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PARASITOSES FATORES ASSOCIADOS À GRAVIDADE MANIFESTAÇÕES DIAGNÓSTICO CONTROLE DE CURA Hospedeiro: desnutrição, comprometimento imunológico; Parasitários: carga parasitaria e virulencia do parasita infectante; Ambientais: habitação sem saneamento basico, habitos higienicos inadequados; Sintomas gastrointestinais crônicos: diarreia, má absorção (giardíase, estrongiloidíase), náuseas, vômitos, dor abdominal e prurido anal. Alterações hematológicas: eosinofilia periférica (helmintos) e anemia ferropriva. Sintomas respiratórios (síndrome de Loeffler): parasitas com ciclo pulmonar → Strongyloides stercoralis, A. duodenale, Necator americanus e A. lumbricoides. Outros: perda ponderal, heatoesplenomegalia, febre e dermatite perianal. Suspeição: quadro clínico. Confirmação: visualização de helmintos eliminados ou positividade de algum metodo diagnóstico. Parasitologico de fezes (mais economico e mais fácil execução, porém baixa frequência de positivos)→ positividade aumenta de 50 para 60-90% se forem coletadas três amostradas Exames de controle nos 7°, 14º e 21º dias. Se não for possível, deverá repetir o tratamento HELMINTÍASE TRATAMENTO 1ª linha Dose 2ª linha dose ASCARIDÍASE Albendazol 400mg (200 mg em < 2 anos), VO, dose única Ivermectina 150-200 mcg/kg, VO, dose única Pamoato de pirantel 11mg/kg (máx. 1g), VO, 1x/dia por 3 dias Mebendazol 100mg VO, 1x/dia por 3 dias Nitazoxanida 7,5mg/kg/dose (máximo 500mg), 2x/dia por 3 dias TRICURÍASE Albendazol 400 mg VO, 1x/dia por 3-7 dias Ivermectina 200mcg/kg, por 3 dias. Sinergismo com albendazol relatado na literatura para essa indicação Mebendazol 100mg VO, 1x/dia por 3-7 dias Nitazoxanida 7,5 mg/kg/dose (máx. 500mg), 2x/dia por 3 dias ANCILOSTOMÍASE OU NECATORÍASE Albendazol 400mg, VO, dose única (200mg em < 2 anos) Pamoato de pirantel 11 mg/kg (máximo 1g), VO, 1x/dia por 3 dias Mebendazol 100mg, VO, 1x/dia por 3 dias Nitazoxanida 7,5 mg/kg/dose (máximo 500mg), 2x/dia por 3 dias ESTRONGILOIDÍASE Ivermectina 200 mcg/kg, VO, por 2 dias Na hiperinfecção por Strongyloides, prolongar para 7-14 dias após a depuração do parasita ou repetições podem ser necessárias Albendazol 400 mg, VO, 2x/dia, 10-14 dias Na hiperinfecção por Strongyloides associar Ivermectina tiabendazol 25mg/kg, VO, 2x/dia por 3 dias Nitazoxanida 7,5 mg/kg/dose (máximo 500mg), 2x/dia por 3 dias ENTEROBÍASE Albendazol a 400 mg, VO, dose única; repetir em 2 semanas Pamoato de pirantel 11 mg/kg (máximo 1g), VO, 1x/dia por 3 dias Mebendazol 100 mg, VO, dose única; repetir em 2 semanas Nitazoxanida 7,5 mg/kg/dose (máximo 500mg), 2x/dia por 3 dias TOXOCARÍASE Albendazol 400 mg/VO, 2x/dia, 5 dias - - CISTICERCOSE Albendazol 15mg/kg/dia ou 400mg 2x/dia, VO, 2x/dia, 2-4 semanas, associado com corticosteroide administrado antes, durante e após o tratamento para diminuir os riscos de convulsão. Praziquantel 50mg/kg/dia, VO, 1x/dia, 15 dias TRIQUINOSE Albendazol 400 mg VO, 2x/dia, 8-14 dias Mebendazol 200 a 400 mg VO, 3x/dia, 3 dias; depois 400 a 500 mg, VO, 3x/dia, 10 dias TENÍASE Praziquantel 25mg/kg/dia, VO, dose única Niclosamida 11-34 kg: 1 g, VO, seguido por 500 mg/dia, 6 dias; > 34 kg: 1,5 g, VO, seguido por 1 g/dia, 6 dias Nitazoxanida 7,5 mg/kg/dose (máximo 500mg), 2x/dia por 3 dias Jamille Ponte PROTOZOÁRIOS TRATAMENTO GIARDIA LAMBLIA Metronidazol 15 mg/kg/dia, 3x/dia, por 5 a 7 dias ENTAMOEBA HISTOLYTICA Forma intestinal assintomática Etofamida Teclosan 500mg, 2x/dia, 3 dias ou 100mg, 3x/dia, 5 dias Albendazol 400mg/dia, 5 dias tinidazol ≥3 anos 50mg/kg, dose única ENTAMOEBA HISTOLYTICA Forma intestinal sintomática Metronidazol 500 a 750mg. 3x/dia, 10 dias ou 35 a 50mg/kg/dia, em 3 doses, 10 dias ≥3 anos: 2g ou 50mg/kg, dose única 2g ou 30mg/kg, dose única Secnidazol 30 mg/kg, dose única Nitazoxamida ≥1 ano 7,5mg/kg /dose, 2x/dia por 3 dias HELMINTOS São divididos em nematelmintos (cilíndricos), com ciclo de vida e contagiosidade através do solo e ambiente, e Platelmintos (achatados), com ciclo de vida e contagiosidade pelos animais. NEMATELMINTOS ASCARIDÍASE CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLOGIA FATORES DE RISCO TRANSMISSÃO E CICLO BIOLÓGICO Parasitose causada pela infecção pelo nematódeo Ascaris lumbricoides. Possui cerca de 20 a 40cm quando adulto e a fêmea é maior e mais robusta que o macho. Atinge ¼ da população mundial. Mais comum em homens. Mais comum na América Latina, África e Ásia. Níveis são elevados de parasitismo em crianças menores de 12 anos. Hábito de usar fezes como fertilizante, defecar no chão, levar a mão suja de terra à boca. Resistência dos ovos, se mantêm viáveis em condições desfavoráveis (congelamento e ressecamento). os ovos são eliminados com as fezes e contaminam o solo. A transmissão se dá pela ingestão do ovo com larva madura, pela contaminação das mãos na terra, geofagia, contaminação de água e alimentos. O ovo eclode no intestino delgado, libera a larva, que no ceco atravessa a mucosa e por via linfática ou venosa passa pelo fígado, atinge o átrio direito, artérias pulmonares e se aloja nos alvéolos. Sofre evoluções larvárias, ascende pelas vias aéreas até a faringe, é deglutida e vai se alojar no lúmen do intestino delgado. Local de infestação: Intestino delgado, principalmente jejuno e íleo MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DIAGNÓSTICO Pouco sintomática. Infecções maciças: lesões hepáticas (pequenos focos hemorrágicos ou de necrose) e pulmonares (síndrome de Loeffler). Tosse produtiva, catarro pode ser sanguinolento e apresentar larvas do helminto. Desnutrição e enfraquecimento. Dor abdominal súbita em cólica e vômitos. Peculiaridade: Semi-oclusão ou oclusão intestinal A principal ação das larvas é no pulmão: pneumonite larvária, com febre, tosse, expectoração, dispneia, eosinofilia periférica moderada ou intensa (síndrome de Löeffler – duração de uma ou duas semanas). vermes adultos: ação espoliadora → consumo de grande parte dos macronutrientes e micronutrientes, desnutrição proteico-energética, baixa estatura e desenvolvimento comprometido. Sub-oclusõa ou obstrução intestinal. Identificação de ovos do parasito no parasitológico de fezes. microscopia direta RX abdominal: níveis hidroaéreos no intestino delgado ou sinais de perfuração intestinal, sombra radio-lúcida na forma de aparência de “feixe de charuto” ou “efeito de redemoinho” devido ao contraste da massa de vermes contra o ar intestinal na radiografia simples. USG Abdominal: visualização direta de vermes. “sinal do olho de boi” ou “sinal de dupla sonda” endoscopia digestiva alta Jamille Ponte Jamille Ponte TRATAMENTO PREVENÇÃO Albendazol (1ª linha) - 400mg, dose única. - 200 mg em < 2 anos Mebendazol (1ª linha) - 100 mg, VO, 1x/dia por 3 dias Ivermectina (2ª linha) - 150-200 mcg/kg, VO, dose única Pamoato de pirantel (2ª linha) - 11 mg/kg (máximo 1g), VO, 1x/dia por 3 dias Nitazoxanida (2ª linha) - 7,5 mg/kg/dose (máximo 500mg), 2x/dia por 3 dias infecções intensas ou obstrução de trato biliar ou pancreático: Piperazina, 50-75mg/kg, por 2 dias. tratamento da obstrução intestinal relacionada ao Ascaris: hidratação venosa e aspiração nasogástrica por 48 a 72 horas. óleo mineral, na dose de 15 a 30ml a cada duas horas, tem o objetivo de lubrificar o lúmen e facilitar a eliminação dos vermes. Gastrografina, causa a separação dos áscaris e os torna mais escorregadiços, ingerido pelos vermes, pode causar desidratação e redução do tamanho dos mesmos, dose varia de 15 a 30 mL e a diluição depende da faixa etária. tratamento cirúrgico: indicado para sangramento retal e toxemia ou naqueles que não respondem ao tratamento médico. tratamento inicial da cólica biliar, colecistite e pancreatite aguda associadas à ascaridíase: restriçãoda ingestão oral, hidratação, uso de antibióticos e de analgésicos. A terapia anti-helmíntica é iniciada após a remissão dos sintomas agudos. abscesso hepático é controlado por aspiração guiada por ultrassonografia e remoção de pus, juntamente com antibióticos, analgésicos e agentes anti-helmínticos Hábitos higiênicos, preparo e manipulação adequados dos alimentos, tratamento e conservação da água, educação e engenharia sanitária. Tratar todos os indivíduos infectados, mesmo que assintomáticos ENTEROBÍASE OU OXIURÍASE CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLOGIA CICLO BIOLÓGICO E TRANSMISSÃO MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS É uma verminose intestinal causada pelo nematóide Enterobius vermicularis ou Oxyuris vermicularis que se localiza preferencialmente no ceco, apêndice, reto e ânus; Ocorre no mundo todo e nos países desenvolvidos é a helmintíase de maior prevalência Após a cópula o macho morre e a fêmea fecundada não solta os ovos até que o útero esteja repleto. Ela migra para região anal, onde faz a oviposição. Sua presença nessa região causa intenso prurido, favorecendo a transmissão direta do anus para a boca. A transmissão indireta é possível com a inalação de ovos presentes na poeira e utensílios domésticos. Ovos ingeridos liberam as larvas no intestino e essas se fixam no ceco. O ciclo é de 30 a 50 dias até a evolução para forma adulta Inflamação superficial na mucosa colônica e alguns sintomas, como náusea, cólica abdominal, tenesmo e puxo. Sintoma predominante:prurido anal pior à noite. Peculiaridade: Migração dos parasitas para a genitália feminina e consequente vaginite, cervicite e/ou salpingite DIAGNÓSTICO TRATAMENTO Três técnicas para confimação: 1- Procurar os vermes na região perianal 2-3h após o indivíduo infectado dormir. 2- Tocar a pele perianal com fita adesiva transparente para coletar possíveis ovos ao redor do anus para observação em microscopia direta (três manhas consecutivas). 3 - Amostras obtidas sob as unhas por microscopia Albendazol (1ª linha) - 400 mg, VO, dose única; repetir em 2 semanas Mebendazol (1ª linha) -100 mg, VO, dose única; repetir em 2 semanas Pamoato de pirantel (2ª linha) - 11 mg/kg (máximo 1g), VO, 1x/dia por 3 dias Nitazoxanida (2ª linha) - 7,5 mg/kg/dose (máximo 500mg), 2x/dia por 3 dias Qualquer um dos medicamentos é administrado como dose única inicial e repetida em duas semanas; A segunda dose é para eliminar a reinfecção por vermes adultos que eclodem de quaisquer ovos não mortos pelo primeiro tratamento ANCILOSTOMÍASE CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLOGIA CICLO BIOLÓGICO E TRANSMISSÃO Conhecida por ancilostomose ou amarelão. Verminose caracterizada por forte anemia, dando aparência pálida. Possui duas especiais que podem causar a ancilostomíase: Ancylostoma duodenale e Necator americanos. Medem 5 a 18mm. Parasitam cerca de 400 milhoes de pessoas e matam 60 mil por ano. Principalmente em crianças maiores de seis anos, adolescentes e idosos; Acasalamento de vermes adultos no intestino delgado, os ovos (A. duodenale põe 30 mil ovos por dia, e N. americanus põe 9mil) são expulsos nas fezes e liberados no ambiente, Encontrando condições favoráveis (calor e umidade) → tornam-se embrionados 24 horas. A larva filarioide L3 é a infectante, ela penetra na pele, conjuntiva ou mucosa e por via linfática ou venosa é transportada até os pulmões. Na evolução, sobe aos alvéolos até ser deglutida. No intestino delgado origina o verme adulto e transcorrem 35 a 60 dias desde a infecção até o inicio da eliminação de ovos nas fezes do hospedeiro. Obs: pode haver infestação direta, sem ciclo pulmonar, através da ingestão da larva L3 Jamille Ponte MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DIAGNÓSTICO TRATAMENTO CONTROLE DE CURA COMPLICAÇÕES Maioria: assintomático. Dependendo do numero de vermes e condição do hospedeiro: - Dermatite larvária: prurido, eritema, edema, erupção papulovesicular. - Pneumonite larvária - Parasitismo intestinal: epigastralgia, náuseas, vômitos, anorexia ou bulimia, flatulência ou diarreia. Além de anemia microcítica e hipocromica. - fraqueza, cefaleia, palpitações, sopro cardíaco, hipoproteinemia e edema por enteropatia perdedora de proteínas. Perda de sangue ocorre porque o verme suga o sangue da mucosa. - Síndrome de Loeffler: dispneia e tosse seca Peculiaridade: Principal causa de anemia ferropriva na infância, por hematofagismo: A.duodenale: 0,05-0,3ml/verme/dia N.americanus: 0,01-0,04ml/verme por dia Parasitológico de fezes por meio dos métodos de Lutz, Willis ou Faust, ou pela contagem dos ovos pelo método Kato-Katz. Cultura de larvas; EDA e biopsias de duodeno podem confirmar. Laboratório: eosinofilia e anemia microcítica e hipocrômica (ferropriva) Albendazol (1ª linha) - 400 mg, VO, dose única (200 mg em < 2 anos) Mebendazol (1ª linha) - 100 mg, VO, 1x/dia por 3 dias Pamoato de pirantel (2ª linha) - 11 mg/kg (máximo 1g), VO, 1x/dia por 3 dias Nitazoxanida (2ª linha) - 7,5 mg/kg/dose (máximo 500mg), 2x/dia por 3 dias. Repetir a medicação após 30 dias após o início do tratamento; Realizado no 7º, 14º e 21º dias após o tratamento, mediante exame parasitológico de fezes. Anemia; insuficiência cardíaca; anasarca; migração da larva através dos pulmões pode causar hemorragia e pneumonite. Parasitismo intenso em crianças pode causar hipoproteinemia e atraso no desenvolvimento físico e mental. ESTRONGILOIDÍASE CARACTERÍSTICA EPIDEMIOLOGIA CICLO EVOLUTIVO E TRANSMISSÃO tipo de helmintose causada pela espécie Strongyloides stercoralis; Há mais de 600 milhões de pessoas infectadas no mundo; No Brasil, a prevalência varia de 3% a 82% por causa da variação regional em função da idade, diferenças geográficas e socioeconômicas do país As larvas dos ovos provenientes das fêmeas de vida livre ou do intestino humano evoluem rapidamente para a forma infectante filarioide. Mais de uma forma de transmissão: Primo-infecção: Larvas presentes no solo penetram o homem através da pele e depois migram para o ciclo pulmonar, após serem deglutidas se transformam em verme adulto. Autoinfecção: ovos das fêmeas habitantes do intestino eclodem e rapidamente as larvas evoluem em etapas até a forma infectante e antes de serem excretadas, penetram a mucosa no íleo, nos colons ou penetram a pele na região perianal. Pode ser externa, quando as larvas penetram pela mucosa retal, e interna, quando fatores intestinais propiciam a transformação das larvas. Por via linfática ou venosa atingem o coração direito, para em seguida fazer o ciclo pulmonar, em que as larvas são deglutidas e se tornam adultas no duodeno e jejuno, em que se alojam no interior das criptas da mucosa.Transcorrem 20 dias entre a penetração das larvas na pele ou mucosa e o inicio da oviposição. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DIAGNÓSTICO TRATAMENTO CONTROLE DE CURA Pode ser assintomática, oligossintomatica ou com formas graves. Dermatite larvária em pés, mãos, nádegas ou região anogenital; Penumonite larvária com dispneia, tosse, febre e eosinofilia; Anorexia, náuseas, vômitos, distensão abdominal, dor em cólica ou queimação; Síndrome de má absorção. Larvas filarioides migram para o fígado, pulmões, vísceras e glândulas podendo causar sepse. Síndrome de Loeffler. Infecções secundarias: meningite, endocardite, peritonite Peculiaridade: Hiperinfestação em imunodeficientes e pessoas HIV+; risco de infecções secundárias por enterobactérias e fungos Parasitológico de fezes seriado (até 7 amostras para atingir sensibilidade de 100%). Cultura de larvas; Biopsia duodenal; Lavagem broncoalveolar Ivermectina (1ª linha) - 200 mcg/kg, VO, por 2 dias - Na hiperinfecção por Strongyloides, prolongar para 7-14 dias após a depuração do parasitaou repetições podem ser necessárias Albendazol (2ª linha) - 400 mg, VO, 2x/dia, 10-14 dias. Na hiperinfecção: associar Ivermectina Tiabendazol (2ª linha) - 25mg/kg, VO, 2x/dia por 3 dias Nitazoxanida (2ª linha) - 7,5 mg/kg/dose (máximo 500mg), 2x/dia por 3 dias drogas mais eficazes: tiabendazol e ivermectina Exame de fezes 2 a 4 semanas após o tratamento PROFILAXIA Hábitos higiênicos, principalmente no preparo e manipulação adequados dos alimentos, tratamento e conservação da agua, uso de calcados, educação e engenharia sanitária. Tratar todos os indivíduos infectados, mesmo que assintomáticos, assim como animais infectados. Jamille Ponte Jamille Ponte TRICURÍASE CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLOGIA CICLO BIOLÓGICO E TRANSMISSÃO MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Verminose causada pelo nematóide Trichuris trichiura que se localiza no intestino grosso (principalmente o ceco e o reto; Vermes adultos medem cerca de 3 a 5cm de tamanho prevalente em regiões de clima quente e úmido e condições sanitárias precárias. Há 700 milhões de portadores no mundo, na grande maioria crianças os ovos são eliminados com as fezes e demoram de 13 a 20 dias para se tornar infectantes. O homem ingere os ovos, que sofrem ação de sucos digestivos e libertam as larvas. Estas sofrem várias mudas e somente 90 dias após a contaminação tornam-se vermes adultos e iniciam a oviposição. o verme adulto introduz a extremidade anterior na mucosa intestinal para se fixar. Diariamente muda de lugar e assim provoca erosões e ulcerações múltiplas. Cada verme ingere até 0,005ml de sangue por dia. Intensidade varia de acordo com a carga parasitaria. Geralmente assintomático. Distensão abdominal e cólicas, vômitos, disenteria crônica com fezes mucossanguinolentas, tenesmo, anemia hipocrômica e microcítica e desnutrição proteico-energetica. Prolapso retal em alguns pacientes. Cefaleia, epigastralgia, dor hipogástrica, diarreia, náuseas e vômitos. Peculiaridade: Anemia ferropriva secundária à perda de sangue oculto nas fezes; diarreia crônica com tenesmo; prolapso retal DIAGNÓSTICO TRATAMENTO Parasitológico de fezes; Exame da mucosa retal por proctoscopia ou colonoscopia. Albendazol (1ª linha) - 400 mg, VO, 1x/dia por 3-7 dias Mebendazol (1ª linha) - 100 mg, VO, 1x/dia por 3-7 dias Ivermectina (2ª linha) - 200 mcg/kg, VO, por 3 dias - Sinergismo com Albendazol relatado na literatura para essa indicação Nitazoxanida (2ª linha) - 7,5 mg/kg/dose (máximo 500mg), 2x/dia por 3 dias. PLATELMINTOS CESTÓDEOS (TAENIA SOLIUM E TAENIA SAGINATA) CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICO TRATAMENTO CONTROLE DE CURA Hospedeiro definitivo: homem Hospedeiro intermediário: porco (T. solium) e gado bovino (T. saginata) OMS estimou a existência de 70 milhões de pessoas contaminadas, com 50 mil mortes anuais, geralmente pelas complicações da neurocisticercose induzida pela T. solium identificação de ovos e proglótides nas fezes por microscopia é diagnóstica para a teníase; três amostras de fezes coletadas em dias diferentes é recomendado para aumentar a sensibilidade dos métodos microscópicos Praziquantel 5-10 mg/kg por via oral em dose única. niclosamida é uma alternativa, administrada em dose única 50mg/kg (máximo 2g) por via oral Após o tratamento, as fezes devem ser coletadas por 3 dias para procurar proglotes de tênia para identificação das espécies. As fezes devem ser reexaminadas para os ovos de tênia um e três meses após o tratamento para garantir que a infecção foi resolvida Jamille Ponte Jamille Ponte PROTOZOÁRIOS CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLOGIA GIARDIA AMEBÍASE protozoário flagelado Giardia lamblia, que acomete o duodeno e o intestino delgado. Alta prevalência até os 10 anos. Várias espécies de ameba podem ser encontradas no homem, como Entamoeba histolytica, E. hartmani, E. dispar, Entamoeba coli, Endolimax nana, Indamoeba butschlii, Diantamoeba fragili; Entamoeba histolytica é o agente etiológico da amebíase, que é um parasito intestinal mas que pode se localizar em sítios extraintestinais. FATORES DE RISCO Saneamento precário, relacionado a creches, alimentos e água contaminados. Condições precárias de saneamento e higiene pessoal, profissões (ex. trabalhadores de esgoto), animais (coelhos, gatos, cães, porcos e primatas) RESERVATÓRIO E VEÍCULO Água contaminada com cistos e através de alimentos. Disseminação pessoa a pessoa; contato fecal-oral e áreas de aglomerações humanas. Ingestão de alimentos ou agua contaminados por cistos maduros. CICLO BIOLÓGICO Colônias de trofozoítos permanecem aderidas à mucosa intestinal até serem eliminadas em fezes diarreicas. Podem desprender-se durante o trajeto intestinal, perdem os flagelos, criam uma parede cística e fazem divisão nuclear→ liberando cistos tetranucleados nas fezes→ sendo ingeridos junto a alimentos e água→ originando a colônia de trofozoítos no duodeno. a E. gengivalis vive na cavidade bucal e as demais vivem no intestino grosso, e a E. histolytica é a única que pode ser patogênica. Ingestão de cistos maduros que chegam ao intestino grosso, onde sofrem desencistamento. Os cistos se multiplicam e se transformam em trofozoítos, possuem metabolismo anaeróbico e se adaptam para viver nos cólons, em que se alimentam de detritos e bactérias. Em condições adversas, sofrem encistamento e são eliminados com as fazes, contaminando o meio ambiente. O equilíbrio do parasito hospedeiro pode ser rompido e os trofozoítos invadem a submucosa intestinal, replicam-se ativamente no interior das vísceras, e através da circulação porta, atingem outros órgãos (amebíase extra-intestinal), em que não formam cistos e se alimentam de sangue (hematófagos). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Pode ser assintomático até a diarreia aguda ou crônica e mal absorção. Diarreia aguda: fezes profusas e aquosas, gordurosas e fétidas, sem sangue, muco ou leucócitos. Pode se alternar por períodos de constipação e/ou evacuações normais. Mal absorção: de açúcares, gorduras e vitaminas lipossolúveis podem resultar em perda de peso, déficit de crescimento e redução da função cognitiva. Febre baixa ou temperatura normal, náuseas, anorexia, cólicas, distensão abdominal, sensação de plenitude gástrica, mal estar, flatulência. No Brasil, predominam os casos de colites não disentéricas e os casos assintomáticos. Colite não disentérica: cólicas abdominais, períodos de diarreia com fezes liquidas ou semi-líquidas, intercalados com períodos de acalmia. Colite disentérica (disenteria amebiana): febre moderada, distensão abdominal, flatulência, cólicas abdominais difusas ou na fosse ilíaca direita, disenteria com mais de 10 evacuações mucossanguinolentas por dia, tenesmo. Colite necrosante: ulceras profundas, isquemia, hemorragia, megacólon tóxico, colite fulminante e às vezes perfuração. Apresenta febre alta, fácies toxêmica, sinais de choque hipovolêmico, sinais de peritonite, diarreia profusa sanguinolenta e com odor de ovo podre. Ameboma: granuloma na mucosa no ceco, cólon ascendente ou anorretal, com edema e estreitamento do lúmen. Alternância de diarreia e constipação. Presença de febre alta, dor intensa no hipocôndrio direito, hepatomegalia. Disseminação hematogênica do trofozoíto: inflamação ou abscessos no pulmão, pericárdio, pele, aparelho geniturinário e cérebro. PECULIARIDADES Esteatorreia, perda ponderal, prejuízo na absorção de nutrientes, déficit de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K), vitamina B12, ferro e lactase Disenteria amebiana, tenesmo, fezes muco-sanguinolentas, dor abdominal intensa, invasão da mucosa intestinal por trofozoítos atingindo sítios extra intestinais por via hematogênica Jamille Ponte DIAGNÓSTICO EPF: 3 amostras de fezes com intervalo de 3 dias para pesquisade cisto. Enterotest ou teste do barbante: capsula gelatinosa carreada ao duodeno através da peristalse do paciente, em jejum de, pelo menos, 4 horas. Objetivo: obter suco gástrico para pesquisa de trofozoítos. Imunofluorescência direta ou indireta ou ELISA: elevação de títulos anti giárdia IgM. Diagnostico definitivo→ encontro de parasitos nas fezes→ exame a fresco. Retossigmoidoscopia. Abscesso hepático pode ser diagnosticado por USG (primeira escolha), cintilografia e TC TRATAMENTO Primeira escolha: nitroimidazólicos - Tinidazol: 12 a 48 meses 100mg (5ml), 2x/dia, por 3 dias. 3 anos 50mg/kg/dia 1x/dia. - Metronidazol: <12 anos 15mg/kg/dia/3 doses por 5 a 7 dias. >12 anos 500mg, 2x/dia, por 3 dias. - Secnidazol: 30mg/kg/dia, dose única Grande maioria dos pacientes, a evolução é benigna e o processo evolui para a cura sem a necessidade de nenhuma intervenção. Metronidazol: 30mg/kg/dia por 7 dias Tinidazol: 50mg/kg por 2 a 5 dias Secnidazol: 30mg/kg/dia em dose única Tratamento da colite necrosante e abscesso hepático: Metronidazol endovenoso associado a antibióticos. abscessos grandes→ esvaziamento por punção transcutânea guiada por USG PROFILAXIA Tratamento das fontes de infecção; tratamento dos esgotos domésticos e da água; higienização das mãos e verduras; educação sanitária, cívica e ambiental. Jamille Ponte
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