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Thais Alves Fagundes AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO E DA MARCHA Independência e autonomia do indivíduo devem-se ao funcionamento integrado e harmonioso de quatro funções: cognição, humor, mobilidade e comunicação. Mobilidade: fatores extrínsecos e intrínsecos (condicionamento, postura e marcha, disfunção dos sistemas fisiológicos principais). Postura: alinhamento das partes do corpo entre si em um dado momento. Hipercifose torácica ou tóraco-lombar, flexão do tronco, protrusão do pescoço e retificação da lordose lombar → deslocamento do centro de gravidade para frente com predisposição à instabilidade postural. Com o avançar da idade, a cabeça desloca-se para frente e ocorre diminuição da lordose lombar normal. Marcha humana ou deambulação: deslocamento do corpo no espaço na posição bípede, com gasto energético mínimo, postura aceitável e estabilidade adequada. Depende do funcionamento integrado do equilíbrio e locomoção. Ato inconsciente, automático e de alta complexidade. Integridade e sincronia dos níveis sensório-motores superior (lobo frontal e conexões), médio (vias piramidais e medulares e cerebelo) e inferiores (visão, labirinto, propriocepção e sistema músculo esquelético. Equilíbrio: capacidade de assumir a postura ereta e manter estabilidade postura. Locomoção: habilidade para iniciar e manter passada rítmica. MARCHA SENIL Redução da velocidade, passos curtos, flexão de joelhos e quadris, base alargada e redução do tempo de permanência na fase de oscilação. o Aumento da flexão dos cotovelos, cintura e quadril. o Diminui o balanço dos braços. o Diminui o levantamento dos pés. o Diminui o comprimento dos passos (marcha de pequenos passos). Modificações fisiológicas do envelhecimento, porém não ocorrem em todos os idosos. Envelhecimento fisiológico não é causa de instabilidade postural e/ou quedas de repetição Thais Alves Fagundes AVALIAÇÃO FUNCIONAL DA MARCHA Avaliar a marcha permite reconhecer a presença de instabilidade ou alteração da marcha, orientar pacientes e familiares, encaminhar para fisioterapeuta. GET UP AND GO TEST Análise qualitativa da marcha. Observam-se a mobilidade, o equilíbrio e a marcha do paciente. Indivíduo é solicitado a: Levantar-se de uma cadeira alta com encosto reto e descanso para os braços. Deambular 3 metros Voltar Sentar-se novamente. Escores: pontuação de 3 ou mais risco aumentado de quedas 1: normalidade 2: anormalidade leve 3: anormalidade média 4: anormalidade moderada 5: anormalidade grave. EQUILÍBRIO: Equilíbrio assentado Levantamento da cadeira Equilíbrio imediato ao levantar-se (3 a 5 seg) Rotação Sentando-se MARCHA: Início da marcha Altura do passo Comprimento do passo Desvio do curso ou trajeto Estabilidade do tronco Distância dos tornozelos TIMED GET UP AND GO TEST (TUG) Tempo é cronometrado. Observam-se a mobilidade, o equilíbrio, a marcha do paciente e o tempo para o indivíduo realizar a tarefa. Tempo ≤ 10 segundos: independente / sem alterações no equilíbrio / não requer avaliação adicional. Tempo > 11 e < 20 segundos: independente em transferências básicas / baixo risco de quedas. Tempo ≥ 20 segundos: dependente em várias atividades de vida diária / alto risco de quedas (instabilidade postural) TESTES ADICIONAIS DE EQUILÍBRIO TESTE DE ROMBERG Equilíbrio estático. Posicione ao lado do paciente, para ampará-lo em caso de desequilíbrio. Técnica: Solicite ao paciente continuar na posição vertical, com os pés juntos, olhando para frente. Nessa postura, ele deve permanecer alguns segundos. Solicite ao paciente que feche as pálpebras. o Espera-se que o paciente mantenha a posição “sem balançar”. Thais Alves Fagundes Prova de Romberg negativa (exame normal): Nada se observa, ou apenas ligeiras oscilações do corpo são notadas. Prova de Romberg positiva (alterado): Paciente balançar o corpo para manter a posição, separar os pés ou cair. o Ao cerrar as pálpebras, o paciente apresenta oscilações do corpo, com desequilíbrio e forte tendência à queda. o Tendência para a queda pode ser: (1) para qualquer lado e imediatamente após interromper a visão, indicando lesão das vias de sensibilidade proprioceptiva consciente; (2) sempre para o mesmo lado, após transcorrer pequeno período de latência, traduzindo lesão do aparelho vestibular. o Em algumas ocasiões, sobretudo nas lesões cerebelares, o paciente não consegue permanecer de pé (astasia) ou o faz com dificuldade (distasia), alargando, então, sua base de sustentação pelo afastamento dos pés para compensar a falta de equilíbrio. Tais manifestações não se modificam quando se interrompe o controle visual (prova de Romberg negativa). SUPORTE UNIPODAL / EQUILÍBRIO UNIPODÁLICO Avalia equilíbrio e força muscular. Capaz de manter-se estável sobre uma perna por 5 segundos sem apoiar-se. Técnica: Solicite ao paciente que fique em pé com os pés juntos e levante um dos pés por 5 segundos. Posteriormente, solicite que levante o outro pé por 5 segundos. Permaneça ao lado do paciente para ampará-lo em caso de desequilíbrio. Interpretação: Exame normal: paciente consegue sustentar sua posição sobre apenas um pé por 5 segundos. Exame alterado: paciente não consegue sustentar-se sobre apenas um pé por 5 segundos. NUDGE-TEST / STERNAL NUDGE TEST (TESTE DE EMPURRÃO NO ESTERNO) Avalia o equilíbrio e o risco de queda. Técnica: Solicite ao paciente que fique em pé com os pés paralelos levemente separados. Coloque uma mão atrás do paciente para apará-lo, caso necessário. Empurre o paciente com a outra mão, na região do esterno, com força suficiente para desequilibrá-lo. o Examinador empurra com pressão uniforme 3x sobre o esterno. Interpretação: Exame normal: paciente desloca a perna para frente a fim de impedir a queda. Exame alterado: paciente não movimenta a perna para impedir a queda. Thais Alves Fagundes AVALIAÇÃO DA COORDENAÇÃO MOTORA Coordenação motora depende da integridade do sistema motor voluntário, da sensibilidade profunda (propriocepção) de músculos, tendões e articulações e da integridade do cerebelo e suas conexões. PROVA DEDO-NARIZ Técnica: Paciente assentado olhando para frente. Solicite que ele estique os braços lateralmente na altura dos ombros e coloque a ponta do indicador na ponta do nariz alternado os MMSS. Repita a manobra com os olhos fechados (teste propriamente dito). Exame normal: espera-se que o paciente consiga encostar o indicador no nariz com uma margem mínima de erro. PROVA CALCANHAR-JOELHO Técnica: Paciente em decúbito dorsal, membros inferiores estendidos e olhos abertos. Solicite que ele encoste o calcanhar no joelho contralateral e deslize o calcanhar pela face anterior da tíbia até o dorso do pé. Repita a manobra do outro lado. Solicite que ele repita a manobra com os olhos fechados (teste propriamente dito). Exame normal: espera-se que o paciente consiga encostar o calcanhar o joelho e deslizá-lo sobre a tíbia até o dorso do pé com uma margem mínima de erro. PROVA DOS MOVIMENTOS ALTERNADOS Técnica: Paciente assentado na maca. Pede-se para o paciente bater no dorso da coxa com a palma e o dorso das mãos alternadamente (pronação e supinação). Ao longo do teste, solicite ao paciente que aumenta a velocidade do movimento. Outra manobra possível e solicitar que o paciente toque a ponta do polegar nos outros dedos em um movimento de “vai-e-vem”. Solicite ao paciente que aumente a velocidade do movimento ao longo do teste. Observe se o paciente tem dificuldade de iniciar a manobra (bradicinesia) ou tem dificuldade em realizar o teste em velocidades mais elevadas (disdiadococinesia). Sempre fazer as manobras com as duas mãos simultaneamente. Bradicinesia:pobreza e lentidão dos movimentos sem perda de força muscular, indicando a possibilidade de lesão neuronal. A lentidão é mais intensa no início dos movimentos voluntários e pequenos movimentos naturais. Disdiadococinesia: impossibilidade de executar movimentos rápidos e alternados.
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