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1 Bruna P. Zabini É uma doença crônica (não transmissível), caracterizada pelos níveis de glicose sanguínea considerados perigosos, ou seja, que aumentam risco cardiovascular e doenças secundárias a hiperglicemia. E quais são esses níveis? GLICEMIA EM JEJUM TOTG APÓS 2H HB GLICADA < 100 <140 <5,7 >= 100 E < 125 >= 140 e < 200 >= 5,47 e < 6,5 >= 126 >= 200 >= 6,5 *TOTG = Teste Oral de Tolerância a Glicose Podemos fazer uma glicemia ao acaso, e se ela der >140, consideramos uma hiperglicemia e vamos buscar saber se é ou não uma Diabetes Mellitus. Fazemos isso dosando a Hb Glicada. A hemoglobina possuí meia vida de 120 dias, então a Hb irá nos mostrar como estão os níveis nos últimos 120 dias, sendo possível entao, o diagnóstico (após feito exame 2x). Em geral, pacientes em leito de UTI tentamos manter glicemia entre 140-180 e paciente em leito de enfermaria entre 110-140. Tudo isso depende de um olhar amplificado sob o paciente, analisando o seu estado geral, idade, hábitos, fatores de risco, etc. DIAGNÓSTICO: É preciso de duas glicemias em jejum ou 1 glicemia em jejum + Hb Glicada Para pacientes jovens, com ou sem obesidade pode ser solicitado peptídeo C e um dos anticorpos: anti – ICA, anti-ilhota, anti – IAA ou anti-insulina -> normalmente exames pedidos pela endocrinologia. Em gestantes: glicemia em jejum > 92 (SUS). Em geral, reverte após a gravidez porém aumenta o risco de DM após a gestação. QUAL A CLÍNICA DO PACIENTE? Há alguns sintomas característicos, como: 1. Poliúria (urina muitas vezes) 2. Polidipsia (tomar muita agua) 3. Polifagia (comer demais) Além disso, o paciente pode ter: perda de peso, tontura, mal estar, dor nas pernas, impotência e estas podem ser secundárias a diabetes. Se não tem sintomas, isso é bom pois pode estar no inicio ou ele se resistente a sintomas. Perguntar em Antecedentes Familiares (AF) quem mais tem quadro similar na família. TRATAMENTO Não farmacológico • Diminuição do peso (ideal manter IMC entre 18,5 e 14,9 kg/m²) • Adoção de dietas saudáveis normoglicêmico pré DM DM 2 Bruna P. Zabini • Praticar atividade física (150-220 min/semana) (sempre ver o que é possível dentro do contexto social daquele paciente) • Cuidado com calçados (pois há maior facilidade para fazer machucado) (alertar sobre secar bem os pés após banho) • Evitar ou cessar tabagismo e álcool Farmacológicos A. Antidiabéticos • Biguanidas o Metformina 850 mg 1cp 3x/dia o Metformina 500mg 2-3cp 2x/dia (se for o XR a capsúla pode sair nas fezes porém os efeitos colaterais são menores) • Sulfonilureias o Glicenclamida 5mg 1-2cp 2x/dia (até 3cp no máx por dia) • Insulinas (se Hb glicada mantém acima de 9%) Insulina BASAL devem ser dadas entre as refeições, alguns exemplos delas: NPH, glargina, detemir; e o BOLUS (deve ser dada junto as refeições) são as insulinas rápidas, como por exemplo Lispro, regular, asparte) o NPH (bed time = na hora de dormir ou na janta. Aplicar 0,1-0,2U/Kg) o Insulina Regular Em pacientes não críticos com dieta VO: esquema subcutâneo basal-bolus (dose de corração associada a dose prandial). A Dose Diária Total de Insulina (DDTI) deve ser 50% basal e 50% bolus 1. Individos magros, idosos, Hb glicada (HbA1c) adequada, virgens de inskuina, IRC e não críticos = 0,2-0,4 UI/Kg 2. DM2, obesos, resistentes insulínicos, críticos, com elevação da HbA1c e pacientes em corticoterapia = 0,5-2,0 UI/kg Controles: : 3 medidas por dias, por 3 dias seguidos, 2 semanas seguidas: antes do café, antes do almoco e antes da janta (vão ser 18 fitinhas).Após esse controle, se estiver ok, pede pra medir só antes das consultas Metas: antes de comer 130 em jejum e 2h depois da refeição tem que estar abaixo de 180 Prós: reduz peso corporal e melhora perfil lípidico Contras (efeitos colaterais): diarreia, dor abdominal Prós: Contras (efeitos colaterais): hipoglicemia (é um secretagogo) Prós: Contras (efeitos colaterais): ganho de peso, hipoglicemia e alterações de pele 3 Bruna P. Zabini Exemplo: Paciente 80Kg resistente a insulina DDTI: 0,5x80 = 40 UI Basal: 20 UI Bolus: 20 UI Insulina NPH Insulina LISPRO Insulina LISPRO correção pré prandial 7 UI 8hr 7 UI antes do café da manhã glicemia 140-180mg/dL: + 2UI 7 UI 12 hr 7 UI antes do almoço 181-220: + 4UI 7 UI as 22hr 7 UI antes do jantar 221-230: + 6UI 261-300: + 8UI >300: +10 UI • Inibidor SLGT2 ($$) o Dapagliflozina 10mg 1cp 1x/dia • Análogo de GLP1 ($$$$$) o Liraglutida 1 injeção SC 1x/dia Prós: ajuda a não recaptação de sal e açucar Contras (efeitos colaterais): aumento infecções urinárias e polaciúria Prós: reduz peso e PA Contras (efeitos colaterais): náuseas, vômitos e diarreia Café da manhã com glicemia de 200, é administrado 7+4 UI = 11UI 4 Bruna P. Zabini ACOMPANHAMENTO Anuais com médico e anuais com enfermeiro, ou seja, a cada 6 meses basicamente. Se não estiver controlado, fazer mais consultas. PREVENÇÃO E PROMOÇÃO À SAÚDE Semestral: 1. PA, glicemia e Hb glicada 2. Controle de destro se usar insulina (3 dia seguidos em 2 semanas no mesmo mês) Anual: 1. Creatinina, urina , microalbuminuria e fundoscopia 2. Exame de pé diabético Bianual: 1. ECG METAS GERAIS: • Hb glicada < 7% • Glicemia pré prandial 100-130 • Glicemia pós prandial (2h) < 160 (incremento de até 30-40mg/dL ➔ Pacientes não críticos, de baixo risco para hipoglicemia, sem comorbidades: 100-140 (se for jovem saudável, da pra ser um pouco mais rigoroso), mas no geral, manter entre 140 e 180. 5 Bruna P. Zabini HIPERGLICEMIA DO ESTRESSE É transitória, a fisiopatologia é complexa (multifatorial: é uma resistência insulínica + supressão da liberação de inulina pelas celulas beta pancreáticas), há aumento de hormônios contrarreguladores (adrenalina, cortisol, ADH) e precisa de seguimento ambulatorial pelo maior risco de desenvolver diabetes. Fisiopatologia: há aumento do estresse oxidativo e citocina pro inflamatórias (TNF alfa, IL6, IL-1 beta) que dificultam ação da insulina. Há aumento de hormônios contra regulatórias (cortisol, catecolaminas, ADH, glucagon, GH) e tudo isso aumenta com estresse metabólico do organismo, contribuindo para a hiperglicemia. Aumenta produção hepática de glicose, aumenta lipólise, aumenta ácidos graxos circulantes e diminui a utilização da glicose (pois se há resistência a insulina e glucagon alta, a glicose não é muito utilizada). Recomendação: Em todos os pacientes hospitalizados, fazer pelo menos um teste de glicemia admissional. Se o paciente tem o diagnóstico prévio de DM ou é detectado hiperglicemia na admissão, é indicado fazer HB glicada (ela representa media da glicemia nos últimos 3 meses ) • DIAGNÓSTICO DE DIABETES PELA HB GLICADA: precisa fazer 2x o se ela estiver > ou = 6,5 é DM o o <6,5 fica com hiperglicemia transitória • DEFINIÇÃO DE HIPERGLICEMIA DO ESTRESSE: valores de glicemia >140mg/Dl, se há persistência de glicemia acima desses patamares: acompanhamento por equipes especializadas em controle glicemia hospitalar CLASSIFICAÇÃO Humana x Análoga A insulina humana é igual a sintetiza pelo pâncreas (insulina regular e NPH) e a análogo muda algumas sequencias de aa fazendo com que elas sejam ou mais rápidas ou mais lentas. Basal x Prandial Prandial é a que vamos usar para cobrir a liberação de carboidratos,no café almoço e jantar, usando insulina rápida ou ultrarrápida para cobrir a liberação. E para cobrir liberação hepática de glicose, há insulina basal, podendo usar NPH, lenta ou ultralenta. Classificação quanto a cinética: 1. Ultrarrápida 2. Rápida 3. Intermediária 4. Lenta 5. Ultralenta 6 Bruna P. Zabini INSULINA HUMANA Regular (EV ou SC) Inicia sua ação em 30 min, tem pico em 2-4hrs e dura de 5 a 8hr (efeito terapêutico). Usado para cobertura prandial (usar 30min antes da refeição). o Insulina regular inalatória (pó seco): afrezza Inicia sua ação em 12 min, tem pico em 30 min e dura de 3-4hrs. Há opção em 4, 8 ou 12 UI (mais de 1500 por mês $$$) NPH Inicia sua ação e 2-4h, pico em 4-10hr e dura o efeito entre 10-16hr. Ela tem um aspecto leitoso e é usado para cobertura basal e por durar no máx 16hrs, é preciso usar 2-3x/dia para cobrir a liberação basal. Pode ser usada junto a qualquer insulina prandial (ex: regular + NPH) INSULINA ANÁLOGA Ultrarrápidas Inicio de ação >15min, pico em 1h e dura o efeito por 4hrs. Permite ser aplicada imediatamente antes ou até após a refeição pois a sua ação é bem rápida. Tem uma cobertura prandial (ou seja, para cobrir a refeição) e tem menor risco de hipoglicemia pois tem menor duração. Exemplos: Lispro, Glulisina, Asparte/FIASP Lentas Inicio de ação em 2-4hrs, pico de 6-8hr (detemir) (desvantagem pois aumenta risco de hipoglicemia) e glargina U-100 não tem pico de ação e a duração do efeito dura de 20-24hr (detemir) e 24hr (glargina). Ela tem uma cobertura basal. Detemir precisa ser aplicada 2x/dia e elas não podem ser associadas a nenhuma outra. Exemplos: determir e glargina Ultralentas Inicio de ação em 2-4hrs, não há pico de ação e a duração do efeito é de 36h (glargina U-300) e >42 hr (degludeca). Ela não precisam de horário fixo para serem aplicadas, como duram muito, para equilibrar a dose é preciso esperar >72hrs para ver diferença nos controles. A degludeca pode ser associada com prandiais. Exemplos: glargina U-300 (mais concentrada) e degludeca INSULINAS BASAIS NPH LENTAS ULTRALENTAS ÍNICIO DE AÇÃO 2-4h 2-4h 2-4h PICO 4-10h Determir: 6-8h Glargina: sem pico Glargina U-300: 36h Degludeca: >42h DURAÇÃO EFEITO 10-16hr Determir: 20-24h Glargina: 24h Glargina U-300: 36h Degludeca: >42h COMO UTILIZAR? • NO DM1 Ele perdeu total capacidade de secretar insulina, então precisa de insulina prandial (p/ cada refeição) e basal para manter entre as refeições. A dose inicia é de 0,4-1,0 UI/Kg sendo 50% prandial e 50% basal 7 Bruna P. Zabini Exemplo: paciente de 100Kg, vamos usar 0,6 UI/Kg. Vamos dar então 60UI, sendo 50% basal e 50% de bolus. Para a dose da insulina basal, se for uma de longa ação/ultralonga (glargina ou degludeca), faço as 30UI de uma vez, mas se for uma NPH, posso fazer 10+10+0+10UI (antes do café, almoço e antes de dormir) ou 20+0+0+10 UI (antes do café e antes de dormir). E para a dose prandial (rápida ou ultrarrápida) eu vou dividir 10UI por refeição (antes do café, almoço e jantar). *o cálculo pode ser feito também por contagem de carboidrato ou por correção/fator de sensibilidade ➔ Precisa sempre se atentar para fazer as correções necessárias: elas serão somadas ao que o paciente já iria utilizar. Usando o exemplo acima, o paciente usaria 10UI por refeição, se ele faz a glicemia e da 200, vamos somar 4UI, totalizando, 14UI. MONITORIZAÇÃO É preciso medir a glicemia sempre antes da refeição, até mesmo para decidir a dose que irá ser administrada para aquele paciente. Para ajuste, faz 2hr após a refeição (eventualmente, 1x/semana ou a 1x a cada 2 semanas) e de madrugada eventualmente (2-3hrs da manhã) para ver se não esta havendo hipoglicemia noturna Exemplo 1: glicemia pré café 100mg/dL (ótimo), pós café 230 (aumentou 130) e pré almoço 180 (caiu 50). Aqui precisa aumentar dose da regular, para não deixar subir 130 pontos. Exemplo 2: glicemia pré café 100, pós café 230 e pré almoço 100. Aqui aumentou 130 pontos mas depois caiu 130 pontos, isso chama atenção. Se corrigir apenas o ganho de pontos vai ter hipoglicemia pois depois cai demais. Então precisa aumentar regular e diminuir NPH. • NO DM2 A indicação de insulina pode ser em algum desses casos: gestantes, glicemias muito descompensadas (glicotoxicidade) e pacientes internador o protocolo é insulina. Glicotoxicidade: usada em glicemias muito descompensadas, como >250 em jejum ou ao acaso >300; sintomas de polis (poliuria, polidpsia), catabolismo intenso, cetoacidose ou quando esta muito fora do alvo e há impossibilidade de usar outros antidiabéticos (**). Precisa agir rápido com INSULINA. Esquema (quase como em DM1): BASAL BOLUS 0,4-1,0 UI/Kg BASAL PLUS 0,2-0,5 UI/Kg 50% basal (insulina intermediária, lenta ou ultralenta) 100% basal: insulina intermediária, lenta ou ultralenta 50% prandial (insulina rápida ou ultrarrápida) Correção com insulina rápida ou ultrarrápida Correção com insulina rápida ou ultrarrápida OUTROS ANTIDIABÉTICOS: se faz o uso de basal-bolus, é preciso suspender secretagogos, iDPP e iSGTL2 (só vão aumentar os efeitos colaterais. Se fizer uso apenas de basal, podem manter outros antidiabéticos. **Quando esta fora do alvo: vai se manifestar uma glicemia de jejum mais alta pois a noite o fígado produz mais glicose, então se manifestará primeiro pela manhã. Pra isso, uso uma insulina basal (NPH, glargina, determir, degludeca, glargina U300), no geral faço 0,1-0,2 UI/Kg ou 10 UI SC a noite. Se for longa duração, qualquer horário mas se for NPH vou preferir a noite para cobrir a produção do fígado. 8 Bruna P. Zabini Fenômeno do Alvorecer: no final da noite, aumenta hormônios controreguladores (que aumentam glicose, como GH e cortisol) então naturalmente aumenta a glicemia no inicio da manhã, mas em alguns pacientes é exacerbados e pode aumentar glicose mesmo sem comer Efeito Somogyi: hiperglicemia pós uma hipoglicemia (efeito rebote). A noite se fez muito N´H ou muito cedo (antes do jantaR) ai o pico vai ser no meio da madrugada, ai vai ter hipoglicemia, aumenta hormonios contrarreguladores e vai ter hiperglicemia.