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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola Nacional de Seguros E73s Escola Nacional de Seguros. Diretoria de Ensino Técnico. Seguros de lucros cessantes / Supervisão e coordenação metodológica da Diretoria de Ensino Técnico; assessoria técnica de José Carlos Lacerda de Souza. – 22.ed. -- Rio de Janeiro : ENS, 2019. 82 p. ; 28 cm Formato: E-Book. ISBN: 978-85-7052-685-4 1. Seguros de lucros cessantes. I. Souza, José Carlos Lacerda de. II. Título. 0018-2231 CDU 368(072) É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de partes dele, sob quaisquer formas ou meios, sem permissão expressa da Escola. 22ª EDIÇÃO RIO DE JANEIRO 2019 REALIZAÇÃO ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS SUPERVISÃO E COORDENAÇÃO METODOLÓGICA DIRETORIA DE ENSINO TÉCNICO ASSESSORIA TÉCNICA JOSÉ CARLOS LACERDA DE SOUZA – 2019 PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS – GERÊNCIA DE PLANEJAMENTO E ESCOLA VIRTUAL PICTORAMA DESIGN A Escola Nacional de Seguros promove, desde 1971, diver- sas iniciativas no âmbito educacional, que contribuem para um mercado de seguros, previdência complementar, capitalização e resseguro cada vez mais qualificado. Principal provedora de serviços voltados à educação continuada, para profissionais que atuam nessa área, a Escola Nacional de Seguros ofe- rece a você a oportunidade de compartilhar conhecimento e experiên- cias com uma equipe formada por especialistas que possuem sólida trajetória acadêmica. A qualidade do nosso ensino, aliada à sua dedicação, é o caminho para o sucesso nesse mercado, no qual as mudanças são constantes e a competitividade é cada vez maior. Seja bem-vindo à Escola Nacional de Seguros. SEGUROS DE LUCROS CESSANTES 1. INTRODUÇÃO AO SEGURO DE LUCROS CESSANTES 7 O SEGURO DE LUCROS CESSANTES NO MERCADO BRASILEIRO 9 REQUISITOS BÁSICOS PARA CONTRATAÇÃO 10 EVENTOS COBERTOS 12 OBJETO DO SEGURO 13 RISCO COBERTO 13 FIXANDO CONCEITOS 1 14 2. GARANTIA DO SEGURO DE LUCROS CESSANTES 17 LUCRO LÍQUIDO 19 DESPESAS FIXAS 19 DESPESAS VARIÁVEIS 21 CONDIÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DE UMA EMPRESA 21 A Empresa Opera com Lucro Líquido 22 A Empresa Opera com Resultado Nulo 23 A Empresa Opera com Prejuízo 24 PARTICIPAÇÃO DO LUCRO BRUTO NO MOVIMENTO DE NEGÓCIOS DA EMPRESA 27 Movimento de Negócios 27 Margem de Lucro Bruto 29 FIXANDO CONCEITOS 2 31 SUMÁRIO INTERATIVO SEGUROS DE LUCROS CESSANTES 3. COBERTURA BÁSICA – FORMAS DE CONTRATAÇÃO E CARACTERÍSTICAS 33 PERÍODO INDENITÁRIO 35 VALOR EM RISCO E RATEIO 38 COBERTURA BÁSICA – ABRANGÊNCIA 39 Perdas de Lucro 39 Gastos Adicionais 41 Impedimento de Acesso 42 IMPORTÂNCIA SEGURADA 44 TAXAÇÃO 48 FRANQUIA DEDUTÍVEL (FACULTATIVA) 50 INDENIZAÇÃO 50 Etapas após a Ocorrência do Sinistro 51 Parcelas Indenizáveis 54 Liquidação do Sinistro 56 FIXANDO CONCEITOS 3 58 4. COBERTURAS ADICIONAIS DO SEGURO DE LUCROS CESSANTES 64 HONORÁRIOS DE PERITOS CONTADORES 65 DESPESAS COM INSTALAÇÃO EM NOVO LOCAL 66 EXTENSÃO DA COBERTURA A FORNECEDORES E/OU COMPRADORES 66 FIXANDO CONCEITOS 4 69 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES 5. FORMAS DE CONTRATAÇÃO DO SEGURO DE LUCROS CESSANTES 72 FORMA ATUAL DE CONTRATAÇÃO DE LUCROS CESSANTES 75 Compreensivos Multirriscos Empresariais/Condomínios 75 Riscos Nomeados 76 Riscos Operacionais 77 FIXANDO CONCEITOS 5 80 GABARITO 81 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 82 7 UNIDADE 1 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES ■ Conceituar seguro de lucros cessantes. ■ Identificar o objeto do Seguro de Lucros Cessantes. ■ Entender a participação do Seguro de Lucros Cessantes no mercado brasileiro. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Conhecer os requisitos para a contratação do Seguro de Lucros Cessantes. ■ Distinguir eventos cobertos de riscos cobertos. INTRODUÇÃO ao SEGURO de LUCROS CESSANTES 01 REQUISITOS BÁSICOS PARA CONTRATAÇÃO EVENTOS COBERTOS OBJETO DO SEGURO RISCO COBERTO FIXANDO CONCEITOS 1 TÓPICOS DESTA UNIDADE 8 UNIDADE 1 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Após a Revolução Industrial, com o incremento das atividades industriais e, consequentemente, das atividades comerciais, a demanda por Seguros de Incêndio aumentou consideravelmente, haja vista a necessidade de prote- ção do patrimônio das empresas. Com o passar dos tempos, e após serem analisados vários sinistros ocorri- dos que estavam garantidos pelo Seguro Incêndio, constatou-se que havia perdas que não eram cobertas por esse seguro. Ou seja, concluiu-se que um sinistro que atinja os bens materiais (prédios, máquinas, instalações, mercadorias) de uma empresa não gera apenas danos ao seu patrimônio físico, pois o reparo desses danos demandará algum tempo e, consequen- temente, durante esse tempo, as atividades da empresa serão reduzidas ou até paralisadas total ou parcialmente. Os prejuízos decorrentes da paralisação ou da sensível redução das ativi- dades industriais ou comerciais podem até mesmo superar, em valor, os danos ou a destruição de bens materiais. Exemplos: 1 – no maior sinistro pago no Brasil, do segurado CSN, foram indenizados mais de US$ 500 milhões, e a parte relativa à cobertura de Lucros Cessantes representou quase 90% desse valor; e 2 – na grande tragédia ocorrida em Mariana (MG), além dos danos ambientais que são enormes (difíceis de mensurar, de tão grandes), a maior perda da própria Samarco foi de Lucros Cessan- tes, pois as atividades foram totalmente paralisadas há muito tempo e parece que não voltará a funcionar tão cedo (as perdas de lucros cessan- tes podem superar US$ 1 bilhão). O Seguro de Lucros Cessantes tem sua origem nessa constatação: a ocor- rência de sinistros pode gerar, além de danos materiais, prejuízos financei- ros consequentes da paralisação ou diminuição das atividades das empre- sas industriais ou comerciais. Então, a finalidade do Seguro de Lucros Cessantes é garantir a situação financeira da empresa após um sinistro de Danos Materiais que tenha perturbado ou paralisado o movimento normal de seus negócios. Comentário Os sinistros não geram apenas danos ao patrimônio físico das empresas, pois o reparo desses danos demandará algum tempo e, durante esse tempo, as atividades das empresas poderão ser reduzidas ou paralisadas. Com a paralisação de suas atividades, as empresas sofrem perdas financeiras que podem, inclusive, gerar sua falência. 9 UNIDADE 1 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES A ocorrência de sinistro de Danos Materiais é o que chamamos de fato gerador do risco no Seguro de Lucros Cessantes. O segurado, para ficar protegido plenamente contra essas perdas, deve con- tratar o Seguro de Danos Materiais para garantir a reposição dos bens físicos que possam ser destruídos por sinistros de Danos Materiais, e o Seguro de Lucros Cessantes para garantir a reposição das perdas financeiras (perdas de lucro) consequentes da paralisação das atividades da empresa em virtu- de da indisponibilidade dos bens físicos destruídos pelo sinistro. Sinistro de Danos Materiais Perda Financeira Seguro de Lucros Cessantes Perturbação ou Paralisação do Movimento de Negócios Danos no Patrimônio Físico Seguro de Danos Materiais PROTEÇÃO PROTEÇÃO O SEGURO DE LUCROS CESSANTES NO MERCADO BRASILEIRO O Seguro de Lucros Cessantes foi regulamentado em 1948, pela Por- taria 5 do extinto DNSPC, atual SUSEP, tendo o IRB – atual IRB-Brasil Resseguros S.A. – começado a operar na carteira em 1951, época em que, efetivamente, o seguro foi introduzido no mercado brasileiro. O mode- lo adotado foi a apólice standard utilizada pelos ingleses, bem como suas reformulações, devidamente adaptadas às condições do nosso mercado. Atualmente, o Ramo Lucros Cessantes (Código Susep 01.41) é respon- sável por menos de 1% dos prêmios arrecadados pelo mercado segu- rador brasileiro. Essainexpressiva participação deve-se a diversas razões, entre as quais citamos: 10 UNIDADE 1 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES ■ falta de pessoal tecnicamente habilitado; ■ falta de programas de divulgação; ■ dificuldades de obter informações fidedignas da contabilidade das empresas; ■ complexidade e dificuldades nas regulações de sinistros; e ■ principalmente porque a Cobertura de Lucros Cessantes está sen- do contratada através de outros ramos, como Seguros Compreen- sivos (Multirriscos Empresariais e Condomínios), Riscos Nomeados e Riscos Operacionais, e Riscos de Engenharia. A cobertura do Seguro de Lucros Cessantes é fundamental para as empre- sas. Os corretores de seguros devem analisar com muita atenção as necessidades de seus clientes, pois as perdas financeiras decorrentes da paralisação dos negócios de uma empresa podem ser enormes, e, se não forem indenizadas, podem gerar até a falência dessa empresa. Portanto, é aconselhável que os corretores de seguros ofereçam aos seus clientes a contratação do Seguro de Lucros Cessantes, porque se não o fizerem, poderão ser responsabilizados por omissão e até obrigados a indenizá-los das perdas sofridas que poderiam ser cobertas por esse segu- ro, que não foi contratado porque o corretor não o ofereceu. Os clientes podem alegar que as perdas poderiam ser cobertas pelo segu- ro e não o foram porque o corretor não cumpriu sua obrigação de orientar o segurado. Se o cliente não quiser contratar a cobertura, é importante que o corretor tenha como comprovar que a opção foi do segurado. REQUISITOS BÁSICOS PARA CONTRATAÇÃO Para contratar o Seguro de Lucros Cessantes, no Brasil, a empresa deve- rá atender aos seguintes requisitos: ■ estar devidamente inscrita no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ/MF); ■ possuir contabilidade organizada; e ■ possuir Seguro de Danos Materiais que garanta a cobertura das perdas materiais causadas pelos eventos para os quais deseja a cobertura de Lucros Cessantes. 11 UNIDADE 1 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Possuir uma perfeita organização contábil é aspecto fundamental na con- tratação desse seguro, pois, através dos dados contábeis, são fixados os valores seguráveis e, em caso de ocorrência de sinistro, apuradas as per- das decorrentes. É imprescindível, portanto, que os registros contábeis estejam organizados e acessíveis. A exigência do Seguro de Danos Materiais, feita pelo segurador, visa garantir a reposição dos bens materiais atingidos em caso de sinistro, per- mitindo ao segurado retornar mais facilmente, e com maior rapidez, ao rit- mo normal das suas atividades. Exemplo: a empresa que deseje contratar o Seguro de Lucros Cessan- tes decorrente de alagamento deverá ter seu patrimônio físico amparado por um Seguro de Danos Materiais, seja pelo Seguro Riscos Diversos – Modalidade Alagamento, seja pela Cobertura Adicional de Alaga- mento do Seguro Compreensivo Multirriscos ou, ainda, pelo Seguro de Riscos Nomeados ou de Riscos Operacionais. Multirriscos Seguros que oferecem coberturas concedidas pelos diversos ramos de seguro, sendo a cobertura principal (básica) contra Incêndio, Queda de Raio e Explosão de Qualquer Natureza. São seguros regidos pelas normas e condições estabelecidas por cada seguradora, desde que aprovadas pela SUSEP. Riscos Nomeados Seguros que oferecem coberturas concedidas pelos diversos ramos de seguro, sendo a cobertura principal (básica) contra Incêndio, Queda de Raio e Explosão de Qualquer Natureza. Por se tratar de seguros que envolvem valores elevadíssimos, as normas e condições são estabelecidas pelas seguradoras, porém, além da aprova- ção da SUSEP, elas precisam ser aceitas pelos resseguradores, que, nor- malmente, garantem a maior parte do risco. Riscos Operacionais Seguros que se caracterizam pela cobertura do tipo All Risks, isto é, abran- gendo todas as perdas ou os danos materiais causados aos bens segura- dos, exceto os formalmente considerados excluídos em suas condições. Por se tratar de seguros que envolvem valores elevadíssimos, as normas e condições são estabelecidas pelas seguradoras, porém, além da aprova- ção da SUSEP, elas precisam ser aceitas pelos resseguradores, que, nor- malmente, garantem a maior parte do risco. 12 UNIDADE 1 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES EVENTOS COBERTOS Os eventos cobertos pelo Seguro de Lucros Cessantes são os acidentes a que estão sujeitos os bens da empresa segurada, devidamente especifi- cados na apólice, que podem causar paralisações ou perturbações no seu movimento de negócios. São passíveis de serem abrangidos pelo Seguro de Lucros Cessantes todos os eventos que possam gerar danos materiais aos bens do segu- rado, causando redução ou paralisação de seus negócios. Logo, todas as coberturas de Seguros de Danos Materiais que garantem esses even- tos podem ser conjugadas à cobertura de Lucros Cessantes. O segura- do deverá definir quais são os eventos que deseja garantir na apólice de lucros cessantes. Nas apólices atuais, as mais utilizadas são: ■ Incêndio/Queda de Raio/Explosão de Qualquer Natureza; ■ Danos Elétricos; ■ Vendaval, Furacão, Ciclone, Tornado, Granizo, Queda de Aerona- ves, Impacto de Veículos Terrestres e Fumaça; ■ Tumultos (podendo-se optar pela inclusão de Atos Dolosos); ■ Alagamento; ■ Quebra de Máquinas; ■ Desmoronamento; ■ Deterioração de Mercadorias em Ambiente Frigorificados; e ■ Derrame ou Vazamento de Sprinklers. A cobertura conjugada pode se dar através de apólices distintas (uma de Danos Materiais e outra de Lucros Cessantes) ou apólice única (Compreen- sivos Multirriscos ou Riscos Nomeados ou Riscos Operacionais; nesse caso, Lucros Cessantes é considerada cobertura adicional ou uma seção II da apólice). É aconselhável que seja emitida uma única apólice e, se forem emitidas apólices distintas, devem ser na mesma Seguradora, pois isso facilitará a regulação e a liquidação de um eventual sinistro. 13 UNIDADE 1 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES OBJETO DO SEGURO Nos Seguros de Danos Materiais, os bens cobertos são bens móveis (máqui- nas, móveis, mercadorias, matérias-primas) e imóveis (prédios), ou seja, bens físicos suscetíveis a eventos que poderão destruí-los ou danificá-los. Exemplo: basta olhar para um prédio que sofreu um incêndio para ver que será necessário reparar os danos ou até mesmo reconstruí-lo. Observação Já no Seguro de Lucros Cessantes, o objeto é a manutenção da operacionalidade e da lucratividade da empresa, sendo as perdas ocorridas identificadas através da análise dos relatórios financeiros elaborados pela contabilidade. RISCO COBERTO O risco coberto pelo Seguro de Lucros Cessantes é a perda de lucro bruto gerada pela paralisação total ou parcial nos negócios da empre- sa, em virtude de danos materiais causados por eventos cobertos, em que qualquer dos bens móveis ou imóveis existentes no local venham a ser danificados ou destruídos em consequência desses eventos. A responsabilidade no Seguro de Lucros Cessantes sempre estará condi- cionada às limitações ou às restrições impostas pelas condições do Segu- ro de Danos Materiais. Desse modo, se o evento ocorrido não estiver coberto pelo Seguro de Danos Materiais, o Seguro de Lucros Cessantes também não irá cobri-lo. Para que o Seguro de Lucros Cessantes garanta a cobertura, é necessá- rio que o Seguro de Danos Materiais reconheça que o evento ocorrido está coberto. Logo, se os danos sofridos pelos bens segurados, em consequência do evento, não estiverem cobertos pela apólice de Danos Materiais, a apólice de Lucros Cessantes, do mesmo modo, não cobrirá as perdas de lucro resultantes desse evento. Os eventos ocorridos estarão cobertos pelo Seguro de Lucros Cessantes sempre que as condições do Seguro de Danos Materiais reconheçam que esses danos estão garantidos pela apólice de Danos Materiais. Lembre-se O risco coberto é a perda de lucro brutogerada pela paralisação total ou parcial nos negócios da empresa decorrente de um dano material, causado por um evento coberto. 14 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE LUCROS CESSANTES FIXANDO CONCEITOS 1 Marque a alternativa correta 1. Com relação ao Seguro de Lucros Cessantes, as ocorrências de sinistros de Danos Materiais podem ser entendidas como sendo: (a) As perdas decorrentes da paralisação ou redução das atividades. (b) Algo neutro em relação às perdas decorrentes da paralisação ou da redução das atividades. (c) Amparados pela cobertura de Lucros Cessantes. (d) O fato gerador do risco de Lucros Cessantes. (e) A diferença entre perdas e prejuízos relativos à deficiência de seguro. 2. O objeto do Seguro de Lucros Cessantes: (a) É a manutenção da operacionalidade e lucratividade da empresa. (b) São exclusivamente os bens imóveis da empresa. (c) São exclusivamente as mercadorias e as matérias-primas da empresa. (d) São exclusivamente os bens móveis da empresa. (e) São todos os bens móveis e imóveis da empresa. 3. Entende-se por riscos cobertos pelo Seguro de Lucros Cessantes: (a) A perda do patrimônio físico da empresa, pela ocorrência de sinistro de Danos Materiais de evento coberto. (b) A perda do lucro bruto, gerada pela paralisação total ou parcial dos negócios da empresa, em virtude de ocorrência de sinistro de Danos Materiais de evento coberto. (c) A perda do patrimônio físico e, consequentemente, a perda do lucro bruto, gerada pela paralisação total ou parcial dos negócios da empresa, em virtude de ocorrência de sinistro de Danos Materiais de evento coberto. (d) A perda do lucro bruto, gerada pela paralisação total ou parcial dos negócios da empresa, pela ocorrência de sinistro de Danos Mate- riais de qualquer evento. (e) A perda do lucro bruto, gerada pela paralisação total ou parcial dos negócios da empresa, em consequência de instabilidade econômica do país. 15 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE LUCROS CESSANTES 4. Assinale com “v” as afirmativas verdadeiras e com “f”, as falsas É requisito básico para a empresa contratar o Seguro de Lucros Cessantes: ( ) Dedicar-se exclusivamente a atividades industriais. ( ) Possuir Seguro de Danos Materiais para os eventos contra os quais deseja se garantir. ( ) Estar inscrita no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ/MF). ( ) Possuir contabilidade organizada, a partir da qual poderão ser fixa- dos os valores seguráveis. ( ) Estar constituída como sociedade anônima. Agora assinale a alternativa correta: (a) V, V, F, V, F (d) F, V, V, V, F (b) F, V, F, V, F (e) V, V, V, V, V (c) V, V, V, F, V Marque a alternativa correta 5. A principal causa da inexpressiva participação do ramo Lucros Cessan- tes nos prêmios de seguros arrecadados pelo mercado segurador brasi- leiro é a(o): (a) Contratação da cobertura de Lucros Cessantes em outros ramos. (b) Facilidade na regulação e na liquidação de sinistros. (c) Programa de divulgação do ramo. (d) Baixo comissionamento pago ao corretor. (e) Falta de capacidade financeira das seguradoras. 6. Os acidentes a que estão sujeitos os bens da empresa segurada, que podem provocar a paralisação no seu movimento de negócios, são defini- dos em Lucros Cessantes como: (a) Eventos cobertos (d) Perdas financeiras (b) Riscos excluídos (e) Bens cobertos (c) Riscos cobertos 16 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE LUCROS CESSANTES 7. A exigência que se faz às empresas que desejam contratar o Seguro de Lucros Cessantes, de que possuam Seguro de Danos Materiais, tem por objetivo: (a) Vender mais uma apólice de seguro, gerando, assim, maior receita para as seguradoras. (b) Preservar o patrimônio do acionista da empresa, pois, se não for feito o seguro, a empresa pagará vultosas multas. (c) Garantir a reposição dos bens imóveis e móveis atingidos em caso de sinistro, permitindo ao segurado retornar mais facilmente, e com maior rapidez, ao ritmo normal de suas atividades. (d) Aumentar o valor da importância segurada total, para gerar uma indenização maior que as perdas sofridas em caso de sinistro. (e) Permitir à empresa escolher entre a reposição das perdas ocorridas com os danos materiais e as perdas decorrentes da paralisação de suas atividades. 17 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES 02 GARANTIA do SEGURO ■ Conceituar lucro segurável em Seguro de Lucros Cessantes. ■ Compreender o cálculo do lucro bruto em Seguro de Lucros Cessantes. ■ Conceituar lucro líquido segurável em Lucros Cessantes. ■ Distinguir despesas fixas de despesas variáveis. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Entender como a condição econômico-financeira de uma empresa pode influenciar na contratação do Seguro de Lucros Cessantes. ■ Conceituar movimento de negócios. ■ Compreender o cálculo da margem de lucro bruto de uma empresa. DESPESAS FIXAS DESPESAS VARIÁVEIS CONDIÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DE UMA EMPRESA PARTICIPAÇÃO DO LUCRO BRUTO NO MOVIMENTO DE NEGÓCIOS DA EMPRESA FIXANDO CONCEITOS 2 TÓPICOS DESTA UNIDADE de LUCROS CESSANTES 18 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES O interesse segurável no Seguro de Lucros Cessantes é o lucro bruto, mas não é o mesmo daquele apresentado na Contabilidade. Para o segu- ro de lucros cessantes, o lucro bruto é aquele que pode ser perdido em função da paralisação do negócio do segurado. O lucro bruto contábil é a diferença entre as vendas (receita líquida) e os custos dos produtos ou mercadorias vendidos ou serviços prestados. O Seguro de Lucros Ces- santes vai indenizar as perdas financeiras ocorridas, ou seja, o lucro bruto que o segurado deixou de obter devido ao sinistro. Portanto, o lucro bruto segurável corresponderá ao lucro líquido que o segurado não obteve em virtude da paralisação, somado às despesas fixas (aquelas que ele terá de realizar mesmo sem ter receita para financiá-las). O esquema a seguir nos permite uma visualização melhor dos conceitos apresentados. Despesas Fixas Lucro Líquido Despesas Variáveis Preço de Venda Despesas Fixas Despesas Fixas Despesas Variáveis Preço Total de Custo Lucro Bruto Segurável Lucro Líquido Lucro Bruto = Lucro Líquido + Despesas Fixas 19 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES LUCRO LÍQUIDO O lucro líquido é o resultado da diferença entre o total das receitas e o total das despesas mais custos realizados para gerar essas receitas, ou seja, é o resultado diretamente gerado pelas atividades operacionais da empresa. Não são computados, na sua apuração, as rendas de capital e as despesas a elas atribuíveis. Lucro líquido é a diferença entre a receita gerada pela venda dos produtos, mercadorias ou serviços prestados e o seu custo total (quanto custou para os produtos ou as mercadorias serem vendidos ou para a prestação dos ser- viços, mais todas as despesas realizadas pela empresa em sua operação). Simplificadamente podemos defini-lo como o lucro líquido operacional que consta das demonstrações contábeis. DESPESAS FIXAS São aquelas despesas normalmente suportadas pela empresa, durante cada exercício financeiro, independentemente do volume produzido ou negociado, e que perduram mesmo após a ocorrência de sinistro que paralise ou reduza suas atividades. A definição das despesas fixas a serem incluídas no seguro exige uma prévia e criteriosa análise contábil do plano de contas da empresa, realizada com o assessoramento do seu contador. Será necessário que se identifiquem os gastos fixos que, muitas vezes, estão incluídos, sob títulos gerais, no plano contábil. Não é aconselhável a exclusão de quaisquer despesas fixas da cobertura do Seguro de Lucros Cessantes, porque o segurado não será indenizado por todas as perdas que poderá sofrer. O ideal é que seja garantida a tota- lidade das despesas fixas. Neste caso, basta declarar que todas as des- pesas fixas serão cobertas pelo seguro (não é necessário discriminá-las).Porém, se o cliente optar pela contratação de somente parte de suas despesas fixas, estas devem ser identificadas, na apólice, com o mes- mo nome constante do plano de contas da empresa. O conjunto des- tas despesas fixas seguradas pela apólice é chamado de despesas fixas especificadas. Saiba mais Rendas de capital São os resultados positivos de investimentos realizados. Também são chamadas de ganhos financeiros. Despesas atribuíveis São as despesas decorrentes da realização de investimentos. Exemplos: comissões pagas, taxas de administração financeira. Lembre-se Quer a empresa produza ou quer comercialize uma unidade ou um milhão de unidades, as despesas fixas não se alteram. Independentemente de a empresa estar funcionando à plena carga ou não, ou mesmo que ela esteja paralisada, as despesas fixas perduram. 20 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES São exemplos de despesas fixas: ■ salários e ordenados; ■ honorários; ■ FGTS; ■ indenizações; ■ aviso prévio; ■ contribuições para a Previdência Social (INSS); ■ Seguros (exceto o de Transportes); ■ energia elétrica (das instalações gerais, não ligadas à produção); ■ gás (das instalações gerais, não ligadas à produção); ■ água (das instalações gerais, não ligadas à produção); ■ telefone; ■ portes e telegramas, telex; ■ despesas com limpeza; ■ assistência: médico-hospitalar, jurídica, contábil, administrativa, técnica; ■ contribuições e associações; ■ impostos em geral, desde que não ligados à produção, como IPTU e IPVA (atenção: ICMS, ISS, IPI não são despesas fixas, por esta- rem ligados à produção/venda e, assim, não perduram em caso de paralisação – total ou parcial – da empresa, quando de um sinistro de dano material); ■ propaganda e publicidade; ■ revistas, jornais, livros técnicos; ■ despesas da área de Relações Públicas; ■ conservação e manutenção; ■ aluguéis; ■ vigilância; ■ juros sobre empréstimos; ■ depreciação do ativo; e ■ amortizações. Depreciação Fator contábil redutor do Ativo Permanente Imobilizado, baseado na existência, no uso e na conservação dos bens relacionados nesse ativo. Amortização Parcela dos gastos alocados no exercício financeiro decorrente de fator redutor do Ativo Diferido, ou seja, gastos/investimentos realizados em outros exercícios que são pulverizados em vários exercícios financeiros, devido ao seu vulto e porque servirá à empresa por vários anos, como, por exemplo, despesas pré-operacionais, gastos com pesquisas e desenvolvimento de produtos, dentre outros. 21 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES DESPESAS VARIÁVEIS São as despesas ligadas à produção ou à venda, que não perduram após a ocorrência de sinistro coberto que cause paralisação da empresa. Comentário As despesas variáveis não estão abrangidas pelo Seguro de Lucros Cessantes, pois como deixam de existir quando ocorre o sinistro que paralisa a atividade do segurado, não terão que ser realizadas. Logo, este tipo de despesa não precisará ser ressarcido pelo seguro e, portanto, não irá compor o lucro bruto segurável. Como exemplos de despesas variáveis, temos: ■ consumo de matérias-primas; ■ fretes; ■ ICMS, IPI, ISS; e ■ PIS, COFINS, Imposto de Renda. (Em geral, os tributos ligados à produção/venda.) CONDIÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DE UMA EMPRESA A análise econômico-financeira de uma empresa é realizada através de suas demonstrações contábeis: ■ Balanço Patrimonial: retrato da situação econômico-financeira em determinado momento. ■ Demonstração do Resultado do Exercício: receitas e despesas auferidas pela empresa em determinado período. ■ Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos: variações do capital de giro ou capital circulante. ■ Fluxo de Caixa: movimentação (entradas e saídas) de recursos financeiros da empresa. 22 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES A condição econômico-financeira de uma empresa em funcionamento só pode apresentar uma das três situações abaixo: ■ a empresa opera com lucro; ■ a empresa opera com resultado nulo; ou ■ a empresa opera com prejuízo. É com base nessas possíveis situações que o Seguro de Lucros Ces- santes opera. — A Empresa Opera com Lucro Líquido É a situação ideal, pretendida por todos os empresários. Nesse caso, a cobertura do Seguro de Lucros Cessantes tem por objetivo indenizar o lucro bruto que a empresa obteria em condições normais de funcionamento, ou seja, o lucro líquido somado às despesas fixas. Lucro Bruto Segurável = Lucro Líquido + Despesas Fixas Despesas Fixas Lucro Líquido Despesas Variáveis Preço de Venda Despesas Fixas Despesas Fixas Despesas Variáveis Total Preço Total de Custo Lucro Bruto Segurável Lucro Líquido 23 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Estudo de Caso 1 Dados apurados pela Contabilidade da Empresa A Movimento de Negócios (Vendas) R$ 100.000,00 Despesas Fixas (R$ 30.000,00) Despesas Variáveis (R$ 60.000,00) Total das Despesas (R$ 90.000,00) Lucro Líquido R$ 10.000,00 Lucro Bruto Segurável = R$ 10.000,00 + R$ 30.000,00 = R$ 40.000,00 R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 R$ 10.000,00 R$ 10.000,00 R$ 60.000,00 R$ 60.000,00 Preço Total de Custo Preço de Venda Lucro Bruto Segurável — A Empresa Opera com Resultado Nulo A situação, embora difícil de ocorrer na prática, é bastante didática para o estudo desse seguro. Caracteriza-se pelo preço de venda ser equivalente ao preço total de custo. No caso, a cobertura tem por objetivo indenizar as despesas fixas (pois não há lucro líquido). Lucro Bruto Segurável = Despesas Fixas Despesas Fixas Despesas Fixas Despesas Fixas Despesas Variáveis Despesas Variáveis Preço Total de Custo Preço de Venda Lucro Bruto Segurável 24 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Estudo de Caso 2 Dados apurados pela Contabilidade da Empresa B Movimento de Negócios (Vendas) R$ 100.000,00 Despesas Fixas (R$ 30.000,00) Despesas Variáveis (R$ 70.000,00) Total das Despesas R$ 100.000,00 Lucro Líquido Zero Lucro Bruto Segurável = R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 R$ 70.000,00 R$ 70.000,00 Preço Total de Custo Preço de Venda Lucro Bruto Segurável — A Empresa Opera com Prejuízo Podemos afirmar que, se a empresa opera com prejuízo, os custos são superiores às vendas; logo o lucro líquido é negativo (representação mate- mática para o prejuízo, em que a empresa estava). É a situação empresarial mais desfavorável, mas nem por isso seria desvan- tajosa ou desaconselhável a contratação do Seguro de Lucros Cessantes. Pelo contrário, nesse caso, o objetivo seria o de não permitir o agra- vamento da situação econômico-financeira da empresa, mantendo o mesmo nível de prejuízo que havia antes do sinistro. Lembre-se de que o seguro jamais pode proporcionar lucro ao segurado. Então, se por ocasião do sinistro a empresa atuava com prejuízo, o máximo que poderia obter do Seguro de Lucros Cessantes seria a mesma situação de prejuízo em que se encontrava antes. O seguro, nesse caso, terá como objetivo indenizar a diferença entre o total das despesas fixas e o prejuízo, ou seja, o objetivo do seguro será financiar a parcela das despesas fixas que as vendas financiariam se não tivesse ocorrido o sinistro. 25 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Se o lucro líquido é negativo (prejuízo), o lucro bruto é o resultado da seguinte equação: Lucro Bruto = (– Lucro Líquido) + Despesas Fixas Ou seja: se a empresa apresenta prejuízo, a equação será a seguinte: Lucro Bruto Segurável = Despesas Fixas – Prejuízo Verifica-se que assim é alcançado o objetivo do Seguro de Lucros Cessan- tes, pois, ao indenizar a parte das despesas fixas que são financiadas pelas receitas da empresa, evita-se que o segurado obtenha prejuízos maiores que ocorreriam em uma situação normal sem sinistros, ou seja, restabelece a situação financeira que seria alcançada se não houvesse o sinistro.Estudo de Caso 3 Dados apurados pela Contabilidade da Empresa C Movimento de Negócios (Vendas) R$ 100.000,00 Despesas Fixas (R$ 30.000,00) Despesas Variáveis (R$ 120.000,00) Total das Despesas (R$ 150.000,00) Lucro Líquido (R$ 50.000,00) Lucro Bruto Segurável = R$ 30.000,00 – R$ 50.000,00 = (R$ 20.000,00) Despesas Fixas R$ 30.000 Prejuízo R$ 50.000 Despesas Variáveis R$ 120.000 Vendas R$ 100.000 Preço Total de Custo Preço de Venda Lucro Bruto Segurável Nesse caso, temos um lucro bruto segurável negativo, o que significa que as receitas (vendas) da empresa não conseguem pagar suas despesas fixas, ou seja, se a empresa deixar de operar, obterá um melhor resultado (seu prejuízo será menor). 26 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES A Empresa C não tem lucro a perder, portanto, não deve fazer o Seguro de Lucros Cessantes. Estudo de Caso 4 Dados apurados pela Contabilidade da Empresa D Movimento de Negócios (Vendas) R$ 100.000,00 Despesas Fixas (R$ 30.000,00) Despesas Variáveis (R$ 90.000,00) Total de Despesas (R$ 120.000,00) Lucro Líquido (Prejuízo) (R$ 20.000,00) Lucro Bruto Segurável = R$ 30.000,00 – R$ 20.000,00 = R$ 10.000,00 Despesas Fixas R$ 30.000 Prejuízo R$ 20.000 Despesas Variáveis R$ 90.000 Vendas R$ 100.000 R$ 10.000 Preço Total de Custo Preço de Venda Lucro Bruto Segurável Repare que o caso da Empresa D é diferente. Embora suas receitas (ven- das) não consigam pagar a totalidade das suas despesas fixas, uma parte destas despesas é paga. Logo, se houver uma paralisação dos negó- cios, como a empresa irá pagar esta parte das despesas? Ou seja, diferentemente da Empresa C, a Empresa D tem lucro a perder. Portanto, poderá contratar o Seguro de Lucros Cessantes para cobrir a parcela das despesas fixas que suas receitas conseguem pagar quando a empresa está operando. 27 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Conclusão O Seguro de Lucros Cessantes ampara a empresa que opera obtendo lucro líquido (Empresa A); a que opera obtendo nem lucro líquido nem prejuízo (Empresa B); e até a que opera obtendo prejuízo (Empresa D). O lucro bruto segurável é igual à diferença entre o valor das vendas (faturamento) e as Despesas Variáveis (incluindo-se nestas despesas, os custos de venda, de produção ou de prestação de serviços), sempre que o valor das vendas ultrapassar as Despesas Va- riáveis. A empresa será indenizada, em caso de sinistro, das perdas geradas pela redução do faturamento, ou seja, do lucro bruto perdido. No caso de o faturamento (vendas) da empresa ser igual ou inferior às suas despe- sas variáveis, o Seguro de Lucros Cessantes não se aplicará, porque o interesse segurável, que é o lucro bruto, não existirá (como é o caso da empresa C). PARTICIPAÇÃO DO LUCRO BRUTO NO MOVIMENTO DE NEGÓCIOS DA EMPRESA — Movimento de Negócios É considerado movimento de negócios de uma empresa o total das quan- tias pagas ou devidas ao empresário segurado, por mercadorias ou produ- tos vendidos ou por serviços prestados, no curso das atividades industriais, comerciais ou de serviços realizadas nos locais cobertos pelo seguro. É o resultado monetário bruto da atividade empresarial, ou seja, o valor que o empresário segurado recebe por suas vendas ou prestação de serviços. O movimento de negócios corresponde às receitas operacionais líqui- das, ou, simplesmente, ao faturamento (vendas líquidas). A análise do movimento de negócios da empresa servirá de base para a determinação dos valores a segurar, bem como para a apuração das perdas financeiras sofridas em decorrência de sinistro. Além das condições gerais, no Seguro de Lucros Cessantes, por suas par- ticularidades, são incluídas definições e especificações, de acordo com a atividade desenvolvida pelo segurado. Essas definições e especificações descrevem quais são os critérios que serão utilizados para a apuração do Valor em Risco, bem como quais são as perdas cobertas pela apólice e como essas perdas serão apuradas no momento do sinistro. 28 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Para empresas comerciais e de prestação de serviços, utiliza-se apenas a especificação movimento de negócios (vendas). Já para empresas industriais, para as quais são exigidos maiores detalha- mentos, além da apuração pela especificação movimento de negócios (vendas), poderão ser utilizadas, de acordo com o tipo de indústria, as espe- cificações produção (unidades ou valor de venda) ou consumo, a saber: Produção (unidades) Utilizada para indústrias que fabricam um único tipo de produto; Produção (valor de venda) Utilizada para indústrias que fabricam vários produtos e utilizam diversas matérias-primas; e Consumo Utilizada para indústrias que fabricam mais de um produto e con- somem uma única matéria-prima. Comentário Essas especificações são complementares à especificação movimento de negócios (venda) e foram incluídas no Seguro de Lucros Cessantes com o objetivo de resolver problemas relacionados à regulação de sinistros em indústrias. Assim, utilizando-se as definições de produção (unidades ou valor de venda) e consu- mo, ficará evidente a queda na produção de produtos prontos (assim como a queda no consumo de matérias-primas), acarretando a redução de estoques do segurado para suprir as vendas (movimento de negócios). Portanto, a seguradora indenizará o lucro perdido, proporcionado pela redução da produção ou consumo na indústria segurada. 29 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Exemplo Uma indústria de sapatos contratou uma apólice de Seguro de Lucros Cessantes decorrentes do evento Incêndio por um período indenitário de 3 meses. Alguns dias depois, o local segurado foi atingido por um sinistro de incêndio, que só causou danos materiais ao setor de produção. Em consequência disso, a indústria passou a produzir apenas 50% dos sapatos que produzia normalmente. Como havia sapatos estoca- dos, que não foram danificados pelo sinistro, as vendas dessa indústria realizaram-se normalmente durante os 3 meses que foram necessários para o retorno da produção (normalização de suas atividades), apesar de a reposição do estoque ter ficado limitada a apenas 50% das saídas desses produtos prontos do depósito. Se a seguradora fizesse a apuração das perdas de lucro apenas com base na definição movimento de negócios, concluiria que não houve perda nesses 3 meses, o que seria injusto com o segurado. Por isso é que, em casos como esses, utilizam-se as definições produção (unidades ou valor de venda) ou consumo, porque somente através da aná- lise da queda na fabricação de produtos prontos ou no consumo de matérias-primas é que serão verificadas as perdas financeiras ocorridas que serão cobertas pelo Seguro de Lucros Cessantes. Isso é necessário porque o Seguro de Lucros Cessantes objetiva restabelecer as mesmas condições financeiras existentes, na empresa segurada, antes da ocorrência do sinistro. — Margem de Lucro Bruto O lucro bruto segurável é representado pela soma do lucro líquido com as despesas fixas. Então, podemos afirmar que a participação desse lucro bruto no movimento de negócios da empresa é denominada mar- gem de lucro bruto e costuma se apresentar como a relação percentual entre o lucro bruto segurável (somatório das despesas fixas com o lucro líquido, se houver) e o movimento de negócios. Margem de Lucro Bruto = Lucro Bruto Segurável x 100 Movimento de Negócios Ou seja, a margem de lucro bruto é a percentagem que o lucro bruto segurável representa no movimento de negócios da empresa. Entende-se como margem de lucro bruto, a parcela máxima do faturamento (movimento de negócios) que é garantida pelo Seguro de Lucros Cessantes. A finalidade de se conhecer a margem de lucro bruto da empresa é faci- litar a determinação da importância segurada e a apuração do valor em risco e da indenização cabível, em caso de sinistro.30 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Para a contratação do Seguro de Lucros Cessantes, é fundamental a corre- ta identificação das despesas fixas, o cálculo do lucro líquido e a definição do movimento de negócios (faturamento). Exemplo Movimento de Negócios (Vendas) R$ 100.000,00 Despesas Fixas (R$ 20.000,00) Despesas Variáveis (R$ 70.000,00) Total das Despesas (R$ 90.000,00) Lucro Líquido R$ 10.000,00 (R$ 100.000 – R$ 90.000) Lucro Bruto Segurável R$ 30.000,00 (R$ 10.000 + R$ 20.000) Margem de Lucro Bruto = (R$ 30.000,00 ÷ R$ 100.000,00) × 100 = 30% Neste caso, o lucro bruto segurável representa 30% do movimento de negócios (vendas) da empresa, sendo, portanto, a parcela máxima do faturamento que será garantida pelo Seguro de Lucros Cessantes. Aplicação prática Calcule a margem de lucro bruto para o Seguro de Lucros Cessantes de uma empresa, que apresenta os seguintes dados contábeis: Despesas Fixas: R$ 1.000.000,00 Despesas Variáveis: R$ 1.200.000,00 Prejuízo: R$ 200.000,00 Movimento de Negócios (Vendas): R$ 2.000.000,00 Solução: 1o Passo – como não foi dado o valor do lucro bruto, teremos de calculá-lo. Verifica-se que a empresa não opera com lucro líquido, mas com prejuízo. Portanto, o seguro irá garantir a parcela das despesas fixas que superam o prejuízo, ou seja: Lucro Bruto = Despesas Fixas – Prejuízo Lucro Bruto = R$ 1.000.000,00 – R$ 200.000,00 = R$ 800.000,00 2o Passo – Cálculo da Margem de Lucro Bruto, em que: Margem de Lucro Bruto = (R$ 800.000,00 ÷ R$ 2.000.000,00) × 100 = 40% 31 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE LUCROS CESSANTES FIXANDO CONCEITOS 2 Marque a alternativa correta 1. A participação do lucro bruto no movimento de negócios da empresa é obtida: (a) Com base nos valores, em estoque, dos produtos acabados na data do evento. (b) Pela soma lucro líquido + despesas fixas, dividida pelo movimento de negócios. (c) Pela soma lucro bruto + despesas fixas, dividida pelo movimento de negócios. (d) Pela soma lucro líquido + despesas variáveis, dividida pelo movimen- to de negócios. (e) Pela soma gastos adicionais + despesas com instalação em novo local, dividida pelo movimento de negócios. 2. Se uma determinada empresa opera com prejuízo, o objetivo do Seguro de Lucros Cessantes é o de indenizar: (a) A rentabilidade positiva da empresa. (b) As despesas variáveis. (c) Somente os gastos adicionais. (d) A diferença entre as despesas fixas e o prejuízo. (e) A soma do lucro bruto com as despesas fixas. 3. As especificações produção (unidades), produção (valor de venda) e consumo: (a) São típicas de riscos comerciais. (b) Não são utilizadas, em nenhuma circunstância, nos sinistros de Lucros Cessantes. (c) Aplicam-se a riscos industriais e são complementares à especifica- ção movimento de negócios. (d) São aplicáveis quando uma loja comercial é paralisada por impedi- mento de acesso. (e) Aplicam-se aos riscos comerciais, mas não são complementares à especificação movimento de negócios. 32 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE LUCROS CESSANTES 4. Assinale com “V” as afirmativas verdadeiras e com “F”, as falsas No Seguro de Lucros Cessantes, com relação à cobertura de despesas fixas: ( ) O segurado poderá decidir se garantirá total ou parcialmente as des- pesas fixas. ( ) Despesas fixas são aquelas que perduram após a ocorrência do sinistro. ( ) Somente as despesas variáveis relacionadas na apólice serão indenizadas. ( ) As despesas fixas relacionadas na apólice são denominadas despe- sas fixas especificadas. ( ) O segurado poderá garantir a totalidade das despesas variáveis. Agora assinale a alternativa correta: (a) F, F, V, V, V (d) V, F,V, V, V (b) V, V, F, F, V (e) V, V, F, V, F (c) F, V, V, F, V Marque a alternativa correta 5. As chamadas despesas variáveis, no Seguro de Lucros Cessantes, são aquelas que: (a) Aumentam em demasia, por causa do sinistro. (b) Simplesmente deixam de existir, após um sinistro com perda total. (c) Significam a mesma coisa que gastos adicionais. (d) Somadas às despesas fixas, perfazem aquilo que se chama de lucro bruto para efeito de seguro. (e) A rigor não existem, pois todas as despesas de uma empresa são fixas. 6. No Seguro de Lucros Cessantes, a expressão “movimento de negócios” significa: (a) Os gastos com propaganda e publicidade da empresa segurada. (b) A movimentação de mercadorias no espaço físico da indústria. (c) A transferência de estoques da matriz para as filiais da empresa. (d) O total das quantias que o segurado receberá quando vender esto- ques acmulados e salvados após o sinistro. (e) O total das quantias pagas ou devidas ao segurado por mercadorias vendidas ou por serviços prestados no curso das atividades, nos locais mencionados na apólice. 33 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: VALOR EM RISCO E RATEIO COBERTURA BÁSICA – ABRANGÊNCIA IMPORTÂNCIA SEGURADA TAXAÇÃO FRANQUIA DEDUTÍVEL (FACULTATIVA) INDENIZAÇÃO FIXANDO CONCEITOS 3 TÓPICOS DESTA UNIDADE COBERTURA BÁSICA – FORMAS DE CONTRATAÇÃO e CARACTERÍSTICAS 03 ■ Compreender a forma de contratação do Seguro de Lucros Cessantes. ■ Conceituar e entender o funcionamento de período indenitário. ■ Entender a aplicação do rateio. ■ Entender as opções de abrangência da cobertura básica. ■ Compreender gastos adicionais. ■ Identificar as características da Cobertura de Impedimento de Acesso. ■ Entender o cálculo da Importância Segurada. ■ Entender os critérios e as consequências da inclusão de franquias no Seguro de Lucros Cessantes. ■ Compreender as etapas do processo de regulação de um sinistro de Lucros Cessantes. ■ Compreender parcelas indenizáveis. 34 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES O Seguro de Lucros Cessantes somente será acionado se ocorrer sinis- tro de Danos Materiais, de eventos previstos na apólice, que provo- quem paralisação ou a redução do movimento de negócios, e fique caracterizado que ocorreu perda de lucro bruto da empresa, em conse- quência da ocorrência desse sinistro de Danos Materiais. Portanto, o Seguro de Lucros Cessantes não pode ser considerado um “ramo puro”, pois não pode ser contratado isoladamente, mas sim, necessariamente, conjugado a outro de Danos Materiais. A empresa que desejar contratar o Seguro de Lucros Cessantes para determinado evento deverá ter apólice de seguro que garanta os danos materiais que possam ser causados por aquele evento. Exemplo: uma empresa, para contratar uma apólice de Lucros Cessantes em decorrência de incêndio, deverá possuir cobertura de incêndio, ampa- rando o seu patrimônio físico contra este evento. Assim sendo, os eventos cobertos em Lucros Cessantes são acidentes aos quais estão sujeitos os bens da empresa e que podem causar perturbações no giro de seus negócios (movimento de negócios ou faturamento ou vendas). Atenção Não é demais repetir que, teoricamente, qualquer Seguro de Dano Material pode ter sua cobertura agregada à de Lucros Cessantes mas, na prática, as situações de conju- gação mais utilizadas são feitas com as coberturas de: Incêndio; Queda de Raio; Explo- são de Gás de Uso Doméstico; Explosão de Aparelhos e Substâncias; Incêndio Resul- tante de Queimadas em Zonas Rurais; Vendaval, Furacão, Ciclone, Tornado, Granizo, Queda de Aeronaves, Impacto de Veículos Terrestres e Fumaça; Tumultos (podendo-se optar pela inclusão de Atos Dolosos); Desmoronamento; Alagamento; Derrame ou Vaza- mento de Sprinklers; Deterioração de Mercadorias em Ambientes Frigorificados; Danos Elétricos; Quebra de Máquinas. 35 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES PERÍODO INDENITÁRIO Após a ocorrência de um evento (fato gerador), haverá a necessidade de um tempo para a empresa recuperar o ritmo normal de suas atividades. Esse tempo é denominado período indenitário no Seguro de Lucros Cessan- tes, o qual deverá, obrigatoriamente, ser definido na apólice,estimado pelo segurado, expresso em meses e limitado, no máximo, a 36 meses. Período indenitário, portanto, é o tempo necessário para a empresa recu- perar o ritmo normal de suas atividades, após a ocorrência de um sinistro de Danos Materiais que provoque a paralisação ou a redução de seu movi- mento de negócios. O início do período indenitário coincide com a data da ocorrência do sinistro de Danos Materiais e seu término ocorre ou com a normalização das atividades da empresa ou quando se esgota o número de meses estabelecido na apólice para o evento ocorrido, prevalecendo o fato que ocorrer primeiro. Como o período indenitário está relacionado ao restabelecimento do movimento de negócios do segurado, e não com a reparação do dano material decorrente, mesmo que já tenha sido reparado o dano material, o período indenitário continuará até a retomada da situação financeira anterior à ocorrência do sinistro de Dano Material. Esta é uma característica própria do Seguro de Lucros Cessantes: a garantia prolonga-se no tempo, podendo até ultrapassar a vigência da apólice, dependendo da época em que ocorrer o fato gerador (sinistro de Danos Materiais) do sinistro de Lucros Cessantes e da grandeza do período indenitário. Entretanto, é necessário que o sinistro de Dano Mate- rial ocorra dentro da vigência da apólice do Seguro de Lucros Cessantes. É importante que o período indenitário seja bem dimensionado para cada evento coberto, observando-se as consequências de um sinistro (limpeza e remoção de bens destruídos; planejamentos, obtenção das licenças necessárias; reconstrução dos prédios; reinstalação de equipa- mentos; recuperação do processo produtivo), pois, de acordo com o even- to, a empresa levará mais ou menos tempo para retomar suas atividades normais. Portanto, o segurado deve fixar, na apólice, o período indenitá- rio de cada evento, de acordo com o tempo necessário a essa retomada. Obviamente, cada evento (fato gerador) pode causar danos de exten- sões diferentes, necessitando de períodos indenitários distintos. 36 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Normalmente, um incêndio é um acidente mais grave do que um dano elé- trico. Portanto, o número de meses para retomar as atividades será maior após um incêndio do que após um dano elétrico. Consequentemente, o período indenitário para o evento incêndio será maior do que aquele para danos elétricos. Exemplo Situação hipotética de um sinistro Incêndio numa indústria de autopeças, que atingiu os prédios e seus conteúdos (M.M.U e M.M.P), e para o qual foi contratado um período indenitário de 15 meses. SINISTRO CLIENTELA Peritos para avaliação de perdas Encomendas Espera Espera Recebimento Retomada dos negócios Acabamentos Instalação e montagem Testes Obras Peritos para remoção de escombros, planejamento, licenças ESTOQUES MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS 11o MÊS RETOMADA DA PRODUÇÃO 15o MÊS FIM DO P.I. CONTRATADO NA APÓLICE PRÉDIOS O período indenitário pode variar de 1 a 36 meses e é um dos parâ- metros base para a determinação da importância segurada, pois quanto maior o período indenitário, maior será o volume de lucro bruto que o segurado poderá perder com a ocorrência de um sinistro. O período inde- nitário é também determinante para o cálculo da taxa e do prêmio do seguro de lucros cessantes. 37 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Aplicação prática Por quanto tempo o segurado teria direito à indenização, pelo Seguro de Lu- cros Cessantes, com base nos dados abaixo? ■ Vigência: 01/01/18 a 01/01/19 ■ Data do sinistro de Dano Material: 01/03/18 (zero hora) ■ Data da finalização da reparação do Dano Material: 30/04/18 (24h) ■ Data da normalização das atividades por parte do segurado: 31/05/18 (24h) ■ Período indenitário fixado na apólice: 5 meses É importante lembrar que, para fins de sinistro de Lucros Cessantes, não existe relação entre o prazo do seguro (vigência) e o período indenitário, pois este começa a vigorar a partir da data do sinistro de Dano Material que cause perturbação ou paralisação no movimento de negócios do segurado. Contu- do, é necessário que o sinistro de Dano Material ocorra dentro da vigência da apólice de Lucros Cessantes. Resposta: ■ a data do sinistro de Dano Material (01/03/18) ocorreu dentro da vigência da apó- lice e, considerando que tal sinistro tenha causado perturbação no movimento de negócios do segurado, será indenizável pela apólice de Lucros Cessantes. ■ assim, o período indenitário começará a contar a partir da data do sinistro de Danos Materiais (01/03/18) e encerrar-se-á quando findar este período (previsto na apólice) ou quando se der a normalização das atividades do segurado (mesma situação finan- ceira anterior à ocorrência do sinistro). ■ pelo exemplo, como a normalização das atividades do segurado ocorreu três meses após a ocorrência do sinistro de Danos Materiais, o período indenitário coberto será de 3 meses (de 01/03/18 a 31/05/18). INÍCIO DO PI 01/01/18 30/04/18 31/05/18 01/01/1931/07/1801/03/18 FIM DO PI MÁXIMO (fixado na apólice) E se o segurado somente viesse a normalizar as suas atividades em 30/09/18, após a ocorrência do sinistro de Danos Materiais? Nesse caso, seria obedecida a limita- ção dos meses do período indenitário fixado na apólice, de 5 meses (de 01/03/18 a 31/07/18). 38 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES VALOR EM RISCO E RATEIO O Seguro de Lucros Cessantes (tradicional) é contratado a risco total, ou seja, a importância segurada deverá corresponder ao valor em risco. O valor em risco, em Lucros Cessantes, representa o volume de despesas fixas mais o lucro líquido apurado durante o período indenitário estipulado na apólice. Ou seja, o valor em risco constitui o lucro bruto que seria obtido pela empresa durante o período indenitário, caso não tivesse ocor- rido o sinistro. Se a apólice contratada for somente para despesas fixas ou somente para o lucro líquido, o valor em risco será considerado por cada cober- tura, respectivamente. Então, sendo o valor em risco superior à importância segurada, o segu- rado será considerado responsável pela diferença existente e estará, por- tanto, proporcionalmente sujeito ao mesmo risco da seguradora. Nesse caso, o valor da indenização será rateado entre a seguradora e o segurado, proporcionalmente à relação entre a importância segura- da e o valor em risco. Isso se aplica ao Seguro de Lucros Cessantes por se tratar de um seguro proporcional (sujeito à cláusula de rateio). Indenização = P x IS VR Onde: P = Prejuízo Indenizável IS = Importância Segurada VR = Valor em Risco Comentário 1. Entende-se por cláusula de rateio a cláusula comum aos seguros proporcionais a risco total (nos quais a importância segurada deve corresponder ao valor em risco). Determina ela que, por ocasião do sinistro, a importância segurada for inferior ao valor em risco, o segurado irá participar dos prejuízos, na proporção da diferença entre aquela importância segurada e o respectivo valor em risco. 2. Atualmente, a maioria das apólices é contratada a 1º risco relativo, ou seja, o segurado declara o seu valor em risco (VRD) e estipula o LMI – limite máximo de indenização. No momento do sinistro, é apurado o valor em risco (VRA). Se o VRD for menor que o VRA, será aplicado o rateio: I = P × VRD / VRA. No Brasil, é comum não se aplicar o rateio se o VRD for maior ou igual a 80% do VRA. Há, também, casos de contratações a 1º risco absoluto (sem rateio, casos nos quais são incluídas cláusulas de ajustamento do prêmio). A indenização, em qualquer caso, ficará limitada ao LMI contratado na apólice. 39 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Exemplo 1. Seguro a risco total: Prejuízo Indenizável: R$ 10.000.000.00 IS = R$ 60.000.000,00 VR = R$ 240.000.000,00 Como aIS é menor que o VR, aplica-se o rateio: I = P × IS/VR = 10.000.000 × 60.000.000 / 240.000.000 = 2.500.000 Neste caso, a indenização será de R$ 2.500.000,00. O valor da indenização é sempre limitado ao valor da IS. 2. Seguro a risco relativo: Prejuízo Indenizável: R$ 10.000.000.00 LMI = R$ 100.000.000,00 VRD = R$ 200.000.000,00 VRA = R$ 400.000.000,00 Como o VRD é menor que 80% do VRA, aplica-se o rateio: (I = P × VRD / VRA) Indenização = R$ 10.000.000 × R$ 200.000.000 / R$ 400.000.000 = R$ 5.000.000 Neste caso, a indenização será de R$ 5.000.000,00. O valor da indenização é sempre limitado ao valor do LMI. COBERTURA BÁSICA – ABRANGÊNCIA A cobertura básica do Seguro de Lucros Cessantes abrange as seguin- tes garantias: perdas de lucro, gastos adicionais e impedimento de acesso: — Perdas de Lucro A cobertura básica do Seguro de Lucros Cessantes abrange as perdas de lucro bruto, que é a principal garantia deste seguro e, levando-se em consideração a situação econômico-financeira da empresa, é facultado ao segurado garantir em sua apólice: 40 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Totalidade do lucro bruto Somatório das despesas fixas totais e do lucro líquido de determi- nada atividade. É a escolha desejável, pois, em caso de sinistro, o segurado, desde que faça a importância segurada suficiente, terá reposta a totalidade de suas perdas oriundas da paralisação das atividades cobertas pelo seguro. Lucro Bruto Segurado = Lucro Líquido + Despesas Fixas Totais Apenas a totalidade das suas despesas fixas Neste caso, o seguro não garantirá o lucro líquido que o segurado obteria caso o sinistro não tivesse ocorrido. Lucro Bruto Segurado = Despesas Fixas Totais Apenas parte das suas despesas fixas Neste caso, o segurado escolhe algumas de suas despesas fixas e as relaciona na apólice. São as chamadas despesas fixas espe- cificadas; ou seja, as demais despesas fixas e o lucro líquido de sua atividade não estarão cobertos pela apólice. Lucro Bruto Segurado = Despesas Fixas Especificadas Apenas o lucro líquido Neste caso, o segurado garantirá única e exclusivamente o lucro líquido que obteria se não paralisasse suas atividades, ou seja, não garante suas despesas fixas. Lucro Bruto Segurado = Lucro Líquido Apenas parte das despesas fixas e o lucro líquido Neste caso, o segurado exclui do seguro algumas despesas fixas, garantindo apenas as suas despesas especificadas e o lucro líqui- do de sua atividade. Lucro Bruto Segurado = Lucro Líquido + Despesas Fixas Especificadas Atenção O corretor de seguros deve orientar seus clientes a contratar o Seguro de Lucros Cessantes para garantir a totalidade do lucro bruto. Caso o segurado opte por garantir somente parte desse lucro bru- to, o corretor de seguros deve expressar, formalmente, qual é a sua recomendação e qual foi a decisão do segurado, para evitar quaisquer problemas num sinistro futuro. 41 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES — Gastos Adicionais São as despesas extraordinárias realizadas pelo segurado com o objeti- vo de eliminar ou reduzir a queda no movimento de negócios durante o período indenitário. Ao contratar a cobertura básica do Seguro de Lucros Cessantes, está incluída, sem pagamento de prêmio adicional, a cobertura para gastos adi- cionais que poderão ser realizados, pelo segurado, comprovadamente, para evitar ou atenuar as perdas de lucro bruto consequentes de um sinistro. Quando ocorre um sinistro que afeta o movimento de negócios da empresa, é de interesse do segurado que se restabeleça o ritmo normal de suas atividades o mais rapidamente possível. Podem surgir situações em que se torna necessária a efetivação de algu- mas despesas não previstas nos custos operacionais da empresa, como: aluguel de equipamentos para substituir, temporariamente, aqueles que foram danificados; e contratação de mão de obra para jornadas extras de trabalho, com o intuito de reduzir o tempo de paralisação e, por conse- quência, os prejuízos indenizáveis. Logo, é justo que tais despesas sejam indenizadas pela seguradora. Esses gastos e seu consequente reembolso constituem situações par- ticulares da indenização de Lucros Cessantes, pois: ■ nem sempre o segurado terá esses gastos; e ■ se os tiver, mas for apurado que não proporcionaram redução na queda do movimento de negócios, eles não serão considerados gastos adicionais, já que não representaram redução nas perdas da apólice e, portanto, não serão indenizados. Limitações de Gastos Adicionais Ressaltamos que, para que os gastos sejam considerados gastos adicio- nais, deverá ocorrer o que se chama de custo x benefício, ou seja: Perturbação ou paralisação do movimento de negócios, em consequência de sinistros de danos materiais de evento amparado pelo Seguro de Lucros Cessantes Queda do movimento de negócios Perda do Lucro Bruto GASTOS (DESPESAS EXTRAORDINÁRIAS) Redução da queda do movimento de negócios, consequentemente à redução da Perda do Lucro Bruto Amparado pela cobertura básica, sob o título de gastos adicionais Sem reflexo na queda do movimento de negócios Não será amparado pelo Seguro de Lucros Cessantes 42 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Como o Seguro de Lucros Cessantes garante uma parcela do giro de negócios da empresa (lucro bruto), a indenização pelos gastos adi- cionais também respeitará esse conceito, ficando limitada à aplicação da margem de lucro bruto sobre a redução verificada na queda do movi- mento de negócios. Limite de Indenização de Gastos Adicionais = Margem de Lucro Bruto (em %) × Redução na Queda do Movimento de Negócios Exemplo Uma empresa que possua apólice de Lucros Cessantes para o evento explosão sofre um sinistro que atinge determinado equipamento (transformador) que estava coberto pela apólice de Danos Materiais. Sem esse equipamento, a fábrica ficará parada, aguar- dando a sua reposição. O segurado poderá alugar um transformador substituto, por exemplo, por R$ 200.000,00/mês até que o antigo possa voltar a realizar suas funções na fábrica. O valor pago pelo aluguel acrescido de todas as despesas e os custos extraordiná- rios gastos pelo segurado estão abrangidos pela cobertura básica a título de gastos adicionais, desde que esses gastos resultem em redução da queda do movimento de negócios e, consequentemente, em redução da perda de lucro. Nesse caso específico, se o segurado nada fizesse, o negócio ficaria parado até o con- serto desse equipamento (que poderia demorar 6 meses). Já alugando um outro para substituí-lo, ele consegue fazer a fábrica voltar a produzir em 1 mês por exemplo, mas precisa pagar uma despesa que não teria se o sinistro não tivesse ocorrido. Esse gasto estará coberto pelo Seguro de Lucros Cessantes desde que proporcione redução na perda de lucro bruto. — Impedimento de Acesso O objetivo do Seguro de Lucros Cessantes é garantir a situação finan- ceira da empresa após um sinistro de Danos Materiais causado por evento coberto, desde que qualquer dos bens móveis ou imóveis exis- tentes no local segurado venha a ser danificado ou destruído em con- sequência de tais eventos e provoque perturbação ou paralisação no movimento normal dos negócios da empresa. 43 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Entretanto, essa perturbação ou paralisação pode ser provocada pela interdição do estabelecimento ou do logradouro onde a empresa fun- ciona, em virtude de ocorrência de evento (previsto na apólice) em outro local da vizinhança. Então, mesmo que nenhum dos locais mencionados na apólice tenha sofrido o dano material, ficará garantida a indenização pela cobertura de Impedimento de Acesso, desde que o período de interdição do estabelecimento ou logradouro seja superior a 48 horas e determinada por autoridade competente. Portanto, para a caracterização da cobertura de impedimento de acesso, é necessário que: ■ os danos materiaisocorram na vizinhança do local segurado, causando-lhes perdas materiais; ■ o evento causador do dano material na vizinhança esteja garantido pela apólice do segurado; ■ a interdição do local seja decretada por autoridade competente; e ■ o período de interdição seja superior a 48 horas. A cobertura de impedimento de acesso funciona independentemente do fato de nenhum dos locais segurados ter sofrido dano material (apenas seus vizinhos). É uma garantia compreendida na cobertura básica do Segu- ro de Lucros Cessantes, portanto não há necessidade de pagamento de prêmio adicional nem de se estabelecer verba específica. Exemplo Um determinado segurado contratou o Seguro de Lucros Cessantes decorrente somen- te de Incêndio. Um posto de gasolina, vizinho ao local segurado, sofreu um alagamento, e todo o logradouro (inclusive o local segurado) foi interditado pela Defesa Civil, parali- sando o negócio do segurado por 7 dias. A cobertura de impedimento de acesso não funcionará, porque o evento coberto pelo Seguro de Lucros Cessantes contratado pelo segurado é somente Incêndio e não Alagamento. Para que o sinistro estivesse coberto pela cobertura de Impedimento de Acesso, consi- derando-se o exemplo dado, o segurado teria que ter incluído no seu Seguro de Lucros Cessantes o evento alagamento (é claro que o segurado teria que contratar o Seguro de Danos Materiais para Alagamento também, pois isto é um requisito para contratação do seguro). 44 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES IMPORTÂNCIA SEGURADA Como o Seguro de Lucros Cessantes é contratado a Risco Total (aqueles em que a Importância Segurada (IS) deve corresponder a 100% do Valor em Risco (VR), sob pena da aplicação do rateio), para poder estipular a importância que deve ser garantida na apólice, o segurado precisa estimar o valor do lucro bruto segurado em risco durante o período indenitário (valor em risco). O valor em risco, portanto, no Seguro de Lucros Cessantes, corresponde ao valor do lucro bruto que seria obtido pelo segurado durante o período indenitário, se o sinistro não tivesse ocorrido. Como vimos, cada evento pode ter um período indenitário diferente; logo teremos que estimar o valor em risco para cada evento. Portanto, teremos de estabelecer uma importância segurada para cada evento. Para a fixação da importância segurada, é necessário definir qual será abrangência da cobertura (o que será garantido pelo seguro), entre as opções que se seguem: 1ª opção A totalidade do lucro bruto, ou seja, o lucro líquido e todas as des- pesas fixas, que é a opção mais aconselhável, haja vista que isso permitirá ao seguro cumprir integralmente sua função de restabe- lecimento da mesma situação financeira da empresa segurada; 2ª opção Somente o lucro líquido; e 3ª opção Somente despesas fixas. Considerando-se a escolha do segurado com base nos valores relativos às despesas fixas, lucro líquido e vendas, extraídos dos relatórios contábeis do último exercício financeiro encerrado da empresa, podemos calcular a margem de lucro bruto segurado para Lucros Cessantes, que demonstra o quanto o lucro bruto para Lucros Cessantes representa (em percentual) em relação ao faturamento (vendas) da empresa. Além disso, em conjunto com o segurado, deverá ser feita uma estimativa de vendas futuras da empresa, mês a mês, para o período de vigência do seguro mais o número de meses do período indenitário de cada evento a ser coberto pela apólice, considerando-se os ajustamentos necessários em virtude da tendência do negócio. Todos os dados extraídos dos relatórios financeiros da contabilidade do segurado, sejam as vendas ou a margem de lucro bruto para lucros ces- Observação 1. Há, ainda, a opção de segurar algumas despesas fixas, ou seja, o segurado especifica quais as despesas quer garantir (despesas fixas especificadas), excluindo as outras que, assim, não estão relacionadas na apólice. 2. Quando o seguro é contratado a 1º risco relativo, o segurado deve declarar o valor em risco (VRD). Para calcular o VRD, deve ser seguido o mesmo roteiro indicado nesta unidade, pois, em caso de sinistro, o valor em risco a ser apurado pela seguradora (VRA) será baseado nesse roteiro. Saiba mais Como o Seguro de Lucros Cessantes é passível de rateio, depois de escolhido o período indenitário, deve-se tomar, na previsão de vendas, o maior volume de vendas (faturamento) possível de ser perdido durante o mesmo número de meses do período indenitário escolhido (sempre em meses consecutivos). Este procedimento também é justificado por não sabermos em que mês, precisamente, ocorrerá o sinistro, portanto, precisamos garantir o maior lucro bruto que poderá ser perdido durante o período indenitário. 45 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES santes, devem ser ajustados, considerando-se a marcha das atividades do segurado, suas variações e as circunstâncias especiais que as afetaram e que poderão afetar os negócios (tendência de negócios), de modo que os dados assim ajustados representem, tão aproximadamente quanto possí- vel, os resultados que devem ser alcançados pelo segurado durante o período acima referido. Os ajustamentos anteriormente citados são determinados no Seguro de Lucros Cessantes pela cláusula Tendência do Negócio e Ajustamen- tos, que faz parte integrante das condições específicas da apólice. Essa cláusula dispõe que, no momento do sinistro, o regulador do sinistro deve considerar em suas apurações, seja do valor em risco, seja das perdas indenizáveis, a marcha das atividades da empresa, suas variações e as circunstâncias especiais que as afetaram, quer antes quer depois do even- to, ou que as teriam afetado se o evento não tivesse ocorrido, de modo que os dados assim ajustados representem, o mais próximo possível, os resultados que seriam alcançados durante o período indenitário, se o evento não tivesse ocorrido. Para a aplicação desses ajustes, os reguladores encontram muitas dificul- dades, haja vista o caráter subjetivo de que se revestem. Contudo, o obje- tivo desse dispositivo é ser justo com o segurado, estabelecendo os resul- tados que “realmente” seriam obtidos, se sua atividade não sofresse os impactos do sinistro, para repor as perdas efetivamente ocorridas. Portan- to, deve ser analisada toda a evolução dos negócios da empresa, conside- rando-se, entre outros aspectos: ■ o crescimento ou decréscimo na venda e/ou produção (investi- mentos efetuados, ampliação, abertura e fechamento de locais operacionais); ■ a situação no mercado em que atua; ■ as variações nas contas de resultado com influências na margem de lucro; ■ os investimentos efetuados; e ■ os índices da inflação na economia e uma série de outros fatores e circunstâncias que tenham influência na formação da tendência do negócio do segurado. Após as apurações retromencionadas, aplica-se, então, a margem de lucro bruto à previsão de vendas (maior volume de vendas em risco), em período igual ao do período indenitário (PI), obtendo-se, assim, o valor máximo de lucro bruto que poderá ser perdido, pelo segurado, em caso de sinistro. Este valor, correspondente ao valor em risco, deve ser a importân- cia segurada da cobertura básica. Então: Atenção ■ A importância segurada deve ser igualada ao valor em risco, pois se a IS for igual ao VR, não haverá rateio; ■ Se forem estipulados perío- dos indenitários específicos para cada evento coberto, encontraremos valores em riscos diferentes e, con- sequentemente, devemos estipular importâncias segu- radas diferentes; e ■ Se os períodos indenitários forem iguais, os valores em riscos serão iguais, logo as importâncias seguradas devem ser as mesmas. 46 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Importância Segurada = maior volume de vendas (período igual ao PI) × MLB Resumindo, para calcular a importânciasegurada da cobertura básica, temos as seguintes etapas: 1. Definir quais são as despesas fixas que serão garantidas (despesas especificadas) na apólice; lucro líquido e a margem de lucro bruto para lucros cessantes; 2. Definir quais serão os eventos que serão cobertos e respectivos perío- dos indenitários; 3. Projetar as vendas futuras (de acordo com a tendência dos negócios do segurado) para os meses da vigência da apólice mais o mesmo número de meses do período indenitário contratado para cada evento; e 4. Encontrar a maior perda de lucro bruto possível, ou seja, aplicar a mar- gem de lucro bruto ao maior volume de vendas possíveis de serem per- didas durante o período indenitário de cada evento. Este deve ser o valor da importância a ser segurada da cobertura básica do Seguro de Lucros Cessantes de cada evento. 47 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Aplicação prática Um depósito de bebidas deseja contratar um Seguro de Lucros Cessantes anual (vigên- cia de janeiro a dezembro de 2019). Sabendo-se que haverá garantia da cobertura bá- sica para o lucro líquido e a totalidade das despesas fixas, e que o evento coberto será alagamento, com período indenitário de 4 meses, que importância segurada deverá ser estipulada para o seguro? 1. Cálculo da Margem de Lucro Bruto (MLB) Foram extraídos os seguintes dados do último exercício financeiro encerrado: ■ Lucro Líquido: R$ 300.000,00 ■ Despesas Fixas: R$ 900.000,00 ■ Movimento de Negócios (faturamento): R$ 3.000.000,00 Então: MLB = [ (R$ 300.000 + R$ 900.000) ÷ R$ 3.000.000 ] × 100 = 40% 2. Previsão de Faturamento (Vendas Futuras) Como o período indenitário estipulado pelo segurado foi de 4 meses, precisamos ter as estimativas de vendas futuras para o período de vigência da apólice ( janeiro a dezem- bro de 2019) mais os 4 meses subsequentes, ou seja, de janeiro a abril de 2020. Para fazer essas estimativas, devem ser aplicados todos os ajustamentos necessários, consi- derando-se a tendência do negócio. Feito isso, foram encontrados os seguintes valores: MÊS PREVISÃO DE VENDAS (R$) Janeiro/19 200.000,00 Fevereiro/19 250.000,00 Março/19 180.000,00 Abril/19 190.000,00 Maio/19 230.000,00 Junho/19 250.000,00 Julho/19 240.000,00 Agosto/19 300.000,00 Setembro/19 320.000,00 Outubro/19 350.000,00 Novembro/19 380.000,00 Dezembro/19 600.000,00 Janeiro/20 300.000,00 Fevereiro/20 320.000,00 Março/20 380.000,00 Abril/20 400.000,00 48 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Deverão ser considerados os 4 meses consecutivos de maior volume de vendas, no caso setembro a dezembro de 2019, que, somados, perfazem o total de R$ 1.650.000,00. 3. A Importância Segurada será de: Importância Segurada = maior volume de vendas × MLB = R$ 1.650.000 × 40% = R$ 660.000,00 TAXAÇÃO Como regra geral, a taxação da cobertura básica do Seguro de Lucros Ces- santes é calculada com a aplicação da taxa básica (ou taxa média) do seguro de dano material referente ao evento coberto, multiplicado por um coeficien- te de agravação, em função do período indenitário escolhido pelo segurado. Taxa de Lucros Cessantes = Taxa Dano Material × Coeficiente de Agravação TABELA DE COEFICIENTE DE AGRAVAÇÃO PERÍODO INDENITÁRIO PERCENTAGEM APLICÁVEL até 01 mês 320% até 02 meses 212% até 03 meses 188% até 04 meses 168% até 05 meses 156% até 06 meses 148% até 07 meses 137% até 08 meses 127% até 09 meses 116% até 10 meses 111% até 11 meses 105% até 12 meses 100% 49 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES até 15 meses 96% até 18 meses 92% até 21 meses 88% até 24 meses 84% até 27 meses 80% até 30 meses 76% até 33 meses 72% até 36 meses 68% Exemplos de Cálculos da Taxa e do Prêmio 1) Caso o cliente deseje contratar o Seguro de Lucros Cessantes decorrente de Incên- dio, com período indenitário de 4 meses e importância segurada de R$ 800.000,00, será necessário, para se obter o valor do prêmio: ■ apurar a taxa média ponderada a ser aplicada no Seguro de Lucros Cessantes; ■ a partir da apólice do Seguro de Danos Materiais (Incêndio), verifica-se que há 2 locais segmentados, sendo que: LOCAL 1 BENS IMPORTÂNCIA SEGURADA TAXA PRÊMIO Prédio R$ 100.000,00 0,20% R$ 200,00 MMU R$ 200.000,00 0,40% R$ 800,00 MMP R$ 250.000,00 0,40% R$ 1.000,00 LOCAL 2 BENS IMPORTÂNCIA SEGURADA TAXA PRÊMIO Prédio R$ 150.000,00 0,30% R$ 450,00 MMU R$ 250.000,00 0,50% R$ 1.250,00 MMP R$ 300.000,00 0,50% R$ 1.500,00 TOTAL IMPORTÂNCIA SEGURADA PRÊMIO R$ 1.250.000,00 R$ 5.200,00 50 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Logo: Taxa Média Ponderada = (5.200 / 1.250.000) × 100 = 0,416% Taxa Básica (Evento Incêndio) = 0,416% ■ Na tabela de coeficientes de agravação, em função do período indenitário, para um período escolhido (4 meses) obtém-se a percentagem de 168%; ■ Taxa aplicável no Seguro de Lucros Cessantes = 0,416% × 168% = 0,69888%; ■ Prêmio de Lucros Cessantes = R$ 800.000,00 × 0,69888% = R$ 5.591,04. 2) Caso o segurado deseje contratar o Seguro de Lucros Cessantes decorrente de alagamento, com período indenitário de 6 meses e importância segurada de R$ 1.000.000,00, será necessário para se obter o valor do prêmio: ■ Apurar a taxa aplicada no Seguro de Dano Material (alagamento): como a taxa é única (0,60%) para ambas as plantas, não precisamos calcular a média, pois para Lucros Ces- santes, a taxa básica será 0,60%; ■ Na tabela de coeficientes de agravação, em função do período indenitário para um perío- do escolhido (6 meses), obtém-se a percentagem de 148%; ■ A taxa aplicável no Seguro de Lucros Cessantes será de: 0,60% × 148% = 0,888%; e ■ Prêmio de Lucros Cessantes = R$ 1.000.000,00 × 0,888% = R$ 8.880,00. FRANQUIA DEDUTÍVEL (FACULTATIVA) O segurado, a seu critério, poderá assumir uma franquia dedutível, por sinistro. De acordo com a opção adotada para essa franquia facultativa, será concedido um desconto no prêmio do seguro As franquias poderão ser fixadas em valor monetário e/ou em tempo (horas ou dias). Quanto maior for a franquia, maior será o desconto. Há algumas atividades nas quais as seguradoras impõem franquias mínimas obrigató- rias bem altas, como no caso de mineração e siderurgia. INDENIZAÇÃO A ocorrência de danos materiais resultante de qualquer evento contratado (fato gerador) que afete o ritmo de atividades de uma empresa deve ser mensurada pela redução provocada na receita de vendas, ou seja, na que- da do movimento de negócios. 51 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES A responsabilidade, no Seguro de Lucros Cessantes, estará sempre condi- cionada às limitações ou às restrições impostas pelas condições do Segu- ro de Danos Materiais, ou seja, antes de tudo, o sinistro de Dano Material (fato gerador) ocorrido deverá estar perfeitamente coberto pelo Seguro de Danos Materiais. A partir da constatação da queda no movimento de negócios, o Seguro de Lucros Cessantes indenizará a parte proporcional que represente o con- junto lucro líquido e as despesas fixas dentro do movimento de negócios, definido como a margem de lucro bruto. Os critérios utilizados para a apuração dos prejuízos, em caso de sinis- tro, são regidos pelas especificações correspondentes ao ramo de ativi- dade da empresa segurada. Empresas comerciais e de prestação de serviços Especificação movimento de negócios (vendas). Empresas industriais Especificação movimento de negócios (vendas) e, de acordo com o tipo de indústria, especificações produção (unidades ou valor de venda) ou consumo (matérias-primas). A rapidez na liquidação do sinistro dependerá de informações precisas for- necidas na época da contratação e de uma perfeita organização contábil da empresa, que possibilite comprovar as perdas, agilizando o envio da documentação exigida pela seguradora. Antes das definições dos valores correspondentes à indenização a ser recebida pelo segurado, devem ser observadas algumas etapas, após a ocorrência do sinistro, que veremos a seguir.
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