro lado sabe que 
você é o tomador de decisão final, isso pode às vezes deixá-lo sem saída. Sempre 
tenha um motivo para se afastar e obter o aceite final de outra pessoa, mesmo 
que essa outra pessoa seja apenas você. É melhor se sentir inseguro do que 
ceder à pressão de tomar uma decisão que você não quer. 
2.1.7 Usar o tempo como vantagem 
Mesmo que você não concorde com nada, nunca tente encerrar uma 
negociação o mais rápido possível apenas para concluí-la. A pressa sempre 
resulta em desperdício de negociação. Quanto mais tempo o outro lado dedicar, 
mais eles desejarão fechar o negócio e maior será a probabilidade de eles fazerem 
concessões para fechar o negócio. 
 
7 
 
2.1.8 Ignorar negociações ousadas ou emocionais 
Nunca presuma que tudo que você ouve é verdade. Quanto mais ousada, 
mais alta e mais emocional uma negociação for, mais provável é que a negociação 
seja uma tática de intimidação ou um sinal de insegurança. Se você se sentir 
intimidado, afaste-se. Se você se sentir atraído emocionalmente, fique um pouco 
distante. Talvez você decida dar ao outro lado o que ele "precisa", mas certifique-
se de que a decisão seja mesmo uma decisão e não uma reação emocional. 
TEMA 3 – A IMPORTÂNCIA DAS NEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS 
As relações internacionais têm seus conhecimentos iniciais construídos a 
partir da ruptura do Império Romano e se desenvolvem até os tempos atuais, 
caracterizadas por um volume antes nunca visto de negociações entre governos. 
O comércio entre diferentes países garante benefícios para o crescimento das 
economias, além de proporcionar a todas as nações a possibilidade de ter os 
melhores preços e produtos do mundo. Com a globalização, a comunicação foi 
facilitada entre diversas partes do mundo e as empresas perceberam que há muita 
vantagem econômica em explorar mercados exteriores. As distâncias diminuíram, 
a facilidade de entrega vem acelerando os destinos, a qualidade de um produto 
pode ser estudada em qualquer parte do mundo e novos produtos, a partir do 
primeiro, surgem como probabilidade de novas opções. 
Há povos que são culturalmente mais diretos e objetivos em suas 
negociações, como os americanos e europeus. Estes rapidamente propõem o que 
querem e vão logo desenvolvendo para não perder tempo. São as culturas do 
"tempo é dinheiro". Outros povos, como os brasileiros e alguns árabes, preferem 
negociar muito. O brasileiro chega a marcar várias reuniões, em diversos países, 
antes de fechar um acordo internacional. Não são objetivos, precisam de tempo 
para se certificar que estão realmente fazendo um bom negócio. 
Existem culturas em que as negociações não são feitas durante as 
refeições, porque para eles esse momento é sagrado e merece respeito. 
Com a intensificação do processo de globalização no final da década de 
1980, acentuou-se o debate em torno de como o comércio internacional afeta o 
crescimento econômico. No entanto, ao analisar o comércio internacional, 
considerando as exportações e importações, a empresa iniciante deve buscar a 
 
8 
 
análise da relação entre comércio internacional dos produtos básicos, 
semimanufaturados e manufaturados e crescimento econômico do mercado 
nacional. 
Percebendo que o mercado brasileiro é consumista e que as empresas 
nacionais pecam por não desenvolverem suas empresas e funcionários com 
cursos de aperfeiçoamento, um grande número de empresas estrangeiras se 
estabeleceram no país para disputar o crescente mercado brasileiro, ou 
estabelecer bases de apoio às suas operações globais ou então para otimizar sua 
presença global. Por outro lado, a proteção de mercado das empresas aqui 
instaladas diminui gradativamente em razão de compromissos firmados pelo 
governo brasileiro em acordos multi e bilaterais. 
A melhor maneira de se manter competitivo neste ambiente global é 
pesquisar os mercados externos tanto para se avaliar a adaptação necessária em 
produtos, processos e funções, quanto para examinar a possibilidade de diminuir 
custos através da integração com fornecedores de insumos externos. No 
ambiente competitivo atual, quanto maior o conhecimento que a empresa possui 
sobre seus clientes, produtos e mercados, maior a sua chance de se manter 
competitiva. 
Figura 1 – Crescimento da economia e do comércio mundial 
 
Fonte: FMI, World Economic Outlook, 2019. 
 
9 
 
As negociações internacionais estão presentes atualmente de forma muito 
intensa nas nossas vidas. O ser humano pensa globalmente, pois as relações 
internacionais deixaram de ser temas apenas de discussões acadêmicas. Os 
negócios multinacionais vêm sofrendo um aumento explosivo nos últimos anos. 
Várias empresas possuem receitas maiores que o Produto Interno Bruto (PIB) de 
muitos países. Das 150 maiores entidades do mundo em 2005, 100 eram 
empresas, conforme Oliveira (2008). 
TEMA 4 – O AMBIENTE INTERNACIONAL 
O ambiente internacional está presente nos mais diversos contextos 
históricos e culturais ao redor do mundo. Cada negociação internacional deverá 
respeitar a cultura do país, as pessoas, símbolos, o processo de poder do local, 
ou seja, o contexto de cada país. 
Compreender o universo cultural em que ocorrerá a negociação 
internacional é uma estratégia de negócio, visto que os aspectos legais que regem 
o acordo devem estar em conformidade com o sistema legal de forma a evitar 
futuros constrangimentos e garantir que a troca de interesses será legalizada. 
4.1 Navegando por diferentes culturas 
4.1.1 Linguagem, símbolos e valores locais 
É necessário que a interação entre pessoas de culturas diferentes respeite 
a diferença de linguagem, símbolos e valores sociais da sociedade em que o 
membro está inserido. Práticas adotadas em determinado mercado podem não 
ser usadas em outro e podem até mesmo ser degradantes em um contexto cultural 
diferente. 
4.1.2 Verificando a cadeia decisória do negociador 
É importante entender com quem você está negociando e a relação dela 
com a empresa que está representando para que, desse modo, não se perca 
oportunidade de negociar com quem não vai ter o poder de decisão final. 
 
 
 
10 
 
4.1.3 Conhecendo a expressão cultural por meio da linguagem corporal 
Entender a linguagem corporal é importante na vida. Se você quer ou 
precisa fechar um acordo internacional, é necessário conhecer a fala dos 
movimentos e gestos corporais. Olho no olho, não ficar tocando no outro enquanto 
fala, verificar se o outro se mexe muito, se o seu modo de falar causa algum 
incômodo, ficar digitando ao celular, tudo isso sugere informações que não são 
ditas. Falar muito rápido pode significar que a pessoa pensa rápido, mas na 
maioria das vezes, transparece nervosismo. Sorrisos nem sempre significam 
alegria ou satisfação, mas podem representar algum tipo de constrangimento; 
americanos preferem fechar negócios com quem detém o poder decisório, o 
francês confia no “olho no olho”de quem está propondo o negócio, o chinês não 
gosta e prefere não falar muito enquanto negocia, e sua concordância com a 
cabeça não significa aceite para o negócio – é apenas uma linguagem cultural de 
respeito. 
4.1.4 Tempo de negociação 
O estudo do tempo em diversos ambientes culturais é importante, pois são 
interpretados de várias formas diferentes. Enquanto o americano é objetivo e leva 
a sério a frase “tempo é dinheiro”, no Japão, apesar da objetividade, se o 
negociador for rápido demais, isso pode ser confundido com falta de interesse. 
4.1.5 Treinamentos interculturais 
Conhecer práticas e comportamentos é fundamental para fornecer 
conhecimento e ferramentas necessários sobre o lugar onde haverá a 
negociação. Utilizar os instrumentos que há em seu próprio ambiente cultural pode 
ser um diferencial no momento de fechar um negócio. 
4.1.6 Identificar o interlocutor do negociador 
Caso a pessoa seja muito individualista, ela sempre se coloca em primeiro 
lugar, só fala em primeira pessoa e nas suas experiências pessoais. Por outro 
lado, o coletivista tentará fazer amizade, posicionar-se sempre como um time, agir 
como grupo. Quando se identifica a estratégia da pessoa, fica mais fácil falar a 
língua dela. 
 
11 
 
4.1.7 Pontualidade 
Em cada sociedade, há diferentes padrões de comportamento social com 
relação a compromissos. Na maioria das vezes, atraso é sinônimo de 
irresponsabilidade. Em contrapartida, a pontualidade é sinal de respeito e pessoa 
correta. No Brasil, chegar atrasado pode ser tolerado em algumas situações, 
como por exemplo em cerimônias de casamento. Já em outras culturas, como nos 
Estados Unidos e na Alemanha, chegar atrasado é inapropriado e, muitas vezes, 
pode acabar com um negócio. 
4.1.8 Respeitar a cultura da outra parte não significa submissão 
Em vez de se criar barreiras com línguas, jeitos de ser e comportamentos 
culturais, convém respeitar a outra parte de forma a transformar o encontro em 
um relacionamento duradouro e de confiança. O mercado está cada vez mais 
competitivo, e ter alguém que demonstre ser de confiança de longa data é 
importantíssimo. Torna-se até estratégia de sobrevivência no mundo dos 
negócios. 
O gráfico a seguir demonstra a crescente tendência em interesse por 
pesquisas relacionadas às dimensões culturais, em que o número 100 representa 
o interesse máximo em pesquisas. 
Figura 2 – Interesse de pesquisas relacionadas às dimensões culturais 
 
Fonte: Google Trends, 2013. 
Para toda relação comercial internacional, o sucesso vem acompanhado 
do bom entendimento da cultura do país com o qual se faz negócios. 
 
12 
 
TEMA 5 – RISCOS POLÍTICOS E ECONÔMICOS NOS NEGÓCIOS 
INTERNACIONAIS 
Todas essas estratégias de internacionalização dependem de decisões 
aliadas a recursos corporativos que vão precisar de estratégias institucionais que 
tornem possível o ingresso dos produtos no mercado internacional. Ademais, é 
necessário conjugar tecnologia, capital humano, gerenciamento ou outros 
recursos de uma empresa nos mercados internacionais. 
5.1 Estratégias de internacionalização e o risco político 
Ao realizar a análise interna corporativa com relação à expansão de seus 
produtos para mercados internacionais, a empresa deve observar quais os riscos 
e formas de internalização dos produtos. A doutrina costuma apontar cinco 
maneiras básicas de expansão do mercado: 
1. Franquias; 
2. Contratos (serviço, gerenciamento, produção); 
3. Exportações diretas ou indiretas; 
4. Aquisições ou novos empreendimentos; 
5. Subsidiária própria. 
Kobrin (1978) dizia que, ao expandir internacionalmente, a empresa 
enfrenta riscos econômicos e políticos diferentes do seu estado natal. Intuições e 
manobras ingênuas não são toleradas na seara internacional. Há o cenário 
político que muda constantemente e frequentemente pode surpreender o infante 
exportador. Não adianta conhecer o nome do Presidente e forma de governo do 
Estado hospedeiro, mas deve-se estudar o modus operandi da nação, com seus 
consectários jurídicos e legislação tributária para se entender exatamente o que 
deve ser feito, os impostos que devem ser recolhidos e o passo a passo de 
desenvolvimento do produto naquele país. A ocorrência de uma situação política 
qualquer, como golpes de Estado, guerras, revoluções, acidentes naturais, 
expropriação, tributação, desvalorização, controles de câmbio e restrições às 
importações no país de origem ou no estrangeiro, pode causar uma perda de 
potencial de lucro e/ou de ativos em uma operação internacional de negócios. 
Esses fatores definem risco político que são as forças sociogeoeconômicas e 
culturais que podem alterar a relação de uma sociedade com empresas 
 
13 
 
estrangeiras. Decisões políticas podem afetar diretamente a empresa que deseja 
investir em outro país: controle de câmbio; mudanças na moeda e política fiscal 
ou monetária; restrições tributárias; exigências trabalhistas e mão de obra local. 
Segundo Demirbag, M., Glaister, K. W. e Tatoglu (2007), os custos de 
transação são baseados em vários fatores, incluindo os relacionados com a firma 
e com o país de acolhimento: tamanho da matriz, experiência multinacional da 
matriz, intensidade do investimento em pesquisa e desenvolvimento da matriz, 
tamanho relativo dos investimentos, grau de diversidade de produtos e 
experiências adquiridas no estrangeiro. Exemplos típicos dos fatores relacionados 
ao país de acolhimento são o nível de desenvolvimento e o tamanho do mercado 
do país. 
5.2 Riscos de comércio internacional 
As empresas que atuam no comércio internacional precisam lidar não 
somente com os riscos locais e regionais, mas também com outros riscos de 
desenvolvimento de negócios, como ética, transporte, propriedade intelectual, 
crédito, moeda e muito mais. 
Esses riscos podem impor barreiras aos negócios e, portanto, devem ser 
tomadas ações mitigadoras para limitar seus efeitos e as chances deles 
ocorrerem. Entre os diversos riscos de negócios no mercado, seis riscos 
enfrentados por empresas envolvidas no comércio internacional são os mais 
comuns. 
5.2.1 Risco de crédito 
O risco de contraparte ou de crédito é o risco associado com a não 
cobrança de uma conta a receber. Existem várias maneiras pelas quais as 
empresas podem se proteger contra esse risco enquanto se expandem para os 
mercados globais. 
Uma forma de mitigar esse risco pode ser aceitar o pagamento total ou uma 
porcentagem razoável do valor adiantado, antes de prestar os serviços no 
momento da colocação de um pedido, processo que pode ser usado para reduzir 
despesas administrativas e encargos financeiros. Isso elimina o risco de não 
pagamento. Apesar de poder ser difícil para novos negócios e exportadores, pode 
ser resolvido com poucas negociações. 
 
14 
 
Outra forma de mitigação reside no uso de Cartas de Crédito ou Seguro 
Garantia, um compromisso emitido por uma instituição financeira (ou uma 
seguradora, no caso do Seguro Garantia) em que a instituição concorda em pagar 
um valor definido ao fornecedor do serviço/produto em troca da entrega dentro de 
um prazo determinado. Isso oferece proteção ao vendedor e ao comprador. Inclui 
uma descrição detalhada da remessa, bem como os termos de venda. 
5.2.2 Risco de propriedade intelectual 
Esse risco envolve terceiros que fazem uso não autorizado de informações 
estratégicas de um negócio ou propriedade, que afetam o valor dos serviços ou 
produtos oferecidos por uma empresa de forma direta ou indireta. 
Esses riscos aumentam ao se fazer negócios no exterior devido às 
dificuldades que existem para derrotar os direitos comerciais remotamente. Isso 
pode ser evitado registrando-se os nomes corporativos, bem como as marcas 
registradas, antes de assinar um contrato em qualquer país. Também será 
benéfico modificar e melhorar constantemente seus serviços ou produtos para 
permanecer à frente da concorrência.5.2.3 Risco cambial 
Isso geralmente se refere às contas a pagar e a receber de contratos que 
estão, ou estariam em vigor. As taxas de câmbio estrangeiras estão em constante 
mudança. Consequentemente, as empresas seriam forçadas a fazer conversões 
dos fundos gerados no exterior a taxas menores do que o orçado. 
Por isso, é fundamental que as empresas tenham uma política cambial 
adequada. É necessário identificar os riscos cambiais para estruturar uma política 
eficaz. Também é essencial reconhecer as ferramentas disponíveis para a 
cobertura desses riscos e realizar uma análise comparativa periódica para 
selecionar a melhor ferramenta disponível. 
5.2.4 Risco ético 
É vital manter um alto padrão ético ao oferecer qualquer produto ou serviço 
em um mercado global. As empresas podem enfrentar certas questões relativas 
aos seus valores a qualquer momento ao fazerem comércio internacional. 
 
15 
 
As condições sociais e os costumes variam de país para país e, portanto, 
é necessário estar especialmente vigilante. Você precisa se certificar de que seus 
fornecedores e parceiros estrangeiros sigam seus valores e regras, 
independentemente de onde operem. 
5.2.5 Risco de transporte 
Esteja você enviando mercadorias para o exterior ou localmente, poderá 
enfrentar problemas como contaminação, apreensão, acidente, vandalismo, 
roubo, perda e quebra. Antes de enviar qualquer mercadoria para os 
compradores, você precisa ter certeza de ter seguro suficiente. 
A Câmara de Comércio Internacional estabeleceu regras para cada parte 
envolvida no comércio internacional e suas responsabilidades em relação ao risco 
do transporte. É melhor seguir as regras e tomar as medidas de precaução 
necessárias. 
5.2.6 Risco político 
São barreiras comerciais não tarifárias, regulamentações cambiais do 
banco central ou proibição da venda de certos produtos em países específicos. 
Vários países, por exemplo, baniram produtos obtidos de espécies animais 
ameaçadas. 
Há certos elementos que nunca estarão sob seu controle, como sanções, 
e você deve estar preparado para superá-las. É possível encontrar mais 
informações sobre essas restrições verificando o site oficial do Ministério das 
Relações Exteriores e Comércio do país em questão. 
5.3 Variáveis econômicas 
Segundo Simon (1985), risco econômico é a capacidade de um país de 
cumprir as suas obrigações financeiras. A primeira análise econômica a ser 
realizada pela empresa que quer internacionalizar produtos são as seguintes: 
• Transferências financeiras (bancos e concessão de empréstimos); 
• Exportações para o mercado do país de acolhimento; 
• Investimento direto estrangeiro (varejo, manufatura, mineração e outras). 
 
16 
 
Um dado importante a ser analisado, que é uma variável econômica do país 
a ser instalada a empresa, é o IDH, Índice de Desenvolvimento Humano da ONU 
(Organização das Nações Unidas). Ele analisa três fatores principais: saúde, 
educação e renda, cálculo por pessoa em dólar. Atribui-se ao país o IDH e sua 
análise é um fator importante para entender a situação qualitativa da mão de obra, 
dos valores que serão despendidos aos colaboradores e a probabilidade de 
conhecimento deles. 
 
 
 
17 
 
REFERÊNCIAS 
ANDRADE, R.; ALYRIO, R.; MACEDO, A. Princípios de negociação: 
ferramentas e gestão. São Paulo: Atlas, 2007. 
COHEN, H. Você pode negociar qualquer coisa. Rio de Janeiro: Record, 1982. 
DEMIRBAG, M.; GLAISTER, K. W.; TATOGLU, E. Institutional and Transaction 
Cost Influences on MNEs’ Ownership Strategies of their Affiliates: Evidence from 
an Emerging Market. Journal of World Business, v. 42, n. 4, p. 418-434, 2007. 
GRANDE, I. Marketing Cross Cultural. Madrid: Esic Editorial, 2004. 
HARVEY, D, A. condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 1989, p. 220. 
KOBRIN, S. J. Political Risk; a Review and Reconsideration. Journal of 
International Business Studies, v. 10, n. 1, p. 67-80, 1979. 
LIPOVETSKY, G.; SERROY, J. A cultura-mundo: resposta a uma sociedade 
desorientada. São Paulo, Cia das Letras, 2011. 
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