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~ Samant� Buen� ~ DOENÇAS DO CORPO DO ÚTERO E DA TUBA UTERINA MA����S�AÇÕES ��ÍNI��� – Hipermenorréia ou menorragia: sangramento menstrual em maior volume ou duração (sangramento intenso durante o período menstrual) – Amenorréia: ausência da menstruação em mulheres em idade fértil – Metrorragia: sangramento fora do período menstrual (sangramento irregular entre os períodos menstruais) – Dismenorréia: dor no período menstrual – Dispareunia: dor durante o ato sexual – Infertilidade: incapacidade de concepção de maneira natural – Histeromegalia: aumento do volume do órgão (útero) HIPERPLASIAS ENDOMETRIAIS: • Proliferação aumentada de glândulas endometriais em relação ao estroma (glândulas com índice mitótico aumentado, sob ação do estrógeno) • Associada a exposição prolongada ao estrógeno • Fatores de risco: obesidade, ciclos anovulatórios, menopausa, administração exógena de estrógeno, síndrome do ovário policístico • Importante causa de sangramento uterino (metrorragia/ intervalos irregulares e menorragia/períodos menstruais) • Lesão precursora de adenocarcinoma endometrial (Tipo I - adenocarcinoma endometrioide) **em condições normais a qtd de estroma e glândulas é equilibrado, numa hiperplasia a quantidade de glândulas é muito maior que o estroma; Patogenia: • PTEN - regulação negativa da via de crescimento PI3K/AKT (PTEN é um gene supressor tumoral, ele controla a via de sinalização PI3K/AKT os receptores de estrogênio participam dessa via que quando ativados eles vão estimular a expressão de genes que estimulam a proliferação celular. Quando ocorre uma mutação no PTEN ele fica inativado e não consegue parar o ciclo celular, assim, os receptores de estrogênio mandam sinal positivo para gerar transcrição para haver proliferação celular, é isso que ocorre nas células endometriais na hiperplasia). • Inativação do PTEN • A sinalização PI3K/AKT aumenta a capacidade do receptor de estrogênio ativar a expressão de seus genes-alvo • A expressão de genes estrógeno-dependentes, favorecem a proliferação de tecidos como o endométrio e mama • Presente em cerca de 20% das hiperplasias e em 30 a 80% dos adenocarcinomas (fase inicial da progressão) ** o PTEN é o principal gene mutado para as hiperplasia endometriais. Microscopia: Exuberância de folhas @samantabuen�2 1 ~ Samant� Buen� ~ Classificação: Hiperplasia endometrial não atípica: Aglomeração glandular e dilatação das glândulas; áreas de glândulas justapostas com pouco estroma (núcleos hipercromáticos (escuros) que estão em alta atividade mitótica, estroma adjacente pouco alterado à esquerda. À direita, já se vê muitas glândulas e pouco estroma no aspecto Back to back - glândulas muito perto umas das outras) Risco de 2 a 4x de progressão para adenocarcinoma Hiperplasia endometrial atípica/ Neoplasia intraepitelial endometrial: Proliferação glandular com atipia nuclear; glândulas justapostas com estroma escasso; células arredondadas; núcleos possuem cromatina vesicular e nucléolos evidentes Risco de 45x de progressão para adenocarcinoma Intervalo de cerca de 4 anos Grandes quantidades de glândulas (pouquíssimo estroma), à esquerda observa-se glândulas em aspecto back to back [justapostas] em que uma glândula toca a outra. NEOPLASIAS DO ENDOMÉTRIO: ADENOCARCINOMA DO ENDOMÉTRIO • É um tumor maligno do trato genital feminino muito freqüente (7% dos carcinomas invasivos das mulheres) • Pico de incidência: 55 – 65 anos • 1/3 dos casos ocorre em mulheres pós-menopausa sem evidência de exposição ao estrógeno, endométrio adjacente é atrófico • Sintomatologia: sangramento pós-menopausa e leucorreia (corrimento vaginal anormal) • Não há método de rastreamento • O prognóstico depende do estádio clínico no momento do diagnóstico, do tipo histológico e da graduação do tumor FATORES DE RISCO: • Relacionados a estados de hiperestrogenismo • Fatores de risco: – Senhoras idosas e obesas, com dieta rica em gorduras – Diabetes – Hipertensão – Terapia de reposição hormonal sem contraposição de progesterona, ACO e tumores produtores de estrógeno – Nuliparidade – Menarca precoce (por volta dos 10 anos) – Menopausa tardia (importante pensar em tempo de exposição ao estrógeno) – Infertilidade (ciclos anovulatórios) ADENOCARCINOMA ENDOMETRIÓIDE (TIPO I): (CARCINOMA ENDOMETRIOIDE) • Tipo mais comum • Surgem em condições de hiperplasia endometrial • Inativação do PTEN – hiperplasia atípica é considerada lesão pré-neoplásica • Hiperplasia – eventos mutagênicos – adenocarcinoma (melhor prognóstico) É o tumor mais indolente (com o melhor prognóstico) hiperplasia típica = hiperplasia não atípica @samantabuen�2 2 ~ Samant� Buen� ~ Na grande maioria surge de um cenário de hiperplasia endometrial em geral atípica, em que o gene mutado é o PTEN seguido de acúmulo de eventos mutagênicos de uma hiperplasia para adenocarcinoma. ADENOCARCINOMA SEROSO (TIPO II): (OU CARCINOMA SEROSO) Tecido de origem é o mesmo do tipo I • Apresenta mutações do TP53 e atrofia endometrial associada • Etiologia incerta e freqüentemente não há histórico de hiperestrogenismo • Indica que a via carcinogênica é independente do estrógeno • Incidência em idade mais avançada e afrodescendentes com taxa de mortalidade 2x mais alta do que em mulheres brancas - Pior prognóstico (no momento do diagnóstico apresentam disseminação para fora do útero) • é comum de ser encontrado com endométrio adjacente atrófico • Tem pior prognóstico e não tem associação com estrógeno. É comum no momento do diagnostico ja haver metástase Aspectos morfológicos: Adenocarcinoma endometrióide: áreas papilíferas e glândulas densamente agrupadas com estroma escasso (aspecto Back to Back) @samantabuen�2 3 ~ Samant� Buen� ~ Adenocarcinoma endometrial tipo I - inovação nos feixes de músculo liso ESTADIAMENTO DO CARCINOMA ENDOMETRIAL - AJCC/FIGO 2009 Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia: Caso clínico de adenocarcinoma: Mulher, 58 anos com queixa de sangramento vaginal irregular, informa que teve menopausa aos 51 anos. Há 1 mês refere ter apresentado, inicialmente, pequenos sangramentos vaginais (gotas). Há 1 semana apresenta sangramento ininterrupto, semelhante a uma menstruação. Antecedentes pessoais: hipertensa e diabética, com tratamento irregular. Refere que no período da menopausa teve também sangramento abundante e precisou fazer curetagem uterina, mas não lembra o diagnóstico, apenas sabe que ainda não era câncer e foi informada que como estava entrando na menopausa ela não teria mais problemas, mas não poderia fazer reposição hormonal. Antecedente ginecológico: casada, 3G 2P (cesárea) 1A, amamentou por 7 meses cada filho. Menarca aos 12 anos. Usou ACO por 10 anos e após a terceira gestação fez laqueadura tubária e não usou mais anticoncepção hormonal Antecedentes familiares: pai e mãe vivos, hipertensos e tia materna diabética, essa tia está tratando de câncer de mama Exame físico: • PA: 140x95 mmHg; FC: 82 bpm; Temp: 36,5°C • Exame ginecológico mucosa vaginal atrófica. Colo uterino com OE em fenda Schiller negativo. Sangramento proveniente do canal endocervical • Exame abdominal: doloroso à palpação profunda de região pélvica hipogástrio • Demais órgãos normais • Circunferência abdominal: 101 cm; IMC: 42 Exames solicitados: • Hemograma: normal • Glicemia 132 mg/dL (até 99 mg/dl, diabetes acima de 125 mg/dL) • Triglicérides 300 mg/dL (até 150 mg/dL) • LDL 170 mg/dL (até 100 mg/dL); HDL 27 mg/dL (acima de 60 mg/dL); VLDL 50 mg/dL • Ácido úrico 4,7 mg/dL (até 5 mg/dL) • Função hepática e renal: elevação discreta de transaminases e de fosfatase alcalina e GGT (gama glutamil transferase) • Íons: normais • USG de abdome: cálculo biliar, esteatose hepática grau III @samantabuen�2 4 ~ Samant� Buen� ~ • USG transvaginal: ovários atróficos; útero com espessamento endometrial Diante do resultado da USG transvaginal, foi solicitado uma biópsia, que apresentou: Adenocarcinoma endometrióide bem diferenciado (grau 1) arquitetura glandular preservada e estroma escasso LEIOMIOMA: Neoplasia benignacom diferenciação em músculo liso do miométrio • Tumor benigno mais comum do miométrio • Fator de risco: etnia afrodescendente • Frequentemente se apresentam múltiplos • Assintomáticos ou podem causar sangramentos • Mutações nos genes HMGIC e HMGIY (regulam a estrutura da cromatina) e MED 12 • Transformação maligna é extremamente rara Leiomiomas submucosos (seta branca), intramurais (seta amarela) e subseroso (seta rosa) do útero PÓLIPOS ENDOMETRIAIS: • Massas exofíticas de tamanho variável, únicos ou múltiplos e geralmente sésseis • Assintomáticos, mas podem causar hemorragia (ulceração ou necrose) • Possibilidade RARA de hiperplasia ou neoplasia glandular, neste casos o diagnóstico clínico reside no diagnóstico da hiperplasia endometrial - respondem ao estrogênio INFLAMAÇÕES DO ENDOMÉTRIO: ENDOMETRITES: Pouco comuns, acometendo principalmente mulheres na idade reprodutiva, eventualmente na pós-menopausa @samantabuen�2 5 ~ Samant� Buen� ~ ENDOMETRIOSE: • Ocorre mais frequentemente em mulheres com idade reprodutiva, entre a 3ª e 4ª décadas - Afeta aproximadamente de 6% a 10% das mulheres • Presença de tecido endometrial “ectópico" em um local fora do útero (inclui as glândulas e o estroma) • Locais: ovários, ligamentos uterinos, septo retrovaginal, peritônio pélvico, intestinos, apêndice, mucosa do colo uterino, vagina, tubas uterinas • Comumente resulta em dismenorreia, dor pélvica e infertilidade (formação de cicatrizes devido ao sangramento) • Teorias para patogênese: fluxo retrógrado de sangue pela tuba uterina, disseminação pelo sangue (metástase benigna); metaplasia e origem das células tronco Cicatrizes devido ao sangramento ADENOMIOSE: • Presença de glândulas e estroma endometrial na parede uterina, representando um crescimento endometrial no meio do miométrio • Sintomas: dor pélvica Glândulas endometriais situadas no miométrio Importância clínica: em pacientes com adenocarcinoma, não pode confundir com invasão ABORTO: • Perda da gravidez antes de 20 semanas de gestação • Anomalias cromossômicas, defeitos físicos do útero (leiomioma submucoso, pólipos ou malformações) e infecções • Pode levar à endometrite aguda por infecção (Estreptococos e estafilococos) SALPINGITES: • Afecções mais comum da tuba uterina • Agentes etiológicos: gonococos, Chlamydia, estreptococos, E. coli • Endometrites e peritonites • Pelvitonites (se propaga para o ovário, ligamentos e peritônio pélvico) • Agudas, crônicas e granulomatosas Acomete muito mulheres sem acesso a serviços de saúde @samantabuen�2 6 ~ Samant� Buen� ~ DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP): • Acomete o trato genital superior • Ascensão de microorganismos do trato genital inferior, espontaneamente ou devido à manipulação • Complicação de infecção sexualmente transmissível • Pode gerar infertilidade, gravidez ectópica e dor pélvica crônica • Etiologia: Polimicrobiana (Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis, presente em 60% dos casos) • Segundo o Protocolo de Diretrizes Terapêuticas para Atenção às Pessoas com IST, recomenda-se que todas as mulheres diagnosticadas com DIP sejam rastreadas para esses patógenos e testadas para infecção pelo HIV PRENHEZ TUBÁRIA: • Gravidez ectópica: implantação do feto em um local diferente do local intrauterino normal • Local mais comum: Tuba uterina (90%) • 4 a 10% das mortes relacionadas gestação Tuba uterina com sangramento @samantabuen�2 7
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