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APS – Empresarial
A presente resenha objetiva sintetizar as relações entre textos da obra “10 anos de vigência da lei de recuperação e falência : (Lei n. 11.101/2005) : retrospectiva geral contemplando a Lei n. 13.043/2014 e a Lei Complementar n. 147/2014”.
Os temas abordados, respectivamente, são:
I- Do caráter extra concursal dos créditos falimentares decorrentes de obrigações contraídas pelo devedor durante a recuperação judicial – Fátima Nancy Andrighi. 
II- Aspectos processuais da decretação de ineficácia e da ação revocatória falimentar - Luiz Guilherme Marinoni e Ricardo Alexandre da Silva
III- Recuperação e falência de pequenas e microempresas – a lei complementar nº 147.2014 - Carlos Henrique Abrão
O primeiro tema abordado é referente ao capítulo 2 da obra supracitada
Fátima Nancy Andrighi inicia o capítulo pontuando de maneira construtiva que a Lei 11.101/2005 foi concebida a partir da necessidade iminente da criação de institutos adequados à atual realidade socioeconômica brasileira, haja vista que o sistema normativo até então em vigor (Decreto-Lei nº 7661/45) não respondia de maneira eficaz aos novos desafios surgidos, pois, embora fora de ótima qualidade técnica, fora editado para um País preponderantemente agrícola e pouco urbanizado. 
A Ministra destaca em diversos momentos que um dos principais objetivos da Lei nº 11.101/2005, expressamente declarado em seu art. 47, é o de promover a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica, procurando conferir às partes envolvidas os incentivos necessários à formação de um consenso direcionado à aprovação de um plano de reestruturação econômico-financeira viável. 
Nancy assinala detalhadamente durante o referido capítulo que “o caráter extra concursal atribuídos aos créditos decorrentes de relações negociais realizadas durante a recuperação judicial, na hipótese de sua convolação em falência – matéria contemplada pelas disposições normativas constantes nos arts. 67, caput, e 84, V, da Lei n. 11.101/2005 –, objetiva viabilizar o acesso a financiamentos que possam garantir capital para fazer frente aos custos operacionais necessários ao desenvolvimento das atividades do devedor enquanto estiver em curso seu processo de soerguimento econômico-financeiro.” 
Portanto, pode-se concluir que de fato a obtenção de crédito é vigorosamente abalada quando a crise que assola a empresa torna-se pública e, por isso, a partir dessa ocasião, a Lei buscou proteger o credor que, de boa-fé, cooperar para o reerguimento da empresa. 
Nos é apresentado, ainda, a posição doutrinária, bem como a posição do STJ frente a discussão acerca do momento do processo recuperacional referente a expressão ‘durante a recuperação judicial’, fazendo breve síntese do das etapas desse processo e concluindo, levando em consideração o entendimento baseado em uma interpretação lógica e sistemática da Lei, que a empresa pode ser considerada em recuperação judicial a partir da data em que é publicada a decisão que defere o pedido formulado pelo devedor. 
 O sexto capítulo da obra “10 anos de vigência da lei de recuperação e falência : (Lei n. 11.101/2005) : retrospectiva geral contemplando a Lei n. 13.043/2014 e a Lei Complementar n. 147/2014”, é referente ao segundo tópico desta resenha.
O capítulo 6 é iniciado com uma síntese dos arts. 129 a 138, que versam sobre a ineficácia e revogação de atos praticados antes da Falência. Tais dispositivos possuem como finalidade a proteção da a par contidio creditorum que é um fundamento jurídico que consiste na ideia de assegurar perfeita igualdade entre os credores da mesma classe. Assim, com o objetivo de garantir tratamento isonômico, a lei estabelece a ineficácia, em relação à massa, de atos capazes de violar a igualdade que deve prevalecer entre os credores. 
O instituto da ineficácia dos atos realizados pelo devedor insolvente antes do decreto falimentar tem grande importância para a economia, e, por conseguinte, o estudo dos dispositivos é tão relevante. 
Por isso, os autores expõe de maneira objetiva e clara o entendimento acerca de cada dispositivo do Capítulo V, Seção IX da Lei 11.101/05, comparando-os com o sistema normativo anteriormente vigente e trazendo posicionamentos doutrinários pertinentes, bem como algumas críticas a equívocos técnicos em certos dispositivos. 
A ação revocatória falimentar é conceituada como “técnica processual destinada à decretação de ineficácia dos atos jurídicos praticados em conluio fraudulento entre o devedor e aquele que com ele contratara”, tendo como requisito para seu êxito a ocorrência de dano e o conluio fraudulento, chamado, respectivamente, pela doutrina de elemento objetivo e subjetivo. Nos é apresentado, além disso, a legitimidade ativa e passiva, o prazo decadencial para a propositura da ação, a competência e procedimento, bem como os efeitos da sentença de procedência e recursos cabíveis. O sequestro e provimentos cautelares atípicos também são abordados de maneira brilhante, trazendo posicionamentos essenciais para a compreensão do tema. 
Posteriormente, os autores pontuam os principais dispositivos da Lei 11.101/05 defeituosos no ponto de vista técnico, trazendo os motivos para assim serem considerados e esclarecendo sua melhor interpretação. Finalizam dizendo que “Crê-se que os ajustes indicados possam contribuir para tornar ainda mais efetivo o processo falimentar, incrementando as técnicas atinentes à decretação de ineficácia e revogação de atos.”. 
O último tópico analisado na presente resenha é referente à recuperação e falência de pequenas e microempresas – a lei complementar nº 147.2014, ao capítulo 13 da obra supracitada. 
Carlos Henrique Abrão introduz o tema afirmando que no Brasil a tessitura empresarial é formada predominantemente pelas micro e pequenas empresas, complementando que aquelas são as que mais empregam e realizam arranjos empresariais, com vetores fundamentais ao progresso, independentemente da crise ou da falta de capital de giro. O primeiro enfoque é acerca do modelo empresarial micro diante da conjuntura macro da globalização. 
O autor destaca em diversos momentos a LC n. 147/201 que, a seu ver, foi um dos passos mais importantes esgrimidos pela doutrina e jurisprudência em relação às empresas de pequeno porte e microempresas. Ao final, nos é apresentado alguns posicionamentos do autor, fundado em doutrinas e jurisprudência, acerca de falhas da Lei 11.101/05, concluindo que “muitos esforços concentrados deverão ser adotados, na tendência de se buscar menos conflito entre os juízos, maior agilidade no tempo razoável de duração de procedimento, com a especialização de Varas e Câmaras e, primacialmente, de oportunizar às empresas de pequeno porte e microempresas modelos de recuperação extrajudicial, com- patíveis com a crise do negócio e a radiografia da recuperação judicial, com flexibilização de regras, ao encontro da boa-fé objetiva e padrões consentâneos com a estandardização da globalização.”. 
Diante do exposto, é evidente que todos os capítulos apresentados foram postos de maneira construtiva, destacando os avanços da Lei 11.101/2005 em relação ao sistema normativo anteriormente vigente e tecendo críticas aos dispositivos que possuem falhas formais, sugerindo, por fim, melhorias para a melhor interpretação e aplicação da referida Lei. 
Além disso, pode-se concluir pela leitura da referida obra que a Lei 11.101/2005, em se tratando da recuperação judicial e do processo falimentar, não visa à punição, mas sim o equilíbrio econômico que beneficie todos os envolvidos e, assim sendo, torna possível e efetivo a aplicação dos princípios da Constituição Federal concernente à função social do que é fundamental para o desenvolvimento da economia brasileira. 
Portanto, a aplicação da Lei falimentar é de indiscutível relevância, trazendo para toda a sociedade bons resultados.

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