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Rio, 12 de março de 2012
Direito das Coisas
Proteção Interdital
São, classicamente, três os interditos indicados pela doutrina: interdito proibitório, manutenção da posse e reintegração da posse. Esses interditos tiveram origem no direito romano. O pretor que identificava qualquer das moléstias (ameaça, esbulho, etc) dava uma ordem, chamada de interdito, para restabelecer o status quo ante. Por isso o nome interdito possessório.
Embargos de terceiros (conforme artigo 1.046) são usados para afastar uma coisa de sua propriedade de uma decisão judicial que recai sobre a coisa. Embargos são aplicáveis sempre de forma contrária ao processo. 
Existem situações nas quais as pessoas têm direitos decorrentes da posse que ele tem, enquanto em outras situações surgem efeitos decorrentes da posse que ele deveria ter. A proteção interdital só é aplicável caso a pessoa possa antes demonstrar que possuía a posse – a posse deve ser provada. Todos os interditos são consequências de uma posse que se tem – ius possessiones (o fato da posse). Se ele não puder provar a posse, o juiz pode realizar uma audiência de justificação, que tem o objetivo de permitir que o autor possa justificar a sua posse. Assim, o autor pode provar a sua posse – levando, por exemplo algumas testemunhas. 
Já no caso da ação de imissão na posse, o que está em jogo também é a posse – uma posse, porém, que nunca se teve, mas que se busca ter com base na ação adequada para tanto. O que se discute nessa ação é se o título que ele ostenta dá ao autor o direito a ter posse. Assim, o que se discute nesse caso é o título e não a posse em si – a qualidade do título é julgada e, assim, pode-se conferir ao autor a posse que ele nunca teve. Uma questão que geralmente é discutida é o fato das assinaturas serem verdadeiras ou não. Logo, a ação de imissão da posse discute a posse de forma secundária – ela é vista apenas como uma derivação do título: se o título for bom (verdadeiro, de qualidade), a posse é discutida e então conferida ao autor. Não se julga a posse, mas sim o direito que confere ao autor o direito a posse (ius possidendi – o título é protegido, e não a posse).
Assim, no ius possessiones o que se discute é a posse enquanto no ius possidendi o que se discute é o título que irá conferir direito à posse. Devemos conhecer essas expressões e saber que ações protegem o ius possessiones e que ações protegem o ius possidendi.
Os embargos de terceiros, por exemplo, podem ser de senhor (de proprietário) ou de possuidor. A ação reivindicatória – conforme veremos mais adiante - é a ação clássica que protege o direito de propriedade. 
Na ação possessória de reintegração na posse, por exemplo, deve-se provar a posse anterior, a ocorrência do esbulho, a data do esbulho e com quem está a posse atualmente. Já no caso da ação reivindicatória, a propriedade deve ser comprovada e deve ser indicado que um terceiro está se utilizando injustamente da posse (injustamente, nesse sentido, quer dizer sem título que confere esse direito). Comprovar a propriedade é algo muito mais complexo do que a posse – exceto no caso de imóveis, no qual basta uma certidão do RGI para comprovar a propriedade. Porém, conforme o artigo 1.247, até mesmo o título de propriedade de um imóvel está completamente blindado – ele também pode ser questionado. Na Alemanha, a presunção que advém do registro de propriedade é absoluta. No Brasil não ocorre o mesmo, conforme já vimos. Logo, temos que em um caso em que se pode entrar com a ação possessória ou ação reivindicatória, a ação possessória quase sempre será mais favorável – porque o rito da ação é mais rápido, conforme veremos adiante, e porque a posse é mais facilmente comprovada no Brasil do que a propriedade (o que é agravado pelo fato de até mesmo a validade do título de propriedade de um imóvel, atestado em certidão do RGI, pode ser discutida ao longo do processo). 
Se a diretoria antiga de uma S.A. leva consigo os livros societários da sociedade por estarem insatisfeitos com a substituição da diretoria, qual a ação cabível? Os novos diretores podem entrar com uma ação de imissão de posse para ter a posse dos livros societários – posse essa que eles nunca tiveram. Nessa ação, será discutido o título que elegeu os novos administradores (os antigos administradores podem alegar a nulidade da assembleia que elegeu os novos administradores). A sociedade também pode entrar com uma ação possessória para rever os livros societários (o que geralmente é mais simples).
Disposições do Código de Processo Civil sobre as Ações Possessórias
O capítulo V do CPC leva o nome de “das ações possessórias”. Assim, as ações possessórias tramitam por procedimentos especiais, desde que atendam a determinados requisitos, como veremos adiante. 
O artigo 920 do CPC trás o princípio da fungibilidade do remédio possessório. Esse princípio existe porque questões possessórias são muito dinâmicas. O fenômeno possessório é mutável – uma ameaça pode se tornar um esbulho em questão de dias. Assim, se ganha-se um processo contra a ameaça e depois ela se torna um esbulho, o condenação de cessar a ameaça pode ser interpretada como a condenação para cessar o esbulho – existe fungibilidade nesse caso. Isso foge à regra do CPC, já que geralmente seria necessário entrar com outra ação sobre o mesmo objeto. Esse princípio é de grande relevância prática. (Obs: ler sobre isso)
O artigo 921 fala da cumulação do pedido possessório com outros, como o de indenização por perdas e danos, pena para o caso de nova turbação ou esbulho (funcionará como uma multa para desincentivar a ocorrência de outra turbação ou esbulho) e desfazimento de construção ou plantação feita devido àquela posse transitória. 
O artigo 922 deixa claro que não há reconvenção em ação possessória – caráter dúplice da ação possessória. O réu pode se defender indicando que não ocorreu esbulho e pedir, assim, a proteção da posse. Logo, é um erro grave fazer uma reconvenção em uma ação possessória – ela não é necessária devido à disposição desse artigo.
O artigo 923 gerou certa discussão quanto à sua constitucionalidade – alguns indicavam que ele feria o acesso à justiça. Essa discussão não ocorre mais atualmente, já que muitos são os instrumentos que permitirão o acesso nesses casos. O juízo petitório (de propriedade) é distinto do juízo possessório, e o ideal é que a questão da posse seja resolvida inicialmente.
O artigo 924 indica que o procedimento especial da ação possessória será válido se a ação for ajuizada em até um ano do fato do esbulho ou turbação. Se a ação for ajuizada em mais tempo, a questão será discutida no procedimento comum ordinário. Isso faz muita diferença porque, por exemplo, o prazo para contestação do procedimento especial é de 5 dias, enquanto o prazo para contestação no procedimento comum ordinário é de 15 dias. Antes de 1994, não existia a tutela antecipada no procedimento ordinário – a posse só seria reintegrada após o trânsito em julgado com decisão favorável. Logo, esse artigo era ainda mais relevante – atualmente, porém, mediante o preenchimento de alguns requisitos pode-se pedir a tutela antecipada em qualquer um dos procedimentos.
O artigo 925 indica que pode ser requisitada uma garantia por parte do réu, como uma caução, ara comprovar que o autor tem como pagar as perdas e danos (devidas pelo período em que o réu ficará privado de sua posse), se o juiz se convencer da razoabilidade do pedido. Se o autor não tiver como dar a caução, a coisa será depositada. (Ler sobre esse artigo!). 
A Seção II fala da Manutenção e da Reintegração de Posse. O artigo 926 repete o que já indicado no Código Civil. 
O artigo 927 indica o que deve constar no relato a ser feito nas ações possessórias. Deve-se tentar sempre ser direto nos relatos. Não se pode entrar com uma petição inicial em que se pede perdas e danos sem indicar quais são as perdas e danos. Não precisa necessariamente indicar especificamente o valor das perdas e danos, mas sim indicar os fatos geradores de perdas e danos (indicando se ondeelas decorrem). Se nenhum prejuízo for indicado expressamente, o réu não poderá se defender – não existirá o contraditório. Porém, a fixação específica do valor poderá depender do juiz.
O artigo 928 indica que, se existir prova documental satisfatória para comprovar a posse, o juiz poderá deferir a liminar sem ouvir o réu (inaudita altera parte). Ele poderá, porém, voltar atrás se o réu trouxer elementos razoáveis. Caso não exista prova suficiente, poderá ser convocada uma audiência.
O parágrafo único protege o poder público ao indicar que a liminar não poderá ser concedida sem ouvir o réu caso alguma pessoa jurídica pública seja o réu.
O artigo 929 fala da justificação, que é uma audiência, momento processual no qual o juiz se serve para se convencer da realidade possessória, indicando que mediante a justificação pode-se expedir o mandado.
O artigo 930 indica que o autor irá citar o réu em 5 dias, e depois o réu terá o prazo de 5 dias para contestar a petição inicial. Conforme o artigo 931, naquilo que não for incompatível será aplicado o procedimento ordinário.
A Seção III fala do interdito proibitório. A palavra “impetrar” está sendo má utilizada no artigo 932 – não se trata de impetrar. Mas esse artigo fala sobre o mandado proibitório.
O esbulho pode gerar consequências muito maiores e desfavoráveis àquele que detém posse. Por exemplo, se após um esbulho o objeto é vendido ou dado de presente, o réu da ação de reintegração de posse será aquele que ganhou ou comprou o objeto (e sabia que o objeto era fruto de esbulho). Quanto ao esbulhador originário, porém, ainda será cabível o pedido de perdas e danos. Sendo assim, no mesmo processo poderão ser feitos pedidos distintos à litisconsortes distintos – pode-se pedir perdas e danos de um réu e a reintegração na posse propriamente dita de outro litisconsorte. O artigo 1.212 do Código Civil, que tem enorme dimensão prática, indica que só se pode entrar com uma ação de reintegração de posse contra um terceiro que recebeu a coisa esbulhada se for comprovado que o terceiro sabia que a coisa era fruto de esbulho. Mas e se o terceiro não souber? Nesse caso, a ação de reintegração não cabe – caberá ação reivindicatória com base na propriedade (artigo 1.228 do Código Civil). Logo, dependendo da ciência do terceiro quanto ao esbulho originário, será o caso de uma ação de reintegração de posse ou ação reivindicatória. Não se pode colocar e demanda possessória um terceiro que não tinha ciência do esbulho – isso só poderá ser feito em demanda petitória.
Mas se pode entrar com uma ação reivindicatória caso a pessoa apenas detivesse a posse antes do esbulho originário (como no caso do locatário, por exemplo) e o terceiro que obteve o objeto esbulhado não tivesse ciência do esbulho? Nesse caso, não cabe ação para qual o locatário esteja legitimado – ele deve acionar o locador para que ele entre com uma ação reivindicatória.