Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 DIREITOS DA INTEGRAÇÃO E COMUNITÁRIO Referência: Livro do Portela (material base) André de Carvalho Ramos Livro Hidelbrando Aciolly Valério Mazzuoli 1. INTRODUÇÃO A integração regional é um dos fenômenos mais marcantes da sociedade internacional na atualidade, e tem por característica mais evidente a formação de blocos regionais, mecanismos criados por Estados soberanos para conferir vantagens no âmbito das relações que mantêm entre si, especialmente, mas não exclusivamente, no âmbito econômico-comercial. Exemplos de integração regional: o MERCOSUL e a União Europeia. Os mecanismos de integração regional encontram-se em diversos estágios de desenvolvimento, variando de zonas de livre comércio a arranjos que configuram uma integração política mais aprofundada, como a União Europeia (UE). Na UE temos uma espécie de Direito Comunitário, ramo do Direito criado pelos Estados que integram o bloco, elaborado no âmbito internacional, mas com imediata aplicabilidade dentro dos Estados e primazia sobre o Direito interno. Noções Gerais: integração econômica e formação de blocos econômicos: A integração regional é uma das modalidades de cooperação que os Estados vêm desenvolvendo no decorrer da história. A sua formação tornou-se mais comum após o final da Guerra Fria, bem como o aprofundamento da integração nos blocos que já existiam. A integração regional caracteriza-se, então, pela - aproximação entre Estados com alguma afinidade geográfica, econômica, histórica e cultural, que - decidem oferecer, uns aos outros, determinadas vantagens, - especialmente no campo econômico-comercial, para auferir benefícios mútuos e fortalecer a defesa de interesses comuns no cenário internacional, 2 - permitindo a formação de espações econômicos mais amplos e - criando condições diferentes para a organização e desenvolvimento das atividades produtivas. Conceito de Direito da Integração: novo ramo do Direito Internacional que visa regular o funcionamento dos blocos regionais. Compartilha todas as características comuns do Direito Internacional em geral, como a necessidade de incorporação de suas normas ao ordenamento interno e a possibilidade de que seus preceitos não se apliquem quando em conflito com as normas de Direito nacional. Os mecanismos de integração regional são regulados pelo Direito da Integração. Dependendo do aprofundamento da integração, o processo integracionista poderá ser regulado por um novo ramo jurídico, o Direito Comunitário, que sempre se sobrepõe aos Direitos nacionais e é diretamente aplicável dentro dos Estados, sem as formalidades de incorporação das normas do Direito Internacional clássico ao ordenamento interno. ATENÇÃO! É comum definir o DIREITO COMUNITÁRIO como o ramo do Direito que REGULA TODOS OS MECANISMOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL, confundindo-o com o Direito da Integração. Entretanto, há importantes diferenças entre ambos. Estágios de desenvolvimento integracional: O regionalismo atual vai atrair Estados em diferentes estágios de desenvolvimento, com objetivos que variam da promoção de interesses no âmbito econômico-comercial à integração mais profunda, atingindo os campos político e social e limitando a soberania estatal. Estágios da integração regional: área (ou zona) de livre comércio, união aduaneira, mercado comum, união econômica e monetária e união política. Nem todos os blocos regionais passam pela totalidade desses estágios, pois nem sempre esse é o objetivo dos Estados envolvidos. A passagem para uma etapa subsequente não significa o abandono da anterior, mas sim sua incorporação e a manutenção de suas características. Ou seja, o bloco regional não deixa de existir por não ter cumprido todos os estágios identificados pela doutrina. A implantação de cada etapa pode ser progressiva e parcial, segundo os interesses dos Estados envolvidos, sem que isso descaracterize o processo de integração regional. A conformação prática de cada uma dessas fases pode, na prática, variar segundo cada caso específico. 3 1ª etapa: ÁREA (ZONA) DE LIVRE COMÉRCIO. São estabelecidas FACILIDADES para a circulação de bens dentro do bloco regional, como a redução progressiva ou a retirada total de barreiras alfandegárias e não alfandegárias, como gravames aduaneiros, alíquotas, cotas. É a etapa que apareceu em primeiro lugar na história da integração regional e a maioria dos blocos regionais a ela se limita. As zonas de livre comércio costumam incluir, em caráter temporário, “listas de exceção”, compostas por produtos sobre os quais NÃO incidem as regras relativas à livre circulação de mercadorias, para proteção de determinados setores econômicos, ao menos enquanto se preparam para enfrentar a concorrência estrangeira. ATENÇÃO! Não confundir “zonas de livre comércio” com “zonas francas” que são cidades, regiões de países ou locais delimitados em que a cobrança de tributos sobre bens e serviços é eliminada ou muito reduzida, com o intuito de fomentar o desenvolvimento regional ou de algum setor específico da economia (ex.: ZONA FRANCA DE MANAUS). 2ª etapa: UNIÃO ADUANEIRA. São adotadas regras comuns para as importações oriundas de fora do bloco, como o estabelecimento de uma tarifa externa comum (TEC), para evitar que produtos e serviços vindos de terceiros países tenham mais vantagens na concorrência contra produtos do próprio bloco. Visa uniformizar o tratamento dispensado aos países que não fazem parte do bloco. É a etapa na qual se encontra o MERCOSUL. 3ª etapa: MERCADO COMUM. Há LIVRE CIRCULAÇÃO de todos os fatores de produção, incluindo bens, serviços, capitais e mão-de-obra, bem como a liberdade de concorrência (chamadas por Husek “cinco liberdades básicas”. A livre circulação de todos os fatores requer a formulação e execução de iniciativas de harmonização de políticas nacionais em diversos campos entre os Estados membros. 4ª etapa: UNIÃO ECONÔMICA E MONETÁRIA. Os membros do bloco estabelecem a coordenação de suas políticas macroeconômicas, partindo para políticas econômicas e cambiais unificadas, metas comuns de indicadores macroeconômicos, uma só moeda e Banco Central único. É o atual estágio da União Europeia. 4 5ª etapa: UNIÃO POLÍTICA: estabelecimento de uma coordenação de ações no campo POLÍTICO. Teoricamente, pode levar à formação de uma confederação ou à unificação dos membros do mecanismo integracionista. Na prática, os blocos regionais já aplicam alguns dos elementos de união política, como a coordenação de políticas externas, de defesa e de segurança, independentemente da etapa em que se encontrem. Segundo Portela, “Bregalda indica uma fase adicional, anterior à zona de livre comércio, denominada “zona de preferência tarifária (ZPT)”, etapa em que os Estados adotam tarifas preferenciais de comércio uns com os outros”. ESTÁGIO CARACTERISTICAS Área/zona de livre comércio Liberalização da circulação de bens dentro do bloco regional União aduaneira Regras comuns para as importações oriundas de fora do bloco Mercado comum Livre circulação dos fatores de produção União econômica e Monetária Políticas macroeconômicas e moeda comuns União Política Coordenação de ações no campo político Como caiu em prova: QUESTÃO: O MERCOSUL encontra-se atualmente no estágio do mercado comum, com livre circulação de todos os fatores de produção, incluindo bens, serviços, capitais e mão-de-obra, bem como a liberdade de concorrência. Errado. Comentários: Embora o MERCOSUL VISE atingir o MERCADO COMUM, atualmente ele encontra-se no estágio da UNIÃO ADUANEIRA, com Regras comuns para as importações oriundas de fora do bloco. 5 2. DIREITO COMUNITÁRIO Conceito: - Ramo do Direito - que regula mecanismos de integração regional - que atingiram um estágio de desenvolvimentomais aprofundado - e que é criado não só pelos Estados, mas também pelos órgãos do bloco regional, - sendo marcado pela aplicabilidade imediata dentro dos entes estatais - e pela superioridade hierárquica em relação ao direito interno dos estados. Características do direito comunitário: O aparecimento do Direito Comunitário é vinculado diretamente à integração europeia. Ao contrário do que ocorre nas organizações internacionais, os órgãos comunitários reúnem ampla capacidade de fazer valer suas determinações frente aos Estados-membros. O objetivo é o desenvolvimento de uma associação de Estados que, em nome de interesses comuns, abrem mão de parcela importante de sua soberania. Assim, o Direito Comunitário tem como característica a supranacionalidade, ou seja, a existência de entidades que se encontram em posição de primazia frente aos estados soberanos, em certos aspectos, e de normas que prevalecem sobre as normas internas dos ordenamentos estatais. A supranacionalidade somente existe na União Europeia. Contudo, nem todos os órgãos do bloco europeu nem todo o direito da União Europeia são supranacionais. O Direito Comunitário é autônomo em relação aos ordenamentos estatais. A autonomia é a forma encontrada para efetivamente vincular os Estados e limitar sua soberania em nome dos interesses da comunidade. É uma maneira de permitir a aplicação uniforme no espaço comunitário, evitando que a interpretação dada por cada Estado membro acabe por desvirtuá-las. O Direito Comunitário pode ser diretamente aplicado dentro dos Estados, independentemente de qualquer processo de incorporação tradicional e sempre terá primazia em relação ao Direito Interno, ao contrário do que ocorre com o Direito Internacional clássico. Não se trata de mero conjunto de acordo entre os Estados nem um apêndice das ordens jurídicas nacionais. O ordenamento comunitário também é formado por deliberações de outros órgãos, criados pelos Estados, mas autônomos em relação a todo e qualquer ente estatal. O Direito Comunitário é um 6 sistema criado pelos Estados, mas que se torna independente destes. O Direito Comunitário não deve ser tratado como o ramo do Direito que regula qualquer processo de integração, pois vários aspectos que caracterizam uma ordem jurídica comunitária, como a supranacionalidade, não estão presentes em outros blocos regionais, como o MERCOSUL e a NAFTA. O Direito Comunitário existe apenas na União Europeia, único modelo integracionista do mundo cujo ordenamento jurídico incorpora as características desse ramo do Direito. Portanto, a título de exemplo, o ordenamento jurídico do MERCOSUL não é, tecnicamente, Direito Comunitário. Fontes do Direito Comunitário: As mesmas do Direito Internacional clássico (tratados, jurisprudência dos órgãos comunitários, doutrina, princípios gerais do Direito e princípios gerais do Direito Comunitário). Inclui outras formas de manifestação da norma jurídica, emanadas dos órgãos autônomos que reúnem competência para elaborar os preceitos comunitários. A doutrina divide as fontes do ordenamento comunitário em dois tipos: Direito Comunitário originário e Direito Comunitário derivado. Direito Comunitário Originário: tratados constitutivos da ordem comunitária e os atos posteriormente firmados pelos Estados. É fruto do esforço negociados dos membros do bloco. Direito Comunitário Derivado: composto pelos atos jurídicos adotados pelas instituições comunitárias no exercício de suas funções (regulamentos, diretivas, decisões, recomendações, pareceres etc). Só pode ser elaborado dentro do quadro estabelecido pelas normas do Direito Comunitário Originário. Princípios do Direito Comunitário: Dentre suas principais premissas, podem ser apontadas: a) a substituição: a norma comunitária pode ocupar completamente o lugar do Direito interno em assuntos de exclusiva competência dos órgãos comunitários; b) coordenação: o Direito Comunitário influencia o desenvolvimento do Direito interno; c) coexistência: o Direito Comunitário e o Direito Interno podem regular o mesmo objeto quando o tema se referir à competência concorrente entre o bloco regional e os Estados ou quando o órgão competente para legislar não o fizer ou não legislar a contento. Princípio da integração: em matérias específicas, os Estados se curvam à competência decisória do 7 órgão comunitário. As políticas promovidas pelos Estados-membros do bloco devem ser articuladas de forma a funcionar harmonicamente. Aplicabilidade direta e efeito direto: o Direito Comunitário confere direitos e cria obrigações não só para os Estados e as instituições comunitárias, mas também diretamente para os próprios cidadãos. O princípio da aplicabilidade direta, ou imediata, refere-se à possibilidade de que as normas comunitárias criem direitos e obrigações para todas as pessoas naturais e jurídicas dentro do bloco e sejam por estas invocadas diretamente no âmbito interno dos Estados, inclusive perante os respectivos Judiciários nacionais, sem necessidade de qualquer outro processo adicional. Refere-se à possibilidade de aplicação imediata das normas comunitárias dentro de cada Estado. As normas dos tratados comunitários serão diretamente aplicáveis desde que formuladas sem reservas, sejam precisas e não necessitem de qualquer ação adicional dos membros ou das instituições para que lhes seja conferida eficácia. Aguillar diferencia aplicabilidade direta do efeito direto, pois a aplicabilidade direta implicaria a desnecessidade de qualquer medida nacional para que o ato tenha força obrigatória no país-membro. Entendimento do STF: CR-AgR 8279/AT O STF, em julgado sobre a aplicação de tratado celebrado no âmbito do MERCOSUL, diferencia o efeito direto da aplicabilidade direta. Para o pretório Excelso: • O efeito direto refere-se ao fato de as normas comunitárias poderem ser invocadas desde logo pelos particulares, podendo repercutir imediatamente na vida de pessoas naturais e jurídicas. • A aplicabilidade direta trata da possibilidade de as normas comunitárias serem aplicadas no âmbito interno sem necessidade de processo de incorporação adicional. O STF salienta que nenhum dos dois princípios se acha consagrado na CF. IMPORTANTE! Os tratados do MERCOSUL deverão ser submetidos ao mesmo processo de incorporação dos demais tratados, pois suas normas não podem ser tecnicamente classificadas como de Direito Comunitário. Primazia: o Direito Comunitário tem primazia frente ao Direito interno. Suas normas prevalecem sempre quando em conflito com as normas nacionais, ao contrário do direito internacional clássico. O Direito Comunitário prevalece sobre todas as normas, ainda que mais novas ou mais especiais, e está 8 acima das próprias normas constitucionais dos Estados-membros do bloco regional. Essa primazia não é automática e depende de as normas comunitárias serem aceitas previamente pelos Estados, o que ocorre quando estes se vinculam ao bloco. A partir daí, o primado do Direito Comunitário é natural, pois do contrário, não seria possível atingir os objetivos da comunidade. O caráter de primazia do Direito Comunitário impõe a obrigação de os Estados cooperarem com o mecanismo integracionista. A noção de primazia não exclui a competência dos estados para que decidam como aplicarão o Direito Comunitário, desde que cuidem de executar suas normas, promovendo os objetivos do bloco regional. Aplicação uniforme e harmonização: o Direito Comunitário deve ser aplicado uniformemente em todos os estados que estejam sob sua égide, e os ordenamentos internos dos entes estatais devem se conformar a suas normas. Esse preceito pode se referir, também, ao princípio da harmonização, pelo qual se admite a coexistência do Direito interno com o Direito Comunitário, desde que compatíveis. Na união europeia, a aplicação uniformeé promovida pelo instrumento do reenvio prejudicial, pelo qual as cortes nacionais devem submeter ao Tribunal de Justiça Europeu conflitos quanto à aplicação da legislação comunitária. A interpretação das normas comunitárias deve ser feita à luz das exigências do Direito Comunitário e dos objetivos que este regula. Subsidiariedade: os órgãos comunitários só intervirão nas áreas que não sejam de sua competência exclusiva quando uma situação possa repercutir no plano comunitário ou fora do estado onde ocorra ou, ainda, quando os órgãos comunitários possam agir melhor que os órgãos estatais. Resumindo: Características Fontes Princípios - regula mecanismos de integração que atingiram estágio de desenvolvimento mais aprofundado - normas criadas não só pelos Estados, mas também pelos órgãos comunitários. Direito Comunitário Originário: tratados e outros atos celebrados pelos Estados Direito Comunitário Derivado: atos jurídicos adotados pelas instituições comunitárias, como regulamentos, diretivas, -integração -aplicabilidade direta e efeito direto -primazia -aplicação uniforme e harmonização -subsidiariedade -substituição -coordenação -coexistência 9 Características Fontes Princípios - aplicabilidade direta e efeito direto dentro dos Estados, sem os tradicionais processos de incorporação ao Direito interno. - superioridade hierárquica em relação ao Direito nacional dos Estados. - associado ao fenômeno da SUPRANACIONALIDADE -autonomia em relação aos ordenamentos estatais Atualmente, existe apenas na União Europeia decisões, recomendações, pareceres etc. 3. DIFERENÇAS ENTRE O DIREITO COMUNITÁRIO E O DIREITO DA INTEGRAÇÃO O DIREITO DA INTEGRAÇÃO é um ramo do Direito Internacional clássico, não se impõe automaticamente sobre o direito interno, e os órgãos integracionistas não têm ascendência sobre os órgãos nacionais. O DIREITO COMUNITÁRIO, por sua vez, é sempre superior ao Direito Interno, e os órgãos comunitários têm poderes para aplicar suas decisões ainda que contra a vontade dos Estados. O Direito Comunitário é supranacional; o da Integração, não. 10 O Direito Comunitário tem aplicação direta e imediata no âmbito interno dos Estados, ao passo que o Direito da Integração envolve os mesmos procedimentos de incorporação exigidos aos tratados comuns. Na hierarquia do ordenamento jurídico, o Direito Comunitário ocupa posição de primazia frente ao Direito interno. As normas do Direito da Integração podem ou não prevalecer sobre a ordem jurídica nacional, nos termos das normas internas que determinem a hierarquia do Direito Internacional dentro do ordenamento nacional. O Mercosul é exemplo de integração regional ou direito comunitário? Integração regional. O Mercosul se encontra submetido às mesmas condições do Direito Internacional clássico. Direito Comunitário x Direito da Integração Direito Comunitário Direito da Integração Nova modalidade do fenômeno jurídico no campo internacional Direito Internacional clássico O Direito Comunitário tem primazia frente ao Direito Interno O Direito da Integração pode ou não ter primazia frente ao Direito interno O Direito Comunitário é supranacional O Direito da Integração não é supranacional O Direito Comunitário tem aplicação imediata e efeito direto no âmbito interno O Direito da Integração deve ser incorporado ao Direito interno por meio dos procedimentos empregados para a incorporação de qualquer tipo de norma internacional Como caiu em prova: 1 - PFN - Os modelos de integração regional que se registram, a exemplo da União Europeia, do Mercosul, do NAFTA, entre outros, passam por processos que podem se manifestar evolutivamente em zonas de livre comércio, uniões aduaneiras, mercados comuns, uniões econômicas e uniões totais, econômicas e políticas. Em relação às uniões aduaneiras é correto afirmar que: a) se tratam das formas mais antigas e simples de integração econômica, prevendo apenas a completa eliminação de obstáculos tarifários entre os Estados participantes. b) se tratam de modelos que permitem a livre circulação de fatores e de serviços nos Estados-membros, 11 isto é, a liberação de bens, capitais, serviços e pessoas, com a eliminação de toda forma de discriminação. c) se tratam de regimes de cooperação sofisticados e bem elaborados, no qual há a coordenação e unificação das economias nacionais dos Estados-membros. d) se tratam de regimes nos quais são introduzidas harmonizações de determinadas políticas comuns, em assuntos agrícolas, ambientais e industriais, com especial enfoque no campo macroeconômico. e) se tratam de regimes nos quais os Estados-membros adotam um sistema de tarifas aduaneiras comuns frente a terceiros países, podendo-se verificar uma tarifa exterior comum para as importações procedentes de terceiros países. COMENTÁRIO: Letra “e”: UNIÃO ADUANEIRA. São adotadas regras comuns para as importações oriundas de fora do bloco, como o estabelecimento de uma tarifa externa comum (TEC), para evitar que produtos e serviços vindos de terceiros países tenham mais vantagens na concorrência contra produtos do próprio bloco. Visa uniformizar o tratamento dispensado aos países que não fazem parte do bloco. É a etapa na qual se encontra o MERCOSUL. 2) ADVOGADO DO SENADO FEDERAL - 2008 - FGV (Internacional Público, questão 88). Entende-se por Mercado Comum um tipo de integração regional caracterizado por: a) eliminação das barreiras comerciais tarifárias e não tarifárias e harmonização das políticas comerciais, sociais e regulatórias dos países membros. b) eliminação das barreiras comerciais tarifárias e não tarifárias c) eliminação das barreiras comerciais tarifárias e não tarifárias, harmonização das políticas comerciais, sociais e regulatórias dos países membros mais o estabelecimento de moeda comum. d) negociações de reduções tarifárias com o intuito de fomentar o intercâmbio de setores da economia entre os países signatários. e) criação de área livre de tributos e encargos de todas as naturezas. COMENTÁRIOS: MERCADO COMUM. Há LIVRE CIRCULAÇÃO de todos os fatores de produção, incluindo bens, serviços, capitais e mão-de-obra, bem como a liberdade de concorrência (chamadas por Husek “cinco liberdades 12 básicas”. A livre circulação de todos os fatores requer a formulação e execução de iniciativas de harmonização de políticas nacionais em diversos campos entre os Estados membros. 3 – OAB DF 2015.2 –ADAPTADA: Julgue o seguinte item, marcando “certo” ou “errado”: Os tratados internacionais disciplinadores do MERCOSUL possuem tratamento de incorporação diferenciado das demais avenças internacionais. COMENTÁRIOS: Assertiva errada. Os tratados do MERCOSUL deverão ser submetidos ao mesmo processo de incorporação dos demais tratados, pois suas normas não podem ser tecnicamente classificadas como de Direito Comunitário. O Direito do MERCOSUL é Direito da Integração e não Direito Comunitário, e se encontra submetido às mesmas condições do Direito Internacional clássico 4 – TRF 3ª 2011: No MERCOSUL, há direito comunitário, sendo as normas oriundas de órgãos comuns e dispensadas a internalização, conforme as regras de direito internacional. COMENTÁRIOS: Assertiva errada. Ver explicação anterior. 5- TRF4 - Pelo princípio da subsidiariedade, a Comunidade só deve exercer suas funções nos limites e atribuições instituídos pelos Tratados. COMENTÁRIOS: Assertiva errada. Pelo Princípio da Subsidiariedade: os órgãos comunitários SÓ INTERVIRÃO NAS ÁREAS QUE NÃO SEJAM DE SUA COMPETÊNCIA EXCLUSIVA quando uma situação possa repercutir no plano comunitário ou fora do estado onde ocorra ou, ainda, quando os órgãos comunitários possam agir melhor que os órgãos estatais.6 - É sabido que as fases de uma integração de países - geralmente vizinhos de uma mesma região - passa pela zona de livre comércio, união aduaneira, mercado comum e união econômica e monetária. O MERCOSUL, diante dessas possibilidades tem um objetivo maior do que a simples integração econômica, porque pretende ser um mercado comum. 13 COMENTÁRIOS: Assertiva correta. De acordo com o TRATADO DE ASSUNÇÃO, a finalidade do MERCOSUL é a CONSTITUIÇÃO DO MERCADO COMUM, até porque MERCOSUL é a abreviação de Mercado Comum do Sul. 7- A União Europeia, que também passou por fases de integração, hoje já se encontra na união econômica e monetária, com um planejamento econômico comum, um Banco Central para o bloco e uma moeda única. COMENTÁRIOS: Assertiva correta. A União Europeia é o único bloco econômico que se encontra na fase de união econômica e monetária. Uma das principais características dessa fase é a criação de Banco Central e de uma moeda única. 8 - É fato que o MERCOSUL se encontra na fase da união aduaneira, dita incompleta, porque estabeleceu uma TEC - Taxa Externa Comum, que abrange parte dos produtos da região, e tem como objetivo, pelo Protocolo de Itaipu, tornar-se uma união econômica e monetária. COMENTÁRIOS: Assertiva errada. Embora o MERCOSUL se encontre atualmente na fase da UNIÃO ADUANEIRA INCOMPLETA, seu objeto, como já asseverado no item I, é a constituição de um mercado comum e não de uma união econômica e monetária. 9 - O que caracteriza o mercado comum é a existência de cinco básicas liberdades: de circulação de pessoas, de circulação de bens, de circulação de serviços, de circulação de capitais; e livre concorrência. COMENTÁRIOS: Assertiva correta. As características do mercado comum são as liberdades de: circulação de pessoas, de circulação de bens, de circulação de serviços, de circulação de capitais; e livre concorrência. 10 - Constituem-se como Tratados do MERCOSUL: Tratado de Assunção, Protocolo de Brasília, Protocolo 14 de Ouro Preto, Protocolo de Olivos, Protocolo de Ushuaía e Protocolo do Unasul. COMENTÁRIOS: Assertiva errada. Constituem-se como Tratados do MERCOSUL, atualmente, os: a) TRATADO DE ASSUNÇÃO (responsável pela constituição da instituição do MERCOSUL), b) PROTOCOLO DE OURO PRETO (responsável pela constituição da estrutura do MERCOSUL), c) PROTOCOLO DE OLIVOS (responsável pela constituição do sistema definitivo de solução de controvérsias existentes entre os Estados-partes) e d) PROTOCOLO DE USHUAÍA (responsável pela ordem democrática dos Estados-partes do MERCOSUL). Já os Protocolos de UNASUL e de ITAIPU não possuem vínculo com o MERCOSUL. Por fim, o Protocolo de Brasília foi derrogado pelo Protocolo de Olivos. 4. MERCOSUL 4.1. Histórico ALALC, ALADI e as negociações Argentina-Brasil: Um marco inicial no esforço de integração da América Latina foi a criação, em 1960, da Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC), com o objetivo de criar uma zona de livre comércio na região no prazo de doze anos, para permitir a formação de mercados mais abrangentes e dinâmicos que facilitariam o processo de substituição das importações. A ALALC não atingiu suas metas e foi substituída em 1980, pela ALADI (Associação Latino-Americana de Integração), concebida para corrigir as falhas da ALALC. A ALADI ainda existe e é sediada em Montevidéu. É regulada pelo Tratado de Montevidéu, de 1980 (Decreto nº 87.054/82). Seu principal propósito é promover o livre comércio na América latina, mas sem estabelecer um prazo para a criação de uma zona de livre comércio. A ALADI visa apenas a 15 estabelecer, inicialmente, preferência no comércio entre os países latino-americanos. Paralelamente, outros projetos de integração regional iniciaram-se na região, como o PACTO ANDINO, hoje Comunidade Andina de Nações (CAN), fundado em 1969. A ALALC e a ALADI marcam o período de “fase romântica” da integração, caracterizada pela retórica e pelas dificuldades concretas de realizar a integração, num contexto histórico em que a maioria dos estados latino-americanos seguiam políticas nacionalistas e mantinham economias pouco abertas para os mercados internacionais. Negociações Brasil-Argentina: A partir de meados dos anos 80, Argentina e Brasil começaram a negociar medidas que visavam a promover o comércio bilateral, por meio da retirada de barreiras aos fluxos comerciais entre ambos. Dentro desse processo, firmaram-se instrumentos como a Ata de Iguaçu, em 1985, o Programa de Integração e Cooperação Econômica Brasil-Argentina (PICAB), em 1986, e o Tratado Bilateral de Integração e Cooperação Econômica, de 1988. Em 1990 firmou-se a Ata de Buenos Aires, por meio da qual Brasil e Argentina decidiram criar um mercado comum entre ambos, que deveria ser instalado até dezembro de 1994. Ao final dessas negociações, Paraguai e Uruguai juntaram-se ao processo, decidindo criar o MERCOSUL, através do TRATADO DE ASSUNÇÃO, de 26/03/1991 (Decreto 350, de 21/11/1991). A constituição do MERCOSUL é um passo no sentido de concretizar o compromisso brasileiro de promover a integração regional, estabelecido pelo parágrafo único do art. 4º da CF/88. Resumindo: ALALC:1960 Projeto de integração econômica latino-americana ALADI:1980 Fracasso da ALALC. Preferências comerciais na América Latina Negociações Argentina-Brasil: década de oitenta Celebração da Ata de Iguaçu, do Programa de Integração e Cooperação Econômica Brasil-Argentina (PICAB) e do Tratado Bilateral de Integração e Cooperação Econômica Tratado de Assunção: 1991 Criação do MERCOSUL 16 4.2 Constituição O MERCOSUL foi criado por meio do Tratado de Assunção e originalmente, o bloco contava com a participação de quatro Estados (membros plenos): Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. A partir de 2012, a Venezuela também passou a integrar o MERCOSUL, com a entrada em vigor do Protocolo de Adesão da república Bolivariana da Venezuela, de 2006 (Decreto 7.859/12). OBS: Atualmente, a Venezuela encontra-se temporariamente SUSPENSA do MERCOSUL em razão da defesa de um governo democrático. Possui cinco estados associados: Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru. Tais Estados firmaram acordos de livre comércio com o bloco e beneficiam-se de vantagens nas relações econômico- comerciais com os membros do MERCOSUL, visando a eventual criação de zonas de livre comércio. Podem participar, quando convidados, das reuniões dos órgãos do MERCOSUL, para tratar de temas de interesse comum, sem direito a voto. 17 Membros do MERCOSUL: O MERCOSUL encontra-se aberto à adesão de qualquer estado-membro da ALADI Membros: - Argentina -Brasil -Paraguai -Uruguai -Venezuela (suspenso) Estados associados: -Bolívia -Chile -Colômbia -Equador -Peru Uma característica importante é a de que as DECISÕES dentro do bloco só serão aprovadas se houver CONSENSO entre seus membros, devendo todos os Estados-membros estar presentes às deliberações. Ainda não existe no bloco um órgão supranacional com competência para ditar diretrizes a um Estado independentemente da concordância deste. Portanto, as normas editadas não possuem efeito imediato, devendo ser internalizadas pelas vias corretas. 4.3. Objetivo Contribuir para - o desenvolvimento da região - por meio da criação de um espaço econômico comum, - que permita a ampliação dos mercados nacionais, - a elevação do grau de competitividade das economias dos Estados-membros, - o fortalecimento das posições dos países do bloco nos foros internacionais, - a obtenção de vantagens comerciais com outros parceiros, - a modernização econômica. Em resumo, o MERCOSUL, visa a melhor inserção internacional de seus integrantes. O MERCOSULvisa estabelecer um MERCADO COMUM entre os seus membros (art. 1º do Tratado de 18 Assunção), e abrange: a livre circulação de BENS, SERVIÇOS e FATORES PRODUTIVOS entre os países, por meio, por exemplo, da eliminação dos direitos alfandegários e das restrições não tarifárias à circulação de mercadorias; o estabelecimento de uma tarifa externa comum para os produtos vindos de países de fora do bloco e a adoção de uma política comercial comum em relação a terceiros Estados ou a agrupamentos de Estados; a coordenação de posições em foros econômico-comerciais regionais e internacionais; a coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre os Estados Partes, a fim de assegurar condições adequadas de concorrência entre os membros do bloco; e o compromisso dos Estados partes de harmonizar suas legislações nas áreas pertinentes, para lograr o fortalecimento do processo de integração. CUIDADO! Visa o MERCADO COMUM, mas não está nesse estágio ainda. Até o momento, é apenas uma união aduaneira, considerada incompleta, tendo em vista a grande quantidade de produtos nas listas de exceções à Tarifa Externa Comum do bloco. Essa é uma questão muito batida em prova, seja dizendo que visa à política comum, ou zona de livre comércio, ou outro estágio qualquer, seja dizendo que o estágio que se encontra é o mercado comum. Todas erradas. Esquematizando os objetivos: - livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos; - eliminação das restrições incidentes sobre o comércio recíproco; - estabelecimento de uma tarifa externa comum; - adoção de políticas comerciais comuns em face de terceiros países; - coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais. MERCOSUL X regime democrático: O MERCOSUL deverá desenvolver-se com base no regime democrático e no Estado de Direito. O estado que não seja democrático ou cujo regime democrático seja interrompido não poderá ser membro do MERCOSUL ou poderá perder, no todo ou em parte, os direitos inerentes a um participante do bloco. Em razão disso que a Venezuela encontra-se suspensa do referido bloco regional. Embora o bloco seja voltado para o campo econômico, é atualmente um processo integracionista, envolvendo aspectos políticos e sociais, abrangendo áreas como o trabalho, seguridade social, saúde, educação e migração. 19 O desenvolvimento do MERCOSUL depende de seus membros, pois não possui órgãos supranacionais. A validade das determinações de seus órgãos e dos seus tratados DEPENDE DE INCORPORAÇÃO AOS ORDENAMENTOS JURÍDICOS INTERNOS. Uma de suas principiais características é o pequeno grau de institucionalização, pois possui poucos órgãos permanentes. 4.4 Fontes do direito do MERCOSUL São fontes: o Tratado de Assunção, seus protocolos e instrumentos adicionais ou complementares, outros acordos celebrados no âmbito do bloco e seus protocolos e as Decisões do Conselho do Mercado Comum, as Resoluções do Grupo Mercado Comum e as Diretrizes da Comissão de Comércio do MERCOSUL (Protocolo de Outro Preto, art. 42). Lembrando que essas decisões, resoluções e diretrizes NÃO possuem efeito imediato, devendo ser incorporadas aos ordenamentos internos dos Estados. Como caiu em prova QUESTÃO TRT 18 (2014): As normas editadas pelos organismos comunitários dotados de poder normativo (Conselho Mercado Comum, Grupo Mercado Comum e Comissão de Comércio do Mercosul) são adotadas por unanimidade dos representantes dos Estados parte e entram em vigor imediatamente em todo o espaço do bloco. COMENTÁRIOS: Assertiva errada. CUIDADO!! As Decisões do Conselho do Mercado Comum, as Resoluções do Grupo Mercado Comum e as Diretrizes da Comissão de Comércio do MERCOSUL NÃO possuem efeito imediato, devendo ser incorporadas aos ordenamentos internos dos Estados. QUESTÃO TRT 1 (2013) Diferentemente da União Europeia, no Mercosul as normas editadas pelos organismos comunitários com poder decisório (Conselho do Mercado Comum, Grupo Mercado Comum e Comissão de Comércio do Mercosul) não têm efeito direto. Por isso, no Brasil, elas precisam ser incorporadas, seja pelo processo legislativo, seja por decreto, para serem aplicáveis no plano interno. Comentários: Assertiva correta. QUESTÃO TRT 1 (2013) Tanto no Mercosul quanto na União Europeia, o direito comunitário derivado, composto pelas normas editadas pelos organismos comunitários com poder decisório, é dotado da 20 característica da supranacionalidade, sendo obrigatório mesmo para os Estados que não concordaram com a norma quando de seu processo de produção. Comentários: Assertiva errada. Intergovernabilidade: Mercosul Supranacionalidade: União Europeia 4.5 Natureza jurídica do MERCOSUL O MERCOSUL cuida-se de pessoa jurídica de Direito Internacional Público, com órgãos permanentes, sede e capacidade para celebrar tratados, assemelhando-se às ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS. Nesse ponto, Rezek afirma que o MERCOSUL é uma organização internacional. Porém, há forte tendência da doutrina em diferenciar os blocos regionais dos organismos internacionais. Então, o MERCOSUL possui personalidade jurídica de Direito Internacional? SIM. IMPORTANTE! O MERCOSUL tem natureza de pessoa jurídica de Direito Internacional Público, conforme previsto no Protocolo de Ouro Preto (art. 34), com órgãos permanentes, sede e capacidade para celebrar tratados. O órgão competente para exercer a titularidade da personalidade jurídica do MERCOSUL e negociar e firmar tratados em seu nome é o Conselho do Mercado Comum (CMC). O MERCOSUL poderá celebrar acordos de sede (Protocolo de Ouro Preto, art. 36). Como caiu em prova: QUESTÃO DPU 2015 - A Carta das Nações Unidas não se refere explicitamente à personalidade jurídica da Organização das Nações Unidas, ao passo que o Protocolo de Ouro Preto prevê que o MERCOSUL tenha personalidade jurídica de direito internacional. COMENTÁRIOS: Questão CORRETA. 1. MERCOSUL - Protocolo de Ouro Preto, 21 Art. 34. O Mercosul terá PERSONALIDADE JURÍDICA DE DIREITO INTERNACIONAL. 2. ONU - "No passado, a personalidade internacional das organizações internacionais não era reconhecida. Entretanto, a partir do parecer da Corte Internacional de Justiça (CIJ) que reconheceu o direito da Organização das Nações Unidas (ONU) à reparação pela morte de seu mediador para o Oriente Médio, Folke Bernadotte, em Jerusalém, em 1948, consolidou-se a noção de que os organismos intergovernamentais também são sujeitos de Direito Internacional". (PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado) 4.6 Princípios A gradualidade, a flexibilidade e o equilíbrio são princípios elencados no Tratado de assunção. O MERCOSUL também está fundado na reciprocidade de direitos e obrigações entre os Estados-membros (art. 2, Tratado de Assunção). O Tratado de assunção, o Protocolo de Outro Preto e o Protocolo Constitutivo do Parlamento do MERCOSUL enfatizam a necessidade de “uma consideração especial para países e regiões menos desenvolvidas do MERCOSUL”. A propósito, e com o intuito de promover o maior equilíbrio entre os Estados-membros do MERCOSUL, foi adotada, em 2005, a Decisão nº 27/055, do CMC, que aprovou o Regulamento do Fundo para a Convergência Estrutural e Fortalecimento Institucional do MERCOSUL (FOCEM), criado pela Decisão 18/05 do CMC, incorporada ao ordenamento brasileiro pelo Decreto 5985/06. O FOCEM visa a financiar programas para promover a convergência estrutural entre os membros do MERCOSUL, a desenvolver a competitividade no bloco, a promover a maior coesão social, em particular das economias menores e regiões menos desenvolvidas, e a apoiar o funcionamento da estrutura institucional e o processo de integração como um todo. 4.7 Principais tratados Como visto, o MERCOSUL foi criado através do TRATADO DE ASSUNÇÃO, firmado em 1991(Decreto 350, de 21/11/1991). Trata-se de um acordo-quadro1, que estabelece as linhas gerais de formação do 1 O acordo quadro estabelece princípios normativos e disposições programáticas de caráter geral. Porém, acompanhado de dispositivos que estabelecem a possibilidade de complementação por atos específicos futuros. Por isso é chamado de convenção quadro. Estabelece princípios gerais, normas programáticas, mas não é mero conselho. A 22 bloco. Estabeleceu um programa de liberalização do comércio no bloco, com redução progressiva de barreiras tarifárias e não tarifárias, listas de exceções ao programa de liberalização, um regime geral de origem, uma Tarifa externa Comum (TEC) para os produtos importados de países fora do espaço mercosulino e a obrigação de os membros coordenarem suas políticas macroeconômicas. Em 1991 foi firmado o Protocolo de Brasília para a Solução de Controvérsias no MERCOSUL (Decreto 922/93), com o objetivo de estruturar um esquema de composição dos litígios ocorridos dentro do bloco regional. Esse protocolo foi DERROGADO pelo PROTOCOLO DE OLIVOS para a Solução de Controvérsias, de 2002 (Decreto 4982/04). Entretanto, o protocolo de Brasília continua aplicável para a resolução dos conflitos cujo exame se iniciou durante a sua vigência. Como caiu em prova: QUESTÃO: O Protocolo de Olivos derrogou o protocolo de Brasília para solução de controvérsias no MERCOSUL, retirando qualquer aplicabilidade deste no âmbito dos países integrantes. Comentários: Assertiva errada. Como visto, embora derrogado, o Protocolo de Brasília continua aplicável para conflitos anteriores ao início da vigência do Protocolo de Olivos. Em 1994, foi celebrado o PROTOCOLO ADICIONAL AO TRATADO DE ASSUNÇÃO SOBRE A ESTRUTURA INSTITUCIONAL DO MERCOSUL (Protocolo de Ouro Preto), importante marco na história do bloco porque atualizou o Tratado de Assunção e avançou na estruturação do arcabouço institucional do MERCOSUL, conferindo-lhe personalidade jurídica de Direito Internacional Público. Em 1998, foi assinado o PROTOCOLO DE USHUAIA sobre Compromisso Democrático no MERCOSUL, Bolívia e Chile (Decreto 4210/2002). Estabeleceu que a manutenção do regime democrático é condição para participação no bloco ou para o gozo de todos os direitos inerentes aos seus participantes. O MERCOSUL possui ainda outros tratados sobre temas específicos, mas os citados são os principais. convenção quadro vem acompanhada de dispositivos que vão dar densidade, vão adensar a juridicidade por meio de atos posteriores, em geral assumidos por um órgão interno da convenção quadro. O grande exemplo que temos é a Convenção quadro sobre mudança climática, cujos princípios foram especificados no chamado protocolo de Kyoto, ou seja, em tratados posteriores. 23 4.8 Estrutura e funcionamento A análise da estrutura do bloco parte do exame de seus 3 órgãos com capacidade decisória e de capacidade intergovernamental: Conselho do Mercado Comum, o Grupo Mercado Comum e a Comissão de Comércio do MERCOSUL. IMPORTANTE! Apenas estes órgãos possuem capacidade decisória e são de natureza intergovernamental. Como caiu em prova: QUESTÃO CESPE (DPU 2007): O Tratado de Assunção, o Protocolo de Brasília sobre Solução de Controvérsias e o Protocolo de Ouro Preto são normas de direito do MERCOSUL. COMENTÁRIOS: Assertiva errada. O Protocolo de Brasília não constitui mais norma do MERCOSUL. Ele foi derrogado pelo Protocolo de Olivos, com base no artigo 55 deste protocolo: “O presente Protocolo derroga, a partir de sua entrada em vigência, o Protocolo de Brasília para a Solução de Controvérsias, adotado em 17 de dezembro de 1991 e o Regulamento do Protocolo de Brasília, aprovado pela Decisão CMC 17/98”. 4.8.1. Conselho do Mercado Comum (CMC): ÓRGÃO SUPERIOR do MERCOSUL, criado pelo Tratado de Assunção. É competente para a condução política do processo de integração e a tomada de decisões para assegurar o cumprimento dos objetivos estabelecidos pelo Tratado de Assunção e para lograr a constituição final do mercado comum (Protocolo de Ouro Preto, art. 3). Como caiu em prova: QUESTÃO AGU 2012: Cabe ao Conselho do MERCOSUL, órgão superior composto pelos ministros das Relações Exteriores e os da Economia dos Estados-partes, conduzir a política do processo de integração e tomar decisões destinadas a assegurar o cumprimento dos objetivos e prazos estabelecidos para a constituição definitiva do MERCOSUL. Certo. CUIDADO! Não confundir com o grupo de mercado comum: 24 O CONSELHO DO MERCADO COMUM é Órgão Superior e age por decisões integrada por: ministro das relações exteriores e ministro da economia. O GRUPO DE MERCADO COMUM, como se verá adiante, é Órgão Executivo e age por resoluções integrado por: ministro das relações exteriores, ministro da economia e dos bancos centrais Funções do Conselho do Mercado comum (CMC): Estão no art. 8º do Protocolo de Ouro Preto. Incluem: velar pelo cumprimento dos tratados do MERCOSUL; formular e executar políticas e ações necessárias à conformação do mercado comum; negociar e celebrar tratados em nome do bloco (função delegável ao Grupo Mercado Comum); criar, modificar ou extinguir órgãos do MERCOSUL; exercer a titularidade da personalidade jurídica do MERCOSUL; DESIGNAR o Diretor da Secretaria Administrativa do MERCOSUL; e adotar decisões em matéria financeira e orçamentária. O CMC é formado pelos ministros das relações exteriores e da Economia dos Estados-membros. Deverá se reunir quantas vezes forem necessárias, devendo fazê-lo ao menos uma vez por semestre com a participação dos Presidentes dos Estados-membros, sob a coordenação dos ministros das relações exteriores. Presidência: exercida alternadamente por cada um dos Estados-membros do bloco pelo prazo de seis meses (presidência pro tempore). Manifesta-se por meio de “decisões” tomadas pelo consenso, não havendo voto ponderado e exigida, nas deliberações, a participação de todos os membros. São obrigatórias para os Estados do MERCOSUL. 4.8.2.Grupo Mercado Comum (GMC): principal ÓRGÃO EXECUTIVO. Subordinado ao CMC, também criado pelo Tratado de Assunção e com suas funções reguladas pelos artigos 10 a 15 do Protocolo de Ouro Preto. Algumas competências: Velar pela aplicação dos tratados do MERCOSUL; propor projetos de Decisões ao CMC e tomar as medidas necessárias para seu cumprimento; fixar programas de trabalho voltados ao estabelecimento do mercado comum; preparar as reuniões do CMC; eleger o Diretor da Secretaria Administrativa do MERCOSUL (SAM) e supervisionar diretamente suas atividades; aprovar o orçamento e a prestação de contas anual apresentada pela Secretaria Administrativa do MERCOSUL; adotar resoluções em matéria 25 financeira e orçamentária, com base nas orientações emanadas do CMC; e criar, modificar ou extinguir órgãos especializados, como os subgrupos de trabalho. IMPORTANTE! O GMC também pode negociar e celebrar tratados, desde que por DELEGAÇÃO do CMC. Como caiu em prova: QUESTÃO: Dentre as funções do Grupo Mercado Comum encontra-se a de celebrar tratados em nome do bloco. Comentários: Assertiva errada. Essa função é precípua do CMC. Todavia, este pode DELEGAR ao GMC. Então, é errado dizer que é função do GMC celebrar tratados em nome do MERCOSUL, pois só pode exercer essa função quando delegado pelo CMC. QUESTÃO: É plenamente viável que o Grupo Mercado Comum celebre tratados em nome do MERCOSUL, desde que por delegação do Conselho do Mercado Comum. Comentários: Assertiva correta. Composição: Delegações compostas por 4 membrostitulares e 4 membros alternados por Estado, com representantes dos Ministérios das Relações Exteriores, da Economia (ou equivalentes) e dos bancos Centrais nacionais, que atuam sob a coordenação dos ministros das RE. Poderão participar das atividades, quando necessário, representantes de outros órgãos do bloco ou dos governos nacionais. Deliberam por meio de RESOLUÇÕES, de observância OBRIGATÓRIA, aprovadas pelo consenso dos membros do bloco. 4.8.3. Comissão de Comércio do MERCOSUL (CCM): órgão encarregado de cuidar da aplicação dos instrumentos de política comercial do bloco, no tocante ao livre comércio e à união aduaneira, bem como no que se refere ao comércio com terceiros países, ao relacionamento com organismos internacional em matéria comercial e a políticas comuns na área. Possui competência para a criação de Comitês Técnicos, órgãos de apoio e assessoria às atividades da 26 CCM, com poderes para elaborar estudos e emitir pareceres sobre temas comerciais do MERCOSUL. Composição: semelhante à do GMC. Cada Estado indicará quatro membros titulares e suplentes, sob a coordenação dos Ministérios das Relações Exteriores. Reuniões serão mensais. Manifesta-se por meio de Diretrizes, obrigatórias para as partes, ou Propostas, com teor de meras recomendações. Pelo protocolo de Ouro Preto, cabia à CCM examinar reclamações em sua área de competência, originárias dos membros do bloco ou demandas de particulares - pessoas físicas ou jurídicas. Entretanto, à luz do Protocolo de Olivos (arts 1º e 39), a CCM não mais reúne competência para examinar reclamações de particulares e de Estados-parte do MERCOSUL. ATENÇÃO! O CMC, GMC e CCM são órgãos com capacidade decisória, de natureza intergovernamental, o que não é o caso dos demais órgãos do bloco. Isso não significa que possuam caráter supranacional, tratando-se sobretudo de unidades de caráter técnico. Como caiu em prova: QUESTÃO CESPE 2013 – Marque a correta: a) As normas da Comissão de Comércio do MERCOSUL possuem caráter meramente recomendatório. b) Compõe a estrutura institucional do MERCOSUL a Comissão de Tribunais Constitucionais. c) É atribuição do Conselho do Mercado Comum supervisionar as atividades da Secretaria Administrativa do MERCOSUL. d) Cabe ao Conselho do Mercado Comum exercer a titularidade da personalidade jurídica do MERCOSUL. e) Ao MERCOSUL é vedado estabelecer acordos de sede. COMENTÁRIOS: A alternativa (A) está incorreta, uma vez que a Comissão de Comércio do MERCOSUL é um dos ÓRGÃOS EXECUTIVOS (decisórios) do bloco, o que está previsto no artigo 2º do Protocolo de Ouro Preto, de 1994. As normas emanadas dos órgãos decisórios são obrigatórias, e não meramente recomendações (artigo 42 do Protocolo de Ouro Preto). A alternativa (B) está incorreta, uma vez que a Comissão de Tribunais Constitucionais não integra a estrutura institucional do Mercosul. Isso se fundamenta no artigo 1º do Protocolo de Ouro Preto: “a estrutura institucional do MERCOSUL contará com os seguintes órgãos: 27 I – O Conselho do Mercado Comum (CMC); II – o Grupo Mercado Comum (GMC); III – A Comissão de Comércio do Mercosul (CCM); IV – a Comissão Parlamentar Conjunta (CPC); V - O foro consultivo econômico e social (FCES); VI - a Secretaria Administrativa do Mercosul (SAM)”. A alternativa (C) está incorreta, pois a função de supervisionar as atividades da Secretaria Administrativa do Mercosul compete ao Grupo Mercado Comum, e não ao Conselho do Mercado Comum (artigo 14, XIII, Protocolo de Ouro Preto). A alternativa (D) está correta. Segundo o artigo 8, III, do Protocolo de Ouro Preto, “São funções e atribuições do Conselho do Mercado Comum: III – exercer a titularidade da personalidade jurídica do Mercosul”. A alternativa (E) está incorreta. Ao Mercosul é permitido estabelecer acordos de sede, o que está previsto no artigo 36 do Protocolo de Ouro Preto. QUESTÃO CESPE: O MERCOSUL não é uma organização supranacional, razão pela qual as normas emanadas dos seus órgãos não têm aplicação direta; para ter eficácia, elas devem ser incorporadas formalmente no ordenamento jurídico dos Estados-membros. COMENTÁRIOS: Assertiva certa. 4.8.4. Secretaria Administrativa do MERCOSUL (SAM): competente para cuidar do arquivo do MERCOSUL, da publicação e difusão das decisões adotadas dentro do bloco, da organização das reuniões de seus órgãos e da informação sobre as medidas adotadas em cada Estado para incorporar, nos respectivos ordenamentos, as deliberações adotadas, bem como para editar o Boletim oficial do MERCOSUL. Sede: Montevidéu (Uruguai). 28 Composição: dirigida por um Diretor, eleito pelo GMC em bases rotativas e designado para o CMC para um mandato de dois anos, vedada a reeleição para o período subsequente. 4.8.5. Parlamento do MERCOSUL (PARLASUL): criado pelo protocolo Constitutivo do Parlamento do MERCOSUL, de 2005 (Decreto 6.105/2007). Substituiu a Comissão Parlamentar Conjunta (CPC), criada pelo Protocolo de Ouro preto com o objetivo de estreitar os laços entre o bloco e os parlamentos nacionais, para promover a elaboração de leis estimulando o processo de harmonização das legislações nacionais e avançando na construção do mercado comum. É um órgão intergovernamental unicameral, sediado em Montevidéu. É considerado o órgão de representação dos interesses dos cidadãos dos Estados-partes. É voltado a contribuir para a qualidade e equilíbrio institucional do bloco. Visa também fortalecer a cooperação interparlamentar para avançar nos objetivos de harmonização das legislações nacionais nas áreas pertinentes e agilizar a incorporação aos ordenamentos jurídicos nacionais, quando necessária à aprovação legislativa. Seu objetivo maior é contribuir com o fortalecimento do processo integracionista. Funcionamento: regulado pelo Protocolo Constitutivo do PARLASUL e pelo Regulamento Interno do Parlamento do MERCOSUL. Princípios: art. 2 de seu protocolo Constitutivo, dentre os quais se incluem: pluralismo, tolerância, transparência, cooperação com os demais órgãos do MERCOSUL e com os âmbitos regionais de representação cidadã; respeito aos direitos humanos e à democracia; promoção do desenvolvimento sustentável e; solução pacífica dos conflitos. Principais objetivos específicos: representar os povos do MERCOSUL, respeitando sua pluralidade política e ideológica; contribuir para a promoção da democracia, da liberdade e da paz na região, promover o desenvolvimento sustentável do espaço mercosulino, com justiça social; garantir a participação da sociedade civil no processo integracionista; contribuir para a consolidação da integração latino-americana por meio do aprofundamento e da ampliação do MERCOSUL e; promover a cooperação regional e internacional. Como caiu em prova: QUESTÃO TRT 18 (2014): Ao Parlamento do Mercosul incumbe deliberar e aprovar as normas gerais que regem o processo de integração entre os países do Mercosul. 29 Comentário: (ERRADA) Apesar do nome, não é competência do PARLASUL legislar, mas sim acompanhar a atuação dos demais órgãos do Mercosul. Veja, o objetivo é “CONTRIBUIR para a consolidação da integração latino-americana por meio do aprofundamento de ampliação do MERCUSOL e, PROMOVER A COOPERAÇÃO regional e internacional”. NÃO FALA NADA SOBRE LEGISLAR. QUESTÃO: O Parlamento do Mercosul possui como objetivo a promoção do desenvolvimento sustentável do espaço mercosulino. Comentário: Assertiva correta. Gravem bem esse objetivo, na prova, caso leiam pode soar estranho associar desenvolvimento sustentável com atribuição do PARLASUL, mas de fato é o objetivo fixado no Protocolo, assim como garantir a democracia, liberdade e paz. QUESTÃO: O Parlamento do Mercosul poderá propor projetos de normas ao Conselho do Mercado Comum,visando o interesse do grupo. Comentário: Assertiva correta. Embora não possa legislar, o PARLASUL tem como competência propor projetos de normas ao CMC. QUESTÃO CESPE: A prioridade brasileira conferida à consolidação e à expansão do MERCOSUL expressou-se no apoio às iniciativas de aprimoramento institucional do bloco, das quais são exemplos recentes a criação do Fundo de Convergência Estrutural (FOCEM) e do Parlamento do MERCOSUL. Comentário: Correta. O Focem foi criado em 2004 e o Parlasul, em 2007. Ambas as iniciativas demonstram o apreço com que o acordo regional do Mercosul é tratado pela política externa brasileira. QUESTÃO CESPE (IRB): Iniciativas como o Fundo de Convergência Estrutural do MERCOSUL e o Parlamento do MERCOSUL sinalizam a disposição do governo brasileiro de aprofundar o processo de integração no plano sub-regional de modo concomitante à construção de um arcabouço institucional genuinamente sul-americano representado pela UNASUL. Comentário: Correta. O FOCEM e o PARLASUL visam a integração no plano regional. Além disso, o 30 MERCOSUL E a UNASUL são eixos complementares de atuação da política externa brasileira. Competências: velar pela observância das normas do MERCOSUL e pela preservação do regime democrático em seus membros; pedir informações e opiniões por escrito aos órgãos do MERCOSUL acerca de questões vinculadas ao desenvolvimento do bloco; organizar reuniões públicas a respeito de temas importantes para o avanço do processo de integração regional; propor projetos de normas ao CMC e; contribuir para o desenvolvimento de mecanismos de democracia representativa e participativa no âmbito mercosulino. Como caiu em prova: Questão CESPE TRF 1: A Comissão Parlamentar Conjunta do MERCOSUL mudou de denominação para Parlamento do MERCOSUL, mas manteve o número de competências. COMENTÁRIOS: A ASSERTIVA está incorreta, pois as funções de Parlamento do MERCOSUL são, em tese, mais complexas do que as da Comissão Parlamentar Conjunta, embora o órgão ainda esteja em via de consolidação institucional. O PARLASUL é de 2007 e seu objetivo é a representação dos povos do MERCOSUL. Inicialmente, os parlamentares integrantes do PARLASUL (mercodeputados o mercoparlamentares) foram indicados pelos parlamentos nacionais. Entretanto, deverão ser escolhidos pelo voto direto, secreto e universal em todos os países membros do MERCOSUL. 4.8.6. FORO CONSULTIVO ECONÔMICO-SOCIAL E OUTROS ÓRGÃOS: O Foro Consultivo Economico-social é o órgão de representação dos setores econômicos e sociais, encontrando-se voltado a ampliar a participação da sociedade civil nas decisões afetas ao bloco. Tem FUNÇÃO CONSULTIVA, podendo apresentar recomendações ao GMC. O MERCOSUL possui ainda outros órgãos: reuniões de Ministros/Altas Autoridades, o Foro de Consulta e Concertação Política, os Subgrupos de Trabalho, as Reuniões Especializadas, os Comitês, os Grupos ad hoc, os Grupos, a Comissão Sócio-laboral e os Comitês Técnicos, dentre outros. Em matéria de impostos, taxas e outros gravames internos, os produtos originários do território de um 31 Estado-parte do MERCOSUL gozarão, nos territórios dos outros membros, do mesmo tratamento que se aplique ao produto nacional (Tratado de Assunção, art. 7). Não há moeda nem banco central comum no MERCOSUL. O comércio entre os blocos será feito com as moedas normalmente utilizadas para o comércio exterior, havendo a possibilidade de os Estados do MERCOSUL aderirem ao Sistema de Pagamento em Moeda Local (SML). Resumo dos órgãos e funções: ÓRGÃO FUNÇÕES E INFORMAÇÕES IMPORTANTES CONSELHO DO MERCADO COMUM (CMC) - condução política do processo de integração e a tomada de decisões para assegurar o cumprimento dos objetivos do MERCOSUL - deve velar pelo cumprimento dos tratados do bloco - deve formular e executar políticas e ações necessárias à conformação do mercado comum - pode celebrar tratados em nome do bloco e exerce a personalidade jurídica do MERCOSUL - competente para criar, modificar e extinguir órgãos do bloco - formado pelos Ministros das Relações Exteriores e da Economia - os presidentes dos estados do MERCOSUL devem participar de pelo menos uma reunião por semestre - pode reunir-se quantas vezes for necessário - a presidência do CMC é exercida alternadamente por cada um dos estados-membros do bloco pelo prazo de seis meses - O CMC pronuncia-se por meio de “Decisões”, que são obrigatórias 32 GRUPO MERCADO COMUM (GMC) - principal órgão executivo do MERCOSUL - também deve cuidar da aplicação dos tratados do MERCOSUL - pode propor projetos de decisões ao CMC e tomar as medidas necessárias para seu cumprimento - pode celebrar tratados, desde que por delegação do CMC - as delegações dos Estados ao GMC têm quatro membros, incluindo representantes dos Ministérios das Relações exteriores e da Economia e dos bancos centrais - o GMC pronuncia-se por meio de resoluções, obrigatórias COMISSÃO DE COMÉRCIO DO MERCOSUL (CCM) -deve cuidar dos instrumentos de política comercial do bloco - composta de maneira semelhante á do GMC - manifestações por meio de diretrizes (obrigatórias0 ou propostas, com teor de meras recomendações - no passado, podia examinar reclamações em matéria comercial, o que não é mais possível após o protocolo de Olivos SECRETARIA ADMINISTRATIVA D MERCOSUL (SAM) - órgão de apoio operacional do bloco - competente para cuidar do arquivo do MERCOSUL, da publicação e difusão das decisões adotadas dentro do bloco, da organização das reuniões etc - dirigida por um Diretor eleito pelo GMC e nomeado pelo CMC para mandato de dois anos, sem reeleição - substituiu a Comissão Parlamentar Conjunta - órgão de representação dos interesses dos cidadãos 33 PARLAMENTO DO MERCOSUL dos Estados-partes - visa a fortalecer a cooperação interparlamentar e a apoiar o processo de harmonização das legislações internas e de incorporação, ao Direito interno, das normas do bloco FORO CONSULTIVO ECONÔMICO-SOCIAL - órgão de representação dos setores econômicos e sociais - deve ampliar a participação da sociedade civil nas decisões que se referem ao MERCOSUL - tem função consultiva e pode apresentar recomendações ao GMC 5. O COMÉRCIO INTRABLOCO O livre comércio no MERCOSUL implica a PROGRESSIVA retirada de direitos alfandegários e restrições não tarifárias à circulação de mercadorias e de qualquer outra medida de efeito equivalente válida entre os Estados membros. Constituem gravames ao comércio intrabloco os direitos aduaneiros e medidas de caráter equivalente, de caráter fiscal, monetário, cambial ou de qualquer natureza, que incidam sobre o comércio exterior. Não estão compreendidos entre os gravames as taxas e medidas análogas correspondentes ao custo aproximado dos serviços prestados. Pelo disposto no tratado de Assunção, só poderão ser livremente intercambiados no âmbito do MERCOSUL os produtos que obedeçam às regras relativas ao regime de origem, constante de seu anexo II. Poderá haver produtos que gozarão de proteção temporária, constantes das “Listas de Exceções.” As negociações e os acordos comerciais envolvendo o MERCOSUL: Um dos objetivos do bloco é fortalecer as economias dos países sul-americanos e torná-las mais competitivas no mercado mundial, de sorte que o bloco tem avançado no sentido de negociar com terceiros Estados e com outros mecanismos de integração regional. 34 Acordo de Rose Garden: 1º acordo do MERCOSUL com parceiros externos, firmado com os EUA em 1991, para firmar um Conselho sobre Comércio e Investimentos. O mais notório tratado até o momento é o Acordo-Quadro de Cooperação Inter-regional entre a Comunidade Europeia e o MERCOSUL, de 1995 (Decreto 3.192/99). Tambémforam firmados acordos com a AELC (Associação Europeia de Livre Comércio, formado por Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça), a África do Sul, Cingapura, a Guiana, a Índia, o Suriname e Trinidad e Tobago. Principais normas em matéria social. A ideia de livre circulação de trabalhadores no MERCOSUL: Como a meta do MERCOSUL é transformar-se em um mercado comum, com a livre circulação de pessoas, deve o Direito do MERCOSUL incluir algumas normas voltadas ao campo social. Os principais documentos jurídicos do MERCOSUL (Tratado de Assunção e Protocolo de Ouro Preto) NÃO contêm normas de proteção do trabalhador e em matéria social como um todo. Entretanto, existem outros diplomas jurídicos, celebrados no bloco, que possuem normas relativas a esses temas. O MERCOSUL vem empreendendo esforços no âmbito das relações laborais, por meio de um processo de harmonização de legislações trabalhistas. O marco mais recente é a Declaração Sociolaboral do MERCOSUL, de 1998, também conhecida como Carta Social do MERCOSUL, onde estão estabelecidas as principais normas que devem guiar as relações de trabalho no bloco, em conformidade com as regras e princípios consagrados nas convenções da OIT. Seguridade Social: celebrado em 1997 o Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e seu regulamento Administrativo (Acordo Multilateral de Montevidéu- Decreto 5.722, de 13/03/2006). Como caiu em prova: QUESTÃO TRT1 2014 - Um dos acordos fundamentais na política regional para o trabalho é o Acordo Multilateral de Segurança Social do MERCOSUL, que estabelece que os Estados do Bloco considerarão os períodos de seguro ou contribuição cumpridos nos territórios dos Estados partes, para a concessão das prestações por velhice, idade avançada, invalidez ou morte. (CORRETA) Brasil: foi lançado em out/2008 o Programa MERCOSUL Social e Participativo, coordenado pela Secretaria-Geral da Presidência da República e pelo Ministério das Relações Exteriores. Finalidade: promover o diálogo entre o governo brasileiro e a sociedade civil no que se refere à participação social 35 no bloco. Objetivos: divulgar as iniciativas do governo relacionadas ao MERCOSUL, debater temas da integração e encaminhar sugestões da sociedade civil. O Programa é formado por representantes dos ministérios que atuam no bloco e lideranças de organizações sociais convidadas, de setores como agricultura familiar, pequenas e médias empresas, mulheres, meio ambiente etc. Circulação de trabalhadores: A previsão de livre circulação de trabalhadores no MERCOSUL NÃO está expressamente prevista no Tratado de assunção. Infere-se a partir da meta do MERCOSUL de se tornar um mercado comum, expressa no art. 1º do tratado de assunção, este Mercado Comum implica: a livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre os países, através, entre outros, da eliminação dos direitos alfandegários e restrições não tarifárias à circulação de mercadorias e de qualquer outra medida de efeito equivalente. Ainda não há livre circulação de trabalhadores no MERCOSUL nos moldes existentes na União Europeia, onde a mão de obra pode livremente se estabelecer em outro país do bloco europeu e ali fixar residência e trabalhar. Foi firmado em 2002 o Acordo sobre Residência para Nacionais dos Estados Partes do MERCOSUL (Decreto nº 6964/09), que visa facilitar a circulação de pessoas dentro do bloco. Para que os nacionais dos países mercosulinos vivam em outros países do bloco, basta a nacionalidade e a posse de passaporte válido, certidão de nascimento e certidão negativa de antecedentes criminais. De posse destes documentos, os cidadãos poderão requerer a concessão de residência temporária de até DOIS ANOS em outro país do bloco e, antes de expirar o prazo de residência temporária, poderão requerer sua transformação em residência permanente. O Acordo sobre Residência para Nacionais dos Estados do MERCOSUL, Bolívia e Chile (Decreto 6975/09), em termos semelhantes aos do Acordo sobre Residência para Nacionais dos Estados partes do MERCOSUL, estende essa possibilidade aos nacionais bolivianos e chilenos. Como caiu em prova: QUESTÃO TRT18 2014: Além dos nacionais dos quatro Estados parte do Mercosul, também nacionais da Bolívia e do Chile poderão se estabelecer no território de qualquer Estado parte que não o seu de origem, com um visto de residência temporária de 2 anos, que poderá ser transformada em permanente. COMENTÁRIO: Assertiva correta. Vide explicações acima. 36 QUESTÃO TRT1 (2014): Os nacionais dos quatro membros originários do Mercosul podem solicitar residência temporária pelo prazo de até dois anos em qualquer dos demais países, residência que pode ser convertida em permanente; isso caracteriza um grau, ainda que mínimo, de liberdade de circulação de pessoas no espaço do Bloco, já que permite que a nacionalidade do solicitante seja o fator determinante na concessão da autorização de residência nos países do Bloco. COMENTÁRIOS: Assertiva correta. Acordo sobre residência de nacionais do Mercosul - Artigo 5 - RESIDÊNCIA PERMANENTE - 1. A residência temporária poderá ser transformada em permanente, mediante a apresentação do peticionante, perante a autoridade migratória do país de recepção, 90 (noventa) dias antes do vencimento da mesma, acompanhado da seguinte documentação: O MERCOSUL ainda não desenvolveu um conceito de cidadania sul-americana, nos moldes do instituto da cidadania europeia, existente dentro da União europeia, cujos cidadãos contam com uma cidadania complementar à cidadania nacional, que inclui o direito de livre circulação e direitos políticos em todo o espaço comunitário. 6. DIREITOS HUMANOS NO MERCOSUL Em 2010 entrou em vigor o Protocolo de Assunção sobre compromisso com a promoção e a proteção dos Direitos Humanos do MERCOSUL, de 2005 (Decreto nº 7225/10). Fundamenta-se nas noções de que é fundamental assegurar a proteção, a promoção e a garantia dos direitos humanos e das liberdades fundamentais no espaço mercosulino e de que o gozo efetivo de tais direitos é condição indispensável para a consolidação do processo de integração. O Protocolo parte do compromisso com a plena vigência das instituições democráticas no MERCOSUL, vista como condição indispensável para a existência e o desenvolvimento do bloco, e da reafirmação do vínculo de todos os integrantes do MERCOSUL com os principais documentos do sistema de proteção internacional dos direitos humanos e com os princípios que o orientam. Estabelece que os membros do MERCOSUL cooperarão entre si para a promoção e proteção efetiva dos direitos humanos e liberdades fundamentais, por meio dos instrumentos institucionais estabelecidos no bloco. 37 Mecanismos de consultas: O protocolo cria um mecanismo de consultas envolvendo os Estados do MERCOSUL e um Estado- membro do bloco onde estejam ocorrendo violações dos direitos humanos e liberdades fundamentais (art. 3). Tais consultas visam a contribuir para fazer cessar a violação. E se a consulta não gerar o efeito de cessar a violação dos direitos? Nessa hipótese, tendo em vista a gravidade da situação, poderão ser tomadas medidas mais drásticas pelos membros do bloco, que poderão incluir a suspensão do direito a participar do MERCOSUL ou dos direitos e obrigações emergentes do fato de o estado integrar esse mecanismo integracionista (art. 4). Tais medidas serão adotadas por consenso entre os Estados-partes e comunicadas ao ente federal afetado, o qual não participará do processo decisório cabível. As medidas entrarão em vigor na data em que se notifique a parte afetada e cessarão a partir da data da comunicação, feita pelo estado onde ocorreram os problemas, de que as causas que as motivaram foram sanadas (arts. 5 e 6). 7. SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS Até 2002, a composição de conflitosdentro do MERCOSUL era objeto do Protocolo de Brasília para a Solução de Controvérsias. Entretanto, o Protocolo de Brasília foi derrogado pelo PROTOCOLO DE OLIVOS, o qual previu, em seu s arts. 50 e 55, que as controvérsias cujo exame foi iniciado sob o regime do protocolo de Brasília continuariam sendo regidas por este enquanto não estivesse totalmente concluída. Antes do protocolo de Olivos, uma das principais queixas relativas ao MERCOSUL era a fragilidade de seus mecanismos de solução de controvérsias. A estrutura dedicada a solução de controvérsias no MERCOSUL compreende três instâncias: negociações diplomáticas, arbitragem e o Tribunal Permanente de Revisão que foi criado pelo Protocolo de Olivos. A 1ª etapa para solução dos conflitos é a das negociações diretas entre as partes em litígio. Trata-se de meio não-jurisdicional de solução de conflitos, em que a solução poderá ter contornos políticos, embora deva observar as normas do MERCOSUL. As negociações iniciam-se por iniciativa do Estados, mas Portela entende que nada impede que dois entes privados utilizem esse mecanismo. 38 As negociações serão diretas, com duração de até 15 dias. Na falta de acordo, as partes poderão recorrer ao GMC, que buscará solução para o conflito mediante oitiva das partes, com o auxílio de especialistas, se necessário. A 2º etapa: Tribunais Arbitrais ad hoc: utilizada apenas se fracassarem as negociações ou o procedimento junto ao GMC. O tribunal é constituído por três árbitros, dois indicados pelas partes, dentre nomes constantes da lista de árbitros disponível na Secretaria Administrativa do MERCOSUL (SAM). O terceiro árbitro será escolhido pelas partes, de comum acordo, presidirá o foro arbitral e deverá ser nacional de terceiro Estado. Na falta de designação ou de acordo quanto ao árbitro presidente, a indicação caberá à SAM. A decisão do tribunal será proferida com base nas normas do MERCOSUL, sob a forma de LAUDO ARBITRAL, em até 60 dias, prorrogáveis por mais 30. Antes de decidir, a corte arbitral poderá determinar medidas de caráter cautelar. 7.1 Tribunal Permanente de Revisão: É o órgão jurisdicional competente para - julgar os RECURSOS manejados face às decisões dos Tribunais Arbitrais ad hoc, ou - para examinar questões não decididas em negociações diplomáticas, quando as partes desejarem desde logo submeter o caso ao Tribunal de Revisão. Sediado em ASSUNÇÃO, no Paraguai, mas pode vir a se reunir, excepcionalmente, em outra cidade. Composto por CINCO ÁRBITROS (4 indicados por cada um dos Estados-membros), por um período de DOIS ANOS, renovável por no máximo mais DOIS PERÍODOS CONSECUTIVOS. O quinto árbitro será escolhido por unanimidade por estes, por um período de três anos, não renovável, salvo acordo em contrário dos Estados membros. Os árbitros devem ser nacionais dos Estados do bloco. Deverão ser juristas de reconhecida competências nas matérias que possam ser objeto das controvérsias e ter conhecer a legislação do MERCOSUL. Deverão ser imparciais e gozar de independência funcional e não ter interesses nas controvérsias que analisem. Devem ser designados em função de sua objetividade, confiabilidade e bom senso. Esses requisitos também valem para os árbitros dos tribunais ad hoc. A controvérsia que envolver dois Estados será apreciada por apenas três árbitros, dois nacionais dos 39 Estados envolvidos e um terceiro de nacionalidade diversa, por sorteio. Todos os árbitros atuarão quando o feito envolver três ou mais Estados. Nos recursos de laudos arbitrais, o prazo para recorrer ao Tribunal é de até quinze dias. O recurso envolve apenas questões de Direito tratadas na controvérsia e interpretações jurídicas desenvolvidas no laudo arbitral ad hoc. Os laudos emitidos com base no princípio ex aequo et bono não serão suscetíveis de recurso ao Tribunal Permanente de Revisão. Após o recebimento do recurso, a parte contraria terá até 15 dias para se manifestar sobre o seu teor. Após, o Tribunal terá 30 dias para decidir, proferindo laudo. As deliberações e votações serão confidenciais, e as decisões serão tomadas por maioria. Art. 33 do protocolo de Olivos: obrigatória, ipso facto e sem necessidade de acordo especial, a jurisdição dos Tribunais Arbitrais ad hoc. Não há a figura da “cláusula facultativa de jurisdição contenciosa”, que deva ser aceita pelo Estado que seja parte em procedimento na Corte de Olivos. O julgamento do Tribunal é definitivo. É cabível, porém, o Recurso de Esclarecimento, com efeito suspensivo, até 15 dias após a notificação do laudo, para solicitar explicações sobre seu teor e a forma de seu cumprimento. O Tribunal tem até 15 dias para pronunciar-se acerca desse recurso. A decisão do Tribunal é obrigatória ou não? É OBRIGATÓRIA e, salvo indicação contrária, deve ser cumprida em até 30 (trinta dias) após a notificação. E se houve descumprimento da decisão? Nesse caso, o descumprimento do laudo permite que o Estado beneficiado aplique, no praz de até um ano, medidas compensatórias temporárias, primeiramente no setor afetado pela controvérsia. Caso tais ações sejam ineficazes, podem ser adotadas medidas adicionais para obter o cumprimento do laudo, atingindo outros setores e incluindo a suspensão de concessões ou de outras obrigações equivalentes. Se o Estado vencido entender excessivas as medidas compensatórias aplicadas, poderá pedir, em até 15 dias depois de sua aplicação, que o Tribunal se pronuncie a esse respeito em até 30 dias. As disposições relativas ao cumprimento do laudo e do recurso de esclarecimento também se aplicam ao laudo do tribunal arbitral ad hoc. Em qualquer fase dos procedimentos, a parte que apresentou a controvérsia poderá desistir da 40 reclamação, ou as partes envolvidas no caso poderão chegar a um acordo, dando-se por concluído o conflito. O CMC poderá estabelecer mecanismos relativos a solicitação de opiniões consultivas ao Tribunal Permanente de Revisão definindo seu alcance e seus procedimentos. É possível que o Tribunal Permanente de Revisão venha a exercer competência consultiva nos conflitos envolvendo Estados do MERCOSUL. Arts. 39-44 do Protocolo de Olivos: permite que os particulares formalizem reclamação contra um Estado membro do MERCOSUL junto à Seção Nacional do GMC do Estado onde tenham residência habitual ou onde estejam sediados seus negócios. A Seção Nacional do GMC examinará a reclamação e manterá negociações com a Seção Nacional do GMC do Estado do reclamado, a fim de buscar uma solução para o caso no prazo de quinze dias ou em outro prazo convencionado pelas partes. Após, o procedimento segue as regras dos arts. 39-44 do protocolo de Olivos. A conclusão do exame da reclamação de um particular pelo GMC não impede que o Estado-membro reclame na defesa do interesse do ente privado. O particular possui outras possibilidades de ação para solução de controvérsias no âmbito do MERCOSUL: Acordo sobre Arbitragem Comercial Internacional do MERCOSUL, de 1998 (Decreto 4.719/2003); Protocolo de Cooperação e Assistência Jurisdicional em Matéria Civil, Comercial, Trabalhista e Administrativa (Protocolo de Las Leñas- Decreto 4982/04) e o procedimento de reclamação particular no âmbito da Comissão de Comércio do MERCOSUL, quanto aos atos por esta praticados (art. 21 do Protocolo de Ouro Preto). ATENÇÃO! O particular NÃO tem a possibilidade de reclamar diretamente ao Tribunal Arbitral ou ao Tribunal Permanente de Revisão. Art. 54 do Protocolo de Olivos: a adesão ao Tratado de assunção significa ipso jure a adesão ao Protocolo de Olivos e a sua denúncia significa ipso jure a denúncia do Tratado de Assunção. Vincula a participação no MERCOSUL ao caráter de parte no Protocolo de Olivos. Arbitragem no MERCOSUL: A arbitragem é um dos principais mecanismos de solução de controvérsias disponíveis
Compartilhar