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CIRURGIA PEDIÁTRICA Mayara Suzano dos Santos – T XIV A 6º Semestre – 2021.2 1 Patologias em Cirurgia Pediátrica Disciplina de Cirurgia Pediátrica FASM MAYARA SUZANO DOS SANTOS TURMA XIV A 6º Semestre – 2021.1 CIRURGIA PEDIÁTRICA Mayara Suzano dos Santos – T XIV A 6º Semestre – 2021.2 2 ATRESIA DE VIA BILIAR (AVB) EPIDEMIOLOGIA ETIOLOGIA DOENÇAS ASSOCIADAS FISIOPATOLOGIA Principal e + grave patologia hepática cirúrgica em RN, mas NÃO é congênita 60% das indicações de transplante hepático em ped Incidência ≌ 1:10000 nascidos vivos Malformações associadas: incidência 7,5- 25% Formas: Fetal 10- 35% e Perinatal 65-90% Forma perinatal: multifatorial (desconhecido) ▪ Alteração cromossõmia (cromossomo 4) ▪ Alteração da morfogênese ▪ Viral → Reovírus tipo 3, HPV3, Rotavírus A, CMV ▪ Alterações no sistema imunológico ▪ Lesões vasculares no sistema hepatobiliar Isoladas: são menos comuns ▪ TGI → estenose duodenal, atresia jejunal, divertículo de Meckel, má rotação intestinal ▪ Urinárias ▪ Cardíacas Associação de malformações: ▪ Sd da Poliesplenia (+ frequente) → inúmeros baços, ausência de VCI, v porta pré-duodenal, anormalidade na a hepática, má rotação intestinal, situs inversus, fígado bilobulado e anomalias cardíacas → pior prognótico Fibrose progressiva de caráter inflamatório das vias biliares (adquirida no período neonatal precoce) rapidamente progressiva → destruição das vias biliares e do tecido hepático → cirrose colestática ▪ Esplenomegalia: fibrose hepática → hipertensão portal → ↑ volume do baço São sugeridas diversas etiologia como justificativa para as alterações da AVB: ▪ Mutação no cromossomo 4 → responsável pela estabilidade da simetria visceral e desenvolvimento da árvore biliar extrahepática ▪ Alteração da morfogênese → falha na remodelação da placa ductal1 → persistência dos ductos biliares fetais → porta hepatis com variáveis graus de obliteração do ducto hepático comum e ductos biliares → extravasamento de bile destes ductos anormais → intensa reação inflamatória → fibrose ▪ Infecção viral → obliteração das vias biliares (relação ainda não explicada) ▪ Alteração imunológica → em indivíduous predispostos, um estímulo lesivo inicial à célula ductular biliar → expressão anormal de antígenos de superfície HLA II e ICAM-1 → reconhecimento do sistema imune como “célula alvo” → ação de macrófagos e apresentação aos linfócitos → liberação de cadeia inflamatória → destruição biliar → fibrose ▪ Lesão vascular → achado de arterias dilatadas e tortuosas nos remanescentes biliares Formas: ▪ Fetal: ausência de porta hepatis (local de fusão dos ductos biliares principais) → ausência de ductos biliares → processo inflamatório → fibrose progressiva ▪ Forma perinatal clássica: há resquícios de ductos biliares no porta hepatis1 CIRURGIA PEDIÁTRICA Mayara Suzano dos Santos – T XIV A 6º Semestre – 2021.2 3 ATRESIA DE VIA BILIAR (AVB) QUADRO CLÍNICO DIAGNÓSTICO TRATAMENTO Forma Perinatal Clássica: início tardio ▪ Icterícia persistente 2ª semana ▪ Hipocolia fecal evolui para acolia persistente, sem flutuação, pode haver manchar de bile ▪ Colúria persistente ▪ Hepatomegalia ▪ Fígado ↑ consistência e bordas cortantes (aspecto cirrótico) ▪ Esplenomegalia (30%) ▪ Cirrose → ascite, varizes esofágicas, prurido, desnutrição, insuficiência hepática e fibrose hepática ▪ Desnutrição ▪ Peritonite bacteriana Espontânea (PBE) ▪ Sem malformações associadas Forma fetal: início antes do nascimento ▪ Icterícia precoce ▪ Associada a malformações Complicações no PO: ▪ Colangite (40-60%) ▪ Hipertensão portal (34-76%) ▪ Ascite ▪ HDA por varizes esofágicas (45%) ▪ PBE ▪ Hiperesplenismo (16-35%) ▪ Outros → prurido, shunts pulmonares, ↑ Mg HND: RN a termo, AIG,bom desenvolvimento, assintomático e fezes coradas → icterícia após 2ª semana de vida com piora progressiva sem flutuação dos níveis de BT + persitencia de hipocolia fecal que evolui para acolia sem flutuação + colúria → ↑ bilirrubinemia e podem surgir fezes manchadas de bile → 8-12 semanas apresenta hepatomegalia, fígado com aspecto cirrótico, pode ocorrer esplenomegalia → hipertensão portal, ascite, varizes esofágicas, prurido, desnutrição Clínico: ▪ Icterícia > 14 d4 que deve ser diagnosticado rapidamente antes das 8-12 semanas de vida ▪ Exame físico → achados clínicos associados à icterícia e alterações hepáticas orientam diagnóstico em 85% dos casos; ausência de colúria e acolia fecal exclui diagnóstico. Exames complementares: Estudo objetivo e completo deve ser feito em, no máximo, 5 dias, para tomada de decisão ▪ Nenhum exame laboratorial é discriminativo, portanto seu uso indiscriminado deve ser evitado → ↑ BT (às custas de BD), ↑ 2-3x das enzimas hepáticas, lipoproteína X (se negativa, exclui dx de AVBEH) ▪ USG (↑ sensível e específico) → - Antenatal → achado de cisto < 2 cm que não apresentam variação durante desenvolvimento - Cordão triangular2 → área hiperecogênica cranialmente junto à bifurcação portal; se associada a ausência ou redução da vesícula sensibilidade 100%; se vesícula biliar normal 88%; - Afasta outras causas → a diminuição da vesícula após alimentação ↓ chance de AVBEH ▪ Biópsia hepática3,4 (padrão ouro) → arquitetura preservada, proliferação ductal, colestase de ductos neoformados, fibrose periportal → diferente das alterações da hepatite neonatal ▪ Cintilografia (↑ falso negativo) → não visualização de contraste no delgado ▪ CPRE ▪ VLP → visualização, colangiografia e biópsia ▪ Cintilografia intraoperatória Diagnóstico diferencial: ▪ Intrahepáticas → hepatite neonatal idiopática, hipoplasia dos ductos biliares, colestase intrahepática familiar, Sd Zellweger, acidemia triidrocoprostânica, doenças metabólicas (tirosinemia, galactosemia, intolerância â frutose, deficiência da alfa1-antitripsina, entre outras), TORCHS e outras infecções, sepse, ITU, nutrição parenteral ▪ Extrahepáticas → cisto colédoco e sd do canal comum Cirurgia: laparotomia até 8 semanas ▪ Indicação → acolia persistente por 10 dias, idade próximo aos 3 meses sem diagnóstico definido, biópsia sugestiva de AVB, massa abdominal palpável em eepigastro ou hipocôndrio D ▪ Portoenterostomia à Kasai5 → incisão transversa → dissecção ampla do porta hepatis (abaixo bifurcação da v porta, dissecar o centro) para exposição das estruturas biliares remanescentes → ligadura de ramos + anastomose término-lateral do delgado → objetivo restabelecer o fluxo biliar a fim de ganhar tempo para recuperação de peso e evitar cirrose até transplante Pós operatório: ▪ POI → SNG aberta + hidratação EV ▪ Fluxo biliar após 3-10 dias pela anastomose ▪ Dieta 5-7º PO ▪ ATB amplo espectro ▪ Corticoide ?? 10-20 mg/dia ▪ Evolução nos primeiros 2 meses → anictéricos e reversão da lesão ▪ Prognóstico Transplante hepático: ▪ Indicação → ictérico 2 meses após Kasai, ausência de fluxo biliar ou ineficaz com complicações, se complicações graves da cirrose CIRURGIA PEDIÁTRICA Mayara Suzano dos Santos – T XIV A 6º Semestre – 2021.2 4 ATRESIA DE VIA BILIAR EXTRAHEPA TICA DETALHES IMPORTANTES: COLESTASE INTRAHEPÁTICA COLESTASE EXTRAHEPÁTICA RN BP AIG Acolia fecal Início: 30º dia Com flutuações da coloração Início 15-20º dia Sem flutuações na coloração Esplenomegalia Presente Pode estar presente, tardio Alteração Hepática Consistência: normal Borda: romba Consistência: endurecida Borda: cortantes Achado na biópsia Desarranjo da arquitetura hepática Necrose e tumefação do hepatócito Alteração difusa do hepatócito Eritropoiese sinusoidal Colestase intracelular de células gigantes ↑ Presença de células gigantes Arquitetura hepática preservada Proliferação ductal Colestase de ductos neoformados Fibrose portale ponte porta-porta com expação do espaço portal QUADRO 2. Cordão triangular Área triangular ou tubular, hiperecogênica (seta verde), cranial junto à bifurcação portal (seta vermelha) Presença deste cordão + sem redução doa vesícula = 100% QUADRO 1. Embriogênese e Classificação Placa ductal: por volta da 11-13ª semana esta estrutura contém os ductos biliares primários e sofrerá uma sequência de remodelações que resultarão na formação dos grandes ductos biliares e suas ramificações em meio ao parênquima hepático mantendo-se pérvio e em continuidade com as vias extrahepáticas Porta hepatis: fissura transversal na superfície ventral do fígado, onde a veia porta, a artéria hepática, o ducto biliar principal e os vasos linfáticos ingressam e saem do fígado (WEBSTER, 2005) Classificação das formas anatômicas de AVB: ▪ Tipo 1 → atresia exclusivamente do ducto hepático comum ▪ Tipo 2 → atresia dos hepáticos D e E ▪ Tipo 3 → atresia completa das vias biliares extrahepáticas até a porta hepatis QUADRO 3. Achados na biópsia. Diagnóstico diferencial CIRURGIA PEDIÁTRICA Mayara Suzano dos Santos – T XIV A 6º Semestre – 2021.2 5 Icterícia + Acolia + Colúria Cisto Colédoco Cirurgia Cordão triangular Biópsia por punção AVB Portoenterostomia Duvidoso Colangiografia intraoperatória Portoenterostomia Colestase não atrésica Inconclusivo Biópsia por punção AVB Duvidoso Colestase não atrésica Solicitar USG ATRESIA DE VIA BILIAR EXTRAHEPA TICA DETALHES IMPORTANTES: QUADRO 4. Algoritmo diagnóstico e tratamento QUADRO 5. Portoenterostomia. Dissecção ampliada do porta hepatis, demonstrando a secção do lig. umbilical e ligadura dos pequenos ramos da bifurcação portal. QUADRO 6. Fatores de Prognóstico 1. Tipo de remanescentes das VBs - Tipo 1 → 100% anictéricos 2. Tipo de porta hepatis - Tipo I → piores resultados - Tipo III → melhores resultados 3. Histologia hepática 4. Idade à cirurgia - < 8 semanas → melhor resultado - 8-12 sem. → 33,9% anictéricos - > 12 sem. → 17,9% anictéricos CIRURGIA PEDIÁTRICA Mayara Suzano dos Santos – T XIV A 6º Semestre – 2021.2 6 REFERÊNCIAS: MAKSOUD, João Gilberto. Cirurgia pediátrica/ vol II. [S.l: s.n.], 2003.
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