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Deficiência Mental: Conceito e Tipos

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Portadores de Necessidades Especiais Cognitivas
DEFICIÊNCIA MENTAL
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Definição
O conceito de deficiência mental é variado porque é influenciado pelo meio em que é estruturado, tornando-se, portanto, uma entidade clínica difícil de ser precisada.
Nos dicionários o termo é definido como: 1) (med.) insuficiência ou ausência de funcionamento de um órgão; 2) (psiq.) insuficiência de uma função psíquica ou intelectual(def.mental/ def.sensorial). 
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Kraepelin (1856 – 1926) - "os débeis mentais são pessoas em cujo cérebro não ocorrem muitas coisas“.
Associação Americana de Deficiência Mental (1959) - "o retardamento mental se refere ao funcionamento intelectual geral abaixo da média, que se origina durante o período de desenvolvimento e está associado a prejuízo no comportamento adaptativo“
Dessa maneira, o indivíduo afetado é incapaz de competir, em termos de igualdade, com os companheiros normais, dentro de seu grupamento social. 
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Segundo a AAIDD (American Association on Intellectual and Developmental Disabilities - antiga AAMR - Associação Americana de Deficiência Mental) e o DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), por deficiência mental entende-se o estado de redução notável do funcionamento intelectual significativamente inferior à média, associado à limitação pelo menos em dois aspectos do funcionamento adaptativo: comunicação, cuidados pessoais, competência doméstica, habilidades sociais, utilização de recursos comunitários, autonomia, saúde e segurança, aptidões escolares, lazer e trabalho.
Endereço do site da AAIDD: http://www.aamr.org/
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A deficiência mental pode ser caracterizada por um quociente de inteligência (QI) inferior a 70, conforme padronizado em testes psicométricos ou por uma defasagem cognitiva em relação às respostas esperadas para a idade e realidade sócio-cultural, segundo provas, roteiros e escalas, baseados nas teorias psicogenéticas (Piaget).
Todos os aspectos citados anteriormente devem ocorrer durante o
desenvolvimento infantil para que um indivíduo seja diagnosticado como sendo portador de deficiência mental.
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A Organização Mundial da Saúde propõe que o quadro correspondente ao processo da deficiência mental deva ser caracterizado, principalmente, a partir das conseqüências que o problema apresenta no âmbito pessoal, familiar e social, que, embora seja decorrente de uma deficiência em nível biológico, vem a acarretar uma incapacidade em nível funcional, fazendo com que o indivíduo não apresente o desempenho esperado de acordo com sua idade, seu sexo e seu grupamento social e, em conseqüência, apresente um handicap negativo que o leva a sofrer socialmente condutas de exclusão da parte de seu ambiente social.
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Logo, além das perturbações orgânicas, existem as dificuldades na realização de atividades esperadas socialmente, bem como as conseqüentes alterações no relacionamento com o mundo.
A deficiência mental “não corresponde a uma moléstia única, mas a um complexo de síndromes que têm como única característica comum a insuficiência intelectual” (KRYNSKI, 1969). Desse modo, sua abordagem tem que ser realizada dentro de uma proposta multidimensional que inclua dimensões biológicas, psicológicas e sociais.
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A DM é então caracterizada como uma limitação substancial no funcionamento presente, com desempenho intelectual médio diminuído (escores de QI abaixo de70-75), limitando a adaptação em áreas como comunicação, autocuidado, vida independente, sociabilidade, inserção na comunidade, autonomia, educação acadêmica, lazer e trabalho.
Tal diagnóstico é realizado independentemente de se verificar ou não a coexistência de um transtorno físico ou outro transtorno mental. A deficiência mental vai se constituir, então, numa complexa e multifacetada estrutura que envolve esses três aspectos, sempre levando em conta que eles podem estar individualmente presentes sem, no entanto, constituírem o complexo sindrômico que a caracteriza.
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Tipos
Os indivíduos portadores de deficiência mental não são afetados da mesma forma, depende do grau do comprometimento. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, em 1976, essas pessoas eram classificadas como portadoras de deficiência mental leve, moderada, severa e profunda.
Contudo, atualmente, tende-se a não enquadrar previamente a pessoa com deficiência mental em uma categoria baseada em generalizações de comportamentos esperados para a faixa etária.
O nível de desenvolvimento a ser alcançado pelo indivíduo irá depender não só do grau de comprometimento da deficiência mental, mas também da sua história mental e da sua história de vida, particularmente, do apoio familiar e das oportunidades vivenciadas.
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Causas e Fatores de Risco
São inúmeros os fatores de risco e as causas que podem levar à instalação da deficiência mental. É importante ressaltar, que muitas vezes, mesmo utilizando sofisticados recursos diagnósticos, não se chega a definir com clareza a etiologia (causa) da deficiência mental.
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Fatores de Risco e Causas Pré-Natais: são aqueles que vão incidir desde a concepção até o início do trabalho de parto e podem ser:
Desnutrição materna; Má assistência à gestante; Doenças infecciosas (sífilis, rubéola, toxoplasmose); Tóxicos (alcoolismo, consumo de drogas, efeitos colaterais de medicamentos, poluição ambiental, tabagismo); genéticos (alterações cromossômicas-numéricas ou estruturais, ex. Síndrome de Down, Síndrome de Matin Bell, alterações gênicas, ex.: erros inatos do metabolismo, Síndrome de Williams, etc.)
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Fatores de Risco e Causas Perinatais: vão incidir do trabalho de parto até o 3º dia de vida do bebê, e podem ser devidos a:
Má assistência ao parto e traumas de parto; hipóxia ou anóxia (oxigenação cerebral insuficiente); icterícia grave do recém-nascido (incompatibilidade RH (ABO).
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Fatores de Risco e Causas Pós Natais: vão incidir do 30º dia de vida até o final da adolescência:
Desnutrição, desidratação grave, carência de estimulação global; infecções (sarampo, cefalites, etc.); intoxicações exógenas (envenenamento), produtos químicos, remédios, etc.; acidentes (trânsito, afogamento, asfixia, quedas, etc.)
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Identificação
Atraso no desenvolvimento neuro-psicomotor (a criança demora a firmar a cabeça, sentar, andar, falar);
Dificuldade no aprendizado (compreensão de normas e ordens, aprendizado escolar).
É preciso que haja vários sinais para que se suspeite de deficiência mental.
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Diagnóstico 
Sempre que possível o diagnóstico da deficiência mental deve ser feito por uma equipe multiprofissional, composta pelo menos de um assistente social, um médico e um psicólogo.
assistente social – estudo e diagnóstico familiar (dinâmica de relações, situação do deficiente na família)
médico – anamnese acurada e exames físicos, laboratoriais, etc.
psicólogo – através da anamnese, observação e aplicação de testes, provas e escalas avaliativas específicas, observando os aspectos psicológicos e nível de deficiência mental.
Posteriormente, em reunião, os aspectos devem ser discutidos em conjunto, para as conclusões finais e diagnóstico global, definição das condutas a serem tomadas e encaminhamentos necessários, orientações devolutivas para a família e paciente com encaminhamentos adequados.
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Com essa sistemática de trabalho em equipe, é bem mais fácil a orientação da família que, após entender as potencialidades do filho e suas necessidades poderá participar e cooperar nos tratamentos propostos. A participação familiar é fundamental no processo de atendimento à pessoa com deficiência mental.
ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO ATENDIMENTO AO DEFICIENTE MENTAL
Área geralmente negligenciada pela psicologia: segundo Rosana Glat “essa relutância dos psicólogos é um reflexo do preconceito da sociedade como um todo, em aceitar e lidar com estes indivíduos”, já que a diferença de comportamento e padrão verbal da deficiência mental refletem nossas próprias limitações, gerando angústia e acionando mecanismos de defesa que levam ao afastamento.
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A atuação
do psicólogo junto à deficiência mental tem sido de estabelecer um diagnóstico e realizar encaminhamentos (uma extensão do modelo médico, um olhar orgânico, como se esta fosse uma doença crônica, sem cura), portanto o psicólogo pouco tem a fazer. Este enfoque contribui para a estigmatização do portador de deficiência mental, já que não considera sua individualidade e com isso não trabalha suas potencialidades, restringindo-o a suas limitações.
É preciso que o psicólogo e demais profissionais envolvidos com a deficiência mental olhem por outro prisma, que não se fixem apenas em quantificar o grau de desvio, ou seja, as limitações do sujeito, mas que o ajudem a lidar com elas e buscar o desenvolvimento de suas potencialidades de maneira que este possa estabelecer condutas e habilidades que o conduzam a interação social, ajudando-o a existir, apesar do preconceito. A partir desse “olhar” o campo de atuação do psicólogo junto à deficiência mental se amplia, na medida em que realiza intervenções não só junto ao deficiente, a sua família, mas também através de um trabalho preventivo, onde têm sido realizados estudos no sentido de se conhecer melhor os fatores de risco que podem determinar tal condição. 
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Dentro deste trabalho preventivo temos: a prevenção primária - onde o psicólogo estaria inserido em programas voltados à comunidade com o objetivo de diminuir a incidência de doenças que possam ser causadoras de deficiência; na prevenção secundária as ações já teriam um enfoque de reduzir ou reverter os problemas existentes, por exemplo, através de programas de estimulação precoce e também na prevenção terciária que se dirige a pessoas que já vivem a condição de deficiência mental, onde o objetivo seria o pleno desenvolvimento das potencialidades do indivíduo. 
Assim a atuação psicólogo não se limitaria as equipes de Educação Especial das Secretarias de Educação ou clínicas e escolas especializadas, estaria em comunidades, hospitais, consultórios, com objetivo de ajudar o deficiente e sua família a compreender a importância de manter seu lugar enquanto indivíduo, respeitando sua autonomia, adaptando-o as sua limitações e principalmente desenvolvendo suas potencialidades, além de trabalhar junto as equipes que lidam com o deficiente, no sentido de informar e apoiar para que estas estejam melhores preparadas para conviver com a diferença, tornando-se parceiras do psicólogo na missão ajudar na inclusão social, na melhora da qualidade de vida e o exercício da cidadania da pessoa com deficiência mental. 
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