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Exame Clínico dos Nervos Cranianos

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Thais Alves Fagundes 
EXAME DOS NERVOS CRANIANOS 
PARTE II - Últimos Nervos 
NERVO FACIAL - VII Nervo Craniano 
● Controla os músculos responsáveis pela mímica facial. 
● Não inerva o elevador da pálpebra superior. 
● Inerva as glândulas lacrimais, sublinguais e submandibulares. 
● Recebe as fibras da sensibilidade gustativa dos ⅔ anteriores da língua. 
 
EXAME 1: 
PASSOS: 
a) Observar a simetria facial em repouso: ​em seguida ​pedir para o paciente movimentar a 
musculatura da face e verificar se há fraqueza ou assimetria. 
Ex.: apagamento do sulco nasolabial 
b) Solicitar que o paciente enrugue a testa. 
c) Solicitar que o paciente sorria e feche os olhos com força. 
d) Testar abrir os olhos do paciente com força e analisar o grau de resistência: ​testar a força do 
músculo orbicular dos olhos (fecha as pálpebras). 
e) Pedir para o paciente inflar as bochechas ​(sem deixar o ar escapar)​, assobiar. 
 
PARALISIA FACIAL: LESÃO CENTRAL OU PERIFÉRICA 
- Metade Superior da Face: ​neurônio motor superior que controlam a hemiface superior recebem 
impulsos do ​trato córtico-nuclear ​de ambos os lados direito e esquerdo. 
- Metade Inferior da Face: ​neurônios que controlam a hemiface inferior recebem impulsos do ​trato 
córtico-nuclear ​contralateral. 
 
INERVAÇÃO DOS MÚSCULOS FACIAIS 
● Neurônio motor superior: ​corpo localizado na área pré-central. 
Thais Alves Fagundes 
● Axônio faz sinapse no núcleo do nervo facial com o neurônio motor inferior. 
● Núcleo do nervo facial está localizado dentro do tronco encefálico. 
● Tem 2 núcleos: um controla a musculatura superior e outro a inferior. 
● Nesse núcleo do nervo facial também está o corpo do neurônio motor inferior. 
● Nervo facial é o axônio do neurônio motor inferior. 
● Neurônio motor inferior: ​é sempre ipsilateral (nervo facial direito controla a musculatura da 
hemiface direita, assim como o esquerdo controla a hemiface esquerda). 
 
LESÃO CENTRAL (contralateral) - avc, tumor 
- Metade Superior da Face: ​preservada porque recebe estímulos bilateralmente, ainda recebe 
estímulos do lado não lesado.. 
- Metade Inferior da Face: ​perde a capacidade de contração, perda de força contralateral. 
 
LESÃO PERIFÉRICA - DO NERVO FACIAL - infecção viral 
- Metade Superior da Face: ​perde a capacidade de contração. 
- Metade Inferior da Face: ​perde a capacidade de contração. 
- Lesão de toda a hemiface contralateralmente 
- Sinais clínicos: ​rima bucal do lado da lesão (lado normal) puxa a boca e olho contralateral (lado 
afetado) não fecha. 
 
PERIFÉRICA CENTRAL 
Paralisia andar superior e inferior da face 
(ipsilateral) 
Paralisia andar inferior da face (contralateral) 
Fenômeno de Bell 
Diminuição do paladar nos ⅔ anteriores da 
hemilíngua ipsilateral 
Sem alterações no paladar 
Hiperacusia ipsilateral (sensação de estar 
escutando melhor devido à perda de força da 
musculatura que faz a tensão do tímpano) 
(fraqueza do estapédio). 
Sem hiperacusia 
Globo ocular desvia para cima e o olho não fecha Capacidade de fechar ambos os olhos (realizado 
pelo córtex motor que não foi lesado) 
Perda do enrugamento natural da testa 
Ausência do sulco nasolabial (ao sorrir boca desvia 
para o lado normal) 
Ausência do sulco nasolabial (ao sorrir boca desvia 
para o lado normal) 
 
 
Thais Alves Fagundes 
 
Ex.: Lesão facial central do lado esquerdo (neurônio motor superior, giro pré-central, trato córtico-nuclear). 
NERVO VESTÍBULO-COCLEAR- VIII Nervo Craniano 
PARTE VESTIBULAR 
● Recebe aferências do labirinto (localizado no ouvido interno). 
● Labirinto transmite informações sobre a posição e aceleração da cabeça, propriocepção da cabeça. 
● Controla os reflexos oculares em resposta a movimentação da cabeça. 
○ Reflexo óculo-cefálico 
● Ajuda a manter equilíbrio e a postura. 
 
EXAME 1 - AVALIAÇÃO DA PARTE VESTIBULAR 
Testa a propriocepção da cabeça dada pelo labirinto de todos os lados, importante para o equilíbrio 
do corpo. 
Lesão da parte vestibular do nervo causa perda de equilíbrio, sensação de que os objetos estão 
rodando, o que causa náusea. 
PASSOS: 
a) Avaliação do equilíbrio, marcha e Romberg. 
b) Avaliação da presença de nistagmo durante a movimentação ocular: ​olho se movimenta 
involuntariamente de um lado para o outro. 
c) Avaliação do Reflexo Óculo-Vestibular. 
d) Marcha em estrela ou marcha de Fukuda: ​não consegue andar em linha reta, há desvio para um 
dos lados. 
e) Desvio para o lado lesado. 
 
PARTE AUDITIVA 
● Receptores localizados nas células ciliadas da cóclea detectam vibrações do tímpano e originam 
potenciais de ação. 
● Responsável pela audição. 
Thais Alves Fagundes 
● O córtex auditivo primário (próximo do giro temporal superior) de cada lado recebe impulsos de 
ambos os ouvidos. 
○ Lesão unilateral do córtex auditivo não causam surdez. 
 
EXAME 1 - TESTE DE RINNE:​ ​exame da audição com diapasão 128 Hz ​- (não é teste neurológico) 
Há duas formas de escutar esse som, aérea e óssea. 
Forma aérea: quando percutir o diapasão, além da vibração, emite um som porque está vibrando o 
ar na frequência de 128 Hz. Essa vibração do ar estimula o tímpano e é transmitido pelos ossículos do 
ouvido interno até a cóclea onde estão localizados os receptores do nervo vestíbulo-coclear. 
A vibração também pode chegar à cóclea através da condução óssea. Ao encostar o diapasão no 
crânio, por exemplo no mastóideo (proeminência óssea atrás da orelha), irá vibrar o osso e essa vibração 
chegará à cóclea, visto que o ouvido interno está localizado profundamente ao osso temporal. 
Normalmente ​a acuidade auditiva é maior pela condução aérea do que a óssea (​Rinne positivo​). 
Se há perda auditiva de condução, a condução óssea passa a ser melhor que a aérea (​Rinne 
negativo ou invertido​). 
Há duas formas de perder a audição, quando a condução aérea está comprometida ou por uma 
lesão neurológica da cóclea ou do nervo vestíbulo-coclear. 
PASSOS: 
a) Vibrar com o diapasão. 
 
CAUSAS OTORRINOLÓGICAS (perda da acuidade auditiva) 
Obstrução da condução aérea, não irá escutar fala e outros sons, por exemplo. Mas irá escutar por 
condução óssea, com diapasão. 
a) Obstrução do canal auditivo. 
b) Infecção do canal auditivo. 
c) Ruptura traumática do tímpano. 
 
CAUSAS NEUROLÓGICAS (perda da acuidade auditiva) 
Obstrução da condução óssea e aérea, ambas estarão prejudicadas e não haverá audição boa por 
nenhuma condução. 
a) Lesão na cóclea 
b) Lesão do nervo vestíbulo-coclear 
 
EXAME 2 - TESTE DE WEBER: 
Princípio: se a condução aérea estiver afetada, a condução óssea se torna mais proeminente. 
PASSOS: 
a) Colocar o diapasão no vértice do crânio ​(parte superior)​. 
b) Espera-se que o som seja escutado igualmente em ambos os ouvidos. 
c) Quando há perda auditiva de condução o som lateraliza para o ouvido afetado: ​escuta melhor no 
lado afetado porque como não há condução aérea, a condução óssea se torna mais proeminente 
(ao tampar o ouvido com o dedo o som fica mais audível do lado tampado). 
d) Quando há perda auditiva neurossensorial o som lateraliza para o ouvido não afetado: em lesão 
de cóclea ou do nervo isso ocorre devido a diminuição de ambas as conduções. 
Thais Alves Fagundes 
 
NERVO GLOSSOFARÍNGEO - IX Nervo Craniano 
● Sensibilidade geral do primeiro ⅓ posterior da língua, faringe, úvula, tonsila, tuba auditiva. 
● Sensibilidade visceral do seio e do corpo carotídeo (detectam variações de pressão e oxigenação do 
sangue arterial). 
● Sensibilidade gustativa do primeiro ⅓ posterior da língua. 
● Inervação autonômica da glândula parótida. 
NERVO VAGO - X Nervo Craniano● Inervação autonômica (parassimpática) das vísceras torácicas e abdominais. 
● Recebe fibras aferentes (sensibilidade visceral) da faringe, traqueia, esõfago e das vísceras torácicas 
e abdominais. 
● Sensibilidade gustativa na epiglote. 
● Inerva os músculos da faringe e da laringe. 
 
SINTOMAS DE LESÃO DO NERVO GLOSSOFARÍNGEO/VAGO 
a) Disfonia: alterações da voz, som sai de maneira inadequada. 
b) Disfagia: disfunção da deglutição (engasgos). 
 
EXAME 1 - Avaliação da musculatura da fala/deglutição 
PASSOS: 
a) Elevação do palato mole: ​elevação do palato mole, ao falar letras como ‘a’ ou ‘e’ ou ao tentar 
deglutir, é realizada por músculos inervados pelo nervo ​glossofaríngeo ​e ​vago​. 
- Palato mole contrai mas tem um lado mais fraco (lesado que não contrai totalmente). 
CAUSA: ​lesão do nervo glossofaríngeo ou do nervo vago ipsilateral. 
Lado lesado: direito 
b) Reflexo nauseoso/da náusea/do engasgo: 
- Estimula-se com uma espátula a parede posterior da faringe. 
- Causa um reflexo de ânsia de vômito. 
- Observa-se se há simetria da resposta (pode estar ausente). 
Thais Alves Fagundes 
- Observa a contração da musculatura. 
c) Inspeção do palato. 
d) Observar a simetria dos pilares faríngeos. 
e) Posição do palato mole em repouso. 
f) Posição da úvula. 
NERVO ACESSÓRIO - XI Nervo Craniano 
RAIZ CRANIANA (une-se ao vago) 
● Inerva os músculos da laringe (nervo laríngeo recorrente). 
● Inerva vísceras torácicas (fibras eferentes) em conjunto com o nervo vago. 
 
LESÃO 
a) Paralisia da corda vocal. 
b) Rouquidão ipsilateral. 
 
RAIZ ESPINHAL 
● Inerva os músculos esternocleidomastóideo e trapézio. 
● Responsável por rotação da cabeça e elevação dos ombros. 
 
EXAME 1 - MOTOR DO TRAPÉZIO 
PASSOS: 
a) Examinador pede para o paciente elevar os ombros. 
b) Examinador coloca a mão no ombro do paciente. 
c) Paciente tenta elevar os ombros contra a resistência do examinador. 
 
EXAME 2 - MOTOR DO ESTERNOCLEIDOMASTÓIDEO 
Esternocleidomastóideo esquerdo faz a rotação da cabeça para o lado direito. 
Esternocleidomastóideo direito faz a rotação da cabeça para o lado esquerdo. 
PASSOS: 
a) Examinador coloca a mão no rosto do paciente. 
b) Paciente tenta rodar a cabeça contra a resistência do examinador. 
c) Também pode o paciente tentar encostar a orelha no ombro, sem elevar o ombro 
NERVO HIPOGLOSSO - XII Nervo Craniano 
● Controla a musculatura da língua. 
 
LESÃO: 
a) Fraqueza da metade ipsilateral da língua (atrofia). 
b) A língua se desvia para o lado lesado durante a protrusão (deslocamento voluntário para 
frente) da língua uma vez que apenas um lado contrai. 
c) Lesão causa hipotrofismo da hemilíngua. 
 
 
Thais Alves Fagundes 
EXAME 1 - NERVO HIPOGLOSSO 
a) Pede-se para o paciente colocar a língua para fora da boca (protrusão). 
b) Espera-se que a língua estivesse centralizada. 
c) No caso de lesão há desvio para o lado lesado. 
 
Lesão no hipoglosso direito ( lado que a língua desviou). Hemilíngua esquerda foi para fora, mas a direita 
não, o que causa o desvio para o lado lesado. 
 
EXAME DA COORDENAÇÃO MOTORA 
CEREBELO 
 
EXAME 1 
a) Exame dos braços estendidos​ (olhos abertos e fechados). 
b) Observa-se se há tremor. 
c) Tremor indica lesão cerebelares 
 
EXAME 2 - DEDO-NARIZ - DISMETRIA 
a) Orienta-se o paciente a colocar o dedo na ponta do nariz. 
b) E depois a ponta do dedo do examinador. 
c) Observa-se se há decomposição do movimento: ​o dedo não faz uma linha reta, é como se o 
movimento fosse dividido em várias etapas. 
d) Observa-se se há tremor de intenção: ​tremor durante a ocorrência do movimento. 
e) Orienta-se o paciente a perseguir o dedo do examinador: 
- Percebe-se dismetria: ​incapacidade de direcionar ou limitar adequadamente os 
movimentos. 
 
 
Thais Alves Fagundes 
EXAME 3 - CALCANHAR-JOELHO - DISMETRIA / fragmentação do movimento: DISSINERGIA 
a) Orienta-se o paciente sentado ou deitado a deslizar o calcanhar pela crista tibial: ​do joelho até o 
pé. 
b) Observa-se se há dismetria ou tremor. 
 
 
 
EXAME 4 - MOVIMENTOS ALTERNADOS - DISDIADOCOCINESIA 
a) Pede-se ao paciente para realizar movimentos alternados (pronação-supinação). 
b) Virar a mão rapidamente: ​bater com o dorso depois com a palma, por exemplo. 
c) Observa-se se há disdiadococinesia:​ incapacidade de fazer esses movimentos rapidamente. 
 
 
Movimentos descoordenados. 
 
EXAME 4 - RECHAÇO - REBOTE 
a) Testar a correção do movimento. 
b) Paciente é orientado a manter o braço em determinada posição. 
c) Examinador move subitamente o braço do paciente. 
d) Paciente é orientado a voltar o braço para a mesma posição. 
e) Em caso de lesão, ocorre correção em excesso do movimento. 
f) Observar se há deslocamento superior após liberação súbita da resistência pelo examinador: 
correção do movimento 
Thais Alves Fagundes 
 
Imagem 1: examinador abaixa os dois braços do paciente que se encontram estendidos. 
Imagem 2: Braço direito (alterado) se eleva a mais que o esquerdo. 
 
EXAME 4 - TESTE DE ROMBERG 
Avalia as diversas funções relacionadas ao equilíbrio e a postura: 
- Mantém essa posição é a propriocepção consciente, transmitidos pelo funículo posterior. 
- A postura e o equilíbrio estático são mantidos também pela propriocepção inconsciente (cerebelo). 
Associada ao grau de tônus muscular e da contração dos músculos e articulações (correção do 
movimento). 
- Propriocepção da cabeça, relacionada ao labirinto e ao nervo vestíbulo-coclear. 
- Visão, informação visual pode ser utilizada para manter o equilíbrio e a postura. 
 
PASSOS: 
a) Comparar o equilíbrio estático de pés juntos de olhos abertos e fechados: 
b) Teste positivo: perda do equilíbrio somente de olhos fechados: 
- Propriocepção se torna mais fundamental. 
- Depende mais da propriocepção, especialmente a consciente. 
c) Nesse caso, indica lesão das vias de propriocepção: pois o paciente depende de pistas visuais para 
manter o equilíbrio. 
d) Teste negativo: perda de equilíbrio de olhos abertos e fechados. 
e) Nesse caso, sugere desequilíbrio de origem cerebelar ou vestibular. 
 
LESÃO 
a) Labirinto: 
- Fala erroneamente que está rodando, por exemplo. 
- Independente se está de olhos abertos há dificuldade em manter o equilíbrio. 
- Teste negativo. 
b) Cerebelo 
- Responsável pela correção do movimento, tônus e contração muscular. 
- Independente se está de olhos abertos há dificuldade em manter o equilíbrio. 
- Teste negativo. 
c) Lesão do funículo posterior da medula (propriocepção consciente) 
- A visão compensa a perda da propriocepção consciente. 
- De olhos fechados ocorre o desequilíbrio. 
- Teste positivo. 
Thais Alves Fagundes 
Dismetria: ​Desarmonia da atividade muscular voluntária por dificuldade no controle de amplitude de 
movimento e força, muito evidente na marcha e geralmente acompanhada de tremores. 
Rechaço: ​Dificuldade na desaceleração e interrupção de movimentos voluntários, com perda do controle 
na amplitude de movimentos, fenômeno conhecido como dismetria. 
Disdiadococinesia: ​dificuldade em realizar movimentos rápidos e alternados, que caracteriza

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