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Clarisse Fernandes 75 B - CMMG Fisiologi� cardíac� 1) Estrutura cardíaca: - Duas bombas diferentes: ● Coração direito: sangue para os pulmões (pequena circulação); ● Coração esquerdo: sangue para o restante do corpo (circulação sistêmica); - Miocárdio é um sincício: muitas células individuais conectadas por discos intercalares, compostos por junções comunicantes as quais permitem a rápida difusão iônica; OBS: Os discos intercalares facilitam a passagem de impulsos entre os cardiomiócitos, aumentando a velocidade de propagação do potencial de ação pelo sincício cardíaco. - Átrios são separados dos ventrículos por tecido fibroso, o qual não é bom condutor de impulsos. Isso permite que os átrios se contraiam antes dos ventrículos. Assim, há tempo do enchimento completo dos ventrículos antes de sua contração e, consequente, ejeção de sangue; 2) Fisiologia cardíaca: a) Período refratário: intervalo durante o qual o impulso cardíaco normal não pode reexcitar uma área já excitada - Período refratário do músculo atrial é mais curto que o período refratário ventricular; 3) Acoplamento excitação-contração cardíaco: a) Potencial de ação provoca contração das miofibrilas por meio de dois mecanismos: ● Potencial de ação nos túbulos T -> liberação de Ca++ pelo retículo sarcoplasmático -> deslizamento dos filamentos de actina e miosina -> contração muscular; ● Potencial de ação nos túbulos T -> difusão de íons cálcio adicionais partindo dos próprios túbulos T -> liberação de mais cálcio sarcoplasmático -> contração muscular; OBS.: Sem a entrada adicional de íons cálcio, a força de contração do miocárdio seria reduzida, uma vez que o retículo sarcoplasmático do miocárdio é menos desenvolvido que o do músculo esquelético. Portanto, não há armazenamento de cálcio o suficiente para uma contração completa. - O início da contração se dá pouco tempo depois do início do potencial de Clarisse Fernandes 75 B - CMMG ação, e termina logo após o término do potencial de ação; 4) Ciclo cardíaco: - Cada ciclo é iniciado pela geração espontânea de potencial de ação no nodo sinoatrial; - Cada ciclo consiste em diástole, período de enchimento do coração de, seguido da sístole, período de contração; - O aumento da frequência cardíaca diminui a duração de cada ciclo cardíaco = coração não permanece relaxado o suficiente para permitir o enchimento completo das câmaras cardíacas; a) Átrios: - Átrios são pré-bombas para os ventrículos = a sístole atrial enche os 20% faltantes do volume ventricular. Os outros 80% são enchidos pela passagem contínua de sangue dos átrios para os ventrículos; b) Ventrículos: - Sístole ventricular: gera aumento abrupto de pressão intraventricular e fechamento das válvulas A-V; ● Período de contração isovolumétrica: período durante o qual o ventrículo gera pressão para abertura das válvulas semilunares (aórtica e pulmonar) contra a pressão nas artérias aorta e pulmonar = há contração ventricular, mas não há ejeção de sangue; ● Há o acúmulo de sangue nos átrios direito e esquerdo, uma vez que as válvulas atrioventriculares (tricúspide e mitral) encontram-se fechadas; ● Período de ejeção: pressão ventricular está suficientemente alta para abertura das válvulas semilunares = sangue é lançado nas artérias; ● Ao final da sístole, o relaxamento ventricular começa repentinamente = diminuição rápida da pressão intraventricular; ● Altas pressões nas artérias cheias de sangue empurram o sangue de volta para os ventrículos = fechamento das valvas semilunares; ● Período de relaxamento isovolumétrico: após o fechamento das valvas semilunares, os ventrículos continuam a relaxar, mas não há alteração de volume = abertura das valvas A-V; - Diástole ventricular: ● A alta pressão dos átrios, devido ao acúmulo de sangue durante a sístole ventricular, força a Clarisse Fernandes 75 B - CMMG abertura das válvulas A-V e o enchimento ventricular = Período de enchimento rápido dos ventrículos = primeiro terço da diástole ventricular; ● Segundo terço da diástole ventricular: sangue proveniente das veias chegam aos átrios e fluem diretamente para os ventrículos; ● Terceiro terço da diástole ventricular: sangue derivado da sístole atrial (20% restantes do volume ventricular); c) Volume diastólico final, volume sistólico final, débito sistólico: - Volume diastólico final: quantidade de sangue levado para os ventrículos durante a diástole; -Débito sistólico = fração de ejeção: volume retirado dos ventrículos durante a sístole; - Volume sistólico final: volume restante nos ventrículos após a retirada do débito sistólico; d) Conceitos de de pré-carga e pós-carga: - Pré-carga: grau de tensão do miocárdio quando começa a se contrair = pressão diastólica final quando o ventrículo está cheio que ocorre no período de contração isovolumétrica; - Pós-carga: carga contra a qual o músculo exerce sua força contrátil = pressão arterial contra a qual o ventrículo deve exercer contração = pressão sistólica; OBS.: Em indivíduos hipertensos, a pós-carga é alta -> é preciso uma maior força para vencer a pressão arterial elevada; e) Regulação do bombeamento cardíaco: - Mecanismo de Frank-Starling: forma intrínseca de controle. ● Quantidade de sangue bombeada por minuto (Débito cardíaco) = volume de sangue que chega ao coração por meio das veias (Retorno venoso); ● Quanto mais o miocárdio se distender durante a diástole, maior será a força da sístole -> o coração consegue bombear todo sangue que a ele retorna pelas veias; - Controle por inervação simpática e parassimpática (vagal): -> Simpático: tropismos positivos ● Aumento do débito cardíaco (quantidade de sangue que sai do coração) e do retorno venoso (quantidade de sangue que retorna ao coração); ● Inotropismo: aumento da força de contração cardíaca; Clarisse Fernandes 75 B - CMMG ● Cronotropismo: aumento da frequência cardíaca; ● Batmotropismo: aumento da excitabilidade cardíada; ● Dromotropismo: aumento da condutibidade cardíaca; -> Parassimpático: tropismos negativos; age diretamente nos nódulos sinoatrial e atrioventricular; ● Redução do débito cardíaco; ● Cronotropismo: diminuição da frequência cardíaca; ● Batmotropismo: diminuição da excitabilidade cardíaca; f) Efeitos dos íons potássio e cálcio no funcionamento cardíaco - K+ : ● Excesso no líquido extracelular: dilatação do coração + flacidez; pode ocorrer bloqueio da condução do impulso cardíaco; ● Alta concentração de potássio diminui o potencial de repouso da membrana = fica menos negativo = intensidade do potencial diminui -> utilização de injeção de KCl causa morte; - Ca++: ● Excesso: contrações espásticas (fortes) = sístole > diástole; ● Falta: fraqueza cardíaca; 5) Excitação rítmica do coração: - Coração possui autoexcitação rítmica e contração repetitiva, devido a: ● Capacidade de geração de impulsos elétricos para iniciar as contrações; ● Condução de impulso rapidamente pelo coração; a) Nodo sinoatrial (nodo S-A): átrio direito; - Suas fibras conectam diretamente às fibras musculares atriais = potencial de ação originado no nodo S-A é difundido imediatamente para os músculos atriais; - Fibras são rítmicas:: ● Potencial de repouso menos negativo = canais de sódio já estão inativos, só os canais lento de Ca++ podem-se abrir e deflagrar o potencial de ação -> potencial de ação ocorre mais lentamente e a repolarização também; Clarisse Fernandes 75 B - CMMG - Controla a ritmicidade cardíaca: ● Descarga sinusal é mais rápida que que a autoexcitação natural do nodo A-V e das fibras de Pukinje = estímulo sinusal descarrega o nodo A-V e as fibras de Purkinje antes que estes atinjam seus limiares de excitabilidade; - Fibras são autoexcitáveis: ● Elevada concentração de Na+ no líquido extracelular da fibra nodal = vazamento de Na+ para dentro da célula = potencial de repouso menos negativo = autoexcitação● Abertura dos canais lentos de Ca++ é que gera o potencial de ação; ● Final do potencial de ação: inativação dos canais de Ca++ e abertura de muitos canais de K+ = membrana de volta ao potencial de repouso; b) Vias internodais: condução do impulso do nodo sinoatrial ao nodo atrioventricular (nodo A-V); ● Fibras condutoras especializadas = aumento da velocidade de condução elétrica; c) Nodo atrioventricular: átrio direito - Gera o retardo da propagação entre átrios e ventrículos -> permite que os átrios se contraiam e se esvaziem antes que ocorra a sístole ventricular; - Condução lenta é explicada pelo número reduzido de junções comunicantes entre as células no nodo A-V; d) Feixe de His: localizados no septo interventricular e) Fibras de Purkinje: ventrículos - Permite que o impulso cardíaco chegue em todo coração dentro de um pequeno intervalo; - Podem desenvolver ritmo próprio em caso de hiperestimulação simpática = Escape Ventricular ● Escape ventricular: caso haja hiperestimulação vagal, há bloqueio do nodo sinoatrial = ventrículos para de se contrair = fibras de purkinje desenvolvem ritmo próprio; Clarisse Fernandes 75 B - CMMG 6) Valvas e bulhas cardíacas: a) Bulhas (sons cardíacos audíveis): geradas pelo fechamento das válvulas cardíacas: ● Primeira bulha (B1): fechamento das valvas AV, gerada pela sístole ventricular; Valvulopatias: Estenose aórtica e regurgitação mitral; ● Segunda bulha (B2): fechamento súbito das valvas semilunares (aórtica e pulmonar) ao final da sístole; valvulopatias: regurgitação aórtica e estenose mitral; ● Terceira bulha (B3): ocorre, ocasionalmente, no terço médio da diástole ventricular, devido a batida do sangue na parede dos ventriculos; geralmente, sua presença é indicativa de insuficiência cardíaca; ● Quarta bulha (B4): contração atrial; quase nunca auscultada; comum em pessoas que hipertrofia ventricular, na qual há diminuição da complacência da parede ventricular e aumento da resistência ao seu enchimento; - Áreas de ausculta: ● Foco aórtico; ● Foco pulmonar; ● Foco tricúspide; ● Foco mitral b) Valvulopatias: - Estenose: folhetos das valvas aderem-se uns aos outros e não permite fluxo normal de sangue por elas = válvula não abre direito; - Regurgitação = insuficiência: margens valvares destruídas = não há fechamento total = ocorre refluxo; - Sopros cardíacos: bulhas cardíacas anormais; ● Sopro sistólico: durante a sístole ventricular; precede segunda bulha; ● Sopro diastólico: durante a diástole ventricular; após segunda bulha; - Estenose aórtica: ● Valva aórtica: ventrículo esquerdo -> artéria aorta; não se abre nem se fecha completamente; Clarisse Fernandes 75 B - CMMG ● Ejeção ventricular ocorre através de uma pequena abertura fibrosa: há diminuição da ejeção ventricular e do débito cardíaco = aumento da pressão intraventricular esquerda = aumento da velocidade do sangue passando pela valva estenosada; ● Ventrículo esquerdo em contração falha ao se esvaziar; ● Exame físico: sopro sistólico intenso (início da sístole = B1)em foco aórtico; ● Redução do débito sistólico; ● Há hipertrofia ventricular; - Regurgitação mitral: ● Sangue reflui pela valva mitral para o átrio esquerdo durante a sístole ventricular; ● Associada a IAM; ● Sopro sistólico em foco mitral= som simbilante (vento) logo após a primeira bulha(início da sístole); - Regurgitação aórtica: insuficiência aórtica ● Sangue reflui para o ventrículo esquerdo durante a diástole ventricular = pressão baixa nos ventrículos permite esse retorno; ● Som simbilante (vento) logo após segunda bulha = sopro diastólico em foco aórtico; ● Há hipertrofia ventricular; ● Reduz débito sistólico; - Estenose mitral: ● Sangue passa com dificuldade do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo; ● Sopro diastólico: som fraco e de frequência baixa durante a primeira parte da diástole; após a segunda parte da diástole, é audível um pro baixo; ● É possível ouvir a quarta bulha;
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