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DOENÇAS HEPATOBILIARES CONGÊNITAS

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Lucas Melo – Medicina Ufes 103 
 
DOENÇAS HEPATOBILIARES CONGÊNITAS, DOENÇAS AUTOIMUNES DO FÍGADO (HAI, CEP E CBD) 
Colestase é a interrupção do fluxo biliar para o intestino com o refluxo de todos os componentes da bile para a 
corrente sanguínea. Resulta de 2 mecanismos principais, o bloquei nos mecanismos intra-hepáticos (colestase intra-
hepática) ou obstrução do ducto hepático comum por atresia, cálculos ou tumor (colestase extra-hepática). É 
importante lembrar que a secreção da bile é um processo predominantemente osmótico e os achados da colestase 
vão depender do tempo de duração, gravidade e das causas, sendo que nos dois tipos citados acima é possível 
encontrar pigmento biliar nas células de Kupffer, hepatócitos (Degeneração plumosa é o aspecto espumoso assumido 
pelos hepatócitos periportais com acúmulo de bile), interstício e árvore biliar. 
Se a obstrução que causa a colestase não for eliminada, pode surgir fibrose portal e evoluir com cirrose biliar. Os 
achados clínicos da colestase são icterícia, prurido cutâneo, deficiência na absorção de lipídeos e vitaminas 
lipossolúveis e aumento sérico de y-GT e fosfatase alcalina. 
Sindrome colestática do recém-nascido: É a colestase que surge após o nascimento, é a criança que nasce e fica com 
icterícia, pode ter uma origem obstrutiva (atresia, litíase, perfuração e Colangite esclerosante), uma origem na 
síndrome ductopênica, ou seja, ausência dos custos biliares (Alagille e síndromes não sindrômicas) e a não obstrutiva 
(tóxica, metabólica, infecciosa e endócrina), sendo diferenciadas por biópsia. O livro divide em obstrutiva e 
parenquimatosa, a parenquimatosa pode ser chamada de hepatite neonatal ou hepatite de células gigantes, que é 
uma lesão nos lóbulos e tem hepatócitos multinucleados, pode ser causada por doenças metabólicas, infecção por 
vírus, treponema e toxoplasma. Forma obstrutiva se deve a atresia das vias biliares extra-hepáticas obstruindo o fluxo 
de bile do fígado para o duodeno, pode ser embrionário/fetal que se manifesta de forma precoce relacionado com 
malformações genéticas, ou perinatal. 
A atresia de vias biliares extra-hepáticas é responsável pela colestase neonatal em 50% dos casos, tem uma origem 
idiopática ou pode estar associada a outras síndromes. O tipo vai depender de onde está o defeito, pode estar nos 
ductos, na vesícula, em todo o caminho, e o tratamento desse tipo de atresia é cirúrgico, quanto maior o defeito, mais 
difícil de tratar. Mostrou uma vesícula atrófica com um figado com cirrose biliar (começa com uma obstrução biliar, 
acumulo de bilirrubina, inflamação e reparo por fibrose, e depois a formação de nódulos de regeneração). 
 
 
Lucas Melo – Medicina Ufes 103 
 
OBS: Paciente vai fazer uma icterícia toxica, gera 
infamação e pode cursar com inflamação sistêmica e 
seguir com morte neonatal. 
No corte histológico vemos um parênquima inflamado 
com um material obstruindo a luz do ducto biliar, 
chamado de bolha biliar, além disso, na segunda 
imagem vemos o acumulo de bile dentro do hepatócito, 
e ainda tem proliferação de ducto biliar (vemos mais 
células dessas). Normalmente a bile é drenada, mas 
como isso não acontece, ela acumula no fígado, esse 
fígado na macroscopia é esverdeado. 
A atresia intra-hepática tem origem idiopática, associada com hepatite neonatal ou com a sindrome de Alagille (é uma 
sindrome autossômica dominante, há uma rarefação dos ductos biliares intra-hepáticos – ductopênica, relação entre 
ducto biliar e espaço porta é menor que 0,9, nesse caso o segmento extra-hepático está normal, nesse caso não circula 
a bile de forma normal dentro do fígado e para fechar essa sindrome tem que ter pelo menos 3 dos 5 critérios 
(colestase, fácies característica, cardiopatia, anormalidades vertebrais e anormalidades oculares). 
A sindrome de Alagille pode ter várias manifestações clinicas: Hepáticas (rarefação dos ductos que com a evolução da 
doença pode chegar a um carcinoma hepatocelular), cardíacas (pode ser apenas um sofro por uma malformação, ou 
até complexa, como tetralogia de Fallot), esqueléticas (baixa estatura e vértebra em asa de borboleta), oculares 
(Embriotoxon posterior, que é a presença de uma faixa branca na córnea, além de retinite pigmentosa), renais (doença 
renal cística que pode evoluir para uma doença renal crônica), SNC (que pode dar hemorragia e cursar com retardo 
mental) e cutâneas (icterícia com prurido e podem aparecer xantomas). 
OBS: Fácies característica de Alagille é de aparência 
triangular, testa grande, olhos de implantação funda, 
hipertelorismo, queixo pontiagudo, nariz estreito com 
ponta mais volumosa. 
Nessa imagem da microscopia vemos um espaço 
porta sem o ducto biliar e com colestase, podemos ver 
por conta da bile dentro dos hepatócitos. 
Quando vemos icterícia neonatal, alguns diagnósticos 
diferenciais podem ser: Alimentação parenteral, 
deficiência de A1-AT, TORCH (toxoplasmose, rubéola, 
citomegalovírus, herpesvírus), hepatite B, 
galactosemia e Glicogenoses e idiopática. 
Fibrose hepática congênita: Doença autonômica 
recessiva, hipertensão portal em crianças, 
parênquima hepático é separado por largas faixas de 
fibrose com estruturas ductais malformadas, 
alongadas ou císticas, a arquitetura lobular é 
preservada, mas os ramos venosos portais são 
rarefeitos ou estão colapsados. Geralmente está 
associada com a doença cística renal, e as 
manifestações são de hipotensão portal na 
adolescência e adultos jovens e pode estar 
relacionada a doença policística renal da infância 
(geralmente são fatais quando neonatal). 
 
Lucas Melo – Medicina Ufes 103 
 
Espaço porta com proliferação de ducto biliar e fibrose hepática importante. O figado com um tecido branco nos 
espaços porta associado a um rim muito grande para 
um recém-nascido e esponjoso (rim policístico 
infantil), esse é o quadro de fibrose hepática associado 
a doença renal policística da infância. A microscopia 
abaixo corresponde ao rim que está na macro ao lado, 
o rim não tem 
função e 
aumenta muito 
de volume. 
Cirrose biliar 
primária (CBD): 
É uma doença 
autoimune do 
fígado, 
preponderante em mulheres relacionada 
na maior parte dos casos com o anticorpo 
antimitocôndria (AMA), caracteriza-se 
como uma doença colestática crônica 
que cursa com inflamação e destruição 
dos pequenos ductos biliares intra-
hepáticos. A patogênese é desconhecida, 
mas se relaciona com 3 grupos de fatores: 
predisposição genética, fatores ambientais (principalmente agentes infecciosos como Propionibacterium acnes e 
Chlamydia pneumoniae) e resposta imunitária anormal/autoimunidade (perda de tolerância de células T e B para o 
autoantígeno mitocondrial PDC-E2, que tem relação com o AMA). 
O principal é a destruição dos pequenos ductos biliares intra-hepáticos e a doença se divide em 4 fases: 
1. Lesão ductal florida, é a fase mais inflamatória, podendo ser até granulomatosa, é um infiltrado linfocitário, 
agressão aos ductos, aumento da eosinofilia, podem ser vistos alguns granulomas, ocorre desaparecimento dos 
ductos. 
2. Proliferação ductular reativa a redução das células ductais por conta da destruição, ocorre uma expansão portal 
pela intensa proliferação das células dos ductos e inflamação. 
3. Cicatrização, há redução da inflamação e formação de septos fibrosos. 
4. Cirrose, que é a fibrose acompanhada da formação de nódulos regenerativos. 
 
Lucas Melo – Medicina Ufes 103 
 
 
As manifestações clínicas são icterícia, prurido, xantomas (por conta do 
colesterol elevado) letargia, hiperpigmentação cutânea, esteatorreia e 
hipertensão portal, é uma doença progressiva, de evolução prolongada e a 
deterioração clínica é anunciada pela icterícia. Os achados laboratoriais estão 
representados na foto. 
Colangite esclerosante primária (CEP): Doença colestática crônica que cursa 
com inflamação, fibrose progressiva (doença inflamatória 
esclerosante) eductopenia, começando nos ductos biliares 
maiores e resulta em estenose e dilatação ductal. O 
diagnóstico dela é feito por exclusão, tem que excluir cirurgia 
prévia do trato biliar, litíase biliar, envolvimento difuso da via 
biliar e ausência de colangiocarcinoma. Possui associação 
com colite ulcerativa e doença de Crohn e pode ter relação 
genética, com fatores ambientais e autoimunidade. 
Principais afetados são homens diagnosticados aos 50 anos, 
com evolução lenta, é irreversível e pode cursar para cirrose 
biliar e hipertensão portal. 
 
Lucas Melo – Medicina Ufes 103 
 
O achado mais importante é a fibrose concêntrica em casca de cebola ao redor dos ductos biliares grandes e médios, 
isso leva a uma estenose segmentar do ducto biliar, possui uma intensa inflamação da parede do ducto que pode levar 
a ulcerações. Esse contexto pode progredir para uma fibrose 
portal e evoluir para cirrose hepática e tem chance de 
evolução para colangiocarcinoma (10%). 
Na microscopia vemos um ducto biliar envolvido pela 
fibrose, e uma grande fibrose no espaço porta, na segunda 
imagem vemos um espessamento da membrana basal. Mas 
o quadro mais característico da Colangite esclerosante 
primaria é o da terceira foto, que é a fibrose concêntrica ao 
ducto biliar (casca de cebola). 
Colangite esclerosante associada a IgG4: Espessamento 
dos ductos biliares por fibrose, denso infiltrado 
plasmocitárias (expressando imunoglobulinas do tipo IgG4) 
e obliteração dos ramos venosos portais. Pode acometer os 
ductos pancreáticos da mesma forma, essa doença no 
figado é raramente isolada e deve ser feito o diagnóstico 
diferencial para esta pois ela responde de forma eficiente 
ao tratamento com corticosteroides. 
Outras doenças hepatobiliares fibropolicísticas (livro) 
 Complexo de von Meyenburg: Micro-hamartoma dos 
ductos biliares, minúsculo nódulo subcapsular e pode 
ser múltiplo também. 
 Doença de Caroli: É uma dilatação cística dos ductos biliares intra-hepáticos maiores e pode se associar com 
cálculos biliares, podem desenvolver crises recorrentes de Colangite e predispõe para um colangiocarcinoma. 
 Doença policística: Pode ser autossômica recessiva ou dominante e compromete rins e fígado. Na forma 
dominante, o figado pode apresentar cistos com liquido citrino e o lobo esquerdo é o mais afetado. Na forma 
recessiva, o figado aparentemente é normal, mas na microscopia vemos um grande número de canais biliares 
dilatados formando uma rica anastomose. 
 
Hepatite autoimune (HAI) 
É mais comum em mulheres, é uma inflamação crônica acompanhada por fibrose progressiva, hipergamaglobulinemia 
e autoanticorpos inflamatórios, possui manifestações variadas e pode ser assintomática, associada a pacientes com 
outras doenças autoimunes, quando descoberta, normalmente se apresenta como cirrose, sendo que o diagnóstico 
dessa doença pode ser provável ou definitivo. A histologia apresenta inflamação portal e peritportal, infiltração 
plasmocitárias, regeneração hepatocelular intensa com pseudoácinos ou rosetas, fibrose e cirrose. 
1. O tipo 1 é o mais comum, grande parte em crianças, mulheres, de 5 a 25 anos, tem associação com anticorpos 
antimusculo liso e antinúcleo, associada com tireoide, doença de Graves e colite ulcerativa, mais de 50% dos casos 
evoluem para cirrose. 
2. O tipo 2 é associado com os anticorpos antimicrossomos de fígado e rim do tipo 1 e anticitosol hepático do tipo 1, 
acomete crianças de 2 a 14 anos de idade, associa-se com tireoidite, vitiligo e DM do tipo 1, a evolução dessa para 
cirrose é mais comum, e a resposta à imunossupressão é menos eficiente. 
O tratamento é feito com imunossupressores glicocorticoides e isso reduz a inflamação e pode causar uma regressão 
na cirrose hepática. Na microscopia vemos uma intensa inflamação portal com lesão da placa limitante, áreas de 
necrose lobular e panacinar, que resultam em regeneração de rosetas hepatocitárias e há formação de septos fibrosos. 
 
Lucas Melo – Medicina Ufes 103 
 
Na microscopia vemos hepatócitos sendo agredidos 
por um infiltrado inflamatório grande, e esses 
hepatócitos da placa limitante (limita o lóbulo 
clássico com o espaço portal) estão completamente 
agredido, esse filtrado inflamatório está indo em 
direção ao lóbulo. Como é uma doença colestática, 
vai ter acumulo de bile, paciente ictérico e figado 
esverdeado. 
OBS: A presença do plasmócitos no infiltrado 
inflamatório é mandatório para o diagnóstico de 
hepatite autoimune.

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