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Metabolismo de nucleotídeos Para que servem os nucleotídeos? • São os precursores do DNA e RNA • São carreadores de energia química (ATP e GTP, por exemplo) • São componentes de cofatores (NAD+ e FAD, por exemplo) • Formam segundos mensageiros celulares (AMPc e GMPc) Estrutura geral de um nucleotídeo • Um nucleotídeo é composto por... o 1 base nitrogenada o 1 grupo fosfato o 1 pentose • Importante lembrar que um nucleotídeo sem fosfato é um nucleosídeo Bases nitrogenadas • Bases púricas: adenina e guanina (2 anéis aromáticos) • Bases pirimídicas: citosina e timina (DNA) e uracila (RNA); presença de 1 anel aromático Biossíntese dos nucleotídeos (anabolismo) • Ocorre biossíntese de nucleotídeos derivados de purina e biossíntese de nucleotídeos derivados de pirimidina • Há duas classes de reações que podem acontecer (vias de novo e vias de recuperação/salvação) • As duas vias produzem ribonucleotídeos, os quais formam desoxirribonucleotídos (sintetizados a partir dos ribonucleotídeos correspondentes) • Sobre as vias de novo o Ocorrem a partir de precursores simples o Para montar o anel pirimídico, partimos de bicarbonato e ATP (processo anabólico) o Em uma 1ª etapa, o ATP fornece energia para a fosforilação do bicarbonato, que formará ácido carbâmico o Em uma 2ª etapa, o ácido carbâmico é fosforilado e se torna carbamoil-fosfato, o primeiro intermediário, importante para doar nitrogênio e carbono para formar o anel pirimídico o O aminoácido glutamina é importante pois doa NH3 pro carbamoil-fosfato o A enzima carbamoil-fosfato-sintetase possui 3 subunidades (estrutura quaternária) ▪ Participa da síntese de carbamoil-fosfato ▪ Possui um sítio que hidrolisa a glutamina, um que fosforila o bicarbonato e outro que fosforila o ácido carbâmico o Em uma 3ª etapa, o carbamoil-fosfato recebe 3 átomos de carbono e 1 de nitrogênio do aspartato, formando um intermediário chamado di-hidro-orotato o Uma enzima que usa NAD+ como coenzima faz uma reação de oxidação-redução e forma orotato o O orotato é fusionado com a ribose-5-fosfato oriunda da via das pentoses-fosfato o Uma enzima chamada PRPP-sintetase transfere 2 fosfatos de alta energia do ATP para a ribose, que fica ativada (chamamos de PRPP) o A quebra da ligação acima libera PPi, que impulsiona a reação de condensação do orotato com a pentose, formando orotidilato, o qual sofre descarboxilação e forma uridilato (UMP) o Monofosfatos de nucleotídeos são convertidos (por intermédio de algumas enzimas) em di e trifosfatos em reações sucessivas, como por exemplo... ▪ UMP + ATP => UDP + ADP => UTP o O UTP serve de molde para a síntese de outros trifosfatos de nucleotídeos, como a formação, por exemplo, de CTP, a qual ocorre quando a glutamina doa seu grupo amino, convertendo UTP em CTP ▪ Assim termina a síntese de uma pirimidina o Para sintetizar os nucleotídeos derivados de purina, na 1ª etapa ocorre a síntese de IMP (inosina-5-monofosfato) no citosol, através de 10 reações enzimáticas, utilizando como precursor a ribose-5-fosfato o Glutamina, glicina e aspartato doam carbono e nitrogênio o O CO2 também é um importante doador de carbono, e o tetraidrofolato (THF) regula algumas enzimas dessa via de biossíntese e é um transportador de carbonos C1 o Alguns aminoácidos (serina, glicina, triptofano e histidina) doam carbonos C1 para o THF o Diferente das pirimídicas, as bases purínicas são montadas já ligadas ao anel de ribose o Partimos da ativação da ribose-5-fosfato, que se torna PRPP, servindo de arcabouço para a montagem das bases púricas o PRPP sofre modificação e se torna IMP, precursora para a síntese de GMP e AMP o 9 reações sucessivas acontecem para que 1 átomo de oxigênio (C=O carbonílico) seja ativado por fosforilação, seguido de um deslocamento do grupo fosforila pelo NH3+ ou grupo amino que atua como nucleófilo (em suma, 9 reações para formar IMP) o O intermediário 5-fosforribosil-1-amina formado é importante para que se siga a síntese de IMP o A partir do inosinato (IMP) forma-se adenilato e guanilato através de 2 reações, uma que usa GTP como coenzima, enzima adenilosuccinato-sintetase e doação de amino pelo aspartato, e outra que a glutamina doa amino, usa ATP como coenzima e usa a enzima XMP- glutamina-amidotransferase (antes dessa última, o IMP sofre oxidação e se torna xantilato, havendo a redução de NAD+ em NADH; posteriormente, o xantilato sofre a reação descrita anteriormente) o Sobre os processos regulatórios... ▪ A inibição da síntese de PRPP não gera ribose ativada, não formando o intermediário 5-fosforribosilamina e, consequentemente, IMP (ADP inibe esse processo) ▪ A inibição da síntese de precursores de bases púricas pode acontecer quando a glutamina-PRPP-amidotransferase é inibida e não gera 5-fosforribosilamina (AMP, GMP e IMP são inibidores) ▪ Na síntese de AMP, o AMP é inibidor e leva à necessidade de GTP ▪ Na síntese de GMP, o GMP é inibidor e leva à necessidade de ATP • Sobre as vias de recuperação/salvação o Bases pré-formadas são recuperadas e reconectadas a uma unidade de ribose o Para recuperar as pirimidinas (usando a base timina como exemplo), a enzima timidina- fosforilase fosforila a timina, formando o nucleosídeo timidina o Timidina + ATP => TMP + ADP (presença da enzima timidina-quinase, que possui ação fosforilante) o O vírus da herpes possui uma timidina-quinase viral, que difere um pouco da humana; o antiviral ACICLOVIR, quando se liga ao sítio ativo da timidina-quinase viral, torna-se um inibidor, impedindo que essa enzima sintetize TMP e, consequentemente, duplique seu material genético (isso promove um controle da infecção viral) o Para recuperar as purinas, as bases purinas livres (derivadas da renovação de nucleotídeos ou da alimentação) podem se ligar à PRPP, formando monofosfatos de nucleosídeos purínicos o Duas enzimas de recuperação com especificidades diferentes recuperam as bases purinas o A adenina-fosforribosil-transferase catalisa a formação de adenilato (AMP) ▪ Adenina + PRPP => Adenilato + PPi o A hipoxantina-guanina-fosforribosil-transferase (HGPRT) catalisa a formação de guanilato (GMP), bem como de IMP, um precursor de guanilato e adenilato ▪ Guanina + PRPP => Guanilato + PPi ▪ Hipoxantina + PRPP => IMP + PPi Redução dos ribonucleotídeos para desoxirribonucleotídeos • Os ribonucleotídeos (NDP) são reduzidos para formarem desoxirribonucleotídeos (dNDP) através da enzima ribonucleotídeo-redutase, a qual possui resíduos de cisteína em seu sítio ativo, importantes para se ligarem ao OH do carbono 2 do NDP, havendo perda da hidroxila e formando água e dNDP, o qual possuirá apenas um átomo de hidrogênio em seu carbono 2 • A enzima ribonucleotídeo-redutase é oxidada e a pentose é reduzida; para que a enzima fique novamente reduzida, é preciso haver, principalmente, NADPH, que doa elétrons para a manutenção da forma reduzida da ribonucleotídeo-redutase • No caso do dUMP, para que ele se torne TTP, é preciso a ação da enzima timidilato-sintase, que forma timidilato (TMP), importante para a síntese dos nucleotídeos de timina que serão incorporados ao DNA o Para isso, utilizamos tetraidrofolato, o qual é reduzido e serve como cofator para a enzima que reduz dUMP em TMP o O tetraidrofolato é regenerado através da redução do di-hidrolato, por ação da enzima di- hidrofolato-redutase, a qual usa como coenzima o NADPH, que é oxidado em NADP+ o A di-hidrolato-redutase é alvo para fármacos anti-cancerígenos, uma vez que, inibindo essa enzima, paramos de regenerar tetraidrofolato e, consequentemente, bloqueamos a produção de TMP, o qual é necessário para a síntese de DNA (a célula tumoral não conseguirá se dividir) o Aminopterina e metrotexato são inibidores competitivos da di-hidrolato-redutase, impedindo a regeneração do tetraidrofolato e gerando as consequências faladas acimao Análogos de dUMP ( o fármaco fluorouracila é um exemplo, pois é convertido em um inibidor suicida) inibem a timidilato-sintase, não havendo a conversão de dUMP em TMP Erros no metabolismo dos nucleotídeos • A doença da gota está relacionada ao metabolismo das purinas, causando produção excessiva de ácido úrico • Na síndrome de Lesch-Nyhan, há alteração da enzima HGPRT, que ficará mais ausente (haverá déficit na reciclagem de hipoxantina e guanina), levando ao aumento dos níveis de PRPP e a uma superprodução de purinas pela via de novo, resultando na produção de altos níveis de ácido úrico, que causará lesão tecidual; o cérebro é especialmente dependente das vias de salvação, e isso pode ser a causa da lesão do sistema nervoso em crianças que possuem essa síndrome • A deficiência de ADA (enzima adenosina-deaminase, relacionada com a degradação de nucleotídeos derivados de purina) causa uma deficiência no sistema imune, pois os linfócitos T e B não se desenvolvem adequadamente; a falta de ADA aumenta em 100x a [dATP], um poderoso inibidor da ribonucleotídeo-redutase, portanto, altos níveis de dATP produzem uma deficiência geral de outros dNTP nos linfócitos T; pessoas com essa síndrome não possuem um sistema imune efetivo e não sobrevivem, ao menos que isolados no ambiente de uma “bolha” estéril
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