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ensino da língua texto 07

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LITERATURA INFANTIL NA ESCOLA
INTRODUÇÃO
A criança que lê viaja no mundo da imaginação.Não podemos negar que a leitura seja fonte de informação, divertimento e conhecimento. A falta ou deficiência dessa habilidade causa várias conseqüências para o indivíduo e para a sociedade. Sendo assim, para que possamos formar indivíduos com competência leitora, precisamos iniciar esse trabalho na mais tenra idade da criança.
Sabemos que mesmo antes de ser alfabetizada a criança já tem a prática oral, sendo assim, deve ser estimulada a narrar acontecimentos e imaginar histórias através dos livros. Podemos destacar, também, a literatura infantil como valioso instrumento para produção textual do aluno, que a partir dela terá argumentos e criatividade para produzir textos, principalmente, de gênero narrativo.
A LITERATURA INFANTIL COMO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO
Somente no final do século XVll e durante o século XVlll, é que começaram a se produzir livros para crianças. Psicólogos e estudiosos da educação passaram a preocupar-se com o processo de aprendizagem e, conseqüentemente, com a construção da leitura e escrita.
Contar e ouvir histórias faz parte da nossa vida, estamos sempre conhecendo algo novo através de relatos que acontecem no nosso cotidiano. “Todos temos necessidade de contar aquilo que vivenciamos, sentimos, pensamos, sonhamos...” (KAERCHER, 2001, P. 81).
Todos nós lembramos de alguma história que ouvimos e sempre alguém lembrará de alguma que contamos. Se alguém lhe perguntar qual a história infantil que você lembra, virá a sua cabeça Chapeuzinho Vermelho, Patinho Feio, Cinderela, Pinóquio, Os três porquinhos? Seja ela qual for, você lembrará do que aconteceu com os personagens, e tudo que se passa no seu desenrolar. As histórias nos remete a momentos mágicos, por isso contar histórias para crianças é necessário na escola.
Atualmente, trabalhar com literatura infantil, na educação infantil nos anos iniciais é um recurso que, via de regra, ninguém contesta. Os livros infantis contribuem para o desenvolvimento da aquisição lingüística da criança de maneira progressiva, tanto na oralidade quanto na escrita. Segundo Resende (1997), a utilização da literatura infantil deve ser de forma prazerosa e lúdica. “Dar o livro à criança como brinquedo é cultivar nela uma relação prazerosa, agradável e afetiva com o que ele veicula de valioso, em emoção e fantasia, para a interioridade humana (p.22)”.
O INCENTIVO À LEITURA
A criança, mesmo antes de ter o domínio da leitura, munida de um livro, realiza a pseudoleitura. Dessa forma, através das imagens formula sua própria história, interage com a ilustração e descreve a história de acordo com a sua imaginação.
Segundo Zilberman (2003), a literatura infantil tem uma função formadora. E cabe à escola incentivar o gosto pelo livro, com o propósito de desenvolver o hábito da leitura. Na sala de aula, o professor é o responsável por indicar livros que possam despertar o interesse e a preferência do seu alunado. Ainda segundo a autora, quando se trata do uso do livro para crianças, o professor deve estar apto:
a - À escolha de obras apropriadas ao leitor infantil.
b - Ao emprego de recursos metodológicos eficazes, que estimulem a leitura, suscitando a compreensão das obras e a verbalização, pelos alunos, do sentido apreendido.
Para contar com a realização dessas tarefas, as disciplinas universitárias precisam oferecer, ao futuro docente, o seguinte instrumental proveniente dos campos, respectivamente, literário e pedagógico:
a - O conhecimento de um acervo literário representativo.
b - O domínio de critérios de julgamento estético, que permitam a seleção de obras de valor.
c - O conhecimento do conjunto literário destinado às crianças, considerando-se sua trajetória histórica (origem e evolução), assim como os autores atuais, nacionais e estrangeiros, mais representativos.
d - A manipulação de técnicas e métodos de ensino que socorram e auxiliem o mestre no processo de incremento e estímulo à leitura. Isso significa, por parte do professor, o reconhecimento de que a leitura é uma atividade decisiva na vida dos alunos, na medida em que, como se viu, permite a eles um discernimento do mundo e um posicionamento perante a realidade. Pela mesma razão, invalidam-se a concepção e o emprego do livro como instrumento de transmissão de normas, seja lingüísticas ou comportamentais, ressaltando-se, em lugar disso, o seu destino inquiridor e cognitivo. (ZILBERMAN, 2003, P.27)
A literatura infantil deve ser utilizada como instrumento para sensibilização da consciência, para expansão da capacidade e interesse de analisar o mundo, de acordo com as fases do desenvolvimento da criança. Os textos e os materiais devem ser modificados de acordo com a idade e interesse, determinados pelas estruturas mentais da criança.
Reconhecer a literatura infantil como sendo um instrumento pedagógico que torna a aprendizagem mais significativa e contextualizada fará com que o professor desempenhe sua função pedagógica com caráter inovador.
A leitura traz conseqüências sociais, econômicas e culturais para o indivíduo e somente a escola tem o poder de passar para o aluno o conhecimento historicamente produzido. Não podemos deixar de entender a família e outros ambientes que a criança freqüenta também como fator importante, mas a escola é a principal instituição capaz de levar o conteúdo científico de maneira sistematizada. E a literatura infantil, principalmente nos primeiros anos escolares da vida da criança, é fundamental para que se torne um leitor ativo durante toda sua vida.
A literatura infantil desenvolve não só a imaginação das crianças, como também permite que elas se coloquem como personagens das histórias, das fábulas e dos contos de fadas, além de facilitar a expressão de idéias. Sendo assim, o objetivo da literatura infantil é o de formar leitores, por uma série de características e fatores ela desempenha esse papel melhor do que a literatura adulta, uma vez que é mais convidativa. O que se procura hoje é assegurar ao maior número de pessoas possíveis o direito de ler. (CAGNETI, 1996, p.23).
Atualmente, a escola tem concorrentes muito fortes, a grande variedade de mídia, como: televisão, videogame e, principalmente, o computador chamam mais a atenção das crianças do que os livros. Pensando nisso, a escola deve propiciar momentos que façam com que a criança se sinta estimulada a ler , e a literatura infantil torna-se um caminho para que isso ocorra. Nesse sentido, a escolha do livro, em cada fase, é muito importante.
As histórias devem ser rápidas, com pouco texto de um enredo simples e vivo, poucos personagens, aproximando-se, ao máximo das vivências da criança.
Os livros adequados a essa fase devem propor vivências radicadas no cotidiano familiar da criança.
Trabalho com figuras de linguagem que explorem o som das palavras. Estruturas frasais mais simples sem longas construções.
Ampliação das temáticas com personagens inseridas na coletividade, favorecendo a socialização, sobretudo na escola. Uma gravura em cada página, mostrando coisas simples e atrativas visualmente.
Gravuras grandes e com poucos detalhes.
Predomínio absoluto da imagem, sem texto escrito ou com textos brevíssimos.
Ilustração deve integrar-se ao texto, a fim de instigar o interesse pela leitura. Uso de letras ilustradas, palavras com estrutura dimensiva diferenciada e explorando caráter pictórico. Livros de pano, madeira, e plástico. É recomendado o uso de fantoches.
Os fantoches continuam sendo o material mais adequado. Música também exerce um grande fascínio sobre a criança.
Livros com dobraduras simples. Outro recurso é a transformação do contador de histórias com roupas e objetos característicos. A criança acredita, realmente, que o contador de histórias se transformou no personagem ao colocar uma máscara.
Excelente momento para inserir poesia, pois brinca com palavras, sílabas, sons. Apoio de instrumentos musicais ou outros objetos que produzam sons.
Materiais como massinha, tintas, lápis de cor ou cera podem serusados para ilustrar textos.
Vale ressaltar que as idades são aproximadas e que podem variar de acordo com o estímulo e a ênfase que é dada a leitura nos ambientes que a criança está inserida. A história é assimilada de acordo com o desenvolvimento da criança, por isso o professor precisa estar atento e conhecer seus interesses.
CONTOS DE FADAS
Muitos conceitos e valores acabaram se perdendo com o passar do tempo. Numa sociedade em constante transformação, muitas pessoas deixaram para traz valores que afetam o convívio social. A falta de diálogo em casa e os conflitos familiares colaboram com esse agravante. Sendo assim, a escola acaba assumindo papéis que não são dela, perdendo, assim, seu caráter educativo pautado apenas no conhecimento científico.
Dessa forma, precisa buscar alternativas dinâmicas que ajudem a trabalhar e lidar com diversas situações que perpassam os muros escolares.
Os contos de fadas são histórias envolventes que estimulam a criança a ler. Toda criança gosta de ouvir um bom conto de fada. Isso é benéfico, pois ele exerce influência na personalidade da criança. Ao ouvir uma história, a criança, através da assimilação do conteúdo, estabelece relação com seu cotidiano, podendo, assim, resolver conflitos internos que assolam seu imaginário, como desejos, medos, angústias, amores, rancores etc. Os contos de fadas têm caráter formador de conceitos e valores, através da análise do “bem” e do “mal”, a criança absorve atitudes de humildade, respeito, solidariedade, amizade, confiança, justiça, perseverança, entre outros que servirão de alicerce para sua vida ética e moral. Através dos contos de fadas, as crianças podem brincar com os mistérios da vida, sem que sejam aprovadas ao desaprovadas pelos adultos.
Segundo Saraiva, o ambiente em que ocorrem os contos de fadas são distantes e imprecisos. Para indicar o espaço utiliza-se de expressões como: Em um reino muito distante..., Em algum lugar Para referir-se ao
tempo usam: Era uma vez , indicando, assim, um universo maravilhoso em que se apresentam bosques, castelos encantados, reinos maravilhosos
que encantam o leitor. Os contos de fadas são fáceis de serem identificados porque apresentam características comuns, o que contribui para atrair a atenção da criança.
A estrutura dos contos de fadas e dos contos maravilhosos é extremamente simples, o que talvez contribua para seu sucesso junto às crianças. A narrativa inicia com uma situação de equilíbrio, que é alterada pela manifestação de carência ou conflito por parte do herói. A seguir são apresentadas as peripécias vividas pela personagem, que, com a ajuda de seres ou objetos mágicos, vence os obstáculos e emerge vitoriosa no final. Então, a situação de harmonia inicial é novamente instaurada. (SARAIVA, 2001, p. 47).
Ao trabalhar com conto de fadas na sala de aula, procure propiciar aos seus alunos a escolha da história que eles querem ouvir; não faça isso apenas com cunho pedagógico. Se for você quem vai contar a história, fique atento ao tom da voz e dê vida aos personagens, mostre emoção, não leia apenas como se estivesse lendo um noticiário de jornal ou uma receita de bolo. Deixe que a criança interprete e viva aquele momento de forma mágica e dê asas a sua imaginação.
Os contos de fadas são poderosos aliados da escola na formação do aluno crítico e reflexivo, pois incentiva o ato de ler, uma vez que das histórias podemos tirar lições de vida e valores morais e éticos.
Várias podem ser as maneiras de utilizar a literatura em sala de aula, cabe ao professor não entendê-la apenas como uma história a ser lida num livro. A forma como o aluno recebe a história influenciará na compreensão da mesma e, conseqüentemente, no entusiasmo que sentirá ou não ao ouvir a história.
Sugestões de atividades:
Baú de histórias, com vários livros para serem lidos, trocados, contados, desenhados, reescritos.
Baú da fantasia para que possam dramatizar a(s) história(s) contada(s).
Contar a vida do autor e aproveitar para explicar como se faz uma biografia.
Criar suspense antes de contar a história, explorar a capa do livro, suas ilustrações, título.
Colocar nas costas de um aluno (ou mais de um se quiser colocar várias palavras), um papel com uma palavra escrita, para que a turma tente ler o que está escrito (o aluno evita a leitura) e adivinhe do que se trata o livro.
Usar voz expressiva, animando a leitura, fazendo perguntas e comen- tários, imitando e inventando vozes para cada um dos personagens, montando cenários e enfatizando situações emocionantes.
Organizar a turma em grupos e distribuir uma folha em branco, ou com a parte escrita para que ilustrem, ou ao contrário com a ilustração para pintem e escrevam e montem um livrão coletivo.
Contar uma história e pedir à turma, em grupos, para que reescrevam, ilustrem e contem para os outros.
Recontar a história com fantoches; com o uso de “microfone” de fantasia; na “televisão”.
Caracterizar personagens (bom momento para identificar valores humanos).
Analisar o assunto principal da história.
Desenhar, recortar, colar, montar cenas da história e produzir textos.
Cantar, recitar músicas e poemas relacionados à história.
Produzir um texto que conta como seria se a Bela Adormecida acordasse hoje (o que não existia cem anos atrás/ como ela viveria).
Distribuir contos de fadas diferentes aos alunos organizados em grupos. Entregar um envelope com palavras que representem objetos da modernidade. Pedir que leiam o conto e recontem introduzindo o elemento da modernidade. Por exemplo, a história de Cinderela que tinha um telefone celular.
Contar a história e não dizer o fim, pedir aos alunos que, em grupo, organizem um fim para a história, contar para todos.
Recontar a história em quadrinhos.
Contar a história retirada de um livro, mostrar também em CD ou fita cassete e ainda em vídeo. Traçar comparações e ao final ilustrar ou montar um livro.
Em roda, colocar os livros no meio da sala ou distribuir um para cada um. Pedir que leiam e ainda na roda recontem a parte que mais gostaram da história. Ilustrar no final.
Usar um objeto qualquer que tenha na história a ser contada, colocar numa caixinha para que as crianças adivinhem o que tem e qual é a história. Dar dicas e pistas.
Teatro de fantoches, teatro de sombras, teatro de palitoche, dramatizações.
Utilizar a mesma história contada em épocas e autores diferentes para que façam comparações: elaborar novas versões dos contos de fadas.
Distribuir, nos grupos, num envelope, quatro a cinco poemas ou textos do autor trabalhado. Enquanto lêem os poemas podem manusear livros do autor. Finalizando a leitura, distribuir materiais de desenho para os alunos. Cada componente do grupo escolhe um poema para ilustrar, montar um cartaz com fragmentos dos poemas ou os poemas inteiros e os desenhos.
COMO UTILIZAR A LITERATURA INFANTIL PARA AUXILIAR A PRODUÇÃO TEXTUAL
Ao recontar uma história que leu ou ouviu, a criança está trabalhando com texto oral. Quando consegue concatenar suas idéias de forma clara e coerente oralmente, provavelmente, na sistematização da escrita não terá maiores problemas.
A criança que cultiva o hábito de ler histórias desenvolve autonomia e criatividade ao produzir textos escritos. Sendo assim, a literatura infantil apresenta-se como aliado na construção do texto, fornecendo a ela argumentos, organização das idéias, clareza e atenção ao escrever.
Sugestão de produções textuais partindo da literatura infantil:
Após ler uma história poderá ser proposto para que a criança a reescreva com um final diferente (como exemplo, podemos citar a fábula da cigarra e da formiga e pedir para que escreva se teria a mesma atitude que a formiga teve em relação a cigarra).
Que se imagine sendo o personagem principal e mude todo o desfecho da história.
Que continue o conto de fadas depois do “felizes para sempre” (poderá pedir para que escreva o que aconteceu com a Cinderela depois que se casou com o príncipe).
Que escreva a história incluindo personagens que não fazem parte dela (uma prima paraBela).
Que o personagem de um conto de fadas vá visitar outro numa história que não é dele (por exemplo, peça para que imagine que o Pinóquio foi visitar a Branca de Neve na floresta).
Lembre-se sempre que a primeira versão do texto não garante escrita correta das palavras, coerência e coesão. Após produzir o texto é necessária a correção para que o aluno tenha oportunidade de rever o que errou ou o que precisa melhorar.
LEITURA COMPLEMENTAR
Comparando diferentes versões de Chapeuzinho Vermelho
Este plano de aula foi produzido pela equipe do Programa Escola que Vale
Cedac e está ligado ao Especial Leitura, publicado por NOVA ESCOLA Abril de 2008
A presença regular de situações em que o professor lê livros de literatura para a turma é recomendável por uma série de motivos. Ao ter contato com essas obras, a criança pode apreciar a leitura; aproximar-se da linguagem desses textos; reconhecer características do portador; inteirar-se sobre o autor e identificar-se com personagens, além de construir critérios pessoais de escolha de suas histórias preferidas para compartilhá-las com outros leitores.
Ao lado de outras modalidades organizativas dos conteúdos de leitura e escrita - como os projetos didáticos e as atividades permanentes – essa seqüência pretende contribuir para a valorização da leitura de textos literários de qualidade e o desenvolvimento do gosto pessoal do leitor. Com a sua realização, as crianças serão colocadas, desde o início da escolaridade, no lugar de leitores que interagem e pensam sobre a linguagem que se escreve, tendo o professor como um modelo de leitor que os auxiliará nessa conquista.
A escolha do conto Chapeuzinho Vermelho.
Chapeuzinho Vermelho é uma das narrativas de referência entre os clássicos infantis. De tradição oral, foi publicada pela primeira vez no ano de 1697, pelo escritor francês Charles Perrault. Desde então, o conto é apresentado em diferentes versões, traduções e adaptações, que tem marcado a infância das crianças nos mais diferentes países e épocas. Uma das versões mais conhecidas e traduzidas, inclusive para o português, foi escrita em 1812 pelos Irmãos Grimm.
Nessa seqüência de atividades, as crianças serão convidadas a comparar três diferentes versões do conto, que serão lidas pelo professor dentro de um intervalo de tempo. A escolha das três tem como critério a garantia da qualidade literária. Dentre elas, estão duas das principais: de Grimm e Perrault.
Essa seleção visa garantir a comparação entre as tramas e a análise dos recursos lingüísticos utilizados pelos autores. A comparação de versões de um mesmo texto consiste em uma prática usual do leitor. Ela permite estabelecer critérios de escolha de uma leitura e realizar indicações literárias. Nesse trabalho, as comparações serão inicialmente coordenadas pelo professor, que fará intervenções para os alunos atentarem para outros aspectos da obra além dos que normalmente levam em conta. O professor também irá destacar recursos lingüísticos utilizados pelo autor, tradutor ou adaptação.
A leitura pelo professor
Quando o professor lê para as crianças, mostra-lhes seu próprio comportamento leitor e contribui para que se familiarizem com o universo letrado. Por isso, é fundamental que ele prepare sua leitura ensaiando em voz alta, planejando intervenções para fazer antes, durante ou depois da leitura, antecipando a organização do espaço e a disposição das crianças, e, ainda, determinando o momento ‘estratégico’ em que interromperá a leitura (para continuar num momento seguinte).
Ao trazer um material para ler para a classe, o professor também cuida da apresentação adequada do livro, oferece informações que servem para contextualizar a obra e despertar o interesse em conhecê-la e justifica a escolha feita.
Durante a leitura, ao fazer uma interrupção, o professor pode retomar os fatos anteriores para que as crianças não percam a seqüência narrativa. Pode-se solicitar a elas que procurem se lembrar dos últimos acontecimentos e os relatem de forma organizada. Cada uma conta aos colegas sua lembrança e, assim, o grupo vai reconstruindo a narrativa que acabou de conhecer. O professor ajuda, recontando passagens. Quando surgirem dúvidas sobre algum episódio, pode-se recorrer ao livro para esclarecê-las por meio da leitura do trecho a que se referem.
O professor compartilha com as crianças seu comportamento leitor (explicitando diferentes aspectos do que faz enquanto lê). Por exemplo, nas duas primeiras versões, dois procedimentos usuais, próprios de leitores experientes, poderão ser destacados: o uso do índice e do marcador de livro, já que os contos selecionados fazem parte de uma coletânea.
É preciso também assegurar um espaço para que a turma se manifeste a respeito do texto lido, ‘dialogue’ com ele, dando-lhe, coletivamente, um sentido. Isso pode ser feito por meio de uma conversa em que cada ouvinte compartilha com os demais aquilo que desejar: as lembranças; os sentimentos e experiências suscitadas durante a leitura; os trechos mais marcantes; uma característica do texto que tenha reparado; uma dúvida ocorrida; uma hipótese confirmada ou não durante a leitura, etc. O professor se coloca como participante ativo da conversa, compartilhando suas impressões sobre o que leu, sobre relações com outros textos conhecidos pelo grupo ou com outros fatos.
Ao ouvir as opiniões das crianças, o professor possivelmente irá deparar com diferentes interpretações do que foi lido. Isso deve ser respeitado, porque, nesse caso, não há respostas corretas ou incorretas. Como todos os textos literários, a história de Chapeuzinho Vermelho permite ao leitor criar algumas interpretações enquanto lê. Nessas conversas com as crianças, o professor pode ter como foco aspectos retóricos do texto.
Prestando atenção neles, o grupo poderá perceber que, por meio da forma pela qual os acontecimentos são narrados, o autor direciona a interpretação sobre determinadas passagens. Por exemplo: pode-se perguntar às crianças se elas acham que o lobo está tentando enganar Chapeuzinho, e chamar a atenção para a forma como o autor descreve suas falas e intenções.
É importante salientar que mesmo que o conto trate de questões ligadas à moralidade, não é aconselhável utilizar sua leitura como um pretexto para oferecer às crianças lições de moral, nem tampouco para impor a opinião do professor sobre, por exemplo, as atitudes da personagem principal.
O foco dessa atividade é voltar-se para o texto em si, para que as crianças possam se aproximar da linguagem escrita e desenvolvam comportamentos de leitor.
Objetivos
Valorização da leitura de textos literários de qualidade. Desenvolvimento do gosto pessoal e de critérios de escolha de suas histórias preferidas para compartilhá-las com outros leitores.
Conteúdo Leitura Ano
Pré-escola e 1º ano Tempo estimado
2 meses
Material necessário
Três versões diferentes da história de Chapeuzinho Vermelho, sendo que a primeira deve ser dos irmãos Grimm e a segunda de Charles Perrault.
Desenvolvimento
As situações que compõem a seqüência são as seguintes:
Leitura (feita pelo professor à classe) de uma boa versão da história para exploração dos aspectos lingüísticos característicos dos contos.
Leitura (feita pelo professor à classe) de uma segunda versão para possíveis comparações entre as versões lidas e análise de diferentes tramas e linguagens dos contos e autores.
Leitura (feita pelo professor à classe), de uma terceira versão do conto.
Além de contribuir para a aprendizagem de comportamentos leitores, as leituras feitas nessa seqüência de atividades implicarão certos comportamentos específicos que poderão ser postos em prática, como:
Comentar o que se leu.
Compartilhar com outros os efeitos, sensações, sentimentos que os textos produzem.
Confrontar interpretações e pontos de vista.
Relacionar o conteúdo de um texto com os de outros conhecidos.
Reparar na beleza de certas expressões ou fragmentos de um texto.
Ler durante um período, interrompendo a leitura quando necessário.
Localizar o lugar em que a leiturafoi interrompida.
Recordar os últimos acontecimentos narrados, por meio da leitura de alguns parágrafos anteriores.
Antecipar o que segue no texto e controlar as antecipações de acordo com o desenrolar da narrativa.
Adequar a modalidade de leitura aos propósitos que se perseguem.
Recuar no texto para recuperar aspectos relevantes e, assim, compreender melhor uma situação ou, ainda, para dar mais atenção a uma informação importante.
Comparar as personagens, ambientes e situações das diferentes versões.
Comparar as narrativas lidas com outros textos do gênero, outros autores etc.
Reconhecer certos recursos lingüísticos próprios de um autor, uma versão.
Identificar recursos lingüísticos adequados a determinadas situações comunicativas ou intenções do escritor.
ATIVIDADE 1
Leitura da primeira versão da história – Irmãos Grimm
Logo ao iniciar a seqüência, o professor comunica às crianças qual será o procedimento a ser seguido por ele e por seus ouvintes, de forma a assegurar que a narrativa seja compreendida e apreciada. Ele informa que lerá outras versões da mesma história, compartilhando com a turma como será realizado o trabalho.
A primeira etapa da seqüência consiste na leitura pelo professor da primeira versão da obra escolhida. É importante, nesse momento, considerar as orientações anteriores, em relação ao preparo prévio da leitura e das intervenções a serem realizadas durante a atividade.
A história é curta e pode ser lida de uma única vez. Se houver mais de um exemplar do livro na escola, ele pode ser disponibilizado na sala de aula para que as crianças os manuseiem, apreciem as ilustrações e leiam no próprio texto, mesmo sem saber ler convencionalmente.
Após a leitura, quando o professor estiver certo de que as crianças já comentaram a respeito de tudo o que gostariam, ele coordena uma atividade para propor a análise de recursos lingüísticos que tornam a obra singular e atraente para o leitor. Pode, inclusive, realizar um registro das conclusões do grupo acerca de suas principais características – o que será útil nas etapas seguintes da seqüência.
Um recurso que pode ser destacado da primeira versão lida são as descrições das personagens e cenários. Caso tais características não tenham sido notadas pelas crianças, o professor pode chamar a atenção para elas, relendo algumas descrições e conversando sobre a linguagem literária e os efeitos que ela produz no leitor.
Como o autor descreve o lobo no início da história, como ele estava? (faminto)
Quais foram os recursos utilizados pelo autor para descrever a floresta?
O que o lobo diz a Chapeuzinho quando eles se encontram pela primeira vez?
O que o lobo usou para fingir ser a avó da menina?
Como o autor descreve a localização da casa da avó?
O que fez Chapeuzinho perceber que a avó estava com um aspecto muito esquisito?
ATIVIDADE 2
Leitura da segunda versão da história – Charles Perrault
As histórias escritas pelos irmãos Grimm defendem valores como a bondade, o trabalho e a verdade. Em seus contos, as pessoas bondosas são premiadas e as maldosas são castigadas. Nem sempre isso ocorre na vida real, mas, na literatura desses autores, quem merece sempre ganha um final feliz. Já nessa versão de Charles Perrault, o desfecho da história é um pouco diferente. Chapeuzinho não tem um final feliz, pois acaba devorada pelo lobo, assim como sua avó.
Na segunda etapa da seqüência, o professor realiza a leitura dessa versão. Assim como na primeira etapa, as orientações para o seu encaminhamento são as descritas anteriormente no item “A leitura pelo professor”.
Quando a leitura estiver concluída, o professor propõe a comparação entre as duas versões, retomando as características destacadas na análise registrada anteriormente. Nesse momento, o professor pode também registrar as conclusões das crianças a respeito das características das duas versões, relendo trechos e chamando a atenção para as semelhanças e diferenças na trama e no texto.
O que acontece no primeiro encontro entre a menina e o lobo numa versão e em outra? Como é o diálogo entre eles em cada uma das versões?
Vamos comparar as diferentes descrições sobre a localização da casa da vovó?
Vamos ver como os autores descreveram a Chapeuzinho em cada uma das versões?
Quais são os diferentes acontecimentos que chamam a atenção e distraem Chapeuzinho Vermelho a caminho da casa de sua avó?
As recomendações da mãe no início da história são diferentes nas duas versões?
Que fim levou o lobo nas duas versões?
ATIVIDADE 3
Leitura da terceira versão da história
Nessa última etapa da seqüência, o professor encaminha a leitura de uma terceira versão do conto. Assim que o grupo se familiarizar com a nova versão, deve ser incentivado a conversar sobre ela. É quase certo que estabelecerão, espontaneamente, relações comparativas com as duas outras versões já trabalhadas, identificando semelhanças e diferenças. Mesmo assim, o professor pode focar suas observações em outros aspectos, voltando, com as crianças, aos registros feitos anteriormente.
Nessa terceira versão, do ponto de vista do conteúdo da história, ao invés de comer a avó o lobo a tranca dentro do armário e também não chega a comer Chapeuzinho, que pede ajuda e é socorrida pelos caçadores da floresta. Além dessa diferença evidente na trama, o professor poderá continuar discutindo aspectos formais do texto, ao propor um levantamento dos fatos que se conservaram nas três versões e das diferenças no texto escrito, destacando o estilo de cada autor/tradutor/adaptação.
Exemplos de questões que podem disparar essa análise:
A mamãe pede para Chapeuzinho Vermelho levar comida à vovó. O que diz a mãe agora, nessa terceira versão?
Chapeuzinho Vermelho se encontra com o lobo no bosque. Como cada autor relata o diálogo entre eles?
Chapeuzinho caminha pela floresta - como este cenário é descrito, o que há em cada um dos textos?
O lobo engana Chapeuzinho Vermelho e chega antes dela à casa da vovó. O que diz a ela para enganá-la nessa versão?
Quando chega, Chapeuzinho Vermelho faz perguntas ao lobo, que está deitado na cama da vovó. Há diferenças nas perguntas e respostas desse diálogo em comparação com as outras versões?
O que acontece na história assim que o lobo chega na casa da vovó? Quais as principais diferenças?
Avaliação
O professor pode acompanhar a ampliação das aprendizagens das crianças nesta seqüência, nas demais situações de leitura e produção de texto propostas em sua rotina. É importante que elas continuem refletindo sobre os aspectos característicos da linguagem dos contos clássicos, comparem essa linguagem com a de outros gêneros, utilizem esse conhecimento em suas próprias produções textuais etc.
Um trabalho semelhante ao desenvolvido nessa seqüência também pode ser realizado com diferentes versões de outros contos, como João e Maria, Branca de Neve, A Bela Adormecida e O Gato de Botas, entre outros.
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/online/planosdeaula/educacao- infantil/PlanoAula_277613.shtml

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