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DIREITO CIVIL - RESPONSABILIDADE CIVIL

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Matheus Dantas dos Santos Barcelos
DIREITO CIVIL IV – RESPONSABILIDADE CIVIL
UNIDADE I – TEORIA GERAL DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
· Normas: são disposições/determinações exigíveis de como cada indivíduo deve se comportar diante de determinadas situações; constituem a criação social, baseada na moral daquela regionalidade, que determina as condutas ditas certas e erradas. 
As normas são importantes porque, como determinam comportamentos, estabelecem-se padrões de comportamento ao se existir relação entre os indivíduos. Assim sendo, com as normas há determinada previsibilidade nas ações das pessoas com as quais se estabelece relações, tendo-se então segurança e ordem social.
Existem normas de cunho moral, religioso, jurídico, social, entre outras.
· Normas Jurídicas: são as normas sociais, entendidas como essenciais para a sociedade, expressadas na forma de lei, havendo, portanto, imposição desta sobre toda a sociedade, cabendo inclusive a utilização de força como sanção para que se tenha atendida a norma jurídica.
A norma jurídica é imposta para a sociedade por um ente revestido de poder para fazê-lo, no caso, o ente responsável pela codificação das normas é o Estado.
· Dever Jurídico: 
· Comportamento: consiste em uma atitude/ação esperada.
· Responsabilidade: é o chamamento do agente de um desvio social (desequilíbrio social ou normativo) – violação de uma norma jurídica – a restaurar o equilíbrio social que se tinha no momento anterior ao desvio, o qual se visava perpetuar na sociedade com a criação da norma jurídica, ou seja, restaurar o status quo ante da coisa que sobre a qual se teve o ato ilícito (ato contrário a norma).
· Sanção: consistem em um mecanismo para que se busque assegurar que as normas sejam respeitadas e efetivadas na sociedade, uma vez que desvios sociais são recorrentes nas sociedades.
Sanções podem ser POSITIVAS (desvios sociais que não se contrapõem às normas jurídicas) ou NEGATIVAS (desvios sociais que desrespeitam as normas jurídicas, sendo estes os crimes). Destaca-se que as Sanções Negativas são institucionalizadas pelo Estado, sendo somente este o responsável pela sua aplicação, para que sejam evitadas excessos da sociedade (ex.: linchamento).
	Quando se trata do âmbito da responsabilidade jurídica do indivíduo, esta pode ser civil ou criminal, sendo a primeira imposta por meio de indenização (caráter patrimonial), já a segunda é imposta por meio do cumprimento da pena estabelecida em lei (PPL, PRD ou Multa). Como observa Carlos Alberto Bittar: “a reparação (DIREITO CIVIL) representa meio indireto de devolver-se o equilíbrio às relações privadas, obrigando-se o responsável a agir, ou a dispor de seu patrimônio para a satisfação dos direitos do prejudicado. Já a pena (DIREITO PENAL) corresponde à submissão pessoal e física do agente, para restauração da normalidade social violada com o delito”.	Comment by Matheus Dantas: Em direito civil a responsabilidade é ainda definida em seu sentido clássico, como “obrigação de reparar danos que infringimos por nossa culpa e, em certos casos determinados pela lei; e em direito penal, pela obrigação de suportar o castigo. É responsável todo aquele que está submetido a essa obrigação de reparar ou sofrer a pena.
· Conceito de Responsabilidade Civil (“respondere” / “spondeo”): a responsabilidade civil se baseia na responsabilidade do agente da violação da norma, havendo como meio de garantia (“spondeo”) da restauração do status quo ante a sujeição patrimonial do agente, buscando-se quantos bens forem suficientes para se ter restaurada a situação/coisa.
· Coercibilidade
· Sujeição Patrimonial do Ofensor (art. 942)
· Impossibilidade da Prisão por Dívida, salvo no caso do devedor de alimentos (art. 5º, LXVII, da CF/88)
	MEU RESUMO:
Segundo Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona (“Novo Curso de Direito Civil - Responsabilidade Civil” – Pag. 53 do PDF), tecendo explicações sobre responsabilidade em um sentido amplo: 
A palavra “responsabilidade” tem sua origem no verbo latino respondere, significando a obrigação que alguém tem de assumir com as consequências jurídicas de sua atividade, contendo, ainda, a raiz latina de spondeo, fórmula através da qual se vinculava, no Direito Romano, o devedor nos contratos verbais.
A acepção que se faz de responsabilidade, portanto, está ligada ao surgimento de uma obrigação derivada, ou seja, um dever jurídico sucessivo, em função da ocorrência de um fato jurídico lato sensu.
(...)
Responsabilidade, para o Direito, nada mais é, portanto, que uma obrigação derivada — um dever jurídico sucessivo — de assumir as consequências jurídicas de um fato, consequências essas que podem variar (reparação dos danos e/ou punição pessoal do agente lesionante) de acordo com os interesses lesados.
Importante dizer que o conceito genérico de responsabilidade jurídica pode ser aplicado, respeitadas as particularidades, a todos os ramos do direito, seja civil, penal, administrativa, tributária, etc.
Acerca do conceito de Responsabilidade Civil, os autores acima concluem que: “a responsabilidade civil decorre da agressão a um interesse eminentemente particular, sujeitando, assim, o infrator, ao pagamento de uma compensação pecuniária à vítima, caso não possa repor in natura o estado anterior das coisas” (“Novo Curso de Direito Civil - Responsabilidade Civil” – Pag. 59 do PDF).
· Conceito de Responsabilidade: responsabilidade é o “chamar” um ofensor de uma norma jurídica a reequilibrar a situação (status quo ante).
· Conceito de Responsabilidade Civil (haftung): a responsabilidade civil constitui em “chamar” o ofensor a restituir/reequilibrar a situação quo ante do direito violado. A obrigação gerada para o ofensor é de recompor a situação daquele que teve seu direito ofendido. 
Inicialmente, a REPARAÇÃO/restituição do direito deve ocorrer in natura, ou seja, restauração do próprio direito violado (ex.: se alguém bateu no carro de outrem, aquele que bateu deve consertar o carro), contudo, quando não for possível fazê-lo deste modo, cabe ao ofensor estimar o valor do direito e então indenizar a vítima (ex.: se alguém amputar um membro de outrem, deve-se estimar valor para COMPENSAÇÃO PECUNIÁRIA).
· Dever Jurídico Sucessivo ou Secundário: a responsabilidade civil surge em momento secundário, haja vista que esta surge em decorrência de um dano/violação de direito de outrem. 
A norma jurídica (dever jurídico primário) estabelece as condutas que são exigidas da sociedade, gerando assim, um dever jurídico de não violar direitos, assim sendo, um direito é violado, surge um dever jurídico sucessivo/secundário de reparar o dano causado.
· Direito de Exigir: a vítima/ofendido/credor tem o direito de exigir daquele que violou seu direito que faça a devida reparação.
OBS.: a prescrição extingue o direito de exigir, ou a pretenção. Assim, uma dívida prescrita continua sendo devida, contudo, não pode ser exigido seu adimplemento.
· Coercibilidade: o “direito de exigir” promove consigo a coercibilidade do ofensor, contudo, a vítima não pode exercer a coerção por força própria, devendo tal função ser exercida pelo Estado, através de processo judicial. O Estado irá impor a força necessária para que o ofensor faça a reparação do direito violado.
· Sujeição Patrimonial do Devedor/Ofensor (art. 942, CC): na responsabilidade civil, o sujeito/ofensor não se sujeita pessoalmente. Somente há sujeição patrimonial, havendo, portanto, a busca de tantos bens quantos forem necessários para a reparação do direito, salvo as hipóteses protegidas por lei (ex.: bem de família, salário, etc.).
· Responsabilidade e Obrigação
· Obrigação Dever Jurídico Originário ou Primário:
a) Sentido Amplo Relação Jurídica
b) Sentido Estrito Débito (shuld): é o dever do devedor de realizar, em favor do credor, um determinado comportamento esperado (cumprir a prestação de fazer, não fazer ou dar).
c) Adimplemento/Pagamento: significa que o devedor cumpriu a prestação a que se obrigou com o credor. Se houver o adimplemento tempestivo da prestação, sequer terá surgidoa responsabilidade.
d) Inadimplemento Responsabilidade: caso o devedor não cumpra a prestação a que se obrigou no momento correto, surge a RESPONSABILIDADE, surgindo, PARA O CREDOR as características desta (direito de exigir, coercitivamente, a sujeição patrimonial do devedor, em decorrência da violação de seu direito).
· Teoria Binária ou Dualista (Alois Ritter)
a) Obrigação sem Responsabilidade (ex.: dívida prescrita – a dívida existe e permanece sendo devida, contudo, não pode ser exigido o pagamento) (ex.: dízimo de igreja – não há possibilidade de que o dízimo seja cobrado obrigatoriamente das pessoas).
b) Responsabilidade sem Obrigação (ex.: fiador – o fiador se obriga a cumprir a prestação do locatário caso este não realize o pagamento dos aluguéis; o fiador não se obrigou no contrato principal de locação, mas pode ser responsabilizado por ter ofertado seus bens como garantia do contrato).
· Teoria Monista ou Unitária: essa teoria defende que não é possível verificar a responsabilidade e a obrigação em momentos separados, devendo sempre ser observadas em conjunto. 
· Funções da Responsabilidade Civil (Pluralidade de Funções)	Comment by Matheus Dantas: O direito civil se serve de diversas tonalidades e técnicas, sendo sintomática uma interseção entre esses diferentes papéis da responsabilidade civil – cabendo até mesmo uma conjugação funcional -, sem, contudo, se suprimirem de cada qual a sua autonomia dogmática e a aptidão para atuar nos diversos firmamentos da matéria.	Comment by MATHEUS DANTAS DOS SANTOS BARCELOS: As funções da Reponsabilidade Civil são cumulativas, somando-se apenas, não havendo hierarquia de uma sobre outra, nem tampouco uma impedindo a aplicação da outra.
· Reparação: é a principal função da responsabilidade civil. Consiste em conduzir a vítima ao retorno ao status quo ante, ou seja, restaurar o direito violado, e quando não seja possível a restauração, estimar valor para efetivar indenização para ressarcir pela violação do direito. Consiste na clássica função de transferência dos danos do patrimônio do lesante ao lesado como forma de reequilíbrio patrimonial.	Comment by Matheus Dantas: “Laicização da Responsabilidade Civil”: a responsabilidade civil, analisada de acordo com sua função reparadora, assumiu conotação de neutralidade e objetividade, pois ausente qualquer censura ao comportamento do agente, sendo a tutela civil finalizada ao escopo prático de garantir uma distribuição do peso do dano sob a base de critérios social e economicamente justificáveis, visando assim, somente a garantia do status quo daquele que sofra dano por conduta de outrem.
O função reparatória da responsabilidade civil possui 3 formas de tutela, sendo elas:
· Restitutória: voltam-se a reconstituir as condições em que se encontrava o titular do interesse antes da violação, como exigência de uma repristinação ao status quo ante. Por objetivar a restauração de uma situação atingida por uma lesão, apresenta uma vocação de satisfação in natura.
· Ressarcitória: objetiva compensar o lesado pelo prejuízo econômico sofrido. Esta tutela poderá possuir caráter subsidiário em relação à restitutória, onde esta não seja viável, ou mesmo se colocar em relação de complementaridade, quando a restauração da situação originária não elimine por completo o desequilíbrio econômico sofrido pela vítima.	Comment by MATHEUS DANTAS DOS SANTOS BARCELOS: Críticas a Tutela Ressarcitória: “Compensação Intersubjetiva” o ressarcimento do dano causado a alguém opera uma parcial compensação deste, haja vista que não são consideradas a série de eventos desencadeada pelo comportamento ilícito que podem ser irreversíveis. “Déficit de Efetividade em Caráter Macro” o ressarcimento sujeita o patrimônio do lesionante, para que seja realizada a compensação do lesado, possuindo, portanto, caráter de reparação somente no ponto de vista individual da pessoa que foi vítima do dano. Contudo, o ressarcimento não busca restaurar o status quo ante, no ponto de vista macro, da sociedade, haja vista que o montante utilizado para a reparação apenas se verifica entre as pessoas do lesionante e do lesionado, não envolvendo a reparação da situação jurídico-econômica da sociedade.	Comment by MATHEUS DANTAS DOS SANTOS BARCELOS: O dano ressarcível é identificado na diferença entre a situação patrimonial do lesado no momento seguinte ao ilícito e a situação patrimonial que se verificaria na falta do ilícito.
· Satisfativa: a tutela civil pode não se voltar à restauração de uma dada estrutura de interesses - seja peta via restitutória ou ressarcitória -, mas sobremaneira à satisfação in natura de uma posição subjetiva que restou não atuada, ou defeituosamente atuada (uma prestação negocial). Neste caso a tutela é satisfativa, uma resposta solidarista ao modelo liberal-individualista da incoercibilidade das obrigações de fazer.
· Prevenção: consiste na previsão de que o ofensor terá seu patrimônio perseguido caso cause dano a outrem, servindo de mecanismo para que os indivíduos não causem danos.
· Punição (sanção civil): consiste na reprovação da conduta praticada, visando que o ofensor não venha a praticar repetidamente aquela conduta, ou seja, sanção consistente na aplicação de uma pena civil ao ofensor como forma de desestímulo de comportamentos reprováveis.
· Prescrição da Pretensão da Reparação Civil
· Art. 205, §3º, V, do CC
· Art. 27 do CDC
Importante ler o CC causas de interrupção e suspensão da prescrição e da decadência.
UNIDADE II – RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA (ARTS. 186/927, CAPUT)
· Considerações Gerais
Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo (art. 927, caput).
A palavra “subjetiva” remete a ideia de compreensão, assim sendo, quando falamos de responsabilidade subjetiva, temos que o indivíduo que pratica um ato ilícito possui compreensão sobre a sua conduta, devendo então reparar o dano que vier a causar.
· Conduta (análise do art. 186)
· Voluntariedade: o agente deve possuir a vontade de praticar a ação (ação ou omissão), tendo assim, compreensão acerca de sua conduta.
· Ação: ação é a prática de uma determinada conduta contrária ao direito (ex.: dirigir alcoolizado; proferir ofensa; revelar sigilo profissional).
· Omissão: omissão é a abstenção da prática de uma conduta que a lei obriga a praticar (ex.: deixar de prestar socorro; o provedor de internet que venha a ter ciência de conteúdo que denigra imagem de outra, mas não promove a retirada deste conteúdo).
· Culpa
· Lato Sensu 
1. Dolo
· Direto: agente quer praticar a conduta.
· Eventual: agente tem noção de que a sua conduta pode causar dano a outrem, porém não se importa com a produção dos resultados lesionante de direitos. Tem-se o dolo eventual no caso em que a situação (previsível e evitável) está ocorrendo no campo fático (ex.: pessoa é assaltada em frente a ponto de ônibus lotado, e ao ver o ladrão correr em direção ao ponto de ônibus, saca sua arma e efetua disparos em direção ao ponto, tendo ciência de que pode errar o ladrão e alvejar as pessoas que encontram-se no ponto).
2. Culpa Stricto Sensu (negligência, imprudência, imperícia)
Tem-se que a culpa stricto sensu é observada em uma situação hipotética, ou seja, a conduta do agente deve ser baseada em uma violação de direito previsível e evitável, mas que não esteja ocorrendo no mesmo momento em que o indivíduo pratica a ação (ex.: indivíduo que ingere bebida alcoólica e em seguida dirige veículo automotor – nesse caso o agente pratica a ação sabendo da previsibilidade de lesão a direito alheio, bem como que pode evita-la, contudo a lesão está ocorrendo somente no campo hipotético).
· Negligência consiste na falta de zelo que se exigia em determinada situação, sendo, portanto, uma omissão.
· Imprudência consiste em uma ação que viola as normas jurídicas.
· Imperícia consiste em uma negligência ou imprudência de pessoa que possui formação técnica para determinada ação, mas ao realizar a conduta, a faz de maneira errada.
	No direito civil, a expressão “culpa” compreendetanto os sentidos de dolo quanto os sentidos de culpa em sentido estrito. Assim sendo, o sentido estrito compreende somente as condutas mediante negligência, imprudência e imperícia.
· Essência previsibilidade e evitabilidade
A essência da culpa em sentido amplo é a previsibilidade e a evitabilidade em relação a conduta. Assim sendo deve-se ter que a conduta do agente seja previsível a ofensa a direito alheio, havendo necessidade de que tenham meios para evitar a ocorrência do resultado danoso.
Se presentes os requisitos da essência da culpa, o agente é responsabilizado pelo fato.
Contudo, caso ausentes qualquer um destes elementos, estaremos diante de caso fortuito (imprevisível) ou caso de força maior (inevitável).
· Intensidade da Culpa (art. 944, parágrafo único)
A indenização se mede pela extensão do dano causado, haja vista que a reparação civil é pautada na manutenção do equilíbrio das relações na sociedade.
· Exceção à regra do art. 944 – Parágrafo único
Quando houver uma disparidade/desproporcionalidade muito grande entre o dano causado e a culpa do agente, o juiz pode reduzir a indenização, equitativamente, até um parâmetro que julgar necessário.
a) Culpa Grave/Dolo: são os comportamentos dotados de alta reprovabilidade social. Nesse caso, o agente deve reparar completamente o dano causado, portanto, não se aplica a exceção à regra.
b) Culpa Leve: são situações em que todos entendem o erro do indivíduo e reconhecem a necessidade de responsabilização, mas não há reprovabilidade/repúdio da conduta.Aplica-se a exceção do art. 944, parágrafo único.
c) Culpa Levíssima: são situações as quais todas as pessoas estão sujeitas no dia-a-dia.
· Culpa Concorrente (art. 945)
É quando a vítima de alguma forma cooperou para o dano que sofreu. Nesse caso, o juiz reduz a indenização a ser paga, não sendo aplicada de modo integral.
· Culpa Recíproca: ocorre quando ambas as partes concorrem para causar o dano, sendo que ambos sofreram os danos das condutas. Neste caso, aplica-se a indenização de modo reduzido, tendo como base a diferença entre os danos sofridos pelas partes.
· Compensação de Culpa: ocorre quando as partes concorrem para causar o dano, sendo que ambos sofreram danos nas mesmas proporções. Nesse caso, as culpas se compensam, não havendo indenização para nenhuma das partes.
· Culpa Presumida
· Presunção: decorre de uma conclusão dedutiva em decorrência da análise de determinados fatos que permitem que se presuma como ocorreram os fatos, assim sendo, a presunção de culpa é uma dedução de que uma das partes é culpada devido ao fato de que corriqueiramente aquela parte é a culpada. Exemplo: em acidentes de transito em que ocorre colisão traseira, presume-se culpado aquele que colidiu com a parte traseira do veículo do outro motorista.
· Efeito: nas situações em que há presunção de culpa, cabe ao culpado presumido provar em Juízo que não foi o culpado na situação concreta, ou seja, cabe a este desconstituir a presunção.
· Obrigação Contratual
1. Obrigação de Meio: o indivíduo se compromete a aplicar as diligências necessárias para chegar ao resultado que se propôs, mas não há necessidade de que se obtenha o resultado, haja vista a incidência de fatores que fogem ao controle do obrigado. Neste caso, há necessidade de que se prove a culpa para que haja responsabilização.
2. Obrigação de Resultado: o indivíduo conhece os meios e os riscos da situação, obrigando-se a alcançar determinado resultado. Neste caso, se não foi alcançado o resultado pretendido, cabe a responsabilização daquele que se obrigou pois há presunção de culpa, haja vista que este tinha conhecimento dos riscos e dos meios necessários para aquele resultado ao qual se obrigou.
UNIDADE III – RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA (ART. 927, PARÁGRAFO ÚNICO)
· Considerações Gerais
“Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.” – art. 927, parágrafo único.
A palavra “objetiva” remete a ideia de disposição, ou seja, lei. Assim sendo, a responsabilização advém de uma determinação legal. Em outras palavras, pode-se dizer que na responsabilização objetiva do agente não importa a culpa deste para o fato, mas sim a simples realização do fato previsto na legislação, da forma como está estabelecido. 
A título de exemplo, pode-se citar o art. 938 do CC que determina que “aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido”, assim sendo, se a situação ocorrer de fato, não importa para a vítima o agente imediato do dano, podendo responsabilizar civilmente todos os habitantes/moradores do edifício, ou seja, a responsabilidade recai sobre o condomínio.
Apenas é possível afastar a responsabilidade objetiva caso consiga-se demonstrar (1) culpa exclusiva da vítima, (2) culpa exclusiva de terceiro ou (3) ocorrência de caso fortuito ou de força maior.
· Abuso de Direito (art. 187) – “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”
· Definição: o abuso de direito é chamado de “ilícito funcional”, pois descumpre a funcionalidade do direito previsto na lei.
O conteúdo da conduta é lícito, mas o resultado o torna ilícito por exceder os limites legais.
· Prescinde da Constatação da Culpa (Enunciado 37 do CJF): 
· Fim Econômico: o fim econômico de um direito se baseia na promoção da política econômica (ex.: relação trabalhista, relação de consumo, etc.).
· Fim Social: fim social é a finalidade de promoção do bem-estar coletivo, ou seja, a perpetuação da paz social.
· Boa-fé: consiste no dever de comportamento honesto para com o outro.
· Bons Costumes: os costumes estão ligados à cultura e valores de determinada região, podendo ser diversos entre áreas diversas. 
· Risco da Atividade Normalmente Desenvolvida (art. 927, parágrafo único) – “Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”
· Atividade: atividade é todo comportamento voltado para uma finalidade.
· Normalmente Desenvolvida: significa que a atividade é feita com habitualidade, ou seja, realizada de forma contínua e corriqueira.
· Risco: o risco apresentado pela atividade normalmente desenvolvida deve ser além da normalidade, estando fora do padrão de risco comum da sociedade.
· Teorias
A. Risco Proveito: essa teoria defende que só é possível a responsabilização do agente da atividade se este auferir vantagem com a prática desta. 
B. Risco Profissional: essa teoria defende que o empregador se responsabiliza pelos danos sofridos pelo empregado no exercício de atividades de sua função.
C. Risco Integral: essa teoria entende que aquele que desenvolve atividade deve ser responsabilizado por qualquer evento que esteja relacionado a atividade desenvolvida, inclusive casos de caso fortuito e força maior.
D. Risco Criado (TEORIA APLICADA NO BRASIL): essa teoria entende que não importa se o agente aufere vantagem ou não, importando apenas se o agente, ao realizar a atividade, desenvolve/cria o risco inerente a esta prática.
· Risco Agravado: seriam situações que não estão no conjunto da atividade, sendo então fatos externos a atividade, porém, diante do conhecimento prático e costumes, esses fatores externos tornam-se circunstancias previsíveis a incidir na atividade desenvolvida, devendo o desenvolvedor da atividade ser responsabilizado objetivamente caso ocorram danos decorrentes destes fatores externos em relação a atividade desenvolvida (ex.: o roubo ocorrido dentro de instituição bancária gera a responsabilidade de reparação por parte do banco). 
UNIDADE II E III – TÓPICOS COMUNS
· Nexo de Causalidade:
· Definição: a palavra“nexo” indica elo, ou seja, ligação. A ligação de que se trata o nexo de causalidade é a relação entre a conduta de alguém e o dano causado a outrem, sendo uma relação de causa e efeito. Assim sendo, o dano da vítima tem que decorrer do evento que se atribui a autoria, e, portanto, a responsabilidade, ao agente.
· “Conditio sine qua non”: o nexo de causalidade é condição para que se tenha responsabilidade civil, não sendo possível a responsabilização sem a existência do nexo de causalidade.
· Teorias:
A. Teoria de Equivalência de Condições: essa teoria é adotada no direito penal (art. 13 do CP), mas não se aplica ao CC. Ela entende que vários comportamentos interligados que formaram uma cadeia de eventos geram o dano, havendo equivalência das condições das ações que promoveram o dano. 
B. Teoria da Causalidade Adequada: essa teoria entende que a causa mais preponderante a ter causado a existência da possibilidade do dano deve ser responsabilizado.Enunciado 47 do CJF: ambas as teorias podem ser aplicadas no Brasil, a depender do caso concreto, sem que haja incompatibilidade entre elas.
C. Teoria da Causalidade Direta e Imediata (art. 403 do CC): essa teoria entende que a responsabilidade recai sobre aquele que diretamente causa o dano, ou seja, aquele que praticou a conduta danosa.
· Causalidade Concorrente (art. 945): é possível a aplicação da causalidade/culpa concorrente tanto na responsabilidade subjetiva como na objetiva, nesta última, sendo aplicada em face do agente uma reparação em valor reduzido, por considerar a responsabilidade que decorre da ação da vítima para a ocorrência daquele determinado fato.
· Causalidade Ordinária ou Conjunta (art. 942) Responsabilidade Solidária: ocorre quando o dano possui mais de um agente, a lei impõe a solidariedade na obrigação de reparar. Assim sendo, a vítima pode demandar todos os causadores do dano, só alguns ou somente um, cobrando a reparação completa em qualquer dos casos. Ao se tratar dos agentes, cabe àqueles que foram cobrados pela vítima o direito de ação de regresso para cobrar a cota parte dos demais agentes como reembolso.
· Causalidade Alternativa ou Disjuntiva Responsabilidade Coletiva ou Anônima: ocorre quando um grupo determinado de pessoas, praticando ações que potencialmente podem causar dano a alguém, o que de fato vem a acontecer, contundo não é possível identificar o agente. Neste caso, a vítima pode requerer a reparação do dano de qualquer um dos participantes do grupo que praticava a ação, cabendo ao demandado a completa indenização da vítima. Ao se tratar dos agentes, cabe àqueles que foram cobrados pela vítima o direito de ação de regresso para cobrar a cota parte dos demais agentes como reembolso.
Entretanto, caso ocorra a identificação do real agente do dano (agente direto do dano), a vítima somente poderá requerer a reparação desde.
· Prova do Nexo Causal: cabe a vítima mostrar uma adequação que leve ao dano, ou seja, compete a vítima demonstrar minimamente o nexo causal.
· Causa Virtual: em regra, a causa virtual não é admitida, somente sendo relevante se prevista em lei (ex.: art. 399 e 1.218 do CC). A causa virtual consiste em alegar que um fato produziria o dano se outro fato não o tivesse produzido, afastando a necessidade de reparação.
· Excludentes da Responsabilidade Civil
· Excludentes do Nexo Causal: são situações em que não se verifica causa e efeito, não sendo possível atribuir a causa do dano da vítima a um fato/conduta atribuída ao agente.
· Caso Fortuito ou de Força Maior: são fatos imprevisíveis ou inevitáveis, sendo, portanto, irresistíveis, não sendo possível evitar a ocorrência do evento danoso. 
É possível que o caso fortuito ou de força maior sejam assumidos, não afastando o nexo de causalidade, seja pela obrigação contratual entre as partes, ou pelo inadimplemento da prestação pelo devedor (o devedor inadimplente assume os riscos da coisa se perder). 
Classificação em matéria de RESPONSABILIDADE OBJETIVA:
1. Fortuito Interno: caso fortuito (evento imprevisível ou inevitável) relacionado a pessoa ou coisa ligada à atividade normalmente desenvolvida pela pessoa.
2. Fortuito Externo: caso fortuito relacionado (evento imprevisível ou inevitável) a situação externa à atividade desenvolvida.
· Fato de Terceiro: fato de terceiro é uma espécie de caso fortuito ou de força maior. Neste caso, a vítima aponta um responsável pelos danos que sofreu, mas o real agente é pessoa diversa daquela indicada, cabendo a este alegar que o dano decorreu de “fato de terceiro” e que este deva ser responsabilizado pelos danos causados. O fato de terceiro deve indicar especificamente o terceiro a quem se pretende imputar a autoria dos danos causados.
Ex.: em uma situação de trânsito, o motorista do carro A para em um “sinal fechado”, e o motorista do carro B para atrás de A guardando distância de segurança. Conduto, o motorista do caminhão C, distraído, vem a bater na traseira do carro de B, que vem a colidir com A. Neste caso, se A ajuizar ação contra B, este deve:
a. Se o motorista C foi devidamente identificado, B deve alegar fato de terceiro, para que C seja responsabilizado.
b. Se o motorista C não foi identificado, B deve alegar caso fortuito ou de força maior.
· Fato Exclusivo da Vítima (Culpa Exclusiva da Vítima): consiste em situação em que o dano tenha decorrido exclusivamente do comportamento da própria vítima. 
· Excludentes da Ilicitude: são situações em que o indivíduo efetivamente causa dano a alguém, mas este dano não é indenizável pois o indivíduo agiu revestido de situação que a lei estabelece em que não há ato ilícito.
· Estado de Necessidade
1. Definição (art. 24 do CP): “Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.”
Para o estado de necessidade, o agente deve agir pautado na proporcionalidade e razoabilidade entre o direito que se protege e dano causado, não sendo permitido pela lei a prática de excessos.
Estado de necessidade defensivo para o direito civil, somente pode agir em estado de necessidade aquele que não foi o causador do perigo, agindo, portanto, de modo defensivo para evitar o dano.
2. Excludente de Ilicitude (art. 188, II e Parágrafo Único, do CC):
3. Estado de Necessidade Agressivo (arts. 929 e 930 do CC): ocorre quando a pessoa age em estado de necessidade, vindo a causar dano a terceiro que não foi o causador do perigo. Neste caso, o Código Civil estabelece que o causador do dano deva reparar os danos causados ao terceiro que não causou o perigo ao direito, sendo esta uma forma de responsabilidade objetiva, bastando ao terceiro demonstrar a situação que gerou o dano. 
Ainda, a lei prevê que o causador do dano, que foi obrigado a reparar o terceiro, pode ajuizar ação de regresso em face daquele que causou o perigo para que este venha a ressarcir a indenização que foi paga ao terceiro.
· Legítima Defesa 
1. Definição (art. 25 do CP): “Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.”
Assim como no estado de necessidade, a pessoa que age em legítima defesa deve utilizar dos meios necessários para repelir a injusta agressão, jamais havendo excessos, pois estes serão punidos.
2. Excludentes de Ilicitude (art. 188, I, do CC):
3. Legitima Defesa Putativa: no direito civil não existe a figura da legitima defesa putativa, assim sendo, caso alguém venha a agredir alguém, crendo estar em situação de legítima defesa, mas que de fato não ocorre, este deve ser responsabilizado pelos danos causados.
4. “Aberratio Ictus” (art. 930, Parágrafo Único, do CC): o indivíduo, ao agir em legítima defesa, causa dano a terceiro que não causou a injusta agressão. Neste caso, aquele que causou o dano deve reparar os danos do terceiro, tendo ainda direito de regresso contra o agressor.· Exercício Regular de um Direito (art. 188, I, do CC)
O Direito Civil estabelece que, em determinadas situações, as pessoas possam causar determinados danos a outrem como forma de exercício de um direito (ex.: taxista que retém as bagagens do passageiro até que receba o pagamento). Contudo, aquele que exerce o direito não pode se exceder e abusar do direito para causar dano, podendo configurar abuso de direito.
· Estrito Cumprimento do Dever Legal (art. 23, III, do CP)
O CC entende que o estrito cumprimento do dever legal é uma forma de exercício regular de direito, sendo este, em decorrência de ofício. Neste, a lei prevê que não há responsabilização daquele que causa dano durante o cumprimento de seu dever legal.
Também neste caso não se podem ocorrer abusos e excessos, sendo estes responsabilizados e havendo necessidade de reparação. Da mesma forma, caso a ordem ou a lei seja ilegal ou possa comprometer a vida ou a segurança da pessoa, o agente não deverá cumprir aquilo que lhe foi ordenado.
· Dano
· Definição: é uma lesão/prejuízo a um direito de outrem que encontra-se tutelado (ex.: direito ao patrimônio, direito à liberdade, direito a saúde, etc.). O dano se caracteriza com a lesão a um bem jurídico.
Violado o direito de alguém, o agente será chamado para reparar aquilo que foi prejudicado, sendo então estipulado que este devolva o direito violado ou definido valor de indenização que deve ser adimplindo pelo ofensor ao ofendido. 
· Princípio da Reparação Integral (art. 944): A indenização se mede pela extensão do dano causado. 
Há hipótese de exceção (parágrafo único do art. 944) em casos em que o agente atue com culpa leve ou levíssima, pode o juiz fixar a indenização em proporcionalidade.
Obs.: não se compensa verbas previdenciárias com a indenização, pois quem contribuiu para o valor previdenciário auferido foi a própria vítima, não se confundindo tal verba com a indenização devida pelos danos suportados pela conduta de outrem. Já o seguro do ofensor é uma verba que tem condão de compensar o valor da indenização necessária.	Comment by MATHEUS DANTAS DOS SANTOS BARCELOS: Situação Exemplo:Indenização fixada no valor de R$ 100.000,00. O seguro da vítima paga a ela o montante de R$ 30.000,00.
Neste caso, cabe ao ofensor reparar a vítima no importe restante, ou seja, R$ 70.000,00.
Contudo, a seguradora da vítima se sub-roga no direito da vítima, podendo ajuizar ação de regresso contra o ofensor para cobrar os R$ 30.000,00 pagos à vítima. 
· Sujeição Patrimonial do Ofensor (art. 942): respondem pelo dano causado todos os bens penhoráveis daquele que causou o dano, assim sendo, não cabe no Direito Civil a prisão do ofensor, havendo somente a sujeição patrimonial deste para garantia da indenização, na extensão do dano a que deu causa.
· Dano Patrimonial ou Extrapatrimonial: 
· Dano patrimonial: são agressões a certos bens e direitos da vítima que são economicamente apreciáveis, sendo, portanto, uma diminuição injusta no conjunto patrimonial da vítima (ex.: em uma batida de carro, é possível avaliar o valor econômico em que foi violado do bem da vítima, ou seja, é possível a valoração do dano causado ao veículo, sendo este o montante da indenização, podendo-se valorar ainda a depreciação do valor venal do bem, sendo este também indenizado). Este tipo de dano também é chamado de DANO MATERIAL.
· Dano extrapatrimonial: são agressões aos direitos da personalidade, ou aos direitos fundamentais, ou as direitos humanos (ex.: vida, saúde, integridade física, honra, etc.). Assim sendo, diz-se que são violações a direitos inerentes a própria condição de ser humano, causando na vítima constrangimento, humilhação e sensação de inferioridade. Este tipo de dano também é chamado de DANO MORAL.
· Dano Material
· Dano Emergente: é aquele dano que decorre diretamente e imediatamente do dano causado (ex.: em batida de carro, decorre imediatamente desse evento a necessidade de reparar o dano causado ao veículo, bem como a reparação do valor venal).
· Lucros Cessantes (art. 402): é aquele que atinge o patrimônio da vítima em uma projeção futura do dano causado (ex.: em caso de batida de carro em que a vítima é taxista, irá existir a necessidade de reparar o equivalente ao valor que a vítima deixou de ganhar no período em que o veículo estava concertando). Este tipo de dano é calculado baseado naquilo em que entende-se ser o patrimônio que seria razoavelmente auferido pela vítima, sendo então feita a ponderação com base nessa razoabilidade.
· Dano Moral: são agressões aos direitos da personalidade, ou aos direitos fundamentais, ou as direitos humanos (ex.: vida, saúde, integridade física, honra, etc.). Assim sendo, diz-se que são violações a direitos inerentes a própria condição de ser humano, causando na vítima constrangimento, humilhação e sensação de inferioridade. Este tipo de dano também é chamado de DANO EXTRAPATRIMÔNIAL.
A valoração do dano moral se dá a critério do Juiz que analisa a demanda, contudo, tem-se alguns critérios que são utilizados para se atrair certa objetividade a esta valoração, sendo estes os seguintes:
a. Gravidade do dano quantidade de reprovação social do fato danoso;
b. Extensão do dano quantidade de impacto do dano na vida da vítima;
c. Condição das partes a reparação visa equilibrar a situação que se encontra desequilibrada (servindo como sanção do ofensor e reparação da vítima, simultaneamente), não visando o enriquecimento sem causa da vítima ou o empobrecimento desproporcional do ofensor;
d. Causalidade concorrente, se existir.
· Dano Estético: é uma alteração física ou deformidade, temporária ou permanente, que traz como consequência vergonha, humilhação e constrangimento (ex.: cicatrizes decorrentes do dano; perda de membros; etc.). 
Alguns doutrinadores entendem que dano estético é um tipo de dano moral, devendo ser tratado juntamente com este em uma ação. Contudo, o STF entende que estes danos não se confundem, devendo ser tratados de modo separado e sendo atribuído valor para cada um.
· Teoria da Perda de uma Chance: consiste em uma categoria de dano amplamente difundida no Brasil. Essa teoria prevê a responsabilização do ofensor quando se está diante de uma situação em que há a possibilidade real e séria de a vítima obter uma vantagem, mas que não vem a ser atingida devido a alteração do curso normal daquela situação (ex.: responsabilização em decorrência de pergunta sem resposta correta no Show do Milhão).
· Teoria do Desvio do Tempo Produtivo: consiste em uma ideia de dano ainda em construção, havendo divergência doutrinaria entre a classificação deste em dano material ou moral, devendo então ser tratado como uma espécie própria de dano. Essa teoria estabelece que quando alguém coloca outrem em situação em que este gaste tempo desnecessário para realizar determinada função, configura-se um dano em decorrência da limitação do tempo útil desta pessoa, de maneira desproporcional e não razoável, impedindo que esta seja produtiva ou realize outras ações/funções, sendo então, este dano, indenizável. 	Comment by Matheus Dantas: Alguns doutrinadores denominam essa teoria de Teoria do Desvio Produtivo do Consumidor ou Teoria do Tempo Útil.
Alguns exemplos desse tipo de dano: demora em filas de bancos; ligações para empresas em que demora-se muito tempo para resolver problemas, necessitando que a pessoa permaneça no telefone.
· Dano Reflexo ou Ricochete: é uma exceção. Verifica-se esse dano nos artigos 12 e 948 do CC. 
Nesse caso, a vítima sofre um dano, mas os efeitos do dano sofrido apresentam-se estendidos a outras pessoas, havendo lesão ao direito destes terceiros. Exemplo: se o agente causar a morte de um provedor de família (a vítima que sofre o dano é o provedor da família, mas a morte deste causa dano também a todos os seus dependentes).
· Cumulação de Danos (Súmulas 37 e 387 do STJ): em uma mesma ação, se o indivíduo sofreu vários danos mediante o mesmo fato, é possível cumular todas as espécies de danos nesta quantos forem os danos sofridos.
RESPONSABILIDADECIVIL E PENAL
· Ato Ilícito: é um comportamento contrário àquele que é determinado pela norma jurídica, ou seja, é uma conduta de contrária a um dever imposto por lei.
Os atos ilícitos possuem efeitos/danos em diversas áreas do direito, devendo então ser feita a analise do caso concreto para que se possa verificar a possibilidade de responsabilização do agente nas esferas do direito (civil, penal, administrativo, etc.). Assim sendo, um ato ilícito pode gerar responsabilização somente em um campo do direito, como também em vários ramos, simultaneamente.
· Interdependência (art. 935): a responsabilidade civil é independente da responsabilidade penal, assim sendo, o fato de o agente ter reparado o dano ou cumprido a sanção penal, não impede a responsabilização penal aplicável ou a reparação civil, respectivamente. Contudo, quando a apuração dos fatos estiver ocorrendo na esfera criminal, o juízo cível deve aguardar o término dessa apuração para que sejam evitadas sentenças contraditórias.
· Existência do Fato e da Autoria: a autoria e os fatos são circunstências que necessitam estar claras ao juízo para os julgamentos, assim sendo, caso exista dúvida com relação estes, a lei estabelece que o juízo cível deve aguardar a apuração destas circunstâncias até que não existam mais dúvidas sobre a autoria ou sobre os fatos de um determinado ato ilícito, para que somente então, possa ser proferida a sentença. Deste modo, aquilo que for superado e constatado na esfera penal, vincula o juízo cível, não havendo discussão sobre os fatos nesta esfera. 
Contudo, caso o processo penal seja encerrado, ainda restando dúvida quanto aos fatos ou autoria do ato ilícito, cabe a discussão destes na esfera cível, devendo então o processo passar por todo o trâmite da instrução processual (produção de provas). 
· Efeitos da Condenação Penal (art. 91 do CP): um dos efeitos da condenação penal é tornar a reparação cível certa.
· Fixação de Valor Mínimo pelo Juiz Penal (art. 387, IV, do CPP): o juiz, na sentença penal, pode fixar um valor mínimo para a vítima na esfera cível.
A sentença penal transitada em julgado é tratada como título executivo judicial, sendo então tal execução realizada na esfera cível.
· Sentença Penal Transitada em Julgado (art. 515, VI, do CPC): a sentença penal transitada em julgado constitui título executivo judicial, iniciando-se o prazo prescricional da execução desta na esfera cível no momento do trânsito em julgado da sentença penal.
· Liquidação (art. do 509 CPC): caso o juiz penal não fixe o valor mínimo da indenização, a vítima deve ajuizar ação cível para que seja realizada a liquidação de sentença para que seja procedida a execução.
Caso o juiz penal fixe o valor mínimo da reparação cível e a vítima não concorde com tal valor, esta deve ajuizar liquidação de sentença para que seja estabelecido por juiz cível o valor que deverá ser aplicado naquele caso.
· Prescrição da Pretensão da Reparação Civil (art. 200): a prescrição de execução de dívida cível, de 3 anos, tem marco inicial no trânsito em julgado da ação penal.
TRANSMIÇÃO DO DIREITO DE EXIGIR E DA OBRIGAÇÃO DE PRESTAR INDENIZAÇÃO (ART. 943)
A responsabilidade civil está inserida no campo das obrigações. Quando a responsabilidade civil é atribuída a alguém, surge a obrigação de indenizar (a partir do momento em que foi causado danos a outrem, surge a obrigação de indenizar).
Assim sendo, surgem as figuras do credor e do devedor (relação de crédito-débito), sendo então este débito, exigível judicialmente. Portanto, ainda que uma das partes venha a falecer, no momento do dano, no curso do processo ou dentro do prazo prescricional, o direito de ingressar com ação indenizatória para exigir o adimplemento do débito (reparação) é transferido ao patrimônio do de cujus. Do mesmo modo, o dever de indenizar/reparar do ofensor, também é transferido para seu patrimônio, caso este venha a morrer, sendo então a vítima reparada até os limites dos bens do de cujus.
UNIDADE IV – RESPONSABILIDADE POR FATO DE OUTREM	Comment by Matheus Dantas: Também é chamada de responsabilidade indireta ou responsabilidade por ato/fato de terceiro.
· Considerações Gerais:
Neste caso, atribui-se a um indivíduo a obrigação de reparar um dano por um fato ocasionado por outra pessoa, em decorrência da lei (responsabilidade objetiva).
· Responsáveis (art. 932):
O art. 932 estabelece 5 hipóteses em que é possível a responsabilização por fato de terceiro, sendo estas:
1. Os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
2. O tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
3. O empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
4. Os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
5. Os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
· Responsabilidade Objetiva (art. 933):
A responsabilização das pessoas elencadas no art. 932 responderão pelos danos causados pelos terceiros especificados em cada inciso deste artigo, ainda que não haja culpa de sua parte. Assim sendo, verifica-se que estes casos são hipóteses de responsabilidade objetiva.
Contudo, importante destacar que para a responsabilização objetiva é necessário que exista a efetiva produção do dano por parte do indivíduo especificado pelo art. 932.
Vítima
$
Responsável Objetivo (art. 932 c/c 933)
Dano
Agente causador do dano
· Responsabilidade Solidária como Regra (art. 942, parágrafo único):
A vítima pode acionar tanto o agente causador do dano diretamente, como também pode acionar o responsável objetivamente pelo agente (art. 932), como também pode acionar ambos simultaneamente. 
· Responsabilidade do Incapaz (art. 928): esta hipótese consiste em exceção à regra da responsabilidade solidária, haja vista que é possível a responsabilização do incapaz, sendo, portanto, os incapazes considerados imputáveis no direito civil.
· Subsidiária: a responsabilidade do incapaz é subsidiária à responsabilidade de seu responsável (pais, tutor ou curador), apenas sendo permitida a responsabilização do incapaz quando o patrimônio do responsável não for suficiente para reparar completamente os danos causados.
Há necessidade de obediência a regra de prioridade para a busca dos bens, devendo ser acionado primeiramente os responsáveis, e somente após o incapaz.
· Mitigada Indenização Equitativa: é necessário que seja conservado um mínimo do patrimônio do incapaz para que este possa manter-se. Assim sendo, devido à mitigação da responsabilidade do incapaz, pode a vítima vir a ser reparada somente em parte da indenização devida por não ser permitida a utilização da totalidade do patrimônio do incapaz para que seja adimplida a reparação.
Obs.: a responsabilidade do incapaz pode ser direta e integral quando este tiver cometido o dano por meio de ato infracional, conforme Estatuto da Criança e do Adolescente. Da mesma forma, a responsabilidade também pode ser direta quando o indivíduo induz a si mesmo a uma situação de incapacidade (ex.: embriagues preordenada; utilização de drogas; etc.).
· Responsabilidade dos Pais (art. 932, I):	Comment by Matheus Dantas: Para a responsabilização dos pais há necessidade de que sejam exercidas a autoridade e companhia cumulativamente.Assim sendo, caso prejudicado algumas dessas situações de relacionamento dos pais para com os filhos, não há que se responsabilizar o responsável pelos danos causados pelos filhos menores.
· Autoridade Poder Familiar 
A “autoridade” a que se refere o artigo 932, I, deve ser entendida como o exercício do poder familiar (art. 1.634), devendo ser visto no sentido de criação e manutenção da vida dos filhos.
O poder familiar é perdido com a emancipação ou maioridade do filho, ou pela morte de um dos pais, ou por destituição do poder familiarpor sentença transitada em julgado, ou em razão da adoção.
O poder familiar compete a ambos os pais.
Guarda a guarda está ligada à presença física dos pais sobre os filhos, devendo ser entendida sobre o aspecto de transporte/interação físico da pessoa do filho. 
· Companhia Convivência
Consiste no ato de conviver, trocar experiencias, ou seja, participação na vida do filho.
Uma hipótese em que um dos pais impeça a convivência do outro com o filho são as situações de alienação parental. Assim sendo, nestes casos, o pai/mãe alienado não será responsabilizado pelos danos que o filho venha a causar.
· Solidariedade dos Pais (enunciado 450 do CJF)
Os pais são solidariamente responsáveis pelos danos que o filho venha a causar, independente de sua situação conjugal.
Assim sendo, caso somente um dos pais seja cobrado integralmente pelos danos causados pelos filhos, cabe a este direito de regresso para cobrar do outro a cota parte que lhe competia em decorrência da responsabilidade sobre o filho.
· Emancipação: a pessoa emancipada, ainda que seja menor, é plenamente capaz por não estar sujeito a autoridade e companhia dos pais, portanto, estes deixam de ser responsáveis pelos danos que o filho venha a causar.
a. Legal: consiste nas hipóteses em que a emancipação decorre da lei. Nesses casos, os pais deixam de ser responsabilizados, em regra, pelos danos causados pelos filhos.
b. Voluntária: consiste na emancipação em que há declaração voluntária dos pais de que o filho é emancipado. Neste caso, a jurisprudência entende que os pais permanecem responsáveis pelos danos causados pelo filho, haja vista que essa modalidade de emancipação decorre de um ato de vontade, não podendo, portanto, tal vontade sobrepor a responsabilidade legal do art. 932, I, permanecendo, dessa forma, os pais responsáveis pelos danos causados pelos filhos.
· Direito de Regresso
a. Incapaz Impossibilidade	Comment by Matheus Dantas: A incapacidade, bem como as demais circunstâncias que envolveram a produção do dano à vítima, deve ser analisada no momento em que foi causado o dano.
O art. 934 estabelece que não é possível o direito de regresso contra descendente incapaz. Assim sendo, não é possível que o pai ajuíze ação de regresso contra seu filho incapaz que possui patrimônio e que foi o causador do dano.
b. Menor Emancipado Solidariedade
· Responsabilidade do Tutor e Curador (art. 932, II):
Tutela e curatela são institutos que estão ligados a ideia de assistência de menor incapaz civil. 
Tutor é aquele que irá representar ou assistir o menor incapaz que não esteja sob o exercício do poder familiar (absolutamente incapaz).
O tutor ou curador responde independentemente de culpa para o dano.
O curador é aquele que irá assistir ou representar o maior de idade que se encontre incapaz de exercer certos atos da vida civil (relativamente incapaz).
Obs.: O tutor/curador somente pode ser responsabilizado nos limites dos poderes de assistência que a tutela ou curatela impõe.
· Direito de Regresso: não cabe direito de regresso contra o descendente relativamente ou absolutamente incapaz. Contudo, cabe direito de regresso contra o ascendente ou demais hipóteses.
· Responsabilidade do Empregador ou Comitente (art. 932, III):	Comment by MATHEUS DANTAS DOS SANTOS BARCELOS: Empregador e empregado se referem a pessoas em relação de empregado, regido pelas leis trabalhistas, sendo o empregador aquele que contrata os serviços que são prestados pelo empregado. Não há distinção entre relações entre pessoas físicas ou jurídicas, ocorrendo a responsabilização em qualquer das hipóteses.	Comment by MATHEUS DANTAS DOS SANTOS BARCELOS: Comitente é aquele que dá um comando a outrem, ou seja, aquele que atribui uma ordem.São pessoas que recebem as ordens do comitente: Empregados; Serviçais (empregados domésticos, mordomos, motoristas, etc.); Prepostos.Obs.: a responsabilidade do empregado, serviçal ou preposto é subjetiva, sendo necessária a demonstração da culpa deste para o dano.
· Pessoa no Exercício da Atividade: o empregador ou o comitente podem ser responsabilizados pelos danos causados pelos empregados no efetivo desempenho do trabalho, ou seja, é necessário que o empregado esteja exercendo suas funções.
· Dano Causado em Razão do Trabalho: hipótese em que o empregado causa dano a outrem por motivos que decorrem do trabalho que exerce, mas não é causado durante o exercício das funções (ex.: empregado que possui acesso a dados pessoas de clientes e os utiliza para causar danos em momento diverso do seu expediente).
· Responsabilidade Objetiva: não há necessidade de avaliação de culpa do empregador, cabendo a responsabilização deste desde que fique demonstrado o dano causado pelo empregado.
· Teoria da Aparência: essa teoria traz a responsabilidade do empregador quando, na visão da vítima, aparentemente, o empregado tenha causado o dano durante o exercício das funções ou em razão do trabalho, ainda que não esteja. Assim sendo, se as circunstâncias indicam, para a vítima, que o agente causador esteja no desempenho de trabalho, ainda que este não estivesse, poderá ser responsabilizado o empregador.
· Responsabilidade Solidária: a vítima pode escolher processar o causador direto do dano, o empregador (responsável pelo causador), ou ambos em conjunto.
· Direito de Regresso (art. 934): em regra, é cabível o direito de regresso, desde que comprovada a culpa do empregado para o dano causado. Contudo há exceção, não cabendo o direito de regresso nas hipóteses em que a responsabilidade do empregado seja objetiva (ex.: estado de necessidade agressivo – arts. 929 e 930), cabendo nesse caso, o regresso do empregador contra o causador do perigo, mas não contra o empregado.	Comment by MATHEUS DANTAS DOS SANTOS BARCELOS: Ex.: motorista de empresa que trafega em rua quando, repentinamente uma criança pula na frente do caro. Assim sendo, o motorista desvia da criança vindo a bater em carro de terceiro.Neste caso, o causador do perigo foi a criança, agindo o motorista em estado de necessidade agressivo por causar dano a terceiro inocente.Nesse exemplo, a responsabilidade do empregado é objetiva, não cabendo o direito de regresso da empresa contra o motorista. Contudo, cabe o direito do empregador em face dos pais da criança que gerou o perigo.
· Desconto no Salário (art. 462, §1º, da CLT): é possível o desconto no salário do empregado caso fique comprovado que a conduta do empregado foi dolosa, ou, se a conduta foi culposa, mediante a prévia autorização do empregado.
· Responsabilidade dos Donos de Hotéis, Hospedarias ou Instituições de Ensino que Hospedam por Dinheiro (art. 392, IV): o agente causador do dano deve ser o hospede/aluno/interno, havendo a responsabilização dos donos dos estabelecimentos.	Comment by MATHEUS DANTAS DOS SANTOS BARCELOS: A ideia original do Código Civil para instituições de ensino que hospedem pessoas trata-se de escolas-internatos, nas quais os pais perdiam o poder de vigilância sobre os filhos, sendo esta transferida para a escola.Contudo, atualmente este instituto ganhou interpretação extensiva, aplicando-se a escolas em geral, uma vez que permanece o dever de vigilância das escolas sobre os alunos.
· Atividade Remunerada: a instituição deve cobrar os serviços prestados.
· Dever de Vigilância: 
· Direito de Regresso (art. 934): ao se tratar de agentes causadores maiores e capazes é possível o direito de regresso. Contudo, nos casos em que o dano seja causado por menor incapaz, não consenso na doutrina acerca da possibilidade de regresso.
· Responsabilidade dos que Tiverem Proveito no Produto do Crime (art. 932, V): aquele que recebeu gratuitamente o produto de um crime é responsável ao equivalente do proveito que obteve. 
Na prática, aplicam-se os artigos 884 e 1228 do CC, tornando o inciso V do art. 932 pouco usual.
UNIDADE V – RESPONSABILIDADE PELO FATO DA COISA
· Considerações Iniciais:
O dano, nesse caso, deve ter sido provocado por uma coisa. Assim sendo, conclui-se que nessa responsabilidade, alguém sobre dano porcoisa, sem que tenha necessariamente a atuação direta de outro indivíduo que seja o guardião desta coisa.
· Teoria da Guarda:
Guarda é o poder físico, ou a direção intelectual, ou controle. Assim sendo, responsabiliza-se o guardião da coisa pelos danos por ela causados, não sendo este, necessariamente, o proprietário da coisa.
Obs.: o judiciário não entende pela aplicação da teoria da guarda nos casos de danos causados por veículo automotor, imputando a responsabilidade tanto ao guardião da coisa como ao proprietário do veículo.
· Responsabilidade por Danos Provocados por Animais (art. 936):
O dono ou detentor do animal responde pelos danos que o animal provocar (responsabilidade objetiva), exceto se comprovado culpa exclusiva da vítima ou caso fortuito ou de força maior.
A responsabilidade recai sobre aquele que é o guardião do animal no momento em que foi provocado o dano.
· Responsabilidade do Dono da Obra ou da Construção (art. 937):
Responsabilidade do dono da obra ou construção, concluída ou não, que foi a ruína por falta de conservação, vindo a causar dano a outrem.	Comment by MATHEUS DANTAS DOS SANTOS BARCELOS: A redação do art. 937 indica uma responsabilidade subjetiva, devendo-se comprovar a falta de conservação. Contudo, a jurisprudência e a doutrina são no sentido de que a responsabilidade é objetiva, bastando a ocorrência do fato para que seja presumida a culpa pela falta de conservação do dono sobre a obra.
Essa responsabilidade indica o dano causado por coisa ligada/incorporada à estrutura da obra/construção.
· Responsabilidade por Coisas Lançadas ou Caídas de Prédio (art. 938):
Neste caso, responsabiliza-se todos os moradores de um prédio (responsabilização solidária) pelas coisas lançadas ou caídas que venham a causar danos. 	Comment by MATHEUS DANTAS DOS SANTOS BARCELOS: A legislação não incumbiu à vítima a responsabilidade de provar a pessoa específica que deixou cair ou lançou a coisa do prédio, possibilitando a responsabilização de todos os moradores do edifício/casa, pelos danos causados.Caso seja identificado o responsável imediato pelo dano caberá a responsabilização exclusiva deste.
Prédio deve ser entendido como edificação, ou seja, qualquer construção (ex.: edifício, casa, etc.).
UNIDADE VI – RESPONSABILIDADE NAS RELAÇÕES DE CONSUMO
· Considerações Iniciais:
As relações de consumo são tratadas no Código de Defesa do Consumidor – Lei 8078/90.
No CC/02, o art. 931 remete às relações de consumo, trazendo que: “ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação”.
O CDC forma um microssistema em relação ao CC, porém abrange um grande número de relações interpessoais, sendo estas regidas pelo Código Consumerista que traz uma proteção especial à estas relações.
· Conceitos: 
· Consumidor (art. 2º do CDC): Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final (adquire para uso próprio, sem caráter profissional ou repasse comercial).
Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Obs.: Teoria Minimalista X Teoria Maximalista 
a. Teoria Minimalista: é a teoria mais aceita na doutrina e na jurisprudência. Essa teoria entende que o consumidor é somente aquele que adquire o produto ou serviço sendo destinatário final e para uso próprio. Caso exista finalidade de emprego do produto ou serviço com fim comercial ou profissional, o indivíduo não poderá ser enquadrado como consumidor, não havendo a proteção do CDC para a relação de consumo em torno deste produto ou serviço.
b. Teoria Maximalista: esta teoria entende que consumidor é o destinatário final do produto ou serviço em qualquer situação (não há distinção entre a utilização pessoal ou comercial/profissional do produto ou serviço).
· Fornecedor (art. 3º do CDC): Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços (para os serviços há necessidade de que haja objetivo econômico). Para os fornecedores, há necessidade de configuração de habitualidade do fornecimento de produtos e serviços.
· Produto (art. 3º, §1º, do CDC): Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
· Serviço (art. 3º, §2º, do CDC): Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista (as relações trabalhistas são regidas pela CLT).
Obs.: caso o dano decorra de relação com ente público (ex.: hospital público, escola pública, etc.) a reclamação do consumidor deverá ser pautada na Constituição Federal. 
Contudo, pode-se aplicar o CDC ao Estado quando este estiver cobrando remuneração financeira.
· Vulnerabilidade do Consumidor:
O CDC estabelece a vulnerabilidade do consumidor como princípio basilar das relações de consumo, sendo a vulnerabilidade do consumidor, uma presunção absoluta das relações de consumo, não cabendo prova em sentido contrário.
Reconhecer a vulnerabilidade significa entender que o consumidor é uma parte enfraquecida nas relações de consumo, pois este não possui conhecimento técnico relacionado à produção/fabricação dos produtos e formas de fornecimento dos serviços (somente o fornecedor detém o monopólio técnico da fabricação dos produtos), bem como reconhece também a desvantagem econômica dos consumidores em face dos fornecedores.
O CDC estabelece diversas hipóteses em que há proteção decorrente da vulnerabilidade do consumidor, como exemplo, cláusulas contratuais abusivas (cláusulas que coloquem o consumidor em situação de desvantagem na relação) são consideradas nulas (ex.: estacionamento que diz não se responsabilizar por danos causados aos veículos).
· Inversão do Ônus da Prova:
Dentre os direitos que o CDC estabelece para o consumidor está a facilitação da defesa, permitindo a inversão do ônus da prova quando as alegações apresentarem verossimilhança (“aparência de verdade”, ou seja, situações em que as alegações pareçam verdadeiras) ou for o consumidor hipossuficiente (pode ser técnica ou financeira, estando no campo processual – há necessidade de prova). 
Em regra, aquele que alega algo deve prova-lo (art. 373, I, do CPC). Contudo, nas relações de consumo, a inversão do ônus da prova faz com que incumba ao réu o dever de demonstrar que são falsas as alegações do consumidor.
· Responsabilidade pelo Fato do Produto e Serviço (arts. 12 a 17 do CDC):
· Fato do Produto:
· Acidente de Consumo: Acontecimento relacionado à utilização de um produto, que gerou dano ao consumidor, tendo como origem um defeito inerente ao produto. Tem-se neste caso a ocorrência de um acidente de consumo, ainda que o dano seja exclusivamente moral.
· Responsabilidade Objetiva: a responsabilidade no caso de defeitos nos produtos e serviços é de natureza objetiva, não dependendo de culpa, ou seja, bastando que o defeito inerente ao produto tenha causado dano ao consumidor.
· Origem do Defeito:	Comment by MATHEUS DANTAS DOS SANTOS BARCELOS: O defeito que trouxe dano ao consumidor deve estar relacionado a uma das 3 fases pelas quais um produto passa até chegar ao consumidor.
a. Concepção: consiste no projeto, isto é, planejamento do produto. Assim sendo, o defeito na concepção indica um vício que esteja inerente ao produto desde a fase mais inicial de sua produção (ex.: ingredientes colocados nos produtos – se um produto indica ser diet, a sua fórmula deve conter ingredientes que atendam a esta finalidade).
b. Produção: consiste na fase de execução do projeto/planejamento do produto. Assim sendo, tem-se que a concepção do produto está completamente correta, vindo a existiro defeito no momento da execução deste, ou seja, no instante em que é feita a sua produção.
c. Comercialização: falta de comunicação/informação adequada sobre os modos de utilização correta do produto; falha no armazenamento.
· Princípio da Segurança (art. 12, §§1º e 2º, do CDC): o produto é considerado defeituoso se não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, assim sendo, permite-se a comercialização de produtos naturalmente perigosos (ex.: faca; serra elétrica), porém estes devem estar devidamente adequados ao mercado garantindo a segurança que se deles se espera (ex.: espera-se que a faca seja feita de modo que seu cabo não se quebre para que aquele que a utiliza não venha a se cortar; espera-se que a serra elétrica não solte peças enquanto funciona). 
Contudo, o produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade (ou que utilize melhor técnica/tecnologia ao tempo em passou a existir) ter sido colocado no mercado.
· Perigo Intrínseco (Inerente): em relação aos produtos que são naturalmente perigosos (ex.: cigarros), cabe ao fornecedor a devida informação aos consumidores. Contudo, a sua comercialização, ainda que sejam perigosos, não é proibida.
· Responsável Fornecedor:
a. Real: é o fabricante, o produtor, o construtor, o montador. Ou seja, é aquele que cria/desenvolve o produto.
b. Presumido: é o importador, ou seja, aquele que traz para o mercado brasileiro produtos que tenham sido produzidos no exterior.
c. Aparente (comerciante) Responsabilidade Subsidiária: responde o comerciante quando não se tenha a identificação dos fornecedores real ou presumido, ou no caso do comerciante não ter conservado adequadamente os produtos perecíveis.
· Campo de Defesa (art. 12, §3º, do CDC): o fornecedor somente pode arguir situações de excludentes do nexo causal, haja vista que se trata de responsabilidade objetiva. Assim sendo, o fornecedor somente não será responsabilizado se provar que não colocou o produto no mercado, ou que o defeito inexiste (apesar de o produto ter sido colocado no mercado), ou caso prove culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
Cabe ainda o caso fortuito como excludente geral do nexo causal, contudo, há necessidade que seja Fortuito Externo.
· Fato do Serviço 
· Fato do Serviço (art. 14 do CDC):
a. Regra Geral: o fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
O campo de defesa do fornecedor do serviço se aplica da mesma forma que no fato do produto.
b. Profissionais Liberais (art. 14, §4º, do CDC): esta é uma exceção à responsabilidade objetiva constante no CDC. Nos casos dos profissionais liberais (são aqueles que trabalham com liberdade para tomada de decisões), deverá ser avaliada sua culpa.
· Consumidor por Equiparação (art. 17 do CDC): equiparam-se a consumidores todos aqueles que foram vítimas do evento danoso, podendo valer-se dos meios e benefícios existentes no CDC para demandar o fornecedor.
· Prescrição (art. 27 do CDC): prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
· Responsabilidade pelo Vício do Produto e Serviço (art. 18 a 25 do CDC):	Comment by MATHEUS DANTAS DOS SANTOS BARCELOS: Art. 12 a 17 do CDC Fato Defeito (Vício) ocorre na CONCEPÇÃO, PRODUÇÃO ou COMERCIALIZAÇÃO (nas fases de fabricação do produto), resultando em um dano a alguémArt. 18 a 25 do CDC Vício neste caso basta a existência do vício/defeito no produto, não necessitando de dano a alguém, mas tão somente o prejuízo patrimonial decorrente da impossibilidade de utilização ou da reduzida funcionalidade do produto
· Vício de Adequação: consiste no vício que torna o produto impróprio para o uso para o qual se espera que ele atenda, sendo, portanto, inadequado ao consumo.
· Vício do Produto: consiste em inadequação do produto decorrente de falha durante as fases de produção do produto.
· Responsabilidade Solidária dos Fornecedores (art. 18 do CDC): a responsabilidade pelo vício do produto ou serviço é solidária, podendo o consumidor/vítima demandar qualquer um dos fornecedores, contra alguns ou contra todos, seja fabricante, importador ou comerciante. 
· Vício de Qualidade: é o vício que torna o produto inútil ou reduz sua utilidade (ex.: tela de celular que não funciona; freio de carro falhando; etc.).
· Prazo para o Fornecedor Sanar o Vício: após apresentado o vício do produto a um dos fornecedores, este possui um prazo legal para sanar o vício, ou seja, consertar o produto. Em regra, o prazo para que o fornecedor sane os vícios é de 30 dias, podendo este prazo ser alterado por convenção das partes desde que respeitados os prazos de no mínimo 7 dias e no máximo 180 dias.
Caso acabe o prazo sem que o vício seja sanado ou caso o fornecedor alegue que o vício foi resolvido, mas não foi sanado. Neste caso, o consumidor pode requerer a devolução da quantia paga pelo produto, ou a troca do produto por outro idêntico, ou ainda, requerer o abatimento proporcional do preço.
· Vício de Quantidade: consiste em uma diferença da quantidade declarada no rótulo do produto com aquela que de fato foi entregue. Neste caso, o consumidor pode requerer a devolução da quantia paga, ou a troca do produto por outro que não possua o vício, ou a complementação da quantidade faltante.
· Vício do Serviço: requerer a devolução da quantia paga, ou reexecução do serviço, ou o abatimento proporcional do preço. Havendo necessidade, o CDC permite que o serviço seja reexecutado por terceiro sob as custas daquele que ocasionou o vício.
· Decadência (art. 26 do CDC):
· Produto:
a) Duráveis: são os produtos que ao se fazer o uso mantém as suas funções, podendo haver desgastes naturais e a redução de sua funcionalidade com o passar do tempo, porém não há a destruição do produto ou a perda da utilidade (ex.: casa, carro, celular etc.).
Neste caso, o prazo é de 90 dias.
b) Não Durável: são os produtos que ao serem utilizados destroem-se, perdendo sua funcionalidade e tornando-se inútil ao consumo.
Neste caso, o prazo é de 30 dias.
· Vício:
a) Oculto: consiste no vício de difícil percepção pelo consumidor, vindo este a tomar conhecimento do defeito somente no momento em que o vício se manifestar.
Neste caso, o prazo decadencial começa a correr a partir do momento da ciência do vício.
b) Aparente: consiste no vício de fácil constatação para o consumidor.
Neste caso, o prazo decadencial começa a correr a partir da tradição do produto, ou seja, a partir da entrega do produto ao consumidor.
UNIDADE VII – RESPONSABILIDADE POR DEMANDA DE DÍVIDA E PAGAMENTO INDEVIDO
· Considerações Gerais: em regra, quando as partes não convencionam o vencimento, entende-se que a obrigação vence imediatamente, podendo ser cobrada desde logo. Contudo, caso as partes venham a convencionar o vencimento, estas devem respeitar o vencimento estabelecido para que possam exigir a prestação, contudo, a lei permite a antecipação deste em determinadas hipóteses.
· Demanda de Dívida antes do Vencimento – Art. 939: 
“DEMANDAR” significa ajuizar ação. Assim sendo, somente pode-se falar desta hipótese na existência de relação jurídica processual.
O credor está ajuizando, de má-fé, ação contra o devedor antes do vencimento da prestação, com intuito de causar prejuízo a este, fora das hipóteses permitidas em lei. Neste caso não há interesse processual do autor, portanto, o processo será extinto.
Nesta hipótese, o CC estabelece situações a que o credor/autor estará sujeito:
a. O credor ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento para que só então possa exigir a prestação.
b. O credor deverá descontar os juros da prestação.
c. O credor será obrigado a pagar as custas processuais daquela demanda em dobro.
· Demandade Dívida já Paga no Todo ou em Parte – Art. 940: 
“DEMANDAR” significa ajuizar ação. Assim sendo, somente pode-se falar desta hipótese na existência de relação jurídica processual.
Neste caso, o credor ajuíza ação contra o devedor por uma dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias já recebidas.
Neste caso, o CC estabelece que:
a. O credor deverá pagar ao devedor o dobro da quantia que cobrou indevidamente.	Comment by MATHEUS DANTAS DOS SANTOS BARCELOS: No caso de cobrança de dívida paga integralmente, não há dúvida quanto ao pagamento em dobro de todo o valor da dívida.Contudo, no caso de dívida parcialmente paga sem ressalva do valor pago – exemplo: D devia 100 reais a C; D já pagou 70 reais a C; C ajuizou ação cobrando 100 reais de D – o melhor entendimento é de que o credor deva pagar ao devedor o dobro da quantia cobrada além daquela já paga haja vista que o objetivo da lei é de coibir a cobrança indevida – no exemplo: C deve pagar a D o dobro de 30 reais, ou seja, deverá pagar 60 reais.
· Cobrança Excessiva: esta hipótese está prevista no art. 940, significando a cobrança efetuada de modo excessivo, ou seja, o credor ajuíza ação contra o devedor cobrando a dívida em quantia superior a que é devida.
Neste caso, o CC estabelece que:
a. O credor deverá pagar ao devedor o equivalente a quantia cobrada (se o credor cobrou 100 reais, deverá pagar 100 reais).
· Exigência de Má-fé – Súmula 159 do STF: a aplicação dos art. 939 e 940 do CC prescinde de que a cobrança seja realizada com má-fé.
A Súmula 159 diz que: “Cobrança excessiva, mas de boa-fé, não dá lugar às sanções do art. 1.531 do Código Civil”.
· Desistência da Ação antes da Citação – Art. 941: o art. 941 diz que quando o autor desistir da ação antes de contestada a lide, salvo ao réu o direito de haver indenização por algum prejuízo que prove ter sofrido. Contudo, o STF entende que ainda que haja contestação no processo, caso o autor venha a desistir da demanda, este também não estará sujeito a sanções se não for demonstrada a má-fé da cobrança.
· Pagamento Indevido – Art. 876: todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir; obrigação que incumbe àquele que recebe dívida condicional antes de cumprida a condição. O CC veda o enriquecimento sem causa, devendo a situação que ocasionou o pagamento ser de boa-fé e um engano justificável.
· Relação de Consumo – Art. 42, parágrafo único, do CDC: quando o pagamento indevido ocorrer em relação de consumo, deverá o credor restituir ao devedor o dobro do valor pago.
UNIDADE VIII – RESPONSABILIDADE POR HOMICÍDIO E LESÃO OU OFENSA À SAÚDE
· Considerações Gerais: a responsabilidade civil e penal são independentes, assim sendo, o cumprimento a sanções penal não impede a indenização cível pelo dano causado.
A interpretação no direito civil é extensiva, ampliando-se além das condutas do agente, importando para a responsabilidade civil as vítimas do evento danoso.
· Responsabilidade Civil por Homicídio – Art. 948: homicídio consiste em matar alguém, seja dolosamente ou culposamente. 
O art. 948 apresenta uma lista de indenizações por homicídio, não excluindo as demais reparações por outros danos causados. 
No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I. No pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;	Comment by MATHEUS DANTAS DOS SANTOS BARCELOS: O CC não define o que seria o Luto da Família. Alguns doutrinadores tentam definir o Luto:	 Segundo Arnaldo Rizado: o luto compreende as cerimônias culturais da família e o período não trabalhado pela família quando profissionais liberais ou autônomos. O prazo para o luto é o do art. 244, II , do CPC (aplicação por analogia), sendo o luto compreendido entre o dia da morte até 7 dias após o falecimento (8 dias no total).A família deve ser entendida como cônjuge ou companheiro, os descendentes, os ascendentes e os irmãos.
II. Na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima.
· Responsabilidade por Morte de um Filho Menor de Família de Baixa Renda: essa é uma construção jurisprudencial do STJ.
São devidas todas as despesas previstas no art. 948 do CC, e ainda é devido o pensionamento em decorrência da morte do filho menor.
O STJ entende que o filho menor de família de baixa renda muito provavelmente viria a se tornar um trabalhador que geraria renda para a família, sendo então devido a pensão pela morte.
O parâmetro para o pensionamento é de que este seja fixado em 2/3 do salário mínimo.
Considerando que a CF/88 permite o trabalho a partir dos 14 anos, o momento de início do pensionamento será:
I. Se o filho for menor de 14 anos no momento da morte: o pensionamento será devido a partir da data em que o filho completaria 14 anos de idade.
II. Se o filho tiver entre 14 e 18 anos: o pensionamento é devido a partir do momento da morte do filho.
Presumindo-se que o menor viesse a ter filhos no futuro, o STJ define que o pensionamento será no importe de 1/3 do salário mínimo a partir da data em que o filho completaria 25 anos.
Encerra-se o pensionamento: 
I. Com a morte dos pais;	Comment by Matheus Dantas: Qualquer dos eventos que ocorrerem encerram o pensionamento, independentemente do que ocorrer primeiro.Assim sendo, encerra-se o pensionamento pelo morte do filho menor com o evento que ocorrer primeiro.
II. Com o fim da duração provável da vida do morto.
· Responsabilidade Civil por Lesão ou Outra Ofensa à Saúde – Art. 949 e 950 do CC
Não há especificação da conduta lesionante, podendo a lesão/ofensa ser física, moral ou psicológica.
Art. 949: O ofensor deverá arcar com todas as despesas relativas ao tratamento do ofendido, bem como os Lucros Cessantes.	Comment by Matheus Dantas: Todas as despesas serão inteiramente pagas até que cessem as lesões do ofendido. Caso trate-se de lesão permanente, todas as despesas, até o fim da vida do ofendido serão arcadas pelo ofensor.
Art. 950: Perda ou Redução da capacidade laborativa. Neste caso, o ofensor deverá indenizar o ofendido com o pensionamento equivalente aos rendimentos deste (se houve perda será pensão integral; se houve redução será pensão no percentual da redução) até a morte do ofendido ou até cessar a lesão. É possível a revisão da pensão de acordo com os fatos (AGRAVAMENTO DA LESÃO).	Comment by Matheus Dantas: Impossibilidade para exercer o ofício que exercia antes de ter sido causada a lesão.	Comment by Matheus Dantas: Há a possibilidade para o labor, porém com mais dificuldade.
O Art. 533 do CPC permite ao Juiz o bloqueio de bens do ofensor, a partir do ajuizamento de ação, para constituição de capital garantidor.
É permitido a compensação/dedução do valor da indenização no importe que tenha sido pago a título de seguro do ofensor para com a vítima.
RESPONSABILIDADE CIVIL NA ÁREA MÉDICA
· Considerações Gerais: as áreas da saúde possuem códigos de ética, que consistem em Resoluções dos Conselhos. Todas as cláusulas contrárias à Lei são nulas, porém aquelas que não sejam contrárias a Lei podem servir de fundamento para decisões judiciais.
· Responsabilidade do Médico: 
· Incidência do CDC: há incidência do CDC ainda que os Códigos de Ética definam de modo contrário, salvo quando a prestação médica for gratuita ou prestada pelo Estado (SUS).
· Erro Médico: a responsabilidade por erro decorre de erro inescusável (imprudência, negligência ou imperícia ou dolo). Caso o erro decorra por falta de técnica da área médica para o caso, não há responsabilidade civil do médico, ou seja, quando tratar-se de erro escusável.
Ocorrerá o erro caso resulte:
I. Resultado AdversoCulpa
II. Mau Resultado
· Prova da culpa do Médico: a regra geral do art. 373, I, do CPC é de que aquele que alega algum dano deve prova-lo em Juízo, contudo, tendo em vista que a relação entre médico e paciente normalmente trata-se de relação de consumo, é possível a aplicação da inversão do ônus da prova do CDC.
· Obrigação de Meio: são relações obrigacionais

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