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1 Rita Juelg – 2021.2 ESCROTO AGUDO Testículo produz esperma e andrógenos (principalmente testosterona). Oval, 4 a 5 cm de comprimento e frme, com superfícies lisas. Normalmente o esquerdo é maior e fica um pouco mais baixo. Túnica vaginal é uma camada fascial que encapsula um espaço potencial que abrange 2/3 anteriores do testículo. Fluidos que podem acumular: soro com hidrocele, sangue com hematocele, pus com piocele. Epidídimo: estrutura tubular, firmemente enrolada localizada na face posterior. O esperma viaja dos túbulos da rede testicular para o epidídimo, que se junta ao canal deferente distalmente. A função do epidídimo é auxiliar no armazenamento e transporte das células espermáticas que são produzidas nos testículos, bem como facilitar a maturação dos espermatozoides. Cordão espermático: vasos sanguíneos testiculares e nos canais deferentes, está conectado à base do epidídimo e atravessa o espaço retropúbico. Apêndice testicular: pequena estrutura na face antero- superior do testículo. Resquício embriológico do sistema do ducto de Muller, menos de 0,3cm. Pode torcer e doer. Apêndice epidídimo: estrutura vestigial do ducto de Wolff encontrado no topo do epidídimo. Bolsa testicular: dobra de pele que abriga o testículo, epidídimo e os elementos do funículo espermático. Pelos, bem pigmentada, rugosa, com muitas glândulas sudoríparas e ausência de gordura. Fáscia de Dartos: abaixo da pele, musculo liso contiguo com as fáscias de Colles, Scarpa e fascia de Dartos do pênis. Depois de Dartos tem uma série de fáscias mais profundas. Artérias correm paralelas as rugas e não cruzam a rafe mediana. Ramos dos nervos ilioinguinal e genitofemoral inervam a parede escrotal anterior. Escroto: pele, musculatura externa (Dartos), fáscia de Colles, fáscia Espermática externa, musculatura interna (Cremáster), fáscia espermática interna, túnica vaginal do testículo (parietal e visceral). Testículo, epidídimo e apêndices intraescrotais. 3 fáscias, 3 artérias, 3 veias, 3 nervos e 1 deferente. AVALIAÇÃO DO PACIENTE 2 Rita Juelg – 2021.2 Prioridade é identificar se requer intervenção médica ou cirúrgica urgente. O atraso no diagnóstico e tratamento da epididimite aguda está associado ao aumento da morbidade. Intervenção cirúrgica retardada de torção pode leva a perda do testículo afetado, infertilidade etc. Torção e epididimite aguda são as causas mais comuns de dor escrotal. Grangrena de Fournier (fasceíte necrosante do períneo), que pode causar edema escrotal agudo, é uma emergência cirúrgica). História direcionada ao exame físico. Natureza e o momento do início da dor, localização e a presença de fere e sintomas do TU inferior (frequência urinaria disúria), saída de secreção peniana, procedimentos cirúrgico prévio, relação desprotegida. Paciente despido. Abdome e região inguinal e a pele e conteúdo escrotal devem ser analisados cuidadosamente. Lembrar que o epidídimo é palpável posteriormente ao longo da face. Reflexo cremastérico (acariciando levemente a parte superior e medial da coxa para fazer o musculo cremaster se contrair e puxar o testículo ipsilateral pra cima) deve ser avaliado. Processo infeccioso o reflexo estará diminuído ou ausente (torção do cordão o musculo está envolvido então não vai ter o reflexo). Exame de hérnia inguinal é melhor realizado com o paciente em pé. Pedir para o paciente tossir para expor a hérnia ESCROTO AGUDO: dor, calor/rubor e edema. ETIOLOGIAS: torção testicular, torção de anexos testiculares, infarto testicular por hérnia estrangulada, hematocele, orquiepidimite, infecção intraescrtotal/abcesso, gangrena de fournier, vasculite (púrpura de Henoch-Schoelein), edema escrotal idiopático e doença abdomino-escrotal. 3 Rita Juelg – 2021.2 Na população pediátrica: torção de apêndice testicular (40-60%), torção de cordão espermático (20-30%) e orquiepididimite (5-15%). Na população adulta: estas porcentagens variam (mas continuam sendo as três principais causas de escroto agudo), onde torção do cordão espermático (de testículo) incide com maior incidência, seguida da torção de apêndice testicular (hidátide de Morgagni) e orquiepididimite. QUADRO CLÍNICO Dor testicular súbita (abdome inferior ou inguinal). Edema e vermelhidão (eritema) de escroto. Náuseas e vômitos. História anterior de crises semelhantes. Dor menos severa localizada (blue-dot), torção de apêndices testiculares- hidátide de Morgani. Sintomas urinários ou mal-formações genitourinárias/parotidite epidêmica- orquiepididimite/epididimite. Trauma, esforço físico, frio, adolescência, sexo- fatores desencadeantes de torção. EXAME FISICO- dor escrotal difusa (torção testicular, orquiepididimite aguda e gangrena de Fournier). Pacientes com febre taquicardia ou hipotensão, a gangrena de Fournier (isto é, fasceíte necrosante do períneo) deve ser considerada. Os sintomas típicos incluem escrotal difuso, virilha e dor abdominal inferior, sensibilidade e inchaço. Outros sinais clínicos podem incluir edema tenso fora da pele envolvida, bolhas, crepitação e gás subcutâneo. Este diagnóstico requer avaliação cirúrgica urgente. Se não houver suspeita de gangrena de Fournier, o teste do reflexo cremastérico pode ser útil para determinar a causa mais provável de dor escrotal difusa. Outro achado é o testículo ereto, deformidade de badalo e edema testicular profundo. Epidimorquite tem dor, edema e sensibilidade do testículo. Febre e sintomas do trato urinário inferior podem estar presentes. Exame de urina, cultura de urina e estudos de urina devem ser obtidos. Para pacientes com suspeita de epididimorquite aguda, a antibioticoterapia deve ser administrada empiricamente enquanto se aguarda o resultado do teste. 4 Rita Juelg – 2021.2 A orquite aguda da caxumba é caracterizada por edema testicular difuso e sensibilidade e pode ser difícil de distinguir da epididimo-orquite aguda. As descobertas de suporte para caxumba incluiriam um surto local e a presença de sintomas constitucionais e parotidite. A suspeita de caxumba deve levar ao teste sorológico. REFLEXO CREMASTÉRICO Musculatura, bastante sensível, que eleva o testículo. É mais frequentemente visto em meninos entre 30 meses e 12 anos de idade. Menos consistentes em meninos mais velhos (pois o testículo é mais pesado). Se o reflexo for negativo (aperta a coxa/acaricia e o testículo não sobe), deve-se pensar em torção de testículo. Se o reflexo for positivo (o testículo sobe) a orquiepididimite aguda ou orquite é o diagnóstico mais provável. TORÇÃO DE TESTÍCULO 95% intravaginal e 5% extravaginal (preocupação do cirurgião pediátrico). Lado esquerdo é um pouco mais comum. Torção recorrente 8 a 63%. 5 Rita Juelg – 2021.2 Geralmente adolescente (12 a 15 anos). Vomito pode estar presente. Deformidade “badalo de sino”: testículo não possui fixação normal à túnica vaginal (aumenta a mobilidade). Edema e eritema dependem do grau e duração da torção. Dor, endurecimento à palpação, Sinal de Angell positivo (horizontalização do testículo), Sinal de Brunzel positivo (testículo elevado na bolsa testicular), Sinal de Rabinowitz positivo (ausência de reflexo cremasterico) e Sinal de Prehn negativo (eleva o testículo e a dor não melhora- se melhorar é positivo e é infeccioso). Nenhum dos sinais é patognomônico de torção de cordão, só clinica não é suficiente. 6 Rita Juelg – 2021.2 FASE AGUDA: picos de incidência bimodal: perinatal e adolescência (13 a 15 anos). Dor escrotal aguda, sem causa óbvia, às vezes, durante o sono e dor referida: abdominal, inguinal e crural. Pode permanecer por período variável de tempo antes de finalmente localizar- se no escroto envolvido (em cerca de 1/3 dos casos). Episódios similares pregressos , de resolução espontânea ou por manipulação. FASE AGUDAE SUBAGUDA 7 Rita Juelg – 2021.2 atrofia. Exame complementar: USG com doppler – ausencia de fluxo sanguineo indica torção, também da para ver o cordão torcido em “forma de caracol”. Cintilografia, porem baixa disponibilidade e usa radiação. Urina I válido para diagnósticos diferenciais como ITU e litiase ureteral. Tratamento de torção: realizar destorção imediata. Tratamento cirúrgico é clássico por via escrotal. O testículo acometido deve ser destorcido e coberto por uma compressa úmida aquecida. Enquanto se espera para observar a viabilidade do mesmo, através da coloração e perfusão, o testículo contralateral deve sempre ser fixado (orquidopexia) com fio inabsorvível para evitar torção metacrônica. Após este tempo cirúrgico, decide-se por preservação e fixação do testículo doente, ou orquiectomia, caso ele não esteja viável. 8 Rita Juelg – 2021.2 Aspecto médico legal: > 8hs = torção tardia. Exploração cirúrgica dentro de 6 a 12hs comporta melhor prognóstico: após 4h: isquemia células de Sertoli // após 10 h: isquemia células de Leydig. TORÇÃO EXTRA VAGINAL em RN: Ocorre antes da fixação da túnica vaginal e Dartos no escroto. Ultrassom pré e pós-natal podem ajudar, mas nem sempre confirmam o diagnóstico. Caso a torção seja pós-natal, o manejo é o mesmo da torção intra-vaginal, com exploração imediata e pexia contralateral. TWIST (exame testicular para a pontuação de isquemia e torção suspeita): Edema testicular- 2 pontos. Náuseas/ vômitos- 1 ponto. Testículos duros à palpação- 2 pontos. Testículo de alta equitação – 1 ponto. Reflexo cremastérico ausente- 1 ponto. TORÇÃO DE APÊNDICES TESTICULARES. Relacionado a anatomia, trauma ou crescimento pré-puberal. Incidência entre 7 a 12 anos. Sinal clinico clássico é o “blue dot”. USG normalmente vem com o laudo de epididimite. Tratamento é repouso, compressa fria e anti-inflamatório. A abordagem cirúrgica é reservada para suspeita de torção de cordão espermático (testicular) ou dor severa e prolongada. 9 Rita Juelg – 2021.2 EPIDIDIMITE/ ORQUIEPIDIDIMITE Casos mais avançados podem manifestar dor testicular, edema e sensibilidade. Normalmente é de etiologia infecciosa, mas pode ser de causa não infecciosa, como trauma e doenças autoimunes. Chlamydia e Neisseria. Sensibilidade e edema a palpação do epidídimo, eritema de parede escrotal e hidrocele podem estar presentes. Sinal de Prehn positivo (melhora com a elevação), reflexo cremastérico positivo. Pode haver também disúria, poliúria, corrimento uretral ou febre. Em raros casos pode causar doenças graves. Dor, inchaço das estruturas circundantes, febre, calafrios e sintomas de TU inferior. Pode ser observada junto com prostatite aguda, particularmente em homens mais velhos que podem ter obstrução prostática subjacente ou que foram submetidos a instrumentação urológica ou cateterismo recente. O diagnóstico de epididimite aguda é feito presumivelmente com base na história e no exame físico, após descartar outras causas que requerem intervenção cirúrgica urgente. Analise de urina, porem pode dar negativo pra cultura em pacientes sem sintomas. Com exceção da caxumba, a orquite isolada sem epididimite é muito incomum em adultos e, portanto, a epididimo-orquite deve ser o diagnóstico primário a ser considerado quando um adulto parece ter orquite. No entanto, em adultos não imunes, a caxumba e outros vírus da “infância” raramente podem causar orquite. Início insidioso (mas pode ser aguda), pode estar associado com sintomas sistêmicos (febre e prostação). Existe associação do ITU, secreção uretral, IST, cateterismo intermitente, disfunção miccional ou anomalias congênitas. Testiculo aumentado no exame físico, reflexo cremastérico preservado. USG dopples que mostra aumento do volume testicular e aumento do fluxo sanguíneo. Tratamento com antibiótico, anti-inflamatório e suspensório testicular (elevar o testículo pra reduzir edema). 10 Rita Juelg – 2021.2 GANGRENA DE FOURNIER Mais comum em imunocomprometidos (diabéticos, etilistas, obeso). Infecção multibacteriana que rapidamente se torna sepse e pode evoluir para óbito. Disseminação da bactéria pela fáscia de Colles (para o períneo), Buck (para o pênis), Dartos (para o escroto) e Scarpa (para abdome). Tratamento agressivo com antibiótico, hidratação vigorosa e desbridamento cirúrgico extenso. Pelo encravado, espinha,... que se estende e entra em processo de putrefação. Dor que geralmente começa na parede abdominal anterior e migra pros músculos glúteos, escroto e pênis. Edema tenso fora da pele envolvida, bolhas, crepitação e gas subcutâneo, febre, taquicardia fora da pele envolvida, bolhas, crepitação e gás subcutâneo, bem como achados sistêmicos como febre, taquicardia e hipotensão. A tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (MRI) podem mostrar ar ao longo dos planos fasciais ou envolvimento de tecidos mais profundos. No entanto, os estudos de imagem não devem atrasar a exploração cirúrgica quando houver evidência clínica de infecção progressiva dos tecidos moles. EDEMA ESCROTAL IDIOPÁTICO Edema com pouca ou nenhuma dor, provável que alérgico. Anti-histamínico pode ajudar, não há tratamento específico. 11 Rita Juelg – 2021.2 PURPURA DE HENOCH SCHOLEIN Vasculite sistema que afeta a pele, articulações TGI e rins. Escroto envolvido em 2-38% dos casos, tendo dor, edema, infarto, trombose ou torção. Manchas elevadas na pele, que não desaparecem com a pressão digital. Desenvolvimento anormal do Ducto de Wolff. USG revela múltiplos pequenos cistos. Tratamento consiste em enucleação conservadora.
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