Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Aline David – ATM 2025/B HEMOGRAMA NORMAL • Valores de referência: - Hb: Para mulheres é menor por conta das perdas → ciclo menstrual. • Alterações principais: forma, número, tamanho, coloração das hemácias. • VCM: volume corpuscular médio (micro/macro/normocítica) → Mede o tamanho das hemácias que tem ali naquele campo. • HCM: hemoglobina corpuscular média (hipo/normocromia/hipercromia) → Mede basicamente a cor das hemácias → quão vermelha ou quão branca elas estão. • CHCM: concentração de hemoglobina corpuscular média → É feito através de um cálculo. • RDW: amplitude de distribuição do tamanho das hemácias → Mede o quanto tem de diferença no tamanho das hemácias → Grandes, pequenas, muito grandes e muito pequenas. ESFREGAÇO DE SANGUE PERIFÉRICO • Hemácias Normais: aspecto bicôncavo. Halo central branco que não ultrapassa 1/3 do tamanho total da hemácia. Se aumentar o halo, a hemácia está pouco corada, significa que tem pouca hemoglobina. Se tiver muito pequeno significa que tem muita hemoglobina ali e é sinal de distúrbio. • Dacriócitos: hemácias em formato de gota. • Roleaux: geralmente as hemácias em aspecto de “pilha de moedas”. • Anisocitose: diferença no tamanho das hemácias. Dá um RDW muito aumentado. • Poiquilocitose: diferença de formato das hemácias. • Corpos de Howell – Jolly: pontinhos escuros na periferia das hemácias que são remanescentes de núcleos. Aparecem em algumas doenças. • Policromatofilia: não é a mesma coisa que hipercromia. É a hemácia mais jovem (blastos) maiores do que as hemácias normais com pontilhado azul meio acinzentado. • Drepanócitos: característicos de doença falciforme. • Microcitose: hemácias menores do que os núcleos dos linfócitos. • Hipocromia: centro branco da hemácia que ultrapassa 1/3 do tamanho total dela. • Células em alvo: fica como se fosse um alvo no meio do halo, dada por uma concentração de Hb. • Eliptócitos: hemácias assumem forma de elipse, mais fininhas. • Macrocitose: as hemácias são maiores do que o núcleo dos linfócitos que estão ali. • Macro-ovalócitos: as hemácias são ovaladas, maiores do que os linfócitos. • Esquizócitos: fragmentos de hemácias dentro de hemácias. Ocorre por hemólise e os pedados que não foram fagocitados ficam ali. 2 Aline David – ATM 2025/B • Definição: redução da massa eritrocitária circulante total (redução do hematócrito e da Hb). Isso reduz a capacidade de transporte de O2, ocasionando hipóxia tecidual e gerando manifestações clínicas como: palidez, mal-estar, fadiga, dispneia e isquemia. Essas manifestações dependem do grau de anemia e do tempo de instalação da doença (quanto mais insidiosa, menor adaptação o corpo terá e maiores vão ser os sintomas). As classificações são feitas de acordo com o mecanismo de redução e de acordo com as alterações morfológicas. ANEMIAS POR PERDA DE SANGUE Aguda • Os efeitos dependem da perda volêmica. • Perda de sangue → desvio de fluido intersticial para a corrente sanguínea → diluição das células sanguíneas → estímulo de secreção de eritropoetina (estimula a eritropoiese) → aumento de células jovens na circulação periférica para compensar. • Se a perda de sangue for muito intensa, pode se manifestar com leucocitose e trombocitose. • No início o quadro se caracteriza como uma anemia normocítica e normocrômica, mas com o passar do tempo progride para reticulocitose, macrocítica e hipercrômica (por conta do aumento de células jovens na circulação → blastos). Crônica • Só vai causar anemia se a perda de eritrócitos for maior que a produção. • O lugar mais comum de perda de sangue invisível é no TGI: em pacientes jovens por gastrite crônica e úlceras pépticas e em pacientes idosos por tumor de intestino do cólon direito (em que a primeira manifestação será anemia, com aspecto de anemia ferropriva). ANEMIAS HEMOLÍTICAS • Destruição precoce das hemácias, que cursa com aumento da eritropoiese e acúmulo de produtos de degradação das hemácias. Hemólise Extravascular • Hemácias senescentes são degradadas no baço, no fígado e na medula óssea. Com a hemólise, aumenta a quantidade de destruição, ocasionando aumento dos órgãos responsáveis por essa depleção. • Sintomas: esplenomegalia, anemia, icterícia (aumento de bilirrubina indireta). Hemólise Intravascular • Menos comum. As hemácias são degradadas por conta de estímulos de lesões mecânicas, fixação do complemento, parasitas intracelulares e intoxicação. • Sintomas: anemia, hemoglobinúria e hemossiderinúria. Esferocitose Hereditária • Defeitos nos esqueletos de membrana dos eritrócitos → perdem pedaços da membrana e as hemácias vão ficando cada vez menores → perdem o aspecto bicôncavo, ficam menos maleáveis e, portanto, incompatíveis com a circulação esplênica → sofrem degradação. • Hemácias duram em média 10-20 dias. • É uma doença hereditária de caráter autossômico dominante. • Anemia microcítica, com policromatofilia e pode ter aumento de CHCM (não por aumento de hemoglobina, mas sim por estar mais concentrada em um citoplasma diminuído). • Sintomas: anemia, esplenomegalia, icterícia. Pode ser assintomática. • Esplenectomia corrige a anemia, pois as hemácias param de ser hemolisadas. Deficiência de G6PD • G6PD é a enzima que atua no metalismo de glutationa, agindo no estresse oxidativo. A mutação nessa enzima faz com que ela fique mais propensa a degradação → não por deficiência de produção, mas sim por aumento de consumo. • Doença hereditária de traço recessivo ligado ao X. • Hemólise intra e extravascular por mecanismos diferentes. Primeiramente ocorre hemólise extravascular, por inclusões nas hemácias (acúmulo de toxinas) → corpos de Heinz. Quando elas passam pelo baço, o órgão fragmenta a parte das hemácias que contém essas toxinas, deixando as hemácias com aspecto de “mordida” → isso faz com que elas percam parte de sua função e em estresse oxidativo são ligadas ao complemento e ocorre hemólise intravascular. Doença Falciforme Síndromes Talassêmicas 3 Aline David – ATM 2025/B • Hemoglobinopatia hereditária causada por mutação na β-globina. ⬧ Distorção nas hemácias (forma de foice) → (principalmente quando as hemácias passam por insultos de hipóxia), anemia hemolítica → obstrução microvascular (causa trombose) e isquemia tecidual. •Traço falciforme: heterozigose para HbS (hemoglobina falciforme), mais prevalente em afro- americanos → heterozigotos tem gene AS (pessoa normal é gene AA). ⬧ Mutação protege contra malária falcípara. ⬧ Quem tem traço falciforme, pode ou não produzir mutação na B-globina. Se não produzir, ela não manifesta. • Condições de hipoxia favorecem alteração estrutural da HbS, com formação de hemácia falciforme → episódios de falcização. • Cronicamente, em estágio final, hemácias tornam-se rígidas e irreversivelmente falciformes, mesmo em estados de oxigenação normal. • Gravidade da hemólise está relacionada com a quantidade de hemácias falciformes. • Oclusões microvasculares são responsáveis por quadro clínico mais grave da doença → desencadeadas por inflamação e vasoconstrição, que tendem a aumentar tempo das hemácias em leitos microvasculares → a oclusão é seguida de quadros de hipóxia, podem ocluir a circulação pulmonar → embolia pulmonar, dor torácica intensa. • Achados clínicos: medula óssea hiperplásica (compensatória), reticulocitose, corpos de Howell-Jolly, colelitíase por cálculos de pigmento (fazer retirada desses cálculos), hiperbilirrubinemia (pela hemólise). ⬧ Aumento do baço na infância → aprisionamento de células falciformes nos cordões e seios (congestão da polpa vermelha) → podem ter esplenomegalia bem importante, e esse baço vai reduzindo de tamanho com o passar do tempo (vai isquemiando aos poucos e até a vida adulta o baço para de funcionar de tanta hemólise, aprisionamento de células e hipóxia). • Autoesplenectomia ocorre geralmenteaté o início da vida adulta. • Infartos em tecidos em que ocorrem oclusões vasculares em ordem de frequência (cérebro, pulmão, rim, ossos, retina, etc.) → crises vaso-oclusivas (crises dolorosas). • Síndrome torácica aguda: mais grave, envolve pulmões. • Crises de sequestro: em crianças com baço saudável, ocorre esplenomegalia rápida com hipovolemia, podendo levar a choque. A criança acaba tendo distúrbios de crescimento e déficits de neurodesenvolvimento. • Achados microscópicos: hemácias com aspecto de drepanócitos, polpa vermelha do baço e sinusoides esplênicos congestos de hemácias. • Mutações hereditárias que alteram as cadeias α e β da HbA (adulto). • Endêmicas na bacia do Mediterrâneo (Oriente Médio, Ásia, África tropical). • Diferença de concentração entre cadeia alfa (insolúvel em água) e cadeia beta (solúvel em água). β-Talassemias • Definição: redução na síntese de cadeias de β-globina, logo aumenta a quantidade de cadeia alfa, a qual é insolúvel, logo ela se precipita. • Déficit na síntese de HbA-hemácias com menor capacidade de transporte de oxigênio. • Causam alterações de membrana → redução de sobrevida das hemácias e precursores (eritropoiese ineficaz, hemólise extravascular). • Talassemia major, intermediária ou minor: classificação de acordo com o defeito genético e a gravidade da doença. Depende do grau de deficiência de cadeia beta e das manifestações clínicas. ⬧ Nada de cadeia beta: paciente mais grave. ⬧ Um pouco de cadeia beta: produz um pouquinho → intermediária (minor). • Major: anemia microcítica e hipocrômica (pouca Hb), com anisocitose, poiquilocitose, hemácias em alvo (precipitado de cadeia alfa se acumula no meio da hemácia); grave, necessita de transfusões sanguíneas contínuas assim que iniciam manifestações (antes do primeiro ano de vida) → porque no nascimento ainda tem hemoglobina fetal, a qual é funcionante nos primeiros anos de vida e isso compensa a cadeia beta. As transfusões repetidas de sangue podem acumular ferro, fazendo hemocromatose (doença por acúmulo de ferro secundária). Esses pacientes não sobrevivem muito tempo. • Minor: anemia leve hipocrômica e microcítica, com células em alvo (acúmulo de cadeias alfas); mais comum, menos grave. α-Talassemias • Definição: redução na síntese de cadeias de α-globina → precipitados de cadeias beta são mais solúveis do que os de cadeia α, determinando menor taxa de eritropoiese ineficaz e hemólise. • 4 genes envolvidos: manifestações dependem da quantidade de genes ausentes (doença por deleção de genes). ⬧ Portador silencioso: 1 gene deletado; podem ter microcitose, assintomáticos → pode não ter anemia e nem diminuição de quantidade das hemácias totais. ⬧ Traço de α-talassemia: 2 genes deletados; anemia leve microcítica, quando manifesta. ⬧ Doença da Hemoglobina H: 3 genes deletados; anemia moderadamente grave, microcítica e hipocrômica (deficiência de hemoglobina). ⬧ Hidropisia fetal: 4 genes deletados; forma mais grave da doença, causa sofrimento fetal no terceiro trimestre de gestação, necessita de transfusões intrauterinas. Sobrevivem, mas é difícil e complicado. O feto fica inchado e cheio de água, porque a hemoglobina beta é muito solúvel e a gama também, logo puxam muita água. 4 Aline David – ATM 2025/B Hemoglobinúria Paroxística Noturna • Defeito genético de síntese de proteína da membrana das hemácias, que as torna suscetíveis à lise pelo complemento → hemólise intravascular (membrana fica mais suscetível por ligações com o complemento). • Perda de hemoglobina na urina à noite: pH sanguíneo diminui discretamente à noite, aumentando a atividade do complemento e aumenta a quebra de hemoglobina. • Anemia leve a moderada, com redução de estoques de ferro por hemossiderinúria. • Trombose é a principal causa de morte. • Pode ocorrer leucemia por alterações em células de outra linhagem → leucemia (complicação). Anemias Imuno hemolíticas • Ligação de anticorpos às hemácias provoca sua destruição precoce → geralmente são autoimunes e pode ser por produção de anticorpos cruzados, com algumas toxinas. • Classificação de acordo com o tipo de anticorpo envolvido: ⬧ IgG é a mais comum (anticorpos quentes) ⬧ IgM (anticorpos frios) • Detecção por coombs direto → coloca o sangue do paciente em contato com os anticorpos e vê se reage. • Hemólise extravascular, pode ocorrer esplenomegalia, principalmente porque baço é tecido linfoide e é ali que vai ocorrer a hemólise. Anemia Hemolítica resultante do Trauma das Hemácias • A hemólise mais significativa observada por trauma de hemácias, ocorre em pacientes portadores de próteses valvares cardíacas (principalmente mecânicas) e por distúrbios microangiopáticos (mais vista na CIVD, PTT e na SHU). • Lesão intravascular que resulta em estreitamento luminal, explicado pelo depósito de fibrina e de plaquetas → estresse de cisalhamento que lesa mecanicamente as hemácias. • Provoca aparecimento de esquizócitos nos esfregaços sanguíneos. ANEMIAS POR DIMINUIÇÃO DA ERITROPOIESE ANEMIAS MEGALOBLÁSTICAS • Dano na síntese de DNA que acarreta em precursores eritroidese, hemácias de tamanho aumentado → VCM aumentado. • Mais comuns: carência de vitamina B12 e ácido fólico na síntese de DNA. • Anemia macrocítica com presença de macro-ovalócitos, hipercrômicas (sem palidez central), anisocitose e poiquilocitose, sem reticulocitose (medula não consegue suprir a diminuição da hemoglobina porque a própria produção da medula está insuficiente), neutrófilos hipersegmentdos (5 ou mais lóbulos nucleares, ao invés de 3-4), pancitopenia. • Medula óssea hipercelular, porém, devido à desorganização da síntese de DNA, a maioria dos precursores sofre apoptose na própria medula. Anemia por Deficiência de B12 • Anemia perniciosa: gastrite autoimune que compromete produção de fator intrínseco, reduzindo absorção de vitamina B12 no intestino. Doenças que alteram o fundo gástrico e/ou o íleo intestinal vão causar deficiência de B12. • Afeta as células do fundo gástrico → redução do fator intrínseco. • Existem 2 reações conhecidas que dependem de B12: ⬧ Conversão de homocisteína em metionina (importante para a produção de eritrócitos e de DNA de células da medula) → essa reação libera folato em sua forma ativa para servir para sintetizar DNA. Por isso ingerir folato, corrige um pouco a anemia. ⬧ Isomerização da metilmalonil coenzima A em succinil coenzima → interrupção ocasiona aumento nos níveis plasmático e urinário de ácido metilmalônico → sugere-se que estejam relacionados às manifestações neurológicas da deficiência de B12 (dor nas pernas por neuropatia periférica, membros dormentes). • Anemia perniciosa é mais prevalente em adultos mais velhos, em torno de 60 anos. • Situações como acloridria, redução da secreção de pepsina, gastrectomia, ressecção ileal, também podem levar à deficiência de B12. • Pacientes que tomam omeprazol a muito tempo podem ter deficiência de B12 por acloridria e a B12 não liga no fator intrínseco, logo não é absorvida. Anemia por Deficiência de Folato • Envolvido em reações que resultam em síntese de DNA. • Causas de deficiência: ingesta diminuída (pacientes desnutridos), aumento da demanda (pacientes gestantes, com neoplasias (proliferação celular aumentada → precisam de mais folato para produzir DNA), prejuízo de utilização (medicações que afetam a síntese de DNA que alteram a vida do folato → metotrexato → atua na via de folato para combater células neoplásicas e doenças autoimunes); alcoolismo (pacientes que são alcoólatras acabam comendo muito menos e fazendo deficiência de folato). • Nutriente de fonte alimentar, contido em vegetais verdes (principalmente), frutas e animais. • Não ocorre aumento de ácido metilmalônico e nem alterações neurológicas. 5 Aline David – ATM 2025/B ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO • Distúrbio nutricional mais comum do mundo. • Os sinais e sintomassão relacionados com a síntese inadequada da hemoglobina. • Alimentos de origem animal possuem ferro heme (melhor absorvido). • Homens possuem maiores estoques de reserva de ferro; mulheres tem maiores perdas (período menstrual) e alterações com maior demanda metabólica (gestação), sendo mais propensas a distúrbio. • Ferro é transportado no plasma através da transferrina, sintetizada no fígado. • Armazenamento de ferro se dá por ligação à ferritina e à hemossiderina. • Níveis de ferritina se correlacionam bem com os depósitos de ferro. • Absorção do ferro da dieta ocorre na porção proximal do duodeno, regulada pelos estoques (hepcidina). • Ferro heme é absorvido nas células intestinais, entra na célula e a ferroportina faz o ferro cair na circulação e na circulação é ligado na transferrina plasmática. No fígado a gente produz hepsidina que é uma molécula reguladora. Pouco ferro no fígado, diminui hepsidina aumenta ferroportina e aumenta absorção de ferro no fígado. Quando tem muito ferro no fígado, aumenta hepsidina e reduz ferroportina, diminuindo absorção de ferro no fígado e aumentando no sangue. • Existe uma mutação que faz hemocromatose que é uma mutação da hepsidina → hepsidina não funciona e não existe o mecanismo regulatório, logo o organismo acumula ferro e não tem algo que pare esse acúmulo. • Deficiência de ferro pode resultar de: ⬧ Redução da ingesta → redução de ferro na alimentação. ⬧ Redução da absorção → alteração hepática que produza muita hepsidina; alguma alteração no duodeno proximal onde ocorre a absorção; aumento de demanda (gestação, lactação). ⬧ Aumento da demanda ⬧ Perda sanguínea crônica → causa mais comum no mundo ocidental (principalmente TGI → gastrite erosiva e tumor de cólon). • Anemia microcítica e hipocrômica • Estoques de ferro são capazes de suprir alterações leves. Quando estoques estão completamente depletados é que ocorre a anemia, com níveis de ferro sérico, ferritina e saturação da transferrina (quanto de transferrina está ligada ao ferro) baixos. A capacidade ferropética é a quantidade de ferritina livre para que o ferro possa se ligar). • Deficiências graves e duradouras podem levar a coiloníquia (unha em forma de colher), alopecia, alterações atróficas na língua e na mucosa gástrica, perversão do apetite. • O ferro sérico e a ferritina são baixos e transferrina está elevada (capacidade de ligação ao ferro total). Anemia por Doença Crônica • Doenças crônicas associadas a redução na proliferação de progenitores eritroides e à utilização prejudicada do ferro. • Ocorre em contextos de inflamação sistêmica persistente → infecções prolongadas (TB), neoplasias, doentes críticos (UTI) e outros. ⬧ Mediadores inflamatórios (IL e interferon) estimulam secreção de hepcidina → diminui absorção de ferro e ocasiona anemia. É um tipo de anemia ferropriva. • Baixo nível de ferro sérico, capacidade de ligação de ferro total reduzida (transferrina baixa), alto nível de ferritina sérica, e ferro abundante armazenado nos macrófagos. • Anemia leve, normocítica e normocrômica → no início (ou micro/hipo → a longo prazo). Anemia Aplásica • Ocorre por aplasia medular. • Insuficiência hematopoiética primária crônica, causando pancitopenia. • Pode ter origem autoimune, idiopática, ou suceder uso de medicações e produtos químicos (quimioterápicos → aplasia de medula transitória). • Medula óssea hipocelular → muito tecido adiposo e poucos núcleos de célula no tecido adiposo. • Anemia macrocítica, hipocrômica, com baixa contagem de reticulóticos (a contagem de células jovens na circulação se torna insuficiente). Aplasia Eritroide Pura • Distúrbio primário da medula óssea que afeta apenas progenitores eritroides. • Ocorre em associação a neoplasias (timoma e leucemia de células granulares grandes), outras doenças autoimunes, uso de medicamentos, infecção por parvovírus (pode fazer aplasia aploide ou eritroide). Outras formas de insuficiência medular • Anemia mielotísica: lesões com efeito de massa (metástases) substituem medula normal. • Anemia associada à insuficiência renal crônica: multifatorial, primeiro por deficiência de ferro e em segundo com importante redução da produção de eritropoietina por lesão renal. Hemácias bem hipocrômicas, com alteração de formato e menor em tamanho por causa da deficiência de ferro. 6 Aline David – ATM 2025/B POLICITEMIAS • Contagem de hemácias anormalmente elevada, com aumento de hemoglobina. Acima de 16, 17, 18, 19, 20. ⬧ Relativa: hemoconcentração → paciente muito desidratado. Hematócrito maior, maior concentração de eritrócitos. ⬧ Absoluta: aumento na massa eritrocitária total → acontece principalmente em situações de hipóxia crônica, como em pacientes com DPOC muito grave. • Causa mais comum de Policitemia pura: Policitemia vera ⬧ Distúrbio mieloproliferativo que causa aumento independente de eritropoietina dos progenitores eritroides e aumenta células eritroides → distúrbio da medula primária. DISTÚRBIOS HEMORRÁGICOS • Distúrbios de plaquetas e consequências de transfusão. • Fatores dependente de vitamina K: II, VII, IX e X. • Hemostasia depende de resposta da parede vascular, plaquetas e cascata de coagulação –sangramento excessivo pode ocorrer devido a fragilidade dos vasos, deficiência ou disfunção plaquetária, desregulação da coagulação. •Exames laboratoriais de avaliação mais utilizados: ⬧ Tempo de protrombina (TP) → avalia vias extrínseca e comum da cascata de coagulação. Dosa ele através do INR, que é o índice relativo. ⬧ Tempo de tromboplastina parcial (TTP) → avalia vias intrínseca e comum. ⬧ Tempo de tromboplastina ativada (KKTP/TTPA): mais utilizado na prática. ⬧ Contagem de plaquetas → normal entre 150 -350 mil (400, 450, 500 mil → depende da referência). ⬧ Testes de função plaquetária → avaliação de (qualidade) capacidade de agregação plaquetária e fator de von Willebrand. ⬧ Fibrinogênio, dosagem direta de von Willebrand → não muito utilizados na prática. Anormalidade na Parede dos Vasos • Comuns, causam hemorragias pequenas → hemangiomas → (petéquias e púrpura) na pele e mucosas. • Exames de avaliação de coagulação são normais → é uma fragilidade do vaso, não tem nada a ver com a cascata de coagulação ou de plaquetas. • Causas: infecções (meningococcemia → Pneumococo), reações medicamentosas, púrpura de Henoch-Schönlein, telangiectasia hemorrágica hereditária. TROMBOCITOPENIA • Trombocitopenia geralmente é considerada com contagem < 100.000. Entre 100 e 150 normalmente a gente não faz nada, pois pode ser uma alteração transitória que melhore por si. ⬧ Reduções entre 20.000 e 50.000 estão associadas a piora de sangramentos pós-traumáticos (grandes cirurgias, procedimentos dentários, hematomas). ⬧ Contagens < 20.000 estão associadas a maior risco de sangramentos espontâneos (plaquetopenia muito grave) → pele (hematomas/equimoses espontâneas), mucosas gastrointestinal e urinária (melena, enterorragia, hematêmese, hematúria) → (mais comuns); intracraniano (mais grave – não é o mais comum). • Geralmente TP e TTP estão normais, pois o problema está na quantidade de plaquetas. • Causas: diminuição na produção de plaquetas, diminuição da sobrevida das plaquetas (imune ou não), sequestro, diluição. Púrpura Trombocitopenica Imune (TPI) Crônica • Destruição de plaquetas mediada por autoanticorpos. • Pode ocorrer de forma primária (alguma doença autoimune) ou secundária a exposições predisponentes (lúpus, HIV, neoplasias de células B, etc). • Aumento reativo da trombocitopoiese, presença de mega plaquetas na periferia → a medula acaba produzindo mais plaquetas. Não tem deficiência medular (presença de muitos megacariócitos na medula), tem aumento de degradação das plaquetas. • Mais comum em mulheres adultas jovens, <40 anos. • Esplenectomia leva a melhora em casos graves (principal local de remoção das plaquetas).Púrpura Trombocitopenica Imune (TPI) Aguda • Mecanismo semelhante, produção de autoanticorpos → geralmente é autolimitada. • Mais comum em crianças, pós-infecção viral, com evolução mais rápida, início abrupto; geralmente autolimitada. 7 Aline David – ATM 2025/B Trombocitopenia Induzida por Medicamentos • Medicamentos se ligam a glicoproteínas das plaquetas, criando antígenos que são reconhecidos por autoanticorpos. • Mais comuns envolvidos: quinino (diferente da hidroxicloroquina), quinidina, vancomicina. • Trombocitopenia induzida por heparina (HIT) ⬧ Aproximadamente 5% das pessoas que usam heparina. Utilizada para prevenir TVP. ⬧ Tipo 1: inicia rapidamente e tem pouca relevância clínica, pode ceder espontaneamente → autolimitado (não precisa nem tirar a prescrição da heparina na maioria das vezes). ⬧ Tipo 2: menos comum, mais grave; inicia 5 a 14 dias após início da medicação e causa trombose venosa e arterial paradoxais; uso de heparina deve ser interrompido. O principal risco deles não é de fazer sangramentos, mas sim de fazer trombose por outros mecanismos, logo, pode ter trombose arterial e depois fazer isquemia. Microangiopatias Trombóticas (PTT e SHU) • PTT: Púrpura Trombocitopênica Trombótica → associada com acometimento cerebral. • SHU: Síndrome Hemolítico-Urêmica → associado com acometimento da vasculatura renal. • Ativação excessiva de plaquetas, que se depositam em trombos nos pequenos vasos. • Anemia hemolítica microangiopática e disfunção orgânica difusa, plaquetopenia com tendência a trombose paradoxal. • TP e TTP geralmente são normais. • Apesar de clinicamente parecidas, fatores desencadeantes são diferentes: ⬧ PTT está associada a deficiência enzimática (hereditária ou adquirida) que tende a promover ativação e agregação plaquetária, podendo haver estímulos desencadeantes. Pode haver manifestações neurológicas; Plasmaferese para retirada de autoanticorpos e fornecimento de enzima funcionante é salvadora → tira do plasma as proteínas na forma inativa e coloca enzimas na sua forma ativa.; ⬧ SHU “típica” está associada à infecção gastrointestinal pela cepa O157:H7 de Escherichia coli, que secreta a toxina Shiga-like (responsável por alterar função endotelial) → agrega plaqueta e aumenta trombose. Crianças e idosos correm maior risco. Diarreia sanguinolenta no curso da gastroenterite, com surgimento de SHU após. Lesão renal é proeminente, necessitando de suporte, podendo deixar sequelas graves e levar a morte; ANORMALIDADE DOS FATORES DE COAGULAÇÃO • Deficiências hereditárias ou adquiridas de um ou mais fatores em cada situação. • Sangramentos comumente se manifestam como grandes equimoses ou hematomas pós-traumáticos ou sangramento prolongado após laceração. ⬧ Sangramentos espontâneos em tratos gastrointestinal e geniturinário, além de articulações que suportam peso (hemartrose) são comuns. Doença de Von Willebrand • Distúrbio hemorrágico hereditário que predispõe a sangramento com risco de vida mais comum. • Geralmente passa despercebido até que ocorra alguma cirurgia ou procedimento odontológico. • Tipos 1 e 3: defeitos quantitativos de fator circulante. ⬧ Tipo 1: redução leve a moderada. ⬧ Tipo 3: redução grave → sangramentos mais exacerbados, podendo levar a hemorragias espontâneas. • Tipo 2: defeitos qualitativos no fator → sangramento leve a moderado Hemofilia A (deficiência de fator VIII) • Doença hereditária que predispõe a sangramentos com risco de vida mais comum. Os pacientes sangram e sangram mesmo. • Gravidade da doença varia de acordo com a quantidade de fator VIII circulante. • Pacientes sintomáticos devem ser acionados no banco de sangue, para terem o fator VIII disponível quando ocorre sangramento. • Não tem outra forma de parar o tratamento, a não ser dando fator VIII para o paciente. • Em pacientes sintomáticos ocorrem sangramentos maciços pós-trauma ou cirurgias, bem como sangramentos espontâneos (hemartrose). • Apresenta TTP prolongado e TP normal. • Necessita de exame específico para dosagem de fator VIII para o diagnóstico → não é a primeira coisa a 8 Aline David – ATM 2025/B COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA (CID) • Distúrbio trombo hemorrágico agudo (geralmente), subagudo ou crônico, com consumo de plaquetas e de fatores de coagulação, dada por ativação excessiva da coagulação ou inativação de mecanismos inibidores. • Pode ocorrer secundária a diversos distúrbios → não é doença primária. Geralmente associada a infecções → ativa muitas cascatas inflamatórias e faz CID. • Mecanismos principais: liberação de fator tecidual → aumenta adesão de plaquetas (ou outros tromboplásticos) na circulação; lesão endotelial difusa → aumenta exposição de fator de von willebrand. • Paciente séptico dosa fibrinogênio TP e KTTP porque ele pode estar fazendo CID. • Manifestações podem ser insidiosas (trombose) ou fulminantes (diátese hemorrágica), dependendo da causa subjacente. • 50% são gestantes com complicações da gravidez, sendo a realização do parto a solução na maioria dos casos (dependendo da gravidade da trombose) → tem trombose que pode ser TVP de artéria uterina. 33% são pacientes com neoplasias. • Órgãos mais afetados por trombos (em ordem): cérebro, coração, pulmões, rins, adrenais, baço, fígado. • Ocorre anemia hemolítica microangiopática associada por conta dessas oclusões. COMPLICAÇÕES DA TRANSFUSÃO Reação Febril Não-Hemolítica • Mais comum; • Benigna, febre e calafrios até 6h após transfusão de hemácias ou plaquetas, cessa com antitérmicos (dipirona/paracetamol). ⬧ Provavelmente causada por mediadores inflamatórios de leucócitos do doador → aumenta mediadores inflamatórios no sangue, e uma das reações do corpo é febre. Reações Alérgicas • Podem ser graves e potencialmente fatais → raros • Reações urticariformes são mais comuns, em torno de 1-3% das transfusões. Reações Hemolíticas • Agudas: ⬧ Anticorpos IgM contra hemácias do doador, com fixação de complemento. ⬧ Mais rápida e mais relacionadas a erros de administração de sangue incompatível → por isso antes de fazer transfusão coleta de novo amostra sanguínea, junta os dois ver se não vai coagular → mecanismos de segurança. ⬧ Quadro de hemólise intravascular, hemoglobinúria, febre, calafrios, de instalação rápida e fulminante. Pode levar a CID e choque • Tardias: ⬧ Anticorpos IgG que reconhecem antígenos de hemácias para os quais o receptor tenha sido sensibilizado previamente (transfusões anteriores).Mais lenta; ⬧ Hemólise intra ou extravascular, dependendo do mecanismo de ativação dos anticorpos. Se for por complemento vai ser intravascular se não vai ser extravascular. ⬧ Pacientes politransfundidos e vai ter alguma coisa no sangue do doador que é reconhecido pelo receptor e quando exposto ao antígeno pela segunda vez, ocasiona a reação hemolítica tardia. Pode ser evitado com filtração das bolsas e irradiação da bolsa de sangue. ⬧ Não é comum; Lesão Pulmonar Aguda relacionada à Transfusão (TRALI/LPART) • Muito pouco comum, mas é fatal. • Ativação de neutrófilos na microvasculatura pulmonar por fatores do sangue transfundido. ⬧ Ataca células no pulmão; • Complicação grave e fatal, baixa incidência • Insuficiência respiratória de início súbito durante ou imediatamente após a transfusão. ⬧ Dispneia, dor torácica. Precisa reconhecer e parar a transfusão na hora. • Pode haver febre, hipotensão e hipoxemia. • Raio X de tórax com infiltrado pulmonar que não corresponde a congestão. • Bolsas de um mesmo doador tem maior chance de refazer a reação em outros receptores. ⬧ A bolsa do mesmo doador tem chance de fazer TRALI em diversos paciente, logo, essas bolsas do mesmo doador são descartadas. Complicações infecciosas • Bacterianas e virais são as principais; ⬧ São muito mais raras hoje porque se tem muito mais cuidado na seleção dedoadores e nos exames de coleta. ⬧ Pode ainda acontecer no período em que chamamos de janela imunológica, pois tem o vírus circulando, mas ainda não tem anticorpos. • Plaquetas estão mais suscetíveis a infecções bacterianas por serem armazenadas a temperatura ambiente. • Sintomas podem se assemelhar a outras reações (febre, calafrios, hipotensão). • Seleção de doadores e testes de doenças infecciosas diminuíram a incidência de transmissão viral.
Compartilhar