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medicina na idade media

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Medicina na Idade Média (Idade das Trevas)
-Medicina influenciada pelo humanismo e também pelo obscurantismo da Idade Média que gerou atraso da medicina
-Única instituição de poder era a Igreja Católica, ela influenciava vários aspectos da sociedade inclusive a medicina. Havia uma supremacia da igreja em relação a medicina pagã. O único responsável pela cura era Deus (teocentrismo) e também era responsável pelas doenças, retomada da medicina empírica só que apesar da dominancia exercida pela religião havia a utilização de conhecimentos galenicos e hipocráticos
-Igreja nomeia santos para cada mólestia. Ex: São Brás (responsável por problemas respiratórios), Santa Luzia (doenças oftalmológicas) São Lucas (padroeiro dos médicos)etc
-Período de estagnação cientifica em todas as áreas
-Cura por orações e intervenções divinas além de compra de indulgências 
-Hospitais cristãos (muitas vezes eram mosteiros) associados a caridade, tratavam de doentes e serviam de lar para idosos e leprosos 
-As escolas médicas do período romano forma fechadas no século 5. Coube, após o fim da medicina laica, o atendimento médico e combate as doenças aos mosteiros de ordem religiosa. Nos mosteiros sobreviviam os livros dos grandes médicos, que eram de acesso vedado.
-Recoriam a ordens religiosas para tratamento médico, os ''médicos'' eram monges (beneditinos) e padres
-Doença era resultado de pecado e não pagamento de indulgências e a cura se dava pela fé 
-Surgimento das universidades (ensino da medicina) controladas pela igreja, o ensino se dava mediante a exames que avaliavam aptidão para o exercicío da medicina
-Igreja proibe dissecação de cadavéres 
-Igreja era apoiadora das universidades e ao mesmo tempo era entrave para o avanço das ciências médicas
Início da Idade Média 
-Com a morte de Teodósio, o Império foi dividido entre seus dois filhos. Criou-se o Império Romano do Oriente e o Império Romano do Ocidente. O ocidente sofreu com grandes transformações politicas, suas terras foram invadidas, a religião cristã se espalhou e cresceu o poder da Igreja Católica e houve por fim a implantação do sistema feudal como consequências das transformações.
-A Idade Média se inicia com a queda de Roma e o surgimento das civilizações religiosas.
-O inicio da Idade Média é mercado pelo retrocesso em relação à racionalidade. Conquistas dos gregos e romanos foram perdidas ou obliteradas. A doença voltou a ser símbolo de castigo divino, punição contra os pecados dos homens.
-O inicio da Idade Média é mercado pelo retrocesso em relação à racionalidade. Conquistas dos gregos e romanos foram perdidas ou obliteradas. A doença voltou a ser símbolo de castigo divino, punição contra os pecados dos homens.Havia grande procura por rituais mágicos e orações, a medicina leiga praticamente desapareceu.
-Diferentemente de outras religiões, houve descaso com as condições sanitárias. Não havia sistema de retirada de lixo, destino correto para esgoto, preocupações com banhos, o que resultou na multiplicação de roedores e insetos e nas epidemias de peste bubônica em 1347, varíola, difteria, malária, febre tifoide e disenteria.
-Entre a população se espalhavam o uso de relíquias e talismãs para proteção contra as doenças. A Igreja Católica enriquecia com a venda de indulgências – perdão para os pecados cometidos
Papel da ICAR na Cura
-Os hospitais surgiram como instituições cristãs. Santa Helena, mãe do imperador Constantino, fundou um hospital no ano de 330, após a mudança da capital do Império Romano para Bizâncio, que depois viria a ter seu nome mudado para Constantinopla. Em 369 foi criado em Cesaréia, por São Basílio, um hospital para a população carente.
-Em razão de sua própria vida de recolhimento e de estudo, os monges beneditinos acabaram assumindo a assistência médica no mundo ocidental por mais de cinco séculos. A este período da história alguns denominam de período da medicina monástica.Em 805, os beneditinos passaram a receber instrução médica como parte de seu aprendizado formal, sob o nome de física, e os médicos assim formados eram chamados físicos
-A maioria dos medicamentos era feita pelos próprios monges, a partir de plantas que eles mesmos cultivavam. Em cada mosteiro havia um jardim botânico, de onde os religiosos coletavam material para o preparo de seus remédios, uma farmácia, uma biblioteca e um lugar para tratar os doentes. Nas bibliotecas os monges traduziam os textos clássicos gregos para o latim.
As Santas Casas De Misericórdia
As Santas Casas de Misericórdias surgem em 1498 em Lisboa por ação da rainha de Portugal.Elas se baseavam na caridade e se mantinham pelas esmolas, realizando tratamento 
de enfermos pobres. As casas de misericórdia regalias e eram as únicas autorizadas a recolher esmolas.Elas se tornaram um negócio lucrativo, com muitos nobres competindo pela sua direção. Também se espalharam pelas colônias no processo de conquista. 
Cirurgião-Barbeiro
O concilio de Tours, em 1163, os monges foram proibidos de realizarem cirurgias, posto que cristão não deveriam manusear sangue. Devido a ausência de monges para a realização de cirurgias e às exigências populares sugiram os cirurgiões-barbeiros. Eles eram profissionais que tratavam feridas abertas, cortavam cabelo e barba e faziam incisões nos abcessos. Eles ganharam notoriedade e fizeram assistência a aristocracia e participaram da 
medicina militar. Em certo ponto da história foram perseguidos pelas instituições religiosas, conseguindo escapar somente após a criação de uma organização sob proteção de São Cosme e Damião e foram aceitos na Universidade de Paris
Primeiras Escolas Médicas
As primeiras escolas de medicina medieval surgiram a partir do século X, sendo a primeira a de Salerno. Elas surgem juntamente aos mosteiros, locais em que se tratavam os doentes. Segundo conta a lenda, a escola foi fundada pelos médicos Ponto, grego; Helinus, judeu; Adela, árabe e Salernus, latino. Foi a Escola de Salerno a primeira a permitir leigos. Juntamente com Montpelier, na França, o ensino era baseado nas obras hipocráticas e galênicas. 
 
Universidades na Idade Média
Apesar de haver uma ou outra faculdade isolada, como as de medicina, em Montpellier, fundada no século IX; a de Salerno (no sul da Itália), criada no século X, e a de direito, em Bolonha, criada no século XI, as universidades surgiram nos séculos XII e XIII, como consequência do crescimento e da riqueza das cidades europeias medievais. Bolonha foi a primeira universidade a ser criada, no século XII, sendo que desde o ano de 1156 já contava com uma faculdade de medicina bem estruturada. O ensino era eminentemente teórico, o que resultava na formação de poucos médicos com alguma experiência prática, especialmente quanto à cirurgia. As primeiras autópsias realizadas em Bolonha ocorreram no final do século XIII. As seções eram comandadas por um professor, que de cima de sua cátedra (uma grande estrutura elevada, com degraus e uma mesa de leitura) comandava a aula, enquanto um colega mais novo, ostensor, apontava a linha de incisão e um funcionário subalterno, demonstrador, executava a dissecação. Mesmo com a eventual permissão de dissecações por ordem de magistrados, como em casos de suspeita de envenenamento, somente em 1482 o Papa Sisto IV - Papa de 1471 a 1484 - emitiu uma bula permitindo a prática em cadáveres humanos (autorizou dissecação de corpos de condenados). Em consequência, veio a promover o desenvolvimento da anatomia nas universidades europeias, como em Bolonha, Pádua, Paris e Montpellier. Com isto, o ensino da cirurgia tomou novo impulso nas escolas médicas. Neste período, as escolas de medicina das cidades italianas eram as de maior prestígio no mundo e entre os séculos XII e XV foram criadas várias universidades na França, Alemanha, Inglaterra, Holanda e Escandinávia. Um dado interessante deste período era o fato de que tanto os professores como os alunos vinham de vários lugares e países, mas como a língua universal do mundo culto era o latim, todos se entendiam perfeitamente. 
Mondino deLuzzi 
Mondino (1270 – 1326) foi um grande renovador do interesse pela anatomia, sendo professor na universidade de Bolonha. Foi autor do célebre livro Anathomia em 1316, um guia teórico de dissecção baseado nos textos comentados e traduzidos do árabe produzidos por Galeno. Baseado em sua experiência ele demonstrou os erros de Galeno, se tornando referência anatômica até Vesalius. Mondino produziu a primeira dissecção humana após séculos de proibição em 1315-cerimônia anatômica
Diferentes Profissionais Médicos 
Durante a Idade Média os profissionais de saúde começaram a ser separados, havia o médico, o especieiro e o boticário. 
-Os médicos (físicos) eram aqueles que possuíam o saber médico greco-romano, dominavam o latim e o ensino universitário, passaram por processo de habilitação e exercia uma função mais técnica. 
-O especieiro era dedicado ao preparo de medicamentos, possuíam formação técnica. 
-Os boticários recebiam formação através da aprendizagem com o mestre, estabeleciam-se nas boticas. Eram vedados de praticar atos médicos, eram destinados a fabricação e conservação de medicamentos. 
Havia outros profissionais como os auxiliares de flebotomias e sangrias.
Peste Negra
A ira de Deus em vista dos pecados dos homens parecia, no século XIV, a única explicação possível para a série de golpe devastadores que abalaram todo o mundo conhecido. Durante o primeiro quarto do século, a Ásia foi atormentada por secas, enchentes e terremotos que provocaram uma fome sem precedentes. Na Europa, a mudança climática que começou na década de 1250 e tornou o clima mais frio e úmido teve seus efeitos mais nefastos sentidos no final do século XIII e início do XIV, com a perda sucessiva de colheitas e a fome generalizada que espalhou a doença e o desespero nas comunidades. Mas nada foi tão devastador como a peste negra, epidemia que, entre 1346 e 1352, assolou todo o continente e chegou a ceifar mais de um terço da população europeia. 
A peste negra é provocada pelo bacilo Pasturella pestis, descoberto somente em 1894. A doença se manifesta de três formas: a pneumônica, que ataca os pulmões; a septicêmica, que infecta a corrente sanguínea; e a bubônica, a mais comum, cujo nome deriva das tumefações do tamanho de um ovo, conhecidas como bubos ou bubões, que aparecem no pescoço, nas axilas ou nas virilhas do doente nos primeiros estágios da doença. 
Os vetores do bacilo podem ser vários tipos de insetos hematófagos, que o transmitem através da picada. O mais comum destes vetores é a pulga Xenopsylla cheopis, que na época parasitava tanto o pequeno rato preto dos navios, o Rattus rattus, como o rato marrom, muito comum nos esgotos. O bacilo vive alternadamente no estômago da pulga e na corrente sanguínea do rato. A doença era aterrorizante. Os bubões purgavam pus e sangue, e eram acompanhados por manchas escuras, resultantes de hemorragias internas. Os doentes sentiam dores muito fortes e 
geralmente morriam em até cinco dias após a manifestação dos primeiros 
sintomas. No caso da forma pneumônica, o doente tinha febre alta e constante,tosse forte, suores abundantes e escarro sangrento, e morriam em três dias ou menos. 
A presença simultânea das três formas tornava o contágio rápido. Contava-se casos de pessoas que dormiam com saúde e morriam antes de acordar. A ignorância a respeito da verdadeira causa da doença e da forma de transmissão tornava impossível a prevenção e a cura. Esta ignorância levava a interpretações delirantes. As causas mais aceitas para a epidemia eram uma conjunção planetária ou simplesmente o castigo divino. Entre os possíveis responsáveis pela origem e disseminação da praga, os preferidos eram os judeus, que foram perseguidos e massacrados. Os médicos receitavam poções exóticas e ineficientes. Os tratamentos mais comuns eram as sangrias, o lancetamento ou cauterização dos bubões, a purga com laxantes ou a aplicação de emplastros quentes. 
A devastação causada pela peste diminuiu sensivelmente após 1350, embora a doença permanecesse no continente europeu, de forma endêmica, até o início do século XVIII. Sua marcha mortal pela Europa deixou sequelas permanentes, que transformaram a relação entre as pessoas, abalaram a imagem de infalibilidade do clero, reforçaram a fé pessoal e aumentaram a popularidade de cultos místicos. 
Lepra
Outra doença comum na Idade Média era a lepra, que foi durante muito tempo incurável e mutiladora, forçando o isolamento dos pacientes em leprosários, onde eram obrigados a carregar sinos para anunciar a sua presença. Por falta de conhecimento mais específico sobre as doenças, havia na Idade Média uma dificuldade de se diagnosticar a lepra. Por isso, ela era muitas vezes confundida com outros tipos de enfermidades, principalmente com as de pele e venéreas. Partindo desta premissa, a segregação dos leprosos pode ser vista também como uma maneira empregada de afastar da sociedade um símbolo vivo da lascívia e da promiscuidade, pois a lepra era tida como um símbolo do pecado, como um sinal externo e visível de uma alma corroída pelo erro e, em especial, pela transgressão sexual. A identificação do leproso era feita, inicialmente, através da denúncia. Qualquer pessoa que notasse uma doença de pele num vizinho, parente ou cônjuge, deveria indicá-lo à autoridade secular ou religiosa para que um tribunal fosse convocado. 
O doente comparecia perante um júri composto por um médico, um preboste e um padre, que representavam a Ciência, o Estado e a Igreja. A pele do acusado sofria um exame minucioso e precisava passar por vários testes. O número de pessoas consideradas leprosas era grande. Uma vez estabelecida a natureza da lepra pelo tribunal, os leprosos eram excluídos da comunidade e de toda vida social. Em certos lugares eram realizadas cerimônias que solenizavam o dia da separação do leproso da sociedade. A leitura das proibições, como, por exemplo, entrar nos moinhos, tocar nos alimentos etc, acompanhava a entrega e benção das luvas, da matraca e da caixa das esmolas, elementos que o leproso deveria usar para que fosse rapidamente reconhecido pela sociedade. 
As instituições específicas para o tratamento dos leprosos, os 
leprosários, nasceram em um contexto de crescimento das hostilidades para com estes doentes e em meio a convicção de que eles deveriam ser separados do convívio social. Esses estabelecimentos teriam atingido a seu apogeu no final do século XI e início do século XII e o seu declínio no final do século XIII.

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