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BMF4- Bloco 2- Sensibilidade @braozinnn- Abraão Filipe – T5C- Uninove- Osasco 1 Fisiologia da dor Primeiramente, vamos definir o que é dor: é uma experiência sensorial e emocional horrível e desagradável associada a um dano tecidual real ou potencial, mas nem sempre a dor é um coisa ruim. Oi? Turu pom? Pois é, caro leitor! Eu não estou doido... Segundo Kandel (2014), a dor é um mecanismo protetivo alertando sobre lesões que requerem fuga ou tratamento. A percepção da dor é subjetiva. Ela pode ser aguda, persistente e até mesmo crônica. O estímulo nocivo é percebido pelos nociceptores espalhados pelo corpo, exceto no tecido nervoso, e esses são terminações livres. Há três classes de nociceptores: térmicos, mecânicos e polimodais, bem como uma quarta classe, mais enigmática, chamada de nociceptores silentes. Dor rápida e dor lenta Dor rápida= fibras A, mielinizadas, estímulos térmicos e mecânicos. Dor aguda --> cortante e bem localizada. Até 72 h--> Processo inflamatório: mediadores inflamatórios envolvidos: histamina, prostaglandina, substância P, entre outros. Sinais flogísticos: dor, calor, rubor, edema, perda de função. Via neoespinotalâmica (vide aula de anatomia das vias aferentes). Dor lenta= fibras C, amielinizada, estímulo térmico, mecânico e químico. Dor crônica --> indistinta e mal localizada. >72 h Via paleoespinotalâmica. Hiperalgesia Mecanismo de defesa no qual a sensibilidade está aumentada. Deixa a região afetada mais sensível. Estímulos antes inofensivos --> causam dor. 1. Sangramento → anóxia 2. Extravasamento de conteúdo celular (K, bradicinina, etc) 3. Migração de mastócitos (histamina e serotonina) 4. Reação do ácido aracdônico → prostaglandinas e prostaciclinas LESÃO TECIDUAL 5. Os nociceptores ficam mais excitáveis, inclusive a estímulos inofensivos 6. Os nociceptores apresentam reação inflamatória neurogênica: liberam prostaglandinas e sub P acentuando o processo inflamatório. Projeções na medula O neurônio de segunda ordem cruza para o funículo lateral, segue para o trato BMF4- Bloco 2- Sensibilidade @braozinnn- Abraão Filipe – T5C- Uninove- Osasco 2 espinotalâmico lateral (neoespinotalâmica e paleoespinotalâmica). Vias corticais e subcorticais Trato espinotalâmico lateral (neoespinotalâmica e paleoespinotalâmica). A paleoespinotalâmica divide-se ainda em espinomesencefálico e espinoreticular. OBS: Trato espinotalâmico lateral + anterior = lemnisco espinal ou lateral. Via Neoespinotalâmica • Poucos neurônios (3) • Conservação da somatotopia • Via núcleos talâmicos ventrais (PL) • Dor rápida e grande resolução espacial (fibras A). A via paleoespinotalâmica modula a dor. • Características • Muitos neurônios (4) (1: nervo, 2: bulbo, 3: mesencéfalo, 4:tálamo) • Projeção difusa • Via núcleos intra-laminares • Dor lenta e difusa (fibras C) • Tronco encefálico: colaterais para a formação reticular e substância periaquedutal cinzenta promovendo comportamentais e vegetativas da dor. • Repercussão emocional: sofrimento. Ativação da amígdala. • Dor referida. Vias nociceptivas da cabeça “Falando em dor de cabeça, eu sinto muita dor de cabeça que começa na região da testa, sabia que dependendo da região de onde começa essa dor a origem é diferente? Vejamos...” A cefaleia geralmente vem pelo n.trigêmeo (V1, V2 e V3: oftálmico, maxilar e mandibular, respectivamente). Se a dor for mais frontal vem desse n. trigêmeo, no qual o núcleo mais importante será o núcleo espinal do trigêmeo (veremos com mais detalhes na aula de via trigeminal). Localização dos neurônios da via trigeminal 1: gânglio trigeminal --> 2: núcleo espinal do n. trigeminal (lemnisco trigeminal --> trato trigeminotalâmico) --> 3. NVPM --> área somestésica primária. Caso for mais posterior vem da região espinal (no trígono suboccipital tem-se a compressão do nervo C1 gerando a cefaleia). Essa envolve as vias neo e paleoespinotalâmica e é mais uma questão emocional. O portão da dor Mecanismo central ativado pela via paleoespinotalâmica e o periférico é ativado por nós quando esfregamos a região da dor, por exemplo. Conforme a via vai subindo vai sendo ativado núcleos no bulbo, gigante celular, locus ceruleus, magno da rafe, substância cinzenta periaquedutal. Mecanismo de modulação central da dor Durante a dor crônica a via paleoespinotalâmica é ativada. Para que isso ocorra o neurônio de 1ª ordem, precisa fazer duas coisas: a. inibir o interneurônio inibitório deixando o neurônio de 2ª ordem livre. b. estimular o neurônio de 2ª ordem para ativar a via central da dor. Com a ativação da via paleoespinotalamica naregiao central áreas importantes da formação reticular serão ativadas. São exemplo: BMF4- Bloco 2- Sensibilidade @braozinnn- Abraão Filipe – T5C- Uninove- Osasco 3 1. trato espinoreticular: para no bulbo para ativar o núcleo magno da rafe, núcleo gigantocelular e locus ceruleus que são responsáveis pela liberação de serotonina e noradrenalina, respectivamente. 2. espinomesencefálica: para no mesencéfalo para ativar principalmente a substância cinzenta periaquedutal a qual ativa a via glutamatérgica e reforça a estimulação dos nucelos da rafe, gigantocelular e locus ceruleus induzindo a maior liberação de serotonina e noradrenalina. OBS: a serotonina e noradrenalina seguem até o corno posterior da medula espinal para estimular o interneurônio inibitório, o qual bloqueia o neurônio de segunda ordem da via de dor devido a liberação de opioides endógenos causando analgesia. Mecanismo de analgesia periféricos Durante a dor aguda o neurônio de primeira ordem fará o seguinte: 1. inibe o interneurônio inibitório e com isso o neurônio de segunda ordem fica livre; 2. ao mesmo tempo, ele estimula o neurônio de segunda ordem, causando dor; Ao coçar a região afetada estamos estimulando a fibra Abeta que responde a estímulos mecânicos e não a dor. A fibra A- beta faz o seguinte: a. estimula o interneurônio inibitório que boqueia o neurônio se segunda ordem induzindo analgesia. b. estimula o neurônio de segunda ordem causando dor. Por esse motivo a dor diminui, mas não some. Dor referida É interessante observar que os axônios de nociceptores viscerais entram na medula espinhal pelo mesmo trajeto que os de nociceptores cutâneos. Na medula espinhal, ocorre uma mistura substancial de informação dessas duas fontes de aferências. Essa linha cruzada origina o fenômeno da dor referida, pelo qual a ativação do nociceptor visceral é percebida como uma sensação cutânea. Exemplo clássico de dor referida: angina, que ocorre quando o coração não recebe oxigênio em quantidade suficiente. Os pacientes localizam frequentemente a dor da angina na parte superior do tórax e no braço esquerdo. Outro exemplo comum é a dor associada à apendicite, que é referida, em seu estágio inicial, na parede abdominal ao redor do umbigo, (BEAR, 2017). Complementando a teoria anterior esse fenômeno é explicado porque um único neurônio da lâmina V recebe aferência sensorial de ambas as regiões (somáticas e viscerais) e, assim, o sinal desse neurônio não informa aos centros encefálicos superiores sobre a origem do sinal. Como uma consequência, o encéfalo com frequência atribui de maneira incorreta a dor à pele, possivelmente porque os impulsos cutâneos predominam, (KANDEL, 2014). Dor em membro fantasma Lesão de Nervo Periférico --> Várias protuberâncias finas (“brotos”) começam a crescer da extremidade proximal --> Os brotos que estão regenerando formarão um emaranhado na extremidade do nervo, conhecido por “neuromade amputação”. --> As extremidades de axônios atravessadas dentro dos neuromas contêm um acúmulo anormal de canais de sódio. A amputação pode levar a uma reorganização do córtex somatossensorial com remapeamento do membro amputado em outra área do corpo (boca, queixo). Para esses pacientes, a estimulação na boca ou face ipsilateral pode causar BMF4- Bloco 2- Sensibilidade @braozinnn- Abraão Filipe – T5C- Uninove- Osasco 4 sensação de dor que parece se originar no membro inexistente. É preciso se fazer a dessensibilização do coto, como esfregar estruturas no coto com temperaturas quentes, frias ou uma buchinha para amenizar a dor do membro fantasma, para que assim, o córtex somatossensorial entender que ali não tem mais o membro. Em diversos pacientes, a área do córtex que representava a mão antes da amputação agora recebe aferentes de pelo menos uma outra região da pele. Isso foi denominado remapeamento de sensações referidas. Mudanças no arranjo de aferentes sensoriais forçam mudanças na leitura do mapa sensorial – o encéfalo aprende a interpretar a atividade no sítio do córtex que recebe informação da face e da parte superior do braço como se fosse originada do membro amputado. Anexos BMF4- Bloco 2- Sensibilidade @braozinnn- Abraão Filipe – T5C- Uninove- Osasco 5 BMF4- Bloco 2- Sensibilidade @braozinnn- Abraão Filipe – T5C- Uninove- Osasco 6 Referências
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