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“Cirurgia Bariátrica: Pré e pós-operatório" uma visão da nutrição clínica Bruna Verão Nutricionista Clínica Funcional, Gastronoma e Coach Pós graduada em Fitoterapia pela VP Pós graduanda em Nutrição Clínica Funcional pela VP Mestranda em Gastroenterologia pela EPM-UNIFESP Obesidade e Compulsão Alimentar IPq-Ambulim/HCFMUSP Nutricionista do Ambulatório de Gatrointestino do Hospital São Paulo Balão Intragástrico, Banda Gástrica Ajustável e Cirurgias Bariátricas. OBESIDADE • Alterações funcionais, de composição bioquímica, do metabolismo e da estrutura corporal, caracterizadas pela expansão do acúmulo subcutâneo de gordura com aumento do peso corporal e está associada a fatores ambientais e comportamentais e não somente a fatores genéticos (Angelis, 2006); ETIOLOGIA M od el o ca us al d a ob es id ad e. J Pe di at r( Ri o J). 2 00 4; 80 (1 ):0 7- 16 AMBIENTE OBESOGÊNICO NAVES, A. Nutrição Clínica Funcional: obesidade \Andreia Naves 2ed – São Paulo: Valeria Paschoal Editora Ltda., 2014. – (Coleção Nutrição Clínica Funcional). CO RD AI N, L; EA TO N , SB ; SE BA ST IA N , A et al . O rig in s e ev ol ut io n of th e W es te rn di et : he al th im pl ic at io ns fo rt he 21 st ce nt ur y. AM JC lin N ut r; 81 (2 ): 34 1- 54 ,2 00 5. JUNK FOODS Estimulam estilo de vida Sedentário (mecanização e automação) Contribuem para Redução da adaptação ao ESTRESSE Alimentos com alta densidade calórica e baixa qualidade nutricional Alta exposição à compostos químicos Industrialização e Modernização OBESIDADE VISCERAL PERMEABILIDADE INTESTINAL INFLAMAÇÃO CRÔNICA DE BAIXO GRAU TNF-α Redução da sensibilidade a insulina (adiponectina) distúrbios endócrinos e metabólicos Tecido adiposo: iNOS, PCr, TGF- ß, MCP-1, sICAM, angiotensinogênio, PAI-1, TNF-α, IL-6, lepitina RI, DMT2, DCV, CA Hotamisligil GS, Shargill NS, Spiegelman BM. Adipose expression of tumor-necrosis-factor-alpha – direct role in obesity-linked insulin resistance. Science. 1993;259(5091):87-91. Shah A, Mehta N, Reilly MP. Adipose inflammation, insulin resistance, and cardiovascular disease. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2008;32(6):638-44. INFILTRAÇÃO MACRÓFAGOS (tec. adiposo) síntese adipocinas, quimiocinas e citocinas hipertrofia de adipócitos hipoxiaEndotoxemia RI: TNF-α, IL- 6, adipocinas Ke nn ed y A, M ar tin ez K, Ch ua ng CC ,L aP oi nt K, M cI nt os h M .S at ur at ed fa tt y ac id -m ed ia te d in fla m m at io n an d in su lin re sis ta nc e in ad ip os e tis su e: m ec ha ni sm so fa ct io n an d im pl ic at io ns .J N ut r. 20 09 ;1 39 (1 ):1 -4 . • RI (inibição IRS-1)TNF-α • Adipocinas, Resistina e MCP-1tec adiposo • Alteração de GLUT-4 e IRS-1Macrófagos e adipócitos • Liberação de AGS (inibem IRS-1 e Induzem RI: ERO’s, ativação PKC) Diferenciação adipócito • Ativação de macrófagoLPS • JNK, PKC, IKKIRS-1Lum en g CN ,D ey ou ng SM ,S al tie lA R. M ac ro ph ag es bl oc k in su lin ac tio n in ad ip oc yt es by al te rin g ex pr es sio n of sig na lin g an d gl uc os e tr an sp or tp ro te in s. Am JP hy sio lE nd oc rin ol M et ab .2 00 7; Ca nc el lo R, Cl ém en tK .I s ob es ity an in fla m m at or y ill ne ss ? Ro le of lo w -g ra de in fla m m at io n an d m ac ro ph ag e in fil tr at io n in hu m an w hi te ad ip os e tis su e. BJ O G. 20 06 ;1 13 (1 0) :1 14 1- 7. Principal mecanismo molecular envolvido na resposta inflamatória induzida pela obesidade HORMONIOS NA OBESIDADE Diante de tudo isso, alguns dados... • A prevalência mais que dobrou entre 1980 e 2014, ultrapassando a marca de 700 milhões de obesos no mundo. • OMS, em 2012, diz que 2,8 milhões de mortes por ano estão associadas às doenças correlacionadas à obesidade e sobrepeso; • Segundo POF, 50,1% dos homens tem sobrepeso e 12,4% são obesos; 48% das mulheres tem sobrepeso e 16,9% obesidade; • O Brasil é o 5º colocado no ranking mundial, com aproximadamente 60 milhões de pessoas com sobrepeso e 25 milhões de obesos (um gasto para o SUS de aproximadamente R$ 500 milhões). ESTUDOS DE CASO • AMC, homem, 42 a, chefe de cozinha, de Juquitiba SP • Peso antes da cirurgia: 165kg, altura 1,80, IMC 50,9kg/m2 • Sempre foi acima do peso, nasceu de cesárea, foi amamentado muito pouco, introdução alimentar inadequada. • Alimentação hipercalórica, sedentário. Fez todo tipo de tratamento para perda de peso, uso de diversos medicamentos, dietas, com DM2 (800), HAS(20:15), dislipidemia, dores articulares, infertilidade, dificuldade de ereção. Paciente fumante e ingestão de alcool diaria. • Histórico familiar de DCV, DM2, HAS, CA. INDICAÇÕES IMC entre 30 e 35 kgm2 com comorbidades grave IMC entre 35 e 40 kg/m2 com comorbidades IMC > 40 kg/m2 A SBCBM diz que as comorbidades precisam ter classificação “grave”. É obrigatória a constatação de “intratabilidade clínica da obesidade” por um(a) endocrinologista. Acréscimo nas comorbidades O QUE MUDOU? Novos critérios para indicação de cirurgia bariátrica com IMC entre 35 e 40 kg/m2 conforme CFM, 2016. Como era: Pacientes com IMC entre 35 e 40 kg/m2 e com comorbidades: DM2; apneia do sono; HA; dislipidemias; DAC; osteoartrite e outras. Como ficou: Pacientes com IMC entre 35 e 40 kg/m2 e com comorbidades: DM2; apneia do sono; HA; dislipidemias; DCV (DAC, insuficiência cardíaca congestiva; AVC, fibrilação arterial, cardiomiopatia dilatada, cor pulmonale); síndrome de hipoventilação; asma grave não controlada; osteoartroses; hérnias discais; refluxo gastroesofágico, com indicação cirúrgica; colecistopatia calculose; pancreatites agudas de repetição; esteatose hepática; incontinência urinária de esforço na mulher; infertilidades masculina e feminina; disfunção erétil; SOP; veias varicosas e doença hemorroidária; hipertensão intracraniana idiopática (pseudotumor cerebri); estigmatização social e depressão. Obs.: adolescentes*; usuários de drogas, alcoolistas e idosos, considerar risco/benefício, risco cirúrgico, comorbidades, expectativa de vida e benefícios do emagrecimento. Diário Oficial da União - Resolução n° 2.131/15 CFN IMC entre 35 e 40 kg/m², com comorbidades, que não responderam ao tratamento clínico (incluso a realização de dieta) por no mínimo 2 anos Idade mínima de 16a, que apresente z- escore > +4 (IMC por idade) e que tenha consolidação das epífises de crescimento; Ausência de contra indicações: transtorno psiquiátrico não controlado; uso de álcool ou drogas ilícitas; obs: < 16 e > 65 anos* RECOMENDAÇÃO nº 007, DE 03 DE AGOSTO DE 2016. Cirurgia bariátrica LEMBRANDO QUE... • A cirurgia bariátrica deve ser a última opção terapêutica para pacientes obesos com riscos associados; • Adotar conduta terapêutica em conformidade com os órgãos oficiais e sociedades de classe, tais como MS, OMS, SBCBM. RECOMENDAÇÃO nº 007, DE 03 DE AGOSTO DE 2016. Cirurgia bariátrica O PAPEL DO NUTRICIONISTA • acompanhamento no pré-op para correção dos hábitos alimentares e do peso; • E no pós-op para prescrição da dieta. Atuação do nutricionista • endocrinologista, cardiologista, pneumologista, psicólogo e/ou psiquiatra, nutricionista e/ou* nutrólogo, pediatra, outros. Além do cirurgião. Equipe multiprofissional • hemograma, coagulograma, função tireoidiana e perfil nutricional. Exames específicos Parecer favorável *as diretrizes gerais do MS para o tratamento cirúrgico da obesidade e acompanhamento pré e pós-cirurgia bariátrica, onde prevê a atuação do nutricionista; Diário Oficial da União - Resolução n° 2.131/15 AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA Lista de avaliação pré-operatória • HC e exame físico completo (comorbidades, causas da obesidade, peso, IMC, história da perda ponderal) • Exames laboratoriais de rotina • Triagem nutricional de ferro, B12, ácido fólico e vitamina D (E e A) • Avaliação endócrina: HbA1c, glicemia de jejum e TSH. • Avaliação nutricional • Otimização do controle da glicemia Obrigatório • Hemograma• Glicemia • Perfil lipídico • Enzimas hepáticas • Uréia e Creatinina • Ácido úrico • Ferritina • TSH • Cálcio iônico Seletivamente • Insulinemia • Albumina • Ácido fólico • Vitamina B12 • Ferro • T4 livre • PTH • 25 (OH) vitamina D3 CONSENSO BARIÁTRICO LAUDO üEvolução do peso aferido durante as consultas üHistória prévia (tratamentos anteriores para redução de peso - tratamentos clínicos, fármacos, uso de balão intragástrico) üDiagnóstico nutricional e evolução do paciente üCiência do paciente e dos familiares sobre o procedimento üCondição alimentar e nutricional do paciente para a processo cirúrgico üTempo de acompanhamento nutricional pré-cirúrgico üCorreta identificação do nutricionista, como nome completo, profissão, número de inscrição e respectiva jurisdição do CRN; CONTRAINDICAÇÃO Casos em que a obesidade é decorrente de doenças endócrinas; Jovens em fase de crescimento; Pacientes com dificuldade de compreender riscos, benefícios, resultados esperados, alternativas de tratamento e mudanças no estilo de vida requeridas pela cirurgia; Liberação deverá ser, preferencialmente, conjunta com a equipe multiprofissional; Evitar emitir laudo com apenas uma consulta ESTUDO DE CASO • Lembrem do paciente do estudo de caso e tentem montar de forma resumida a anamnese nutricional desse paciente. • Quais exames seriam importantes solicitar e/ou verificar • Se ele tem indicação para cirurgia • Como ficaria o laudo desse paciente AVALIAÇÃO NUTRICIONAL PRÉ-OP ANAMNESE NUTRICIONAL 4 PILARES PRINCIPAIS SINTOMAS PERDA PESO Importância do acompanha mento ANAMNESE NUTRICIONAL Avaliação clínica e bioquímica Dados Antropométricos Inquéritos Alimentares Diagnóstico Nutricional Estabelecimento de conduta 4 PILARES MASTIGAÇÃO FRACIONAMENTO VOLUME CONSISTÊNCIA PRINCIPAIS SINTOMAS PÓS CIRURGIA META DE PERDA DE PESO • Tipo de técnica cirúrgica • Perda do excesso de peso (IMC) X Perda de peso inicial Ex.: Paciente 1,7m com 115,6kg, IMC 40kg/m2 Meta peso 72,3kg, IMC 25kg/m2 Precisa perder 43,3kg que corresponde a 37,5% do peso inicial META DE PERDA DE PESO - LITERATURA • Redução de perda de peso inicial após o primeiro mês • 11,1% para Ramos et al (ex.: 12,8kg) • 10,9% para Alamo et al (ex.: 12,6kg) • 9,6% para Nassif et al (ex.: 11,1kg) • 8,6% para Arazaki et al (ex.: 9,9kg) • 10,8% de acordo com Lima et al (ex.: 12,5kg) • 9,1% segundo Garrido Júnior et al (ex.: 10,5kg) • Faria et al consideraram sucesso perda de 20% do excesso de peso (ex.:8,7kg) • 1º mês ficar entre 8,6 a 11,1% do peso ou 20% do excesso de peso ABCD Arq Bras Cir Dig 2014;27(Suplemento 1):13-16 META DE PERDA DE PESO 1º mês: 18 a 30% do excesso de peso (43,3kg) = 7,8 a 13kg 3º mês: 37 a 41% do excesso peso (43,3kg) = 16 a 17,7kg 1 ano: 50 a 60% (43,3kg) = 21,6 a 26kg 2 anos: estabilização e manutenção da perda de peso Obs.: até 5 anos se manter a perda de excesso do peso em 50% significa sucesso no tratamento PERDA DE PESO REAL • Só se perde peso de forma saudável quando se perde gordura. • Perder peso na balança NÃO SIGNIFICA NADA, ou pior, pode significar perda da TMB, perda de músculos (mitocôndria), desnutrição! • Como acompanhar essa evolução: bioimpedância, circunferências, dobras, roupa, exames bioquímicos, flacidez, sinais e sintomas (cabelo, unhas, cansaço, anemia, disposição), consumo alimentar. IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL • ReEDUCAÇÃO nutricional • Mudança de comportamento • Avaliação nutricional: clínica e bioquímica, inquéritos alimentares, dados antropométricos (perda de gordura, manutenção ou ganho de massa magra). • Manter perda de peso, evitar reganho e comorbidades • As consultas devem ocorrer obrigatoriamente: 15, 30, 60 e 90 dias; após 6 meses e depois a cada 6 meses por até 5 anos. DIETA PRÉ-OPERATÓRIO • Deve promover o esvaziamento gástrico • 48 a 72h, que antecedem a cirurgia, dieta líquida, laxativa, de fácil digestão • 8 a 12h de jejum absoluto inclusive água SÃO EXEMPLOS • Água: pelo menos 2L de água (ideal 35-40mL por kg) • Chás: da própria planta (hibisco), cavalinha • Sucos da fruta ou polpa de fruta (abacaxi, mamão, kiwi), não exagerar no açúcar • Água de coco natural • Sopa com bastante caldo (incluir o caldo da própria carne) • Caldinho ralo de feijão • Ideal reeducação alimentar e suplementação bem antes da cirurgia SUPLEMENTAR OU NÃO • Corrigir os desequilíbrios nutricionais • Estimular as defesas do organismo, evitando as infecções •Melhorar a cicatrização • Reduzir riscos: efeitos colaterais da cirurgia e de desnutrição • Favorecer a integridade da parede intestinal: nutrientes, xenobióticos, produção de NT TIPOS DE CIRURGIA Diário Oficial da União - Resolução n° 2.131/15 BYPASS • Gastroplastia com desvio intestinal em “Y de Roux” • 75% das cirurgias no Brasil • Perda de 40% a 45% do peso inicial • Aumento de hormônios que dão saciedade e diminuem a fome • Menor ingestão de alimentos e aumento da saciedade, além de controlar o DM2 e outras doenças, como a HAS Obs.: mais restritiva que disabsortiva BANDA GÁSTRICA AJUSTÁVEL • Criada em 1984 e trazida ao Brasil em 1996 • Representa 5% dos procedimentos no País • Controla o esvaziamento gástrico • Não promove mudanças na produção de hormônios (?) • Segura e eficaz na redução de peso (20% a 30% do peso inicial), o que também ajuda no tratamento do diabetes GASTRECTOMIA VERTICAL • Estômago é transformado em um tubo (80 a 100 ml) • Início dos anos 2000 •Boa perda de peso •Boa eficácia sobre o controle da HAS e hipercolesterolemia (CT e TG). DUODENAL SWITCH • Criada em 1978 • 5% dos procedimentos • 40% a 50% perda de peso inicial • 85% do estômago são retirados • Anatomia básica do órgão e válvula são mantidas • Associação entre gastrectomia vertical e desvio intestinal Obs.: mais disabsortiva que restritiva BALÃO INTRAGÁSTRICO • Terapia auxiliar para preparo pré-operatório • Procedimento não cirúrgico • Perda de 10 a 14% do peso inicial • Diminui capacidade gástrica e provoca saciedade • Preenchido com 500 ml do líquido azul de metileno • Período médio de seis meses • Indicado para pacientes com sobrepeso ou no pré-operatório de superobesidade (IMC acima de 50 kg/m2) O QUE HÁ DE NOVO • Fulguração com plasma de argônio (laser) • Overstich FULGURAÇÃO COM PLASMA DE ARGÔNIO CURIOSIDADE CIRURGIA DE INTERPOSIÇÃO ILEAL (Freio Duodenal) ESTUDO DE CASO • Qual a melhor técnica cirúrgica? • Paciente e o medico cirurgião optaram por bypass • 10 dias de pós-operatório DM2 desapareceu • 1 mês após a cirurgia a HAS normalizou • Perdeu 70kg em 2 anos (perdeu 42,5% peso inicial) • Excesso de peso 81kg (perdeu 86,5% do excesso de peso) • Chegou a 95kg • Hoje 99 a 100kg “não passa disso” (perda de 40% do peso) (80% do excesso de peso) • Problema atual: cálculos na vesícula (vai precisar operar) FUNÇÃO DA DIETA PÓS-BARIÁTRICA Prioriza as PTN’s ricas em Fe e Ca, seguido de vitaminas e minerais advindos de frutas e vegetais. Consumo moderado de carboidratos integrais, deve ser evitado ao máximo bebidas alcoólicas, gaseificadas, doces e gorduras*. Dietas hipocalóricas são uma rotina. Porém se utilizadas por muito tempo podem causar deficiências nutricionais. A dieta individualizada e bem orientada é a maneira mais adequada de manter os nutrientes em níveis desejáveis. Con se ns o da So ci ed ad e br as ile ira de Ci ru rg ia ba riá tr ic a e M et ab ól ic a 20 05 . AA CE /T O S/ AS M BS .B ar ia tr ic Su rg er y Gu id el in es /S ur ge ry fo r O be sit y an d Re la te d Di se as es 20 08 ;4 :S 10 9- S1 84 . DIETA PÓS-OPERATÓRIO • Dieta promova repouso gástrico (7 a 20 dias) • líquida e isenta de resíduos: fibras, lactose, gordura • 50mL a cada 15-30 min • Manter hidratação (cor da urina) • Evitar alimentos que podem irritar a mucosa • Gelo e picolé de frutas • Caldo coado de carne e vegetais • Suplementos proteicos, glutamina, arginina DIETA PASTOSA • 7 a 20 dias • 50mL a 150mL a cada 15-30 min • Água: pelo menos 20mL/kg (urina) •Frutas macias: abacate, mamão, banana • Sopas cremosas com proteína e vegetais • Caldo batido de leguminosa • Opcional: ovos mexidos, iogurte e queijo • Adicionar: 1 fio de azeite frio • Suplementos proteicos, glutamina, arginina DIETA BRANDA • 7 a 20 dias • 50mL a 200mL/g a cada 15-30 min • Água: pelo menos 25mL/kg (urina) • Ovos, carne moída, frango desfiado, peixe • Iogurte e queijo • Leguminosas bem cozidas • Frutas; Legumes e tubérculos bem cozidos • Azeite • Suplementos proteicos DIETA NORMAL • Iniciar pela proteína e/ou Vegetais crus •Utilizar azeite •Não ultrapassar mais que 300mL/g por vez •Água: pelo menos 25mL/kg • Fracionar as refeições (almoço e jantar) • Suplementos todos os necessários Avaliação Nutricional 7º pós-op • Exame clínico • sinais e sintomas • Rec24h (líquidos) • Antropometria: peso • Evolução da dieta pastosa Avaliação Nutricional 30º pós-op • Exame clínico e bioquímico • Rec24h • Antropometria • BIA, circunferências (CC e CB) • Evolução dieta normal AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DISTÚRBIOS NUTRICIONAIS •Principais alterações e complicações gastrointestinais • Estratégias nutricionais empregadas para prevenção e/ou correção das complicações nutricionais SINAIS E SINTOMAS DE DEFICIENCIAS • Fadiga, anemia, osteopenia, alterações neurológicas. • Síndrome de dumping: sudorese, taquicardia, hipoglicemia (PAPINI; BURINI, 2001), diarreia, esteatorreia. • Secreções hormonais alteradas • Deficiências: queda de cabelo, unhas quebradiças, anemia, fraqueza, cansaço, pele ressecada, “formigamento”, déficit de memória (SBCBM, 2006). Fisiologia do TGI SECREÇÕES E IMPORTÂNCIA •Boca: amilase salivar (mastigação) • Estomago: pepsina e lipase gástrica (HCL) • HCL: bactérias patogênicas, PTN’s, Fe • Muco • Células parietais/bomba oxcíntica: FI • Absorção de álcool DUODENO •Secreção pancreática: bicarbonato e enzimas (lipase + protease + amilase) •Fígado: bile (emulsificação de TG) •Absorção de Fe2+, Ca, Mg e Zn, VitB •Absorção de dissacarídeos, aa •Ligação da VitB12 ao FI JEJUNO • Secreção de enzimas borda em escova; • Absorção de glicose, galactose, e frutose, VitC, Tiamina, Riboflavina, Piridoxina, Ácido fólico. • Absorção de cálcio, vitaminas lipossolúveis, ácidos graxos livres, vitB12 (pequena quantidade), água (quantidade moderada), sódio (pequena quantidade) ILEO •Proteína, Vitaminas A, D, E, K, Gordura, Colesterol, Sais Biliares e vitB12; •Produção de incretinas GLP1, PYY •Absorção de água e sódio (moderada quantidade) •Reabsorção de ácidos biliares para retornarem ao fígado DIGESTÃO E ABSORÇÃO • CHO: interação limitada entre amido e amilase pancreática, diarreia osmótica (CHO fermentáveis no IG). Síndrome de Dumping; • PTN: HCL, Pepsina, CCK, Tripsinogênio pancreático em tripsina (gatilho p outras enzimas proteolíticas do pâncreas). Peptidases da borda em escova. (hipoalbuminemia, perda de mm, alterações pele, edema e alopécia), queda imunidade. Deficiência: baixa ingestão (57 a 75%), baixa tolerância, menor digestibilidade. Ingestão diária: 60 a 120g. • LPD: estimula liberação de CCK, bile, secretina e lipase pancreática. Esteatorreia. Atenção a vitADEK. Alvarez-Leite, JI; Diniz, MTC. Nutrição e Metabolismo em Cirurgia Bariátrica. Ed. Atheneu, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, 2013. DIGESTÃO E ABSORÇÃO • Vitaminas Hidrossolúveis: parte proximal do ID, em especial no jejuno; • B1: duodeno proximal, meio ainda ácido. Álcool e vômitos. Neuropatia periférica, encefalopatia. Fontes: cereais, carnes, peixes, ovos, vegetais e frutas (tolerância reduzida). Dose: 10 a 30mg • B2: ID proximal e cólon (sais biliares), FAD. Dose: 10 a 30mg • B3: absorvida todo TGI, triptofano (serotonina). Dose: 10 a 30mg • B6: jejuno, consumo inadequado, uso de antibiótico, medicamentos HAS, álcool. Dose: 50 A 120mg DIGESTÃO E ABSORÇÃO • B9: necessita enzima na borda em escova, baixa ingestão. Anemia macrocítica, homocisteína, trombocitopenia ou leucopenia (redução na síntese de DNA e RNA). Dose: 400mcg • B12: íleo terminal + FI. Fonte: carne vermelha, ovos e leite. Depende de acidez, consumo de PTN, microbiota (SOARES; FALCÃO, 2007). Dose 1000mcg DIGESTÃO E ABSORÇÃO • Fe quelado de 30mg (8 a 40mg), aumento significativo nos níveis de hemoglobina em apenas quatro semanas (SCAPINELLI, 2008). Fonte: carnes, vegetais verdes escuros e feijões. • Ca e vitD: Ca duodeno e jejuno proximal, vitD jejuno e íleo. Intolerância a alimentos fonte de cálcio. Assim, o cálcio, a fosfatase alcalina, PTH e 25-hidroxivitamina D precisam ser monitorados. A recomendação de cálcio pós-operatório varia de 1000-1500mg/ dia (SANTOS, 2007). Ca quelado (300-1200mg) • Zinco: tireóide, sist imune, fertilidade, saúde pancreas, ERO’s. Fonte: semente de abóbora, carne, castanha caju, lentilha. Dose: 3omg • Magnésio (?). RI (glut4), inflamação (PCR), ossos. Fonte: folha verde escura, gergelim. Dose: 150 a 300mg. Razão Ca/Mg, índice insulinemico (Ostman, et al. Am J Clin Nutr; 74: 96-100, 2001) DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS • Ingestão limitada • Técnica cirúrgica realizada • Intolerâncias •Deficiências pré existentes •Consistência da dieta •Características habituais do paciente CARACTERÍSTICAS HABITUAIS DO PACIENTE • Uma vida inteira de dietas restritivas • Consumo excessivo de refinados (AGE´s) • Uso crônico: laxantes, anfetaminas, “óis”, outros • Estresse com grande formação de radicais livres • Fígado esteatótico • Desregulação endócrina: hormonal e de NT • Disfunções metabólicas: DM, hiperinsulinemia, HAS, Dislipidemias. • Processo inflamatório crônico de baixo grau associado hiperpermeabilidade intestinal CARACTERÍSTICA DA DIETA DO PACIENTE BARIÁTRICO PERDER PESO NA BALANÇA É SINAL DE SUCESSO? A utilização da gordura como energia depende da presença de vários nutrientes. As carências nutricionais não deixam que a gordura já acumulada seja utilizada efetivamente, favorecendo a uma utilização maior da massa magra como energia e consequente perda de líquidos, diminuindo o peso total na balança, porém sem redução efetiva da gordura corporal, ou ainda chegando a um efeito platô. REPERCUSSÕES INTESTINAIS Tipo Alterações Restritivos FI (B12) HCL (Fe) Desidrogenase alcoolica gástrica Pepsina Lipase gástrica Ca, B1, B9, (baixa ingestão/intolerância a vegetais) Desequilíbrio hidroeletrolítico (vômito) Disabsortivos 25%PTN e 72%LPD 60% ou + área de absorção Ca Desnutrição proteico-energética Diarreia (osmolaridde ou esteatorreia) Desequilíbrios hidroeletrolíticos Deficiências vitamínicas (incluindo lipossolúveis) Mistos Restritivas e Disabsortivas (+amenas) Al va re z- Le ite , J I; Di ni z, M TC . N ut riç ão e M et ab ol ism o em C iru rg ia B ar iá tr ic a. E d. At he ne u, S ão P au lo , R io d e Ja ne iro , B el o Ho riz on te , 2 01 3. Deficiência Sinais e sintomas Confirmação 1ª fase tratamento 2ª fase (médico) Desnutrição proteica Fraqueza, perda massa muscular, cabelos quebradiços, edema generalizado Albumina, pré- albumina e creatinina Suplementação proteica Nutrição enteral ou parenteral, reversão do procedimento Vitamina B12 Anemia perniciosa, formigamento nos dedos das mãos e pés, depressão e demência Hemograma, níveis de B12 B12, iniciar com 300mcg – podendo chegar a 1mg sublingual (ANVISA) Uso de B12 intramuscular 1 a 2mg (somente médico) Ácido fólico Anemia macrocítica, palpitações, fadiga, defeito no tubo neural Hemograma, níveis de ácido fólico, homocisteína 5Metilfolato 400mcg Folato oral 1mg (somente médico) Ferro Capacidade trabalho diminuída, palpitações, fadiga, baqueteamento digital, anemia, cabelos quebradiços e pica Hemograma, níveis de ferro, ferritina, CTLF, transferrina Ferro quelado 30 a 60mg Administração parenteral de Fe Vitamina A Xeroftalmia, perda da visão noturna, baixa imunidade Níveis vitamina A Vitamina A veículo oleoso 4.000UI Vitamina A oral , 50.000UI/dia (médico) RECOMENDAÇÕES PARA NUTRICIONISTAS: CIRURGIA BARIÁTRICA RECOMENDAÇÃO Nº 007, DE 03 DEAGOSTO DE 2016. CIRURGIA BARIÁTRICA Incretinas e sua relação com o paciente bariátrico Arq Bras Endocrinol Metab vol.58 no.4 São Paulo June 2014 SUPLEMENTAÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA • Zn, Se, Mn, Cu, Vit C, D, w3Nutrientes antioxidantes (imunidade) • Mg, B6, B3, B2;Precursores de NT • Cromo, B6Metabolismo dos carboidratos • Vanádio, cromo, biotina, fibras e W3, prebioticos (fibras), probióticos, CBA’s; RI no obeso e Inflamação • glicina, vit C e molibidênioEliminação de toxinas • Probióticos, Fitos, enzimas digestivas , fibras solúveis (goma guar, pectina).Outros MICRONUTRIENTES •Mg, Zn, CaRegulação do apetite, fome, saciedade • Zn, vitC e A, Mg, Ca, K, Na e vitBAbsorção e metabolismo de nutrientes • Zn, Se, Fe, I, VitD, A e C, tirosina, W3Funções da glândula da tireoide e suprarenais • Zn, Mg, cromo, Mn, V, biotinaHomeostase da glicose • Ca, Mg, vitAControle da adiposidade MCKEOWN, NM; JACQUES, PF; ZHANG, XL et al. Dietarymagnesium intake is related to metabolic syndrome in older Americans. Eur J Nutr; 47(4), 2008. Na ve s, A. N ut riç ão Cl ín ic a Fu nc io na l: ob es id ad e – Sã o Pa ul o: Va lé ria Pa sc ho al Ed ito ra Lt da ., 20 14 .C ol eç ão Nu tr içã o Cl ín ica Fu nc io na l. EXTRAS • Proteína 60g pelo menos (0,8g/kg) • Ácidos graxos essenciais: W3, moinsaturados • Glutamina 0,08g/kg (5g) • Arginina 2 a 5g • Probióticos produtores de bacteriocinas: casei/paracasei; rhamnosus; reuteri; plantarum; em obesos: gasseri, plantarum e paracasei • CBA’s, Fitoquímicos: flavonóides • Prebióticos • Vitaminas: B12, B9, B1, vitamina A, D, E (gastrectomia), K (desvio biliopancreático) • Minerais: Fe, Ca, Zn, Mg • Fitoterápicos: grifonia, garcinia, resveratrol, curcuma, garcinia, pholia negra, chá verde, capsaicina, slendesta O SUCESSO DEPENDE • Equipe multi • Seleção adequada dos alimentos • Suplementação adequada • Seguimento das prescrições e orientações • Adesão ao acompanhamento periódico, por tempo indeterminado • Avaliação da capacidade de entendimento do paciente “...um indivíduo que se submete à uma cirurgia bariátrica, seja ela qual for, já vem de uma série de tentativas frustradas para emagrecer, submetendo-se a todos os tipos de desequilíbrios nutricionais, e na maior parte das vezes, enxerga na cirurgia o “milagre” procurado a vida inteira, achando que depois de operado não precisará mais se preocupar em ‘fazer dieta’...” Denise Carreiro ESTUDOS DE CASO • AMC, homem, 42 a, chefe de cozinha, de Juquitiba SP • Peso antes da cirurgia: 165kg, altura 1,80, IMC 50,9kg/m2 • Sempre foi acima do peso, nasceu de cesárea, foi amamentado muito pouco, introdução alimentar inadequada. • Alimentação hipercalórica, sedentário. Fez todo tipo de tratamento para perda de peso, uso de diversos medicamentos, dietas, com DM2 (800), HAS(20:15), dislipidemia, dores articulares, infertilidade, dificuldade de ereção. Paciente fumante e ingestão de alcool diaria. • Histórico familiar de DCV, DM2, HAS, CA. • Técnica cirúrgica escolhida pelo paciente e médico: bypass, procedimento particular ATIVIDADE COMPLEMENTAR • Elaboração de uma refeição pré e pós-operatória para o paciente do estudo de caso, técnica cirúrgica bypass, com descrição da quantidade dos macro e micronutrientes que o aluno considera relevante, alimentos fontes e se necessário suplementação. Incluir comentário da importância de cada nutriente e orientações básicas como consistência da dieta, fracionamento, ingestão de líquidos, volume, mastigação, outros. OBRIGADA! “...a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte. a gente não quer só comida, a gente quer saída para qualquer parte a gente não quer só comida, a gente quer bebida, diversão, balé. a gente não quer só comida, a gente quer a vida como a vida quer ...” (Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Britto) Cuidado com os seus conceitos, eles podem ser preconceitos!
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