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Isa Castilho - T6 RESUMO FAB - UC 22 BIOSSÍNTESE, SECREÇÃO E ESTRUTURA DA INSULINA HUMANA NATURAL A insulina exerce um papel central na regulação da homeostase da glicose e atua de maneira coordenada em eventos celulares que regulam os efeitos metabólicos e de crescimento. A ação da insulina na célula inicia-se pela sua ligação ao receptor de membrana plasmática. Esse hormônio é secretado pelas células beta das ilhotas pancreáticas após as refeições em resposta a elevação da concentração dos níveis circulantes de glicose e aminoácidos. Dentre suas funções, ela exerce redução da produção hepática de glicose e aumentando a captação de glicose pelas células, principalmente nos tecidos muscular e adiposo. - Estrutura: hormônio proteico relativamente pequeno, formado por duas cadeias polipeptídicas - Síntese: A síntese ocorre através do processo de tradução. A insulina secretada contém 51 aminoácidos, porém, o gene da insulina codifica 110 aminoácidos precursores, conhecidos como pré-pró-insulina (110 aminoácidos), vira pró-insulina, depois insulina + peptídeo C. A glicose é o 1˚ estímulo para a liberação de insulina porque é o principal componente alimentar e pode ser acumulada imediatamente depois da ingesta, sendo que o GLUT-2, expresso nas células, é o 1˚ sensor de glicose encontrado pelas células, esse transportador é o único expresso na membrana das células beta e realiza o processo através de difusão facilitada. Também está presente em outros tecidos, como fígado, rins e intestino. Diferente do GLUT-4, presente no músculo e nos adipócitos, a mobilização do GLUT-2 na membrana plasmática é insulinoindependente, garantindo alto influxo de glicose para a célula. FARMACOCINÉTICA DAS INSULINAS HUMANAS E ANÁLOGOS DE INSULINA *Previsibilidade de efeito e alteração de absorção da insulina = por isso é realizada alteração de análogos nas insulinas humanas INSULINAS HUMANAS ORIGEM AÇÃO APARÊNCIA INÍCIO DE AÇÃO PICO DE AÇÃO DURAÇÃO EFEITO TERAPÊUTICO REGULAR (R) Humana regular Usada para correções de hiperglicemias ou como insulina pré-prandial, com aplicação 30-45 min antes da refeição (1-3x/ dia), para que o pico de ação coincida com a absorção do alimento. Principal insulina para uso no tratamento de cetoacidose diabética. Límpido, cristalino, não exige mistura (agitação manual) *Aspirar por 1˚, antes da NPH (com cristais) 30-60min Entre 1-2h, com grande variação intra e interindividual 8-10h DE AÇÃO INTERMEDIÁRIA (NPH) Obtida pela adição de protamina à insulina regular humana, o que retarda a absorção da insulina após sua aplicação no subcutâneo. Nome: NPH = Neutral Protamine Hagedorn Utilizada como insulina de ação basal, devendo ser aplicada 2-4x/ dia. Única insulina basal que pode ser misturada à insulina regular ou a análogos de ação rápida, na mesma seringa, quando os horários de ambas as aplicações coincidem. Essa estratégia pode melhorar a adesão na fase inicial do tratamento ou em pacientes resistentes às múltiplas injeções diárias de insulina (MDI). Mistura na mesma seringa = insulina regular (límpida) seja colocada na seringa antes da insulina NPH (turva). Turvo, exige mistura (agitação manual) para homogeneização e estabilização Homogeneização: deve ser próxima de 10s para os frascos e de 60s para os refis de caneta, ou serão ainda maiores a variabilidade e previsibilidade de tempo de início, pico e duração de ação. 2-4h Entre 4 e 10h, com bastante variação intra- e interindividual, responsável pela maior parte de suas desvantagens. Pico de ação leva a horários mais rígidos das refeições e redução do tempo em jejum, além de hipoglicemias noturnas. Menor que 24 h (10 a 18h) Necessidade de múltiplas aplicações diárias. Maior frequência de episódios de hipoglicemias noturnas e/ou graves e maior ganho de peso Recomendar dose noturna as 22h Baixo custo, sendo distribuída gratuitamente por todo o Brasil. Há necessidade de aplicar muito tempo antes da refeição e o maior risco de hipoglicemia tardia. � *Baixo custo DM 1: O diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é uma doença autoimune, poligênica, decorrente de destruição (parcial ou total) das células β pancreáticas, ocasionando deficiência completa na produção de insulina. É mais frequentemente diagnosticado em crianças, adolescentes e, em alguns casos, em adultos jovens, afetando igualmente homens e mulheres. Subdivide-se em DM tipo 1A (com, mais frequente) e DM tipo 1B (sem), a depender da presença ou da ausência laboratorial de autoanticorpos circulantes, respectivamente. - Meta de Hb glicada: < 7%, < 7,5 - 8,5% (para idosos) DM 2: 90 a 95% de todos os casos de DM. Possui etiologia complexa e multifatorial, envolvendo componentes genético e ambiental. Geralmente, o DM2 acomete indivíduos a partir da quarta década de vida. Doença poligênica, com forte herança familiar, ainda não completamente esclarecida, cuja ocorrência tem contribuição significativa de fatores ambientais (hábitos dietéticos e inatividade física, obesidade, histórico familiar, síndrome metabólica). Na maioria das vezes, a doença é assintomática ou oligossintomática por longo período, sendo o diagnóstico realiza- do por dosagens laboratoriais de rotina ou manifestações das complicações crônicas. Com menor frequência, indivíduos com DM2 apresentam sintomas clássicos de hiperglicemia (poliúria, polidipsia, polifagia e emagrecimento inexplicado). RECEPTORES/ TRANSPORTADORES DE GLICOSE GLUT 1: rede vascular cerebral, hemácias e todos os tecidos. Faz o transporte basal de glicose na maioria das células, transporte pela BHE GLUT 2: fígado, células beta, rim e intestino. 1˚ receptor encontrado. Transportador de alta capacidade, faz homeostase da glicose, cél β GLUT 3: neurônios cerebrais e em todos os tecidos GLUT 4: músculo e adipócitos. Medeia o transporte de glicose estimulado pela insulina GLUT 5: jejuno e fígado, absorve frutose *A insulina é um hormônio anabólico = sua falta leva a uma cascata de respostas metabólicas *A célula beta no estado de repouso (nível de glicemia em jejum) se encontra hiperpolarizada Isa Castilho - T6 ANÁLOGOS DE INSULINA ORIGEM AÇÃO APARÊNCIA INÍCIO DE AÇÃO PICO DE AÇÃO DURAÇÃO EFEITO TERAPÊUTICO DE AÇÃO RÁPIDA (AAR) Insulina humana modificada em suas moléculas para permitir a transformação dos hexâmeros em monômeros de maneira mais rápida, simulando a ação mais fisiológica dessas insulinas, com maior cobertura das variações da glicemia no período pós-prandial imediato e menor risco de hipoglicemia tardia. Nome: Lispro (Humalog), Asparte (Novorapid) e Glulisina (Apidra) São absorvidos mais rapidamente quando comparados à insulina regular humana, atingindo as concentrações séricas necessárias e causando pico mais precocemente. Deve ser usada no período pré-prandial em todas as refeições, incluindo lanches *Os AAR têm indicação de uso em pacientes em esquema basal- bolus antes das refeições e também em doses de correção caso ocorra hiperglicemia ao longo das 24 h do dia, podendo ser utilizados por via SC, em múltiplas doses diárias, conforme necessidade e contagem de carboidratos, ou em sistemas de infusão contínua de insulina subcutânea (SICI). Límpida Rápido (10-15min) = aplicante poucos minutos antes ou na hora da refeição Precoce (1-2h), simula a secreção de insulina pela célula beta Mais curto = 4-5h, reduzem o risco de hipoglicemias tardias provocado, muitas vezes, pela soma de ação das diferentes insulinas Uso de AAR de maneira adequada permite maior flexibilidade no tratamento e melhor ajuste no momento da aplicação, devendo ser aplicado 15 minutos antes ou mesmo durante ou após a refeição, em algumas situações como crianças pequenas, com padrão alimentar imprevisível. Tem ação mais fisiológica, em relação à insulina regular, mas custo mais alto DE AÇÃO ULTRARRÁPIDA (FIASP) Insulinahumana modificada. Nova formulação da insulina asparte, de ação ainda mais rápida Nome: FIASP (fast- action insulin apart ou faster-aspart) Adição de nicotinamida e arginina permite uma absorção inicial ainda mais precoce da insulina, representando uma ação mais semelhante à da secreção fisiológica das células betapancreáticas. A concentração sérica é duas vezes mais precoce comparada à asparte e o efeito na redução da glicose pós- prandial é mais potente e mais precoce. Límpida Mais precoce. Administração pode ser feita de 0-2 min antes até imediatamente após a refeição, sem necessidade de esperar para realizar a refeição (flexibilidade). Indicada para pacientes a partir de 1 ano 11min mais cedo que a Aspart Curta (exposição maior nos primeiros 30min, mais fisiológico para corrigir hiperglicemia pós-prandial) Redução similar da HbA1c, menos episódios de hipoglicemias, e apresentaram perfil de segurança similar. Porém, a FIASP evidenciou um incremento significativamente menor da glicemia pós-prandial e que se manteve estável por 52 semanas DE AÇÃO LONGA (AAL) Análogo sintético de insulina com maior polimerização subcutâneo Nome: Glargina U100 (Lantus, Basaglar), Detemir (Levemir) Ação mais prolongada e previsível que a NPH, promovendo menor frequência global de hipoglicemias, menor ganho ponderal, menor variabilidade intra- e interindividual e melhor previsibilidade de ação em relação à insulina NPH Límpida Glargina U100: 2-4h Detemir: 1-3h Glargina U100: não possui Detemir: 6-8h Glargina U100: de 20-24h Detemir: de 12-20h, devendo ser administrado em horários fixos O horário de aplicação deve ser individualizado e respeitado, sendo menores os índices de hipoglicemia noturna com a aplicação matinal. A aplicação sugerida é em dose única, mas em 15-30% dos pacientes pode haver necessidade de fracionamento em 2 doses quando houver hiperglicemia inexplicada próxima ao horário da aplicação. DE AÇÃO ULTRALONGA Análogo sintético de insulina Nome: Degludeca (Tresiba) e Glargina U300 (Toujeo) Maior estabilidade farmacocinética, em virtude da absorção mais lenta a partir do depósito SC. Perfil de ação mais estável e prolongado, com maior comodidade posológica e segurança. Aplicação única diária e exclusivamente via SC. Não podem ser misturadas a outras insulinas ou análogos Límpida Degludeca: 20-40min Glargina U300: 6h Não apresenta Degludeca: 42h Glargina U300: 36h Promovem menor incidência de hipoglicemias . Degludeca permite uma maior flexibilidade no horário de aplicação sem prejuízo do controle glicêmico INALÁVEL A insulina inalável Afrezza é de uso prandial, em pacientes > 18 anos com DM1 e DM2. A insulina inalável – insulina tecnosfera (IT) – consiste na insulina humana recombinante em pó seco adsorvida em um excipiente inerte de partículas de fumaril-dicetopiperazina (FDKP). O início da ação da IT começa depois de 12 min, atinge o pico de ação em 35-55 min e declina entre 90-270 min (dose-dependente). Pode ser aplicada no momento da alimentação ou em até 20 min após. O inalador é parte essencial do sistema de aplicação da medicação, pequeno, de plástico, deve ser trocado a cada 15 dias e não necessita limpeza durante o uso. Nos estudos clínicos de pacientes com DM1, a IT demonstrou menor incidência de hipoglicemia, menor ganho de peso, redução de HbA1c semelhante à comparada a insulina análoga rápida asparte, mas com maior incidência de tosse. PRÉ-MISTURAS (BIFÁSICAS) Preparações com misturas de insulinas de ação prandial com insulinas de ação intermediária em porcentagens específicas e fixas. Pouco utilizadas em pacientes com DM1, por impossibilidade de ajuste mais preciso do bolus prandial. Como são protaminadas, têm as mesmas desvantagens da NPH, com impossibilidade de ajuste preciso do bolus alimentar e apresentar 2 picos de ação. - NPH + Regular – 70/30 = Humulin 70/30 - Asparte protaminada + asparte = NovoMix 30 - NPL (lispro protaminada) + lispro = Humalog Mix 25 (75/25) e Humalog Mix 50 (50/50) Turvo __________________ Podem ser úteis em pacientes com restrições visuais, motoras ou cognitivas limitantes para a mistura manual de insulinas, ou em pacientes resistentes ao esquema basal-bolus, quando o número menor de aplicações poderia possibilitar maior adesão ao tratamento. Humulin 70/30 30-60min 3-12h 10-16h NovoMix 30 5-15min 1-4hHumalog Mix 25 Humalog Mix 50 Isa Castilho - T6 Receita: Uso SC: 1. Insulina NPH - uso contínuo, aplicar 30UI antes do café da manhã. 2. IR - uso contínuo, aplicar 10UI antes do café da manhã FATORES QUE ALTERAM O INÍCIO DE AÇÃO E DURAÇÃO DA INSULINA Os fatores que podem alterar a ação e duração da insulina são o local de aplicação da injeção (absorção mais rápida no abdome, mais lenta na coxa),exercício na área injetada, massagem local, hiper-lipotrofia, função tireoideana (hipertireoidismo), anticorpos, misturas e forma de preparação da insulina (formas mais solúveis são absorvidas mais rapidamente e têm ação mais curta). - Interações medicamentosas: - Bloqueadores não seletivos (prolongam hipoglicemia pelo mascaramento dos sintomas de alarme) - Etanol (álcool intensifica hipoglicemia) - IMAO (pode intensificar a resposta hipoglicemiante da insulina e retardar a melhora do quadro de hipoglicemia) - Salicilatos (pode intensificar a resposta hipoglicemiante da insulina causando hipoglicemia) VIAS DE ADMINISTRAÇÃO, ESQUEMAS POSOLÓGICOS E DOSE INICIAL PARA TRATAMENTO DE DM1 A via de administração usual da insulina é a via subcutânea, mas a insulina regular também pode ser aplicada por vias intravenosa e intramuscular, em situações que requerem um efeito clínico imediato. A aplicação subcutânea pode ser realizada nos braços, abdômen, coxas e nádegas. A velocidade de absorção varia conforme o local de aplicação, sendo mais rápida no abdômen, intermediária nos braços e mais lenta nas coxas e nádegas. Para correção das hiperglicemias de jejum ou pré-prandial, escolhe-se uma insulina basal (intermediária ou lenta), enquanto que, para tratamento da hiperglicemia associada à refeição, seleciona-se uma insulina de curta ação ou rápida. A dose inicial costuma ser de 10U de insulina NPH, ou 0,2U/kg para as pessoas obesas, podendo ser reajustada em 2U a 4U, conforme média de três glicemias capilares de jejum consecutivas, até atingir meta glicêmica. A pessoa em uso de insulina deve ser instruída sobre a detecção e o manejo da hipoglicemia, e na ocorrência de hipoglicemia, é recomendado reduzir a dose em 4U ou 10% da dose. Esquemas posológicos: - Esquema de 2 aplicações: a primeira aplicação é de 2/3 do total, pela manhã, sendo 70% insulina NPH e 30% insulina 30%, e segunda aplicação com 1/3 do total, sendo 50% insulina regular e 50% insulina NPH no horário do jantar - Esquema de múltiplas aplicações: NPH pela manhã e ao deitar, Lispro ou Insulina regular com aplicações conforme HGT no café da manhã, almoço e jantar - Esquema de Infusão contínua/ bomba de insulina (SICI): Lispro ou insulina Regular conforme HGT no café da manhã, almoço e jantar —> infusão contínua - Mais usada em crianças (1-6 anos), sem necessidade de múltiplas doses de insulina, menores variações de glicemia, menos hipoglicemia - Muito cara, SUS não disponibiliza, possui riscos de infecção local, risco de obstrução do cateter, causando cetoacidose diabética - Última opção AUTOMONITORIZAÇÃO DA GLICEMIA CAPILAR (AMGC) A monitorização da glicemia capilar diariamente por indivíduos com DM1 de qualquer faixa etária traz grandes benefícios, por diminuir o risco de complicações agudas (cetoacidose e hipoglicemia), e por permitir que o paciente entenda os determinantes de sua glicemia ao correlacionar os resultados glicêmicos em tempo real com a ingestão de alimentos ou com a prática de atividade física. Quanto ao número de glicemias capilares necessárias para um bom controle metabólico,demonstra-se que a frequência da monitorização está associada a melhora da HbA1c. Estudos demonstram que o mínimo seriam quatro medidas ao dia, sempre antes das refeições principais, ao deitar e, idealmente, antes e 2h depois das refeições para ajuste da insulina bolus (portanto, um total de seis vezes ao dia), havendo pelo menos 1x/ mês uma medida de madrugada (entre 3-4h). Vale ressaltar que o paciente deve ser instruído a efetuar medição também em situações especiais, como antes e depois de um exercício intenso, para ajustes da insulina e da ingestão de carboidratos, aumentando a frequência da medição em período de doenças, a fim de prevenir crises hiperglicêmicas, especialmente em crianças. A pesquisa de corpos cetônicos na urina (cetonúria), precisa ser aferida em pessoas com DM tipo 1 se a glicemia for maior do que 300 mg/dl, se houver estresse agudo ou sintomas de hiperglicemia/cetose. DEFINIÇÃO MANEJO FENÔMENO DO ALVORECER Hiperglicemia matinal (entre 5-8) por deficiência de insulina, agravada pela secreção de hormônios contrarreguladores (adrenalina, cortisol, glucagon, GH) de madrugada, hormônios que estimulam a liberação de glicose pelo fígado e diminuem atividade de insulina Aumento da dose de medicação em uso e com frequência ajuste de horário da insulina noturna (NPH antes de dormir) EFEITO SOMOGYI Hipoglicemia noturna (durante a madrugada), com hiperglicemia matinal rebote, pela liberação dos hormônios contrarreguladores na madrugada após a hipoglicemia Redução da dose ou revisão do horário de aplicação da insulina (NPH) noturna (diminuir NPH ou NPH na hora de dormir) INSULINIZAÇÃO A dose total na DM1 varia de 0,5 a 1 UI/kg/dia (iniciar na menor) - Glicemia matinal: dependa da NPH da janta anterior (intermediária) - Glicemia pré almoço: depende da IR da manhã (curta) - Glicemia pré jantar: oscila de acordo com NPH da manhã (curta) - Glicemia antes de dormir: oscila conforme IR da noite (curta) - Aumento da necessidade de insulina: puberdade, hipertireoidismo, uso de glicocorticoides - Diminuição da necessidade de insulina: má absorção intestinal, hipotireoidismo, insuficiência adrenal Isa Castilho - T6 ORIENTAÇÕES DO USO CORRETO DE INSULINAS - Preparação e aplicação: - Lavar as mãos com água e sabão antes da preparação da insulina; - O frasco de insulina deve ser rolado gentilmente entre as mãos para misturá-la, antes de aspirar seu conteúdo; - Em caso de combinação de dois tipos de insulina, aspirar antes a insulina de ação curta (regular) para que o frasco não se contamine com a insulina de ação intermediária (NPH); - Não é necessário limpar o local de aplicação com álcool; - O local deve ser pinçado levemente entre dois dedos e a agulha deve ser introduzida completamente, em ângulo de 90˚ - Em crianças ou indivíduos muito magros esta técnica pode resultar em aplicação intramuscular, com absorção mais rápida da insulina. Nestes casos podem-se utilizar agulhas mais curtas ou ângulo de 45˚; - Não é necessário puxar o êmbolo para verificar a presença de sangue; - Esperar 5 segundos após a aplicação antes de se retirar a agulha do subcutâneo, para garantir injeção de toda a dose de insulina; - É importante mudar sistematicamente o local (rodízio de aplicações) de aplicação de insulina de modo a manter uma distância mínima de 1,5 cm entre cada injeção. Orientar a pessoa a organizar um esquema de administração que previna reaplicação no mesmo local em menos de 15 a 20 dias, para prevenção da ocorrência de lipodistrofia. - Locais de aplicação: braços (parte externa e superior), coxas (parte anterior e lateral), região abdominal, região glútea - Armazenamento: - As insulinas lacradas precisam ser mantidas refrigeradas entre 2°C a 8°C; - Após aberto, o frasco pode ser mantido em temperatura ambiente para minimizar dor no local da injeção, entre 15°C e 30°C, ou também em refrigeração, entre 2°C a 8°C; - Não congelar a insulina; não manter na porta da geladeira - Após um mês do início do uso, a insulina perde sua potência, especialmente se mantida fora da geladeira. Por isso, é importante orientar que a pessoa anote a data de abertura no frasco; - Orientar sobre o aspecto normal das insulinas e sua observação antes da aplicação, descartando o frasco em caso de anormalidades. - Transporte e viagens: - Colocar o frasco em bolsa térmica ou caixa de isopor, sem gelo comum ou gelo seco; - Na ausência de bolsa térmica ou caixa de isopor, o transporte pode ser realizado em bolsa comum, desde que a insulina não seja exposta à luz solar ou calor excessivo; - Em viagens de avião, não despachar o frasco com a bagagem, visto que a baixa temperatura no compartimento de cargas pode congelar a insulina. - Seringas e agulhas: - Apesar de serem descartáveis, as seringas com agulhas acopladas podem ser reutilizadas pela própria pessoa, desde que a agulha e a capa protetora não tenham sido contaminadas; - O número de reutilizações é variável, de acordo com o fabricante, mas deve ser trocada quando a agulha começar a causar desconforto durante a aplicação (considera-se adequada a reutilização por até oito aplicações, sempre pela mesma pessoa); - A seringa e a agulha em uso podem ser mantidas em temperatura ambiente; - Após o uso, a seringa deve ser “recapada” pela pessoa; - Não se recomenda higienização da agulha com álcool; - O descarte da seringa com agulha acoplada deve ser realizado em recipiente próprio para material perfurocortante, fornecido pela Unidade Básica de Saúde (UBS), ou em recipiente rígido resistente, como frasco de amaciante. Não é recomendado o descarte do material em garrafa PET devido a sua fragilidade. Quando o recipiente estiver cheio, a pessoa deve entregar o material na UBS para que a mesma faça o descarte adequado. - Adesão ao tratamento: - Pode ser influenciada pelas interações medicamentosas (BB não seletivos, etanol, IMAO) - Cálculos complexos - Técnica de aplicação das insulinas, com rodízio de aplicações - Automonitoramento da glicemia capilar (AMGC) - Alterações no estilo de vida, alimentação/ dieta balanceada EFEITOS ADVERSOS DAS INSULINAS E MANJEO - Hipoglicemia: é a complicação aguda mais comum e temida no tratamento do DM1. Os episódios de hipoglicemia ocorrem devido ao desequilíbrio entre a dose de insulina administrada e o consumo alimentar. O excesso absoluto de insulina pode ser resultado de uma administração equivocada de insulina (troca do tipo ou aumento da quantidade aplicada). Quando há uma ingestão reduzida de carboidratos, omissão de refeições ou aumento da utilização de glicose (durante o exercício, por exemplo), o excesso de insulina é relativo e pode culminar em episódios de hipoglicemia. Sintomas neuroglicopênicos (fome, palidez, tontura, cefaleia, convulsão, coma, agressividade) ocorrem se glicose < 55mg/dL. Hipoglicemia é uma consequência do tratamento e não da doença - Manejo: é recomendado reduzir a dose em 4U ou 10% da dose. O paciente pode ingerir 10 g a 20 g de carboidrato de absorção rápida; repetir em 10 a 15 minutos, se necessário (evitar lipídeos e proteínas). Se a pessoa não conseguir engolir, não forçar. Pode-se colocar açúcar ou mel embaixo da língua ou entre a gengiva e a bochecha e levá-lo imediatamente a um serviço de Saúde. Se existirem sinais de hipoglicemia grave, administrar 25 mL de glicose EV a 50% (4-8 ampolas + glicose de manutenção) em acesso de grande calibre, com velocidade de 3 ml/min e manter veia com glicose a 10% até recuperar plenamente a consciência ou glicemia maior de 60 mg/dL; manter então esquema oral, observando o paciente enquanto perdurar o pico da insulina; pacientes que recebem sulfonilureias devem ser Isa Castilho - T6 observados por 48h a 72h para detectar possível recorrência. Na hipoglicemia grave, no hospital, pode ser usado Glucagon SC ou IM 1mg - Outros efeitos adversos: aumento de peso, edema, hipersensibilidade cutânea, reação no local de aplicação (lipoatrofia e hipo- hipertrofia) RENAME 2020 - Insulina humana NPH- Insulina humana Regular - Insulina análoga de ação prolongada - Insulina análoga de ação rápida - Agulhas para caneta aplicadora - Caneta aplicadora - Seringa com agulha acoplada para aplicação - Lanceta para punção digital - Tira reagente de medida de glicemia capilar CASO CLÍNICO 1 Manuel, 15 anos (70kg) chega a UBS acompanhada de sua mãe Mariá. Está em tratamento com insulina há 5 anos. Seu regime terapêutico atual inclui insulina NPH e insulina regular. Ele aplica 36UI de NPH e 4UI de regular a cada manhã antes do café da manhã. Aplica também 26UI de NPH e 4UI de regular antes do jantar. Sua A1c mais recente foi 8,9%. Ele realiza AMGC 2x/dia, antes do café e do jantar, e relata que suas leituras têm estado na maioria das vezes abaixo de 100 mg/dL. Devido à discrepância entre as leituras de glicemia e a A1c, o médico solicitou que conferisse a glicemia antes e após as refeições durante 4 dias e voltasse ao consultório. Os resultados foram os seguintes: Você é o médico (a) que está analisando os resultados, enquanto isso pergunta a Mariá: MÉDICO (A): Sei que é você que aplica as insulinas no Manuel. Me conte como faz esta aplicação? MARIÁ: Ah doutor eu limpo a pele dele com álcool, deixo secá, dou uma agitadinha nos frascos, puxo a insulina transparente primeiro, depois puxo a branquinha dou uma batidinha na seringa pra misturá e aplico. Uso a seringa várias vezes nele.... é só pra ele mesmo... dae não preciso ir muito seguido na UBS porque é meio longe da minha casa, sabe??!! Tava aplicando só na barriga e no braço esquerdo porque ele diz que dói e ele escreve com o braço direito. Dae apareceu essa ‘bola’ na barriga dele. O que será que é doutor? MÉDICO (A): Entendi Mariá. Vamos falar dessa ‘bola’... E você guarda onde as insulinas? MARIÁ: Guardo dentro da geladeira na porta, assim que tiro da geladeira aplico porque senão pode estragar. MÉDICO (A): E depois de aplicar você descarta onde? MARIÁ: Jogo em uma garrafa PET de Guaraná, quando enche levo na UBS. MÉDICO (A): Entendi Mariá, vamos falar então um pouco do tratamento do Manuel. Manuel é importante que você preste atenção nas informações que vou passar agora para você aprender a fazer também, ok? MANUEL: Tudo bem doutor (a). MARIÁ: Ah doutor esqueci de comentar, Manuel estava bem ruim da alergia e faz mais ou menos duas semanas que estou dando Predsim para ele tomar 1x pela manhã antes dele ir para a escola. Era de uma receita antiga que achei lá em casa. Acho que não tem problema né?? Ele está bem melhor da alergia, tenho medo de parar e ele começar a reclamar de novo. Posso continuar? 1. Qual conduta farmacológica (regime posológico) e não farmacológica à Manuel? - Conduta farmacológica: - Dose atual = 1 UI/kg/dia ao total —> aumentar para 1,5 UI/kg/dia = dose total de 105UI/dia (50 de manhã [2/3] = 30NPH + 20R, 20 a noite [1/3] = 10NPH + 10R) - Diminuir NPH e aumentar a regular - Posologia de múltiplas aplicações: NPH pela manhã e ao deitar (2x/dia), Insulina regular com aplicações conforme HGT no café da manhã, almoço e jantar (3x/dia) - Fazer prescrição de corticite tópico - Conduta não farmacológica: - MEV - Hábitos de vida saudáveis são a base do tratamento do diabetes, sobre a qual pode ser acrescido – ou não – o tratamento farmacológico. Manter uma alimentação adequada e atividade física regular, evitar o fumo e o excesso de álcool e estabelecer metas de controle de peso - Não é necessário realizar limpeza do local de aplicação com álcool - Alterar o local de aplicação no corpo da insulina - Orientar sobre armazenamento da insulina (não deve ficar na porta) - Após aberto, o frasco pode ser mantido em temperatura ambiente para minimizar dor no local da injeção - Orientar sobre lipo-hipertrofia - Descarte correto das agulhas e seringas - Realizar AMGC mais vezes ao dia CASO 2 Thais, 23 anos com DM 1 e está sendo tratada com o seguinte regime: - Antes do café da manhã: 8 UI de insulina aspart e 20 UI de insulina detemir - Antes do jantar: 4 UI de aspart - Antes de dormir: 12 UI detemir Isa Castilho - T6 Os valores de glicose no sangue capilar são mostrados na tabela abaixo: 1. Qual a interpretação e conduta à Thais? Detemir (insulina análoga de longa duração), Asparte (insulina análoga de curta duração). A paciente apresenta valores pré-prandiais dentro das metas de glicemia capilar, mas os valores antes de dormir (= após janta = pós-prandial) estão alterados, acima dos valores de referência. Assim, a conduta deve ser de aumentar a quantidade de insulina aplicada antes de dormir. Avaliar a rotina de alimentação da paciente pela noite (pode ter relação com a alteração glicêmica). CASO 3 Ingrid, 10 anos foi diagnosticada DM1. Vai começar o tratamento. Foi prescrito 30UI de insulina NPH pela manhã e 18UI de insulina NPH à noite, antes do jantar. Há cerca de 10 dias, refere dormir mal, com pesadelos noturnos tendo episódio de hipoglicemia às 4h da manhã (50mg/dL). Também tem observado piora nas glicemias em jejum realizadas pela manhã (resultados em torno de 260 mg/dL). As demais glicemias capilares ao longo do dia têm estado normais. 1. Qual a interpretação e conduta à Ingrid? A paciente teve Efeito Somogyi, que é a ocorrência de hipoglicemia noturna (durante a madrugada), com hiperglicemia matinal rebote, pela liberação dos hormônios contrarreguladores na madrugada após a hipoglicemia, e a conduta para esse caso seria de reduzir a dose da insulina NPH noturna. HIPOGLICEMIANTES/ ANTIDIABÉTICOS ORAIS ADO FÁRMACOS MECANISMO FARMACOCINÉTICA E ADMINISTRAÇÃO REDUÇÃO DA GLICEMIA EM JEJUM REDUÇÃO DA HbAc1 (%) CONTRAINDICAÇÕES, REAÇÕES ADVERSAS, ORIENTAÇÕES SULFONILUREIAS (SECRETAGOGO) Clorpropamid a (125-500mg), Glibenclamid a (2,5-20mg), Glipizida (2,5-20mg), Gliclazida (40-320mg), Gliclazida MR (30-120mg), Glimepirida (1-8mg) Aumenta a secreção de insulina pelas células beta pancreáticas Têm até 3 gerações, mas fazem muita hipoglicemia (cuidar com idosos) 1-2 tomadas/ dia. Gliclazida é mais segura quanto à Glibenclamida, porém é mais onerosa (só é fornecida para pacientes > 60 anos), além de a Gliclazida ser permitida para pacientes DRCs. Usado em monoterapia, combinada ou com insulina. Diminui glicemia basal (jejum e no dia) 60-70mg/dL 1,5-2% Contraindicações: gestação, insuficiência renal (exceto Glilazida) e hepática, DAC, IC, angina. Desvantagem = eficácia diminui com o tempo de uso (exaustão das células beta), álcool Reações adversas/ desvantagens: hipoglicemia (principalmente com Clorpropamida), ganho de peso, não protege contra retinopatia Vantagens: redução do risco de complicações microvasculares, redução maior da HbA1c. DM < 5 anos (diagnóstico recente), idade > 40 anos e glicemia < 200 respondem melhor METIGLINIDAS (SECRETAGOGO) Repaglinida (0,5-16mg), Nateglinida (120-360mg) Aumenta a secreção de insulina 3 tomadas/ dia antes das refeições.Ação mais rápida e mais curta que as Sulfonilureuas. Diminui a glicemia pós- prandial. Se não comer = não tomar (aumenta insulina = maior risco de hipoglicemia) 20-30mg/dL 1-1,5% Contraindicações: gestação Reações adversas/ desvantagens: hipoglicemia, ganho ponderal discreto Vantagens: redução do espessamento médio intimal carotídeo (Repaglinida), redução da variabilidade da glicose pós-prandial, flexibilidade de dose ADO ANTIDIABÉTICOS ORAIS 1. Hipogliemiantes: aumentam a secreção de insulina 1. Sulfoniluréias: GLibenclamida, Gliclazida 2. Glinidas: Repaglinida 2. Anti-hiperglicemiantes: não aumentam a secreção de insulina 1. Inibidores da alfa-glucosidase: Acarbose, Miglitol, Voglibose 2. Glitazonas: Pioglitazona 3. Biguanidas: Metformina 3. Dependente de glicose/ supressão de glucagon: aumentam a secreção de insulina de forma dependente de Glicose e que diminuem a secreção de Glucagon 1. Análogos do GLP-1: Enexantida, Liraglutida 2. Gliptinas/ inibidores da DPP-4: Sitagliptina, Linagliptina 4. Promovem glicosúria:1. Inibidores de SGLT2 Isa Castilho - T6 INIBIDORES DO SGLT-2 Dapaglifozina (5-10mg), Empaglifozin a (10-25mg), Canaglifozina (100-300mg) Inibidor do receptor SGLT2, causa prevenção de reabsorção de glicose no túbulo proximal renal, promove glicosúria 1x/dia antes da 1˚ refeição, (Dapaglifozina, Empaglifozina), Canaglifozina. Age no rim (arteríola aferente e eferente), ajuda a controlas HAS e controle de peso 30mg/dL (monoterapia) 0,5-1% Contraindicações: TFG < 45 Reações adversas/ desvantagens: pode piorar infecção urinária e candidíase (glicosúria = aumenta glicose), N/V, sede, constipação, prurido, Síndrome de Fournier Vantagens: ajuda na perda de peso, controla pressão arterial, IC, tratamento de doença hepática não gordurosa (Empaglifozina) BIGUANIDAS Metformina (1.000-2.550m g), Metformina XR (1.000-2.550m g) Redução da produção hepática de glicose com menor ação sensibilizador a da ação insulínica e aumento da captação hepática de glicose 1˚ escolha para tratamento de DM2 2-3 tomadas/ dia, Deve ser iniciada no momento do diagnóstico, junto com o tratamento não farmacológico. 60-70mg/dL 1,5-2% Contraindicações: gestação (diretriz internacional libera), insuficiência renal (TFG < 30), insuficiência hepática, cardíaca ou pulmonar, acidose lática grave Reações adversas/ desvantagens: desconforto abdominal, D/N, efeitos GIs deficiência de vitamina B12 (atentar para neuropatia), risco de acidose lática (raro). Apresentação de liberação prolongada (XR) causa menos efeitos GIs Vantagens: redução maior da HbA1c, diminuição de eventos CVs, prevenção de DM2, melhora do perfil lipídico, diminuição do peso INIBIDORES DA ALFA- GLICOSIDASE Acarbose (50-300mg) Retardo da absorção de carboidratos no intestino delgado, atuando na glicemia pós- prandial 3 tomadas/ dia. Possui baixa eficácia, mas pode ser associado a qualquer ADO. Devido à baixa eficácia raramente são usados isoladamente, não são usados como terapia inicial, mais úteis em associação 20-30mg/dL 0,5-0,8% Contraindicações: gestação, DII, cirrose Reações adversas/ desvantagens: meteorismo, flatulência, diarréia, redução discreta da HbA1c Vantagens: prevenção de DM2, redução do espessamento médio intima carotídeo, melhora do perfil lipídico, redução da variabilidade da glicose pós-prandial, rara hipoglicemia, diminuição de eventos CVs *Uso com sulfonilureias pode causar hipoglicemia tratar com glicose oral (dextrose), e não com sacarose (açúcar de cana), pois a acarbose pode atrasar o tempo de absorção de sacarose. GLITAZONAS Pioglitazona (15-45mg) Aumento da sensibilidade à insulina nos músculos, adipócitos e hepatócitos (sensibilizador es de insulina), inibe a lipólise, diminui resistência insulínica 1 tomada/ dia, possui eficácia semelhante às Sulfonilureias e Metformina 35-65mg/dia (monoterapia) 0,5-1,4% (monoterap ia) Contraindicações: IC classes III e IV, DAC, insuficiência hepática, gestação Reações adversas/ desvantagens: retenção hídrica, anemia, ganho de peso, IC, fraturas, edema Vantagens: prevenção de DM2, redução do espessamento médio intima carotídeo, melhora do perfil lipídico, redução da gordura hepática, rara hipoglicemia, redução maior da HbA1c, redução dos TGs GLIPTINAS (INIBIDORES DA DPP-4) Sitagliptina (50-100mg), Vildagliptina (50mg), Saxagliptina (2,5-5mg), Linagliptina (5mg), Alogliptina (6,25-12,5mg) Aumento dos níveis de GLP-1, com aumento da síntese e secreção de insulina, além de redução do glucagon (DPP4 inibe incretinas) 1-2 tomadas/ dia (Sitagliptina), 2 tomadas/ dia (Vildagliptina), 1 tomada/dia (Saxagliptina, Linagliptina, Alogliptina) *Não associar com análogos do GLP-1 20mg/dL (monoterapia) 0,6-0,8% Contraindicações: hipersensibilidade aos componentes Reações adversas/ desvantagens: angioedema, urticária, pancreatite aguda, IC, náusea. Medicamento caro, precisa de ajuste de dose na DRC. Excretada pelas vias biliares = orientar sintomas de pancreatite aguda Vantagens: aumento da massa de células beta, segurança, tolerabilidade, efeito neutro em peso corporal, rara hipoglicemia FÁRMACOS MECANISMO FARMACOCINÉTICA E ADMINISTRAÇÃO REDUÇÃO DA GLICEMIA EM JEJUM REDUÇÃO DA HbAc1 (%) CONTRAINDICAÇÕES, REAÇÕES ADVERSAS, ORIENTAÇÕES ADO Isa Castilho - T6 ALGORITMO DO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DO DM2 No momento do diagnóstico de diabetes mellitus tipo 2 (DM2), além de orientar mudanças no estilo de vida (educação em saúde, alimentação e atividade física), o médico costuma prescrever um agente antidiabético oral. A escolha desse medicamento baseia-se nos seguintes aspectos: mecanismos de resistência à insulina (RI), falência progressiva da célula beta, múltiplos transtornos metabólicos (disglicemia, dislipidemia e inflamação vascular) e repercussões micro e macrovasculares que acompanham a história natural do DM2, além de estado geral e idade do paciente, obesidade, comorbidades, eficácia do medicamento, HbA1c, risco de hipoglicemia, interações medicamentosas, custo do medicamento e preferência do paciente. A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), em alinhamento com as principais sociedades médicas da especialidade, recomenda que a meta para a hemoglobina glicada (HbA1c) seja < 7%. MIMÉTICOS E ANÁLOGOS DO GLP-1 (INCRETINO MIMÉTICOS) Exenatida (5-10mcg), Exenatida de liberação prolongada (2mg), Liraglutida (0,6, 1,2, 1,8mg - Victoza), Lixisenatida (10-20mcg), Dulaglutida (0,75-1,5mg), Semaglutida (0,25-1mg) Aumento dos níveis de GLP-1, com aumento da síntese e secreção de insulina, além de redução do glucagon, retardo do esvaziamento gástrico, saciedade Aplicação por via SC (injetável) 1 injeção antes do desjejum e outra antes da janta (Exenatida), 1 injeção por semana (Exenatida de liberação prolongada, Dulaglutida, Semaglutida), 1 injeção/ dia sempre no mesmo horário (Liraglutida, Lixisenatida) 30mg/dL (monoterapia) 0,8-1,2%, até 1,8% com Semaglutid a Contraindicações: hipersensibilidade aos componentes Reações adversas/ desvantagens: hipoglicemia, principalmente quando associada a secretagogos, N/V/D, aumento da FC, possibilidade de pancreatite aguda, retarda esvaziamento gástrico (cuidar com recusa alimentar) Vantagens: aumento da massa de células beta, redução de peso, redução da PAS, rara hipoglicemia, redução da variabilidade da glicose pós-prandial, redução de eventos CVs e mortalidade em pacientes com DCV (Liraglutida, Dulaglutida, Semaglutida) FÁRMACOS MECANISMO FARMACOCINÉTICA E ADMINISTRAÇÃO REDUÇÃO DA GLICEMIA EM JEJUM REDUÇÃO DA HbAc1 (%) CONTRAINDICAÇÕES, REAÇÕES ADVERSAS, ORIENTAÇÕES ADO Isa Castilho - T6 3. Quais os possíveis esquemas de insulinoterapia para pacientes com DM2? Diferentemente do que ocorre no diabetes mellitus tipo 1 (DM1), em que 100% dos pacientes precisam de insulina exógena no tratamento, a maioria dos pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2) não utiliza insulina inicialmente após o diagnóstico. A frequência de uso da insulina no tratamento do DM2, seja em combinação com outros hipoglicemiantes, ou isoladamente, aumenta progressivamente à medida que se prolonga o tempo de doença (declínio progressivo da função da célula beta). A insulina pode entrar no esquema terapêutico do DM2 logo ao diagnóstico, em casos que se apresentam com alto grau de descompensação metabólica; pode ser usada transitoriamente, nesses mesmos casos ou em situações especiais, como período perioperatório, infecções, doenças intercorrentes; pode compor parte de um esquema combinado de tratamento em uma parcela significativa de pacientes com DM2 após alguns anos de evolução, à medida que a reserva pancreática se reduz; e pode ser usada em esquemas mais complexos e intensivos, como os utilizados no DM1, naquela parcela de pacientes com DM2 que evoluem com falência completa da célula β após longotempo de doença. Recomenda-se iniciar a insulinização de pacientes com DM2 com uma insulina basal, geralmente em combinação com outros medicamentos hipoglicemiantes. Titulação progressiva da dose deve ser realizada de acordo com níveis de glicemia capilar apresentados. Quando há hiperglicemia pós-prandial significativa, não controlada com associação entre insulina basal e outros medicamentos, o uso de insulina prandial passa a ser necessário. Aspirar antes da IR e NP depois - Meu paciente DM2 não usa insulina, preciso monitorar a glicemia capilar? - Sim. A monitorização contínua de glicose (CGM) possibilita a medição da concentração de glicose no líquido intersticial (que se correlaciona com a glicose plasmática) em curtos intervalos de tempo e apresenta curvas contínuas para avaliação. A medição contínua permite identificar os níveis atuais de glicose, assim como as tendências futuras de aumento, estabilidade ou queda da glicose. - Quanto mais estável = menos necessidade de monitorização capilar, mas mesmo assim precisa monitorizar TRATAMENTO DE DM1 E 2 NAS GESTANTES Atualmente, tendo sido comprovadas a segurança e a eficácia da insulina no controle da glicemia, prevalece a orientação de descontinuação do uso de antidiabéticos orais, garantindo-se sua imediata substituição por insulina, de preferência antes da gravidez ou logo após o seu diagnóstico. Não existem, até o momento, estudos controlados que comprovem se é seguro o uso de antidiabéticos orais em gestantes com DM2. A Glibenclamida atravessa a placenta, e a Metformina o faz em quantidades significativas. Devem-se utilizar esquemas intensivos de insulinização, com múltiplas doses subcutâneas de insulina de ação intermediária, rápida ou ultrarrápida ou mediante infusão subcutânea contínua. Em mulheres que usavam insulina antes da gravidez, geralmente é necessário reduzir a sua dose em 10 a 20%, durante o primeiro trimestre. Entre a 18˚ e a 24˚ semanas de gestação, essa dose pode ser aumentada. No terceiro trimestre, o aumento da produção de hormônios placentários com ação antagônica à da insulina resulta em necessidade ainda maior de elevação da dose de insulina, chegando a atingir o dobro ou o triplo da dose usada na pré-gravidez, e as necessidades de insulina diminuem abruptamente após o parto (ajustar para dose pré-gravídicas ou 30% da dose final). Pacientes com DM2 geralmente necessitam de uma dose inicial diária entre 0,5 e 0,7 unidade/kg de peso. As doses devem ser frequentemente ajustadas conforme os resultados do auto- monitoramento da glicemia capilar. Os análogos de insulina de ação ultrarrápida, como as insulinas asparte e lispro, são seguros durante a gestação e levam à melhora dos níveis de glicemia pós-prandial e a diminuição da ocorrência de hipoglicemias. A insulina humana NPH ou o análogo de ação prolongada detemir são opções seguras de insulina basal na gestação. Em bula brasileira, a Anvisa autorizou o uso de insulina glargina, se clinicamente necessária. A indicação do uso de bomba de infusão contínua pode ser especificamente vantajosa nos casos de gestantes que experimentam episódios frequentes de hipoglicemia ao longo do dia e da noite. Os anti-hipertensivos a serem utilizados são a metildopa, os bloqueadores de canais de cálcio não di-hidropiridínicos de duração prolongada e os β-bloqueadores com atividade β-agonista parcial, como carvedilol, labetalol e pindolol (suspender uso de iECAs e BRAs). A aspirina em baixa dose (60-150 mg/dia) deve ser prescrita nas gestantes com DM1e DM2 a partir do final do primeiro trimestre até o nascimento do bebê, a fim de diminuir o risco de pré-eclâmpsia. - DM gestacional = resolve com dieta e com atividade física. Se mesmo assim não resolver, aí entra com as insulinas humanas ESQUEMAS DE INSULINIZAÇÃO - Insulina ao deitar (Bedtime): Esta é a forma mais utilizada para iniciar o tratamento com a insulina. Neste esquema mantêm-se os agentes orais e acrescenta-se insulina NPH ao deitar na dose de 10 a 15 U (0,2 U/kg nos mais obesos). Orientar a fazer o autoajuste na dose conforme a glicemia capilar, seguindo o esquema da tabela. Também é chamado de esquema de insulina basal combinada com hipoglicemiantes - Insulina basal-plus com ou sem hipoglicemiantes orais: esquema basal combinado + aplicação de insulina regular (IR) rápida antes de uma das refeições (café, almoço ou janta), dependendo do nível glicêmico pelo controle capilar. Indicado para pacientes que tenham alteração da glicemia em apenas um horário - Esquema convencional/ clássico/ insulinização plena: Se nos controles de glicemia capilar (jejum, antes do café, antes do almoço e ao deitar) mais de um período estiver fora da meta ou a dose de insulina bedtime estiver acima de 30 U deve-se adotar a insulinização plena. Não manter mais Sulfoniluréia. No esquema convencional clássico utiliza-se insulina NPH e regular 2x/dia. A dose total de insulina a ser aplicada depende do peso do paciente sendo administrado dose total de 0,5 a 1,0 UI/kg/dia. Aproximadamente 2/3 da dose total da insulina antes do café e 1/3 antes do jantar, sendo que a dose antes do café de 2/3 NPH e 1/3 IR, e antes do jantar 1/2 da dose é de NPH e 1/2 de IR Isa Castilho - T6 - Mulher que já tem diagnóstico de DM antes da gestação = necessidade de Metformina (não é uma contra-indicação na gestante) - Existe divergência entre o tratamento, mas a Metformina geralmente é usada quando há resistência à insulina - Preferir as insulinas humanas (NPH e IR) MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS PARA TRATAMENTO DO DM2 Constituem as MEV, como por exemplo abandono do tabagismo, abandono do etilismo, perda de peso, dieta adequada (DasH), prática de exercícios físicos (principalmente os aeróbicos), controle glicêmico. MEDICAMENTOS COM POTENCIAL HIPERGLICEMIANTE - DIU tiazídicos - AHCO - Corticóides/ glicocorticoides - Antipsicóticos de 2˚ geração - Antirretrovirais - BB RENAME 2020 - Metformina (500mg, 850mg) - Gliclazida (30mg, 60mg, 80mg) - Glibenclamida (5mg) HIPOGLICEMIANTES - EUROPEAN SOCIETY OF CARDIOLOGY CONGRESS 2020 Os inibidores SGLT2 (Dapaglifosina, Empaglifosina), inicialmente criados para tratar diabetes tipo 2, mostraram atuação no tratamento da insuficiência cardíaca, reduzindo a mortalidade cardiovascular e eventos cardiovasculares mesmo em pacientes não diabéticos. O estudo DAPA-HF mostrou redução de eventos cardiovasculares e internações hospitalares em pacientes com insuficiência cardíaca de fração de ejeção reduzida (ICFEr), mesmo sem diabetes, com o uso da Dapaglifozina. O estudo EMPEROR-Reduce se propôs a testar a Empaglifozina neste cenário. O estudo foi apresentado no congresso virtual da European Society of Cardiology (ESC 2020). Estes efeitos parecem não estar ligados à redução da glicose sérica, uma vez que outros hipoglicemiantes não apresentaram os mesmos resultados, mostrando que os benefícios dos inibidores SGLT2 vão além do tratamento do diabetes. O EMPEROR-Reduce foi um estudo multicêntrico desenvolvido em mais de 20 países, duplo cego e randomizado, que contou com 3.730 pacientes (1.863 no grupo da empaglifozina e 1.867 no grupo placebo). Os critérios de inclusão foram: - Adultos (≥ 18 anos) com disfunção ventricular sistólica (NYHA II,III ou IV) - Fração de ejeção menor ou igual a 40% - Os pacientes deveriam estar recebendo o tratamento padrão para ICFEr; - Houve uma preferência por pacientes com doença mais avançada e níveis de BNP mais elevados. O estudo EMPEROR-Reduce provou que a Empaglifozina reduziu um composto de mortalidade cardiovascular e hospitalização por ICFEr (25% de redução), ainda que a redução nas hospitalizações tenha sido mais significante. Além disso, a droga mostrou um efeito protetor da função renal. Os resultados conjuntos dos estudos com inibidores SGLT2 no tratamento de pacientes com ICFEr são robustos o bastante para que esse tratamento seja aventado como tratamento padrão nesses casos. O DAPA-HF é a primeira evidência debenefício das gliflozinas em não-diabéticos, o que deve ampliar a indicação limitada pelaHbA1c. CASO 1 Sr Roberto, 60 anos, HAS, descobre “glicose alterada”em exames pré-operatórios de cirurgia de catarata. Sem atecedentes de qualquer doença, assintomático. Usa: Losartana HCTZ 50/12,5mg/dia. Está motivado para realizar mudanças comportamento necessárias para "não precisar usar nenhum medicamento a mais”. Peso: 93,7kg, IMC 31,6, GJ: 143mg/dL, Hb1Ac: 8,4%, CT: 265mg/ dL, HDL 46mg/dL, LDL: 110mg/dLm TG: 177mg/dLm Cr:0,9mg/dL. Sobre o diagnóstico e metas do tratamento: - Diagnóstico: - O paciente é diabético e deve ter metas de tratamento agressivas (associar Metformina com algum outro medicamento de outra classe). Prevenir complicações micro e macrovasculares do futuro, evitar a inércia terapêutica. Metformina em monoterapia associada a MEV seria indicada se HbA1c < 7% - Opções de tratamento: - Metformina 2g/dia + Linagliptina 5mg/dia - Metformina 2g/dia + Gliclazida 60mg/dia - Metformina 2g/dia + Dapaglifoniza 10mg/dia - Metformina 2g/dia + Liraglutida 1,2mg/dia (melhor opção) CASO 2 Neide, 58 anos, branca, com queixa de que a diabetes dela não melhora. Dieta irregular, caminhadas eventuais, em uso de Glibenclamida 5mg 2x/dia (café e jantar) e Metformina 850mg 2x/dia. Refere que há 4 meses perdeu peso (5kg), apresentou dores pelo corpo. Há 30 dias foi à UBS, foi orientada a suspender Glibenclamida, iniciar Insulina NPH 20UI no café da manhã e manter a Metformina na mesma dose, sua glicemia capilar em jejum permanece alta (250mg/dL), seu peso é de 57kg, refere que os sintomas permanecem. Paciente com HAS, em uso de Losartana 50mg 2x/dia, dislipidemia há 6 anos em tratamento com Sinvastatina 20mg/ dia. - Começar a insulina o paciente na hora de dormir (Bedtime = para regular a insulina de jejum) e não junto com a refeição, como foi feito - Fazer 2 classes de medicamentos + Insulina NPH, devido ao valor da HbA1c - Reduzir a dose da Insulina NPH e mudar para a hora de dormir - Reforçar as medias de estilo de vida - Manter Glibenclamida, mas fazer terapia combinada, e não monoterapia CASO 3 Silas, 41 anos, sobrepeso, tabagista, hipertenso. HbA1c de 10,9% e GJ de 287mg/dL. Referiu poliúria e era de peso de 6kg em 1 mês Iniciar Metformina seria correto? Não = deveria insulinizar (HbA1c > 9%) CASO 4 Lúcia, histórico de DM2 por 5 anos, com histórico de osteopenia e HAS, em uso de Metformina 1g/ 2x dia e Gliclazida 120. IMC 29, PA 140/80mmHg, foi submetida à RVM á 3 anos após um IAM, resultando em IC grau II, relata hipoglicemia. Hb1Ac 8,5%, glicemia de jejum de 174. A paciente se recusa a usar medicaria injetável https://pebmed.com.br/atividade-fisica-como-protecao-para-insuficiencia-cardiaca-em-pacientes-de-alto-risco/ https://pebmed.com.br/tag/esc-2020/ Isa Castilho - T6 - Metformina + inibidor de SGLT-2 - Independentemente da Hb1Ac (se apenas DM = nortear pela Hb1Ac) - Pioglitazona faz retenção hídrica (Glitazona), faz aumento da sensibilidade à insulina nos músculos, adipócitos e hepatócitos. Causa osteopenia (evitar nesta paciente) CASO 5 Neide, 63 anos, Hb1Ac 8%, HAS (PA 160/100mmHg), dislipidemia, IMC 34. Em uso de Metformina 850mg VO 1x/dia com alimento há 6 meses, Lisinipril 20mg VO 1x/dia, Olanzapina 5mg VO 1x/dia HD há 1 ano, AAS 100mg VO 1x/dia, Atorvastatina 40mg VO 1x/dia. Qual o problema da farmacoterapia da paciente? - Metformina está em monoterapia e apenas 1x/dia = mudar para 2x/dia e associar análogo GLP-1 - Monoterapia para HAS está errada (associar outro medicamento - diurético, BCC) - Não há indicação de uso de AAS - Olanzapina é hiperglicemiante = monitorar - DM + HAS (fator de risco CV) + dislipidemia = independente da Hb1Ac = obrigatoriamente Metformina + inibidor SGLT-2 - Orientar MEV CASO 6 Sr. Francisco, 67 anos, DM2 com Hb1Ac 9,5%, dAC, IMC 18. Qual a melhor escolha para tratamento? Insulina + DPP-4 (Linagliptina), pois é uma associação segura para idosos, diminui os riscos de hipoglicemia CASO 7 Joaquim, 55 anos, 85kg, histórico prévio de HAS, diagnóstico recente de DM2 (HbA1c 7,3%). procura o médico pois está sentindo dificuldade aderir ao tratamento com Metformina. Refere estar tendo diarréia diariamente. Medicamentos em uso: Anlodipino 5 mg antes do café e Metformina 850 mg antes do café e do almoço. Qual a conduta? - Trocar Metformina por Metformina XR (liberaçao prolongada) = melhora sintomas do TGI - Orientar quando a MEV (possui IMC de 30) - Adicionar iECA ou BRA (está em monoterapia para HAS) ALTERAÇÕES DA TIREÓIDE E OBESIDADE CASO 1 Sandra, 52 anos apresenta-se no consultório devido à fadiga. Ela sente-se vagarosa há meses e acha que pode estar anêmica. Começou a tomar comprimidos de ferro, mas não está se sentindo melhor. Tem dormido bem e não se sente deprimida. Percebeu certo afinamento dos cabelos e sente como se sua pele estivesse seca. Fumou um maço de cigarros por dia durante cerca de 20 anos, bebe álcool ocasionalmente e não faz exercícios. Sua mãe toma algum tipo de pílula para tireoide e tem diabetes. Ao exame, a pressão arterial e o pulso estão normais. Seu cabelo está fino, mas não há regiões focais de alopecia ou cicatrizes do couro cabeludo. Sua pele é difusamente seca. Sua glândula tireoide é difusamente aumentada à palpação, é indolor e não tem nódulos. O restante de seu exame é normal. Os exames laboratoriais apresentam hemograma completo, glicose e eletrólitos normais. O nível do hormônio estimulante da tireoide (TSH) é elevado, e o nível de T4 é reduzido. Você a diagnostica com hipotireoidismo e inicia um tratamento com levotiroxina sódica oral. Pergunta-se: 1. Como é a produção e regulação dos hormônios tireoidianos? A síntese dos hormônios tireoidianos segue uma cascata de produção: Ocorre transporte ativo de iodeto (iodo = principal elemento para a síntese dos hormônios tireoideanos) para o interior da célula tireoides, então oxidação do iodeto e ligação a resíduos tirosil da tireoglobulina (Tg), formando a monoiodotirosina (MIT) e diiodotirosina. Ocorre acoplamento de 2 moléculoas de DIT para formar o T4 ou MIT + DIT para formar o T3. Então ocorre proteólise da Tg, com liberação dos hormônios livres na circulação. A trepide normal produz todo o T4 circulante e 20% do T3. O resto do T3 provém da desiodinação periférica do T4, por meio da ação das desiodinases tipo 1 (D1) e tipo 2 (D2). A maioria da atividade dos hormônios tireoidianos provém dos efeitos do T3, que tem mais afinidade pelo receptor e é de 4 a 10X mais potente do que o T4. Há ainda a deiodinase tipo 3 (D3), que é responsável pela metabolização periférica do T4 em T3 reverso ou rT3, metabolicamente inativo. Quando liberados na circulação, T4 e T3, se ligam de maneira reversível à globulina ligadora da tirocina (TBG), a transtirretina (TTR) e albumina. Sua ação é mediada por 3 subtipos de receptores nucleares (TRa-1, TRb-1 e TRb-2). Atuação da enzima TPO e das deosinases 1 e 2. Os níveis de hormônios tireoidianos circulantes são regulados por um complexo sistema de feedback que envolve o hipotálamo e a hipófise. A tireóide é controlada pelo eixo hipotalâmico-hipofisário-tireoidiano. O TSH, produzido pelas células tireotróficas da hipófise anterior se liga aos receptores específicos nas células tireoidianas e estimula a síntese de T3 e T4, e sua liberação. A síntese e secreção do TSH são inibidas pelos hormônios tireoidianas, devido ao Feedback negativo, e estimuladas pelo hormônio liberador da tireotrofina (TRH), que é produzido no hipotálamo. A secreção do TSH é pulsátil e apresenta um ritmo circadiano, com pulsos de secreção ocorrendo entre as 22h e 4h. Esses hormônios irão atuar no controle de temperatura do corpo, no metabolismo, reserva de energia, crescimento e desenvolvimento. A forma livre é a que possui a importância fisiológica na produção ou não desses hormônios. Hormônio tireoidiano ligado as proteínas plasmáticas: 70% ligados a TBG (globulina ligadora de tiroxina,10% à TBPA (pré- albumina ligadora de tiroxina ou transtirretina e 15% à albumina) T3 T4 TSH TRH Produzido pela tireóide. É o mais ativo Produzido pela tireóide. Se converte em T3 nos tecidos periféricos Produzido pela hipófise anterior (células tireotróficas), secretado em pulsos em ritmo circadiano Produzido pelo hipotálamo Faz feedback negativo sobre o TSH Faz feedback negativo sobre o TSH Estimula a síntese de T3 e T4 Estimula a produção de TSH MIT + DIT 2 moléculas de DIT Sofre o feedback negativo de T3 e T4 Isa Castilho - T6 2. O que é a levotiroxina sódica? Qual é o mecanismo de ação? Quais os principais efeitos colaterais e a farmacocinética? Levotiroxina sódica ou L-tiroxina é um hormônio sintético que tem função do T4 que é utilizado no tratamento de reposição hormonal quando há déficit de produção de tiroxina pela glândula tireoide (= em pacientes com hipotireoidismo). Os principais efeitos adversos incluem hipersensibilidade, taquicardia, palpitações, dor angionosa, rash cutâneo, urticária, sudorese, insônia, irritabilidade. Esses sintomas adversos geralmente estão associadas a uma dosagem excessiva e correspondem aos sintomas do hipertireoidismo. Atentar para medicamentos que possuem interação com a Levotiroxina (medicamentos que podem afetar a função da tiroide = amiodarona, inibidores da tirosina quinase, salicilatos e furosemida em altas doses). A levotiroxina atua da mesma forma que a tiroxina endógena que é convertida no fígado e nos rins em T3, o seu metabólito ativo. Os hormônios aumentam sua solubilidade ao se complexar com a globulina de ligação à tiroxina (TBG) e à transtirretina. Orientar o paciente quanto ao horário ide ingesta: precisa ser pela manhã e em jejum (relacionada com o ciclo circadiano e com a boa absorção em meio ácido = jejum) de pelo menos 30-60min. Como tem a meia vida longa, sua administração é de 1x/dia. A náusea pode comprometer a adesão ao tratamento = tomar pela noite o medicamento (mas o preferível é se for pela manhã mesmo). 3. Após o início do tratamento, quanto tempo depois a paciente terá que ser avaliada? Após 4-6 semanas do início do tratamento. A avaliação da resposta ao tratamento é feita com a dosagem de TSH e T4 livre. Caso os níveis de TSH permaneçam elevados, a reposição de Levotiroxina deve ser ajustada (aumentar a dose até que o TSH esteja com valor normalizado). Depois dessa dose alcançada, uma nova avaliação pode ser feita após 6-12 meses. Se o TSH permanecer ↑ do intervalo de referência, a dose de T4 pode ser ↑ em 12 a 25 mcg / dia. O paciente precisará repetir a medida do TSH em 6 semanas. A dosagem sérica de T4 pode ajudar na detecção de ausência de adesão ao tratamento, má absorção ou alterações na bioequivalência da formulação de levotiroxina. - Valor normal de TSH: entre 0,5 e 5 mU/L para adultos TRATAMENTO HIPOTIREOIDISMO MEDICAMENTO MECANISMO USO FARMACOCINÉTICA EFEITOS ADVERSOS LEVOTIROXINA SÓDICA L-tiroxina, T4, Euthyrox, Puran Hormônio sintético que tem função do T4 que é utilizado no tratamento de reposição hormonal quando há déficit de produção de tiroxina pela glândula tireoide (= em pacientes com hipotireoidismo). Tem 1/2 vida de 7 dias, é absorvida no jejuno e íleo, 2-3h após a ingesta A dose inicial deve ser de 1,6-1,8mcg/ kg/dia (adulto de 70kg = 112mcg/ dia). A avaliação da resposta ao tratamento é feita com a dosagem de TSH e T4 livre após 6 semanas. Deve ser tomado pela manhã e em jejum (20-30min antes de comer) com água Cardiopatas: iniciar com dose menor (25-50mcg/dia). Pode aumentar a demanda de O2 no miocárdio, causar angina, arritmias. Iniciar e ir titulando lentamente Idoso: iniciar com dose menor (25-50mcg/dia). Iniciar e ir titulando lentamente Possui meia-vida longa (permite tomada única diária). Reavaliar o paciente após 4-6 semanas Hipersensibilidade, taquicardia, palpitações, dor angionosa, nervosismo, perda de peso, intolerância ao calor rash cutâneo, urticária, sudorese, insônia, irritabilidade. Esses sintomas adversos geralmente estão associadas a uma dosagem excessiva e correspondem aos sintomas do hipertireoidismo. Isa Castilho - T6 4. Paciente poderia utilizar T3 ao invés de T4? Justifique. Sim, pois o hormônio ativo T3 (Liotironina) se mostra mais eficaz/ ativo, visto que o T4 é forma inativa do hormônio (o corpo precisa convertê- lo em T3 para ser usado). Porém a Indústria Farmacêutica não produz mais essa medicação, e o T3 apresenta mais efeitos adversos e menor tempo de meia-vida (1 dia) que o T4. Usar o T3 quando precisar de um início de ação bem mais rápido (coma mixedematoso ou doenças em acompanhamento hospitalar). Ainda estão sendo feitos estudos sobre o caso. A terapia combinada ainda é um tratamento experimental, utilizada a critério do médico assistente. Parece ser benéfica aos pacientes que persistem sintomáticos com a monoterapia. Porém, mais ensaios clínicos com ênfase em doses e população adequada são necessários para tornar a indicação rotineira. 5. Pacientes idosos/portadores de doença coronariana têm diferença em relação a dosagem do fármaco? Sim. Paciente coronariopatas (coronariopatias, arritmias) devem ser tratados com doses menores de Levotiroxina (25-50mcg), visto que o tratamento pode precipitar ou exacerbar angina de peito, infarto agudo do miocárdio, arritmias ventriculares e insuficiência cardíaca. Iniciar o tratamento com doses menores e ir titulando conforme resposta. O medicamento possui um índice terapêutico estreito (variações pequenas no medicamento ativo podem criar grandes variações em efetividade e segurança). 6. Quais os fatores influenciam a terapia com levotiroxina oral? O uso concomitante de outros medicamentos (Fenitoína, Carbamazepina, Topiramato = indutores enzimáticos, Amiodarona), o uso associado à alimentação, efeitos adversos indesejáveis, doenças (Doença de Chron, parasitoses, cirrose hepática, síndrome do intestino curto, IC), cirurgias prévias (bypass), gestação. 7. Se Sandra tivesse diagnóstico de úlcera péptica e osteoporose e tivesse que utilizar omeprazol e alendronato de sódio como seria a administração destes medicamentos junto com a levotiroxina? Como você faria a orientação? A dose de Levotiroxina deveria ser aumentada. O uso do Omeprazol interfere na absorção do T4, sendo caracterizado como um fator que aumenta a exigência de T4. Como orientações: - LT4: deve ser ingerida diariamente em jejum, 60min antes da refeição, ou 30min antes da próxima medicação (Omeprazol, Alendronato). Ingerir antes de qualquer medicação - Alendronato: deve ser ingerido 1x/ semana com água, evitar deitar depois de tomar (ajuda a diminuir refluxo gastroesofágico) - Omeprazol: deve ser ingerido diariamente em jejum, porém 30min após a LT4. Deve ser a última medicação da manhã 8. A marca do laboratório é importante no momento da prescrição da Levotiroxina? Justifique. Não. O mais importante durante o tratamento é manter a mesma marca do medicamento/ laboratório, já que alterações podem cursar com mudanças no TSH. Também pode haver relação com o índice terapêutico estreito. 9. Se Sandra engravidar a dose do medicamento seria a mesma? Não. Pacientes portadoras de hipotireoidismo antes da gestação devem fazer um aumento de dose após o início da gestação. Elas necessitam de 25-30% mais dose de Levotiroxina, pois o T4 é necessário na formação do SNC fetal. Sempre é feito rastreio de hipotireoidismo em Isa Castilho - T6 gestantes, sendo que a meta de TSH para elas é de 2,5-3mUI/L. Gestantes com doença da tireoide que desejam engravidar precisam diminuir o TSH para esse valor da meta antes de engravidarem (= iniciar tratamento) - Em virtude da [ ] sérica ↑ de TBG induzida pelo estrogênio, da expressão de D3 pela placenta e da pequena quantidade de transferência transplacentária de LT4 da mãe para o feto é necessária uma dose mais alta de LT4 nas gestantes - Se hipotireoidismo preexistente: aumento de 30% da dose- Se o TSH permanecer acima da faixa de referência específica do trimestre normal, a dose de T4 pode ser aumentada em 12 a 25 mcg / dia. TSH deve ser medido a cada 4 semanas durante a primeira metade da gravidez, porque os ajustes de dose são frequentemente necessários. O TSH pode ser monitorado com menos frequência (pelo menos uma vez a cada trimestre) na segunda metade da gestação, desde que a dose permaneça inalterada. CASO 2 Bianca, 30 anos chega ao seu consultório queixando-se de nervosismo progressivo, fadiga, palpitações e o desenvolvimento recente de um tremor de mãos em repouso. Também diz que está tendo dificuldade de concentração no trabalho e tem estado mais irritável com seus colegas. A paciente também nota que desenvolveu uma erupção persistente sobre as canelas, que não melhorou com o uso de cremes tópicos de esteroides. Todos os sintomas surgiram gradualmente nos últimos meses e continuam a piorar. A revisão de sistemas também revela uma perda de peso não intencional de uns 4,5 kg, insônia e amenorreia nos últimos dois meses (seus ciclos menstruais em geral são bastante regulares). Sua história médica pregressa não apresenta singularidades, e não usa nenhum medicamento oral. No momento, não tem vida sexual ativa; não bebe álcool, fuma ou usa drogas ilícitas. Ao exame, está afebril. Seu pulso varia entre 70 a 110 bpm. Parece inquieta e ansiosa. Sua pele está quente e úmida. Exame fundoscópico normal. O exame do pescoço revela aumento simétrico da tireoide, sem qualquer massa discreta palpável. O exame cardíaco revela um ritmo irregular. Seus pulmões estão limpos à ausculta. O exame das extremidades revela uma erupção eritematosa, espessada nas duas canelas. O exame neurológico é normal, exceto por um tremor fino ao repouso em suas mãos quando tenta manter os braços abertos. Os exames laboratoriais iniciais incluem teste de gravidez negativo e um nível indetectável de hormônio tireoestimulante (TSH). Diagnóstico: hipertireoidismo. 1. Quais as opções de drogas para o tratamento do hipertireoidismo? Cite: classes, mecanismos de ação e principais efeitos colaterais TRATAMENTO HIPERTIREOIDISMO CLASSE USO MECANISMO EFEITOS ADVERSOS TIONAMIDAS METIMAZOL (MMI) Tionamidas (antitireoidianos de síntese) Iniciar com doses de 10-30mg/d, 1x ao dia, todo dia. Possui longa duração de ação (dose única diária) Primeira escolha (maior tempo de ação, dose única e menos efeitos adversos) Interferem na síntese de novos hormônios (inibem a síntese de T3 e T4 dentro das células foliculares por interferirem na organificação - formação de MIT e DIT e no acoplamento - junção de MIT e DIT para formarem T3 e T4), através da inibição da peroxidase tireoideana. Esses medicamentos bloqueiam a conversão de T4 para T3 e diminuem os níveis de T3 em 24h. PTU inibe mais a conversão de T4 em T3 nos tecidos Hipotireoidismo (ajustar a dose), hipersensibilidade, hepatotoxicidade, fadiga, queda de cabelos, anormalidades fetais, aumento de peso Gestação: medicamento de escolha a partir do 2˚ trimestre da gestação (no 1˚ trimestre, usar pelo PTU, devido à toxicidade hepática) PROPILTIOURACILA (PTU) Dose de 100-300mg/ dia, 2-3x ao dia Preferível na tempestade tireotóxica Hepatotoxicidade (hepatite fulminante, lesão hepatocelular), hipersensibilidade, alterações do TGI (epigastralgia), agranulocitose Gestação: medicamento de escolha no 1˚ trimestre da gestação (no 2˚ trimestre, trocar pelo MMI) IODO RADIOATIVO (131I) Radioterapia Dose 160-200 VO (solução ou cápsula) Destrói as células tireoidianas or emissão de raios gama e beta. Geralmente são usados em pacientes refratários ao tratamento com Tionamidas Hipertireoidismo, tireoidite actínica/ de radiação (transitória, causa dor cervical), crise tireotóxica (liberação de hormônios pré formados), hipotireoidismo permanente Contraindicação: gestantes, amamentação TIREOIDECTOMIA Cirurgia Quando o paciente tem contraindicações ou refratariedade ao tratamento HIPOTIREOIDISMO NA GESTANTE - TSH > 4mU/L com T4 livre baixo: 1,6mcg/kg de peso corporal por dia - TSH > 4mU/L, com T4 livre normal: 1mcg/kg por dia - TSH 2,6 a 4mU/L: dose baixa (50mcg/dia) MANEJO DA TEMPESTADE TIREOIDIANA/ TIREOTÓXICA - PTU: bloqueia a síntese de novos hormônios (inibe a inversão de T4 em T3) - BB: controla os sintomas e sinais induzidos pelo aumento do tônus adrenérgico - Iodo: bloqueia a liberação do hormônio da tireóide. Soluções contendo iodo têm sido tradicionalmente utilizadas para o tratamento da tempestade tireoidiana, uma vez que o iodo bloqueia a liberação de T4 e T3 da glândula em questão de horas - Glicocorticoides: inibem T4 para T3, e em pacientes com hipertireoidismo, diminuem a secreção da tireóide. Foram utilizados em pacientes com hipertireoidismo grave, embora eficácia não esteja bem demonstrada - Colestiramina: é sequestrante de ácidos biliares, diminui a reciclagem entero-hepática dos hormônios da tireóide. Isa Castilho - T6 2. Qual classe de medicamento pode ser utilizada para controle dos sintomas no hipertireoidismo? Justifique. Betabloqueador (BB), especialmente Propanolol, Atenolol. Ajudam no tratamento dos sintomas adrenérgicos, (ansiedade, tremor, taquicardia, palpitação), pois bloqueiam os receptores adrenérgicos, melhorando os sintomas de hipertireoidismo causados pelo aumento do tônus beta adrenérgico, porém são contraindicados em pacientes com asma e IC descompensada. BCC (Diltiazem) também podem ser usados durante 2-6 semanas, quando necessário, para auxiliar no tratamento de sintomas cardíacos (palpitações, taquicardia, prevenir arritmias, FC de repouso > 90bpm), geralmente podem ser diminuídos/ interrompidos em 2-6 semanas. Contraindicado se uso concomitante com BCC (Diltiazem). Atenolol não pode ser usado em gestantes. 3. Se Bianca engravidar, qual a droga de escolha para o tratamento? A droga de escolha seria a Tionamida Propiltiouracila (PTU), pois esse medicamento, dentre as Tionamidas, apresenta menor efeito teratogênico no 1˚ mês; a partir do 2˚ mês de gestação (até o período de amamentação), o PTU deve ser substituído pelo Metimazol (MMI), devido ao seu maior potencial hepatotóxico Os BB são evitados como tratamento à longo prazo (podem causar restrição do crescimento neonatal, bradicardia e hipoglicemia fetal) - dar preferência ao Propanolol ou Metoprolol para gestantes. 4. Quais os medicamentos estão na Rename 2020 para os distúrbios da tireoide? - Hipotireoidismo: Levotiroxina sódica (25mcg, 50mcg, 100mcg) - Hipertireoidismo: Propiltiouracila 100mg (PTU) CASO 3 Marcela, 46 anos, sem qualquer história clínica, apresenta-se em seu consultório com preocupações relativas a seu peso. Seu IMC atual é de 33 kg/m2, apesar de anos de dieta e de realização de exercícios, em que ela perde peso e, em seguida, recupera-o. Ambos os pais são obesos e têm diabetes tipo 2. Sua glicada está em 6,2% e PA 150x 90mmHg com diagnóstico de HAS. A paciente está muito preocupada com as implicações de seu excesso de massa corporal para a saúde. CLASSIFICAÇÃO DA OBESIDADE - IMC (peso/ altura2) - IMC < 18,5: baixo peso - IMC 18,5 - 24,9: peso normal - IMC 25 - 29,9: sobrepeso - IMC 30 - 34,9: obesidade grau I - IMC 35 - 39,9: obesidade classe II - IMC > 40: obesidade classe III *Reavaliar o paciente após 4-6 semanas para ajuste de dose. A dose de início é mediada pelo TSH *Objetivo: eliminar o excesso de hormônio tireoidiano = atingir estado eutireoideo em 3-8 semanas *Antes de iniciar o tratamento: hemograma completo e perfil hepático (bilirrubinas e transaminases) Isa Castilho - T6 1. Quais as opções de tratamento para o tratamento da obesidade? Cite: classes, mecanismos de ação, principais efeitos colaterais, contraindicações e interações medicamentosas. CLASSE MEDICAMENTO USO MECANISMO EFEITOS ADVERSOS CONTRAINDICAÇÃO INTERAÇÕES ANOREXÍGENO (IRSN) Sibutramina (receituário B2 azul) Iniciar com 10mg/dia(1cp de manhã), avaliar após 2 semanas. Se não houver perda de pelo menos 2kg nas primeiras 4 semanas = aumentar a dose. Depois de 4 semanas, se não perder pelo menos 2kg = descontinuar Atua no centro da saciedade e centro do apetite. Bloqueia a recaptação de NA e serotonina (= diminui ingesta) Aumento da PAD, boca seca, insônia, taquicardia, palpitações, náuseas, ondas de calor (vasocilatação), cefaléia, sudorese. Melhora o perfil glicêmico (e parâmetros da síndrome metabólica) e apneia do sono DAC e doença cerebrovasuclar com ou sem DM 2 (maior risco de IAM), HAS com PA mal controlada (> 145/90mmHg), transtornos alimentares, gestação, amamentação, glaucoma, insuficiência renal/ hepática grave Antipsicóticos, IMAO, antidepressivos AGONISTA DE GLP-1 Liraglutida, Semaglutida *Considerado o melhor medicamento para obesidade 0,6mg/dia via SC, aumentando as doses em intervalos semanais (0,6mg -1,2mg - 1,8mg - 2,4mg - 3mg) até atingir 3mg/dia. Reavaliação após 16 semanas (4 meses) Causa o atraso moderado do esvaziamento gástrico. Pode ser usada em adolescentes N/V/D, hipoglicemia se DM2, dor local, aumento de FC, constipação. Atentar para hipoglicemia (ajustar Sulfonilureias -DM) Gestação, insuficiência renal grave (ClCr < 30), insuficiência hepática grave, idade < 18 anos, adultos > 75 anos Sulfoniluréia = ajustar dose para evitar hipoglicemia INIBIDOR DA LIPASE PANCREÁTICA (ANÁLOGO DA LIPSTATINA) Orlistat (Monoterapia ou terapia combinada com Sibutramina) Pode ser usado por até 4 anos. 120mg, 3x/dia (1cp junto com as refeições), com refeições com gordura Inibe de forma reversível as lipases gástricas e pancreáticas, é um análogo da lipstatina, causando inibição da absorção dos triglicerídeos. Causa redução da hidrólise da gordura e aumento da excreção fecal Incontinência fecal, esteatorreia, lesão hepática grave (raro), flatulência, cefaléia, disabsorção de vitaminas lipossolúveis - ADEK, hipoglicemia, cãibras. Melhora fatores cardiovasculares Gestante, amamentação, síndrome de má absorção crônica, colestase Aumentam sua concentração: Pravastatina Diminuem sua concentração: Levotiroxina, vitaminas - ADEK COMBINAÇÃO Topiramato + Fentermina (FDA/2012) 1˚ linha. Iniciar com 3,75mg de Fentermina + 23mg de Topiramato 1x/ dia pela manhã por 14 dias. Depois disso, titular conforme a resposta e reavaliar após 12 semanas Fentermina: estimula o hipotálamo a liberar NE Topiramato: bloqueia canais de sódio dependentes de voltagem e aumenta a atividade do GABA (A) Potencial de abuso, boca seca, distúrbios do paladar, constipação, parestesia, depressão, ansiedade, FC elevada, insônia se doses altas Gestantes (Topiramato é teratogênico = alto risco de defeitos de fenda oral), hipertireoidismo, glaucoma, IMAO IMAO Naltrexona + Bupropiona (FDA/2014) Ainda não tem no Brasil. 1˚ linha de tratamento nos EUA Bupropiona: inibidor da recaptação neuronal de DA e NE Naltrexona: antagonista opióide puro N, V, constipação, tontura, boca seca, cefaléia, aumento transitório da PA e da FC HAS não controlada, transtorno convulsivo, gravidez, amamentação, transtorno alimentar Uso crônico de opióides, IMAO em 14 dias, produtos que contenham Bupropiona AGONISTA DE RECEPTOR DE SEROTONINA 5HT-2C Lorcaserina Apenas na formulação manipulada - 10mg, 2x/ dia. Reavaliar o paciente em 12 semanas Inibe o apetite ao nível hipotalâmico da POMC. Estudos sobre desenvolvimento de câncer = FDA e ANVISA retirar do mercado N/V, xerostomia, tontura, constipação, dependência Gestação, derivados de ergotamina, insuficiência hepática/ renal grave Agonista serotoninérgico (antidepressivo s), triptanos = risco de toxicidade por 5-HT SIMPATO MIMÉTICOS NORA DRENÉRGICOS Benzofetamina, Dietilpropiona, Fentermine, Fendimetrazina Medicamentos indicados para uso a curto prazo (até 12 semanas). Possui potencial de abuso devido a efeitos semelhantes a anfetaminas. Aumento da FC, insônia, boca seca, constipação, nervosismo DCV, hipertireoidismo, glaucoma, IMAO, gravidez, lactação, Doença cardíaca, HAS mal controlada, hipertensão pulmonar ou histórico de dependência ou abuso de drogas Pode neutralizar o efeito dos medicamentos para HAS Isa Castilho - T6 2. Quais as opções de tratamento off label para o tratamento da obesidade? A obesidade pode ser tratada de forma off label tanto com medicamentos como com substâncias/ fitoterápicos. - Medicamentos: Metformina, Fluoxetina, Topiramato em monoterapia, Lisdexanfetamina (Venvanse) - Fitoterápicos: Quitosana, Efedrina, Faseolamina 3. Quais as classes de medicamentos utilizadas a longo prazo podem agravar a obesidade? - Betabloqueadores - Alfa bloqueadores - Coritocides/ glicocorticoides - Sulfonilureias - Antidepressivos (ADT, IAMO, ISRS, Paroxetina, Amitriptilina) - Antipsicóticos - Progesteronas - AHCO - Anti-histamínicos de 1˚ geração - Glitazonas, insulinas, sulfoniluréias 4. Qual o critério para iniciar a terapia medicamentosa para o tratamento da obesidade? A terapia medicamenta individualizada na obesidade deve ser iniciada em pacientes que preencham os seguintes 2 critérios: - IMC > 30kg/m2 (obesidade grau 1) ou IMC 25-27kg/m2 com comorbidades - Não atingiram as metas de perda de peso (pelo menos 5% do peso total) em 3-6 meses, com intervenção abrangente no estilo de vida 5. Qual a prescrição ideal para Marcela? Faça a receita e a oriente. - Liraglutida: injetar 0,6mg/dia via subcutânea, aumentando as doses em intervalos semanais (0,6mg, 1,2mg, 1,8mg, 2,4mg, 3mg) até atingir 3mg/dia. Retornar ao consultório para reavaliação após 16 semanas (4 meses) - Pode causar dor no local da aplicação, constipação e aumento da FC - Paciente pré-diabética (pode se beneficiar) - PA alta, mal controlada - Paciente se encaixa nos critérios para tratamento medicamentoso da obesidade - Se paciente tem condições = esse é o melhor medicamento para tratamento de obesidade 6. Quais os medicamentos estão na Rename 2020 para o tratamento da obesidade? Esses medicamentos não se encontram na RENAME.
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