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Postagem - Civil III - Semana 1

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Corrigido pela professora dia 23 de fevereiro
SEMANA 1 - Edilene Araújo dos Santos – 4º Período - Direito – Manhã – Campus Menezes Côrtes 
Aplicação Prática Teórica - Caso concreto 01
Francisco Farias celebrou contrato de promessa de compra e venda de imóvel residencial, localizado em Belém-Pará, com Antônia Almeida em 20 de maio de 2008, no qual o promitente-vendedor comprometia-se a transferir a propriedade do imóvel em questão em março de 2010, quando a promitente-compradora terminaria de pagar o valor ajustado em R$ 360.000,00.
 
No prazo previsto contratualmente, Antônia foi providenciar a transferência da propriedade do imóvel aos promitentes vendedores, tendo sido informada pelo Cartório de Registro de Imóveis que, dentre os encargos da transferência, havia um referente a um ônus real que incidia sobre o imóvel (enfiteuse), que deveria ser pago a Coden, pagamento sem o qual não poderia ser feita a escritura pública de propriedade do imóvel.
 
O funcionário do Cartório informou a Antônia que o pagamento relativo a esse ônus real, pela lei, cabia ao atual proprietário, ou seja, ao promitente-vendedor, mas que no contrato assinado entre as partes poderia conter estipulação em sentido diverso.
 
Antônia, que em momento algum foi informada desse ônus real, procurou Francisco e comunicou que esse pagamento deveria ser feito. Francisco também revelou desconhecimento desse ônus e alegou que, de acordo com a cláusula sétima do instrumento público de promessa de compra e venda, quem deveria pagar o valor era Antônia. 
 
É importante destacar duas cláusulas do contrato em questão:
 
Cláusula terceira: Que possuindo ele PROMITENTE VENDEDOR o imóvel descrito nas cláusulas anteriores, livre e desembaraçado de quaisquer ônus legais, convencionais, encargos, judiciais ou extrajudiciais, foro, pensão ou hipoteca, bem como quite de impostos e taxas, assim prometem vendê-lo, como prometido, tem o PROMITENTE COMPRADOR, que por sua vez promete comprá-lo, de conformidade com o preço e condições seguintes.
 
Cláusula sétima: Todas as despesas com a eventual legalização desta Promessa de Compra e Venda e com a legalização da Escritura Definitiva de Compra e Venda serão de total e exclusiva responsabilidade do PROMITENTE COMPRADOR, salvo comissão de corretagem.
 
Considerando o contexto acima descrito e tomando por parâmetro a teoria geral dos contratos, responda JUSTIFICADA E FUNDAMENTADAMENTE:
A)   Explique o princípio da boa-fé objetiva e sua tríplice função. 
Resposta: É o efetivo comportamento do sujeito que deve agir de acordo com o contrato assinado. A tríplice função do contrato é: interpretativa (a interpretação deve sempre favorecer a boa-fé ética); criadora de deveres anexos (que são lealdade, cooperação, informação, solidariedade entre outros. Função que cria direitos e obrigações); e limitantes do exercício de direitos subjetivos (a intenção não é levada em conta, para evitar abuso de direito, já que a quebra da boa-fé gera responsabilidade civil) 
B)   À luz da boa-fé objetiva, quem deve efetuar o pagamento decorrente do ônus real do imóvel? Utilize a(s) função(ões) da boa-fé objetiva existente(s) no caso.
Resposta: Deve ser pago o encargo do ônus real pelo promitente-vendedor, Francisco. A cláusula 3ª declara que o imóvel estaria desembaraçado de qualquer ônus legal bem como quite de impostos e taxas. E a cláusula 7ª (é genérica) diz que Antonia, promitente-compradora é responsável por todas as despesas com a legalização da promessa de compra e venda e da legalização da escritura definitiva, ou seja, desde que os impostos e taxas já estivessem pagos. Aplica-se o princípio da boa-fé objetiva com a função interpretativa e a limitadora do exercício de direitos subjetivos. Nenhuma das cláusulas menciona especificamente a existência do ônus. Ao contrário, a cláusula 3ª. menciona que o imóvel está livre de qq. Ônus, a cláusula 7ª. Transfere à promitente compradora o dever de pagar as despesas relativas à transmissão, mas a interpretação conjunta das regras, de acordo com a boa-fé, faz crer que ela só se responsabiliza pelas despesas ordinárias. 
 
Questão objetiva 01
(AGU – procurador 2007) No campo das obrigações e dos contratos, várias novas teorias têm sido delineadas pela doutrina e pela jurisprudência. A esse respeito, julgue os itens que se seguem.
1. A partir do princípio da função social, tem-se estudado aquilo que se convencionou chamar de efeitos externos do contrato, que constituem uma releitura da relatividade dos efeitos dos contratos. CERTO
2. Segundo a doutrina contemporânea, o aforismo turpitudinem suam allegans non auditor (ninguém pode se valer de sua própria torpeza – Art. 180 CC) não se confunde com a vedação do venire contra factum proprium (ninguém pode agir contrariamente ao seu próprio comportamento); enquanto o primeiro objetiva reprimir a malícia e a má-fé, o segundo busca tutelar a confiança e as expectativas de quem confiou na estabilidade e na coerência alheias. CERTO
A boa-fé se sub-divide em várias regras gerais cuja uma delas é chamada turpitudinem suam allegans non, essa regra não pode ser confundida com outra venire contra factum proprium, a idéia que serve para coibir um comportamento contraditório, uma conduta contrária ao comportamento anterior que havia gerado expectativas que não podem ser quebradas pela conduta posterior. A primeira regra tem por objetivo evitar a má-fé e a segunda busca proteger expectativas criadas. 
 
Questão objetiva 02
O enunciado 169 (tem peso menor que uma Súmula), da III Jornada de Direito Civil, que dispõe que o princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo leva em consideração o instituto do(a):
tu quoque.
venire contra factum proprium. – ninguém pode agir contrariamente contra seu próprio comportamento
duty to mitigate the loss.
Supressio – 
surrectio.
Todas as opções são braços da boa-fé.
Existem outras regras gerais de boa- fé entre as quais a supressio pela qual se alguém deixa de agir por muito tempo se abstendo de reclamar um determinado direito pode vir a perdê-lo em razão de uma expectativa gerada para outras pessoas, que passam a adquirir um direito (chamado surrectio), com base na abstenção do primeiro. O enunciado nr. 169 da III Jornada de Direito Civil estabelece que o credor, com base na boa-fé deve fazer o máximo de esforço possível para evitar ou minimizar o seu próprio prejuízo, traduzindo uma outra regra própria da boa-fé chamada duty to mitigate the loss. A doutrina menciona ainda uma última regra argumentativa da boa-fé chamada tu quoque que significa que se uma das partes não cumpre o contrato da maneira como deveria ou pelo menos não se comporta com o cuidado devido não pode exigir que a outra se comporte com zelo e o cuidado também devidos. 
Aforismo – adágio, ditado
Art. 180 – mentiu com dolo, vai pagar, vai responder.

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