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Silva Planeamento

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1
Planejamento Escolar na perspectiva democrática 
 
Marta Leandro da Silva 
 
De onde vem a idéia do Planejamento? 
 
A idéia de planejamento acompanha o homem em seu próprio processo de 
humanização uma vez que o ato de planejar está associado à organização de uma 
determinada ação. Desse modo, cabe dizer que, como prática humana, o planejamento é 
anterior à idéia de escola. 
Refletir sobre a trajetória histórica do planejamento implica reconhecer que a 
atividade de planejar é essencialmente humana, demandando reflexão e 
intencionalidade. Diferentes conceitos e práticas de planejamento encontram-se 
intrinsecamente vinculados à categoria trabalho em suas múltiplas configurações e às 
diferentes formações sociais. Nesse sentido o planejar remete à própria evolução 
humana e o processo civilizatório. 
 Há importantes pesquisadores que investigam e analisam a trajetória do 
conceito de planejamento, entre eles cita-se Albers Gerd (1972) que distingue três fases 
do planejamento, interligadas à trajetória do desenvolvimento técnico-científico e 
tecnológico. No início do processo civilizatório o homem preocupava-se, 
prioritariamente, com as questões técnicas, focadas no domínio e modificação da 
natureza. Nesta primeira fase, a ênfase está no como fazer as coisas e na busca imediata 
de soluções satisfatórias para as suas necessidades primárias. Há, portanto, a clara 
atribuição do planejamento como instrumental para facilitar ações. 
Numa segunda etapa evolutiva do planejamento a ênfase passa do aspecto 
prático/técnico, instrumental para focar a elaboração de quadros teóricos de referências, 
buscando interpretar as emergentes necessidades e aspirações humanas. Nessas 
circunstâncias o planejamento recebe contributos de diferentes áreas do conhecimento 
(da sociologia; da política; da economia; da antropologia; da psicologia), sendo o 
pensado à luz de diferentes dimensões, aspectos e linhas teóricas. 
A terceira fase, ora emergente, caracteriza-se pela compreensão de que o 
planejamento é aberto às finalidades do homem, mas também requer do planejador a 
consciência dos fatores interdependentes que afetam o ato de planejar. Assim, 
 2
consciência e intencionalidade, participação e responsabilidade se tornam termos-chave 
dentro de uma nova visão de planejamento. 
 Em contextos histórico-sociais, técnico-científicos e político-econômicos 
diversos observamos diferentes formas de transposição e ou adaptação das teorias 
administrativas para o campo educacional. Esse é, contudo, um processo repleto de 
embates, contradições e tensões e, conforme Vasconcellos (2000 p. 27), explica porque 
 a sistematização do planejamento se dá fora do campo educacional, estando ligada ao 
mundo da produção ( I e II Revoluções Industriais) e à emergência da ciência da 
Administração, no final do século XIX.” Neste campo de saber são emblemáticos os 
nomes do americano Taylor (1856-1915) e do francês Fayol (1814-1925). 
É, portanto, imprescindível reconhecer a relevância e a complexidade dos 
estudos e pesquisas no campo da gestão educacional (escolar) que abarcam as diferentes 
concepções e práticas de planejamento. Vale ainda destacar os embates e as 
equivocadas tentativas de transposição dos conceitos e práticas de planejamento no 
campo da administração/gestão de empresas para o campo educacional. O desafio é 
pensar na especificidade do conceito de planejamento no campo educacional e na 
reflexão quanto às implicações de transposições lineares não reflexivas de teorias e 
práticas de planejamento não condizentes com os fins da educação e o papel social das 
escolas. 
 Azanha (1993, p.70-78) traz um aspecto importante das teorias do planejamento 
que merece ser debatido. Para ele, embora haja certa ambigüidade no conceito e mesmo 
a ausência de teorias de planejamento, não há dúvidas sobre a necessidade de o 
planejador reunir informações e conhecimentos sobre a realidade que pretende 
modificar. Veja o que ele escreveu: 
 
o significado do termo planejamento é muito ambíguo, mas no seu trivial 
compreende a idéia de que sem um mínimo de conhecimentos das 
condições existentes numa determinada situação e sem um esforço de 
previsão das alterações possíveis dessa situação, nenhuma ação de 
mudança será eficaz e eficiente, ainda que haja clareza a respeito dos 
objetivos dessa ação. Nesse sentido trivial, qualquer indivíduo 
razoavelmente equilibrado é um planejador. [...] Não há uma ciência do 
planejamento, nem mesmo há métodos de planejamento gerais e 
abstratos que possam ser aplicados à variedade de situações sociais 
independentemente de considerações de natureza política, histórica, 
cultural, econômica etc. (AZANHA, 1993 p.70-78). 
 3
 
Vasconcelos (2000) explica que é por essa razão que ao analisarmos a história da 
educação escolar, percebemos que, de acordo com cada contexto sócio-político-
econômico-cultural, diferentes concepções do processo de planejamento orientaram os 
educadores. 
Atualmente, no campo dos estudos sobre planejamento, identificamos três 
tendências/enfoques: o gerenciamento da qualidade total; o planejamento estratégico e o 
planejamento participativo. 
No Brasil, quanto ao aspecto histórico as autoras Sant’Anna; Enricone; André; 
Turra revisitam os enfoques modernos de planejamento denominados: planejamento 
normativo e planejamento participativo. Para as referidas autoras são diversas as 
questões que podem ser levantadas sobre as teorias e práticas do planejamento 
educacional. Elas colocam em discussão a relevância, no âmbito da educação, de um 
conceito racional e técnico de planejamento, adaptado das teorias de administração de 
empresas, indagando: “de que modo ajustar ideais e idéias educativas a conceitos de 
eficiência e eficácia, mais condizentes com a construção de pontes, empresas 
automobilísticas etc. que se orientam por outras finalidades?” (1986, p. 272). 
Na trajetória histórica do planejamento é possível destacar, segundo MCGuinn 
(1980), dois enfoques: o planejamento normativo ou racional e o planejamento 
situacional, interativo, participativo. 
A grosso modo o planejamento normativo é caracterizado pelo caráter 
determinístico sendo assim denominado porque está situado na ótica da prescrição de 
formas de ação dentro de uma programação mais fechada e pré-ativa. 
O planejamento participativo recebe variadas denominações, sendo uma delas o 
planejamento interativo ou situacional, assim concebido, porque “as organizações são 
manejadas por pessoas, cuja percepção do que é possível e desejável depende da 
situação em que são colocadas.[...] o planejamento é interativo no sentido de que a 
organização (e as pessoas que nela atuam) é o sujeito do plano e, na busca de seus 
objetivos, ela própria se modifica e encoraja transformações (também das pessoas)”. 
(SANT’ANNA, ENRICONE, ANDRÉ e TURRA, 1986, p. 275). 
Nesta sala ambiente destacaremos a concepção de planejamento participativo 
concebido, segundo Cornely (1977), como sendo um processo político, um contínuo 
propósito coletivo, de reflexão e amplo debate a fim de deliberar sobre a construção do 
 4
futuro da comunidade contando com a participação do maior número possível de 
membros das categorias que a constituem. 
O planejamento participativo no âmbito da escola implica reavivar 
continuamente o processo de reflexão e ação da coletividade ( da comunidade escolar). 
Implica ainda a busca da identidade institucional, ou seja, da identidade construída e 
reconstruída pela coletividade. 
É por isso que o Planejamento Participativo passa a ter, então, “ um conjunto de 
instrumentos técnicos a serviço de uma causa política.Seu escopo é obter a participação 
co-responsável e consciente das maiorias a favor de mudanças estruturais. A co-
responsabilidade dessas maiorias atinge também o processo decisório. A serviço dessas 
decisões, e buscando atingir seus objetivos de maneira mais rápida,racional e eficaz, é 
que se colocam as técnicas de planejamento” (VIANNA, 1977, p.38). Nesta forma de 
planejamento fica explícito o que é a planificação participativa. 
A seguir apresentamos um quadro comparativo entre os enfoques do 
planejamento normativo e do planejamento participativo elaborado pelas autoras 
SANT’ANNA; ENRICONE; ANDRÉ; TURRA (1986, p.275- 277) 
 
Quadro I – COMPARAÇÃO ENTRE OS ENFOQUES RACIONAL E PARTICIPATIVO DE PLANEJAMENTO 
 
 
REFERÊNCIAS 
ENFOQUE RACIONAL 
OU NORMATIVO 
ENFOQUE PARTICIPATIVO OU 
SITUACIONAL 
 
 
 
 FATORES 
CONTEXTUAIS 
• Secularização do conhecimento 
• Diversificação da estrutura econômica e 
racionalização do trabalho. 
• Importância crescente da burocratização 
do trabalho 
• Aplicação da ciência ao cotidiano, 
conhecidas como tecnificação 
• Disciplinaridade (especialização) 
• Pressões externas para o 
desenvolvimento (de cima para baixo) 
 
• Visão crítica do conhecimento. 
• Complexidade crescente das estruturas 
sociais e econômicas. 
• Questionamento da organização 
burocrática do trabalho 
• Revisões e rupturas no pensamento 
científico determinando novas formas de 
aplicação 
 5
 
PRESSUPOSTOS 
PRINCIPAIS 
(FILOSÓFICOS E 
EPISTEMOLÓGICOS) 
 
• Realidade concreta com certa 
estabilidade, governada por leis 
inteligíveis. Racionalismo e positivismo. 
 
• A mudança é determinada pelas 
possibilidades existentes. Princípio da 
causa e efeito. 
• O homem necessita de prescrições e 
normas para regular suas ações. 
• Racionalidade, objetividade, 
neutralidade 
 
 
• Realidades teóricas a serem comprovadas 
no real, na ação concreta.Fenomenologia 
e materiaslismo dialético. 
 
• A mudança é dependente das pessoas e 
das tendências em jogo 
• O home é capaz de elaborar normas para 
regular suas ações. 
• Totalidade, diversidade, aceitação da 
subjetividade; inter-subjetividade. 
 
 
BASES CIENTÍFICAS 
• Ciência como produto ( a bsuca do certo, 
do provável) 
• Diminuição do risco e da incerteza 
• Investigação ( estratégia quantitativa) 
• Ciência como processo de conhecimento ( 
como construção e reconstrução) 
• Convivência com o risco e a incerteza 
• Investigação ( estratégia qualitativa) 
 
ÊNFASE 
CONCEITUAL 
• Planejamento como instrumento ou 
método de eficiência administrativa. 
• Planejamento como processo transacional 
e atitudinal para desenvolvimento das 
pessoas e das organizações 
 
 
ÊNFASE 
PROCESSUAL 
• Prescrições nos conteúdos das decisões 
(o que, como fazer), independente de 
valores e da motivação das pessoas (nas 
sociedades tradicionais) 
• Preocupação pelo processo de seleção 
(sociedades industriais, tanto capitalistas 
como socialistas) 
• Método racional (linearidade das etapas) 
 
• Conciliação de idéias de planejamento, 
liberdade e participação (fazer conjugado) 
• Preocupação com a adaptação rápida às 
mudanças, com os conflitos interpessoais 
e sociais. 
• Motivação e conscientização de todos os 
envolvidos. 
• Caráter mais ético que racional do 
processo (compromisso e 
responsabilidade das decisões) 
• Solução de problemas, metodologia 
heurística e participante. 
 
 
 
 
 6
 
FUNCIONALIDADE 
• Definição de objetivos (a partir das 
fontes políticas e institucionais ou por 
diagnósticos de necessidades) 
• Confronto entre situação idealizada e a 
real, para seleção de meios ou 
alternativas de ação. 
• Implementação das alternativas e 
acompanhamento 
• Avaliação de resultados, baseada em 
normas 
 
• Objetivos formulados de modo 
participativo e diversificado, mais com 
base em feedback do que em diagnóstico 
de necessidades 
• Revisão crítica e questionamento dos 
objetivos 
 PLANEJADOR • Técnico ou perito, cuja preparação 
exige “objetividade” científica para a 
tomada de decisão; conhecimento e 
domínio de estratégias e técnicas 
específicas 
• Profissional consciente da influência de 
suas próprias decisões, cuja preparação 
envolve conhecimento das complexas 
interações entre pessoas e das 
interdependências de fatores socais 
diversos. 
 
Ao analisarmos o quadro acima constatamos que o Planejamento Normativo 
Tradicional (PNT) é marcado pela concepção tecnocrática e economicista. Conforme 
esclarecem Vieira e Albuquerque (2001) este tipo de planejamento fundamenta-se na 
ação instrumental do modelo positivista. Esta concepção de planejamento origina-se nas 
primeira décadas do século XX, na antiga União Soviética, expandindo-se logo após a 
Segunda Guerra Mundial para os países capitalistas. 
Na América Latina, a expansão da concepção de planejamento normativo 
tradicional ocorre por meio da Conferência de representantes dos países latino-
americanos realizada em Punta del Este, em 1961. Segundo Vieira (1999) o surgimento 
deste enfoque vincula-se à Aliança para o Progresso e a sua exigência de projetos de 
desenvolvimento econômico e social para a concessão de financiamentos. 
No Brasil, é a partir da Segunda Guerra Mundial que as práticas 
governamentais passaram a incorporar o enfoque do planejamento normativo tradicional 
na condução da política econômica, então, concebido conforme Ianni (1996), como uma 
técnica racionalizada de organização das informações. 
 7
A esse respeito as autoras Vieira e Albuquerque (2001) esclarecem que é 
somente a partir da ditadura militar que o planejamento é de fato instituído como 
sistemática governamental, conforme formalizado pelo Decreto-Lei nº 200/67. 
Neste momento histórico do contexto brasileiro podemos observar o fomento 
das diferentes formas de financiamento internacional e ao planejamento direcionado ao 
desenvolvimento econômico, culminando com a elaboração e implantação de planos e 
programas setoriais e regionais, com destaque : os Planos Setoriais da Educação e os 
Planos Nacionais de Desenvolvimento. 
Diante das circunstâncias acima descritas surge um novo enfoque denominado 
Planejamento Estratégico (PE) em resposta aos limites do campo de ação do 
planejamento normativo tradicional. Ao lidar com as incertezas o planejamento 
estratégico comporta duas vertentes intituladas de Planejamento Estratégico Corporativo 
(PEC) e Planejamento Estratégico-Situacional (PES) que visam abrir espaços para 
diferentes formas de sistematização das ações. 
O planejamento estratégico corporativo está centrado nos problemas 
característicos e peculiares das grandes corporações privadas e visa atender às 
demandas da economia. Neste enfoque a sistematização das ações surge da identificação 
e enumeração de possibilidades e alternativas para o enfrentamento do concorrente, ou 
seja, do fortalecimento da competição empresarial, com a identificação da capacidade 
de previsão e de orientação das ações futuras. Este enfoque situa-se predominantemente 
no campo empresarial, contudo constata-se também a necessidade de um tipo de 
planejamento focado para as práticas governamentais, surgindo o Planejamento 
Estratégico Situacional (PES), enfoque proposto por Matus (1996). Assim, o referido 
autor esclarece que partindo-se do entendimento de que a realidade comporta variáveis 
políticas e não apenas econômicas esta concepção de planejamento, pensada para 
dirigentes políticos, “ no governo ou na oposição, pode ser aplicada a qualquer órgão 
cujo centro do jogo não seja exclusivamente o mercado, mas o jogo econômico, político 
e social” (MATUS, 1996, p. 354). Outra característica a ser destacada na própria 
nomenclatura do Planejamento Estratégico-Situacional é a ênfase conferida à categoria 
situação. As autoras Vieira e Albuquerque ( 2001, p.36) identificam o deslocamento da 
“ centralização para o exercício da descentralização; do reducionismo econômico para a 
inclusão das demais variáveis sociopolíticas; do autoritarismo para a participação. A 
idéia de governabilidade é aqui compreendida como uma relação entre as variáveis que 
o ator controla e as quenão controla no processo de governo[...]” 
 8
Assim, constata-se uma mudança de foco do planejamento normativo 
tradicional para o planejamento estratégico. Embora esta corrente de planejamento 
tenha adquirido grande destaque, inclusive, na formulação das políticas governamentais 
focalizando questões estratégicas é necessário atentar-se para as limitações que 
engendra no processo de participação da coletividade no âmbito do planejamento 
escolar. Para maior aprofundamento dos estudos sugerimos a leituras das obras de 
Matus (1996) versando sobre o Planejamento Estratégico. 
Outro enfoque de planejamento advindo do campo empresarial que ganha 
destaque nas últimas décadas do século XX é denominado Planejamento no 
Gerenciamento da Qualidade Total (CGT). No campo da teoria de administração o 
conceito de qualidade total abarca elementos de diversos modelos e teorias 
organizacionais caracterizando-se pelo seu caráter híbrido e pela amplificação de sua 
área de implementação seguindo linguagem e metodologias próprias. 
A implementação deste enfoque de planejamento no campo educacional tem 
gerado inúmeras implicações e equívocos decorrentes de uma tentativa de transposição 
linear que desconsidera o papel social da escola e a especificidade da dinâmica 
organizacional da escola e de seus diferentes protagonistas. A respeito do 
esclarecimento quanto aos diferentes enfoques de planejamento e a sua vinculação com 
a política educacional sugerimos para leitura o livro denominado “Política e 
Planejamento educacional”, de autoria de Sofia Lerche Vieira e Maria Gláucia Menezes 
Albuquerque. Veja referência completa na bibliografia. 
Por fim, evidenciamos que a cada momento histórico um tipo de planejamento 
é proposto em função das concepções de sociedade, homem, de educação e de projeto 
de formação que se coloca para a escola e seus agentes. E, assim, lidamos, na condição 
de professores, coordenadores etc., com a discussão sobre planejamentos e a elaboração 
de programas, projetos e planos da escola e do ensino. Como nos dizem os fragmentos 
de texto da Sala Ambiente - Planejamento e Práticas da Gestão Escolar, de autoria de 
Marcelo Soares Pereira da Silva, da Escola de Gestores da Educação Básica: 
 
Em diferentes momentos e lugares em que a educação se desenvolve somos 
solicitados a apresentar algum tipo de documento que expresse o 
planejamento do trabalho a ser desenvolvido. Seja a proposta pedagógica da 
escola, o projeto político-pedagógico da instituição, o plano de curso, o 
plano de aula, enfim, a necessidade de se trabalhar de forma planejada 
sempre foi uma constante e continua fortemente presente no interior da 
escola. Também, no âmbito dos sistemas de ensino encontramos a demanda 
 9
pelo planejamento do trabalho a ser desenvolvido, desde o Plano Nacional 
de Educação com suas metas e diretrizes, até os planos elaborados pelos 
sistemas de ensino nos estados e municípios. 
 Dessa maneira, em nosso cotidiano, em nosso fazer pedagógico tomamos 
decisões e desencadeamos um processo de reflexão sobre as ações que necessitamos 
desenvolver para alcançarmos os objetivos que definimos, utilizando, de forma mais 
adequada, os recursos existentes. Também definimos meios para que as metas e 
objetivos sejam possíveis de realização. As nossas necessidades em co-relação com a 
nossa realidade é sempre o ponto de partida rumo ao ideal que desejamos alcançar! 
Relembrando... 
Em vários momentos de sua formação você já deve ter lido e discutido 
sobre o que a legislação de ensino no Brasil nos fala sobre 
planejamento. 
Dessa forma, sabemos que, por exemplo, uma das inovações trazidas pela atual 
LDB 9394/96 é a de que esta lei determina, em seu artigo 12º, como incumbência dos 
estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e do sistema de ensino, nos 
incisos: 
 I - Elaborar e executar sua proposta pedagógica; e 
 VI - Articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de 
integração da sociedade com a escola. Nestes termos, a LDB consagra o direito e o 
dever da escola de elaborar e implementar a sua Proposta Pedagógica. A Proposta 
Pedagógica assume a multidimensionalidade enquanto instrumento de construção de 
identidade institucional e pedagógica da coletividade, que pressupõe a definição de uma 
determinada concepção de educação, de homem-mundo e de trabalho, assim como a co-
responsabilização pela práxis sócio-educativa. A Proposta Pedagógica configura-se na 
legislação como um canal de participação e instrumento de viabilização da Gestão 
Democrática requerendo a participação dos profissionais da educação e o diálogo com a 
comunidade escolar e extra-escolar 
 
 
 
 
 
 
 
 10
Os Dispositivos do Planejamento escolar e a prática pedagógica 
 
 A idéia de planejamento está associada ao que desejamos realizar, transformar e 
até mesmo manter. Isto porque as “concepções sobre planejamento tanto podem estar 
ligadas a ideais de transformação como às de manutenção de realidades ou situações 
existentes”. (SANT’ANNA, ENRICONE, ANDRÉ e TURRA, 1986, p.273) . Contudo, 
de modo geral a idéia de planejamento está muito mais vinculada aos propósitos de 
transformação de uma dada realidade. 
Assim, o planejamento escolar é também um processo reflexivo. Contudo, a 
reflexão exigida no planejamento conduz nosso olhar para a realidade da escola. 
Realidade física, cultural, pedagógica, social e política. É importante que, para o alcance 
dos objetivos estabelecidos no planejamento, não descuidemos da idéia de que o 
planejamento é também um ato político. Nesse sentido, a apreensão da escola em sua 
singularidade, a reflexão em torno das práticas pedagógicas e do compromisso social da 
escola pública são atitudes essenciais dos diversos sujeitos que interagem como 
protagonistas na dinâmica organizacional das instituições escolares. 
Concebemos o planejamento como instrumento teórico-metodológico para a 
intervenção na realidade. Dessa forma, o planejamento é imprescindível à ação 
educativa e ao fazer pedagógico. Vasconcelos (2000, p.63) define o planejamento 
“enquanto construção-transformação de representações é uma mediação teórico-
metodológica para a ação, que, em função de tal mediação, passa a ser consciente e 
intencional”. 
Nessa perspectiva, é importante que a reflexão acerca escola contemple três 
dimensões: a realidade (onde estamos); os fins (onde queremos chegar ou que 
desejamos alcançar); e a mediação ( como iremos alcançar o desejado ou de que forma 
iremos chegar lá). Sua estrutura básica é composta por três dimensões: análise da 
realidade (AR); projeção de Finalidades (PF) e elaboração das formas de mediação 
(FM). (Vasconcellos, 2000). 
São muitos os pesquisadores brasileiros que estudam o conceito e as 
práticas de planejamento.Assim, há diversas definições de planejamento concebido 
como atividade essencial e exclusivamente humana. A respeito do planejamento 
educacional no Brasil e na América Latina indicamos a leitura das pesquisas de 
Gentilini (vide referências). 
 11
Desse modo, o planejamento no campo educacional comporta 
diferentes níveis e aspectos: a) no macro-contexto das políticas educacionais temos o 
conceito de planejamento educacional referindo-se ao planejamento dos sistemas de 
ensino e de suas redes; b) no âmbito das instituições escolares temos o conceito de 
planejamento escolar referindo-se à organização da escola, dos tempos e espaços 
escolares; c) no âmbito do currículo temos o planejamento curricular referindo-se às 
formas de reflexão e organização de temáticas, disciplinas em seus diversos campos de 
conhecimento; d) no âmbito do ensino temos ainda o planejamento elaborado pelo 
professor (plano docente ou plano de trabalho docente) que compreende os conteúdos 
programáticos, objetivos e os procedimentos metodológicos e avaliatórios, bem como 
os recursos e materiais didático-pedagógicos. 
 
Veja!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
Finalidade do Planejamento escolar 
 
Enquanto mediação teórico-metodológica o planejamento tem por finalidade “ 
fazer algo vir à tona, fazer acontecer, concretizar, e para isto é necessário ‘amarrar’, 
‘condicionar’, estabelecer as condições – objetivas e subjetivas – prevendo o 
desenvolvimento da ação no tempo (o que vem primeiro, o que vem em seguida), no 
espaço (onde vai ser feita), as condições materiais (que recursos, materiais, 
equipamentos serão necessários) e políticas (relações de poder, negociações, estruturas), 
bem como a disposição interior (desejo, mobilização), para que aconteça.” 
(VASCONCELLOS, 2000, p.79) 
Esta perspectiva de análise implica conceber o planejamento enquanto processo 
de reflexão e de tomada de decisão. Assim, quando falamos de planejamento referimo-
O planejamento educacional compreende 
diferentes níveis : 
 
A- no âmbito dos Sistemas e de Redes de ensino; 
B- no âmbito da Unidade Escolar e 
C- no âmbito das atividades de ensino. 
 12
nos a um processo, contínuo e dinâmico, portanto, permanente. Por isso é importante 
distinguir os conceitos de planejamento e plano. 
O plano é um produto refere-se a um determinado momento do planejamento. 
Enquanto que o planejamento é o processo contínuo, dinâmico que incita uma 
determinada intervenção na realidade, contudo, para fazermos esta intervenção (e ou 
transformação) necessitamos definir objetivos, metas e plano de ação. 
Podemos definir o objetivo como “ a expressão de uma necessidade humana que 
só se satisfaz atingindo-se o resultado que aquele prefigura ou antecipa. Por isto, não se 
trata apenas de antecipação ideal do que está por vir, mas sim de algo que, além disso, 
queremos que venha” (VÁSQUEZ 1977, p.191) 
No intento de realizar o que planejamos muitas vezes vivenciamos um processo 
de constantes aproximações. No planejamento fazemos mediações entre o real e o ideal 
(realidade e finalidade) identificamos então uma dada realidade (ou representações que 
fazemos dela) com vistas à sua transformação. 
Na perspectiva da gestão democrática o planejamento escolar caracteriza-se pelo 
seu caráter interativo/dialógico e flexível tendo por finalidades: a) orientar o processo de 
tomada de decisão e da execução dos objetivos e metas estabelecidas pela comunidade; 
b) fazer a retroalimentação do sistema de informação oferecendo subsídios para o 
redirecionamento/replanejamento das ações; c) otimizar os diferentes usos e realocações 
de recursos materiais, financeiros, humanos; d) viabilizar alternativas/estratégias para o 
estabelecimento do fazer pedagógico-organizacional a curto, médio ou longo prazo); e) 
visualizar a instituição escolar em sua totalidade considerando o enfoque holístico e os 
fatores interdependentes e suas relações; e) viabilizar as estratégias de inovação e de 
mudança cultural nos espaços organizacionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 13
Para pensar....Para pensar....Para pensar....Para pensar.... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ALBERS, Gerd. On the nature of spatial planning in Law and State. Alemanha, 
Coleção Bianual da Universidade, vol.5.1972.p.187. 
 
 
AZANHA, José Mário. Política e Planos de Educação no Brasil: alguns pontos para 
reflexão. Cadernos de Pesquisa, n.85. São Paulo, Fundação Carlos Chagas, 1993 a. 
pp. 70-78. 
 
 
CORNELY, Seno A. Subsídios sobre o Planejamento Participativo. In: Participação 
Comunitária. São Paulo, ENPLASA, 1977, Série:Documentos 2. 
 
 
FONSECA, João Pedro da; NASCIMENTO, Francisco João & SILVA, Jair Militão da. 
Planejamento educacional participativo. Revista da Faculdade de Educação.,v.21, n..1, São 
Paulo, 1995, PP. 79-112. 
 
FUSARI, José C. O planejamento na formação do educador. São Paulo, SE/CENP, 
1988. 
 
GANDINI, Danilo. A prática do planejamento participativo na educação. Porto Alegre, 
UFRGS, 1991. (Petrópolis, Vozes, 1995). 
 
GANDINI, Danilo. Planejamento como prática educativa.7ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 
1983. 
 
Observações sobre o Papel do Coordenador no planejamento escolar. 
 
• Sabemos que não é fácil a construção coletiva! É uma construção complexa, 
assim, é preciso que os objetivos resultem da reflexão e definição coletiva da 
comunidade escolar ; o coordenador enquanto mediador e articulador do diálogo 
pode contribuir muito na explicitação destes objetivos. 
• O planejamento participativo é responsabilidade coletiva! 
• A coordenação pedagógica deve considerar as diferenças e a diversidade cultural 
do grupo. A forma de trabalho deve responder as questões centrais de cada 
escola, e, assim, coletivamente, define-se o caminho para efetivação de seus 
projetos. 
• No planejamento escolar é preciso considerar os processos comunicativos 
constituidores do espaço escolar. Veja, no futuro, as discussões que serão 
apresentadas nas salas ambientes – Currículo, Cultura e Conhecimento Escolar e 
Práticas e espaços de Comunicação na escola e não deixe de articular com as 
discussões sobre o planejamento na escola. 
 14
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(pretensiosas) reflexões. Cadernos de Educação, Araraquara, v. 2, 2001. 
 
 
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Livro, 2009. (Série Formar)

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